DESIGN EXPANDIDO: AS DIFERENTES DIMENSÕES DO FAZER SOCIAL E POLÍTICO

July 5, 2017 | Autor: Luiz Izidio | Categoria: Design for Social Innovation, Social Design, PUC-Rio, Design Expandido
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DESIGN EXPANDIDO: AS DIFERENTES DIMENSÕES DO FAZER SOCIAL E POLÍTICO Izidio, Luiz Lagares; Mestrando em Design; PUC-Rio 1 [email protected] Resumo O presente artigo busca estabelecer relações entre o design e o campo social e politico, por meio das palestras ministradas pelos professores do quadro principal do programa de pós-graduação em design da PUC-Rio, no decorrer da disciplina Historia do Design, no primeiro período de 2015. As interconexões entre os campos serão apresentadas por meio de uma breve revisão bibliográfica sobre o uso do design social pela PUC-Rio e outros assuntos pertinentes. Os entrecruzamentos tomam forma nos exemplos de projetos e trabalhos realizados em alguns laboratórios de pesquisa do Departamento de Artes e Design da PUC-Rio. Palavras-chave: Design Social, Inovação social, PUC-Rio, Design Expandido, Design Político O design com suas características híbridas tem sido cada vez mais associado à resolução de problemas transversais pertencentes ao âmbito social, coexistindo de forma interdependente com as estruturas sociais, de tal modo que, desde o seu surgimento, o design é transformado e transforma o contexto social de cada época. As teorias e práticas do design têm percorrido novas esferas projetuais, ultrapassando as fronteiras tradicionais do projeto orientado ao produto, em busca de novos modelos de atuação

com

enfoque

na

melhoria

dos

fatores

humanos,

ambientais

e

econômicos. Pensar o design de forma expandida com foco no social se faz necessário, já que, na maioria das vezes, o resultado de um projeto de design reflete necessidades e interesses dos indivíduos como forma de um processo de interação social. Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo estabelecer relações do design com o campo social e politico, relacionando e discutindo suas aproximações através                                                                                                                 1  Luiz Lagares Izidio é mestrando do Programa de pós graduação em Design da Universidade PUC-Rio, este artigo é resultado final da Historia do Design, ministrada pela Professora Rejane Spitz.   2  Hard e Negri conceituam Biopotência, em seu livro Império, como sendo a resistência ao Biopoder que

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da experiência do design social na PUC-Rio. Isto, através das palestras ministradas pelos professores do quadro principal do Programa de Pós graduação em design da PUC-Rio e alguns convidados, que aconteceram no decorrer do primeiro semestre de 2015, durante o período de realização da disciplina Historia do Design. As interconexões entre as relações do design social, política e a produção cientifica e acadêmica será realizada à luz de autores como Rita Couto (1992) e suas reflexões sobre o design social, Ézio Manzini (2008) com sua abordagem acerca do design e inovação social e dos artigos compilados por Alemar Rena e Natacha Rena (2014) em seu livro Design e Política, bem como outros autores. O Design e a essência social Pensar o design de forma ampla e inserido no contexto social faz com que ele se aproxime mais da realidade das pessoas, criando assim um ambiente material coerente para atender melhor suas necessidades. Segundo Couto (1992), o design é basicamente um processo de interação social e como tal, não é socialmente neutro, sendo influenciado por interesses dos participantes do seu processo. Há várias definições para a palavra design, e vários autores se dedicam a pesquisar a origem e conceito do design, entre eles André Villas-Boas (1997), Rodrigo Eppinghuas (2000), Bernahard Burdek (2006), Lucy Niemeyer (2007) e Rafael Cardoso (2008), entre outros. Alguns autores de maneira geral consideram que o design surgiu como uma atividade para atender demandas ligadas à produção industrial: o design separava o projeto da produção, processo este que anteriormente era feito por uma única pessoa. Como toda atividade humana, o design também foi evoluindo no que diz respeito à sua definição. Em uma abordagem mais contemporânea, o design já é percebido de forma multidisciplinar, por isso consideramos aqui um conceito de design expandido como o da fundação International Council of Societies of Industrial Design (ICSID), que em sua ultima divulgação a respeito do conceito de Design, interpreta a função do design de forma mais ampla e abrangente, descrevendo-o como: Uma atividade criativa cujo objetivo é estabelecer as qualidades multifacetadas de objetos, processos, serviços e seus sistemas em ciclo completo de vida. Portanto, design é o fator central da humanização inovadora de tecnologias e o fator crucial de intercâmbio cultural e econômico.

