Determinação do conteúdo de água no solo pelo método gravimétrico

May 30, 2017 | Autor: Taylor Cavalheiro | Categoria: Mécanique Des Sols, Solos, Mecanica Dos Solos
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Porosidade Total x Condutividade Hidráulica

Cilindro da amostra


Porosidade Toral (%)


Condurividade Hidráulica (mm/h)




Determinação do conteúdo de água no solo pelo método gravimétrico
Infiltração de água e condutividade hidráulica

Camila Bergamo, Henrique Alves, Roberta Silva, Taylor Cavalheiro e Thainá Holz.

Introdução
Após abranger os conhecimentos em aula sobre os temas: Propriedades da água, retenção e densidade de partículas, infiltração e condutividade hidráulica, foram realizadas duas aulas práticas em áreas vegetativas distintas do campus Anglo, e após a retirada dos materiais para o estudo, levou-se o mesmo para o laboratório de solos da Universidade Federal de Pelotas. As aulas práticas sucederam-se no dia 28 de março de 2016 e logo após no dia 30 de maio de 2016, com a supervisão do Professor Luís Eduardo Suzuki. Onde foi posto a análise e feito os estudos sobre o conteúdo de água no solo em diversos aspectos e estudos.
Em Física do Solo, define-se tamanho de poro como o diâmetro da maior esfera inscrita no interior do espaço ocupado pelo poro. É por esse motivo que os poros do solo são classificados em termos de diâmetro de poro. Assim, Koorevaar et al. (1983) classificam, empiricamente, os poros do solo em três grupos: Macroporos (poros com diâmetro maior que 100 µm), mesoporos (poros com diâmetro entre 30 e 100 µm) e microporos (poros com diâmetro menor que 30 µm). (LIBARDI, 2005).
Solos com maior proporção de espaços porosos em relação ao volume de sólidos possuem menor densidade com menos espaços porosos e, portanto, são mais compactados. Consequentemente, qualquer fator que influencie o espaço poroso afetará a densidade do solo.
A densidade do solo tende a aumentar à medida que aumenta a profundidade do perfil; isto se deve, provavelmente, ao menor teor de matéria orgânica, menor agregação, menos raízes e a uma compactação causada pela massa das camadas superiores. (BRADY; WEIL, 2013).
O potencial total de água no solo é dado por (REICHARDT, 1996):
ψ t = ψ p + ψ g + ψ os + ψ m
Sendo que a componente osmótica não é importante no estudo do movimento da água, a não ser quando existe alguma membrana semipermeável no sistema, como é o caso das membranas celulares (REICHARDT, 1996)
À medida que a água infiltra no solo, as camadas superiores do perfil vão se umedecendo no sentido de cima para baixo, alterando gradativamente a umidade do solo. Enquanto há aporte de água, o perfil de umidade tende a saturação em toda a profundidade, sendo a camada superficial, naturalmente, a primeira a saturar. Normalmente a infiltração decorrente de precipitações naturais não é capaz de saturar todo o solo, restringindo-se a saturar, quando consegue, apenas as camadas próximas a superfície conformando um perfil típico onde o teor de água decresce com a profundidade (SILVEIRA et al., 2000).
Em relação ao movimento de água através de material poroso, condicionado ao fato de que a densidade de fluxo seja suficiente baixa para o fluxo ser laminar e não turbulento, a velocidade do movimento é diretamente proporcional à força motriz e inversamente proporcional a resistência ao fluxo. Assim, a expressão formal descrevendo a densidade de fluxo é dada pela equação de Darcy:
Jw = -K dh/dx
Onde K é a condutividade hidráulica, que também é recíproco da resistência ao fluxo. Importante salientar que a infiltração é diretamente proporcional a condutividade hidráulica do solo saturado (Ks) ou próximo à saturação, sendo, portanto, fundamentalmente dependente da magnitude desta (WHITE, 2009).
O objetivo das aulas práticas foi colocar em execução os conteúdos vistos em sala de aula e abranger o conhecimento relacionado à densidade de partículas e do solo, bem como os cálculos específicos dos poros e das umidades, do mesmo modo, aplicar o entendimento de propriedades da água e conteúdo de água no solo, da mesma maneira pondo em prática o experimento de infiltração no campo, realizando também os cálculos referentes à condutividade hidráulica, relacionando os componentes do solo.



















