DESIGN CELTA: SUA INFLUÊNCIA NA JOALHERIA

July 27, 2017 | Autor: Ana Camillo | Categoria: Product Design, Celtic Art, Jewelry Design, Jewelry
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CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO Ana Paula Camillo e Mônica Rhuana Viegas Pinto

DESIGN CELTA: SUA INFLUÊNCIA NA JOALHERIA

O USO DOS SÍMBOLOS TRADICIONAIS CELTAS NAS JÓIAS MODERNAS

NÓ CELTA; ESPIRAIS; TRISKLE; CLADDAGH

Os Celtas espalharam-se por quase toda Europa influenciando e sendo influenciados pelas diferentes culturas, mas sempre preservando sua identidade. “Acreditavam que o tempo está e estará sempre ao nosso favor oferecendo oportunidades que muitas vezes devem ser compreendidas em alguns segundos, mas que podem transformar qualquer coisa.” Esse era um pensamento que segundo eles deveríamos refletir e baseá-lo em diferentes situações da vida. Através da joalheria expressavam seu mundo espiritual e sua cultura.

História

Os celtas são um povo indo-europeu que habitou predominantemente as Ilhas Britânicas (Irlanda, Escócia e País de Gales em especial), Península Ibérica, norte da França, além da Suíça, Áustria e sudoeste da Alemanha, e que atingiu no século IV a.C o auge de sua expansão tanto em número de habitantes como em área ocupada, possui uma riqueza muito grande em termos culturais e artesanais.

O desenvolvimento dos celtas é dividido em duas fases. A primeira, que compreende o período da Era do Bronze (1.200 – 500 A.C.), é chamada de Cultura Hallstatt, nome do sítio arqueológico na cidade austríaca de Salzburg, onde foram encontrados objetos de cerâmica, adagas e jóias feitas em bronze e ouro,

CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO Ana Paula Camillo e Mônica Rhuana Viegas Pinto como colares e broches. Durante a segunda fase, a Cultura La Tène (450 A.C. – I D.C.), nome do sítio arqueológico ao norte do lago Neuchâtel, na Suíça, os celtas pareciam estar mais voltados à confecção bélica. “Em todas as tumbas deste período espalhadas pela Europa, foram encontradas armas de ferro, como espadas e lanças, e escudos feitos de pesada madeira maciça.”, escreve Julieta Pedrosa, designer de jóias e professora de História da Joalheria e de Gemologia.

Os materiais mais usados pelo povo celta na confecção de jóias eram o ouro, prata, bronze, âmbar, vidro e gemas. Espirais, círculos, quadrados e outros símbolos típicos são encontrados em todas as jóias feitas por eles.

Onde quer que os Celtas se estabelecessem recebiam uma influência do desenho do povo que tinham contato, conservando apesar da distância entre suas colônias sua característica artesanal. Acredita-se que os Celtas influenciados pelos Etruscos usavam técnicas de ourivesaria como argolas, dourados, filigranas, granulados, repuxados, cinzelados, modelados e outros segundo o efeito desejado.

Filigrana: É um trabalho ornamental feito de fios muito finos e pequenas bolas de metal, soldadas de forma a compor um desenho. O metal é geralmente ouro ou prata, mas o bronze e outros metais também são usados. A filigrana foi utilizada na joalheria desde a Antigüidade greco-romana, sendo ainda empregada em grande variedade de objetos decorativos.

Granulados: Consiste em soldar pequenas esferas de metais sobre uma lâmina de acordo com o desenho pré estabelecido na qual os etruscos conseguiram uma destreza formidável. Esta técnica parece que foi a mais usada pelos celtas. Porém, o significado das outras técnicas não foi encontrado.

Os celtas não consideravam a natureza algo inerte, mas sim dotado de espírito próprio. Veneravam animais como o javali, touro, urso, cavalo, porco e serpente. Além dos adornos pessoais também recebiam tratamento artístico, os objetos domésticos e os próprios dos guerreiros, como carros, espadas, escudos ou

CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO Ana Paula Camillo e Mônica Rhuana Viegas Pinto capacetes. Barcas solares, rodas e algumas figuras de pássaros demonstram o gosto pela ornamentação às vezes excessiva e já se conheciam certas técnicas que floresceram depois, como a articulação de peças metálicas e a incrustação em coral. Os colares nesse período eram um tipo de jóia muito comum. Alguns eram feitos de um único pedaço, outros de duas partes dobradas com terminações esféricas lisas ou decoradas com desenhos, sendo que muitas vezes os modelados imitavam cordas. Os braceletes eram muito parecidos com os colares, mas menores, os anéis tinham um estilo novo eliminando os tradicionais castões e utilizando uma simples faixa decorada em relevo ou pérola.

