Desterritorialização e Sincronicidade

June 6, 2017 | Autor: M. Machado | Categoria: Estética, Desterritorialização, Sincronicidade
Share Embed


Descrição do Produto

DESTERRITO­­RIALIZAÇÃO

E

SINCRONICIDADE Marco Antônio Machado Marco Antônio Machado (joseense de 1983), músico e compositor, experimentalista e desperdiçador.

Exposição de conceitos: A) Sincronicidade é um conceito cunhado por Carl Gustav Jung em seu livro homônimo, publicado em 1951. Segundo o próprio autor, as ideias envolvendo sincronicidade já o ocupavam desde 1920, mas a publicação foi finalizada somente mais de trinta anos depois (JUNG, 1971, p. XI). Basicamente, esse livro busca lançar luz ao que Jung chama de “princípio de conexão acausal significativa”. Ou seja, os acontecimentos da experiência humana que coincidem têm seu

significado nessa coincidência, não havendo indícios de uma relação causal (causa-efeito) que pudesse dar origem à conexão. Dois fatores são necessários para a constatação da incidência de um fenômeno de sincronicidade: 1) Uma imagem inconsciente alcança a consciência de maneira direta (literalmente) ou indireta (simbolizada ou sugerida) sob a forma de um sonho, associação ou premonição 2) uma situação objetiva coincide com esse conteúdo (JUNG, 1971, p. 25)

Imagem pode ser qualquer estrutura inteligível, inclusive sonora. “Inteligível é aquilo que, em um objeto dos sentidos, não é ele próprio fenômeno” (KANT, 2012, p. 432). Ou seja, um material musical na mente do compositor é tratado, aqui, como uma possível imagem. No ato da composição, imagens sonoras podem tanto ser elaboradas por processos criativos conscientes como podem ser trazidas do inconsciente para o consciente. Além disso, a sobreposição arbitrária (ou aleatória), na composição por meio de colagem, proporciona simultaneidades potencialmente significativas. Ainda mais se partirmos da ideia de que o sentido do objeto musical se dá por meio de um ato de vontade. Para Jung, uma questão desconhecida seguida de uma resposta incompreensível é a condição ideal para a experiência mântica (JUNG, 1971, p. 29), acrescentando-se que a causalidade do posicionamento dos recortes não é um método que obriga a natureza a se manifestar, mas muitas vezes um caminho possível dentro de um determinado processo preestruturado. Jung, nesse pequeno tratado, tem dificuldade de estabelecer uma metodologia eficaz. O que é, evidentemente, esperado, pois trata-se de um objeto de estudo acausal. Não estando a sincronicidade sob o jugo da lei de causa e efeito, qualquer tipo de metodologia formalista, estruturalista ou construtivista não seria eficaz. Percebendo que sua busca estava imbuída de ineditismo, e que o pensamento dogmático da comunidade científica poderia tecer

uma série de entraves em relação aos seus estudos, ele desabafa [...] que todas as épocas anteriores eram preconceituosas, e estamos, portanto, tão errados quanto todas as épocas anteriores que pensavam desta maneira. Quantas vezes não vimos a verdade condenada! É triste, mas, infelizmente, é verdade que os homens não aprenderam a lição da História. Este fato nos trará as maiores dificuldades, pois, ao nos prepararmos para recolher o material empírico que lançará um pouco de luz sobre um assunto tão obscuro, estamos certos de encontrá-lo justamente onde todas as autoridades nos garantiram que nada poderia ser encontrado. (JUNG, 1971, p. 27)

Jung estabelece, portanto, uma espécie de metodologia negativa. Ele apresenta casos ou estudos em que ocorreram conexões entre imagens que emergem no consciente e eventos ou fenômenos experimentados, e sobre essas não é possível estabelecer nenhuma explicação causal, tampouco acreditar na probabilidade incidental da coincidência. Um dos estudos que Jung apresenta ilustra bem a acausalidade na sincronicidade e, ainda, traz à tona um apontamento que julgo importante, nesse relato. O estudo a que me refiro é extraído da pesquisa do parapsicólogo Joseph Banks Rhine, que durante os anos de 1930 publicou obras como Extra-Sensory Perception e New Frontiers of the Mind (JUNG, 1971, p. 16). Dentre os estudos de ESP1 apresentados por Rhine, destaco um 1 Extra-Sensory Perception

Marco Antônio Machado

23

Desterrito­­rialização e Sincronicidade

24 que trata da adivinhação de cartas sorteadas em um baralho. O baralho utilizado no estudo tinha vinte e cinco cartas agrupadas em cinco grupos de cinco (cinco cartas com um círculo desenhado, cinco com uma estrela, cinco com um quadrado...). O experimento, por sua vez, seguia da seguinte maneira: Rhine embaralhava o conjunto de cartas e sorteava uma; em seguida, olhava a carta. O sujeito experimentado, que já conhecia as possibilidades das variedades de cartas, tentava adivinhar qual delas estava nas mãos de Rhine. Evidentemente, como a proporção das cartas se dá numa ordem de 5/25, esperava-se uma média de acertos de 1/5, que seriam acertos estatísticos, ao acaso. Cada participante era experimentado oitocentas vezes, e cada experimento consistia em adivinhar a sequência inteira das vinte e cinco cartas do baralho. O experimento foi realizado com centenas de pessoas, em períodos diferentes, faixas etárias diferentes e localidades diferentes, entre 1930-31. A média geral de acertos foi de 6.5, o que já demonstrou um desvio considerável da média esperada. Entretanto, o que realmente chamou a atenção foram os resultados de um jovem adulto que obteve uma média de dez acertos ao longo da série de oitocentas experimentações (o que seria o dobro da média probabilística esperada). Em uma das vezes, ele acertou exatamente as vinte e cinco cartas, alcançando um resultado que representa a probabilidade de 1 : 298.023.223.876.953.125. Como os resultados desse jovem eram extraordinários, ele foi retirado do grupo de pesquisa para testes especiais, pois ficou nítido que, se existe percepção extra-sensorial, esse jovem era um exemplar habilidoso no assunto.

