DESIGN PARA AS ÁGUAS: SOLUÇÕES EM PROL DA SUSTENTABILIDADE

May 29, 2017 | Autor: Evelyn Henkel | Categoria: Design, Water, Sustentabilidade, Sustentability
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DESIGN PARA AS ÁGUAS: SOLUÇÕES EM PROL DA SUSTENTABILIDADE Evelyn Henkel Universidade Federal de Santa Catarina, Graduanda. Florianópolis, SC, Brasil [email protected]

Thalita Leal Dutra Universidade Federal de Santa Catarina, Graduanda. Florianópolis, SC, Brasil [email protected]

Vera Élida Silva Universidade Federal de Santa Catarina, Graduanda. Florianópolis, SC, Brasil [email protected]

Sílvia Barbosa Lopes

Universidade do Vale do Itajaí, Mestre. Florianópolis, SC, Brasil [email protected]

RESUMO

ABSTRACT

O artigo apresenta uma pesquisa documental que demonstra que a escassez da água deverá tornar-se predominante nos próximos anos devido ao crescimento populacional, superdesenvolvimento industrial, e, principalmente pelo desperdício. Face às problemáticas ambientais, há enorme necessidade de incentivar práticas sustentáveis relativas à essa temática. O design, como ferramenta de mudança social, tem muito a contribuir dentro desta temática, valendo-se de sua responsabilidade social com escolhas conscientes, e utilizado seu poder de informação para a sensibilização da população. A pesquisa apresenta algumas soluções já desenvolvidas para a questão do desperdício de água, bem como propõe uma solução conceitual para reduzir o desperdício e fomentar melhores práticas com relação ao consumo de água. A proposta visa, ainda, promover ações de inteligência ecológica, fazendo com que uma grande parcela da população possa apropriar-se de conhecimentos suficientes para agir de forma proativa em relação ao gerenciamento dos recursos hídricos. Palavras-chave: sustentabilidade.

água,

design,

The article presents a documentary research which shows that water scarcity is expected to become dominant in the coming years due to population growth, industrial overdevelopment, and mainly by waste. Given the environmental issues, there is a huge need to encourage sustainable practices related to this theme. The design, as a social change tool, has much to contribute in this theme, making use of their social responsibility with conscious choices, and using his power of information for sensitization of the population. The research presents some solutions already developed to the question of water waste, and proposes a conceptual solution to reduce waste and promote best practices in relation to water consumption. The solution also intended to promote actions of ecological intelligence, causing a large portion of the population can take ownership of sufficient knowledge to act proactively in relation to the management of water resources. Keywords: water, design, waste, sustainability.

desperdício,

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Fourth International Conference on Integration of Design, Engineering and Management for innovation. Florianópolis, SC, Brazil, October 07-10, 2015.

1. INTRODUÇÃO

Busca-se sensibilizar a população sobre o uso correto da água. Porém, para alcançar grandes resultados é necessário mudar nossos hábitos. Para isso, cabe esclarecer quanto à Inteligência Ecológica (itens 2 e 4.2).

É assustador pensar que um dos elementos mais importantes para a vida está se esgotando em um ritmo tão acelerado. Apenas nove países no mundo possuem fontes de água potável [1]. Guerras já ocorrem pela detenção de poder sobre a água doce e tendem a se intensificar num futuro próximo[2]. Cabe ao ser humano estar consciente de que a água, fundamental para sua sobrevivência, é um recurso finito, e que a partir de pequenas atitudes, guerras, mortes e sedes podem ser evitadas ao longo de gerações.

Os designers têm importante papel no planejamento de um futuro responsável, por isso, devem ser cuidadosos com aquilo que criam, fazendo com que seu produto venha a somar e melhorar a sociedade. Felizmente, a temática da água já suscitou projetos e soluções para evitar seu desperdício, usando e reutilizando a água. Algumas soluções já desenvolvidas serão demonstradas nesta pesquisa. Nelas, considera-se que foram levados em conta os múltiplos critérios nas alternativas tecnológicas de gerenciamento da demanda de sendo eles: água, fator econômico – percebe-se a viabilidade da alternativa em função do período de retorno do investimento necessário à sua implantação; fator ambiental — busca-se a redução de consumo de água proporcionada pela implantação das alternativas; fator técnico — que diz respeito à maior ou menor facilidade de implantação de alguma técnica. fator social — avalia-se a aceitabilidade e a apropriação pela população.

Acredita-se que a melhor alternativa para aumentar a disponibilidade de água não é mais expandir a sua oferta, mas gerenciar a sua demanda eficientemente [3]. No Brasil as estimativas do desperdício de água tratada são graves: 40% são consumidos, 60% são desperdiçados [4]. Uma sucessão de fatores faz ter estes índices de má utilização da água, entre eles: desconhecimento da realidade que nos cerca, falta de orientação aos cidadãos dos principais fatores que levam ao desperdício, falta de políticas públicas que adotem medidas cabíveis e necessárias para a educação ambiental da população, e assim por diante. Novos instrumentos devem ser utilizados para gerenciar os recursos hídricos no país, como os planos de recursos hídricos, a outorga dos direitos de uso da água e a cobrança pelo seu uso (principalmente dos grandes consumidores).

