dia de aranha

July 25, 2017 | Autor: Sonia Vaz | Categoria: Literature, Psicología
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HISTÓRIAS DA SPYLLER - A Espalhadora





DIA DE ARANHA


Spyller é mesmo uma especula de rodinha, ou melhor, de caldeirão e
colher.
Num dia desses encontrou-se com uma mulher roliça e brilhante. Velhos
cabelos emolduravam sua negra face.
Carregava galhos de lenha para esquentar o seu frio.
Vinha num passo leve e firme, quase lento, em sua direção.
Spyller acreditou que ali estava um momento encantado e que não
poderia desperdiçá-lo.
Parou a sua frente. E como é de seu costume abordou-a com a pergunta:
"Querida mulher da terra, em minha sensibilidade posso sentir que tens a
sabedoria para a resposta que venho procurando. Diz-me, o que será de
hoje?".
A linda senhora negra, sem se desviar, e como é de seu costume, parou
à sua frente acolhendo a inusitada.
Descansou os galhos no chão. Sentou-se na poeira da estrada e
convidando-lhe para fazer o mesmo, contou-lhe a seguinte história: "Após as
grandes chuvas, lá no alto da colina, surgiu sabe-se lá de onde, uma imensa
aranha preta e marrom".
Logo, muitas pessoas se juntaram para observá-la. E ela ali ficava,
imóvel, com seu ventre inchado e pronto para parir.
Algumas pessoas diziam que devia ser venenosa.Outras diziam que não.
Até que uma mulher também da terra, gorda de vida e negra de luz,
sorriu seu sorriso branco e gostoso e num olhar de jabuticaba, abraçou e
aconchegou a todos, inclusive a aranha.
Falou que tal aranha era mesmo um fato. E que cada uma das aranhas de
seu ventre era uma surpresa.
Ninguém poderia saber do que se tratava até que aparecesse em sua
frente dia-a-dia.
E assim Spyller, até hoje, e você nem precisa subir até lá para ver,
todos os dias nasce uma aranha. Às vezes rosa, às vezes vermelha, às vezes
fria ou quente, outras azuis, outras negras, verdes ou esquisitas, roxas,
trágicas, delicadas...Ou mesmo, amarelas, douradas, pálidas ou lilás da cor
do sonho.
Dizem, lá na colina, que a grande aranha parideira é uma fantasia.
Mas que as aranhinhas saltam todos os dias à sua frente, numa
trágica mudez, aguardando seu desempenho...Ah! Isso elas fazem mesmo!
Portanto minha querida amiga, disse a senhora da lenha e do fogo,
receba e desempenhe cada uma das aranhas que a ti se apresentar. É arte e
prazer.
Spyller, contagiada pelo êxtase de tanto carinho, deu um beijo em
suas bochechas fofinhas e redondinhas. Olhou para dentro de seu caldeirão e
só então se deu conta, de que havia acabado de cozinhar uma aranha tecedora
das cordas da razão e dos acordes da sensibilidade.
Naquele dia, depois de voar com sua vontade, convidou os amigos para
o belo da tessitura de seu jantar.


Sonia R. Lunardon Vaz
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