O primeiro que se tentou foi fazer experiências com o jovem em distâncias diferentes. Em uma distância de duzentos e cinquenta milhas, ele alcançou uma média de 10.1; em outra série de experimentos, estando na mesma sala do experimentador, o jovem alcançou uma média de 11.4; em uma sala adjacente, 9.7, e a duas salas de distância, sua média foi de 12.0 acertos por 25. As distâncias foram aumentadas para 960 milhas, depois 4.000 milhas (Carolina do Norte – Iugoslávia), e os resultados médios se mantiveram estáveis. Os acertos ficaram ainda mais longe do crível quando o fator temporal foi inserido na pesquisa. Em vez de fazer os sorteios em tempo real, o cientista passou a fazer o sorteio com um dia de antecedência, e depois, diante do experimentado, fingia estar sorteando as cartas do dito baralho para as adivinhações. Ainda assim, a média se manteve. Por fim, em outras experiências o experimentador fingia estar tirando as cartas enquanto o jovem fazia as adivinhações, mas somente depois as cartas eram realmente sorteadas. Mesmo nesse caso a média não teve alteração relevante. Observemos que adivinhar o sorteio de uma carta sem poder vê-la é um claro e simples exemplo de sincronicidade, pois, conforme o próprio conceito de Jung, há uma imagem que emerge no consciente (na mente do adivinhador) e que coincide com um fenômeno experimentado (nas mãos do experimentador). Entretanto, o que revela essa experiência vai além disso. Normalmente, quando pensamos em ESP, tentamos explicá-la por meio de transmis-

são de energia. Poderíamos pensar que existem certas ondas ou vibrações, ainda não descobertas pela ciência natural, que são acessadas pelo cérebro de determinado clarividente, por exemplo. Mas o que os dados evidenciam é que não há nenhum tipo de transmissão de energia, pois no bojo mesmo do conceito de energia está a ideia de que toda e qualquer energia é afetada pela distância no espaço e pela contingência no tempo. Calor, cinética, radiação ultravioleta... toda energia perde força ao longo da distância. Se o cérebro do adivinhador fosse capaz de emitir “ondas de adivinhação”, por que ele não perde eficácia conforme aumenta a distância entre ele e o experimento? Pelo fato de não haver emissão de nenhuma energia. Outro ponto é a contingência temporal: a transmissão e o fluxo energético estão sujeitos ao continum tempo-espaço. É somente depois de uma espaçonave iniciar seu voo que a inércia do ar irá lhe aplicar resistência, não antes. A transmissão energética aparenta estar regida pela causalidade, mas os estudos de ESP, de Rhine, não. O que Jung propõe, a partir disso, seria outra maneira de ver o mundo e a própria psique: Atribuo aos corpos em movimento uma certa propriedade psicoide que, como o espaço, o tempo e a causalidade, constitui um critério de seu comportamento. Devemos renunciar inteiramente à ideia de uma psique ligada a um cérebro e lembrar-nos, ao contrário, do comportamento significativo ou inteligente dos

organismos inferiores desprovidos de cérebro. Aqui nos encontramos mais próximos do fator formal, que, como dissemos, nada tem a ver com a atividade cerebral. (JUNG, 1971, p. 71)

Se, por um lado, tais eventos parecem não receber qualquer influência da causalidade espacial e da contingência temporal, por outro, há a indicação de que estão totalmente relacionados com o estado de ânimo dos indivíduos que os experimentam. No caso do jovem do experimento de Rhine, sua média abaixava somente quando ele demonstrava estar entediado ou estafado com as repetições. Geralmente, no começo das séries, quando ele apresentava grande interesse, as suas médias de acerto eram sempre altas. Jung lista outros casos, inclusive alguns clínicos, de sua trajetória como psicanalista, além de casos de outros pesquisadores da parapsicologia, e até mesmo relatos de alquimistas e magos de séculos anteriores. Em todos, há envolvimento emocional intenso daquele que experimenta essa conexão acausal entre o significado em sua consciência e o experimentado fenômeno. Repassando: o que Jung defende, com o conceito de sincronicidade, é que há, na experiência humana, a coincidência entre eventos psíquicos que emergem à consciência e eventos materiais que são experimentados enquanto fenômenos; essa coincidência aponta uma ligação direta entre as experiências (psíquica e material) que formam sentido juntas, mas sem que haja qualquer indício de causalidade que