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Constatou-se carência de material nacional que aborde a relação existente entre água e design. No âmbito internacional a temática é explorada com maior frequencia, porém, não foram encontrados artigos específicos sobre o tema deste trabalho. Adota-se então, diversos conceitos legados por autores de renome na área de design e sustentabilidade como Papanek, Goleman, Kazazian, Manzini e Vezzoli e conceitos advindos da interdisciplinaridade que o assunto demanda. Não é escopo desta pesquisa entrar no mérito das conceituações de design e de design sustentável, visto que isso demandaria

A poluição das águas acontece pelo crescimento das cidades, que engole mananciais, canalizando-os e/ou aterrando nascentes. As cidades apresentam desequilíbrios a serem solucionados a fim de sobrevivermos no ambiente modificado que criamos. Necessário se faz a adoção de um modelo de gestão de recursos hídricos multidisciplinar e participativo, usando estratégias de promoção das mudanças de comportamento e utilização de tecnologias ambientais que já se encontram ao alcance, inclusive, de leigos no assunto. 2

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explicações que fogem à temática central deste estudo. Porém, faz-se necessário algumas definições-chave para este artigo:

geograficamente delimitadas, o produto pode ser considerado como um poluidor nômade. Portanto, percebe-se a possibilidade de atuação do designer enquanto planejador de produtos e soluções que visem apresentar novos processos, materiais, e sistemas, para reduzir o impacto negativo no meio ambiente e gerar melhorias para a sociedade. Assim, é possível compreender a sua aplicabilidade em relação à problemática do desperdício de água. Exemplos de aplicabilidade do design problemática da água serão descritos no item 3.4.

Entende-se por "desperdício" o ato de desperdiçar, esbanjar, malbaratar, desaproveitar, e/ou perder (por vazamento, desaproveitamento, etc)[5]. Existem diversas formas de desperdiçar algo e diversos tipos de desperdício (de alimentos, de dinheiro, de energia, etc). Abordaremos formas como o design pode contribuir para diminuir o desperdício de água. O conceito de inteligência ecológica [6], refere-se à conhecer o funcionamento dos seres vivos e da natureza, e compreender os diversos tipos de interação entre os seres humanos e os sistemas naturais; além da capacidade de perceber a ligação existente entre as ações humanas e seus impactos no planeta, na saúde e nos sistemas sociais. A inteligência ecológica segue o mecanismo de conhecer os impactos, favorecer as melhorias e compartilhar o que foi aprendido.

Logo, esse artigo abrange o tema do desperdício de água, sob a ótica do design (de maneira abrangente), e da inteligência ecológica, valendo-se de ferramentas, conceitos e sugestões abordadas por autores renomados na área de design e sustentabilidade.

3. DESENVOLVIMENTO 3.1 Cenário Atual Em 22 de Março comemoramos o “Dia Mundial da Água”, recurso natural renovável. Até quando? A chuva e as águas abastecem a vida no Planeta Terra. A água hidrata, nutre, alimenta e ainda é utilizada para a produção de bens de consumo. Todo o descuido, todo o mau uso, toda omissão, compromete a água do planeta, que é limitada. Todos temos responsabilidade.

Já o design, numa visão mais ampla, pode ser entendido como uma grande família de profissões voltadas à configuração do meio ambiente, de objetos, produtos e serviços [7]. A metodologia de projeto do design deve ser fundamentada num tripé, composto de função, estrutura e forma. Assim sendo, o design não trata apenas de estética. Trata-se de um projeto que abrange vários fatores necessários à concepção de um objeto, serviço, sistema ou ambientes [8]. O design sustentável é o ramo do design que tem maior atenção para aspectos ambientais, sociais e econômicos, porém, outros ramos do design também podem contribuir, seja auxiliando a criar novos processos de inovação sustentável, propondo melhorias projetuais, desenvolvendo projetos sustentáveis, valendo-se do design da informação, repensando o ciclo de vida dos produtos ou estudando formas e materiais mais adequados ao processo, etc. Citando a atuação do design no campo da sustentabilidade, Kazazian [9] pontua: se as poluições geradas pelas empresas na produção são

Há algumas décadas, a produção industrial em prol do crescimento econômico implicava em gerar a maior quantidade possível de produtos e serviços. Estimulava o consumismo atrelando-o ao conceito de felicidade e levava a sociedade a atualizar-se com as tendências do mercado, entrando em um ciclo inesgotável onde uma necessidade leva a outra, e todas tentavam ser solucionadas através do consumo. Isso tudo sem levar em conta as variáveis ecológicas. Hoje percebemos comportamentos diferentes na produção e consumo, pois já é conhecido o impacto negativo do consumo irresponsável gerado nos ecossistemas, na economia e no âmbito social. A disponibilidade de água potável 3

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está ameaçada devido a extração em quantidade maior do que o ecossistema é capaz de produzir [10]. O consumo da água vem sendo feito de forma a não permitir que a natureza consiga repor a mesma quantia que é usada, pois a relação entre tempo e volume de uso não é diretamente proporcional. As águas subterrâneas são atualmente a fonte de abastecimento preferida [11]. Aterros para a construção de grandes loteamentos, explosão demográfica, acabam impermeabilizando o solo que nunca mais infiltrará água da chuva.

perdem cerca de 30% de água tratada em vazamentos. No Nordeste a perda chega a 60% [11]. A média nacional de desperdício devido a vazamentos fica em 37% [16]. Se as medidas cabíveis não forem tomadas o quanto antes, pode até haver muita água no país, mas faltará na torneira. Se mantivermos a mesma postura em relação a água, estaremos de forma coletiva, incidindo na não observância do Art.225 da Constituição Federal que determina o dever de manutenção da vida com dignidade e qualidade para estas e para as próximas gerações [17]. Se não mudarmos a maneira de agir, as gerações futuras serão as maiores vítimas.

