DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM E FONOAUDIOLOGIA

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DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM E FONOAUDIOLOGIA  Ana Gabriela Olivati, Priscila Ferreira Latanzio e Andréa Regina Nunes Misquiatti Sumário Desenvolvimento de Linguagem e Fonoaudiologia: Elaboração de Manual de Orientações aos Pais  RESUMO Esse trabalho objetivou relatar o processo de elaboração de um manual de orientações aos pais com dicas básicas para o desenvolvimento da linguagem. Para tanto, os procedimentos foram divididos de acordo com as seguintes etapas: (1) Levantamento e análise da literatura científica sobre o tema; (2) Seleção de temas; (3) Construção da versão piloto do manual; (4) Análise e aprovação da versão piloto por juízes e (5) Elaboração final do manual. Como resultado, a versão final do manual constou de orientações e dicas básicas destinadas a pais além de ilustrações sobre a temática para facilitar a apreensão do conteúdo. Foi possível averiguar que propostas que auxiliem na divulgação de informações a respeito do desenvolvimento típico de linguagem são de grande relevância. Destaca­se, dessa forma, a importância de mais estudos e maior divulgação de informações com o intuito de prevenir desvios no desenvolvimento da linguagem infantil. Palavras­chave: Linguagem infantil. Guia de Prática Clínica. Criança.  ABSTRACT  This study aimed to report the process of developing a manual of guidance to parents with basic tips for language development. Therefore, the procedures were divided according to the following steps: (1) Survey and analysis of scientific literature on the subject; (2) Selection of topics; (3) Construction of the pilot version of the manual; (4) Review and approval of the pilot version of judges and (5) Final preparation of the manual. As a result, the final version of the manual consisted of basic guidelines and tips for parents as well as illustrations on the theme http://www.psicopedagogia.com.br/new1_artigo.asp?entrID=1846#.VlyIb3arTIX

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to facilitate the apprehension of the content. It was possible to verify that proposals to assist in the dissemination of information about typical language development are of great importance. It is noteworthy, therefore, the importance of further study and wider dissemination of information with the prevent deviations in language development in children.

Keywords: Child Language. Practice Guideline. Child. INTRODUÇÃO A linguagem pode ser compreendida como um sistema de sinais de duas faces ­ significante e significado. O significante refere­se ao aspecto formal da linguagem e é constituído pela combinação hierárquica dos elementos ­ fonemas, palavras, orações e discurso. Os fonemas integram palavras, que se combinam em orações, que se encadeiam no discurso. O significado, por outro lado, refere­se aos aspectos pragmáticos, ou seja, ao uso funcional da linguagem, considerado como o responsável pela comunicação no meio social (LUQUE; VILLA, 1995). A pragmática relaciona os aspectos fonológicos, semânticos e sintáticos da fala com o contexto no qual esta ocorre, explicando seus diferentes usos (BORGES; SALOMÃO, 2003).  Valmaseda (2004) refere que os aspectos formais e funcionais da linguagem são intimamente ligados entre si no desenvolvimento normal. Em outras palavras, o desenvolvimento típico da linguagem envolve, portanto, a integração dos sistemas fonológico, semântico, pragmático e morfos¬sintático, além de outras habilidades linguísticas e não linguísticas (GONZALES et. al, 2012).  Para Vygotsky, o pensamento na criança pequena a princípio evolui sem a linguagem; assim, portanto, os primeiros balbucios da criança se constituem numa forma de comunicação sem pensamento. A função social da fala, no entanto, já é aparente desde os primeiros meses de vida da criança (fase pré­intelectual da linguagem). A criança tenta atrair por meio de sons variados a atenção do adulto, e comunica suas sensações de prazer e desprazer, que são habilmente decodificadas pela mãe ou adulto significativo do seu meio circundante. A criança possui, portanto, nos primeiros meses de vida um pensamento pré­linguístico e uma linguagem pré­intelectual (JOBIM; SOUZA, 1994). Nessa perspectiva, de cunho interacionista, o pensamento e a palavra não são ligados por um elo primário, mas, ao longo da evolução do pensamento e da fala, tem início uma conexão entre ambos, que se modifica e se desenvolve (JOBIM; SOUZA, 1994). Do ponto de vista de uma perspectiva cognitivista, Zorzi (2000) ressalta que a linguagem, em seu desenvolvimento típico, insere­se num quadro de evolução que engloba símbolos verbais e não verbais. Assim, o desenvolvimento da comunicação é dividido em fase pré­verbal, que se estende de 2 meses ­ período em que o comportamento da criança é completamente http://www.psicopedagogia.com.br/new1_artigo.asp?entrID=1846#.VlyIb3arTIX

