Dificuldades e deficiências na formação do estudante do curso de Arquivologia da UFBA

June 20, 2017 | Autor: E. Mendes Andrade | Categoria: Arquivologia
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DIFICULDADES E DEFICIÊNCIAS NA FORMAÇÃO DO ESTUDANTE DO CURSO DE ARQUIVOLOGIA DA UFBA Emanuela Mendes Andrade* Resumo O presente artigo faz uma análise sobre as dificuldades e deficiências na formação dos estudantes do curso de Arquivologia da Universidade Federal da Bahia. Tatra-se de uma reflexão sobre os tópicos/ disciplinas/ assuntos que não são abordados no processo de formação acadêmica. Este estudo foi orientado pelos critérios metodológicos da pesquisa de campo, qualitativa, baseada na coleta de dados a partir da observação. Espera-se tomar como base as observações coletadas para direcionar nossos esforços em busca de conhecimentos que servirão para nos qualificar melhor e nos tornar profissionais mais completos e mais bem preparados para atuar enquanto tais. Palavras-chave: Formação acadêmica; formação complementar; deficiências na formação. 1 INTRODUÇÃO Como graduanda do curso de Arquivologia do segundo semestre (2014.2) venho notando, refletindo e observando questões importantes, fundamentais no processo e formação dos estudantes do curso de Arquivologia da Universidade Federal da Bahia. Este artigo tem como objetivo analisar as dificuldades e deficiências na formação acadêmica e propor alternativas para amenizar os impactos causados pelas dificuldades encontradas no processo de aprendizagem. Sabemos que, para que nossa formação seja mais completa, de acordo com a realidade da nossa sociedade na atual era da informação e com as novas exigências do mercado de trabalho, precisamos estar nos atualizando sempre com as novas tecnologias e tendências que vão surgindo. […] cada pessoa deve ter as competências para aproveitar plenamente a sociedade da informação. É essencial, portanto,desenvolver as capacidades e garantir a familiarização com as tecnologias da informação e comunicação. Estas tecnologias podem contribuir para a educação de todos no mundo inteiro, para a formação de professores e o melhoramento das condições necessárias à formação permanente, pois elas são utilizáveis pelas pessoas que se encontram fora do sistema oficial de ensino e permitem melhorar as competências profissionais. (ACCART, apud Cúpula Mundial da Sociedade da Informação – CMSI. p. 05).

Principalmente porque, futuramente, teremos que trabalhar e interagir com profissionais de

*Graduanda do Curso de Arquivologia da Universidade Federal da Bahia – UFBA.

outras áreas (historiadores, engenheiros, médicos, etc) no nosso local de trabalho e precisamos ter um mínimo de conhecimento nessas áreas correlatas para que possamos estabelecer diálogos proveitosos com esses profissionais, para o bom desempenho das nossas atividades cotidianas. Portanto, não podemos nos limitar ao que nos é passado em sala de aula. Por melhores e mais bem qualificados e capacitados que sejam os nossos professores, eles não poderiam abarcar todo o conhecimento existente acerca das disciplinas que ministram. Aliada a isso, existe a deficiência na própria infraestrutura da faculdade, que muito deixa a desejar e acaba por prejudicar a nossa formação. Com base nessa realidade, buscarei aqui fazer uma reflexão sobre os tópicos/ disciplinas/ assuntos que não são abordados na graduação, para que possamos tomar isso como elemento norteador para direcionar nossos esforços em busca de conhecimentos que servirão para nos qualificar melhor e nos tornar profissionais mais completos e mais bem preparados para atuar enquanto tais. Evidentemente, este estudo serve apenas como uma orientação geral, partindo de observações e reflexões de uma estudante que vivencia essa realidade, pois cada um segue um caminho próprio no seu percurso acadêmico e profissional e o que é válido para alguns pode não ser útil para outros. 2 DIFICULDADES E DEFICIÊNCIAS NA FORMAÇÃO ACADÊMICA Dentro da academia, no curso de Arquivologia, existem algumas áreas específicas pelas quais cada profissional pode optar e se especializar, tais como: restauração e preservação de documentos, gestão de arquivos audiovisuais (som, imagem, vídeo), pesquisa, docência. Enfim, cabe a cada estudante, individualmente, buscar aquilo com o que mais se identifica e buscar formas de atingir seus objetivos. No que se refere ao aspecto da infraestrutura e do suporte técnico na nossa formação, sabemos que na UFBA não dispomos de laboratórios para aulas práticas de nenhuma disciplina. Isso é bastante preocupante pois aprendemos a teoria mas não vemos nada no que se refere à prática e, se não buscarmos suprir essa deficiência, chegaremos ao mercado de trabalho sem o conhecimento que deveríamos ter acerca de determinados assuntos. Não dispomos, por exemplo, de um laboratório de informática para suprir nossas necessidades quanto à quantidade de máquinas, equipamentos novos, softwares instalados, nem mesmo