 

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O ponto principal desta colocação é a capacidade que o design tem de modificar o ambiente e transformar a relação dele com o indivíduo diante de suas necessidades concretas. A experiência da PUC-Rio com o Design Social mostra-nos esta relação de transformação do ambiente em relação às reais necessidades dos indivíduos. A mudança de contexto projetual de um contexto imaginado ou uma abstração do contexto real pelos alunos para um contexto criado a partir dos reais interesses e necessidades das pessoas, com o olhar para além dos muros da universidade, trouxe como resultados projetos mais humanizados e mais complexos, onde os usuários faziam parte do processo de concepção dos produtos. Ripper, em sua palestra, assinala que em projetos realizados sob o enfoque do Design Social a inovação consiste em introduzir nas etapas do processo de projeto a participação do futuro usuário do produto, trazendo consigo elementos da sua vivência. Com esta prática o design social cria uma nova lógica de projetar, construída pouco a pouco, com uma contínua participação dos indivíduos que expressam seus desejos e necessidades. Muitas vezes estes projetos vão na contra mão dos meios de produção, quer pela multiplicidade de processos produtivos envolvidos ou por que seguem uma lógica de produção muito diferente dos meios existentes, pois têm como prioridade a lógica do usuário. O campo de saber do Design, segundo Cipiniuk (2014), é a expressão do Universo simbólico ou do imaginário social, e por conta disso ele se integra ao modo de produção econômico em sua dimensão histórica. Atualmente, vivemos o capitalismo que é chamado cognitivo ou cultural, ele se alimenta justamente da criação e dos produtos estéticos, portanto, criar e produzir podem vir a ser mais do que simplesmente exercer sua criatividade, pode ser um ato politico. Pensar uma forma de produção do design voltado para o social coloca o design como um dos eixos centrais das transformações subjetivas, podendo ser uma das ações políticas para produzir uma mudança social efetiva que perpassa pela busca de uma nova forma de produção ou uma alternativa ao capitalismo, mais inclusiva, participativa e de co-produção. Um campo fértil para o desenvolvimento do design social são populações ditas carentes, Couto (1992) considera que embora estas populações estejam comandadas pela lógica do capital, elas não vivem o cotidiano do capital, pois seus conceitos de economia, produtividade, comodidade e estimulo estético são diferentes. De acordo com Pelbart (2003), todos e qualquer um inventam, na densidade social da cidade, na conversa, nos costumes e no lazer, qualquer um detêm a força-invenção, cada cérebro-corpo é fonte de valor e torna-se vetor de valorização e de autovalorização.

 

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Portanto, participar do processo de criação para estes indivíduos se torna um ato político, pois a todo momento eles precisam reafirmar sua existência e poder de invenção perante a sociedade. Acredita-se que seja necessário inserir outras maneiras de lidar com o design, que viabilize novos princípios para a consolidação da produção de um campo expandido do design, para além do tecnicismo e do mercado de produção em massa, encorajando um desenvolvimento contaminado pelo cotidiano, com a existência de um design engajado politicamente e socialmente. O compromisso social é o que motiva o designer a unir-se a essas populações para juntos procurar soluções para determinados problemas. Vale lembrar que este processo acontece de forma horizontal e não hierarquizada, as pessoas interessadas participam do processo e são empoderados por ele, permitindo assim uma redistribuição do poder de decisão da sociedade. Couto (1992) considera que, neste contexto o design não projeta sozinho, mas ajudará a distribuir conhecimento para que a população possa produzir, ela mesma, as coisas de que necessita. Essa estrutura de trabalho faz parte de uma visão multidisciplinar e colaborativa, na qual a autoria não é apenas do designer, mas sim, de todos os envolvidos no processo de produção, sendo um exemplo claro de processo coletivo colaborativo onde não há uma liderança, portanto, trata-se de uma parceria ou co-design. Essas iniciativas participativas e colaborativas que estão presentes no design social são também princípios para a Inovação Social. Segundo Manzini (2008), este é um conceito que refere-se a mudanças do modo como indivíduos ou comunidades agem para resolver seus problemas e criar novas oportunidade. Essas iniciativas, geralmente, possuem um caráter de conhecimento criativo e uma capacidade organizacional que acontece de modo mais aberto e flexível, com o objetivo de romper padrões consolidados e guiar a novos comportamentos e modos de pensar. Geralmente, este tipo de iniciativa é uma resistência ao capitalismo. É o que Hard e Negri consideram como sendo uma experiência Biopotente ou Biopotência2, que se aproveita de estratégias do próprio capitalismo para subverte-lo tornando-se uma alternativa de produção onde são criadas formas de sociabilidade solidárias baseadas no trabalho colaborativo e na participação democrática, pois, a tomada de decisão                                                                                                                 2  Hard e Negri conceituam Biopotência,

em seu livro Império, como sendo a resistência ao Biopoder que é a forma de poder que regula a vida social e que na forma atual de capitalismo que vivemos ele se torna função integral e vital. Portanto, o Biopoder, se refere a uma situação na qual o que está em jogo no poder é a produção e a reprodução da própria vida.    

