Despertar da Consciência

May 26, 2017 | Autor: Luís Monteiro | Categoria: Humanities
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Despertar da Consciência REFUGIADOS. FRONTEIRAS. Duas palavras com que, somos, diariamente, confrontados nos órgãos de comunicação social, sem que, muitas das vezes, nos apercebamos do seu verdadeiro significado e valor. REFUGIADOS. FRONTEIRAS: uma realidade dura, mas que existe … É sobre o caminho que os refugiados percorrem e, os motivos que os levaram a tal, que escrevo esta singela reflexão. Como deve ser angustiante e sufocante largar o que se conseguiu construir numa vida, largar tudo aquilo que se conseguiu com suor, trabalho e, acima de tudo, com sacrifício! Tudo isto se pode perder num enésimo minuto das nossas vidas … Mas, qual ou quais, os motivos que levam os indivíduos abandonarem os seus lares, a sua família, o seu país, tão repentinamente? As situações políticas são as mais frequentes: Guerras Civis, Perseguições Políticas … e outros problemas subjacentes a estes. Ao chegarem à fronteira vêem um novo país e, uma nova esperança desponta, ressurge no interior de cada um. A fronteira é como um novo horizonte que se pretende alcançar ou, como que símbolos de algo próprio que não se queiram perder, pois ela, representa a continuidade, um novo futuro, que de certeza será árduo e difícil de alcançar. Entram, então, no desconhecido, num aparente submundo, onde olham à volta e não conhecem ninguém: diferentes culturas, diferentes etnias, ideologias e raças; como tudo é diferente e estanho; estão num ponto de “rutura” das suas vidas, mas que, a todo o custo tentam ultrapassar e modificar. Mas, o acolhimento nem sempre é o melhor: são repelidos, marginalizados ou, então, explorados até à escravatura selvagem.

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Como será difícil, então, viver?! Tudo isto é dramático e lastimável mas terá que ser solucionado a curto prazo, pois muitas vidas estão pendentes do país “acolhedor”. Assim, as questões colocam-se: Qual será a melhor solução para estas pessoas? O que fazer com elas? Página | A verdade é que assistimos perplexos a uma massificação de refugiados em direção a outros países, que estes pensam lhe darão melhores garantias e condições de vida, mas, estas muitas vezes saem goradas, retraindo-os para uma esperança frustrada, visto, muita das vezes, os países de “acolhimento” não estarem preparados estruturalmente, logisticamente, quer a nível humanitário, quer ao nível dos recursos, para “suportar” tanto fluxo de entrada de pessoas em tão pouco tempo. Assiste-se, porém, que a maior parte dos refugiados procuram os centros urbanos industrializados para se concentrarem e desesperadamente se fixarem. Esta afluência em massa provoca nas cidades uma repartição desmensurada e desnivelada, fazendo com que, estas, surrealísticamente se “partam ao meio”, sendo uma metade “caos” e a outra “eternidade”; “caos” para todos os refugiados que desesperadamente tentaram ficar mas que mais tarde são repatriados para os seus países de origem; “eternidade” para todos aqueles que, pontualmente conseguiram se fixar, quer através de meios legais ou ilegais. Para os que ficam devemos ter uma consciência unificada e ajudar estas pessoas, pois elas precisam do nosso apoio total; pois, quem sabe, se no Futuro não seremos nós os ditos Refugiados? E, nessa situação, se não valermos aos outros quem nos há de valer a nós? Teremos credibilidade própria de exigir alguma coisa, se fomos no Passado indiferentes para com essas pessoas? Passaram-se 24 anos e, afinal, o que é que mudou? De quanto tempo mais precisamos para despertar a nossa Consciência Coletiva?

Luís Filipe Ribães Monteiro [Mestre em Gestão] Portugal, Amarante, 11 de julho de 1992 [Texto publicado no Jornal de Amarante] Texto Revisto em 03 de junho de 2016 [Texto Revisto para o LinkedIn] Imagem Adaptada de Giorgos Moutafis / Reuters (Consulta em 03 jun.2016)