A água encontra-se desigualmente distribuída em nosso planeta: 97,3% da água estão nos oceanos, 2% nas calotas polares e no vapor d’água da atmosfera, e os 0,7% restante nos rios, lagos e aquíferos que nos abastecem [11].

O Brasil consome água em maior quantidade com a irrigação da agricultura (72%), seguido pelo uso doméstico (10%), indústrias (7%), e os 11% restantes servem para matar a sede dos animais de criação [18]. Os três principais setores de consumo de água no Brasil (agricultura, uso doméstico e indústrias) serão abordados no item 3.3.

Cerca de 748 milhões de pessoas não têm acesso à água potável em todo o mundo. Isto é aproximadamente uma em cada dez pessoas da população mundial. Calcula-se que outros 1,8 bilhão usem uma fonte de água sem tratamento [12]. A crise da água e do saneamento compromete mais vidas através de doenças do que qualquer guerra armada. A ONU aponta que o uso da água cresceu duas vezes mais que o aumento da população ao longo do último século. E prevê que o gasto de água aumentará cerca de 50% nos países em desenvolvimento, e em 18% nos países desenvolvidos. Até 2025, 2 milhões de pessoas viverão em regiões com absoluta escassez [13]. A falta de alimentos e água deve eclodir dentro de cinco a dez anos, devido ao efeito das mudanças climáticas [14].

As situações de efeitos cumulativos pela explotação da água nos setores citados e pelos governantes (tanto para distribuição quanto para negociatas entre nações) nos mostram a fragilidade e a necessidade de melhorar a gestão dos recursos hídricos.

Em 1999, estudos apontavam que o Brasil possuía cerca de 20% do total de volume de água disponível na Terra, e não corria o risco de esgotamento [11]. Em 2013, indicaram que o Brasil possuía cerca de 13% [15]. O risco tido como inexistente, só se concretizaria caso o Brasil adquirisse a competência necessária para preservar suas fontes e aprendesse a manejar a abundância com parcimônia, e a preservar e conservar a qualidade de suas águas. No sudeste do Brasil as companhias de abastecimento

3.2 Como o design pode contribuir É necessário saber que o design busca a melhor maneira de utilizar interfaces, materiais, recursos, e de gerir sistemas. Assim, favorece a sustentabilidade e o desenvolvimento de pesquisas e projetos neste âmbito, experimentando e projetando melhores soluções para problemas do meio ambiente e sociedade. Em sua essência, o design consiste em promover a mudança. Assim sendo, tem a capacidade de promover as mudanças desejadas e necessárias,

O uso adequado e responsável ocorrerá quando o homem perceber a importância da água e passar a respeitar a natureza, mergulhar num desenvolvimento sustentável, gerenciando adequadamente o uso dos recursos naturais.

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causando impactos que vão muito além do papel impresso ou objeto. Pode criar e transmitir mensagens e ideias que tenham impacto positivo no mundo e mudem hábitos culturais, de pensamentos e atitudes. O design sustentável consiste em uma força para a mudança positiva. Nesse estudo abordaremos alguns tópicos importantes sobre a água e posteriormente abordaremos exemplos de soluções para a questão do desperdício.

A população brasileira têm índices de desperdício associados a hábitos como longos banhos ou lavagem de quintais, calçadas e carros com mangueiras. Nossos antepassados tomavam banhos longos pois usavam água abundante de rios próximos. Hoje em dia temos o hábito de nos banharmos sem observância quanto ao desperdício de água. Quem opta por uma ducha gasta até 3 vezes mais do que quem usa um chuveiro convencional. São gastos, em média, 6 litros de água a cada minuto de banho. Além disso, cerca de 40% da água tratada para distribuição se perde no caminho até as torneiras devido à falta de manutenção das redes, à falta de gestão adequada do recurso e ao roubo [20]. A seguir, serão abordadas 6 soluções já desenvolvidas a fim de reverter o quadro do desperdício de água.

3.3 Tópicos Relevantes 3.3.1 Agricultura - Irrigação Aproximadamente 18% das áreas cultivadas globalmente são irrigadas [19]. Em 2013, o Brasil contava com 1,2 milhões de hectares irrigados [20]. Para enfrentar o desperdício é necessário ampliar a eficiência da irrigação. Em geral a irrigação é promovida pelos agricultores através de inundações dos campos ou da construção de canais de água paralelos aos canteiros. São comuns os sistemas de aspersão, como o de pivô central, com uma haste aspersora que gira em torno de um eixo, molhando uma grande área circular. Nesses casos as plantas só recebem uma parte pequena da água, o resto evapora ou corre para cursos d'água próximos. Muitas vezes isso acaba promovendo erosão, salinização da água ou sua contaminação com agroquímicos. Técnicas mais eficientes podem reduzir em até 50% a água necessária.