Com a consolidação do Império Romano iniciou o declínio de civilização dos Celtas. A influência céltica na Escócia e na Irlanda permaneceu intacta por todo período romano e durante os séculos sucessivos foi sinal de destaque na joalheria.

Símbolos Celtas e seus Significados

Como os celtas não mantinham escrituras de seus costumes ou significados de seus desenhos, coube aos estudiosos especular e deduzir sobre o significado de seus nós (Celtic Knots, Nó Celta em português). Os nós celtas são uma forma de geometria sagrada, tendo como função neutralizar as energias negativas e gerar energia positiva, sempre presentes em artes religiosas, manuscritos, vestuários, jóias e até mesmo em tatuagens. Ao que os estudos indicam, os nós representam a vida, espiritualidade e a humanidade. Alguns podem ter sido criados para afastar o mal, enquanto outros para relacionar o conceito de eternidade ou a interconexão de todas as coisas vivas.

Através dos tempos os arqueólogos determinaram que o formato do nó é a chave para determinar o contexto dos desenhos célticos.

Pessoas e Animais – Representam a dependência da humanidade em relação à natureza, o relacionamento entre as pessoas e a natureza e humanidade versus humanidade.

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Pingente de ouro e diamantes, representando mãe e filho, com um triskle. (Irish Celtic Jewels)

Quadrados – Considerados símbolos de proteção contra o mal e más intenções.

Pingente de disco de aventurina com nó celta quadrado em prata. (Dragon Weave Jewelry)

Espirais e Círculos – Representam renascimento e ciclo da vida. No caso das espirais, também eram usadas pelos antigos para representar o Sol.

Alianças de ouro com brilhantes. (Celtic Wedding Rings)

Trevo – (Shamrock, em inglês, é derivado do diminutivo da palavra gaélica seamaróg, que significa planta jovem de três folhas). É o símbolo mais conhecido, além de ser o emblema nacional da Irlanda. Representa as tríades da vida em eterno movimento e equilíbrio. Exemplos: nascimento, vida e morte; corpo, mente e

CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO Ana Paula Camillo e Mônica Rhuana Viegas Pinto alma. Os druidas (sacerdotes dos celtas) utilizavam trevos de três folhas como símbolo da terra, ar e água e também da boa sorte.

Anel de ouro branco e rosa e brilhantes, com trevos e triskles. (Celtic Wedding Rings)

Pingente de ouro de coração e trevo. (Celtic Wedding Rings)

Triskle (triskele ou triquetra) – Espécie de estrela de três pontas, geralmente curvadas ou três espirais concêntricas. Assim como o trevo, também representa as tríades da vida e as fases da mulher: donzela, mãe e anciã.

Anel de noivado de ouro com pérola e entalhe de triquetra. (Irish Celtic Jewels)

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Pingente de ouro e brilhantes, com círculos e triquetra (Irish Celtic Jewels)

Claddagh

Este é o símbolo celta mais reconhecido depois do trevo e o mais presente na joalheria. Há todos os tipos de jóias ornamentados com a Claddagh: braceletes, brincos, pingentes, broches e relógios. No entanto, tradicionalmente está presente em anéis e alianças. Nesse desenho preciso e único, um par de mãos segura gentilmente um coração perfeito e, acima deste, está uma inconfundível coroa. Acredita–se que as mãos representam a amizade, o coração o amor e a coroa a lealdade. Claddagh (pronuncia–se “clah-dah”) é uma aldeia da cidade de Galway, na costa oeste da Irlanda. Diz a lenda que certa vez um pescador dessa aldeia, Richard Joyce, foi raptado por piratas enquanto pescava, e vendido como escravo a um ourives. Inteligente e talentoso, Richard aprendeu rapidamente seu trabalho, mas mesmo assim desejava de todo o coração estar de volta em sua aldeia com sua amada. Doente de saudades, ele fez um anel especialmente para ela. Com um coração, uma cora e duas mãos desenhados, o anel passou a simbolizar amor, lealdade e amizade para Richard. Quando finalmente foi libertado, retornou a Claddagh e descobriu que seu verdadeiro amor tinha esperado por ele. A devoção dela a ele foi recompensada com o anel e eles se casaram.

CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO Ana Paula Camillo e Mônica Rhuana Viegas Pinto O verdadeiro anel de Claddagh irlandês possui uma marca de autenticidade que não pode ser imitada, é feito à mão na Irlanda e tem sua qualidade verificada no Castelo de Dublin. “O anel de Claddagh celta é muito popular e continua sendo usado hoje. Tradicionalmente, se o anel é usado na mão direita e com o coração apontado para longe do corpo quer dizer que a pessoa não tem uma relação amorosa séria, e esteja até mesmo solteira: „Seu coração está aberto. ‟ Quando o anel é usado na mão direita mas com o coração na direção do corpo significa que a pessoa tem uma relação mais séria, ou que „seu coração foi capturado‟. A Claddagh usada no dedo anelar da mão esquerda apontando para longe do corpo geralmente quer dizer que a pessoa está noiva. Quando o anel é usado no dedo anelar da

mão esquerda mas com

o

coração apontando para dentro do corpo significa que a pessoa é casada.” (WIKIPEDIA)

Anel masculino (à esquerda) e feminino (à direita) de ouro e esmeralda. (Seawear)

Alianças de ouro e brilhantes com Claddagh e círculos. (Irish Celtic Jewels)

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Alianças de ouro com Claddagh e nó celta. (Seawear)

Brincos de ouro com Claddagh e espirais. (Celtic Jewels)

Bracelete de prata com Claddagh e triskle. (Celtic Attic)

Pingente de prata, com Claddagh e nó celta. (Celtic Wedding Rings)

Broche de prata com mármore de Connemara (mármore de milhões de anos, encontrado somente na região de Connemara, no condado de Galway, Irlanda) (Irish Indeed!)

Os pingentes de maternidade são usados por mães e avós, sendo que a pedra no coração da Claddagh representa o mês de nascimento do filho ou neto. Cada mês possui uma pedra específica e, quanto mais filhos ou netos, mais pedras.

Ao lado: pingente de ouro branco com duas pedras: zircônia verde, representando o mês de maio, e zircônia

CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO Ana Paula Camillo e Mônica Rhuana Viegas Pinto rosa, que representa o mês de outubro. Abaixo: pingente de ouro amarelo com seis pedras. (Irish Celtic Jewels) (Irish Celtic Jewels)

Os celtas são um povo que se espalhou por quase todo o continente europeu. Não formaram um império, nem possuíam um governo centralizado e eram divididos em tribos independentes. Seu surgimento baseia-se em escavações e muitas pesquisas, pois não possuíam escrita, datando de 1800 e 1500 a.C na Europa Ocidental e Oriental. Sua cultura é repleta de magia, espiritualidade e culto à natureza. São considerados um povo com etnia homogênea, todas as tribos falavam a mesma língua (gaélico) e tinham a mesma religião, que servia como um elo entre os membros. Criaram jóias inspiradas nas formas da natureza: o sol, a lua, as pedras que guardavam ensinamentos profundos que eram revelados quando reverenciadas, os animais que possuíam dons especiais para a cura e sempre dão grandes lições de vida. A divisão do ano em três estações: primavera, verão e inverno pode ter tido seu efeito na triplicação de uma deusa da fertilidade com a qual o curso das estações era associado e também no ciclo da vida que para eles era nascer, crescer, morrer e renascer. O objetivo desses símbolos para os celtas é que fossem usados como proteção e representação do que realmente era o mundo para eles. A joalheria celta é muito rica e extremamente influenciada pela religião, sua mais forte característica. Conseguiram representar suas crenças através do ouro, prata e bronze em qualquer tipo de jóia, como anéis, braceletes, colares, brincos, broches e pingentes. Suas jóias têm um toque de magia, vida, espiritualidade e humanidade, são muito bem acabadas e belíssimas. São objetos que passam de geração em geração e não são destruídos, assim como a vida para eles, pois acreditam que após a morte sempre há renascimento.

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Obras Consultadas

PEDROSA, Julieta. Os Celtas : Culturas Hallstatt e La Tenè. .Net, maio 2003. Seção História da Joalheria. Disponível em: . Acesso em: 01 nov. 2007. SQUIRE, Charles.

Mitos e Lendas Celtas : Rei Artur, deuses britânicos,

deuses gaélicos e toda a tradição dos druidas. Tradução de Gilson B. Soares.

3.

ed. Rio de Janeiro : Nova Era, 2003 p.7.

. Acesso em 01 nov. 2007. . Acesso em 16 nov. 2007. . Acesso em 01 nov. 2007.

. Acesso em 10 nov. 2007.

Acesso em 02 nov. 2007.

. Acesso em 01 nov. 2007.

. Acesso em 08 nov. 2007.

. Acesso em 08 nov. 2007.

. Acesso em 16 nov. 2007.

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. Acesso em 01 nov. 2007.

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