Dificuldades de Aprendizagem no Nível Superior: estudo de caso com graduandos de licenciatura em química

June 29, 2017 | Autor: D. Fernandes | Categoria: Educação, Química, Ensino de Química, Dificuldades de Aprendizagem, Licenciatura em Química
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Fernandes & Saldanha (2014)

Dificuldades de Aprendizagem no Nível Superior: estudo de caso com graduandos de licenciatura em química ¹FERNANDES, Dhion Meyg da Silva; ¹SALDANHA, Gabriela Clemente Brito. ¹Graduando de Licenciatura em Química, IFCE campus Quixadá/Bolsista Pibid Química. Emails: [email protected]; [email protected]. RESUMO A química é uma ciência que apresenta alto nível de importância social, pois está intrinsecamente presente em diversas áreas, como: médica, industrial, científicotecnológica. Um ensino de química de qualidade proporciona aos cidadãos conhecimentos que podem ser vastamente utilizados para o bem-comum, proporciona à sociedade uma conscientização sobre suas ações no ambiente em que vive, oferecendo saberes, métodos e teorias para investigação do mundo em busca de melhorias gerais. Nesta vertente, percebe-se a importância de uma educação em química eficaz para a manutenção e avanço da sociedade e do caráter intelectual humano. A área do Ensino de Química tem sido amplamente pesquisada por diversos estudiosos, os quais defendem que o processo de ensino-aprendizagem em química sofre diversas dificuldades em função de metodologias docentes, caráter abstrato e complexidade dos conteúdos, dentre outros, sendo ainda mais acentuadas no ensino superior pelo aprofundamento dos conteúdos. Esta pesquisa almeja observar em quais disciplinas os licenciandos apresentam maiores dificuldades, analisar quais as dificuldades mais frequentes e prejudiciais ao processo de ensinoaprendizagem em química e metodologias para saná-las.

Tratou-se de uma pesquisa de campo com a utilização de questionários dotados de 12 questões, sendo 05 objetivas, 04 subjetivas e 03 mistas, aplicados a 30 alunos do curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal do Ceará (IFCE) campus Quixadá. Observou-se que 93,34% dos participantes sentem dificuldades de aprendizagem no curso, 6,66% afirmaram não sentir dificuldades. As principais dificuldades apresentadas foram as aplicações de cálculos matemáticos em diferentes disciplinas específicas (67,8%) e o caráter abstrato dos conteúdos (12,9%); 70,97% afirmou que Cálculo é a disciplina mais dificultosa, sendo a metodologia docente e a deficiência em conteúdos básicos do Ensino Médio os maiores causadores de dificuldades na disciplina. Dentre as dificuldades listadas a mais prejudicial foi a aplicação da matemática em disciplinas específicas, 36,67% dos entrevistados; 69,7% afirmou que a melhoria na metodologia docente é a melhor maneira de sanar essas dificuldades. A maioria dos licenciandos sente dificuldades, principalmente em relação aos cálculos envolvidos e à didática docente, implicando em deficiência na formação do licenciando, havendo a necessidade de sanar essas dificuldades por meio de alteração na práxis docente.

Palavras-chave: dificuldades de aprendizagem, formação docente, licenciatura em química.

Learning Difficulties in Higher Education: a case study with undergraduate degree in chemistry ABSTRACT Chemistry is a science that has a high level of social importance because it is intrinsically present in several areas such as: medical, industrial, scientific and technological. A chemistry teaching quality gives citizens knowledge that can be widely used for the common good, provides society with an awareness of their actions on the environment in which it lives, providing knowledge, research methods and theories to the world in search of general improvements . In this respect, realizes the importance of education in effective chemical for maintenance and advancement of the human society and intellectual character. The area of the Chemistry Teaching has been widely researched by many scholars, who argue that the process of teaching and learning in chemistry suffers from several difficulties due to teachers methodologies, abstractness and complexity of content, among others, and even more pronounced in higher education by deepening the content. This research aims to observe disciplines in which the licensees have greater difficulty, which analyze the most frequent and harmful to the teachinglearning methodologies in chemistry and process