3.4 Exemplos de Soluções Existentes 3.4.1 Solução 1: Waterbee Quase 60% da água na irrigação é mal aproveitada [22]. Um sistema inteligente de irrigação é uma necessidade real e urgente. Melhorar a eficiência, o desempenho e facilidade de operação de programação de irrigação pode gerar grande impacto em termos de redução de custos e melhor aproveitamento da água. O Waterbee [23] é um sistema de irrigação inteligente que pode ser operado via smartphone. Desenvolvido na Espanha, o sistema economiza 40% de água, reduz o custo para os agricultores e ainda resulta em aumento na produção das lavouras. Foi desenvolvido para ser acessível e flexível para ser fácil de instalar e manter, a fim de aumentar sua adesão por parte dos agricultores, hotéis, clubes, e até mesmo proprietários domésticos. O WaterBee [23] utiliza sensores de umidade colocados no solo. Os sensores indicam o nível de umidade do solo com precisão em cada área da lavoura. Um programa de computador recebe as leituras dos sensores e avalia os melhores horários e a intensidade da água a ser lançada, de forma a maximizar os efeitos da irrigação (sobretudo o tempo de retenção de umidade pelo solo). Estes sensores são distribuídos ao longo da área de cultivo, já que diferentes áreas do(s)

3.3.2 Indústrias As indústrias utilizam a água de diversas maneiras: no resfriamento e na lavagem de seus equipamentos, como solvente, ou na diluição de emissões poluentes. No Brasil, a maior parte das grandes indústrias já tem programas de reaproveitamento de água, porém, em termos globais a indústria é responsável por 22% de toda a água doce consumida. Nos países ricos essa porcentagem chega a 59%, e nos países pobres, 8% [20]. 3.3.3 Uso Doméstico De acordo com as Nações Unidas [21], crianças nascidas em países desenvolvidos consomem de 30 a 50 vezes mais água que as dos países pobres. 5

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campo(s) têm diferentes necessidades de água. O sistema pode ser controlado em um aplicativo para smartphone ou web browser. Dentre as vantagens do Waterbee, destacamse: • Maior controle sobre as necessidades de irrigação; • Fácil de implantar e usar (visando a adesão generalizada dos agricultores) e com dados em tempo real; • Facilita o agendamento de tarefas de irrigação; • Modular e flexível; • Custos operacionais mais baixos, e aumento de produção.

• •

Agregar valor e minimizar os custos de desenvolvimento (por exemplo, custos de infra-estrutura de drenagem); Harmonizar as práticas de forma a respeitar o ciclo natural da água.

O ciclo urbano da água inclui os três cursos d'água: água potável, águas residuais e de águas pluviais. O ciclo natural da água inclui a captação, córregos, rios, lagos, estuários e águas marinhas. O programa suporta a gestão de todo o ciclo urbano da água (não apenas águas pluviais urbanas), a fim de alcançar o desenvolvimento sustentável, incluindo proteger e restaurar o ciclo natural da água. Concentra esforços em aspectos específicos da gestão integrada dos ciclos da água e promove uma abordagem abrangente e integrada, de forma a complementar, ao invés de competir com programas já existentes. Visa desenvolver a capacidade da região para tornar a gestão da água urbana sustentável. O contexto institucional se apresenta como grande impedimento para a gestão da água urbana sustentável, assim como a incapacidade de profissionais para entender e praticar técnicas mais sustentáveis. A gestão da água depende não só de ter capacidade de recursos humanos suficientemente desenvolvidos, mas também capacidade suficiente em contextos organizacionais.

3.4.2 Solução 2: Water Sensitive Urban Design (WSUD) WaterSensitiveUrban Design (WSUD) [24] é uma abordagem para design de ambientes urbanos através da gestão inteligente de todas as águas. Visa auxiliar a indústria de desenvolvimento de terras e governo a fazer a transição para formas mais inteligentes de gestão da água. É financiado pelas organizações membros HealthyWaterways Network [25] incluindo os governos locais do estado do Queensland - no nordeste da Austrália - e parceiros da indústria. O WSUD integra o planejamento urbano com a gestão, proteção e conservação do ciclo urbano da água e tem como objetivos específicos: • Minimizar os impactos negativos nas bacias hidrográficas; • Proteger a qualidade das águas superficiais e subterrâneas; • Minimizar a demanda do sistema de abastecimento de água reticulado; • Minimizar e melhorar descargas de águas poluídas para o ambiente natural; • Incorporar o tratamento e/ou reutilização de escoamento; • Reutilização do efluente tratado e minimizar a geração de efluentes; • Melhorar os valores visuais, sociais, culturais e ecológicos;

Ainda, existem cinco fases fundamentais do ciclo de vida da infraestrutura de ativos de gestão de água, conforme Figura 1:

Figura 1: Ciclo de Vida de Infraestrutura da Água Urbana [26].

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Política forte e planejamento por si só não trazem benefícios positivos para cursos d'água. É fundamental que os projetos reflitam essa política. Seja através do treinamento para execução das projetos de forma a não incidir na impermeabilização do solo; na secagem por assoreamento de fontes naturais de água; na remoção de todas as árvores para uso único de cimento e tijolo, etc; visto que há várias formas de planejar aproveitando os recursos como parte integrante do projeto.

Quando acionados eliminam mínimo fluxo de água (1,8 Litro/minuto), contudo, não perde a qualidade da lavagem das mãos e oferece cobertura completa sem desperdício. Instalados em chuveiros sua economia pode variar entre 40 e 70%, já em descargas de 30 a 60%. Tecnicamente o regulador de vazão fixa se autoajusta, compensando a pressão e mantendo a vazão da água. Isto é possível, pois o dispositivo é composto por um elastômero que quando o produto é acionado, obstrui a passagem da água com o aumento da pressão (Figura 2).