Marco Antônio Machado

25

Desterrito­­rialização e Sincronicidade

26 as conecte. Jung não propõe que deva haver algum tipo de causalidade ainda não conhecida; ao contrário, ele propõe a existência de um mundo acausal, de tipo psicoide, onde não há causalidade, e, por conseguinte, nenhum tipo de transmissão de energia. Além disso, ele evidencia que práticas mânticas sempre foram exploradas nas mais diversas culturas como ferramentas/mecanismos para trazer do inconsciente tais conexões – em seu tratado, ele dá maior atenção ao I Ching e à Astrologia. Abro parênteses, agora, para uma reflexão sobre as práticas mânticas mais conhecidas, na tentativa de encontrar algum viés em comum em seus usos. Para tanto, listo o nome de algumas práticas e o processo de adivinhação: 1) Aeromancia: método de adivinhação por meio das direções e intensidades de ventos, posição e forma das nuvens; 2) Aleuromancia: método de adivinhação por meio de biscoitos da sorte; 3) Antracomancia: por meio do carvão incandescente; 4) Apantomancia: por meio de encontros inesperados com animais; 5) Astromancia: por meio dos astros, suas posições e movimentos; 6) Bibliomancia: por meio da interpretação de palavras ou frases extraídas de livros abertos ao acaso; 7) Cafeomancia: por meio da interpretação do formato da borra do café; 8) Cartomancia: por meio do sorteio de cartas, seus símbolos e sua numerologia; 9) Cleromancia: por meio do sorteio de dados; 10) Cristalomancia: por meio das formações em cristais, bola de cristal; 11) Necromancia: por meio da posição de ossos ou restos mortais; 12) Oniromancia: por meio de experiências

vividas em sonhos; 13) Quiromancia: por meio do formato da mão, e das linhas e marcas nas mãos e unhas. Por mais que pareçam métodos completamente heteróclitos – até por serem oriundo de culturas, épocas e povoações distintas – podemos encontrar uma vizinhança em todos esses métodos: o caos. De certo modo, cada uma das mancias procura uma relação com o caótico, com o descontrolado. Essa relação se dá de duas maneiras possíveis: ou buscando respostas em formações complexas sobre as quais a observação sensorial não possibilita uma explicação causal dedutiva (posição dos astros, borra do café, formato das linhas na palma da mão), ou em um jogo direto com o acaso, em prática dinâmica (lance de dados, sorteio de cartas, lançamento de runas ou búzios). No primeiro caso se observa passivamente o produto do caos em sua duração, no segundo, o próprio desejo ativo do observador anima os objetos para propiciar a formação caótica. Um físico positivista poderia alegar que não há nada de aleatório na posição dos astros, nuvens, borras..., e que o conhecimento das leis da natureza e a precisão nos cálculos poderiam explicar cada um desses eventos e suas formações. Mas não é esse o foco, aqui: se o fosse, usaria Hume e sua noção de hábito que refuta inapelavelmente a causalidade cartesiana. Mas a questão aqui é como a cognição humana se comporta diante de fenômenos que, sem cálculos e averiguações dedicadas, parecem ser formados ao acaso, ou melhor, de maneira acausal. É como se a racionalidade tivesse

que se calar ao fracassar em sua tentativa de explicar mediatamente aquele objeto. Por fim, outro fazer que conecta as práticas mânticas é que a maioria delas eram/são realizadas em meio a rituais elaborados, que normalmente sugerem uso de substâncias alucinógenas ou psicoativas, entoação de cânticos, mantras, e toques graves em ostinatos. Combinação que, sabidamente, procura propiciar estados alterados de consciência. Seria como elaborar ferramentas para revolver o inconsciente e fazer emergir de lá experiências; como uma escavadeira psíquica, a produção de um estado de emersão. As pessoas brigam por liberdade de expressão, quando deveríamos brigar por liberdade de impressão. (ALVIM apud GROZA, 2015, p. 151)

• Uma ajuda de Bataille: Trago, aqui, algumas considerações conceituais a partir da obra de Georges Bataille. Em O Erotismo, Bataille nos fala acerca da continuidade e da descontinuidade do ser. É descontinuo tudo aquilo que participa da vida, da experiência fenomênica, onde tudo que vem a se manifestar são objetos parciais. Por outro lado, a continuidade está sob o domínio da morte, força destruidora que a todos os objetos parciais corrompe para a sustentação contínua e eterna de deus: Da continuidade do ser, limito-me a dizer que ela não é, a meu ver, cognoscível, mas, sob formas aleatórias, sempre contestá-

veis em parte, sua experiência nos é dada. Em minha opinião, a experiência negativa é a única digna de atenção, mas essa experiência é rica. Jamais devemos esquecer que a teologia positiva tem como duplo uma teologia negativa, fundada na experiência mística. (BATAILLE, 2013, p. 46)

Nesse enunciado, o pensador usa os termos “teologia negativa”, “experiência negativa” e “experiência mística” apontando para aquilo que nos é dado na experiência, mas de modo aleatório, fragmentado, incognoscível. Justamente por isso, esse tipo de experiência é facilmente contestada na órbita do senso comum, dentro dos processos de pensamento racionalista ou formalista. Mas Bataille reafirma seu interesse nessa experiência negativa: Ela (a experiência negativa) introduz, no mundo dominado pelo pensamento ligado à experiência dos objetos (e ao conhecimento do que a experiência dos objetos desenvolve em nós), um elemento que não tem lugar nas construções desse pensamento intelectual, salvo negativamente, como uma determinação de seus limites. Com efeito, o que a experiência mística revela é a ausência de objeto. O objeto se identifica à descontinuidade e à experiência mística, na medida em que tem a força de operar uma ruptura de nossa descontinuidade, introduz em nós o sentimento de continuidade. (Id. ibidem)

