DINÂMICAS COGNITIVAS DA APRENDIZAGEM EM REDE: UM ESTUDO DE CASO DO VISUALIZAR’11

July 31, 2017 | Autor: Izabel Goudart | Categoria: Teoria Ator-Rede, Aprendizagem Em Rede
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DINÂMICAS COGNITIVAS DA APRENDIZAGEM EM REDE: UM ESTUDO DE CASO DO VISUALIZAR’11 Izabel Goudart1 (UFRJ)

Resumo: Nas últimas três décadas, presenciamos um crescente e evolutivo processo de multiplicação, hibridização, produção e disseminação de signos e linguagens propiciados pela digitalização. Novos ambientes cognitivos, comunicacionais e culturais surgem como frutos de uma ecologia midiática. Neste trabalho apresentamos o estudo de caso do Visualizar’11, base para uma reflexão que utiliza uma abordagem ecossistêmicasemiótica e a teoria ator-rede para identificar padrões presentes na apropriação e na mediação da linguagem hipermídia na construção de dinâmicas cognitivas realizadas em rede. Novos padrões, que potencializam e propiciam o surgimento de ambientes de aprendizagem cooperativos. Palavras-chave: aprendizagem em rede, mente coletiva, teoria ator-rede. Abstract: Over the last three decades, we have witnessed a growing and evolving process of multiplication, hybridization, production and dissemination of signs and languages enabled by digitalization. New cognitive, communicative and cultural objects emerge as a media ecology. This research studied Visualizar'11 as a case of inquiry, used as references for theoretical reflections based on an ecosystemic, semiotic and Actornetwork theory approach, which identified patterns present in the appropriation and mediation of hypermedia language in dynamic cognitive networks. These new standards enhance and foster the emergence of cooperative learning environments. Keywords: Networked learning, collective mind, Actor-network theory.

Introdução Visualizar é uma das linhas de trabalho do Medialab Prado (Madrid, Es), concebido como um projeto de pesquisa aberto, participativo e colaborativo, que aborda as teorias, as ferramentas e as estratégias de visualização de dados. O programa é também definido como uma plataforma de pesquisa e educação voltada

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para a difusão, a investigação e a exploração da cultura de grandes volumes de dados e de seu impacto nas artes, nas ciências e na sociedade contemporânea. É o programa educativo e de investigação mais relevante da Espanha sobre esse tema. Até sua terceira edição, foram desenvolvidos cerca de trinta protótipos de visualização de dados, envolvendo o trabalho colaborativo de mais de uma centena de desenvolvedores, dentre os quais alguns dos melhores designers e artistas de dados do mundo. A edição do Visualizar’11 foi dedicada à compreensão das infraestruturas (Understanding Infrastructures) que dão suporte aos processos sociais vitais, tais como: infraestruturas energéticas, legais, financeiras, de mobilidade, de emissões de rádio-frequências e de rede de dados. A metodologia utilizada para a execução dos projetos prevê processos horizontais e colaborativos, reunindo estudantes, artistas, especialistas e profissionais de todo o mundo e de diversas áreas num seminário e numa oficina internacional, com duração aproximada de duas semanas. O objetivo é o de coletar, analisar e disponibilizar publicamente visualizações que possibilitem compreender como funciona a sociedade contemporânea. A quarta edição do projeto, dirigido por José Luis Vicente, pesquisador, curador e jornalista especializado em tecnologia, cultura e inovação, foi realizada em junho de 2011: o Visualizar’11 (anteriores: ‘09, ‘08 e ‘07). Contou com o suporte da Bestiário, empresa e coletivo sediada em Barcelona e Lisboa, dedicada à representação dinâmica de dados e ao desenvolvimento de espaços digitais para criação colaborativa de projetos interativos. A empresa é uma das principais referências em visualização de dados do mundo, representada na figura de Santiago Ortiz, artista, matemático e investigador de temas da arte, das ciências e dos espaços de representação, um dos co-fundadores do Bestiário e parte da equipe de investigação e desenvolvimento de projetos do Medialab. A visualização de dados é uma metodologia e uma linguagem que desperta o interesse de artistas, pesquisadores, designers e ativistas que desejam traduzir e