WSUD é um campo relativamente novo, e, consequentemente, há pouca experiência sobre como executar adequadamente e estabelecer infraestrutura. Uma vez construído, são necessários sistemas de gestão ativos adequados para assegurar que a manutenção seja realizada durante todo o ciclo de vida da infraestrutura, e que o desmantelamento ou remodelação ocorra no final da vida útil da mesma. 3.4.3 Solução 3: Dispositivos economizadores de água – Draco

Figura 2: Especificações Dispositivo Economizador de Água [28].

A Draco [27] é uma indústria de Capital e Tecnologia Nacional localizada em São Paulo, no mercado há mais de 10 anos. Oferece produtos desenvolvidos especialmente para sanitários de grande fluxo de pessoas e lavatórios profissionais. Visando o desenvolvimento sustentável e a economia da água, oferecem produtos sanitários de acordo com as normas internacionais de sustentabilidade.

3.4.4 Solução 4: Cuba acoplada ao vaso sanitário – Grupo Roca Outra solução já desenvolvida para reduzir o desperdício em domicílios é a cuba acoplada ao vaso sanitário, produzida pelo Grupo Roca [29], que iniciou seu mercado em Barcelona e hoje se estende por mais de 135 países. Atualmente é uma empresa de referência mundial no segmento.

Os dispositivos economizadores regulam a vazão de água e podem ser facilmente acoplados em torneiras, chuveiros e descargas, não necessitando de rupturas para sua instalação. É uma solução simples e de baixo investimento para minimizar o desperdício de água em locais de grande fluxo, como shoppings, indústrias, escritórios, hotéis e etc., além de obter economia na fatura de água destes estabelecimentos. Além disso, podem ser utilizados também para uso doméstico.

Figura 3: Cuba acoplada ao vaso sanitário e sistema de reutilização da água da cuba acoplada ao vaso sanitário – Linha W+W [30]. Adaptado pelas autoras.

Estes dispositivos acoplados em torneiras oferecem cerca de 60 a 80% de economia. 7

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3.4.6 Solução recicláveis

Neste sistema, a água utilizada no lavatório é filtrada e enviada para a caixa de descarga, que pode funcionar com 3 ou 6 litros. A cuba acoplada ao vaso sanitário pode proporcionar uma economia de água de até 25%. Uma proposta que permite o uso duplo da água e que já recebeu diversos prêmios de design e sustentabilidade.

6:

Garafas

Pet

100%

Cada vez mais os consumidores tomam decisões baseados nos na credibilidade da marca, nos valores e nas ações positivas das marcas que os agradam. É um desafio crescente criar essa nova geração de marcas baseadas em valores. A embalagem da Água Salve [33] é feita em PET 100% reciclável. A empresa incentiva a reciclagem da garrafa através uma máquina especial que emite descontos no momento da devolução nos pontos de venda, estimulando o consumidor a não colocar a embalagem no lixo. O produto e branding da água Salve foram concebidos pela empresa de design À La Carte e desenvolvidos em parceria com a empresa de consultoria AcquaIncorp (conforme Figura 5).

3.4.5 Solução 5: ECOFONT A SPRANQ (agência de comunicação holandesa) [31] desenvolveu a Ecofont, uma fonte para diminuir o consumo de tinta nos impressos. Secundariamente, essa medida contribui para diminuir o resíduo tóxico gerado pelas tintas e infiltrações danosas às reservas de água subterrâneas. Trata-se de fonte Open Source, sem restrições comerciais de uso. Um ponto importante a observar é a perfeita legibilidade do documento. A Ecofont economiza até 25% de tinta a cada impressão [31 e 32].

Figura 5: Identidade Visual da Água Salve [33].

A identidade visual segue a concepção da coletividade, composta por vários elementos representando atitudes positivas que, embora pequenos, realizam um objetivo maior. Explora o azul que remete a água, gotas, nuvens e outros pequenos desenhos de sustentabilidade. Remete ao retornável, reciclado, reutilizável. As embalagens trazem mensagens de conscientização e estímulo ao consumidor e, com isso, a fidelização ao produto. O consumidor da Água Salve é o da “Geração G” – geração da generosidade. Essa geração alimenta e é alimentada pela urgência em se fazer o bem, não apenas para si, mas para o máximo de pessoas que puder atingir. E é justamente nesse anseio em se fazer o bem que

Figura 4: Ecofont [32].

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a Salve transforma o ato de comprar uma garrafa d’água em um movimento coletivo, que ajuda a transformar vidas [33].

Na busca realizada no site do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), não foram encontrados registros, marcas ou patentes de cartilhas referentes à proposta aqui apresentada ou similares diretos. Levar informação como forma de sensibilização da população e forma de instrução é imprescindível se quisermos ter retorno massivo em atitudes mais sustentáveis e que usem a água de forma mais consciente. Nessa parte, o designer gráfico pode atuar na construção de infográficos a fim de levar informações às pessoas de maneira simples e fácil de entender. Assim, contribui-se com a educação e conscientização ambiental para efetivamente deixar um legado nobre em prol do meio ambiente e das futuras gerações. Ainda na parte do design gráfico, deve-se incentivar o uso de tecnologias como impressão com tinta de soja e uso de papeis reciclados (que evitam o uso de cloro no branqueamento, que acaba por ser acumulado nos lençóis freáticos), evitar quadricromias (devido às lavagens de máquina que demandam água, e aos resíduos tóxicos das tintas)e assim por diante. Seguir diretrizes ambientais (recomendações de projeto a fim de alcançar o objetivo ambiental ao longo do ciclo de vida) na hora de projetar impacta menos o meio ambiente (água, solo, ar, energia) e reflete também na economia.