 

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sobre os processos de produção e gestão são compartilhadas com a comunidade. O Design pode favorecer e fortalecer a inovação social pois dialoga bem com outros campos disciplinares e é capaz de desenvolver soluções integradas de produtos, serviços e comunicação, ou seja, estratégias capazes de enfrentar os desafios do mundo contemporâneo. O design aliado à inovação social é capaz de unir saberes populares, conceitos técnicos e científicos e organização social, que funcionam como armas eficazes para o objetivo de inclusão social. Design Social, uma prática da PUC-Rio Durante a disciplina Historia do Design, os professores titulares do Programa de PósGraduação em Design da PUC-Rio apresentaram suas linhas de pesquisa e os projetos realizados pelos seus laboratórios, construindo assim um escopo da produção cientifica e prática da Pós-Graduação em Design da PUC-Rio nos seus mais de 20 anos de existência. Serão estabelecidas aqui algumas relações e discussões a respeito da aproximação do design com o campo social e a política, com base em trabalho de alguns professores e laboratórios. A princípio se considerarmos a premissa “Design é linguagem”, estamos considerando que o design se orienta mediante um processo de produção cultural que influencia e é influenciado pelo contexto social que o cerca. Portanto, o design como linguagem se define a partir de dois vieses de inferências que são: o caráter contextual, ou seja, questões representadas por linhas dominantes ou um dado momento histórico, entendido em seus aspectos sociais, econômicos, políticos, culturais e tecnológicos. E o caráter pessoal, representado pela maneira como a personalidade criadora reage acerca dos conjuntos das linhas dominantes, oferecendo alternativas únicas para problemas do cotidiano. Assim, compreender o design como fenômeno de linguagem é uma visão contemporânea de uma proposta de metodologia que passa a ter como auxílio teórico outros campos do saber. Alguns exemplos do design no contexto social No caso da PUC-Rio este pensamento já existe, como explicitado anteriormente, o que nos leva a considerar que a produção cientifica e pratica dos laboratórios de design da PUC-Rio estão imersas nessa maneira de enxergar o design, e consideram a produção social do design no desenvolvimento de seus projetos. Porém algumas iniciativas se destacam pelo seu caráter social e político.

 

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Design, arte e design social O foco do trabalho do Laboratório de Arte Eletrônica-LAE3 está na interface entre arte, design, ciência, tecnologia e a sociedade. Segundo Rejane Spitz, coordenadora do laboratório, os trabalhos desenvolvidos pelo LAE sempre tem como premissa o pensamento de invenção e reinvenção através de um questionamento das motivações dos projetos, sempre buscando um engajamento e trabalhando com uma noção de responsabilidade social. Assim ela acredita que é capaz de motivar os alunos e professores a criarem experiências engajadas em educação com responsabilidade social. O laboratório apresenta alguns projetos que se relacionam bem com questões ligadas ao design social, como por exemplo a campanha nacional contra o tabagismo, que foi realizada em parceria com áreas da Psicofisiologia (UFRJ/UFF) e com o Laboratório de Design de Historias – LaDeh 4 , da PUC-Rio. O objetivo era desenvolver novas imagens e frases de advertências que são impressas nas embalagens de cigarro no Brasil. A perspectiva de pensar um projeto com o envolvimento da sociedade foi levada em consideração, buscou-se trazer a realidade de pessoas que sofriam do problema como voluntários da pesquisa para fotos e teste das imagens geradas. Como resultado tem-se imagens que mostram a advertências a respeito do cigarro, classificadas como desagradáveis na dimensão de ativação emocional, alcançando a meta estabelecida no início do projeto. O destaque para este projeto se dá pelo seu desenvolvimento coletivo e colaborativo envolvendo diversos atores no processo, o que fortalece o potencial criativo do projeto, ampliando seus resultados. Outro projeto do LAE que merece um destaque pelo seu engajamento social e politico é o “Você tem fome de que?”, projeto que trouxe à tona o tema da fome no Brasil e no mundo, buscando apresentar as necessidades e desafios vividos por cidadãos                                                                                                                 3  O Laboratório de Arte Eletrônica (LAE) esta vinculado ao departamento de artes da PUC-Rio e do programa de pós-graduação em design, é coordenado pela Profa. Dra. Rejane Spitz e esta dentro da linha de pesquisa Tecnologia, Educação e Sociedade. Suas áreas de interessam perpassam pela interface entre arte, design, ciência, tecnologia e sociedade.   4  O laboratório de design de historias - LaDeH, coordenado pelo Prof. Gamba Jr, tem como foco de pesquisa a experiência narrativa, sua dimensão interdisciplinar e multimídia. A criação e o consumo de histórias atravessam a produção de conhecimento em diferentes culturas e, por conta do seu hibridismo, consolidam-se também como objeto de estudo do campo de design.