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compreender a cultura e os processos contemporâneos contextualizados por um intenso fluxo e um grande volume de dados. A linguagem de programação e o design interativo são dois campos de conhecimento fundamentais para uma visualização criativa e personalizada. Atualmente, recursos de visualização estão disponíveis on-line, como o ManyEyes1. Estes possibilitam elaborar visualizações de dados, sem que seja necessário recorrer à programação e ao design, contudo apresentam funcionalidades pré-definidas que limitam o desenvolvimento autoral ou o direcionam a um determinado fim. Cursos ou formação nesse campo não são frequentes e, em geral, são realizados pelos Laboratórios de Mídias no formato de oficinas, ministrados por artistas e/ou programadores, artistas de softwares e designers, como os realizados no Medialab-Prado (MP) ou no LabMIS (SP, Br). A plataforma do MP disponibiliza em seus bancos de dados, uma rica documentação multimídia sobre visualização de dados e sobre o programa Visualizar, bem como disponibiliza registros do processo. Camadas sobrepostas de informações oferecem aos que acessam e exploram a página um mapa conceitual e metodológico do programa e os conteúdos teórico-práticos sobre visualização de dados. O Visualizar constitui uma das seis linhas de trabalho propostas e desenvolvidas pelo MP, entre elas: Interactivos, focado no uso criativo da eletrônica e da programação; Inclusiva-net, focado na pesquisa e nas reflexões sobre a cultura da rede; Commons Lab, promotor de discussões transdisciplinares sobre Commons2; AVLAB, voltado para a criação audiovisual e sonora; e o Digital Facade, programa recente (2011) focado no desenvolvimento e na mostra de projetos interativos em uma fachada digital. Diversas outras atividades são 1

http://www-958.ibm.com/software/data/cognos/manyeyes/, plataforma desenvolvida pela designer brasileira Fernanda Viegas (MIT/USA). 2 São recursos partilhados ou divididos entre ou no seio de uma comunidade populacional. Esses recursos são considerados bens comuns e podem incluir tudo, desde recursos naturais, terra partilhada, ao software, incluindo propriedades públicas ou privadas, sobre as quais as pessoas possuem direitos tradicionais. Tradicionalmente, se referia ao meio ambiente, atualmente os commons compreendem também os bens da esfera cultural, bens e serviços públicos. Ref.: http://en.wikipedia.org/wiki/The_commons

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desenvolvidas em prol de reflexão, pesquisa, prática e experimentação da cultura digital, de suas linguagens e da convergência entre a arte, a ciência, a tecnologia e a sociedade. O MP, baseado em processos abertos e experimentais de aprendizagem e construção de conhecimento colaborativo, constitui-se como uma instituição de difusão cultural caracterizado como um laboratório de mídias no formato de espaço aberto (openspace), definido como uma plataforma aberta de prototipado colaborativo. É um programa voltado para a produção, a pesquisa e a disseminação da cultura digital e de áreas, dentre as quais a arte, a ciência, a tecnologia e a sociedade se interceptam. Vem agregar e incluir a participação, a intervenção e a interação direta do público na elaboração e no desenvolvimento dos experimentos e das práticas, dos objetos culturais, artísticos e científicos, do conhecimento teórico e experimental, difundidos em sua sede física e em seu website, articulando e costurando ações entre o público comum, as instituições culturais e artísticas, a academia, os coletivos independentes, o governo e as empresas. Para tanto, oferece oficinas, exibições, leituras, seminários, sessões experimentais de áudio/vídeo, grupos de debate, apresentações etc. Todas as atividades são gratuitas e abertas para a participação do público, cuja predominância do perfil, embora sem limitação de idade, é adulta e jovem. Segundo material de divulgação3, seu principal objetivo é criar uma estrutura em que tanto a pesquisa quanto a produção sejam processos permeáveis à participação do usuário. Para tal fim, oferece:

 um espaço permanente para informação, recepção e encontro, articulado por mediadores culturais;

3

Esse material se encontra disponível no site no link informações: http://medialabprado.es/article/que_es. São apresentados dois vídeos: o primeiro de 1 minuto, acrescido de uma transcrição do texto em inglês, e um segundo de 15 minutos com mais detalhes.