Figura 6: Identidade Visual da Água Salve [33].

O designer é um agente de mudanças e elas estão acontecendo em diferentes direções. Não é algo passageiro, mas uma grande transformação que vem para atender uma nova era: a da sustentabilidade. 4.

SOLUÇÃO PROPOSTA

Por meio da visão holística do design, propomos como solução conceitual uma cartilha que orienta um conjunto de ações que visam melhorar o uso da água e permitem fazer escolhas conscientes. Uma visão ecossistêmica no sentido de entender as escolhas projetuais como um ecossistema, onde tudo está interligado, afetando ou auxiliando o meio ambiente e refletindo seus princípios/objetivos. O público-alvo é definido primeiramente por designers, mas não se restringindo à esse grupo Esse conjunto de ações (em sua maioria) pode ser executado não apenas por designers, mas pela população em geral, a fim de obtermos resultados mais efetivos. Considerando a questão ambiental como fator condicionante, é importante fazer escolhas que reflitam responsabilidade ambiental, portanto, a cartilha servirá para nortear a aplicação de diretrizes embasadas, também, em trabalhos de Papanek, Goleman, Kazazian, Manzini e Vezzoli.

As fases do ciclo de vida de um produto são: pré-produção; Produção; Distribuição; Uso; Descarte [34]. A fase da produção tem três elementos principais: a transformação dos materiais, a montagem e o acabamento. A transformação é feita através da utilização de maquinário, que pode ser mais ou menos poluente conforme o processo determinado pelo designer, da mesma maneira, o acabamento também determina maior ou menor impacto ambiental [35]. A distribuição envolve três momentos [34]: embalagem, transporte e armazenagem. É importante levar em conta o tipo de transporte (caminhão, trem, navio, avião...) assim como a embalagem adequada para facilitar a armazenagem, e ao mesmo tempo promover o menor impacto ambiental possível, 9

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seja na escolha do material, na quantidade do mesmo ou nas formas de união das partes da embalagem. O processo de desenvolvimento é dividido em 6 etapas:1. Escolha de Materiais; 2. Processos de fabrico; 3. Embalagem; 4. O produto acabado; 5.Transporte; 6. Geração de resíduos sólidos [36].

frutos é preciso boa estratégia, para gerir a água e seus sistemas também é necessário estratégia, prudência e consciência. O designer tem nas mãos a possibilidade e a responsabilidade de fazer escolhas inteligentes - o que pressupõe conhecer suas opções - em prol da água e do Planeta Terra.

É papel do designer determinar os detalhes pertinentes a cada uma dessas etapas, de maneira que, soluções sustentáveis possam ser adotadas. Por exemplo, no item 1. Escolha dos materiais: as escolhas são vastas, porém, para isso é preciso conhecer as opções que se têm. A seleção de materiais é cada vez mais importante e complexa devido ao surgimento de novos materiais e suas aplicações em novos contextos. A pesquisa das opções disponíveis pode ser combinada com as metodologias de seleção de materiais considerando fatores não estritamente técnicos, mas também, ambientais. O designer dispõe de uma gama de alternativas, e deverá optar pela que traz menos impacto negativo para os lençóis freáticos, menos desperdício de água, e que requeira menos uso de água na sua produção. Sendo assim, o designer determina as especificações de projeto com o objetivo de reduzir, ou prevenir os impactos negativos.

Além disso, adotar essas diretrizes contribui para a criação de produtos disruptivos, fortalecendo a criação de visões de futuro, e servindo como diferencial para as empresas.

É necessário minimizar os impactos da produção, distribuição e descarte; os bens de consumo devem ser reutilizados, reciclados ou substituídos; os fabricantes e distribuidores deveriam ser as responsáveis legais pela logística reversa, recolhendo os bens deteriorados, oferecendo alguma vantagem ao consumidor, ao invés de simplesmente incentiválo a descartar os bens. É necessário, também, dar preferência para produtos e produtores locais; reduzir a utilização de recursos naturais e de energia; usar materiais não exauríveis; usar materiais não prejudiciais (danosos, perigosos, tóxicos), e assim por diante. Esses são apenas alguns exemplos de diretrizes ambientais que devem ser adotadas a fim de melhorar o quadro atual percebido. Ver o design na perspectiva de gestão vem agregar ao aspecto ecossistêmico abordado aqui. Como para gerir recursos financeiros e ver seus

4.2 Especificações da Solução proposta Buscando motivar e alavancar a responsabilidade que a sociedade possui de evitar o desperdício da água, aliando o respeito com o ecossistema e a prática projetual, torna-se necessário alertar e transmitir com clareza o verdadeiro impacto de nossas escolhas como designers. A busca por informações claras e precisas torna-se uma nova força de mercado (que logo priorizará a sustentabilidade como força motriz para novos produtos). Faz com que os designers comecem a projetar com maior responsabilidade sustentável e estejam preparados para esse novo mercado. É preciso descobrir e compartilhar todas as formas da interconexão humana com a natureza, entender os verdadeiros impactos que nossas escolhas provocam na natureza e aprender o que podemos fazer para melhorar. Por isso é necessário difundir a inteligência ecológica, que a

Para a inovação ser eficaz, ela deve ser um processo coletivo e sistêmico, com a participação ativa dos atores com ela envolvidos; Sendo assim, as diversas áreas do conhecimento e a população precisam integrar-se para lidar com a problemática da gestão das águas. A solução proposta tem o intuito de promover atuação de uma rede de colaboração - disseminação de informação, sensibilização, ação - para gerar inovação sustentável; uma vez que os designers e a população em geral são parte integrante do processo e indispensáveis para que boas práticas sejam adotadas e sejam eficazes. Utilizaremos assim o design design como ferramenta de mudança, em prol da água, e da vida.

