DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO LOCAL, TURISMO E POLÍTICAS PÚBLICAS NO ESTADO DO CEARÁ NO PERÍODO DE 1997 A 2012

May 19, 2017 | Autor: Rosemary Lima | Categoria: Economy, Políticas Públicas, Turismo
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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO LOCAL, TURISMO E POLÍTICAS PÚBLICAS NO ESTADO DO CEARÁ NO PERÍODO DE 1997 A 2012.

Rosemary Oliveira de Lima Universidade Estadual do Ceará, Brasil [email protected] Resumo Analisar através dos indicadores turísticos ofertados pela SETUR – CE, os impactos do desenvolvimento do Turismo na economia do estado no período de 1997 a 2012, onde se dá a transição de um padrão político dominado pelo “coronelismo” para um modelo de gestão “jovem, moderna e atuante”, que enxerga no Turismo uma alternativa para as mudanças que proporcionariam o crescimento econômico do estado e a reconstrução de sua imagem. Palavras chave: Turismo, Economia, Política.

Introdução O Turismo é um fenômeno social que cumpre diversos papéis, podendo ser considerado e estudado através de múltiplos vieses. Desde sua função de recreação e descanso, podendo compará-lo com outras funções básicas como alimentação, moradia e o transporte, até sua compreensão como um processo produtivo, sendo agente de fomento da economia. A preparação para receber os visitantes leva o destino a investir em infra e superestrutura, resultando numa multiplicação do capital e provocando melhorias que beneficiam a sociedade, e a despesa dos visitantes faz surgir uma renda que, por sua vez, gera consumo formando uma cadeia contínua de despesa-renda que permeará toda a sociedade, suscitando efeitos indiretos causados pela atividade turística na maioria dos segmentos da economia, estes impactos contínuos provocados pelos seus gastos, são chamados de multiplicadores econômicos. Entretanto, pelo aspecto econômico, o turismo trava uma relação dialética com a sociedade, pois ao mesmo tempo em que é fonte de divisas e de inegável

desenvolvimento econômico e social, é também gerador de conflitos e desequilíbrios sociais e econômicos. O estado do Ceará, detentor por muitos anos de uma imagem de fome, miséria, sofrimento e degradação e marcado pela inexpressividade no panorama nacional de suas atividades econômicas, uma vez que dependia assim da pecuária extensiva, da agricultura de subsistência, do extrativismo vegetal, e de uma decadente cultura comercial do algodão, todas estas, atividades extremamente vulneráveis aos fenômenos da seca e da estiagem, descobriu no turismo, uma forma de redenção deste estigma. O objetivo deste artigo é analisar através dos indicadores turísticos disponibilizados pela Secretaria do Turismo do Estado do Ceará – SETUR –CE, os impactos do desenvolvimento turístico na economia do estado, com base nos dados do PIB elaborados pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) desde 1997 - marco da transição de estilo governamental, que predominava não somente nos estado, mas em toda região: o coronelismo, para uma gestão que empunha a bandeira da modernidade e do combate à miséria e à pobreza, assinalada por estratégias políticas que buscam privilegiar duas atividades pouco ou nada contempladas nos governos anteriores: a cultura e o turismo, estabelecendo um novo olhar sobre o estado – a 2012 onde concretizam-se os resultados desta transição. Os dados especificamente ligados ao turismo têm como fonte a Secretaria do Turismo do Estado do Ceará (SETUR). Também foram

analisados

outros indicadores

que expressam o

comportamento do turismo, como o mercado de trabalho, tendo como fontes, o Ministério do Trabalho e emprego e o Cadastro Central de Empresas do IBGE – CEMPRE. A sustentação teórica do estudo baseia-se em trabalhos já desenvolvidos sobre o tema, mas de um modo indireto, tendo em vista que são raros os estudos que se aproximam do proposto neste momento. Trata-se de uma análise documental com abordagem crítica que constitui uma técnica importante na pesquisa qualitativa, seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema.