difficulties to solve them. It was a field survey using questionnaires provided with 12 questions, with 05 objective, 04 subjective and 03 mixed, applied to 30 students of degree in Chemistry from the Federal Institute of Ceará (IFCE) Quixadá campus. It was observed that 93.34% of the participants have difficulty learning in the course, 6.66% reported no difficulties. The main difficulties were presented applications of mathematics in different specific subjects (67.8%) and the abstract character of the contents (12.9%); 70.97% said that Calculus is the most troublesome subject, but the teaching methodology and disability in basic content of Secondary Education major causes of difficulties in the discipline. Among the most damaging problems listed was the application of mathematics in specific disciplines, 36.67% of respondents; 69.7% stated that improving the teaching methodology is the best way to resolve these problems. Most undergraduates feel difficulties, especially regarding the calculations involved and didactic teaching, implying a deficiency in the formation of licensing, with the need to resolve these problems through changes in teaching practice.

Keywords: learning difficulties, teacher training, degree in chemistry.

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Dificuldades de Aprendizagem no Nível Superior: estudo de caso com graduandos de licenciatura em Química

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INTRODUÇÃO A Química é uma ciência e disciplina que engloba, em seu ramo de estudo,

conteúdos que permeiam toda a realidade, desde os parâmetros macroscópicos até aos submicroscópicos; desta forma é perceptível sua aplicabilidade às diversas áreas da sociedade, como, médica, industrial, científico-tecnológico, dentre outras, assim tem-se a importância desta para a manutenção e o desenvolvimento da sociedade em geral. Desde os primeiros contatos da sociedade com a Química tem ocorrido uma modificação cultural percebida pelo desenvolvimento de técnicas e métodos que proporcionaram aos indivíduos melhores condições de trabalho e vida. Oliveira, Martins e Appelt (2010) referem-se a fenômenos que explicitam os avanços sociais em função de descobertas e conhecimentos químicos que modificaram as atividades cotidianas de diferentes civilizações ao longo do tempo. Os autores citam o desenvolvimento bélico dos Hilitas a partir de conhecimentos de manipulação do ferro; a transformação do método empregatício e educacional ocorrido na Revolução Industrial, a qual, teve grande contribuição dos novos saberes químicos da época; em tempos mais recentes, a industria petroquímica tem se desenvolvido à proporção que avança a Química moderna. Além da manutenção e desenvolvimento, a Química proporciona mecanismos que estão atrelados às resoluções para problemas sociais, tais como, questões ambientais e necessidades humanas, como, alimentação e vestuário (BROW; LEMAY; BURSTEN, 2005). Tendo em vista a importância social da Química, é fundamental que seus componentes, os cidadãos, sejam conhecedores conscientes dos saberes desta ciência, pois estes os proporcionarão maiores habilidades para atuar construtivamente em sua sociedade, lutando pelo bem-comum; bem como, informações que contribuem para investigação pessoal e social sobre a realidade cotidiana. Nesta temática, surge a necessidade de um ensino de Química de qualidade que garanta uma formação concreta e crítica do individuo sobre a Química. Assim, o 2

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Ensino Superior de Química tem um papel fundamental no ato de garantir a realização desta necessidade, posto que, é neste nível de ensino onde os futuros profissionais construirão suas competências para atuar de maneira crítica e construtiva na sociedade, o que é orientado no parágrafo II do art. 43º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (LEI Nº. 9.394/96). Para uma boa atuação profissional é necessário uma boa qualidade educacional, onde o professor passa a expressar sua importante contribuição social. Sousa (2009) destaca a missão nobre do docente para a formação do cidadão consciente, pois ele tem a capacidade de dirigir as mentes jovens propagando os novos e necessários saberes. Para que isto ocorra de modo satisfatório, o processo de formação dos professores deve possuir um grau de qualidade que os capacite a atuarem segundo as incumbências; nesta vertente, percebe-se a importância dos cursos de licenciatura. Tendo em vista a importância da Química e a necessidade de promoção de uma educação química de qualidade e associando a o grau de importância dos cursos de licenciatura para a atuação profissional eficaz, percebe-se a contribuição dos cursos nesta modalidade para a construção do conhecimento químico concreto e critico nos cidadãos seguindo as orientações da LDB (1996). Desta forma, os cursos de Licenciatura em Química apresentam uma importante contribuição na qualidade da educação química pelo fato de promover a formação de professores que atuarão nesta área, formando assim, futuros formadores de conhecimento (DCNCQ: BRASIL, MEC, 2001). Isto implica na necessidade de eficiência e qualidade considerável nos cursos de Química nesta modalidade. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Química (DCNCQ - CNE/CES, 2001), os cursos de Licenciatura em Química devem proporcionar aos licenciandos uma formação concreta dos conteúdos, com o devido aprofundamento teórico e experimental e de forma aplicada à sociedade em consonâncias às variações e especificidades do contexto sócio-cultural. Porém, diversos autores e estudiosos da área do Ensino de Química defendem a existência de diversas dificuldades no processo de ensino-aprendizagem que