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4.2.1 Quanto à escolha dos materiais Técnicas de fabricação dos materiais: tintas atóxicas (a maioria possuem metais pesados que contaminam o solo e as águas), buscar outras ciências que inspirem (como a biomimética). Em outras habilidades do design, pode-se mencionar as alternativas de materiais e técnicas de fabricação e conseqüentemente abordar o desperdício e impacto negativo que as escolhas podem gerar.

partir da transmissão da informação objetiva alertar sobre os reais impactos ecológicos que nossas escolhas cotidianas causam ao planeta. A Inteligência Ecológica nos permite compreender sistemas em toda a sua complexidade, bem como a interação entre o mundo natural e o mundo construído pelo homem. Assim sendo, aliar a inteligência ecológica à transparência das informações nos leva a obter novos caminhos projetuais ligados à prática sustentável [6]. Portanto, a fim de auxiliar as escolhas de designers e gerenciar o uso adequado da água, a solução proposta visa aliar o design em todas as suas especialidades com foco às boas práticas ambientais, sem descuidar das normas estabelecidas e à elas se alinhando. Sendo assim, é proposta uma cartilha capaz de oferecer informações de materiais, produção, distribuição, consumo e quantidade de água que cada escolha projetual irá demandar e como elas impactam o projeto e o meio ambiente, a fim de buscar métodos mais positivos e que causem o menor desperdício possível e manejo mais adequado desse recurso hídrico. Além de propor a cartilha em si, propõe-se, concomitantemente, sua adoção por diversos segmentos da sociedade, sendo ela acessível às diversas camadas sociais.

4.2.2 Quanto à mensagem transmitida Projetar marcas e comunicações com impacto positivo no público alvo: marcas, embalagens, banners, folhetos, livretos, infográficos e outras ferramentas com informações agregadas que orientam, informam, e conduzem o usuário a refletir sobre questões não só sobre a água, mas sobre todo o ecossistema. Gerindo a informação, conscientizando e/ou sensibilizando o usuário no uso racional da água. Atuar junto às empresas e auxiliá-las a se posicionarem como líderes em questões ambientais e sociais, com o marketing de causa e responsabilidade; como designers, projetar e buscar alternativas viáveis (materiais/produção/distribuição), agregar ao seu produto e/ou serviço soluções ecologicamente amigáveis na utilização da água. 4.2.3 O designer como agente de mudanças Influenciar de forma positiva e significativa a substância de um produto ou serviço para uma mudança sustentável. Mudar a experiência que o cliente tem com a marca, estabelecer uma relação de confiança em uma percepção de valores compartilhados. Buscar mudanças em todos os nichos abordados pelo design, seja no âmbito gráfico, de produto, design de animação, ou gestão do design; transmitir a mensagem sustentável ao consumidor ao adquirir determinado produto e/ou serviço.

A cartilha abrange e adota conceitos e sugestões presentes no livro "Inteligência Ecológica" de Daniel Goleman [6], bem como os aspectos abordados no livro "Design Gráfico Sustentável", do autor Brian Dougherty [10]. Há três maneiras diferentes de pensar o papel do designer gráfico no que se refere à sustentabilidade: como manipulador de materiais, como criador de mensagens e como agente de mudanças. A pesquisa e proposta unem esses três aspectos, valendo-se, principalmente, do papel do designer como agente de mudanças.

4.1 Justificativa O design hoje se encontra formatado na sociedade como aquele que norteia o que iremos usar. Desde as tendências de moda, marcas, mídias, embalagens, produtos e serviços. Está intrinsicamente inserido na cultura por que é

Como exemplos de tópicos projetuais a serem abordados na cartilha, tem-se:

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atrelado ao mercado, mas não é necessariamente escravo do sistema; ao contrário, detém as ferramentas que podem despertar e conduzir ações coletivas. Ações que materializem ideias, objetos, serviços ou sistemas com uma visão social e sustentável tão urgente e desejável no contexto do século XXI. O design está deixando de ser aquele que simplesmente materializa uma ideia e passa a mergulhar em toda a sua função e utilidade como ferramenta de mudança. Essas ferramentas são as forças que estimulam novos comportamentos do consumidor, pois informados ficam atentos aos produtos que causam impactos negativos ao meio ambiente, e empresas que prezam por ações mais conscientes e inteligentes. A mudança de comportamento também cria mudanças nos projetos do design. Informar o consumidor sobre o que realmente ele está consumindo é fundamental. Por vezes não é possível trazer todas as informações sobre um produto na própria embalagem, mas as informações sobre ele possibilitarão ao consimidor discernir entre a empresa transparente e aquela que não informa ou se omite. Dessa forma, cria-se uma cadeia de informações que afetará as empresas entre si, e refletirá em seus similares. Assim, constrói-se o hábito de curiosidade, de saber e de ansiar por idoneidade empresarial, fazendo com que o consumidor se torne mais inteligente ecologicamente e mais seletivo e exigente. Dessa forma, cria-se pressão social por atitudes e empresas sustentáveis. O consumidor estará atento ao processo, e não simplesmente ao ato da compra. A consciência, a responsabilidade, o comprometimento e a vontade de querer fazer parte do movimento em prol do coletivo e da sustentabilidade ganha amplitude. Neste sentido é importante reforçar a informação através de rótulos, selos, certificação, cartilhas, ações que desvendem o que há muito tempo já deveria ser explicito: a responsabilidade sustentável.

apropriada pela comunidade em geral, juntamente com avanços tecnológicos, pode-se constituir - em conjunto - soluções diversas para os crônicos problemas relacionados à água.