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 as chamadas abertas para apresentação de propostas e participação no desenvolvimento colaborativo de projetos.

As linhas de trabalho são organizadas para promover tal objetivo: híbridos de oficina, exibição e seminário propiciam a criação de um espaço de reflexão, pesquisa e trabalho colaborativo. É visível a mobilização em torno das questões que permeiam a ecologia comunicacional, cognitiva e digital das práticas culturais contemporâneas. Transitar pelo espaço chama atenção para uma diferença sutil entre os espaços acadêmicos tradicionais e um ambiente de aprendizagem e investigação como o MP. É um certo ambiente que, “chamando a atenção pela sua novidade, deixa uma marca de impressão”, como relatado por Tiscar Lara no vídeo/registro de uma mesa redonda ocorrida em 01/03/2012, com o título “Aprender haciendo: conociemento e aprendizaje en comunidad”.

Cartografias da Aprendizagem em Rede No fluxo das transformações e mudanças impulsionadas pelo crescimento e profusão das tecnologias e linguagens digitais, somos levados em direção aos ambientes, como o MP, onde as comunicações e as artes se cruzam na contemporaneidade, articulando

um

complexo

ecossistema

comunicacional,

cultural e cognitivo. Ambientes onde transitam as linguagens interativas da era digital e que sinalizam rotas para adaptação humana às novas paisagens... Considerando que linguagem e pensamento4 andam de mãos dadas, tais rotas são como um “decalque que capta pontos de estruturação, entendidos como estabilizações temporárias do funcionamento e criação dos rizomas” (KASTRUP, 4

A linguagem compreendida como sinônimo de pensamento é um conceito extraído da filosofia de Peirce. A semiose ou ação dos signos compreende o próprio movimento do pensamento em processo. A exteriorização do pensamento é mediada pela produção de linguagem e processo comunicacionais e culturais que originam, transcriação de formas, tradução intersemióticas, na profusão e diversidade de signos que originam.

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2010, p. 82). A figura do rizoma de Deleuze e Guatarri (2000) vem sendo adotada como a metáfora que captura as características e propriedades dessas novas paisagens, cuja topologia descreve a lógica das redes. Lógica que também podemos compreender como semiose ou pensamento, cuja mediação tecnológica remete a “novos modos de percepção e de linguagens, novas sensibilidades e escritas, que vem modificando o estatuto cognitivo e institucional das condições do saber e das figuras da razão” (MARTÍN-BARBERO, 2006, p. 54). Motivos pelos quais traçar os contornos e desenhos dos rizomas em sua multiplicidade de formas e caminhos é realizar uma cartografia das associações, das relações e conexões, das traduções e mediações operadas pelos processos sígnicos que ocorrem nos entremeios da vida que pulsa no acoplamento entre humanos e não-humanos, o que aqui denominamos de cartografias da aprendizagem em rede. Novos ambientes de produção de conhecimento e aprendizagem que se multiplicam a cada dia, entre os quais encontramos os medialabs − laboratórios de experimentação em novas mídias − sejam no formato de instituições culturais (Medialab Prado, LabMIS-SP) e científicas (MIT) ou uma mistura das duas, bem como na forma de coletivos artísticos (LaboCa, Metareciclagem, Garoa Hackerlab), pontos de cultura etc. Laboratórios concebidos menos como espaços físicos e mais como uma atitude coletiva, fundada na disposição de exercitar novos modos de relacionar pessoas, informação, sociedade e o planeta. Labs que se vaporizam na dinâmica dos dispositivos móveis e das conexões sem fio, na diversidade de formatos, finalidades e concepções (FONSECA, 2012).

