Diabetes e as Perturbações do Comportamento Alimentar

May 23, 2017 | Autor: Isabel Quinta | Categoria: Diabetes Mellitus and Its Complications
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Diabetes e as Perturbações do Comportamento Alimentar Isabel Quinta Faria Psicóloga Clínica e da Saúde Membro da Ordem dos Psicólogos. Cédula nº:19556 [email protected] 2012

Nos últimos 25 anos têm aumentado o número de investigações sobre a comorbidade da Diabetes e das Perturbações do Comportamento Alimentar, tais como Anorexia Nervosa, a Bulimia Nervosa ou a Compulsão Alimentar Periódica. A prevalência das Perturbações do Comportamento Alimentar na Diabetes é de 10% a 14% e não são fáceis de diagnosticar porque ambas implicam preocupações elevadas com dietas, categorização de alimentos perigosos ou proibidos, controlo alimentar e controlo do peso. No caso da Diabetes Mellitus Tipo 1, as Perturbações do Comportamento Alimentar mais frequentes são a Anorexia Nervosa e a Bulimia Nervosa, sendo também mais usuais nas mulheres. Na Diabetes Mellitus Tipo 2 estes dois distúrbios são quase inexistentes, sendo mais provável ocorrer o Distúrbio da Compulsão Alimentar Periódica, ou problemas físicos tais como a obesidade.

MOTIVOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS PERTURBAÇÕES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM SUJEITOS COM DIABETES

Foram observados as seguintes causas adjacentes relacionada com o desenvolvimento das Perturbações do Comportamento Alimentar em sujeitos com Diabetes:

a) Crenças - Verifica-se que 90% deste tipo de Perturbações na Diabetes começa com crenças sobre o tipo de dieta estipulado, sendo que, a prescrição feita pelo nutricionista pode ser interpretada pelo indivíduo como ordens e criar nele a crença de que a alimentação e a comida em concreto deverão ser algo a evitar.

b) Aumento de peso - Na Diabetes Mellitus Tipo 1 verifica-se que muitos sujeitos no momento em que lhes é diagnosticado a doença o seu peso é menor do que o suposto. Mais tarde, com a aplicação diária da insulina, dá-se o reequilíbrio metabólico do organismo, que irá provocar um aumento do peso. Para perderem peso, esses indivíduos (cerca de 15% dos diagnosticados) omitem a aplicação da insulina, numa espécie de conduta purgativa. Assim

sendo, não conseguem assimilar as calorias ingeridas nas refeições diárias nem se tiverem episódios de Compulsão Alimentar.

c) Crescimento: Na infância ou adolescência de um doente com Diabetes Mellitus Tipo 1 poderá ser necessário aumentar a aplicação de insulina para 50% devido ao seu crescimento ou entrada na puberdade. Isto poderá aumentar o consumo de comida e como consequência gerar sentimentos de culpa. Sendo assim, uma das causas para que o sujeito querer diminuir a aplicação da insulina, de forma a diminuir o seu peso.

d) Imagem distorcida do corpo - este pode ser visto de forma distorcida em relação à realidade. P.e., o sujeito pode ficar obcecado com o facto de possuir marcas de agulhas causados pela aplicação de insulina.

e) Stresse e Controlo - como a Diabetes é uma doença crónica, o seu diagnóstico implica que o indivíduo sofra alterações ao nível da identidade e da autonomia, o que resulta num difícil processo psicológico de adaptação. Isto poderá ter impacto na autoestima, gerar ansiedade, depressão, desregulação do humor. Por esse motivo, no sentido de resgatar o sentimento de controlo o sujeito poderá tentar manipular a aplicação de insulina, o consumo de medicação e restringir a sua dieta. Este tipo de comportamento verifica-se muito em crianças com esta doença crónica que sofrem uma super-protecção por parte dos seus progenitores.

COMO PREVENIR

Verifica-se que a prevenção pode ser realizada das seguintes formas:

- Vigiar o período critico pós-diagnóstico: Por norma, após os 9 meses dá-se o ajustamento à doença. Caso isso não aconteça isso pode querer dizer que existem problemas de adaptação. Assim sendo, é aconselhado que o indivíduo tenha acompanhamento psicológico ou suporte de grupo de pares, para que possa falar de variados aspetos levantados pela doença e outros assuntos em comum.

- A família deverá ser integrada no momento de prevenção: para que se dê desenvolvimento de estratégias de coping adaptativas e permitir, dessa forma, a diminuição do desgaste negativo

produzido pelo stresse.

- Psicoeducação: É importante avisar os sujeito sobre as alterações da imagem do corpo que possam vir a sofrer, tais como o aumento do peso causado pela melhoria do controlo da glicemia; bem como as implicações da doença, as dificuldades, etc.

- Estratégias para a gestão nutricional e do peso: podem ser planeadas e discutidas. Na gestão nutricional invés de se enfatizar na comida não saudável, enfatizar na alimentação saudável, tendo em consideração o tipo de vida que a pessoa leva.

- Reconhecer sintomas de stresse: tal permite que com maior facilidade se previnam as Perturbações Alimentares. Para isso é importante saber como a pessoa com Diabetes perceciona a doença ao nível pessoal, social, sexual e profissional.

Em suma, após o diagnóstico da Diabetes dever-se-á observar pontos críticos como stresse, imagem corporal, ajustamento à insulina e medicação, perturbações afetivas e história familiar. Se a pessoa possuir Diabetes comorbida com Perturbações de Comportamento Alimentar será mais difícil controlar a glicémia, o que pode agravar os problemas relacionados com a Diabetes. No caso de ocorrer descompensações agudas graves a pessoa pode mesmo ser obrigada a ficar internada num hospital.

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