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reativo ­ até 18 meses de idade ­ fase em que há o desenvolvimento da comunicação intencional ­ e; verbal, período este marcado pelo surgimento de enunciados (18 meses de idade) até um domínio significativo da língua (5 anos de idade). Inversamente, a ausência de linguagem dentro dos limites cronológicos esperados ou um processo de aquisição lento e dificultoso podem indicar problemas no desenvolvimento da criança (ZORZI, 2000). Considerando­se que o primeiro ambiente social da criança é a família, a forma como os pais lidam com as diversas situações acabam influenciando nas características comunicativas, comportamentais, sociais da criança, contribuindo ou não para um desenvolvimento saudável (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001; INGBERMAN; LOHR, 2003). Assim, por meio da comunicação verbal e não verbal, a família desempenha importante influência na construção do desenvolvimento da criança, além de proporcionar estabilidade social, aceitação, senso de identidade, solidariedade e apoio emocional (CARMIGNANI, 2005).  Nesse sentido, o crescente uso de materiais educativos como recursos na educação em saúde tem assumido um papel importante no processo de ensino­aprendizagem (OLIVEIRA; LANDIM; COLLARES; MESQUITA; SANTOS, 2007; MOREIRA; NÓBREGA; SILVA, 2003; MISQUIATTI; BRITO; BASSO; OLIVATI, 2014). Embora sejam observadas algumas limitações decorrentes de dificuldades de leitura pelo receptor, esses materiais permitem uma leitura posterior, reforçando as informações orais, servindo como guia de orientações para casos de dúvidas e auxiliando nas tomadas de decisões do cotidiano. Esses objetivos podem ser alcançados ao se elaborar mensagens que tenham vocabulário coerente com o público­ alvo, convidativas, de fácil leitura e entendimento (FREITAS; CABRAL, 2008). Assim, destaca­se a importância da atuação fonoaudiológica em medidas preventivas, fornecendo orientações e instruções que auxiliem os pais a compreenderem as variáveis que favorecem ou não o desenvolvimento das habilidades comunicativas. Diante do exposto, o objetivo desse estudo foi elaborar um manual de orientações aos pais com dicas básicas para o desenvolvimento da linguagem. MATERIAL E MÉTODOS Para elaboração do manual, os procedimentos foram divididos de acordo com as seguintes etapas: a) Levantamento e análise da literatura científica sobre o tema; Nesta etapa, foram utilizadas as palavras chave: linguagem infantil, desenvolvimento de linguagem, aquisição de linguagem, linguagem e fonoaudiologia. Foram consultadas as base de dados digitais Lilacs – Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde; http://www.psicopedagogia.com.br/new1_artigo.asp?entrID=1846#.VlyIb3arTIX

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Pubmed – US National Library of Medicine National Institutes of Health e; Scielo – Scientific Eletronic Library Oline. Também foram realizadas consultas em livros sobre a temática. b) Seleção de temas; Para seleção dos temas pertinentes à proposta do manual, foram observados os aspectos de maior consenso na literatura que são essenciais ao desenvolvimento da linguagem. Independentemente da perspectiva teórica adotada, os temas gerais de maior frequência na literatura foram: aspectos interacionais; modelo adequado de fala; evitar situações de constrangimento; exposição à língua materna e criação de oportunidades de fala. Desses temas gerais foram elaboradas orientações específicas, de acordo com a literatura consultada. c) Construção da versão piloto do manual; A partir das etapas anteriores, foi criada a versão piloto do manual, com orientações e figuras de acordo com a temática da proposta. Essa versão constou de basicamente orientações levando em consideração os aspectos interacionais da criança, o modelo verbal adequado a ser adotado.  d) Análise e aprovação da versão piloto por juízes; A versão piloto foi encaminhada à avaliação de três juízes, que possuíam formação em fonoaudiologia e eram doutores em áreas correlatas à linguagem infantil, familiarizados com a temática analisada. A partir das considerações dos juízes, procedeu­se às adequações necessárias para a versão final do manual. e) Elaboração final do manual. De acordo com as considerações finais analisadas pelos três juízes, procedeu­se a versão final do manual apresentada no presente relato. De acordo com o realizado pelos mesmos, foram efetuadas alterações correlacionadas ao conteúdo expresso no manual e nomenclatura. RESULTADOS

Figura 1. Capa do manual.