Como se pode ver, na era digital, tanto quanto em outras eras, os artistas lançam-se a frente do seu tempo. Quando surgem novos suportes e recursos técnicos, são eles que tomam a dianteira da exploração das possibilidades que se abrem para a criação. Desbravam esses territórios tendo em vista a regeneração da sensibilidade humana para a habitação e trânsito dos nossos sentidos e da nossa inteligência em novos ambientes que, longe de serem meramente técnicos, são também vitais. (SANTAELLA, 2007, p. 67)

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A cartografia, compreendida tal como Deleuze e Guattari (2000) chamaram essa prática, problematiza um território subjetivo, investiga-o processualmente, sem representá-lo, sem interpretá-lo. Esse método de pesquisa não pretende apreender ou imobilizar ditos movimentos, mas pensar seus efeitos enquanto eles acontecem, como também seus rastros pelo terreno (FARINA, 2007). Como diz o artista Olafur Eliasson (2011) a respeito de suas investigações artísticas: “o que é a experiência e o que é o efeito da experiência?” Para seguir esses rastros e aplicar um método cartográfico, elegemos a Teoria Ator-Rede (LATOUR, 2005), assumindo o ponto de vista da sociologia das associações e um socius que se estrutura como rede, enfatizando o papel que as relações e conexões entre actantes humanos e não humanos assumem para provocar alguma diferença ou tradução. O objetivo principal é confrontar com formas de conhecimento ainda instáveis, nas quais não existe um guia claro e, assim, narrar suas relações e construções enquanto elas estão se atualizando. Aplicada ao estudo de caso do Visualizar’11, intencionamos narrar o modo como a cultura digital articula a autonomia e memória dos ecossistemas comunicacional, cognitivo e digital, propiciando o surgimento e permanência de novos

ambientes

de

aprendizagem.

Ambientes

baseados

em

dinâmicas

colaborativas e comunicacionais, configurados como aprendizagem em rede. A cartografia do Visualizar’11 foi elaborada online utilizando a rede social Pearltrees, http://www.pearltrees.com, e pode ser acessada utilizando o login cartografias e a senha aprendizagem. A Pearltrees é uma interface visual que permite coletar, guardar e organizar os interesses pessoais de um modo particular. É possível enriquecer a ‘coleção de interesses’ pessoais, a partir da coleção de outros membros da rede, realizando comentários, convidando outras pessoas para integrar uma pearltree específica e partilhando-as em outras redes, como o Facebook, o Twitter e o Google+. A visualização das páginas acessadas no Pearltrees é feita por um agrupamento arbóreo, em que cada link acessado é

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visualizado por um círculo de igual dimensão para todos (exceto o que define a pearltree inicial). Cada pearl é identificada por uma imagem que o programa captura da página correspondente; por exemplo, o Medialab-Prado é identificado por seu logo MP e por um nome ou um título, como o termo Follow us, para a página do MP que relaciona as diversas mídias que utilizam para registro e comunicação: wiki, blogs, twitter, facebook, rss etc. Quando passamos o mouse (sem clicar) sobre cada círculo, uma pequena janela abre e permite a visualização e a identificação rápida de seu conteúdo. Caso cliquemos na janela ou no círculo, uma outra janela, que ocupa toda a tela, abre, e é possível acessar o conteúdo disponível na página.

Figura 1. Interface da Pearltrees nomeada Cartografias da Aprendizagem em Rede

Foto: captura de tela, arquivo pessoal

A rede vai sendo descrita pelo próprio movimento de navegação de link em link. É preciso estar conectado para acessar os conteúdos das páginas e os comentários disponíveis nas pequenas janelas abertas, quando passamos o mouse por cima das pearls, sem clicar. Não é possível transpor tal experiência para o papel. Latour (2010, p. 11) comenta a mudança introduzida pela possibilidade de

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recuperação de dados: podemos voltar e ir adiante, ir de um perfil individual a um agregado de centenas e milhares de perfis e restaurar uma continuidade entre os níveis macro e micro:

Hoje, cada um de nós, devido à possibilidade de navegar através dos bancos de dados, é capaz de introduzir uma continuidade da contribuição individual para os agregados de uma forma muito mais suave do que antes. (A experiência só é possível na frente da tela, é muito mais difícil de manter esse foco em um pedaço de papel, e é por isso que não há muitas descrições desse tipo).