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interfere negativamente no desenvolvimento das habilidades e competências do futuro professor. Carvalho et al., (2011) defende que o Ensino Superior de Química apresenta uma deficiência no ato de contextualizar os conteúdos, isto diminui a utilização dos conhecimentos prévios dos alunos, os quais poderiam melhorar a qualidade da aprendizagem visto que os alunos utilizariam seus conhecimentos do cotidiano para estruturarem novos saberes, além do fato de haver a motivação do aluno por estarem conscientes de onde a Química está presente em seu dia a dia. A Química é uma disciplina que, pelo fato de abranger conteúdos submicroscópicos e não passíveis de visualização real, apresenta uma abstração considerável o que dificulta a formação da aprendizagem, pois os discentes passam a ter dificuldades de visualizar e até de imaginar os conteúdos, assim, o caráter abstrato é uma dificuldade corriqueira dos licenciandos em Química (FERNANDES, 2014). Raupp et al. (2010) e Fernandes (2014) defendem que com a abstração, o processo de aprendizagem dos discentes torna-se menos eficientes, formando um conhecimento distante do saber crítico e concreto orientado pela LDB e DCNCQ, o que implica na formação de um futuro professor que tenderá a sentir dificuldades na sua práxis docente, proporcionando assim, uma continuidade na existência desta deficiência no processo de ensino-aprendizagem de Química em nível superior. Silva (2011) destaca outra dificuldade comum no ensino-aprendizagem de Química – a atuação docente. O autor relata que os professores utilizam geralmente a metodologia tradicional, o que não supre as necessidades na abordagem de conteúdos, sobre tudo, os mais abstratos. Além disso, esta abordagem de ensino prejudica a motivação dos alunos, pois as aulas tornam-se monótonas, cansativas e, de certa forma, ineficazes. A ciência e disciplina Química é altamente exata, fato que implica na necessidade de utilização de cálculos matemáticos em sua abordagem. De acordo com Paz et al. (2014) a dificuldade no processo de ensino-aprendizagem de Química e a utilização de cálculos aplicados à disciplina, sendo a variável que mais contribui para a existência de dificuldade em aprender Química.

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Nesta temática, a pesquisa busca sugerir possíveis soluções para a problemática das dificuldades de aprendizagem de licenciandos em Química, uma vez que os licenciandos estão a se preparar para sua atuação docente futura, assim o ato de sanar estas dificuldades minimizam as probabilidades de as mesmas serem repetidas no futuro. A pesquisa almeja observar em quais disciplinas os licenciandos apresentam maiores dificuldades, analisar quais as dificuldades mais frequentes e prejudiciais ao processo de ensino-aprendizagem em química e sugerir metodologias para saná-las. 2

METODOLOGIA

A pesquisa é do tipo exploratória com vertente quantitativa e qualitativa. Participaram da pesquisa 30 graduandos, com faixa etária de 18 a 40 anos, do Curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do IFCE campus Quixadá. Para a coleta de dados fora utilizado um questionário dotado de 12 questões, das quais 05 eram objetivas, 04 subjetivas e 03 mistas.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES Após a coleta de dados estes foram dispostos em gráficos e/ou tabelas para a

análise crítica e objetiva e a respectiva discussão do que fora observado. Percebeu-se que a grande maioria, 90%, dos licenciandos tiveram educação básica ocorrida em escolas públicas, ao passo que apenas 10% cursaram os Níveis Fundamental e Médio em escola particular. Fora percebido que uma grande parcela dos licenciandos não está cursando o curso que sempre almejou, estes somam o percentual de 76,6%, apenas 23,4% sempre almejaram cursar Licenciatura em Química. De acordo com a Figura 1, os motivos pelos quais os licenciandos escolheram o curso de Licenciatura em Química do IFCE campus Quixadá. Sendo os motivos mais citados a afinidade pela Química, somando 34,9% das respostas, e a afinidade pela ação docente, somando 25,58% das respostas dos licenciandos.