Materiais e métodos:
Um martelo
Cinco cilindros
Pá de corte
Colher de pedreiro
Três tampas
Extrator
Elásticos
Tecidos
Estilete e tesoura
Mesa de tensão
Estufa
Paquímetro
Balança
1 pedaço de cano (PVC)
444 ml de água
3 balões volumétricos de 50 ml
Funil
Bureta graduada
Becker

Conforme o conhecimento já obtido a partir das aulas, foram realizadas duas saídas de campo em áreas distintas do campus Anglo, onde foi observada a presença de uma camada coberta por folhas e na camada superficial alto teor de matéria orgânica. Após analisado o local, pode-se ser feito a retirada das partículas de solo e levado ao laboratório para as suas diversas análises
Determinação do conteúdo de água no solo pelo método gravimétrico
Procedimento 1: Foi determinado um local ideal para coleta da amostra de solo que pudesse servir de referência para o local em seu entorno. Foi escolhida uma área cerca de 1,0m² sob a sombra para coletar as amostras.
Procedimento 2: Utilizando-se de uma pá, foi aberto uma camada de cerca de 10cm de profundidade no solo. Aberto o solo, utilizou-se um martelo emborrachado para a inserção dos cinco cilindros ligados ao extrator no solo até estarem completamente cheios. Para a retirada dos cilindros, foi necessária uma colher de pedreiro para aflouxar o solo compactado abaixo do cilindro, usando uma tampa plástica para manter a integridade da amostra durante sua movimentação.
Procedimento 3: Após a retirada das amostras e seu transporte até o laboratório, foram retirados excessos de solo das amostras e ocorreu a pesagem delas ainda úmidas, em condições de campo. Assim que acabadas as pesagens, iniciou o processo de saturação, onde os cilindros foram dispostos em uma bacia com água em quantidade suficiente para a saturação por completo.
Procedimento 4: Com as amostras saturadas, estas foram pesadas novamente e colocadas na mesa de tensão com um valor de 60 kpa para a liberação do espaço macroporoso.
Procedimento 5: Tendo o espaço macroposo liberado, foram pesadas novamente as amostras e colocadas em uma estufa, para a secagem completa, possibilitando a estimativa de microporos futuramente.
Procedimento 6: Tendo cada amostra em sua fase seca, estas foram novamente pesadas e o solo descartado.
Procedimento 7: Foram calculados o diâmetro e a altura dos cilindros com um paquímetro, medidas necessárias para os cálculos com fim de estimativa de macroporos e microporos.
Procedimento 8: Após realizar os métodos específicos para a obtenção dos resultados, realizaram-se cálculos para identificar: a umidade gravimétrica, o volume do cilindro, umidade volumétrica e a densidade do solo, bem como sua porosidade total, a quantidade de microporos e macroporos contido em cada amostra. Em seus respectivos cilindros (já calculado o diâmetro e altura com o paquímetro) e com a porosidade e densidade já conhecida.
Segundo o Manual de Métodos de Análise de Solo da EMBRAPA, o Princípio de Determinação do teor de umidade presente na amostra de solo consiste em: Colocar a amostra, com ou sem estrutura deformada, em lata de alumínio numerada e de peso conhecido. Pesar e transferir para estufa a 105-110ºC, deixando nesta condição durante 24 horas. Retirar da estufa, colocar em dessecador, deixar esfriar e pesar.
Utilizando as seguintes equações:
Umidade Gravimétrica (Ug) = (Peso Úmido – Peso Seco) ÷ (Peso Seco) {g/g}
Umidade Volumétrica (Uv) = (Peso Úmido – Peso Seco) ÷ (Volume do cilindro) {cm3/cm3}
Volume do Cilindro (Vc) = (πd2 ÷ 4) × h {cm3}
Densidade do Solo (Ds) = (Solo Seco) ÷ (Volume do cilindro) {g/cm3}
Porosidade Total (Pt) = (Peso Saturado – Peso Seco) ÷ (Volume do Cilindro) {cm3/cm3}
Macroporosidade (Map) = (Peso Saturado – Mesa de tensão a 60 cca) ÷ (Volume do Cilindro) {cm3/cm3}
Microporosidade (Mip) = (Mesa de tensão a 60 cca – Peso Seco) ÷ (Volume do Cilindro) {cm3/cm3}

