Difusão da tecnologia da informação aplicada ao transporte rodoviário de cargas

June 19, 2017 | Autor: Miguel Juan Bacic | Categoria: Information Technology, Freight Transport
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DIFUSÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO APLICADA AO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS ARTICLE · JANUARY 2002

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Miguel Juan Bacic

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XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002

DIFUSÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO APLICADA AO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Tatiana Branco Belizario Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - Instituto de Economia (IE) Cidade Universitária Zeferino Vaz - 13.083-970 - Campinas - SP

Claudemir Gimenez Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA)- Laboratório de Tecnologia em Gestão Empresarial (LTGE) Rodovia Dom Pedro I, Km 143,6 - 13.082-120 - Campinas - SP

Luiz Manoel Aguilera Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA) - Laboratório de Tecnologia em Gestão Empresarial (LTGE) Rodovia Dom Pedro I, Km 143,6 - 13.082-120 - Campinas - SP

Miguel Juan Bacic Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - Instituto de Economia (IE) Cidade Universitária Zeferino Vaz - 13.083-970 - Campinas - SP

Abstract Mobility seems to be increasingly important in our society. This fact can be visualized in the fast growth of the transport industry in the last century, that brought of a side the progress and of another, problems related it like the traffic jams, the greater deterioration of the environment, more money needed to build and conserve roads, etc. The development of the Information Technology (IT) provided a path for fetching of solutions of traffic problems. In face of the aggravation of these problems governmental and industrial sectors of many countries have matched interests and developed programs of reorganization of the sector made possible for the IT. Observing the world-wide efforts for the application of the Information Technology in transports resulted from several projects of the OECD, it was looked to carry through a study of the insertion of the application of these technologies for the transport companies in Brazil. Thus, it was made a local study trough of the application of a questionnaire in a sample of nine road freight transport companies of the Campinas and São Paulo metropolitans regions in São Paulo State (Brazil). Key words Information Technology, Transportation, Logistics.

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1 - Introdução Com o surgimento do mercado global, ocorreu uma profunda mudança nos sistemas de produção e distribuição de mercadorias. Anteriormente, as vantagens comparativas eram proporcionadas por fatores de natureza estática, tal como a proximidade da mão-deobra barata e de fontes de recursos naturais. Com a intensificação da concorrência, estas vantagens assumem características dinâmicas, baseando-se em fatores como a qualidade dos serviços oferecidos, os prazos de entrega, a introdução de inovações tecnológicas nos produtos e processos e a gestão dos custos logísticos e de transportes (CASTRO, 1995). A difusão intersetorial de inovações, aliada às novas demandas das grandes empresas, que visam otimizar suas cadeias produtivas, causaram forte impacto no setor de transporte de cargas. Este setor vem sofrendo grande modificação na natureza de suas operações e passou a fazer uso intenso da Tecnologia da Informação (TI) para melhorar o desempenho dos serviços de transporte de cargas dentro da cadeia logística. A aplicação mundial da TI no setor transportes tem proporcionado economia de tempo e de custos, aumentado a qualidade do serviço prestado aos usuários (OECD, 2000). Dado o grande impacto que a aplicação da TI tem no desempenho do setor de transporte de cargas, é relevante conhecer o grau de inserção e utilização destas tecnologias no Brasil. Visando oferecer uma contribuição este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa realizada em empresas do setor de transporte rodoviário de cargas da região metropolitana de Campinas e São Paulo. Na parte 2 do trabalho é explicada brevemente a racionalidade estratégica das empresas em relação à incorporação de inovações. Na parte 3 são apresentadas informações sobre o desenvolvimento de aplicações da TI para enfrentar problemas logísticos nos países da OECD. Na parte 4 são apresentados e analisados os dados da pesquisa de campo. 2 – Competitividade e Inovação O transporte refere-se a movimentação dos produtos do local onde foram produzidos para o local onde sejam necessários. Esse movimento através do espaço deve ser capaz de adicionar valor ao produto, possibilitando a entrega da quantidade solicitada no momento necessário (LAMBERT, STOCK e ELLRAM, 1998). Neste sentido, para as empresas industriais e comerciais é relevante a administração da cadeia de fornecedores (supply chain management). A coordenação permite reduzir custos — dado que existem economias de gestão e de informação que, em outra situação, poderiam ser originadas unicamente pela integração vertical em toda a cadeia — conseguindo um “ajuste fino” dos programas de produção, armazenagem e distribuição, evitando-se os movimentos caóticos e amplificadores dos sistemas de produção/distribuição, tal como retratados por SENGE (1990, cap. 3), no “jogo da cerveja”. As empresas de transportes de cargas, obedecendo a lógica competitiva foram ocupando seu papel dentro da cadeia e passaram a incorporar inovações tecnológicas como meio para se diferenciar dos concorrentes, a partir de um melhor atendimento aos clientes. Este comportamento foi retratado por SCHUMPETER (1976) em seus trabalhos conduzidos durante a década de 1940, o qual considerava que a incorporação de inovações tecnológicas é um fenômeno endógeno ao sistema capitalista. A capacidade de uma empresa em crescer num ambiente de concorrência acirrada depende de sua habilidade em criar algum diferencial. Esse diferencial diz respeito sobretudo ao desenvolvimento e à incorporação de inovações para melhor atender ao cliente, para criar novos produtos ou para obter melhores processos. SCHUMPETER (1976) considera a inovação uma força ENEGEP 2002