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A relevância do estudo reside na importância do Turismo como uma atividade econômica e social, que alavanca uma série de outras atividades, por isso é utilizada para desenvolver regiões com potencialidades para seu incremento. Para uma melhor compreensão do desenvolvimento econômico do estado através do turismo, o trabalho está estruturado em quatro seções, além dessa introdução, que constitui a primeira seção. A segunda seção traz um panorama contemporâneo da Economia e do Turismo no Estado do Ceará, na terceira seção, apresentam-se as medidas tomadas e os resultados alcançados pelos governos no período do estudo para o desenvolvimento da atividade turística e seus impactos na economia cearense; e a quarta, refere-se às conclusões permitidas pelo trabalho. Ao final, são citadas as principais referências bibliográficas consultadas. 1. PANORAMA CONTEMPORÂNEO DA ECONOMIA E DO TURISMO NO ESTADO DO CEARÁ. 1.1. A Economia O Ceará está localizado na região Nordeste do Brasil, tem aproximadamente 148.920 km2 de extensão, 184 municípios e conta com uma população de 8.778.576 habitantes (IBGE 2012). Situa-se em uma planície da zona litorânea da Região Nordeste, tem uma posição estratégica para as operações de comércio exterior e turismo, atividades econômicas com grande potencial de crescimento. A população concentra-se na zona urbana uma taxa de 76,4%, superior a do Nordeste que é de 71,8%, mas inferior a do Brasil de 83,5%. O estado vem registrando um acentuado processo de desenvolvimento socioeconômico, sobretudo nas duas últimas décadas. Este desenvolvimento é marcado, pelo lado econômico, pelas diversidades de áreas como: os Serviços, onde se sobressaem o Comércio e as atividades ligadas ao Turismo; Indústria e Agronegócio. Pelo lado social, destacam-se indicadores importantes com quedas sucessivas como: Mortalidade Infantil; Redução no número de pobres; Distorção de Idade no Ensino Fundamental e Médio; Taxa de Escolarização, dentre outros. Presentemente, existe uma tendência de aumento da participação relativa do PIB cearense em relação ao nacional. Desde 2008, o Ceará vem apresentando um ritmo de crescimento maior que a economia nacional, esta dinâmica está potencializada por

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investimentos em infraestrutura por parte do governo estadual numa escala de pouco mais de R$ 9,44 bilhões, dados de 2012 do IPECE. A economia do Ceará somou em 2012 R$ 94, 6 bilhões, é a 12ª economia do país e a 3ª da região Nordeste, distante dos anos 90, hoje não se encontra mais baseada em agropecuária que tem participação apenas de 4,2% do PIB, tendo em vista as condições naturais do estado com grande parte de sua área pertencente ao semiárido nordestino. A indústria, composta por quatro segmentos: a Indústria Extrativa Mineral; a Indústria de Transformação; a Construção Civil; e Produção e distribuição de Energia Elétrica e Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana, através de investimentos privados e públicos cresceu e responde por 23,7% do PIB. Os serviços, compostos pelas atividades de Serviços prestados à Família (onde se situa atividades ligadas ao turismo como alojamento e alimentação), Comércio, Transporte e Armazenagem, Serviços de Informação e Comunicação, Intermediação Financeira, e Administração Pública é de maneira inquestionável o sustentáculo de economia cearense participando com 72,1% do PIB. Dentre as atividades de serviços, destaque para o comércio com 15,43% de contribuição e Turismo com 10,8%. Em relação à geração de empregos, o estado ocupa hoje, a 10ª posição no ranking nacional, e terceiro no Nordeste no que diz respeito a estoque de empregos. Apresentando o oitavo maior crescimento em níveis de emprego e renda: 49%, fica acima da média regional (39,2%) e nacional (35%) superando diversas economias tradicionalmente mais importantes no país como São Paulo, Rio de janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul (IPECE, 2012). Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, o número de empregos formais alcançou a marca de 1,424 milhão em dezembro de 2012, o que corresponde a 16,7 mil postos de trabalho e uma taxa de geração de emprego de 1,5%, a melhor desde 2009, correspondendo a uma taxa de ocupação de 58,8% da população em idade ativa do estado. A distribuição das ocupações pelos setores de atividades pode ser vista através da tabela abaixo, onde mais uma vez se nota a importância da participação dos serviços na economia cearense, tendência não somente local, mas mundial. SETOR

PARTICIPAÇÃO

RANKING

Agropecuária

1,76%



Indústria

24,57%



Serviços

73, 67%



4

TOTAL

100,00

Tabela 1 – Distribuição das ocupações por setores de atividade da economia; Fonte: Adaptada de RAIS – MTE 2012.