Infiltração de água e condutividade hidráulica
Procedimento 9: Foi encontrada uma nova área que pudesse servir para a coleta das amostras e observou-se novamente a presença de uma camada de folhas na superfície e grande conteúdo de matéria orgânica e organismos atuando.
Procedimento 10: Abriu-se uma trincheira com cerca de 20cm de profundidade utilizando uma pá de corte.
Procedimento 11: Com a utilização dos cilindros, extratores e martelo, foram coletadas 5 amostras de solo da trincheira. Igualmente ao procedimento 2, foram retiradas com atenção a sua integridade.
Procedimento 12: Próximo à trincheira, um cilindro de PVC foi inserido no solo até a metade de sua com a ajuda de um martelo emborrachado. Após sua colocação, foi despejado 444ml de água dentro do cilindro e cronometrado o tempo. Esse valor foi utilizado para testar a infiltração de água no solo por meio de uma tabela de valores pré-estabelecidos.
Procedimento 13: Foram recolhidas as ferramentas e fechadas às trincheiras, seguindo para o laboratório para a parte de preparação das amostras. As amostras recolhidas foram limpas e preparadas para a saturação, onde passaram 14 dias neste processo.
Procedimento 14: As amostras foram dispostas em um permeâmetro (condutividade hidráulica) e sofreram ação de um fluxo de água constante. Saturando as amostras, determinando a altura do cilindro, a carga hidráulica, fazendo assim, com que a água saísse do cilindro e caísse em um Becker, cronometrando o tempo de leitura para leitura. Pode-se pela lei de Darcy analisar o fluxo por meio poroso com uma relação entre a quantidade de água que saía do cilindro e o tempo.
Procedimento 15: As amostras foram pesadas e dispostas em uma bandeja para serem encaminhadas para a secagem na estufa, onde após essa se pode obter o peso das amostras secas.
De acordo com o Manual de Métodos de Análise de Solo da EMBRAPA, após as medidas tomadas a partir do procedimento utilizando o permeâmetro atingirem uma média, utilizando a seguinte equação, conhecida como lei de Darcy, pode se estimar a condutividade hidráulica do solo analisado.
K = Q x L / A x H x t (cm/h)

K = condutividade hidráulica em cm/h
Q = volume do percolado em ml, ou seja, o valor da última leitura quando não há variação entre os valores anteriores, ou a média das duas leituras quando há alguma variação.
L = altura do bloco do solo em cm
H = altura do bloco do solo e da coluna em cm
A = área do cilindro em cm2
t = tempo em horas










Resultados e discussão:
Os resultados alcançados sobre umidade volumétrica e umidade gravimétrica do solo, densidade do solo, microporosidade, macroporosidade e porosidade total do solo, foram calculados a partir dos dados obtidos na primeira aula prática, conforme Anexo 1. Nele estão impressas as medidas dos cilindros utilizados na coleta (massa, altura e diâmetro), das amostras (massa úmida, saturada, seca e sob tensão de coluna d'agua) e dos tecidos e elásticos utilizados para conservar a estrutura do material analisado.
Os valores obtidos através dos cálculos de umidade gravimétrica (Ug), umidade volumétrica (Uv) e densidade do solo (Ds) apresentam uma relação entre a densidade e a umidade do solo, seja ela volumétrica ou gravimétrica (Tabela 1). Apesar de a densidade ter uma variação de 0,2023 g/cm³, considerando o maior e o menor valor para essa medida, é possível verificar que a variação na porcentagem da Uv e Ug chega, respectivamente, a 9,26 % e 16,19 %
Tabela 1: Resultados do ensaio de Umidade Gravimétrica do Solo, Umidade Volumétrica do Solo e Densidade do Solo