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Figura 1 – Motivos para a Escolha do Curso. Fonte: os autores. Percebe-se que a grande maioria dos alunos estão dentro dos parâmetros ofertados pelo curso, pois a somar o percentual de alunos que gostam de Química com o percentual de alunos que gostam de ensinar, ter-se-á um total de 60,49% de alunos que apresentam uma afinidade considerável à formação profissional do curso. Isto implica em maiores probabilidades de os licenciandos sentirem satisfação em cursar Licenciatura em Química, pois apresentam tendências de afinidade com o que é abordado no curso. A Tabela 1 mostra o quão estão satisfeitos os licenciandos em estarem a cursar Licenciatura em Química, é percebido que a grande maioria está satisfeita com o curso, 93,34%, sendo apenas 6,66 a percentagem de alunos que não apresentam tal sentimento com o ato de cursar Licenciatura em Química. Tabela 1 – Satisfação dos licenciandos pelo curso. Resposta

Percentual (%)

Sim

93,34

Não

6,66

Fonte: os autores.

Motivos pelos quais alguns alunos concederam a razão de estarem satisfeitos com o curso é a afinidade pelo curso; os licenciandos que afirmaram não sentir tanta satisfação no curso responderam sentir muitas dificuldades no processo de ensino-aprendizagem de Química, sobretudo, com os cálculos, as metodologias dos professores e a escassa oferta de bolsas científicas. 6

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A Tabela 2 mostra que grande parte dos licenciandos sente dificuldades no curso, chegando à somatória de 93,34%, à medida que apenas 6,66% dos alunos não sente dificuldades. Tabela 2 – Sente dificuldade no curso? Resposta

Percentual (%)

Sim

93,34

Não

6,66

Fonte: os autores.

Este dado é interessante, pois o mesmo percentual de alunos que citou sentir-se satisfeito no curso, também respondeu sentir dificuldades neste curso. Esta observação pode ser justificada com as respostas das questões abertas do questionário da pesquisa de campo, no qual grande parte dos graduandos citou que mesmo sentindo muitas dificuldades continua a interessar-se e buscar formas de continuar no curso. Ao indagar aos licenciandos quais as dificuldades por eles enfrentadas, percebeu-se que a aplicação dos cálculos matemáticos em diferentes disciplinas fora a maior dificuldade citada pelos alunos, somando 67,8% das respostas, sendo seguida de caráter abstrato dos conteúdos com 12,9% das opiniões, conceitos fundamentais (necessários para progressão dos conteúdos) somando 6,45%, a falta de conhecimentos prévio com 6,4% das respostas, as metodologias docentes deficientes com 3,23% dos votos e a falta de recursos com 3,22% das opiniões, o que pode ser visto na Figura 2.

Figura 2 – Dificuldades Sentidas no Curso. Fonte: os autores. Percebido que as dificuldades são várias vê-se à necessidade de superar estas dificuldades. Tendo em vista que são dificuldades atreladas à formação da 7