1.2 . A Evolução do Turismo no Ceará. O turismo tornou-se ação prioritária de desenvolvimento no Estado do Ceará, uma vez que vem apresentando resultados positivos em termos de desenvolvimento social e econômico. A receita direta gerada pelo turismo no Ceará cresceu 80%, saltando de R$ 2,5 bilhões, em 2007, para R$ 4,5 bilhões, em 2012, chegando a responder por quase 11% do PIB do Estado no período, com crescimento médio anual de 2,8% entre 2006 e 2011. Esse é um dos principais resultados das duas primeiras fases de diagnóstico e estudo do Plano de Marketing Turístico do Ceará, que tem como objetivos

o

reposicionamento

turístico

de

Ceará,

tanto

nacional

como

internacionalmente, projetar o crescimento e as estratégias a serem desenvolvidas em prol da atividade nos próximos vinte anos, dando continuidade ao Prodetur Nacional, apresentado pela Secretaria do Turismo do Estado (SETUR). O PRODETUR NE II, fonte principal de recursos para o desenvolvimento do turismo no estado, investiu 87, 8 milhões de reais no Ceará, que segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDTIS, 2007), beneficiará o Polo Costa do Sol que se estende por aproximadamente 191 km de costa a oeste de Fortaleza e contempla 18 municípios: Acaraú, Amontada, Aquiraz, Barroquinha, Camocim, Caucaia, Chaval, Cruz, Fortaleza, Granja, Itapipoca, Itarema, Jijoca de Jericoacoara, Paracuru, Paraipaba, São Gonçalo do Amarante, Trairi e Viçosa do Ceará.

Figura 1 – Mapa da Costa do Sol, Ceará. Banco do Nordeste, 2007.

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A finalidade de acordo com a SETUR (2007) é o aproveitamento do potencial turístico dessa mesorregião, objetivando a interiorização do turismo no intuito de desconcentrar espacialmente os impactos da receita gerada pelos turistas, e pode ser expresso por investimentos em resorts, hotéis, pousadas, parques de diversões, casas de espetáculos, esportes e equipamentos náuticos e atividades ligadas à produção de artesanato às manifestações folclóricas locais. De acordo com dados da Secretaria de Turismo do Estado (SETUR - CE) no ano de 2012 o Ceará recebeu 2.995.024 turistas via Fortaleza, um incremento de 11,27% quando comparado ao ano de 2010. Cerca de 92% das pessoas que visitaram o Ceará neste ano, foram provenientes do chamado turismo interno, ou seja, 2.761.413 visitantes vieram dos diversos Estados brasileiros e 66,7% tinha como motivação o turismo de sol de praia. Há 15 anos, o número de turistas que chegavam ao estado via Fortaleza era de apenas 970.000 pessoas, ou seja, um crescimento de 67,61% no fluxo de turistas. Entre as características do turismo podemos citar que este apresenta uma demanda extremamente elástica, pelo seu caráter sazonal, esta sazonalidade pode ser observada facilmente estudando a taxa de ocupação hoteleira (DIAS, 2003, p.43). Em Fortaleza, esta taxa que era de 51,3% ao ano, em 1997, gerando 4.369 empregos, teve o significativo acréscimo de 18,7% no período de 1997 a 2012 chegando a 70% de ocupação anual, impactando na geração de aproximadamente 9.000 empregos diretos no setor hoteleiro, um aumento de 4.631 novos postos de trabalho. Indicando ainda, que a demanda pelo destino Fortaleza torna-se cada vez menos elástica, o que sugere uma consolidação da cidade como destino turístico. Esta possível estabilização do destino tem influência direta sobre o investimento privado

em

infraestrutura

turística,

Fortaleza

dispunha

em

2012

de

207

estabelecimentos, sendo 102 hotéis, 75 pousadas e 30 estabelecimentos de outros tipos, contabilizando aproximadamente 29.000 leitos enquanto o estado do Ceará contemplava em sua totalidade 67.607 leitos. Em 1997, a oferta hoteleira da capital não passava de 16.000 leitos segundo levantamento do SETUR- CE (2012), o que demonstra nitidamente os efeitos da atividade turística na atração de investimentos e geração de empregos e renda.