Ou seja, cada objeto, em suas parcialidades, é membro do mundo da descontinuidade (efemeridade, disjunção). Mas a experiência mística participa da nossa vida de

Marco Antônio Machado

27

Desterrito­­rialização e Sincronicidade

28 modo semelhante a uma contaminação, nos permitindo um vislumbre da continuidade, da morte, do inconsciente, do sublime. B) Já o conceito de Desterritorialização, de Gilles Deleuze e Félix Guattari, refere-se à condição humana com o território e com a saída do território. Nessa reflexão, território pode ser qualquer coisa, geográfico, emocional, relacional. Os territórios são agenciamentos do desejo: [...] o desejo cria territórios, pois ele faz uma série de agenciamentos... o território é um agenciamento. Os agenciamentos extrapolam o espaço geográfico, por esse motivo o conceito de território de Deleuze e Guattari é extremamente amplo, pois, como tudo deve ser agenciado, tudo pode ser também desterritorializado e reterritorializado. (HAESBAERT e BRUCE, 2012, p. 5)

Podemos adicionar, ainda, que “Pensar é desterritorializar, isso quer dizer que o pensamento só é possível na criação, e para se criar algo novo é necessário romper com o território existente, criando outro.” (HAETSBAERT e BRUCE, 2012, p. 9). A música, em si, é um exercício de desterritorialização, ou, como diz Deleuze, “eu chamo, estritamente, de máquina abstrata musical o processo de desterritorialização sonora.” (DELEUZE, 1973, p. 183). Por assim dizer: a música é o som desterritorializado. Mas toda desterritorialização é seguida de uma reterritorialização. Então, o som se desterritorializa pelo artifício do homem na música. Porém, o som musical se reterritorializa na própria obra resultante e

na cultura (estilo, maneira, período, técnica, processo). O recorte é uma nova desterritorialização (ou redesterritorialização), e a colagem, uma seguida reterritorialização. A análise musical ligada ao processo composicional dá-se precisamente no ato de recortar territórios pré-existentes. Esses materiais podem ser literais, transformados ou estilísticos. Por meio de desterritorializações e reterritorializações, pode-se propor um modelo rizomático para compor multiplicidades. O “rizoma funciona através de encontros e agenciamentos, de uma verdadeira cartografia de multiplicidades” (HAESBAERT e BRUCE, 2012, p. 4). Num rizoma, os elementos articulados, os conceitos, não estão hierarquizados, não partem de um ponto central nem de um centro de poder ou de referência. Nesse modelo, “criam-se novas modalidades de subjetivações do mesmo modo que o artista plástico cria novas formas a partir da palheta que dispõe” (GUATTARI apud BRITO, 2012, p. 9). Esse ambiente pode ser chamado de fluxo da multiplicidade, fluxo este alcançado na obra de Stockhausen, comenta Deleuze: “fluxos que se decodificam, se desterritorializam, construindo verdadeiramente uma multiplicidade” (DELEUZE, 1973, p. 60). O ambiente alcançado é complexo e, por vezes, incompreensível. Um ambiente-escuta desterritorializante. Esse descontrole, esse “não lugar comum” pretende-se que seja um ambiente múltiplo e irracional, favorável à emersão.

A história da desterritorialização – podemos estabelecer a seguinte ilustração para entender a gênese da desterritorialização nos primeiro homens, há alguns milhares de anos atrás: enquanto que para as demais povoações animais a migração somente ocorria quando por necessidade, ou seja, quando alimentação, ecossistema ou procriação eram ameaçados, para as povoações humanas o nomadismo ocorria mesmo quando esses três pilares estavam em harmonia. Em outras palavras, se havia caça para alimentar, fêmeas para procriar e condições climáticas e geográficas adequadas para viver, o tigre, o urso ou lobo não migravam. Por outro lado, mesmo com as condições básicas de sobrevivência asseguradas, o homem continuava seu trânsito – muitas vezes, tendo inclusive que desenvolver vestes pesadas contra o frio, procedimentos para conservar alimento e água na travessia de um deserto, sistemas de carga, escalada etc. O homem tinha/ tem que ver o que há por detrás daquela montanha, ou em cima dela. O nomadismo seria, portanto, característica pulsante essencial na natureza humana. Alguns tratados de história universal vão dizer que o homem, em certo momento, abandona a condição nômade quando aprende/desenvolve a agricultura e a pecuária, tornando-se, portanto, sedentário. Mas não é isso que nos conta a história da desterritorialização. Nessa genealogia, a agricultura e a pecuária seriam apenas novas desterritorializações, novos nomadismos. Seria o mesmo dizer que, quando o homem pôde repousar suas pernas e braços, ele passou a desterritorializar no então