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propulsora do sistema econômico, pois as empresas, ao buscarem lucros, introduzem inovações ao sistema. Como resultado da estratégia, a empresa deve ser capaz de diferenciar-se de seus concorrentes, obtendo o lucro que uma dada situação permita. A capacidade de diferenciarse dos concorrentes em alguma variável importante seja no valor gerado para os clientes, seja em elementos do sistema produtor dos bens ou serviços, consiste em uma vantagem competitiva e é a condição básica para o crescimento empresarial. As empresas incapazes de encontrar bases de diferenciação (no valor gerado ou na capacidade de operar com custos mais baixos) acabarão transformando seus produtos em commodities, onde os lucros são baixos e o potencial de acumulação de riqueza e de crescimento é reduzido (BACIC, 1998). O setor de transportes encontra, por meio da aplicação das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC), caminhos para procurar a diferenciação nos processos e no atendimento aos clientes. Estas tecnologias permitem a otimização da distribuição de produtos (ARNOLD, 2000). 3 – O desenvolvimento da TI aplicada à logística nos países da OECD Os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), desenvolvem dois programas relacionados com a logística: PROMETEUS E DRIVE. O programa PROMETEUS (Programme for a European Traffic with Highest Efficiency and Unprecedented Safety) tem o foco voltado para pesquisa e desenvolvimento na área de telemática. Trata-se de um programa de longo prazo (20 anos) sendo que a primeira etapa de oito anos já foi concluída, tendo sido realizados em torno de 200 projetos de pesquisa básica e industrial reunindo laboratórios, universidades e empresas européias. As linhas de pesquisa foram voltadas principalmente para o desenvolvimento de sensores, dispositivos, hardware e software objetivando melhorar a segurança em transporte. Dentre os resultados podemos citar a título de exemplo, o desenvolvimento de co-pilotos automáticos, computadores de bordo, sensores de velocidade, sensores de proximidade de outros veículos, sensores de aderência dos pneus às pistas, sistemas de rastreamento de veículos por rádio e satélite, sistemas de comunicação entre centrais e veículos e entre veículos, utilizando telefonia celular, sistemas de rádio ou satélite. Por sua vez, o programa DRIVE tem o foco voltado para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na área de infra-estrutura de Transportes. Trata-se de um programa de três anos. As linhas de pesquisa são voltadas principalmente para dispositivos de comunicação entre rodovias com os veículos (rodovias inteligentes) permitindo melhor monitoramento e controle das condições de tráfego. Outra área de atuação refere-se aos sistemas de controle de tráfego urbano que permite entre outras funções sincronizar a operação de semáforos, criar corredores exclusivos de transportes para resolver problemas contingenciais, etc (BELIZARIO, 2001; OECD, 2002). 4 – Difusão da TI nas empresas de transporte de cargas Neste item são apresentados os dados de uma pesquisa de campo que objetivou levantar o grau de inserção e de aplicação das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC) nas empresas de transporte rodoviário de cargas das regiões metropolitanas de Campinas e de São Paulo. O questionário, com 140 questões foi construído tendo como referência as tecnologias relatadas nos relatórios da OECD. Durante o período compreendido entre Julho e Outubro de 2001 foram visitadas nove empresas de grande porte do setor de transporte rodoviário de carga nas Regiões ENEGEP 2002

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Metropolitanas de Campinas e São Paulo. As empresas participantes da pesquisa apresentam o perfil descrito na tabela 1. Questões Avaliadas Quantidade média de veículos na frota Número médio de funcionários Faturamento médio anual (em milhões de reais) Empresas que transportam carga seca Empresas que transportam carga fracionada Empresas com destino da carga na região Sudeste Empresas com destino da carga na região Sul e Centro-Oeste Tabela 1 - Perfil das empresas avaliadas.