Umidade do Solo
Densidade do Solo

Gravimétrica
Volumétrica

Cilindro Número
g/g
%
cm³/cm³
%
g/cm³
17
0,4353
43,53%
0,3981
39,81%
0,9145
264
0,4161
41,61%
0,3926
39,26%
0,9433
204
0,3392
33,92%
0,3301
33,01%
0,9732
203
0,3026
30,26%
0,3184
31,84%
1,0524
251
0,2734
27,34%
0,3053
30,53%
1,168

Geralmente, conforme a diminuição da umidade do solo a densidade também é reduzida, pois nessas condições há a desestruturação do mesmo (SOUZA et al., 2006). No entanto, os resultados obtidos apresentam um aumento na Ds à medida que Ug e Uv estão decrescendo (Gráfico 1). Esse comportamento pode ser explicado por uma possível compactação da amostra ao extraí-la de seu perfil com o anel de Kopecky. Pois o método pode interferir nas propriedades físicas do solo, por meio das vibrações geradas através das pancadas do martelo no extrator, ou por compactação indesejada (GUARIZ et al.,2009).

Gráfico 1: Relação inversamente proporcional da Ds com Ug e Uv.
Os dados sobre a densidade de partícula foram adquiridos através do método do balão volumétrico, utilizando uma amostra independente das que foram coletadas em campo. Os valores encontrados referentes a Dp das amostras analisadas foram de aproximadamente 2,63 g/cm³, para o balão número 14 e, 2,59 g/cm³, para os balões 16 e 20 (Tabela 2). Tais valores se aproximam de 2,65 g/cm³, já que as partículas do solo são basicamente formadas por quartzo, feldspato e silicatos de alumínio coloidais, cujas densidades rondam essa média (HEINRICHS, 2010).
Tabela 2: Demonstração da densidade de partícula. 1= O volume do balão utilizado é de 50 mL.


Volume


Massa do Solo
Solução Utilizada
Ocupado por Solo
Densidade de Partícula
Balão Volumétrico¹
(g)
(mL ou cm³)
(cm³)
(g/cm³)
14
20
42,4
7,6
2,6316
15
20
42,3
7,7
2,5974
20
20
42,3
7,7
2,5974

Ao analisar a porosidade do solo amostrado obteve-se a média de 0,1534 cm³/cm³ e 0,4732 cm³/cm³, para macroporosidade (MP) e microporosidade (mP), respectivamente. A porosidade total (PT) alcançou máxima de 68,35% e mínima de 53,27%, o que a enquadra na variação de 30 % a 80 % da porosidade total dos solos (PET AGRONOMIA UFAC). Nota-se que a mP varia entre 36,09% a 52,39%, possuindo amplitude de 16,3%, enquanto que a MP sofre apenas 4,43% de variação (Tabela 3).
Tabela 3: Resultados de Macroporosidade, Microporosidade e Porosidade Total. Adotaram-se as medidas em cm³/cm³ (centímetro cúbico por centímetro cúbico) e % (medida percentual) para ter uma maior amplitude de interpretação de dados.
Cilindro Número