neófito mundo do pensamento. Por isso, dizemos que todo pensamento é uma desterritorialização. Observemos que não se trata de uma metáfora ou de um simbolismo. São desterritorializações concretas, feitas pelo pensamento e com matéria de pensamento. Em nomadismo, toda desterritorialização é seguida de uma reterritorialização. Atrás de cada montanha sempre houve um novo território. Mesmo para Iuri Gagarin houve um novo território. O mesmo aconteceu com o pensamento, conexões de pensamentos, linguagens, tradições orais, deus/es, cultura, técnicas, modus operandi, savoir faire, catálogos, métodos, hábitos, pessoas, sujeitos, seres. Ora, o whatsapp é a desterritorialização do sistema de torpedos SMS, tirando-o do território da telecomunicação via satélite para o da internet; o SMS, por sua vez, é a desterritorialização do telegrama, que deveria ser transmitido por telégrafos, impresso e entregue pessoalmente; esse último, a desterritorialização do código morse e de outros códigos militares, que deveriam ser utilizados somente para ritos da guerra e da espionagem; as transmissões à distância, desterritorializações de epístolas enviadas por meio de cavaleiros ou pombos; em sequência, os sinais de fumaça, apitos, espelhos... Quando voltamos nossa atenção à estética, notamos que nesse ramo do conhecimento humano tudo passa pela ideia de território e seus abandonos. Basicamente, livros de história da arte são livros de geografia; neles, os territórios conhecidos e

Marco Antônio Machado

29

Desterrito­­rialização e Sincronicidade

30 consagrados são apresentados e categorizados. “Lugares” inóspitos, novos, pouco explorados geralmente causam até certo desconforto aos tratadistas. No campo específico da música, temos comumente a categorização por estilo que combina período histórico, localização geográfica e materialidade musical. Temos a primeira escola de Viena, o romantismo russo, o barroco tardio como exemplos dentro da chamada música clássica. E, por outro lado, exemplos como o punk britânico, o rock progressivo, o jazz-fusion na esfera da chamada música popular. Assim como em mapas, são territórios dentro de territórios, como cidades em estados, estados em países. Os territórios estéticos vivem regidos por dinâmicas intensas; as contaminações, transformações e desterritorializações vão ocorrer por conta dos regimes de velocidades em jogo. Há contaminações do rock no manguebeat, do jazz na bossa, da raga em Messiaen. Diante dessa efervescente volatilidade (nomadismo), o agente no campo das artes pode adotar três modos de operação: 1) Negação – em que costuma-se negar a todo custo a transformação e a contaminação corrosiva. Esse tipo de agente costuma viver preso ao passado e, normalmente, já sabe tudo, já tem tudo. Nessa categoria abundam os intérpretes consagrados, os críticos de arte, os musicólogos... Há também estetas e historiadores; 2) Aceitação – aqui, há um deleite nos contágios por vizinhança, há um interesse em manter os olhos abertos e os ouvidos apurados para perceber linhas de fuga, correntes de intensidades. Esse ambiente

está repleto de artistas práticos que se encantam com a troca e que permitem os movimentos e os fluxos; 3) Devir – onde não só percebe-se as intensidades no fluxo, mas passa-se a atuar como potencializador dessas. Tais agentes funcionam como dínamos, bombas, máquinas, que passam o tempo todo produzindo choques, novos encontros, planos de fuga. Temos os artistas marginais, os loucos e os pesquisadores incansáveis. Tudo isso funciona por estratificação, ou, como identifica Deleuze e Guattari, um juízo de deus: Os ritmos remetem a esses movimentos interestráticos, que são, igualmente, atos de estratificação. A estratificação é como a criação do mundo a partir do caos, uma criação contínua, renovada, e os estratos constituem o Juízo de Deus. O artista clássico é como Deus; ao organizar as formas e as substâncias, os códigos e os meios, e os ritmos, ele cria o mundo. (DELEUZE e GUATTARI, 2011, v. 5, p. 230-231)

Nesse ponto, entendo ser fundamental apresentar a noção de dupla visão de mundo elaborada por Deleuze e Guattari. Para os filósofos, há dois modos de se relacionar com o mundo. O primeiro recebeu os seguintes nomes: plano de organização, plano de transcendência, ou ainda, plano de desenvolvimento; o segundo foi chamado de: plano de consistência, plano de composição. A seguir, insiro uma apresentação dos dois planos em oposição dicotômica:

1) Formas desenvolvem-se, sujeitos formam-se em função de um plano que só pode ser inferido (plano de organização-desenvolvimento); 2) só há velocidades e lentidões entre elementos não formados, e afectos entre potências não subjetivadas, em função de um plano que é necessariamente dado ao mesmo tempo que aquilo que ele dá (plano de consistência ou composição). (Id., 2011, v. 4, p. 57)

De modo que o plano de transcendência ou de organização somente pode ser inferido, trata-se do fruto da criação mental no mundo, e decorre de estratificações, formações territoriais e construção de muros e fronteiras bem delimitados. O modo de ver o mundo através do plano de transcendência é hegemônico, e participa dele, em grande medida, as ciências naturais, a história, a estética, a religião, até mesmo a filosofia escolástica. Um exemplo de como esse modo de ver se dá: em sua taxonomia, a Biologia separa a vida em grupos de categorias. Tais grupos são conhecidos como reinos, filos, classes, ordens, famílias, gêneros e espécies, sendo o reino um grupo de filos, um filo um grupo de classes, uma classe um grupo de ordens etc. Entretanto, essas classificações jamais serão observadas na natureza, somente inferidas. Nenhum de nós poderemos um dia ter a chance ver o reino animalia, ou um filo chordata, uma classe mammalia, uma ordem carnivora, uma família canis, um gênero canidae e, tampouco, uma espécie canis familiaris. O que podemos ver, num determinado momento, é o fluxo de desejo agindo sobre um pequeno cão que