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2. GOVERNOS E MEDIDAS TOMADAS EM PROL DO TURISMO 2.1.Governo das Mudanças – Tasso Jereissati e Ciro Gomes O turismo pode ocupar papel importante no desenvolvimento de um país. De uma região ou de um município “pela sua capacidade de criação de empregos, à sua contribuição à diversificação das atividades econômicas regionais e aos vários efeitos indiretos causados pelos gastos dos turistas” (DIAS, 2003 apud HALL, 2001:174). O desenvolvimento do turismo no Ceará e a construção de sua imagem como destino turístico iniciam-se a partir de 1987 com a eleição de para o primeiro mandato de Tasso Ribeiro Jereissati como governador do estado, sob o slogan: “O Brasil mudou, mude o Ceará”. Os mandatos exercidos por Tasso Jereissati (1987 a 1991 e 1995 a 1998, 1999 a 2002) como também o de seu sucessor Ciro Ferreira Gomes (1990 a 1994) ficaram conhecidos como Governos Mudancistas por caracterizar a transição do “coronelismo”, que esteve à frente da política do estado por mais de vinte anos, para uma gestão que empunha a bandeira da modernidade e do combate à miséria e à pobreza, estabelecendo um novo olhar sobre o estado. Elegendo o turismo como um dos setores prioritários, este governo dispõe da atividade como “agente de mudanças” capaz de transformar a sina do estado, elevandoo de atrasado e pobre a destino turístico promissor capaz de atrair investimentos, não somente ligados ao turismo, como também a outras atividades. As estratégias planejadas sob um viés claramente empresarial a partir da elaboração em 1989, do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Ceará (PRODETURIS) que pretendia “mapear e organizar o espaço físico de todo o litoral cearense, com vistas a detectar suas potencialidades de investimentos públicos e privados” (CEARÁ,1995, p.19-20) posteriormente, no mandato de Ciro Gomes, passou a integrar o Programa de Desenvolvimento de Turismo no Nordeste (PRODETUR – NE), apontado como instrumento capaz de promover a sadia distribuição de renda e a erradicação da miséria no estado ao valorizar as zonas de praia como espaços turísticos. Para efeito deste artigo, as decisões abordadas serão as que foram tomadas a partir do segundo mandato de Tasso Jereissati (1995 a 1998), mas especificamente a partir de 1997.

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A importância do turismo para o Governo as Mudanças é largamente apregoada por Tasso Jereissati, que em seu plano de governo após reeleição em 1995, declara: Turismo (...) uma atividade econômica estruturadora, situando-se, em termos de potencialidade, no mesmo nível de prioridade governamental conferida à indústria convencional; atividade de grande efeito multiplicador na economia estadual, justificando plenamente a alocação de recursos públicos para investimento, em uma postura de governo pioneira e indutora. (ARAÚJO, 2012 apud GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, 1995, P. 79)

Assim o turismo como indústria sem chaminés, termo amplamente utilizado neste governo, aumentou o produto interno bruto e gerou empregos. ANO

TOTAL

NACIONAL

INTERNACIONAL

PARTICIPAÇÃO

TURISTAS

INDICE

TURISTAS

INDICE

TURISTAS

INDICE

(%)

1995

761.777

100,0

723.688

100,0

38.089

100,0

5,0

1996

773.247

101,5

733.038

101,3

40.209

105,6

5,2

1997

970.000

127,3

914.710

126,4

55.290

145,2

5,7

1998

1.297,528

170,3

1.218,379

168,4

79.149

207,8

6,1

1999

1.388,490

182,3

1.296,850

179,2

91.640

240,6

6,6

2000

1.507,914

197,9

1.387,281

191,7

120.633

316,7

8,0

2001

1.631.072

214,1

1.458,178

201,5

172.894

453,9

10,6

2002

1.629,422

213,9

1.446,927

199,9

182.495

479,1

11,2

Tabela II: Demanda turística via Fortaleza 1995 – 2002; Adaptada de SETUR CE – Indicadores Turísticos 1995/ 2012.