Macroporosidade
do Solo

Microporosidade
do Solo

Porosidade Total
do Solo









cm³/cm³
%

cm³/cm³
%

cm³/cm³
%
251

0,1717
17,17%

0,3609
36,09%

0,5327
53,27%
203

0,1274
12,74%

0,4638
46,38%

0,5912
59,12%
204

0,1428
14,28%

0,5042
50,42%

0,6470
64,70%
17

0,1547
15,47%

0,5239
52,39%

0,6786
67,86%
264

0,1706
17,06%

0,5129
51,29%

0,6835
68,35%










Média

0,1534
15,34%

0,4732
47,32%

0,6266
62,66%

Os valores de PT, mP e MP, caracterizam uma tendência de aumento das porosidades entre si. Com exceção da amostra do cilindro 251, que possui a maior macroporosidade em relação as outras amostras de MP, não seguindo a tendência. Tal fato pode ser explicado pela presença biológica no local, tanto a interferência radicular quanto de pequenos invertebrados. O cilindro 17 apresentou a maior mP, no entanto não deixa de seguir o crescimento da PT, pois a amostra do cilindro 264 sofre uma queda percentual muito baixa.
O volume vazio do solo apresenta um declive contínuo à medida que a Ds aumenta. Isso ocorre, pois quanto mais próximas as partículas do solo se organizam, maior a quantidade de sólidos e menor o volume de poros. Já quando houver formação de agregados, as partículas não estarão mais tão próximas, aumentando a taxa de porosidade, principalmente microporosidade (RIBEIRO et al., 2005). Por isso, caracteriza-se a PT como sendo proporcionalmente inversa a Ds, uma vez que, compactando o solo, o espaço entre as partículas solida são eliminados (REINERT E REICHERT, 2006). Essa relação fica explicita no Gráfico 2.

Gráfico 2: Relação inversamente proporcional entre Densidade do Solo (Ds) e Porosidade Total (Pt).
A condutividade hidráulica do solo saturado (Ks) foi determinada, assim como a taxa de infiltração (TI), a partir dos dados obtidos na segunda aula prática (Anexo 2 e Anexo 3). A tabela Anexo 2 contêm medidas de volume de água coletada, através do método do permeâmetro de carga contínua (MPCC), para determinação de Ks; a carga hidráulica (CH) que atuou sobre a amostra - no anexo nomea-se CH como lâmina; o tempo de espera entre as leituras, onde os cinco minutos utilizados na prática foram convertidos para horas. Já a tabela do Anexo 3, possui em suas linhas informações sobre o cilindro (altura, massa e volume) e da amostra em si (massa saturada e seca).
Os resultados obtidos após averiguar os resultados do MPCC na determinação de Ks, foram analisados juntamente com a Ds e PT do solo. Os valores de Ks variam muito de amostra para amostra, tendo como amplitude média observada 290,6084 mm/h, mas sua maior variação chegou a 316,633 mm/h, referente a primeira leitura. Já a densidade apresenta média de 1,2667 g/cm³, enquanto que a PT tem mínima de 36,95 % e máxima de 40,99 %, variando apenas 4,04 % entre sua menor e maior grandeza (Tabela 4).
Tabela 4: Condutividade Hidráulica de Solo Saturado, através do método do permeâmetro de carga constante. Apresenta a porosidade total e densidade do solo analisado.
Cilindro Número
Condutividade Hidráulica em Solo Saturado (mm/h)