abandona a lata de lixo virada e corre sobre uma cadela que passa no cio. Um cão que aprende a atravessar a rua no semáforo. Um cão que aprende trejeitos faciais e corporais para comover um homem que se alimenta. A visão, por meio do plano de transcendência, agrupa seus conteúdos pelo inventário de suas características, ou seja, é um processo inferido de coleções de teres. Desse modo, cães têm focinhos, lobos também; cães têm apetite por carne, lobos também; cães têm olfatos apurados, lobos também. E por colecionarem uma grande gama de características semelhantes, estão no mesmo reino, filo, classe, ordem, família e gênero. Mas você nunca verá um lobo e um cão juntos na mesma cena (exceto se frequentar rinhas da pior categoria). Por outro lado, verás muitos cães no colo de homens, e pulgas no pelo de cães. Mesmo homens, pulgas e cães tendo inventários de coleções de teres muito distintos. O que os coloca juntos são suas velocidades e lentidões, seus agenciamentos, sua cartografia. Aquilo que de fato é dado no exato momento em que se dá, no plano de consistência. Eis o lema da etologia, o lema do plano de consistência: Assim como evitávamos definir um corpo por seus órgãos e suas funções, evitamos defini-lo por características Espécie ou Gênero: procuramos enumerar seus afectos. Chamamos ‘etologia’ um tal estudo, e é nesse sentido que Espinoza escreve uma verdadeira ética. Há mais diferenças entre um cavalo de corrida e um cavalo de lavoura

Marco Antônio Machado

31

Desterrito­­rialização e Sincronicidade

32 do que entre um cavalo de lavoura e um boi. (grifo do autor) (Id. ibidem, p. 42)

Alguém poderia imaginar que essa argumentação serviria como crítica aos adeptos do plano de transcendência, ou que minhas palavras aqui defendem que tal plano seria falso, irreal. Mas, categoricamente, não é esse o caso. Como disse anteriormente, o plano de transcendência é fruto da criação mental, e, portanto, como algo que foi criado, ele existe (o piano foi criado e existe, o Estatuto da Criança e do Adolescente foi criado e existe). O que estou denunciando, aqui, é que muitos pensadores habitantes do plano de transcendência acreditam que suas categorias, agrupadoras de coleções de características possuídas, sejam categorias a priori, que suas organizações sejam do mundo e não deles. Não existe música clássica no mundo, mas existe música clássica como uma estratificação do pensamento humano, e, sendo assim, temos que lidar com isso, existe essa terminologia (sua sintaxe e semântica), vamos utilizá-la para nos comunicar. Ora, talvez o mundo da arte seja aquele sobre o qual as estratificações do plano de transcendência incidem mais fortemente seu poder. Pois o mundo da arte é habitado apenas por artifícios, por elaborações do pensamento, por desterritorializações e reterritorializações no plano mental. A Biologia infere categorias de famílias ou filos sobre cachorrinhos ou águas-vivas que de fato existem na natureza. A Astronomia infere categorias de constelações ou galáxias sobre corpos celestes que de fato

existem na natureza. Nas ciências humanas, esse rito passa a ser mais turvo, ou, poderíamos dizer, misto. Tomemos como exemplo a teoria de classes de Marx. Evidentemente que a classe proletária é uma inferência tributária do plano de transcendência, estabelecida através de um inventário de teres (em última análise, na quantidade de filhos que se tem). Mas, diferente da Biologia, onde os animais agrupados em um filo realmente existem na natureza, na Sociologia, os homens agrupados sob a categoria do proletariado em parte existem na natureza e, em parte, existem enquanto construções socioculturais (em última análise, construções em nível de estratificação mental). No campo estético, os objetos a serem agrupados passam a ter valor natural próximo a zero. A estética trabalha com grupos de categorias semelhantes aos das ciências naturais e humanas, mas seus objetos reunidos nos grupos não existem na natureza. Assim, as sinfonias clássicas da primeira escola de Viena não existem na natureza. A tela Compotier et verre, huile et sable sur toile, de Braque, expoente do Cubismo Sintético, não existe na natureza. Alguns poderiam, diante dessas afirmações, não dar a devida importância, alegando não haver grande diferença entre um cão e um quadro de Braque em nível de naturalidade, já que ambos existem em nível de materialidade. Mas volto a chamar a atenção: no mundo da arte, a materialidade do objeto estético (entenda materialidade, aqui, como fisicalidade, substância no mundo material) é o menos importante. O que realmente comove é a potencialidade de transposição de pensa-

mento que determinado objeto carrega. É pura desterritorialização, é pura composição de matéria mental. Afecto. Cumpre dizer, agora, que todo campo estético é um emaranhado de relações complexas de velocidades, estratos e cortes. Depois de todos esses anos de história e registro, de armazenamento preciso (informática) e disponibilização acessível (internet), e, ainda, valorações culturais de toda ordem, ouso dizer que o campo estético é mais complexo que o cérebro humano (em assunto de sinapses), a via láctea (em questão de números gigantes) ou a floresta amazônica (na biodiversidade). Se não é maior, é da mesma ordem de grandeza. Em adição a isso, o campo estético seria apenas uma das esferas (espirais) do campo de transcendência, e algumas linhas de fuga ou tentáculos do campo estético fazem contato direto com outras espirais, tais como a espiral do senso comum, da cultura de massa, da comunidade científica, da moral (das morais), do mercado, dos jogos políticos, das revelações misteriosas... e muitas outras que formam os continentes do mundo da mente humana. Então, qual seria o papel do louco ou do artista marginal diante desse mundo de transcendência dura e de estratificações mentais? Ora, o de enxergar tudo de outro modo. O louco não vê categorias, vê afectos. Não vê estratificações, vê linhas de fuga. Não vê coleções de teres, vê o puro devir. Nessa teogonia do pensamento, ele recorta e cola o que quer, não se importa com certos e errados, só se im-

porta em ser convincente. É mais que um mago, é um demiurgo.