Resultado 469 1022 50 5 9 7 4

Os dados apresentados na tabela 2, obtidos com base na pequena amostra de empresas pesquisadas revelam uma baixa incorporação tecnológica. Função do Sensor Monitoramento das condições mecânicas Monitoramento das rodas Indicação da condição dos pneus Tabela 2 - Incorporação tecnológica.

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Quatro tipos de sensores citados em uma das questões não foram assinalados por nenhuma empresa. A exceção refere-se ao tacógrafo, exigido pela legislação, que é utilizado em todas as empresas. A importância da utilização de sensores deve-se ao fato de que constituem uma exigência para o uso de módulos e recursos mais sofisticados, como por exemplo, o GPS (Global Positioning System). A tabela 3 apresenta os resultados em termos da utilização de equipamentos de comunicação. Equipamento

Empresas Rádio 8 Computador de bordo 4 Sintetizador de voz 2 Fax 0 Tabela 3 - Uso de equipamentos de comunicação. Os dados referentes a realização de testes/manutenção são apresentados na tabela 4. A manutenção e os testes visam garantir a performance dos veículos e o atendimento à legislação ambiental. Atividades realizadas na própria empresa Empresas Manutenção na própria empresa 5 Teste de baterias 9 Teste de emissão de poluentes 8 Tabela 4 - Realização de testes/manutenção.

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As empresas brasileiras já possuem em suas frotas alguns veículos contendo itens de Tecnologia de Informação e Comunicação, como por exemplo, computador de bordo, sensores, co-piloto automático, sistema de diagnose eletrônica, etc. Porém, observa-se que a taxa de inserção de TIC nos veículos da frota nacional ainda é muito baixa, comparado com o que já existe ou está sendo desenvolvido em outros países (AGUILERA, 2001). Em nove empresas existem programas aplicativos na área de gestão empresarial sendo que dessas quatro possuem software na área de gestão integrada (ERP – Enterprise Resource Planning). Em termos de programas aplicativos especialmente desenvolvidos para a área de transporte, os resultados estão apresentados na tabela 5. Aplicativo

Empresas Gestão de ativos 7 Composição de custos e determinação de preços 7 Controle e manutenção dos veículos 6 Composição de cargas em caminhões 3 Tabela 5 - Programas aplicativos para a área de transporte. Portanto, na maioria das empresas verificou-se a existência de diversos programas aplicativos (software), um número elevado de equipamentos de hardware, existência de base central de dados e de redes de computadores, Intranet, Internet; além de muitas delas realizarem operações de Comércio Eletrônico. A tabela 6 apresenta os dados relacionados com as atividades de Comércio Eletrônico, conduzido por três empresas. Atividade Empresas Contratação de fretes com clientes 3 Contratação de fretes com empresas/embarcadores 2 Apresentação de catálogos de produtos e serviços 2 Oferta de transações comerciais seguras 2 Tabela 6 - Atividades relacionados com o comércio eletrônico. Constatou-se que todas as empresas utilizam algum tipo de sistema de gerenciamento de armazéns, porém muitos equipamentos existentes nesta área não são implantados, pois a amostra trata de transportadoras de cargas e não de empresas de logística. Em quatro empresas há a utilização de software na área de gestão de materiais em armazéns (WMS – Warehouse Management System). Em cinco empresas há a utilização de software na área de gestão de estoques e em quatro empresas há a utilização de leitor de código de barras. A análise dos questionários indica que todas as empresas da amostra utilizam sistemas de rastreamento e monitoração. Esses sistemas apresentam grande importância para o gerenciamento de riscos. Em todas as empresas, o rastreamento inclui a utilização do sistema GPS e, todas elas utilizam o sistema há mais de um ano. Em média, 173 veículos estão equipados com estes sistemas sendo que a quantidade máxima é de 400 veículos e a mínima de 19. O sistema de rastreamento é em oito empresas composto por satélite e, em três empresas composto por satélite e rádio. Do total da amostra de empresas cinco responderam que todas as cargas são rastreadas. Em todas as empresas entrevistadas há uma central de controle de frota de veículos. Em oito empresas, há comunicação dinâmica e em tempo real com os veículos; em uma empresa a comunicação ocorre através de telefonia celular e em nove empresas através de rádio. Em sete empresas, a comunicação ocorre através de satélite existindo, portanto diferentes alternativas de comunicação das centrais com os veículos. Em quatro empresas ENEGEP 2002