uma sala climatizada. Como iremos aprender na prática sobre como criar e gerenciar um banco de dados para arquivos digitais, por exemplo? Como saberemos colocar esses arquivos em rede para que possam ser acessados por usuários diferentes ao mesmo tempo e em locais diferentes? É verdade que, para isso, existem os profissionais da informática, mas eles nada ou muito pouco poderão fazer por nós se nem sequer soubermos explicar a eles o que queremos ou necessitamos. Precisamos falar a língua deles, a linguagem técnica, precisamos entender do que se trata. Um outro exemplo acontece na disciplina Preservação de Acervos, na qual não vemos, na prática, como os documentos e livros devem ser manuseados e conservados. Quais os materiais que devem ser utilizados para a preservação dos acervos e dos indivíduos que neles trabalham (riscos à saúde)? Como higienizar de forma correta o local de trabalho e os documentos? Qual a temperatura ideal? Quais os riscos internos e externos? E quanto à luz no ambiente? Algo fundamental na formação do Arquivista. Considerando essas fragilidades existentes no curso de Arquivologia e buscando complementar minha formação da melhor forma, comecei a pesquisar cursos existentes no mercado que possam contribuir para o aprendizados dos estudantes de Arquivologia. Acredito que seja um bom ponto de partida buscar sempre mais conhecimento sobre aqueles assuntos que estamos estudando no atual momento. Pois, não seria também de muita utilidade buscar conhecimento prático em um assunto no qual não tenhamos ainda um mínimo de conhecimento teórico. Portanto, devemos buscar, fora do meio acadêmico, cursos que nos auxiliem a entender determinado assunto ao mesmo tempo em que estivermos aprendendo a teoria nas aulas. Por exemplo, um curso básico de redes e banco de dados seria melhor aproveitado se fosse realizado ao mesmo tempo em que a disciplina Tecnologias da Informação, o que, por sua vez, também auxiliaria o nosso entendimento das aulas teóricas. Até mesmo porque, quando estamos cursando cada disciplina, é que percebemos as carências no ensino e as dificuldades pessoais que temos em cada uma delas. Quanto a iniciativas como essa, Bartalo salienta que “estudantes podem aprender estratégias de aprendizagem, o que os ajudará a abordar as tarefas com mais eficácia e eficiência, aumentando as possibilidades de sucesso; o enfoque reside no 'como aprender' e não em 'o que aprender' ”, e acrescenta, “acredita-se que a utilização de estratégias eficazes de

