Desenvolvendo a competência comunicativa através da escrita e da leitura: Experiências no PROFICI

June 29, 2017 | Autor: Andressa Habibe | Categoria: Teaching English as a Second Language
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Desenvolvendo a competência comunicativa através da escrita e da leitura:
Experiências no PROFICI



Nas aulas de língua inglesa no PROFICI (Programa de Proficiência em Língua
Estrangeira para Estudantes e Servidores da UFBA), os monitores são
orientados a seguir a abordagem comunicativa, cujo principal foco reside no
ensino de língua estrangeira para o desenvolvimento da competência
comunicativa, sobretudo no que tange à oralidade. Nas turmas de
intermediário e intermediário superior, percebeu-se, contudo, que o uso de
prompts, que consistem em pequenos, trouxe grandes contribuições para a
consolidação de vocabulário, organização de ideias, desenvolvimento de
argumentos e prática de estrutura. As experiências com prompts serão
discutidas neste trabalho.

Palavras-chave: ensino de LE; escrita; PROFICI.





Esboçando ideias, escrevendo o contexto.



O uso de writing como forma de desenvolver competência comunicativa
sempre foi uma prática que encontra relutância por grande parte
dosprofessores de língua estrangeira. O papel do writing na sala de EFL,
sempre ficou à margem das outras atividades desenvolvidas e raramente é
pensado como instrumento para um melhor desempenho oral. Sua função sempre
vai recair no conceito tradicional de writing: Assessment, homework ou
redações aleatórias pedidas pelo professor.

A habilidade escrita, porém, pode ser peça de fundamental, funcionando
como engrenagem para aprimorar a comunicação, ajudar nas tarefas de
compreensão de textos e alavancar o processo de escrita criativa - além do
seu já conhecido papel. O processo de escrita é de suma importância, haja
vista que o aluno quando escreve consolida o conteúdo visto. Além do mais,
pode ajudar alunos tímidos ou os que apresentam problemas para estruturar
frases na hora da produção oral.

A resistência a se dar um papel maior a escrita pode incidir devido à
ideia de que speaking e writing convivam de forma antagônica em salas de
EFL. Isso pode estar calcado no fato de que a fala venha antes da escrita.
Certamente, escrita e fala apresentam diferenças entre si, como algumas
expressões que são do âmbito da fala e são evitados na escrita, já que esta
possui caráter mais permanente em vista da flexibilidade da fala.

Como diferenças existem, similaridades também são encontradas entre as
duas habilidades. De acordo com Maxwell e (1997, p. 106), speaking se
assemelha ao writing em fatores como: ambos precisam ter um propósito
autêntico e comunicativo: "Like writing, speaking must be purposeful,
serving an authentic communicative need geared to audience and context".
Apesar dessas semelhanças pouco se fala de como a escrita pode afetar a
habilidade oral. O contrário, porém, é muito encontrado, como a fala afeta
a escrita.

"Outro motivo de 'repúdio" de um maior uso do writing, também recai no
fato de que a maioria das aulas de língua estrangeira é promovida baseada
no Communcative Language Teaching que dá maior ênfase á produção oral. A
abordagem comunicativa tem como princípios basilares o desenvolvimento da
competência comunicativa, que é engendrada através de situações ligadas ao
cotidiano (functions), envolvendo prática e produção, com mediações na
língua alvo. A função primária da língua de acordo com essa abordagem é
permitir interação e comunicação. A estrutura da língua irá refletir seu
uso comunicativo, já que ainda de acordo com essa com o CLT, a língua é
aprendida ao se utiliza-la. O processo criativo envolvendo a aprendizagem
envolve tentativas e erros já que o objetivo maior é que o aluno se
comunique mesmo se este não dominar a estrutura da língua estudada. Ainda
sim, os alunos possuem grande dificuldade de se expressar e se comunicar,
como se houvesse um falta de uma base sólida para amparar a produção oral.

Ao analisar livros-texto como o Interchange, nota-se a ênfase em
atividades voltadas para o desenvolvimento da fala. Há uma média de 5
atividades que envolvem input para produção oral. Apenas ao final da lição
é apresentada uma atividade voltada para prática escrita, sem que, contudo,
exista um enfoque sobre o desenvolvimento da escrita de forma
contextualizada e significativa em termos de habilidade. As atividades,
comumente, são designadas para prática de vocabulário e consolidação de
estruturas.