Observando a partir da tabela I - Demanda turística via Fortaleza, constata-se o aumento do fluxo de turistas, reflexo das ações tomadas durante a segunda gestão de Tasso Jereissati, que utilizou vastamente o marketing turístico através de ações promocionais junto aos agentes de viagens, anúncios em jornais (Folha de São Paulo, The Economist, The New Times, Wall Street Journal) e revistas como News Weak, Isto é, e Veja e até a criação de um seguro sol. As matérias sobre o Ceará expressavam avanços e modernidade na capital, e primitivismo, sol, mar, praias desabitadas, artesanato e comidas típicas no interior, promovendo o fluxo turístico de brasileiros e estrangeiros. Investimentos em obras de infraestrutura como a construção em 1996 da CE 085, conhecida como Via Estruturante ou Rota do Sol Poente e da CE 040 ou Rota do Sol Nascente, facilitando o acesso ao litoral cearense, atraindo o turismo e investimentos privados nos setores de hotelaria e entretenimento. Em 1997 a ampliação 8

do Aeroporto Pinto Martins, de forma a atribuir ao equipamento o status de internacional, e também pelo investimento em saneamento básico desenvolvido no chamado Pólo Ceará Costa do Sol, no litoral oeste de Fortaleza englobando as sedes urbanas, além de distritos e localidades costeiras, dos Municípios de Fortaleza, Caucaia, São Gonçalo do Amarante, Paracuru, Paraipaba, Trairi e Itapipoca, numa extensão de mais de 150 km de litoral. (RELATÓRIO PRODETUR I, 2002, P.9) Os investimentos trouxeram uma nova dinâmica ao turismo cearense possibilitando o aumento do fluxo turístico não só para Fortaleza e Municípios do PRODETUR/CE I, mas para todo o Estado, principalmente para as regiões litorâneas oeste e leste, colocando assim o Ceará numa posição de destaque entre os destinos do Brasil. Entre 1997 e 2001 o movimento turístico no Estado cresceu bem mais que a média do Nordeste, o estado do Ceará, entre 1997 e 2001, manteve-se em terceiro lugar ficando atrás da Bahia (1º lugar) e Pernambuco (2º lugar). O valor apresentado pelo Estado, responsável pelo posicionamento apontado, corresponde, em média, a 14,86% do total do fluxo global de turismo no nordeste. Já a capital, Fortaleza, manteve-se em primeiro lugar em 2001, em segundo lugar em 1997 e 1999 em terceiro lugar no ano de 2000. (RELATÓRIO PRODETUR I, 2002, P.14) ESTADO

1997

1998

1999

2000

2001

SERGIPE

310

443

540

675

800

CEARÁ

1241

1578

1752

2000

2500

PARAÍBA

521

756

693

1000

1200

ALAGOAS

603

774

879

1000

1200

R.G. NORTE

857

1053

1000

1200

1400

PERNAMBUCO

1453

1757

2100

2500

3000

MARANHÃO

608

840

600

780

800

BAHIA

3041

3061

3900

4100

4300

PIAUÍ

123

280

374

500

600

TOTAL

8057

10.541

11.838

13.755

15800

Tabela V - Fluxo Variação Turístico Região Nordeste 1997 – 2001; Adaptada de Relatório Prodetur I, 2002, P.13

Embora desenvolvimento seja um conceito de muitos significados, o desenvolvimento econômico é certamente aferido pelo PIB e a renda per capita de um 9

determinado país ou região, desta forma, o efeito direto da atividade turística sobre a economia cearense no período estudado é verificada, na tabela III, onde se observa o domínio crescente da participação das atividades de serviços na economia cearense, impulsionada pela chegada de novos visitantes a cada ano ao estado. Desta forma, o turismo intervém também, através do seu efeito multiplicador em outros setores como a indústria, por exemplo. Segundo Coelho, (2011, p.92) as economias modernas e mais avançadas indicam uma supremacia do setor terciário sobre os setores secundário e primário na composição do PIB. Assim, o propósito de desenvolvimento econômico do Governo das Mudanças de modernizar a economia através do turismo é contemplado. INDICADORES MACROECONÔMICOS

