Design e Acessibilidade: diretrizes de projeto para parques infantis.

July 7, 2017 | Autor: Marcelle Müller | Categoria: Inclusive Design, Universal Design
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Design e Acessibilidade: diretrizes de projeto para parques infantis MÜLLER, Marcelle Suzete (1); BATISTA, Vilson João (2); TEIXEIRA, Fábio Gonçalves (3); (1) Mestranda em Design, UFRGS e-mail:[email protected] (2) Doutor em Engenharia, UFRGS e-mail: [email protected] (3) Doutor em Engenharia, UFRGS e-mail: [email protected] RESUMO Este artigo aborda uma pesquisa de mestrado em andamento e tem como propósito analisar a acessibilidade de parques infantis escolares e de seus brinquedos. A partir desta análise, pretende-se propor diretrizes para projetos que tenham como objetivo tornar estes ambientes acessíveis às crianças usuárias de cadeira de rodas. Será feita uma abordagem multimétodos atrelada a Metodologia Ergonômica para Ambiente Construído – MEAC.

ABSTRACT This article discusses a research in progress and focus of this work is to analyze the accessibility of the school playground and its toys. This analysis, it intends to propose guidelines for projects that aim to render these places more accessible to children in wheelchairs. It will be made a multi methods approach Environment to Ergonomic Methodology – CEEM.

1.

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa investigará a acessibilidade em parques infantis existentes em escolas, identificando os problemas enfrentados por crianças com deficiência e usuárias de cadeira de rodas nesses locais.Posteriormente serão realizadas diretrizes para tornar esse ambientes acessíveis contribuindo com a inclusão escolar e social das crianças com deficiência. Este projeto compreende a qualificação de mestrado da autora, apresentado ao programa de Pós-Graduação em Design como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Design com Ênfase em Design & Tecnologia, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Como fonte para o levantamento dos dados empíricos da pesquisa, elegeram-se as escolas municipais da cidade de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. A motivação da presente pesquisa é sua relevância social, pois acredita-se na inclusão e fortalecimento da promoção dos direitos das pessoas com deficiência. Considerando o relatório “Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência” do IBGE - publicado em 29 de junho de 2012, referente ao Censo Demográfico realizado em 2010 representam no Brasil mais de 45,6 milhões de pessoas. Isso equivale a 23,91% da população total brasileira. O Censo de 2000 apontava a existência de 14,5% de pessoas com deficiência. Evidencia-se, portanto, um crescimento expressivo do número de pessoas que declararam ter algum tipo de deficiência ou incapacidade física e motora.

2. A INCLUSÃO SOCIAL E ESCOLAR DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA O papel das instituições de ensino na inclusão social está sendo incorporado no sistema educacional pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), regulamentadas pelo decreto 9.394 que determina que todos, sendo deficiente ou não, têm o direito a estudar em uma escola regular. O texto

estabelece que as PCD devem receber atendimento educacional especializado preferencialmente na rede regular de ensino. A Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (2007) discutiu o assunto, chegando à conclusão de que crianças com deficiências deveriam ser integradas ao sistema de educação geral, ao invés de serem educadas em escolas especializadas. No processo de inclusão escolar, destaca-se um conceito que contribui de forma eficaz para sua concretização: Tecnologia Assistiva (TA). Este termo é atualmente utilizado para definir uma enorme diversidade de recursos e serviços destinados a pessoas com deficiências, foi regulamentado no Brasil pela CAT/ SEDH em 2007. A CAT – Comitê de Ajudas Técnicas/SEDH, instituído pela portaria 142 em 2006, veio trazer sua contribuição no âmbito nacional através de ações para a pesquisa, desenvolvimento e inovação dentro do contexto da tecnologia assistiva.

3. ACESSIBILIDADE ESPACIAL COM FOCO NO PARQUE INFANTIL O que significa Acessibilidade Espacial? Este termo, utilizado no Manual de Acessibilidade Espacial Escolar: o direito à escola acessível é descrito por Dischinger, Ely e Borges (2009) como: Acessibilidade espacial significa bem mais do que apenas poder chegar ou entrar num lugar desejado. É, também, necessário que a pessoa possa situar-se, orientar-se no espaço e que compreenda o que acontece, a fim de encontrar os diversos lugares e ambientes com suas diferentes atividades, sem precisar fazer perguntas (DISCHINGER, ELY e BORGES, 2009, p.22). Visando identificar os problemas que dificultam à acessibilidade espacial e a inclusão, o referido manual indica quatro aspectos que devem ser analisados no ambiente escolar: orientação espacial, deslocamento, uso e comunicação. Considerando o foco desta pesquisa, o parque recreativo escolar, se enquadra dentro de dois aspectos apontados pelo manual: deslocamento e uso dos espaços, de maneira a tornar o parque acessível a todas as pessoas e também englobar adequações que possibilitem o seu uso. O manual também sugere as soluções para esses problemas seguindo o que regulamenta a NBR 9050, quanto ao acesso às dependências da escola. Para tornar essas considerações ainda mais eficazes em suas aplicações, é importante incluir na definição as diferenças antropométricas das pessoas, unindo a elas o conceito de ergonomia. Prado, Lopes e Ornstein (2010), enfatizam que a adequação para acessibilidade em um projeto é norteada pela capacidade de atender a diversidade humana ao realizar atividades com conforto, garantindo ao usuário segurança e autonomia, ampliando o uso, espaço, edificação ou projeto, dentro de considerações ergonômicas.