Propondo alternativas:



Uma maneira de incluir mais prática de atividades escritas em salas de
aula de EFL é trazer esta mesma produção escrita o mais perto possível às
situações reais do dia-dia, assim como é feio com as atividades de
speaking. Desta forma, o papel do writing ganharia uma importância maior,
pois viabilizaria o objetivo final que é a comunicação.

Se analisarmos o CLT de forma mais aprofundada, percebemos que a
comunicação significativa nem sempre é garantida durante as aulas.
Kumaravadivelu em seu artigo TESOL methods : Changing Tracks,Challenging
Trends , defende que em termos de língua estrangeira , a construção de
oportunidades genuínas de interações nem sempre acontecem , mesmo com o uso
do CLT. Desse modo, já que as situações criadas em salas nem sempre atingem
uma comunicação significativa, estas podem ser expandidas pelo uso do
writing, já que este é evitado justamente por ser visto como um entrave às
atividades significativas e genuínas. O papel do writing então fica sendo
visto como coadjuvante, já que é sempre acusado de se distanciar de
situações da vida real. Cabe ao professor trazer um novo prisma acerca
dessa habilidade, trazendo-a para perto das atividades comunicativas .

É necessário, porém reforçar que essa habilidade não deve ser parte
principal das aulas de EFL; porém as habilidades ensinadas de forma
integradas promovem o real aprendizado da língua. Enquanto escreve um
pequeno parágrafo que apresentará à sala, o aluno pratica ao mesmo tempo
Writing, speaking, Reading e os colegas o Listening, integrando assim
habilidades.

Byrne defende que:




"We are not of course suggesting that single skill
activities are not effective: there will in fact be many
occasions when we shall ask the students just to talk or
read or write, because this is appropriate. Equally,
however, we should be looking for opportunities to knit
skills together, because this is what happens in real
life. (Byrne, 1976, 131)



Nesta passagem, Byrne evidencia que as atividades envolvendo as habilidades
de forma isoladas também tem sua relevância, por outro lado, ao se integrar
essas habilidades aproximamos a aprendizagem com o que acontece na vida
real.





Algumas atividades podem ser pensadas como forma de integrar a habilidade
escrita:



A. Questionários:

Os alunos podem criar eles mesmos as perguntas e podem perguntar a outro
grupo; Perguntas que poderiam aparecer em uma entrevista de emprego e
possíveis respostas; Desta atividade já se englobaria speaking, onde um
aluno pode entrevistar o outro;

Atividades de get to know each other;



Resumos:



Após ler algum texto, os alunos podem resumir brevemente o que entenderam.



C. Oral presentations:



Em atividades orais em sala de aula, os alunos podem escrever brevemente o
que irão apresentar.



D. Listas:

Enquanto faz um brainstorming, os alunos podem listas as palavras
relacionadas aos tópicos do dia.

Outro ponto relacionado à writing pouco explorado é o creative writing. O
uso da imaginação para escrever, pode promover a construção de um
vocabulário maior.

E. Sentence frames

Abaixo, um bom exemplo de sentence frame, onde as emoções seriam
englobadas, trazendo uma maior relevância à atividade.

"I think ______ is a hero, because _________."



Atividades feitas com Writing nas aulas do PROFICI



Durante as aulas do Intermediário e Intermediário Superior, tentei
incluir mais práticas de escrita nas minhas aulas. Comecei trabalhando com
listas de palavras durante o brainstorming e depois passei a trabalhar com
resumos. Os primeiros resumos foram feitos ainda no nível Intermediário,
onde os alunos liam atos de Romeu e Julieta em cartoon e resumiam em um
parágrafo o que entenderam da cena. Logo após, no Intermediário Avançado
foram introduzidas às atividades de prompts e mini presentations.

Os prompts, que podem ser definidos como pequenos textos produzidos em
sala substituíram as redações para casa que eram sempre entregues com
bastante atraso ou produzidas apenas com o auxílio do Googletradutor. Os
prompts são sempre relacionados com algum tópico da vida real e são feitos
exclusivamente em sala, sendo corrigidos por mim ou por outro colega – peer
correction. Depois de prontos, os prompts tinham seu primeiro draft, e este
seria melhorado para se ter uma versão final. A cada sessão, um voluntário
lia seus prompts para a turma.