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

12.495

15.641

17.589

18.836

19.511

20.800

21.581

24.204

-

25,18

12,45

7,09

3,58

6,61

3,75

12,15

9,65

9,64

6,36

5,62

5,71

6.08

5,20

6,10

34.49

33.89

38.07

40,08

39,26

38,06

37,0

36,80

55,86

56,47

55,57

54,30

55,03

55,86

57,80

57,10

1.856

2.291

2.465

2.602

2.638

2.794

2.833

3.129

PIB (Valor corrente, preços de mercado) – R$ milhões. Tx. De crescimento (%) Participação Agropecuária no valor a preços básicos (%) Participação Indústria no valor a preços básicos (%) Participação Serviços no valor a preços básicos (%) Per capita (R$)

Tabela III: Produto Interno Bruto Ceará 1995 – 2002; Fonte: Adaptado várias publicações IPECE

De acordo com Beni, 1998: Consumo privado obedece aos gastos ou ao consumo de recursos por parte dos turistas na aquisição de bens e serviços. A estrutura dos gastos turísticos inclui: gastos com alojamento hoteleiro, extra hoteleiro e locação de imóveis; gastos com equipamentos complementares de recreação e alimentação e gastos com transporte coletivo, locação de veículos e outros. Os dados sobre a geração de empregos no intervalo de 1999 a 2002, período disponibilizado pelo IPECE, corroboram, para a afirmação de que o turismo é um forte gerador de empregos, tanto diretos, como indiretos. Num espaço de três anos, as atividades diretamente ligadas ao setor como Transporte e Armazenagem, Serviços prestados às famílias (Alojamento, Hospedagem e Alimentação) e Comércio foram as 10

que mais contribuíram para a geração de empregos numa crescente contínua, chegando a 71% dos empregos gerados neste espaço de tempo. SETORES

1999

2000

2001

2002

TOTAL

771

830

1.990

1.843

5.434

1.566

5.505

- 3.785

11.784

15.070

-66

136

10

41

121

2.2. Indústria da Transformação

4.910

8421

- 1.509

12.046

23.868

2.3. Construção Civil

- 3.263

- 2.246

- 2.237

-484

- 8230

-15

- 806

- 49

181

- 1501

3. Serviços

3.036

11. 444

18.856

16.966

50.302

3.1. Serviços Prestados às famílias

3.163

6.698

12.753

8.751

31.365

3.2. Comércio

1.777

3.932

2.661

7.892

16.262

3.3. Transporte e Armazenagem

- 1025

879

3.408

143

3.405

3.4. Intermediação Financeira

- 1.002

- 479

19

179

- 1.283

-

-

-

-

-

3.4. Administração Pública

107

355

- 50

-

412

3.5. Outros

16

59

65

1

141

5.373

17.779

17.061

30.593

70.806

1.Agronegócio 2. Indústria 2.1 Extrativa Mineral

2.4. Produção e distribuição de Energia

3.5. Informação e Comunicação

TOTAL

Tabela IV: Geração de empregos 1999 – 2002; Adaptada de IPECE – O desenvolvimento econômico do estado de Ceará e o mercado de trabalho, 2014

Deste modo, Tasso Jereissati consolida neste mandato seus planos iniciais, de provocar a mudança ao promover o turismo utilizando-se ironicamente de elementos, como o aspecto climático e o sol, anteriormente considerados os grandes vilões do sertão cearense, transformando-os em atrativos essenciais para a demanda turística. 2.2. Ceará Cidadania – Lucio Alcântara

Lucio Gonçalo de Alcântara, também do PSDB, é eleito em 2002 e exerce mandato entre 2003 e 2006 dando continuidade a série de governos do Partido Socialista Democrático Brasileiro. Entretanto há de se marcar algumas diferenças entre as metas de governo de Tasso Jereissati e Lúcio Alcântara, a começar pelo próprio slogan de governo. Enquanto a gestão anterior citava o desenvolvimento do turismo e a sustentabilidade deste processo, o governo Lucio Alcântara apresenta-se sob a égide da inclusão social e cidadania.