Outra diferença é que a leitura permite várias rotas, pois não há um ponto de partida definitivo e nem de chegada. É inclusive possível acrescentar outras inscrições, como no espaço para comentários, em que qualquer leitor pode deixar um. Por sua vez, utilizamos o espaço dos comentários para realizar observações, as quais tecem uma descrição alinear do objeto de estudo e são também tanto actantes da rede quanto novas inscrições. A melhor forma de compreender o processo é navegando. No ato de navegar, somos convidados a construir a própria descrição da rede ao reagrupar as conexões sociais, seguindo os rastros que permitem descrever a formação dos coletivos sociotécnicos. Rastros que são inscrições de ações e que tornam visível o agenciamento de entidades heterogêneas que compõem os coletivos, entidades que são denominadas actantes. Definição que amplia a noção de ator, vinculada a um agente humano, estendendo-a para entidades não-humanas e não-individuais. Tudo que age no sentido de provocar diferença ou transformação vai ‘fazer’ a rede, enquanto um movimento que costura as associações e confere um outro sentido ao social, distinto de algo que já está constituído a priori e prescinde de uma explicação, para algo que está sempre por se fazer e a ser explicado. A ação é um acontecimento, um evento, que tem sempre múltiplos agentes, quando há uma ação um antes e um depois se institui, ela deixa rastros, inscrições

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e coloca em relação por tradução, isto é, pelo “transporte” da ação, os mediadores. A tradução induz dois mediadores a coexistirem, faz proliferar os actantes pela distribuição da ação. “Não há sociedade, nem campo social e nem vínculos sociais, mas existem tradução entre os mediadores que podem gerar associações rastreáveis” (LATOUR, 2005, p. 108). A rede é aquilo que é rastreado no trabalho de tradução, ela é qualificada na habilidade de cada ator para fazer com que outros atores ajam, de originar uma nova tradução.

Tradução, de fato é o que as redes de atores fazem. Atores traduzem, por exemplo, instrumentos, observações, inscrições, habilidades, interesses. “Nada é por si mesmo conhecível ou não conhecível, dizível ou indizível, nada esta perto ou longe. Tudo é traduzível” (Latour 1998a, p.167). Mais uma vez aqui faz falta a noção de semiose de C. S. Peirce que nos explicita, na sua lógica ternária, que a ação do signo é a ação de ser interpretado, isto é, a ação de dar origem a um outro signo, algo que só se processa por meio da tradução. O significado de um signo é ser traduzido em outro signo. (SANTAELLA; LEMOS, 2010, p. 41)

A rede não designa nós interconectados, ela é tão menor ou maior conforme suas associações, é sempre a superfície de suas conexões, de alguma maneira, é uma topologia aberta, ela cessa quando a ação cessa, - é aquela que faz proliferar os actantes. Ela é menos a coisa descrita, do que um método de descrição. A rede é um conceito que integra um método de descrição de ações, de modo que se construa um mundo comum, ampliando a participação de entidades heterogêneas e a distribuição dos mediadores. Nesta acepção, a noção de rede vai além de sua mera descrição como um agregado de nós e conexões, no sentido de uma estrutura e organização, para estender essa noção como processo. Pensando em termos da filosofia perciana, seria compreendê-la ou descrevê-la como um processo de semiose, de geração de signos e de ação dos signos, a rede como trabalho de tradução, é pura mediação. Seguir os rastros das associações é retraçar, reconstituir a rede, ou melhor, percebê-la enquanto ela se faz e, simultaneamente, tecê-la e ampliá-la. Procedimento que redistribui as diferenças entre o macro e o micro, entre o

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individual e o coletivo, pois o ator (ou actante) é definido por sua rede (LAW, 1999 apud LATOUR et al, 2012) e de modo reversível, a rede é totalmente definida por seus atores (ou actantes). A distinção de níveis perde sua importância, quando os heterogêneos são colocados no mesmo plano rizomático, o que não significa anular as diferenças, mas considerar que cada actante é igualmente uma parte e um todo, um ator-rede. Diferente dos métodos usuais aplicados aos estudos de caso, a TAR incita o leitor a construir sua própria narrativa a partir da fala dos actantes. A TAR é uma teoria e um método que propõe que seja dada a palavra aos actantes para que “eles próprios indiquem seus caminhos, seus quadros de referência, suas teorias, seus próprios contextos, suas próprias metafísicas e até mesmo sua própria ontologia. Logo, o caminho para segui-los será mais descritivo” (LATOUR, 2005, p. 147). Seguindo os princípios propostos na TAR, realizamos a seguir um caminho descritivo das dinâmicas da aprendizagem em rede do Visualizar’11 com objetivo de proporcionar um espécie de mapa que possa sinalizar para o leitor possíveis rotas na navegação da cartografia online. Consideramos, também, que o próprio ato de navegação é, em si mesmo, uma descrição de dinâmicas da aprendizagem em rede.