Outra atividade que obteve resultados positivos tanto para o Speaking
quanto para o Writing foi à introdução das "Mini presentations". As mini
presentations são apresentações em grupos ou pares feitas semanalmente,
assim como os prompts. Os alunos recebiam um material que seria utilizado
por e-mail previamente e no dia da aula produziam ou respondiam perguntas
sobre o tópico. Papéis diferentes eram dados aos membros do grupo: um era
responsável por resumir a atividade, o outro respondia a questão a, outro
b, e outro aluno produzia uma pergunta a algum grupo, por exemplo. Ao fazer
essas eles escreviam brevemente o que iriam apresentar. É importante
salientar que era frisado que eles não deveriam ler o que escreviam e sim
utilizar essas notas para apenas guiar e estruturar melhor a linguagem. A
prática da escrita antes da apresentação trouxe imensas contribuições para
os alunos, uma vez que eles tinham a oportunidade de fazer um ensaio antes
da apresentação, entendendo-se, aqui, a palavra "ensaio" como uma escrita
livre que se destina a exposição de ideias, dinamizada pelo
compartilhamento em apresentação posteriormente.



Exemplo de prompt feito em sala, relacionado ao tópico da unidade 4
"Storytelling".



Escrito pela aluna Isabelly Moraes:

(primeira versão feita em sala sem correção)



"Once upon a time, there was a modest guy who lived at Victorian Britain.
When his uncle died, leaving to him a large bunch of money and an enormous
house in the city, he decided to move to London to take care of his uncle´s
old business.

Arriving at that beautiful and corrupted town, he made two friends who
would be his guide in his new life .One of them was kind, artistic and he
was trying to bring the best on him; the other one was angry, embittered
man who was pretty skeptic and believed that you´d only be happy not being
attached to moral rules. One day, the kind one was telling:

-You must see the good on people and treat all of them with love and
respect...

While the skeptic man interrupted saying

-Gah!there´s no good in people !you should be clever instead, being near to
them only when they have something to do for you .When they don´t you shall
discard them like the garbage they really are!



The shy ,naive and sensible young man who had left the countryside months
ago ,started to disappear as long as he began to listen to his embittered
friend´s opinion ,becoming more and more selfish ,careless and wicked. What
a bastard he turned himself into!

The angry man couldn´t be happier with the young man ´s behavior ,until the
day he had the most terrifying surprise: The young man was dating his
daughter! He's reaction wasn´t good .He screamed ,insisted but nothing
seemed to be able to tear them apart. In fact, with each attempt he
dedicated to this case appeared to bring his daughter and the young man
more linked. In a desperate moment ,the angry man went to the young man´s
house. When they opened the door ,the angry man started to shout the young
man to leave his daughter alone, before he ruined her, that she was too
special and too good to him. What he really was scared of was that the
young man would treat her daughter badly that he could humiliate her or
just be playing with her feelings. Taking advantage which ,by the way
,himself was the one who had taught him to do so , the way he taught him to
deal with people."



Para uma nova escrita de ensino de língua inglesa



A maior inclusão de writing em sala de aula proporcionou uma visão mais
ampla dos benefícios que o seu uso, no processo de aprendizagem dos alunos
do programa, pode trazer.

Esses benefícios podem ser claramente vistos, já que a escrita perpassa
várias atividades em sala e fora dela, seja respondendo um exercício no
livro ou até mesmo quando o aluno toma nota de alguma explicação em sala.

O exercício da escrita também trouxe uma maior confiança aos alunos na hora
de se comunicar durante as apresentações em sala. O uso da escrita durante
as apresentações se mostrou como mais uma forma de expandir o conteúdo
apresentado, o que não automatizou as apresentações e sim as melhorou. A
ideia era resumir no papel de forma mais elaborada, os pensamentos que
surgiam durante as interações comunicativas.

A elaboração de prompts em sala, por outro lado, substituiu as redações
para casa, para que houvesse uma supervisão e atenção a essas atividades.
Esses prompts eram corrigidos em sala como um primeiro draft. Ao se chegar
à versão final, os prompts já apresentavam menos erros estruturais e o
processo de escrita dos alunos foi alavancada, o que não aconteciam com as
redações enviadas para casa.

Essas são evidências de que utilizar mais writing deve ser levado em conta,
já que este só ira consolidar o que tem sido estudado, sendo de grande
valia principalmente para alunos tímidos.

Os alunos que estiveram expostos a essa nova perspectiva, apresentaram
feedbacks positivos em relação às práticas escritas. Relatos de um melhor
desempenho nas avaliações escritas foram recebidos, até mesmo de alunos que
participaram de um congresso internacional e que foram capazes de tomar
notas em inglês da palestra ministrada.





















BIBLIOGRAFIA




Byrne, Don. (1976).Teaching writing skills. Longman, 1976.

Kumaravadivelu, B. (2006). TESOL methods: Changing tracks, challenging
trends. TESOL Quarterly 40(1), 59-81.
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