11

Em seu plano de governo intitulado Ceará Cidadania: Crescimento com inclusão social coloca o turismo como objetivo primordial, também buscado por seus antecessores “[...] desenvolvimento do produto sol/praia como negócio principal do turismo do Estado, requalificando áreas e procedendo ao planejamento do litoral para atender a diversidade do fluxo turístico” (PLANO DE GOVERNO 2003-2006, P.67). Entretanto, destoa da retórica dos Governos das Mudanças ao apresentar objetivos ligados à descentralização, diversificação e interiorização do turismo considerando não somente o litoral, mas também serra e sertão. Assim, através de ações que visavam especialmente à divulgação dos atrativos das regiões do interior do Ceará pode-se admitir que o governo Lucio Alcântara, obteve êxito, pois do total de turistas que se destinaram a Fortaleza no período 2002/2006, cerca de 76,58% visitaram outras localidades do Estado. Essa taxa de interiorização teve baixa oscilação entre 74,96% e 77,49% no período citado. Todavia, de um modo geral, cerca de 80,8% das preferências dos turistas foram marcadamente direcionadas para as localidades litorâneas, 4,8% para as serras e 14,4% para o sertão (SETUR, 2009)

MOVIMENTAÇÃO TURÍSTICA ANOS Capital

%

Interior

%

TOTAL

2002

1.629,422

25

4.879,847

75,0

6.509,269

2003

1.550,857

22,7

5.266,687

77,3

6.817,544

2004

1.784,354

23,4

5.826,275

76,6

7.610,629

2005

1.968,856

23,7

6340,241

76,3

8.309,097

2006

2.062,493

22,5

7.103,255

77,5

9,165,748

Tabela V : Movimentação Turística 2002/2006; Fonte: SETUR – CE, 2009.

Por segundo objetivo meio, o projeto de governo de Lucio Alcântara toma a inserção do Estado do Ceará em diferentes mercados e cita pra isto, o desenvolvimento de política de marketing turístico para a captação e apoio a Eventos, além do projeto de implantação do Centro Multifuncional de Feiras e eventos, marcando sobremaneira a intenção da diversificação do foco da demanda turística de Sol e Praia à Negócios e Eventos. Ainda assim, alguns dos objetivos como o Centro Multifuncional de Feiras e Eventos, ficaram apenas no papel e o litoral continuou a ser ratificado como prática preferencial do turismo no Ceará, só que agora de forma regional. Não se destaca

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apenas Fortaleza, mas sim a imagem do Ceará fortalecendo a imagem turística do estado como um todo.

2.3. Desenvolvimento Justo e Solidário - Cid Gomes O Governo Cid Gomes, teve início em 2007, lançado através de uma campanha que propagava o slogan: “Um grande salto. O Ceará merece.” Em seu plano de governo, designava para o turismo entre os seus objetivos estratégicos as seguintes premissas:  

 

Tornar o Ceará um competidor turístico de nível internacional, como um dos principais destinos do turismo de eventos e negócios; Operacionalizar o turismo como uma expressão econômica da cultura com base em dados cientificamente levantados; Disseminar redes de Trade Point como instrumento para facilitar o acesso das pequenas e médias empresas ao comércio internacional; Contribuir para facilitar o acesso das empresas cearenses aos mercados potenciais, em especial nas regiões localizadas na área de influência do Ceará, na Europa, nos Estados Unidos, na África e na América Latina. (DIRETRIZES PARA O PLANO DE GOVERNO,2005, P.46).

Percebe-se abertamente através dos seus objetivos, o propósito da diversificação do turismo no Estado, considerando o Turismo de Negócios e Eventos. Nesta proposta, o turismo é tratado como uma atividade “sustentável” que deve ser consolidada, alçando o Ceará ao posto de destino internacional, em especial pela competitividade com outros estados da região. O mandato caracterizou-se ainda por ações para captação de investimentos privados em turismo como o Complexo Aquiraz Riviera (2007), pela criação do Consórcio Turístico através da Agência para o Desenvolvimento Regional Sustentável, unindo Ceará, Piauí e Maranhão que objetivava mobilizar forças políticas e sociais na defesa de preservação do conjunto de ecossistemas que integram os três estados (2008), pelos programas de Capacitação Profissional para o turismo através do Prodetur II (2009), e pelo projeto do Centro de Eventos do Ceará (2009). Entretanto, durante seu primeiro mandato, Cid Gomes manteve-se dentro de parâmetros dos governos anteriores, preocupados em investimentos direcionados à infraestrutura em quase todo o litoral do Ceará.