Dinâmicas da aprendizagem em rede do Visualizar’11

Uma das primeiras experiências, relacionadas com a investigação e com a aprendizagem em torno do tema de visualização de dados, é oferecida na plataforma virtual do MP. Somos conduzidos de link em link, arquivo em arquivo, a um banco de dados bem articulado e relacionado sobre o tema. O vídeo exibido na página da convocatória explicita os princípios teóricos e metodológicos do

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programa e da visualização de dados. Um outro link, disponibilizado no final do texto introdutório, remete para outro vídeo, uma aula sobre a história da visualização de dados de aproximadamente 1h com José Luis Vicente, o diretor do programa. Posteriormente, no desenrolar da oficina internacional, realizada durante quinze dias no espaço físico, ocorre uma imersão presencial e o desenvolvimento colaborativo dos projetos. Contudo, o processo de aprendizagem é iniciado no próprio ato da convocatória realizada online para envio dos projetos. Após a seleção e divulgação dos projetos, é aberta uma convocatória para colaboradores. Não ocorre seleção, todos que desejarem participar como colaboradores e tiverem condições de se deslocar para o Medialab-Prado em Madrid, ES, podem participar. Os vídeos apresentados na plataforma são bem elaborados, visualmente atrativos, e apresentam um ritmo que associamos ao dinamismo presente nas atividades e, assim, tudo convida à participação. Os conteúdos são apresentados de forma objetiva, são bem ilustrados e editados, são narrados em espanhol com legenda em inglês ou vice-versa. O tempo em geral é de até 15 min, exceto para os vídeos de registro das atividades oferecidas pelo MP (de duração variável). Um canal de streaming ativo, transmite as apresentações, os debates, as mesas redondas, as atividades dos workshops, os encontros e os seminários realizados desde o momento da convocatória e durante os quinze dias de oficina. Um banco de dados multimídia pode ser acessado e permite realizar o download de cerca de 500 vídeos, arquivos sonoros e textuais, produção dos últimos 3 anos (sobre temas diversos), cujo acesso e cuja utilização é livre, respeitado o tipo de licença creative commons designada para os arquivos. O MP oferece um

canal de

comunicação,

partilha,

follow

us,

onde

apresenta

opções

de

acesso,

redistribuição, registro e as mídias sociais que articulam a interconectividade entre os diversos elementos do coletivo.

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Figura 2. Recorte da página da convocatória, vídeo apresentando o programa Visualizar’11

Fonte: captura da tela http://medialabprado.es/article/visualizar10_comprendidendo_las_infraestruturas

A documentação do processo é estimulada e priorizada. A preocupação com a documentação é uma prática que tem origem na programação livre de softwares com o objetivo de melhor compreensão da estrutura lógica de cada programador ao desenvolver um determinado código. Ainda que a linguagem utilizada seja a mesma, cada programador tem seu estilo e precisa documentar os passos para que possa ser compreendido, reproduzido e ‘reprogramado’. O wiki é um dos principais

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recursos de registro do processo realizado presencialmente, o fórum, o primeiro contato reunindo, virtualmente, em cada projeto possíveis colaboradores. A mediação não é só tecnológica. Há um equilíbrio entre a mediação tecnológica e humana, na função dos mediadores e dinamizadores culturais. Os mediadores culturais têm a função de receber os visitantes, apresentar o espaço e integrá-los ao ambiente e às atividades. O MP oferece uma formação para quem desejar desenvolver atividades como mediadores e dinamizadores culturais. No Flickr Mediación Cultural (2011), uma das coleções do Flickr do Medialab Prado 5, encontramos a seguinte descrição:

No funcionamento do Medialab é fundamental o trabalho dos mediadores e dinamizadores culturais, presentes sempre no espaço de atividades para que estes não sejam um lugar somente de emissão de informação, mas também de recepção, encontro, e conexão entre agentes diversos; os mediadores são ao mesmo tempo investigadores e agentes socioculturais que favorecem que as atividades programadas resultem em uma experiência produtiva e significante para todo o público.