 

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brasileiros pertencentes a diferentes níveis socioeconômicos. Por meio da criação de uma instalação artística, multimidiática e interativa, apresentava-se questionamentos como: Você tem fome de que? O que você sabe sobre a fome? Você já passou fome na vida? O que deve ser feito para reduzir a fome no mundo? O que você faz pelo combate à fome?. Com uma proposta de interação por meio de dispositivos moveis os visitantes da instalação participavam interagindo e gerando conteúdo, para a obra, além de se informar. Projetos como este mostram o caráter politico que o design pode assumir, pois além de contribuir para a informação, o design neste projeto foi utilizado como alternativa para a sensibilização para o tema da fome mundial, facilitando o engajamento do publico e sua participação em busca de soluções para o problema. Design e emoção responsáveis Atualmente um projeto do Laboratório Design, Memória e Emoção - LabDME5 que tem destaque no contexto social e politico é o “PUC para mais de 50”. O projeto nasceu de um movimento de designers para entender o que é envelhecer. Teve inicio em pesquisas de campo na Gávea, com pessoas acima de 50 anos, através de visitas a inúmeras casas, foram encontradas demandas que podiam se transformar em designer serviço que considera o design um processo intencional voltado para a materialização de soluções para problemas de toda ordem e, portanto, capaz de criar formas de promover condutas socialmente responsáveis. Nesse sentido, são oferecidos cursos de educação continuada para a sociedade, com foco em pessoas com mais de 50 anos de idade. A ideia é trazer uma melhor qualidade de vida para estas pessoas e reinseri-los na sociedade. A ideia é ampliar a relação afetiva entre as pessoas e o entorno por meio de uma ação de Design sintonizada com uma sociedade mais plural e inclusiva. O Projeto PUC para mais de 50 tem como parceiros a Central de Extensão da PUC-Rio, que auxiliou na materialização das demandas e aporte teórico do Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe), projeto ligado à Secretaria de Saúde do Estado e ao Instituto Vital Brasil.

                                                                                                                5  O Laboratório Design, Memória e Emoção - LabDME, coordenado pela Profa. Vera Damazio, está dentro da linha de pesquisa Design : tecnologia, educação e sociedade do programa de pós-graduação em Design da PUCRio. O LabDME tem como espaço de investigação, reflexão e prática projetual com foco no potencial dos objetos e imagens de promover ações sociais e desencadear sentimentos positivos.

 

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Design e aprendizado Pensar o design como linguagem é o que o Laboratório de Linguagem, Interação e Construção de sentidos/Design - LINC-Design6 faz. Este pensamento vem do fato de considerar o design como um processo de produção cultural. Sendo assim, consequentemente, um processo de comunicação, pois lidam com signos e sistemas de significação. O desafio atual do laboratório tem tido como foco a inclusão na escola, pois, a lei brasileira diz que deve-se incluir alunos ditos “especiais” nas salas de aula. O LINC-Design acredita que essa é uma inserção que deve acontecer pela linguagem e o design pode influenciar com suas visão de projeto e foco na transformação social, pois essas pessoas tem o direto de estarem nas salas de aula não como excluídas, mas, como mais uma, pois necessidade de inclusão todos precisamos. Nesse sentido as dissertações e teses desenvolvidas neste laboratório buscam esse objetivo. A produção cientifica do laboratório perpassa por diversas áreas do design. Destacase a dissertação da Maíra Gonçalves Lacerda, que através da análise do Plano Nacional de Bibliotecas Escola, cria pontes entre o design e a literatura para a formação de mediadores da leitura. Ou seja, o design editorial atua como mediador entre texto-leitor favorecendo a formação de leitores críticos. Outro destaque é a tese de doutorado, que está em andamento, de Daniela de Carvalho Marçal, que foca suas pesquisas no estudo de casos em que seja possível ver a criança em ação junto às novas tecnologias a ela ofertadas. A intenção é oferecer novas experiências e novos aprendizados, desenvolvendo impressões sensoriais e atividades físicas para as crianças. Não é possível desenvolver estratégias para uma inclusão pensada a partir do design sem inserir esta questão no contexto social. Portanto esse pensamento expandido do design gera meios de consolidação do campo do design como estratégico no desenvolvimento de inovação social, gerando inclusão social e melhoria da qualidade de vida das pessoas.                                                                                                                 6  O Laboratório de Linguagem, Interação