5. CONCLUSÃO

Proteger e conservar a água são sinônimos de manter a vida humana. Evitar o desperdício é evitar que futuras gerações sofram com sua falta e convivam com seu racionamento. Procurar gerir os recursos hídricos de maneira correta e transmitir esse contexto ao mundo é uma tarefa que prevê uma jornada longa, porém, de fundamental importância a fim de manter o planeta em equilíbrio com todos os ecossistemas. Vale mencionar a necessária reeducação dos setores e seus usuários. Uma forma de conseguir resultados de maneira mais rápida é através de medidas obrigatórias e de prazos para adequações para os setores. Já com usuários, obter-se-ia rapidamente resultados através de assinatura de termos de compromisso em respeitar as práticas sustentáveis (e de aplicação de multas para os infratores). Buscar soluções inteligentes em escolhas cotidianas frente a problemática da água pode alavancar grandes resultados. O mercado atual já se reformula e emprega novos métodos mais eficazes e amigáveis para proteger este recurso básico à vida. Em contrapartida, a transmissão da informação na sociedade e das medidas cabíveis a cada um para evitar o desperdício é pouco disseminada. Soluções responsáveis voltadas à economia e proteção da água já existem, contudo, é necessário prioritariamente conscientizar, informar e sensibilizar cada cidadão, cada indústria, cada segmento de mercado. Utilizar ações e ferramentas capazes de minimizar os impactos e assim projetar com a consciência necessária de que a água é recurso finito (e essencial). Sugere-se aqui uma melhor forma de disseminação da informação. Através de uma cartilha com orientações, informações e diretrizes, propõe-se utilizar o design para

Deve-se adotar a postura colaborativa e atentar para as escolhas que agreguem qualidade de vida através do gerenciamento das águas. Através da solução proposta, simples de ser 12

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portugues&palavra=desperd%EDcio. Acesso em: Julho de 2015. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, p. 573. [6] GOLEMAN, Daniel. Inteligência Ecológica. Rio de Janeiro: Campus Editora. 2009. [7]FONTOURA, A. M.; OBERG, Lígia; BASSETTI, Mariana L. [UFPR] O design da informação no Pro-EdaDe. InfoDesign. Revista Brasileira de Design da Informação 3. 2006, p. 16-23, ISSN 1808-5377. Disponível em:Acesso em: dezembro de 2014. [8] GOMES FILHO, João. Ergonomia do objeto: sistema técnico de leitura ergonômica. São Paulo: Escrituras Editora, 2003. [9] KAZAZIAN, T. Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento sustentável, São Paulo: Ed.SENAC, 2005. [10] DOUGHERTY, Brian. Design Gráfico Sustentável. Editora Rosari. 2012. [11] BURGIERMAN, Denis Russo. Tem uma esponja aqui dentro. Super Interessante, São Paulo, jul. 1999. Mensal. Disponível em: http://super.abril.com.br/ecologia/tem-esponjaaqui-dentro-437993.shtml [12] AGUIAR, Valeria. OMS: 748 milhões de pessoas não têm acesso à água potável no planeta. Agência Lusa. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noti cia/2014-11/oms-748-milhoes-de-pessoas-naotem-acesso-agua-potavel-no-planeta. Acesso em: Abril de 2015. [13] http://jpn.up.pt/2007/03/22/escassezda-agua-e-um-problema-para-a-humanidade/. Acesso em: Julho de 2015. [14] BARBOSA, Vanessa. Guerra por comida e água está próxima, alerta Banco Mundial. Exame.com. Disponível em: http://exame.abril.com.br/economia/noticias/gue rra-por-alimento-esta-proxima-alerta-bancomundial. Acesso em: Abril de 2015. [15]Agência Nacional de Águas (ANA). Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos traz balanço da situação e da gestão das águas no Brasil. Ascom/ANA. Disponível em: http://www2.ana.gov.br/Paginas/imprensa/notici

alcançar o objetivo de sensibilizar, instruir e provocar a mudança social. É preciso esboçar novas técnicas, oferecer novos produtos e serviços sustentáveis, buscar a responsabilidade social e transmitir novos conceitos a fim reger escolhas corretas e alertar os riscos que a falta de água pode trazer à humanidade. E aí que entra o design, como detentor de ferramentas para efetuar as mudanças necessárias e auxiliar a construir inteligência ecológica e uma sociedade sustentável. Espera-se que a pesquisa sirva de base para novos estudos relacionados à sustentabilidade, ao design, à água e ao desenvolvimento de novas soluções; além de futuramente aprimorar as pesquisas e solução proposta, abrindo portas para novos projetos que englobem essa temática.

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