Juntando pontas O leitor, nesse momento, deve estar se perguntando para onde, afinal, esse artigo estaria levando-o. Não deixa de ser um dos meus interesses justamente produzir movimentos. Movimentos que não necessariamente são como vetores em um plano cartesiano, mas que se assemelham mais aos de pés titubeantes sobre a areia movediça. Entretanto, estamos caminhando para o fim dessa construção, onde a proposta inicial é juntar, de algum modo, a sincronicidade de Jung com a desterritorialização de Deleuze e Guattari. É possível notar como essa empresa é laboriosa, pois esses são pensadores de orientação e latitudes muito diferentes. Jung é um idealista, mistura empirismo com intuição, é um simbolista politeísta totalmente alinhado ao plano de transcendência. Deleuze e Guattari são pragmatas por excelência, filósofos da vida, do plano de consistência, amantes das hecceidades e da realteridade. De certo modo, utilizei também Georges Bataille, assim como se utiliza ovos para dar liga à massa. E desse grude foi possível ver um ponto de união: a experiência mística. Esse artigo não é conclusivo, nem poderia ser. Depois de tanto insistir em apontar os vícios do pensamento, não produziria eu, aqui, um estrato totalitário estético ou uma categoria-inventário. Esse artigo, de outro modo, é propositivo. Além disso, é um artigo de poética.

Marco Antônio Machado

33

Desterrito­­rialização e Sincronicidade

34 Quero dizer que, sobre o campo da estética, cada artista (fazedor, apreciador, estudioso) é responsável. Podemos passivamente aceitar os estratos de categorias (juízo de deus) impostos goela abaixo, tornando-nos sujeitos prontos, funcionais, que simplesmente reproduzem discursos de pregação (nada substancialmente diferente de pastores evangélicos, só que de outros evangelhos). Ou, de outro modo, produzir encontros e linhas de fuga (demiurgo), vivendo o fluxo sem sujeito, sem forma ou função. Eis novamente a ética de Espinoza, ética que enfatiza o conhecimento, não a razão, como produtor do amor (ESPINOZA, 2012, p. 140-141). Nesse mergulho, somos objetos parciais, e a vida, o encontro entre objetos parciais. Mais significativa é a vida que promove o maior número de encontros com o maior número de parcialidades distintas. Em outras palavras, mudar de caminhos, ares, processos, modos. Esse salto nos colocaria diante do rizomático ente da razão: “[...] de todas as ideias que cada um tem, fazemos um todo (o que vem a ser o mesmo), um ente da razão, a que chamamos de

intelecto” (Id. ibidem, p. 67). Mas somente cavar não basta, o que proponho é que a imersão seja seguida da emersão. Diante do caos rizomático do plano de transcendência, cada um poderá produzir novas relações, fazer novos recortes e colar circunstâncias jamais antes agenciadas. Quando emergir para a superfície, poderá criar algo de novo, algo que tenha cheiro de novo. Lovecraft colou demonologia arcaica com teorias de espaço não euclidianas, Xenakis colou cartografias de sistemas dinâmicos em um plano com orquestração, Lévi-Strauss colou formas musicais e apreciação musical com mitologia. De algum modo, a razão se cala diante do caos, e podemos entrar em estado mântico, ou propício à mancia. As mancias podem trazer elementos desse mundo não sensível, não metafórico e real que é o plano de nossas construções mentais. E não precisamos fazer uso de mansias categorizadas, consagradas e estratificadas. Podemos inventar nossas mancias. Eu faço musimancia, e você?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Valéria Zanetti de. Cidade e Identidade: São José dos Campos, do peito e dos ares. Tese (Doutorado) – Curso de História. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP, 2008. ALVES, Xandu. “Guardas vão fiscalizar de transito a cerol em São José”. O Vale. São José dos Campos, 2015. Disponível em . Acesso em 15 dez. 2015. ________. ‘Se São José não quiser o WTC, outras querem’, afirma Ozires. O Vale. São José dos Campos, 2015. Disponível em . Acesso em 20 dez. 2015. ANDRIESSEN, Louis & SCHÖNBERGER, Elmer. The apollonian clockwork. Amsterdam: Amsterdam University Press, 2006. ARANTES, Otília. “Uma estratégia fatal: A cultura nas novas gestões urbana”. In: ARANTES, Otília; VAINER, Carlos B.; MARICATO, Ermínia. A cidade do pensamento único: desmanchando consensos. Petrópolis: Vozes, 2011. p. 11-74. e.6.