e Construção de sentidos/Design - LINC-Design e coordenado pela Profa. Dra. Jackeline Lima Farbiarz e faz parte da linha de pesquisa Design: Comunicação, Cultura e Artes do programa de pós-graduação em Design da PUC-Rio.

 

 

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Multi-trilhas do design O Multi-Trilhas é um material educativo idealizado principalmente, mas não exclusivamente, para auxiliar crianças surdas no processo inicial de aquisição da segunda língua – Português escrito. Este projeto foi desenvolvido pelo Laboratório de Interdisciplinar Design e Educação - LIDE/LPD 7 , em parceria com o Instituto Nacional de Educação de Surdos do Rio de Janeiro. O jogo demonstra uma abordagem interdisciplinar com foco no Design, buscamos desenvolver estratégias para auxiliar o processo educacional de crianças surdas no âmbito do ensino fundamental, contribuindo para a ampliação dos limites do Design sendo direcionado a situações de ensino-aprendizagem. O projeto teve como enfoque metodológico o Design em Parceria, uma vez que os objetos didáticos foram desenvolvidos com a participação direta dos educadores. Além dos ganhos para o campo do design o projeto auxilia na inclusão da criança surda nas escolas ampliando sua interação com o ambiente social como um todo. Considerações finais O design é um modo particular de olhar, um modo de ver e perceber as coisas. Mas a vida nos ensina que só podemos ver aquilo que nos diz respeito, que é determinado como valor social (Cipiniuk, 2014, p.71). Por isso, ampliar o nosso olhar acerca da nossa produção em Design se faz necessário. Pensar o Design de forma expandida para além das possibilidades que existem, pensar e fazer um design de uma maneira mais social e política. Os exemplos citados nos levam a crer que a inovação social passa pelo Design. Principalmente por um pensamento de ações de design exercidas de uma maneira mais coletiva, colaborativa, em parceria, preocupando-se com o contexto social e estando abertas para as questões contemporâneas. Assim é possível obter resultados como melhoria da qualidade de vida das pessoas e inclusão social.

                                                                                                                7  O LIDE/LPD pertence à linha de pesquisa intitulada Design: Tecnologia, Educação e Sociedade. Compreende estudos relativos ao papel da tecnologia e da educação nos âmbitos acadêmico, organizacional, laboral, social e ambiental.    

 

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Referências Bibliográficas Cipiniuk, Alberto. Design: o livro dos porquês: o campo do Design compreendido como produção social / Alberto Cipiniuk – Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; São Paulo: Ed. Reflexão, 2014. Couto, Rita Maria de Souza. Reflexões sobre Design Social, por Rita Maria de Souza Couto, PUC Rio, 1992. Manzini, Ezio. Design para a inovação social e sustentabilidade: comunidades criativas, organizações colaborativas e novas redes projetuais / Ezio Manzini [coordenação de tradução Carla Cipolla; equipe Elisa Spampinato, Aline Lys Silva]. Rio de Janeiro: E-papers, 2008. Pelbert, Peter Pál. Vida Capital: ensaios de Biopolítica / Peter Pál Pelbert. – [1a ed. – 2a reimpr.] São Paulo: Iluminuras, 2011. Rena, Alemar. Design e política / Organizadores Alemar S. A. Rena, Natacha Rena. – Belo Horizonte: Fluxos, 2014. Rena, Natacha [org.]. Territórios aglomerados. Belo Horizonte: Ed. FUMEC – Faculdade de Engenharia e Arquitetura, 2010. 144p. Santos, Boaventura de Souza. Produzir para viver: os caminhos da produção não capitalista / Boaventura de Souza Santos, Organizador. – 2a ed. – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

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