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aprendizagem, é fundamental que sejam propostas soluções para modificar esta realidade e fazer com que os futuros professores estejam capacitados e habilitados a atuarem segundo as diretrizes da LDB e as DCNCQ. As dificuldades apresentadas tendem a formar uma aprendizagem superficial, tornando o futuro docente não totalmente preparado para sua atuação profissional. Paz et al. (2010) obteve resultados similares quanto à dificuldade de aprendizagem dos alunos em Química sobre a utilização de cálculos matemáticos, o percentual encontrado na pesquisa dos referidos autores (68,6%) é parecido com o apresentado na Figura 2 (67,8%). Abstração nos conteúdos, citada pelos alunos, como visto na Figura 2, fora também apresentada por Fernandes (2014) e Raupp et al. (2010) como potenciais dificuldades para a formação da aprendizagem. Em específico, Fernandes (2014) apresenta dados que mostram dificuldades para a formação do conhecimento químico em função do caráter abstrato dos conteúdos, é válido ressaltar que esta pesquisa foi realizada com público semelhante, uma vez ter sido realizada a pesquisa de campo no curso de licenciatura em Química no IFCE campus Quixadá, o mesmo curso desta pesquisa. Interrogado aos licenciandos qual a disciplina em que mais sentem dificuldades, ficou bastante claro que cálculo é a disciplina mais dificultosa, dado que comprova os resultados da Figura 2. A Figura 3 mostra as disciplinas citadas como as mais dificultosas. É perceptível que disciplinas de Química (Química Geral I e Química Inorgânica II), disciplinas de Física (Mecânica e Eletricidade e Magnetismo) são citadas como difíceis, mas a disciplina de Cálculo tem um potencial de dificuldade consideravelmente superior às demais. Isto mostra nem sempre as dificuldades estão nas disciplinas específicas da área do curso, como as disciplinas de Química, mas estão também em disciplinas aplicáveis á área de estudo da ciência específico do curso. O cálculo é utilizado em aplicações nas diversas disciplinas de Química e Física do curso, há probabilidades de consequência desta dificuldade em cálculo como aprendizado não concreto dos saberes químicos práticos que exigem os conhecimentos matemáticos ou até mesmo dificuldade e não aprendizagem de conteúdos com tais necessidades de aplicação matemática.

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Figura 3 – Disciplina Mais Dificultosa. Fonte: os autores. A metodologia docente, a complexidade dos conteúdos, a aplicação matemática, o desinteresse discente e a considerável complexidade dos conteúdos foram citados por grande maioria dos alunos como os aspectos causadores das dificuldades nas disciplinas. De acordo com a Figura 4, dentre as dificuldades sentidas pelos discentes, as mais frequentes são exatamente as citadas pelos alunos como os aspectos que proporcionam as dificuldades nas disciplinas.

Figura 4 – Frequência das Dificuldades. Fonte: os autores. 9

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Ao ser indagado aos discentes sobre qual dificuldade é mais prejudicial à qualidade do ensino-aprendizagem, percebeu-se que os cálculos aplicados é opção mais citada por 32% dos discentes, didática desfavorável (28%), falta de contextualização (24%), abstração dos conteúdos (12%) e conteúdos complexos (4%), a opção dificuldades para ministrar aulas não pontuou. A Figura 5 retrata este resultado.

Figura 5 – Dificuldades Mais Prejudiciais. Fonte: os autores. Percebe-se que ao somar a opção “Falta de Contextualização” com a “Didática Desfavorável”, tem-se uma percentagem de 52% das dificuldades prejudiciais à formação da aprendizagem que têm relação direta com práxis docente, logo vê-se necessário uma modificação na atuação docente para uma possível minimização das dificuldades apresentadas. A opinião dos discentes, quantificada na Figura 6, sobre a solução a ser tomada para sanar estas dificuldades, reflete a necessidade de uma modificação na atual prática docente, segundo os licenciandos, é necessário inovar, tornar as aulas mais motivadoras, utilizar recursos didáticos que estejam em consonância às especificidades químicas (como métodos práticos e que diminuam a abstração desta disciplina), sendo ainda preciso recorrer a metodologias contextualizadas e interdisciplinarizadas com uma explanação menos “apressada” sobre os conteúdos e aplicando-os de modo mais corriqueiro e concreto. Também é exibido no resultado do Gráfico 6 a necessidade de os alunos motivarem-se mais, haver uma carga horária maior para estudos em sala e em grupo e oferta de monitoria. 10

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Figura 6 – Soluções para Sanar as Dificuldades. Fonte: os autores. Percebe-se que os alunos sentem a necessidade de melhorias nas metodologias docentes, esta é a solução que mais fora citada pelos discentes (69,7%), uma quantidade consideravelmente superior à metade das respostas. O interesse discente também é apontado por 15,15% dos licenciandos como uma forma de melhorar a situação dos alunos no curso, isto mostra que eles reconhecem que podem atuar de melhor maneira e são responsáveis também pelo seu desenvolvimento acadêmico. 4