ARCHER, Michel. Arte Contemporânea: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p.11, 193. BARRETT, Terry. A crítica de arte. Como entender o contemporâneo. Porto Alegre: UFRGS, 2014. BATAILLE, Georges. O erotismo. São Paulo: Autêntica, 2013. BENJAMIN, Walter. O Surrealismo. “O último instantâneo da inteligência europeia”. In: Magia e Técnica, Arte e Política. Obras Escolhidas I. Brasiliense: São Paulo. 1987, p. 21 - 35. e.3. BONDESAN, Altino. São José de Ontem e Hoje. São José dos Campos: JAC Gráfica e Editora Ltda., 1996. BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 2010. BRASIL. Estatuto da Cidade: guia para implementação pelos municípios e cidadãos. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2002. e.2.

155 BRISOLA, Elisa Maria Andrade. Estado penal, criminalização da pobreza e Serviço Social. Ser Social (UnB), 2012, v.14, p. 127-154. CAGE, John. SILENCE. Middletown, CT, EUA: Wesleyan University Press, 1973. CAILLOIS, Roger. Os jogos e os homens. Lisboa: Edições Cotovia Lda., 1990. CALABRESE, Omar. A idade neobarroca. Lisboa: Edições 70, 1987. CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor: empreendedorismo e viabilização de novas empresas: um guia eficiente para iniciar e tocar seu próprio negócio. São Paulo: Saraiva, 2008. CLUBE DA LUTA (Fight Club). Direção de David Fincher. 1999. COHEN, Jeffrey Jerome. Pedagogia dos monstros: os prazeres e os perigos da confusão de fronteiras. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. Conversations with Cézanne. DORAN, M. (ed.) Trad. Julie Lawrence Cochran. Introdução de Richard Shift. Ensaio de Lawrence Gowing. California: Berkeley University Press, 2001. DELEUZE, G. Lógica do Sentido. Trad. Luis Roberto Salinas Fortes. São Paulo: Perspectiva, 2003. Col. Estudos. ___________. Francis Bacon: Lógica da Sensação. Trad. Roberto Machado. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007.

___________. Diferença e Repetição. Trad. Luiz Orlandi e Roberto Machado. Rio de Janeiro: GRAAL, 2009. ___________. “O Ato de Criação”. Especial para a Trafic. Trad. José Marcos Macedo. Folha de S. Paulo, 27 jun. 1999. Disponível em . Acesso em jan. 2016. DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. Mil Platôs. São Paulo: Editora 34, 2011. v.4. ______________ v.5. São Paulo: Editora 34, 2011. DESCARTES, René. Discurso do Método. Trad. J. Guinsburg e Bento Prado Junior. São Paulo: Nova Cultural, 1987. Col. Os Pensadores. DOLABELA, Fernando. O segredo de Luísa. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1999. ________. Oficina do empreendedor. Rio de Janeiro: Sextante, 2008. ________. Minha visão sobre empreendedorismo, s.d. Disponível em . Acesso em 20 dez. 2015. ESPINOZA, Baruch de. Breve tratado de Deus, do homem e do seu bem-estar. São Paulo: Autêntica, 2012. FUNDAÇÃO SEADE – Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados. Sistema de informações dos Municípios Paulistas, 2015. Disponível em . Acesso em 24 dez. 2015.

Referências bibliográficas

156 GOMBRICH, E. Arte e Ilusão: um estudo da psicologia da representação pictórica. Trad. Raul de Sá Barbosa. São Paulo: Martins Fontes, 1995. __________. História da Arte. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

tagens-especiais/os-jovens-que-quiserem-ser-protagonistas-do-seu-tempo-devem-ser-empreendedores-defende-fernando-dolabela/>. Acesso em: 24 dez. 2015.

GULLAR, F. Etapas da Arte Contemporânea: do cubismo à arte neoconcreta. Rio de Janeiro: Revan, 1998.

JULIO, Ricardo. “Todo o poder ao povo: as lições que Emanuel Fernandes tirou de seus oito anos na Prefeitura”. In: QUEIROZ, A. V. (Org). Com a palavra, o prefeito: perfis e depoimentos dos políticos que governaram São José dos Campos na segunda metade do século. São José dos Campos: Prefeitura Municipal de São José dos Campos, 2008, p. 429-467.

HAESBAERT, Rogério e Glauco Bruce. A desterritorialização na obra de Deleuze e Guattari. Niterói: Departamento de Geografia – UFF, 2012.

JUNG, Carl Gustav. Sincronicidade. Petrópolis: Vozes, 1971. ________. O Espírito na Arte e na Ciência. Petrópolis: Vozes, 1985.

HARVEY, David. Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana. São Paulo: Martins Fontes, 2014. ________. O Novo Imperialismo. São Paulo: Loyola, 2013. e.7.

KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. São Paulo: Editora Universitária São Francisco, 2012.

GROZA, Marcus. “Entrevista com Roberto Alvim”. Abate, n.1, p. 138-157. São José dos Campos, 2015.

HEGEL, G. W. Estética: a ideia e o ideal. Trad. Orlando Vitorino. São Paulo: Nova Cultural, 1987. Col. Os Pensadores. HEIDEGGER. M. A Origem da Obra de Arte. Trad. Maria da Conceição Costa. Lisboa: Edições 70, 2008. INSTITUTO CLARO. “Os jovens que quiserem ser protagonistas do seu tempo devem ser empreendedores”, defende Fernando Dolabela, s.d. Disponível em:
Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.