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Manual de orientações aos pais: Dicas sobre o desenvolvimento de linguagem

Elaborado por: Fga. Ana Gabriela Olivati, Fga. Priscila Ferreira Latanzio e Dra. Andréa Regina Nunes Misquiatti

Figura 2. Manual de orientações aos pais: dicas sobre o desenvolvimento de linguagem.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, é possível averiguar que propostas que auxiliem na divulgação de informações a respeito do desenvolvimento típico de linguagem são de grande relevância. Nesse sentido, por meio de figuras ilustrativas e informações condensadas, de fácil compreensão e acesso, é possível proporcionar a divulgação de conhecimentos que podem contribuir com pais que apresentam dúvidas em relação a essa temática. Especificamente no que se refere ao desenvolvimento de linguagem, destaca­se a importância de mais estudos e maior divulgação de informações com o intuito de prevenir desvios no desenvolvimento infantil.

Bibliografia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORGES, L. C.; SALOMÃO, N. M. R. Aquisição da linguagem: considerações da perspectiva da interação social, Psicologia Reflexão e Crítica, v. 16, n. 2, p. 327–336, 2003. DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. (2001). Inventário de habilidades sociais: Manual de aplicação, apuração e interpretação. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo. FREITAS, A. A. S.; CABRAL, I. E. O cuidado à pessoa traqueostomizada: análise de um folheto educativo. Esc Anna Nery Rev Enferm, v. 12, n. 1, p. 84­9, 2008. GONZALES, D. O.; CÁCERES, A. M.; BENTO­GAZ, A. C. P.; BEFI­LOPES, D. M. A complexidade da narrativa interfere no uso de conjunções em crianças com distúrbio específico de linguagem. J. Soc. Bras. Fonoaud., v. 24, n. 2, p. 152­6, 2012. JOBIM; SOUZA, S. Infância e Linguagem: Bakhtin, Vygotsky e Benjamin. Campinas: Papirus, 1994. LUQUE, A.; VILLA, I. (1995). Aquisição da linguagem. In C. Cool, J. Palacios, & A. Marchesi (Org.), Desenvolvimento psicológico e educação. Porto Alegre: Artes Médicas. MISQUIATTI, A. R. N.; BRITO, M. C.; BASSO, C. S. D.; OLIVATI, A. G. Psicopatologia e educação infantil: elaboração de manual de orientação sobre os Transtornos do Espectro do Autismo, Psicopedagogia on line, 2014. MOREIRA, M. F.; NÓBREGA, M. M. L.; SILVA, M. I. T. Comunicação escrita: contribuição para a elaboração de material educativo em saúde. Rev Bras Enferm, v. 56, n. 2, p. 184­8, 2003. OLIVEIRA, V. L. B.; LANDIM, F. L. P.; COLLARES, P. M.; MESQUITA, R. B.; SANTOS, Z. M. S. A. Modelo explicativo popular e profissional das mensagens de cartazes utilizados nas campanhas de saúde. Texto Contexto Enferm, v. 16, n. 2, p. 287­93, 2007. SCHWARTZMAN, J. S.; ARAÚJO, C. A. (Org.). Transtornos do espectro do autismo. São http://www.psicopedagogia.com.br/new1_artigo.asp?entrID=1846#.VlyIb3arTIX

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Paulo: Memnon, 2011.  VALMASEDA, M. (2004). Os problemas de linguagem na escola. In C. Cool, A. Marchesi, & J. Palacios. (Org.), Desenvolvimento psicológico e educação (pp. 72­89), Porto Alegre: Artes Médicas. ZORZI, J. L. Aspectos básicos para compreensão, diagnóstico e prevenção dos distúrbios de linguagem na infância. Rev CEFAC, v. 2, n. 1, p. 11­5, 2000. Publicado em 03/08/2015 16:17:00 Currículo(s) do(s) autor(es) Ana Gabriela Olivati, Priscila Ferreira Latanzio e Andréa Regina Nunes Misquiatti ­ (clique no nome para enviar um e­mail ao autor) ­ Ana Gabriela Olivati: fonoaudióloga; mestranda do programa de pós graduação em psicologia do desenvolvimento e aprendizagem da Universidade Estadual Paulista Júlio De Mesquita Filho, Bauru. Priscila Ferreira Latanzio: fonoaudióloga; departamento de fonoaudiologia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Marília, São Paulo, Brasil Andréa Regina Nunes Misquiatti: fonoaudióloga; docente do departamento de fonoaudiologia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Marília, São Paulo, Brasil; doutora em linguística pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, Brasil. Gosto

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