CONCLUSÃO Os objetivos foram alcançados. A Grande maioria dos licenciandos em

Química sentem dificuldades no processo de ensino-aprendizagem, mesmo assim, felizmente, matem-se motivados e satisfeitos ao estarem neste curso. Diversas são as dificuldades apresentadas pelos graduandos, as principais são referentes à aplicação de cálculos matemáticos nas disciplinas específicas e o caráter abstrato dos conteúdos que agrega dificuldades de visualizar/imaginar conceitos químicos, fato que contribui diretamente para dificuldades na formação da aprendizagem. A disciplina mais dificultosa é Cálculo. As dificuldades no curso são frequentes e abrangentes, complexidades dos conteúdos, didática desfavorável, dificuldades para ministrar aulas, falta de contextualização, abstração de conteúdos e aplicação de cálculos são dificuldades frequentes no cotidiano curricular dos licenciandos. A dificuldade em aplicar os cálculos matemáticos e a deficiência na práxis docente (visto como a somatória de “falta de contextualização e didática desfavorável) e abstração dos conteúdos são as três dificuldades mais prejudiciais ao processo de 11

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ensino-aprendizagem dos licenciandos. Para sanar estas dificuldades é necessário alteração nas metodologias docentes, é preciso uma maior dinamização e inovação em sala de aula, uma sensibilidade sobre as especificidades requeridas para a abordagem dos diferentes conteúdos químicos, de cálculo e das demais disciplinas, mais recursos que minimizem o caráter abstrato, melhores recursos de monitoria e uma observação quanto à carga horária das disciplinas. AGRADECIMENTOS Sobretudo, a Deus, por sua infinita bondade, fidelidade e ajuda em todos os momentos da existência; aos licenciandos em Química, peças fundamentais à pesquisa; aos nossos orientadores Prof. Dr. Rafael Ribeiro Portela e Profa. Esp. Natália Parente de Lima; à Capes pela bolsa concedida. REFERÊNCIAS BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Química - PARECER CNE/CES 1.303/2001. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 6 nov. 2001. _______. LDB - Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LEI No. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. D.O.U. de 23 de dezembro de 1996. BROWN, T.L.; LeMay Jr, H. E.; Bursten, B.E. Quimica a ciência central. 9º ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. CARVALHO, R. B. F.; ALMEIDA, A. A. C.; DA SILVA, A. A. C. A.; LEITE, D. B. C.; ATAIDE, M.A. C. S. Dificuldades apresentadas por alunos do ensino superior do curso de licenciatura química diante de situações-problema e questões retiradas de listas tradicionais, annq, 2011. Disponível em:. Acesso em: 14 out. 2014. FERNANDES, D. M. da S. Utilização de Softwares Educacionais na diminuição da abstração no ensino-aprendizagem de química em nível superior. 2014, 88 f. Monografia (Graduação em Licenciatura e Química) – Instituto Federal do Ceará, Quixadá. OLIVEIRA, J. S.; MARTINS, M.M.; Appelt, H. R. Trilogia: Química, Sociedade e Consumo. QNEsc. v. 32, n. 3, ago. 2010. Disponível em: . Acesso em 13, 14 out. 2014. PAZ, G.L.; PACHECO, H. F.; COSTA NETO, C. O.; CARVALHO, S. C. P. S. Dificuldades no ensino-aprendizagem de química no ensino médio em algumas escolas públicas da região Sudeste de Teresina. Disponível em: . Acesso em: 14 out. 2014. RAUPP, D.; SERRANO, A.; MARTINS, T. L. C.; SOUZA, B; C. de. Uso de um software de construção de modelos moleculares no ensino de isomeria geométrica: um estudo de caso baseado na teoria de mediação cognitiva. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias. v. 9, n. 1, p. 18-34, (2010). Disponível em: . Acesso em 10 out. 2014. SILVA, A. M., A Proposta para Torna o Ensino de Química mais Atraente. RQI. 2º trimestre. p. 7 – 12. Ceará, 2011.SOUSA, L. A importância do professor na educação. 2009. Disponível em:. Acesso em: 14 out. 2014. 12

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