estudo resulta geralmente em melhor aprendizagem.” (2008, p. 97). 3 ORIENTAÇÕES E SUGESTÕES PARA UMA FORMAÇÃO COMPLEMENTAR Tomando como base a grade curricular do curso de Arquivologia e as ementas das disciplinas, elaborei uma pequena lista de cursos que podem ser feitos em paralelo à faculdade, apenas como um guia, uma orientação geral para tentar trilhar o melhor caminho na arte de aprender a aprender. É evidente que, durante o percurso acadêmico, outras necessidades surgirão além destas aqui relacionadas. Algumas talvez a própria universidade venha a suprir, futuramente. No entanto, acredito que seja prudente começar a pensar nas possibilidades e buscar opções de cursos, gratuitos ou pagos, presenciais ou à distância, nas seguintes áreas:  Informática Básica/ Banco de Dados/ Redes de Computadores;  Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011);  Propriedade Intelectual;  Preservação de Acervos/ Gerenciamento de Arquivos Eletrônicos (audiovisuais);  Inglês. Alguns desses cursos podem ser facilmente encontrados na internet, gratuitamente, na modalidade EaD, inclusive com direito a certificado. “O ambiente de interação e construção social do conhecimento oferecido pela internet, nesse contexto, coloca-se como elemento facilitador da ocorrência de aprendizagem”. (BARTALO, 2008, p. 93). Sobre a Lei de Acesso à Informação, por exemplo, há um curso ofertado pela Controladoria Geral da União – CGU; o site do Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI oferece um curso, também online e gratuito, na área de direitos autorais e propriedade intelectual; o Mosteiro de São Bento da Bahia oferta, esporadicamente, um curso presencial sobre preservação de acervos; a Fundação Getúlio Vargas oferece um curso com o tema Ética Empresarial, entre outros. Para quem tem interesse basta fazer uma busca na internet para encontrar algo que satisfaça ou que se aproxime da área de conhecimento que se está buscando se especializar. Infelizmente, nem sempre esses cursos são gratuitos e nem sempre são ofertados na nossa cidade ou Estado. Por isso mesmo é preciso estar sempre buscando as oportunidades e não esperar que a faculdade nos mostre o caminho. Pois, acredito que é de responsabilidade dos

estudantes ao menos tomar conhecimento das possibilidades existentes. Acrescento abaixo alguns endereços de sites que encontrei durante o levantamento de dados, os quais considero relevantes e dignos de crédito. Espero, assim, contribuir para aqueles que, como eu, não se contentam apenas com o que a faculdade tem a nos oferecer.  Controladoria Geral da União – CGU (http://escolavirtual.cgu.gov.br/ead/);  Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI (http://www.inpi.gov.br/portal/artigo/agenda_de_cursos);  Informação Audiovisual (http://informacaoaudiovisual.com.br/);  My English Online – MEO, curso de inglês online do Programa Inglês sem Fronteiras (http://www.myenglishonline.com.br/);  Fundação Getúlio Vargas – FGV (http://www5.fgv.br/fgvonline/Cursos/Gratuitos). Além disso, é importante buscar manter uma rede de contatos com profissionais e professores da área e áreas correlatas, pois eles podem fornecer ótimas indicações de cursos, eventos, estágios e bibliografia. Outra forma de aprofundar conhecimentos é fazer parte de grupos de Iniciação Científica.

Considerações Finais Este artigo buscou analisar as dificuldades e deficiências na formação dos estudantes do curso de Arquivologia da Universidade Federal da Bahia e sugerir alternativas para compensar essas lacunas. Foi feita uma reflexão sobre os tópicos/ disciplinas/ assuntos que não são abordados no processo de formação acadêmica. Embora trate-se de tema específico para o curso de Arquivologia, é perfeitamente aplicável a qualquer curso em todas as áreas do conhecimento, bastando apenas que o estudante adeque essa estratégia de aprendizagem ao seu curso, à sua realidade, podendo, inclusive, melhorá-la com o desenvolvimento de sua própria estratégia. Espera-se tomar como base as observações coletadas para direcionar nossos esforços em busca de conhecimentos que servirão para nos qualificar melhor e nos tornar profissionais mais completos e mais bem preparados para atuar enquanto tais.

REFERÊNCIAS ACCART, Jean-Philippe. Serviço de referência: do presencial ao virtual. Brasília: Briquet de Lemos, 2012. B ARTALO, Linete. A importância das estratégias de estudo para uma aprendizagem mais significativa na área de arquivologia. In: BARTALO, L. e MORENO, N. A. (Orgs.). Gestão em Arquivologia: abordagens múltiplas. Londrina, EDUEL, 2008. pp. 89-118. SALVADOR. UFBA. Matriz curricular do curso de Arquivologia. 1997. Disponível em: . Acesso em: 20 jun. 2014. SALVADOR. UFBA. Matriz curricular do curso de Arquivologia. 2010. Disponível em: . Acesso em: 20 jun. 2014.

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