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existe comunicação direta entre os motoristas através de rádio e telefonia celular. Todas as empresas responderam que monitoram continuamente a localização dos veículos exercendo controle direto sobre os veículos da frota. Este controle ocorre principalmente através de bloqueio de combustível (9 empresas) e travamento das portas do compartimento de carga (quatro empresas). Em quatro empresas há a realização da função de roteirização, mas somente uma afirmou possuir software para essa atividade. Os principais fatores que dificultam a utilização dos sistemas de roteirização são: • Inexistência de sistemas adaptados às necessidades das empresas; • Mapas digitalizados com grau de detalhamento insuficiente e período de atualização longo. As empresas indicaram que possuem mapas digitalizados principalmente de São Paulo (9 empresas), Rio de Janeiro (8 empresas) e Campinas (6 empresas). Os mapas, de modo geral, não apresentam informações sobre o sentido do trânsito, a altura de pontes e viadutos, o raio de curvatura das ruas, etc. Quanto a customização da base de dados, nove empresas apontaram que possuem informações sobre clientes agrupando-os por região e, oito empresas possuem histórico de entregas. O tempo médio de entrega é de 41 horas e o número médio de entregas no mês é de 58.163. Todas as empresas possuem uma agenda referente a coletas e entregas, sendo que oito possuem um cadastro com os dias permitidos para entrega. A tabela 7 apresenta as melhorias observadas na implantação dos sistemas de rastreamento e roteirização. Melhoria Observada Empresas Aumento da segurança 7 Aumento do controle dos motoristas 6 Melhoria dos serviços oferecidos aos clientes 5 Melhoria da decisão quanto à mudança de trajetos 5 Aumento de socorro à veículos quebrados 4 Tabela 7 - Melhorias observadas na implantação dos sistemas. Somente duas empresas consideram ter obtido maior vantagem competitiva em decorrência da utilização dos recursos disponibilizados pela Tecnologia da Informação. A maioria das empresas (7) considerou entre bom e elevado o índice de redução na ociosidade da frota. A maioria (6 empresas) considerou baixo o controle dos veículos quanto ao nível de combustível, presença de caronas, etc. A maioria (8 empresas) considerou entre baixo e bom o aumento das vendas e seis consideraram baixo o aumento do lucro operacional. Cinco empresas consideraram baixa a diminuição do número de rotas e seis alegaram que a utilização de TI não provocou redução no número de funcionários. Os fatores apontados como melhoria foram aumento da segurança da carga e melhor controle dos motoristas. O que mais influenciou na decisão de adotar o sistema de rastreamento foi o gerenciamento de riscos ocupando primeiro lugar (7 empresas) e a melhoria dos serviços ao cliente (4 empresas). Para as empresas que não adotaram o sistema de roteirização três afirmaram que não o fizeram devido ao elevado custo e cinco porque não existe no mercado um sistema que se adapte às necessidades da empresa. Quanto à utilização de tecnologias alternativas, a maioria respondeu utilizar rádio (6 empresas) e escolta (8 empresas). Em seis empresas houve reestruturação para atuar como operador logístico. Existe hoje uma nítida tendência mundial das empresas que trabalham com transportes de cargas de atuarem como operadores logísticos buscando assim ganhar competitividade. A maioria ENEGEP 2002