4. ERGONOMIA NO AMBIENTE CONSTRUÍDO A ergonomia aplicada no ambiente construído, conforme Vasconcelos et. al (2012), não se restringem a projetar ambientes confortáveis e seguros para os usuários executarem suas atividades, mas também em compreender as suas necessidades formais e estéticas. Essas necessidades, conforme os autores, são provocadas pelas sensações provocadas pelo ambiente e estão relacionadas com as preferências e valores de cada usuário. Essa abordagem ergonômica do ambiente construído, conforme Mont’Álvão e Villarouco (2011) contribui para melhorar entre outros problemas, a acessibilidade em ambientes já instalados. Este classifica-se, como um dos principais problemas ergonômicos latentes em diferentes ambientes. Mont’Álvão e Villarouco (2011) destacam a avaliação do ambiente construído através da MEAC – Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído. Este método foi desenvolvido por Vilma Villarouco em 2008, e propõem uma integração entre ergonomia e ambiente, analisando a relação homem e espaço construído/ambiente. Esta avaliação é dividida em 4 (quatro) etapas: análise global do ambiente; identificação da configuração ambiental; avaliação do ambiente em uso no desempenho de atividades e análise da percepção do usuário.

5. METODOLOGIA ERGONÔMICA PARA A PESQUISA Buscou-se sugerir um método de investigação que identifica-se as dificuldades enfrentadas por crianças usuárias de cadeira de rodas ao tentar acessar e utilizar os brinquedos dos parques infantis escolares. Identificou-se, portanto, que o melhor caminho para alcançar estes objetivos é através da Metodologia

Ergonômica para Ambiente Construído – MEAC com uma abordagem multimétodos para analisar a interrelação entre a PCD usuária de cadeira de rodas e o parque infantil, ou seja, a relação pessoa x ambiente construído. A metodologia será aplicada em múltiplos estudos de casos, conforme delimitação da pesquisa. Nestes estudos, serão avaliadas as relações entre usuário e ambiente com enfoque ergonômico, buscando propor através das análises, soluções e recomendações para tornar o ambiente adequado para receber a criança com deficiência, que será identificado nesse estudo como os usuários de cadeira de rodas. Para complementar essa análise serão utilizados multimétodos como ferramentas de pesquisa: Passeio Acompanhado, Entrevistas, Roteiro de Avaliação e Constelação de Atributos com questionário.

6. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES Os considerações preliminares deste são as orientações metodológicas que visam identificar as dificuldades enfrentadas por crianças usuárias de cadeira de rodas ao tentar acessar e utilizar os brinquedos dos parques infantis escolares. Dessa forma o objetivo com a aplicação da MEAC – Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído, segundo Mont’Álvão e Villarouco (2011) é: [...] gerar um diagnóstico ergonômico do ambiente, a partir da confrontação dos dados da avaliação técnica realizada pelo pesquisador , com os dados obtidos pela ferramenta de percepção que mostra os pontos mais evidenciados àqueles que utilizam o ambiente (MONT’ALVÃO e VILLAROUCO, 2011, p. 36). Assim, os resultados desta pesquisa serão estruturados por escola e no final será realizado um comparativo entre elas, a fim de reforçar as diretrizes de projetos que sejam úteis para diferentes instituições de ensino. A utilização de métodos variados para analisar o ambiente construído, contribuirá para esta pesquisa obter dados mais fidedignos dos reais problemas enfrentados pelos alunos P.C.R ao tentar ingressar e utilizar o parque infantil escolar. Dessa forma, ao inserir-se na realidade vivenciada pelo usuário, identificando problemas e falhas no ambiente construído, evita-se repetir erros. Acredita-se, assim, que esta metodologia proposta permitirá analisar as acessibilidades no ambiente (parque infantil) já construído, e através dos registros com indicativos em resultados que irão possibilitar a formatação de diretrizes para tornar os parques escolares e seus brinquedos acessíveis e inclusivos.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). NBR 9050 – Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos. (Esta Errata 1 de 30.12.2005 corrige a ABNT NBR 9050:2004) Rio de Janeiro: ABNT, 2005. CAT, 2007b. Comitê de Ajudas Técnicas; SEDH. Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. CORDE. Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa com Deficiência. Ata da reunião VII, entre 13 e 14 de dezembro de 2007. DISCHINGER, M.; ELY, V. H. M. B.; BORGES, M M. F. C. Manual de Acessibilidade Espacial para Escolas: O direito à escola acessível! – MEC/SEESP, Brasília, Agosto de 2009. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico: 2010. Resultados da Amostra, 2011. ONU. Organização das Nações Unidas. Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo. Nova York. Dezembro, 2007. PRADO, A.R. A.; LOPES, M.E.; ORNSTEIN, S.W. Desenho Universal: caminhos da acessibilidade no brasil. São paulo: annablume, 2010. 305 p. Rabelo, a.s. adaptação curricular na inclusão. Revista integração. Brasília, v.9, n. 21, p.19-20. VASCONCELOS, C.F; VILLAROUCO, V; SOARES, M.M. 2012 A contribuição da psicologia ambiental na análise ergonômica do ambiente construído. Revista brasileira de ergonomia – ação ergonômica. Volume 5, nº 3. VILLAROUCO, V; MONT´ALVÃO, C. (org). Um novo olhar para o projeto: a ergonomia no ambiente construído. Teresópolis, rj: 2ab, 2011. 184 p.

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