Porosidade Total
Densidade do Solo






1° Leitura
2° Leitura
3° Leitura

Média

(%)
(g/mm³)
315
231,3299
240,0047
231,3299

234,2215

40,99
1,1784
314
184,6483
193,5829
178,6919

185,6411

36,95
1,2373
311
30,362
34,6995
37,5911

34,2175

43,11
1,4003
312
54,4223
57,4457
54,4223

55,4301

39,81
1,1885
313
346,9948
332,5367
294,9456

324,8257

29,17
1,3288

As taxas de Ks apresentam um aumento à medida que os valores de Ds diminuem (Gráfico 3). Com exceção da amostra 312, que com Ds igual a 1,1885 g/mm³, um dos menores valores observados nessas amostras, possui taxa de condutividade de 55,4301 mm/h, um dos valores mais baixos de Ks. Ao mesmo tempo apresenta PT de 39,81%, uma das maiores grandezas dessa medida. Isso se deve principalmente porque a condutividade não se dá apenas pela quantidade de poros ou Ds, mas também a continuidade dos espaços preenchidos por água, no solo saturado, além da sua estrutura, textura e tamanho de poros (BERNARDES, 2005).
Em solos saturados o potencial matricial é nulo, o que significa que a capilaridade e a adsorção são iguais a zero, pois todos os espaços existentes entre as partículas do solo estão preenchidos por água (REICHARDT, 1975). No entanto, como Bernardes (2005) sugere, o tamanho dos poros e sua estrutura são imprescindíveis na determinação da taxa de Ks. Em relação a amostra 312, supõe-se que: seus poros possuem um diâmetro que os qualifica como microporos, além de seus vazios não serem contínuos e sua estrutura não facilitar a passagem dos fluidos.

Gráfico 3: Diagrama demonstrando a tendência da condutividade hidráulica do solo saturado (Ks) em diminuir com o aumento da densidade do solo (Ds).
Outra excessão, a amostra 313 que, ao contrário da 312, apresenta condutividade de 324,8257 mm³/h, o maior índice, e sua Ds também é alta, 1,3288 g/mm³, segundo maior valor de densidade. Tal amostra tem como percentual de poros totais apenas 29,17 %, o menor encontrado nesse solo. Apesar de Pereira (2008) dizer que "quanto maior a densidade do solo, menor a condutividade", observa-se que a amostra apresenta alta condutividade, mesmo submetida a uma densidade considerável alta, em relação aos demais dados do estudo realizado, e baixa quantidade de poros.
Levando em conta Brady (1983) que considera os macroporos como protagonistas, referindo-se à Ks, bem como sua textura e arranjo estrutural. Além de ter verificado a instabilidade dos aspectos físicos do solo no local analisado, por ter grande interferência biológica, principalmente de minhocas e sistemas radiculares, o que eleva os índices de macroporosidade. Constata-se que a alta condutividade em uma área de baixa PT, se deve ao fato dos poros existentes serem predominantemente da ordem dos MP, além de possuírem continuidade e texturas favoráveis ao escoamento da solução (Gráfico 4).

Gráfico 4: Relação entre a condutividade hidraulica do solo saturado e a porosidade total do solo. As colunas devem ser conferidas com os dados do eixo esquerdo, já a linha deve ser comparada com o eixo direito.














Conclusão
A importância da determinação desses dados para uma amostra de solo é inúmera. Na agricultura, vemos que o conhecimento dos dados do solo para o manejo de culturas é fundamental. Como exemplo, temos o plantio direto, que consiste em uma técnica eficiente no controle das perdas de solo e água e tem sido adotado por um número cada vez maior de agricultores. No entanto, apesar das inúmeras vantagens, alguns fatores têm causado frustrações com a adoção dessa tecnologia, motivando o retorno ao sistema convencional de preparo do solo. Os fatores principais são: a compactação do solo em superfície em excesso, devido à ausência de revolvimento do solo e o tráfego de máquinas e implementos. Os diferentes mecanismos de mobilização do solo alteram sua estrutura e seus atributos físicos, em virtude do grau e intensidade de mobilização (Shaffer & Johnson, 1982).
No sistema de plantio direto, a movimentação do solo é restrita à linha de semeadura, mas a ocorrência sistemática do tráfego causa compactação na superfície do solo. Resultados demonstram que cerca de 80-90% da compactação potencial ocorre logo após as primeiras entradas de máquinas na área (Meek et al., 1988; Blackwell et al., 1989). Sabe-se que a compactação do solo pode contribuir para a redução da produtividade, pois a mesma altera as propriedades físicas do solo, geralmente, aumentando a densidade, reduzindo a porosidade total e a porosidade de aeração. Como o efeito da compactação é maior na superfície, pode ocorrer uma redução na capacidade de retenção de água e causar problemas no cultivo e manejo das plantações.
Em relação à infiltração, o sistema de plantio direto proporciona valores de taxa de infiltração estável de água no solo superiores aos do preparo convencional. Isso ocorre justamente devido à quantidade de matéria orgânica existente na superfície do solo, reduzindo o problema de selamento superficial. Percebe-se, assim que o manejo adotado que promove a compactação e, como consequência, a redução da macroporosidade do solo, contribui para a redução da taxa de infiltração.
A partir desse exemplo de plantio direto, observa-se a importância da coleta de dados do solo tanto para o aumento da produtividade do terreno como para futuros problemas a serem ocasionados pelo uso de máquinas. Além disso, a análise de solo tem baixo custo operacional, comparado aos enormes benefícios que traz. Os benefícios também envolvem o conhecimento sobre adubação, pois conforme os dados químicos do solo sabem-se quanto de adubo é necessário. Sendo assim, a análise do solo se torna imprescindível para um estudo de um terreno.