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Eleito para nova gestão (2011- 2014) ressalta em seu discurso de posse a inauguração do novo Centro de Eventos, projeto de seu governo anterior, a construção do Acquário do Ceará, a ampliação do Terminal Aeroportuário Pinto Martins assim como a construção dos aeroportos regionais e a qualificação profissional para o turismo, fortalecendo a ideia de que as os projetos de infraestrutura são essenciais para o desenvolvimento da atividade turística, e reforçando desta maneira o conceito em seu primeiro governo do posicionamento mercadológico do turismo no estado do Ceará para o segmento Negócios e Eventos. Queremos, ao mesmo tempo, que o Ceará siga como um dos principais destinos de lazer e eventos do Brasil, posto que reconhecemos o Turismo como vetor de desenvolvimento econômico e social, desde que se trate de um turismo sustentável e com inclusão social. Queremos criar mecanismos para melhorar a eficiência operacional, fortalecer a capacitação de profissionais da cadeia produtiva. Em futuro próximo, o Centro de Eventos e o Acquario vão se inserir nessa paisagem. (DISCURSO DE POSSE GOVERNADOR CID GOMES, 2011, P.9).

O Centro de Eventos do Ceará, inaugurado em 15 de agosto de 2012, é visto como “agente de mudança do perfil turístico” da capital cearense, que segundo estudo do International Congress & Convention Association – ICCA (2012) apresentou crescimento na captação de eventos de 60% somente no último ano, colocando Fortaleza na oitava posição no ranking das cidades brasileiras que mais receberam eventos internacionais em 2012. Em 2011, Fortaleza ocupava a décima quinta posição neste ranking. O Plano de Marketing do estado para os próximos 20 anos foi encomendado a um consórcio de consultorias encabeçados pela Chias Marketing, e as estratégias para o desenvolvimento do turismo no estado, segundo este, serão baseadas em pesquisas de mercado e no desenvolvimento do perfil de quem vem ao Ceará, levando em conta os atrativos turísticos locais para descobrir o que traz pessoas e o que fideliza o turista, com o objetivo real de aumentar a receita gerada pelo turismo. Na conjuntura atual Cid Gomes desfruta de um diferencial do mandato anterior: o aporte de parcelas relevantes do Tesouro Estadual nas atividades turísticas e o contexto “propício ao turismo”, por sediar a Copa das Confederações 2013 e a Copa do Mundo 2014, dois grandes eventos esportivos.

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Assim, através dos investimentos em infraestrutura moderna como o Acquário Ceará e o Terminal Marítimo de Passageiros, das ações ligadas à qualificação de mão de obra, da criação de órgãos diretamente ligados às práticas do turismo, em especial de Negócios e Eventos, da atração de investimentos privados e do direcionamento do marketing turístico, o governo Cid Gomes, aproveita-se do momento favorável para marcar sua trajetória através de atos diretamente ligados à evolução do turismo no estado do Ceará, embora sem nenhum planejamento explícito destas políticas, o que se pode considerar uma “quase - política” pois sua atuação significativa não parte de uma estruturação prévia deliberada mas sim de ações localizadas. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por mais que se deseje delimitar o estudo do desenvolvimento econômico do estado do Ceará, mesmo que sob a óptica apenas do Turismo, mesmo que sob um período delimitado de tempo, este estudo envolve inúmeros aspectos que não podem ser esgotados em um único artigo. Ainda assim, é inegável a contribuição da atividade para o desenvolvimento econômico e social do estado, bem como para sua projeção nacional. Presente desde a primeira gestão de Tasso Jereissati é lançado desde o início como agente de mudanças, uma possível saída para o desenvolvimento econômicosocial do estado que, atrelado a atividades econômicas que não encontravam sustentabilidade devido às condições climáticas apresentadas, permanecia à custa da chamada “indústria da seca”, é tido como um consumidor de recursos do país, sem nada ofertar em troca. Reconhecido pelas gestões estudadas como vetor de crescimento econômico e social, atividade capaz de promover distribuição sadia de renda, hoje, o Turismo é uma atividade, viva, pulsante e marca não somente a economia, mas faz parte também da política e da sociedade, inserido nos planejamentos e projetos realizados para o estado. Contribui de maneira contundente para o PIB, gerando empregos nos mais variados níveis e consequentemente renda. Não se pode afirmar como muito se proclamou tratarse de uma “vocação” do estado, mas certamente aqui encontrou ambiente geográfico e humano propicio para o seu incremento.

REFERÊNCIAS 15

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