© Ficam Reservados Todos os Direitos dos Autores 2016

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Despertar da Consciência II REFUGIADOS. FRONTEIRAS. Volvidos que estão 24 anos do primeiro texto que escrevemos sobre esta temática, hoje, voltamos a este tema, porque, além, de ser um assunto de crescente pertinência humanitária, social, política e de extrema mediatização nos órgãos de comunicação social, será necessário como Homens e, numa consciência coletiva, tentarmos compreender toda esta situação dramática que afeta milhões de pessoas e, de uma vez por todas tentarmos em conjunto, desmontar certos mitos e ofuscadas perceções que giram à volta dos refugiados/fronteiras e, desta forma, desconstruirmos certas sombras que, ainda, pairam no lusco-fusco da cabeça de muitos e que, fazem dos alguns uns tantos poucos que tentam, ainda, lutar contra estas marés de homens e mulheres em pleno sofrimento. Mas será que, ainda, somos capazes de reconhecer este chorar? A Europa e o Mundo assistem uma das maiores crises humanitárias e migratórias depois da II Guerra Mundial e a nossa capacidade coletiva de nos podermos unir em torno desta questão será, tão importante, quão reconhecermos no Outro o Nós que nele habita. Sabermos para onde queremos ir enquanto civilização humana mostra-se, atualmente, um dos maiores desafios que temos em mãos e, onde o sonho e a esperança não podem ser substituídos pela cobardia e o medo de nada fazermos. O ano de 2015 na Europa apresentou-se-nos como sendo um ano de contrastes, onde, enquanto, (v.g.) tecíamos largos regozijos pela descoberta científica de um novo antibiótico (a teixobactina)1 e que servirá para salvar milhões de vidas no futuro, ao mesmo tempo, o velho continente é confrontado com um fluxo de refugiados sem precedentes (mais de 60 milhões)2 e, onde, a própria Europa (ou parte dela), se recusou aceitar essas pessoas e, a fechar,

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inclusive, as suas fronteiras deixando morrer aos seus pés muitos desses seres humanos e/ou deixando-os numa situação de graves condições de vida. Quem é que pôde ficar indiferente ao corpo daquela criança Síria de 3 anos que morreu afogada no Mar da Turquia do nosso opróbrio coletivo?! REFUGIADOS. FRONTEIRAS. Bom, o melhor é fazermos uma viagem quântica ao ano de 1951 ou, mais propriamente, à Convenção de Genebra (Art. 1º, pto 2)3, para vermos que, aquilo que é dito na teoria colide, fortemente, com aquilo que na prática se vê e sente e vive. Diz aludida Convenção que, “um refugiado é uma pessoa que temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do país de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse país, ou que, se não tem nacionalidade e se encontra fora do país no qual tinha sua residência habitual em consequência de tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido temor, não quer voltar a ele.” Acontece que, no caso dos países Europeus (países signatários da Convenção e, por isso, contratantes) algumas das medidas tomadas para tentar parar este fluxo migratório foi, entre outros, fechar as fronteiras com muros de arame farpado num processo intimidatório e discriminatório daqueles Seres Humanos em transição e à procura de uma vida melhor. (cfr. (v.g.) “Art. 3 – Não Discriminação” da aludida Convenção de Genebra) Ora, acontece que, embora haja um relativo consenso sobre a necessidade de resolver estas graves tragédias humanitárias, esse consenso ao que parece, acaba por começar e terminar, quase, no mesmo ponto de partida, pois se, assim não fosse, entre o ano de 1992 (o nosso ponto de partida) e o atual (2016 – o nosso ponto de chegada) o “estado das coisas”, certamente, estariam bem melhor posicionadas em termos coletivos do que aquilo que estão ou seja, os líderes dos países Europeus apresentam grandes divergências em como devem responder a estas crises no terreno, bem como, parece existir uma grande divisão em termos de opinião pública sobre o que, realmente, na prática se deve ou não fazer. É nesta paralaxe humana de (in)decisões que o Homem Coletivo se move no que tange a estes dramas migratórios e das consequentes tensões geradas e, é, aqui, que o nosso Eu se esbate no Eu do Outro e que, afinal de contas, pertencemos todos a um mesmo Nós e que, é neste confronto de contrastes, entre, uma história passada (- já escrita) e, uma presente (- a (re)escrever) que o nosso futuro coletivo Europeu e, quiçá, Mundial se decide neste global “jogo de xadrez”. Destarte o exposto e, como o futuro dos refugiados ad portas está em causa e o nosso, também, será bom que, no despertar da nossa consciência coletiva, esta igualdade fundamental não seja esquecida. Deixo o reparo de complemento. Fiquem bem. Obrigado!

Luís Filipe Ribães Monteiro [Mestre em Gestão] Portugal, Amarante, 21 junho de 2016

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Biblionetgrafia Seletiva Consultada: 1 2

http://www.medicalnewstoday.com/articles/287745.php (Consulta em 11 Jun.2015) http://www.unhcr.org/576408cd7 (Consulta em 21 jun.2016)

Legislação Portuguesa Constituição da República Portuguesa (Artigos 15º a 33º; 41º e 46º) Legislação Internacional 3 Convenção de Genebra de 28 de julho de 1951, relativa ao Estatuto de Refugiados, aprovada para adesão pelo Decreto-Lei nº 43.201, de 1 de outubro de 1969 (Diário do Governo, I Série n. 229 de 1 de outubro de 1960) [Em linha] http://www.fd.uc.pt/CI/CEE/pm/Tratados/Lisboa/conv-genebra-1951.htm (Consulta em 21 jun.2016) Imagem Adaptada de http://flordacor.blogspot.pt/ (Consulta em 21 jun.2016) © Ficam Reservados Todos os Direitos dos Autores 2016

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