Referências Bibliográficas

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SILVEIRA et al., 2000
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Anexos:

Anexo 1: Tabela com dados quantitativos dos materiais e das amostras utilizadas nas análises.

Dados dos Materiais

Massa da Amostra
Cilindro
Tecido + Elástico

Desconto dos Materiais
Número
Volume (cm³)
Massa (g)
Massa (g)

Saturada (g)
Tensão 6kPa (g)
Seca (g)
Umidade Campo (g)









17
50,292
69,19
7

80,12
72,34
45,99
66,01
203
50,221
68,81
4,65

82,54
76,14
52,85
68,84
204
49,857
69,12
5,05

80,78
73,66
48,52
64,98
251
50,313
68,85
4,5

82,99
74,35
56,19
71,55
264
50,947
69,34
5,21

82,88
74,19
48,06
68,06








Anexo 2: Tabela com os dados coletados através da experimentação do método de permeâmetro de carga continua, para determinação da condutividade hidráulica de solo saturado.
Cilindro Número
Volume de Água Coletada (mL/1000 ou mm³)

Lâmina
Tempo de Leitura






1° Leitura
2° Leitura
3° Leitura

Média das Leituras

(mm)
(min x 60, ou h)
311
10.500
12.000
13.000

11.833,3333

38,8
0,0833
312
18.000
19.000
18.000

18.333,3333

35,8
0,0833
313
120.000
115.000
102.000

112.333,3333

38,8
0,0833
314
62.000
65.000
60.000

62.333,3333

36,8
0,0833
315
80.000
83.000
80.000

81.000

38,8
0,0833

Anexo 3: Tabela com dados referentes aos anéis de Kopeck e das amostras utilizadas no experimento do método do permêametro de carga continua. 1: O valor de 30 mm foi adotado por ser a medida média dos anéis utilizados. 2: O volume foi calculado levando em conta um valor médio dos anéis utilizados. Por conta do item 1 e 2 pode haver algum erro percentual, no entanto esse valor não é representativo, por se tratar de uma diferença muito pequena. 0: o valor dos elásticos e cilindros já foram descontados da massa das amostras.
Cilindro

Massa da Amostra°
Número
Massa
Altura¹
Volume²

Saturada
Seca

(g)
(mm)
(mm³)

(g)
(g)
311
51,84
30
54.259

99,37
75,98
312
51,32
30
54.259

86,09
64,49
313
69,37
30
54.259

87,93
72,1
314
52,47
30
54.259

87,19
67,14
315
52,25
30
54.259

86,18
63,94








Relação da Ds com Ug e Uv
Número do Cilindro da Amostra


Densidade do SoLo (g/cm³)



Relação PT x Ds
Cilindro da Amostra

Porosidade Total (cm³/cm³)

Densidade do Solo (g/cm³)



Relação entre Ks e Ds

Densidade do Solo (g/mm³)


Condutividade Hidráulica (mm/h)




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