Estes são, de fato, os primeiros que encontramos e conhecemos, mediando a integração dos participantes entre si, com o ambiente, com os projetos de interesse, com

os recursos e

com

as tecnologias, disponibilizados para

documentação e comunicação com o entorno cultural, social e político de Madrid e do bairro. Apresentações lúdicas, como a técnica do Pecha Kucha (uso de fotografia para construir uma narrativa com 20 imagens e tempo de exposição de 20s, total 400s ou 6 min), são organizadas para melhor conhecer o perfil dos participantes; busca-se uma integração com o contexto social e político, por exemplo, na reconstituição do trajeto das manifestações que, naquele momento, aconteciam por Madrid, como a ocupação da Plaza del Sol; um painel de fotos de todos os participantes é produzido para melhor identificação nominal dos integrantes e como registro; um quadro disponibilizado para que possamos escrever nossos contatos e interesses pessoais, por exemplo, e-mail, fotografia, arte; os 5

http://www.flickr.com/photos/medialab-prado/collections/72157603343646636/

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colaboradores são recebidos sem restrição, não há critério de seleção, distinção de nível de conhecimento e capacitação. O acolhimento, a identificação e a gratificação são, na concepção de Vieira (2008), três atitudes relacionadas com as propriedades

que

um

sistema

psicossocial

precisa

para

permanecer,

respectivamente: a sensibilidade, a função memória e a elaboração. São agenciamentos mediados nas ações promovidas pelos mediadores e pelos dinamizadores culturais e por uma agenda organizada e metodologicamente planejada. Três especialistas da área de visualização de dados orientam e fazem a crítica aos projetos durante todo o processo. Assistentes, em geral programadores experientes, dão suporte tecnológico e em programação no desenvolvimento dos projetos. Apresentações são organizadas com a finalidade de avaliar criticamente e coletivamente o processo e dinamizar sua organização e sua execução de objetivo. Na primeira apresentação, os idealizadores dos projetos apresentam suas ideias para o público, logo no primeiro dia, com um tempo definido de 15 min; nessa etapa, os colaboradores escolhem ou trocam de projetos de acordo com seus interesses e com sua identificação (o que também pode ocorrer durante o processo ou algum elemento novo pode vir a ser integrado). A segunda apresentação, com o tempo de 6 minutos, é realizada pelo grupo, após uma semana de trabalho. A terceira possui um tempo de 3 minutos. A apresentação final, no último dia, é uma mostra dos protótipos que fica exposta por mais dois meses no espaço. As apresentações, todas disponibilizadas na plataforma, solicitam que os grupos objetivem suas ações e suas ideias, organizem o processo e realizem sua documentação, possibilitando a evolução e a concretização dos objetivos. Processos tradicionais como seminários, oficinas, debates, mesas redondas, reflexão crítica, metodologias e técnicas de trabalho em grupo são utilizados; tecnologias de comunicação em rede integram e conectam os participantes e os conteúdos; softwares de registro compartilhado permitem a elaboração de um banco de dados e memória; softwares de edição (imagem, som, texto) e