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das grandes empresas brasileiras que atuam no mercado de transporte de cargas criou uma empresa de logística. Em cinco empresas existem dificuldades financeiras para o investimento em TI. Para sete empresas o nível de qualificação da mão-de-obra é visto como suficiente para empreender a implantação da TI. Todas as empresas afirmaram que as diretrizes estratégicas consideram a inovação tecnológica. A maioria das empresas (7) possui um plano estratégico formalmente definido e, em oito delas, o plano estratégico prevê a inovação tecnológica. O plano estratégico nas nove empresas é de conhecimento da diretoria; em oito empresas é de conhecimento da gerência e supervisão e em uma empresa é de conhecimento do nível operacional. Contudo, percebe-se que há entraves para a implementação de inovação tecnológica. O fator mais citado foi a falta de recursos financeiros (7 empresas). Apenas duas empresas afirmaram ser a qualificação dos funcionários e uma afirmou ser a visão da diretoria. O que foi citado também como um entrave à inovação foi a falta de certeza quanto ao retorno do investimento. Pode-se dizer também que, o que impede a inovação é muitas vezes a falta de acesso a linhas de financiamento, pois quatro empresas afirmaram desconhecer qualquer tipo de financiamento, linha de crédito ou incentivo governamental. 5 - Conclusão A partir da realização de um estudo a respeito das principais tecnologias desenvolvidas nos países da OECD buscou-se elemento para a elaboração de um questionário o qual foi aplicado em uma amostra de nove empresas de grande porte do setor de transporte rodoviário de carga das Regiões Metropolitanas de Campinas e São Paulo. A pesquisa de campo permitiu observar que a informatização das empresas é elevada e a aplicação de tecnologias mais difundidas e acessíveis no mercado nacional é bastante ampla. Como exemplo todas as empresas entrevistadas possuem sistemas de rastreamento de veículos e centrais de monitoração. Por outro lado observou-se baixo grau de inserção e utilização de tecnologias que se referem à infra-estrutura dos sistemas de controle de tráfego urbano e eletrônica embarcada (telemática) nos veículos. Neste aspecto constatou-se que a inserção e a aplicação de tecnologias avançadas que estão descritas em recentes relatórios da OECD, ainda é incipiente no Brasil. Observa-se que a preocupação com a inovação tecnológica é generalizada. Todas as empresas entrevistadas acreditam que o seu desempenho competitivo melhoraria com a aplicação de Tecnologia da Informação e todas elas estariam dispostas a participarem de um esforço conjunto para a inovação tecnológica. Percebe-se também que muitas vezes, a dificuldade em implementar a inovação tecnológica pode ser atribuída a falta de infraestrutura e planejamento de longo prazo por parte das autoridades de tráfego nacionais. Como exemplo cita-se que o desenvolvimento de mapas digitalizados fica comprometido pela falta de planejamento, as constantes obras e mudanças de fluxos de trânsito das cidades. Com base no resultado deste trabalho inicial constatou-se a existência de inúmeras oportunidades para o desenvolvimento de projetos que venham a suprir as carências observadas. Uma questão adicional refere-se a velocidade de difusão das tecnologias de TI em empresas de menor porte. Considerando que as empresas avaliadas são de grande porte e são localizadas numa região desenvolvida, pode-se prever que as empresas de pequeno e médio porte tenham maior dificuldade para a implantação de equipamentos de TI. AGRADECIMENTOS ENEGEP 2002

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Este artigo foi desenvolvido no âmbito das atividades do Grupo Multidisciplinar de Pesquisa em Tecnologia da Informação aplicada às áreas de Gestão, Logística e Transportes (Aguilera, 2000). Este grupo reúne pesquisadores do Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA), professores do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE/UNICAMP) e estudantes de Iniciação Científica (IC) e de mestrado. O grupo conta com a colaboração da Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de São Paulo (FETCESP) e da Universidade do Transporte (UT), universidade corporativa ligada à Transportadora Americana, sediada em Americana (SP). BIBLIOGRAFIA AGUILERA L.M.(2000) Grupo Multidisciplinar de Pesquisa em Tecnologia da Informação aplicada às áreas de Gestão, Logística e Transportes. Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA) e Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE/UNICAMP). Relatório Técnico, Dezembro. AGUILERA L.M. (2001) Relatório Final da Primeira Fase do Projeto de Cooperação FETCESP-CenPRA (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo e Centro de Pesquisa Renato Archer). Campinas, Dezembro. ARNOLD, D. (2000) Seven Rules of International Distribution, Harvard Business Review. v.78, n.6, p.131-137. BACIC, M. J.(1998) Administração de Custos: processo competitivo e estratégia empresarial. Tese de Doutoramento em Administração, Argentina: Universidad Nacional del Sur. BELIZARIO T. B. (2001) As Tecnologias de Informação e de Comunicação aplicadas às áreas de Logística e Transportes. Panorama Mundial e Estudo de Mercado Local. Relatório final de projeto de Iniciação Científica. Orientadores: Prof. Dr. M. J. Bacic (IE/UNICAMP), Drs. L. M. Aguilera, C. A. de Oliveira Fernandes e M. A. de Oliveira. Financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), processo 00/09158-6. CASTRO, N. (1995) Intermodalidade, Intramodalidade e o Transporte de Longa Distância no Brasil. Texto para Discussão. Rio de Janeiro: IPEA, Fevereiro. LAMBERT, D. M., STOCK, J. R., ELLRAM, L. M.(1998) Fundamentals of Logistics Mangement. Boston: Irwin/McGraw Hill. OECD (2000). Trilateral Logistics Project: public policy issues in global freight logistics logistics concerns in North America. North America OECD Trilog Task Force (Washington, Ottawa, Mexico City). OECD: www.oecd.org. Acesso realizado em 01/03/2002. SENGE, Peter. (1990) The Fifth Discipline. New York: Doubleday. SCHUMPETER, Joseph (1976) Capitalism, Socialism and Democracy. London: Allen&Unwin.

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