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programação possibilitam a autoria e a construção de conhecimento com o uso de linguagens híbridas. A comunicação, uma ecologia comunicacional, é um fator priorizado e percebido no modo como a informação é organizada, tratada esteticamente e comunicada, e no uso de um conjunto de mídias para uma melhor interconectividade. Solicita-se que haja um compartilhamento dos recursos utilizados, que podiam ser registrados em um cartaz afixado no espaço, nos wikis e nas ferramentas de registro e comunicação síncronas, como o Piratepad. Cada participante contribui com seu conhecimento específico, suas habilidades e suas competências e as condições do ambiente estimulam a participação, a partilha e a colaboração. Os tutores avaliavam as propostas, as intervenções dos colaboradores e as contribuições que traziam e realizavam uma crítica do processo e das propostas, em reuniões com o grupo ou durante as apresentações. Em alguns momentos, era percebida pelos participantes pouca flexibilidade dos líderes do projeto em aceitar as opiniões e as sugestões, o que resultou num sentimento de pouca aceitação e valorização dos atributos de cada um e, um consequente, desestímulo e questionamento da adesão ao projeto. Um processo colaborativo não é isento de crises, algumas delas relacionadas, principalmente, aos momentos em que há pouca abertura para o acolhimento, a identificação e a gratificação dos participantes. O sentimento de fazer parte e ter parte, de estar contribuindo para o desenvolvimento do processo, de ser valorizado naquilo que tem para oferecer, é de fundamental importância em um processo dessa natureza. A ausência desses fatores leva à dispersão e à fragmentação, contudo, para além desses momentos. Por exemplo, o que possibilitou a permanência do grupo e a concretização do protótipo no projeto REFARM APP (no qual participei como colaboradora) foi a afetividade e a ludicidade, que restauraram a confiança e a credibilidade de que um projeto colaborativo pode, de fato, ser realizado e gerar resultados gratificantes. Ao final, quando o tempo urge e é preciso objetivar resultados, toda e qualquer ajuda é valiosa. Enquanto uns programavam e finalizavam a interface visual, outros editavam o vídeo da

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apresentação, produziam o material gráfico, cuidavam da alimentação do grupo. É nesses momentos de “necessidade” de agir que a colaboração emerge com mais força. REFARM APP reuniu em torno do desenvolvimento de um aplicativo de celular um grupo heterogêneo: Adolfo Estalella, antropólogo espanhol; Ana Ceruti (43 anos), designer de ambientes espanhola; Daniela Brill (21 anos), estudante de artes da Colômbia; Diego Paonessa (42 anos), artista e designer de interface argentino; Enrique César (30 anos), mexicano graduado em comunicação e design; Erica Takenouchi (35 anos), designer gráfica; Miguel Alonso (33 anos), agricultor, videoartista e hacker espanhol; Hernani Dias (coordenador), português graduado em designer e artes gráficas, ecodesigner; Izabel Goudart (46 anos), química, educadora e fotógrafa brasileira; Tian Li (líder do projeto, 25 anos), mestrando em ciências da computação e tecnologia chinês; Rémy Greinhofer (30 anos), graduado em ciências da computação, especializado em segurança de TI e ativista de software aberto e livre francês; Max Kazemzadeh, artista e professor assistente de Arte e Mídia da Universidade Gallaudet; USA, Medialabforun; I’m hungry Flickr álbum; re:farm blog; I’m hungry Piratepad; Open spreadsheet; Table Pads; Processing; Open Street Map; Open gap phone; sistema Android; celulares, notebooks; redes wi-fi; alegria; entusiasmo; generosidade intelectual; e muitos momentos compartilhados em torno da mesa, um excelente ambiente para fazer amigos e compartilhar o pão. Essa narrativa pode ser reconstruída acessando a cartografia on-line. A quantidade de informações textuais, sonoras e imagéticas solicita uma atenção flutuante que “revela uma nova faceta da consciência, não como intencionalidade, mas como o domínio de mutações, inclusive da própria intencionalidade” (KASTRUP, 2007, p. 17), atenção necessária para que possamos apreender as dinâmicas de uma aprendizagem em rede, como se estivéssemos capturando um pássaro em pleno voo.

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Seguindo os rastros...

Mas, que condições foram observadas e descritas ao seguirmos os rastros digitais? Essas inscrições que, espalhadas nos bancos de dados em rede, carregam a materialidade dos processos e as dinâmicas de aprendizagem que ali ocorreram? A plataforma, que inclui espaço físico, interface digital e espaços intersticiais, tem sua arquitetura baseada em três princípios: ser um ambiente aberto, participativo e experimental, voltado para a produção colaborativa e para a investigação, a reflexão, a experimentação e as práticas da cultura digital. A cultura aberta de dados, do software livre e do creative commons são princípios que norteiam a elaboração da plataforma, bem como o aprendizado e a experimentação no uso das linguagens e das tecnologias digitais como uma forma consciente da importância de participarmos ativamente de como os dados são moldados, organizados e disseminados. Os recursos tecnológicos de comunicação, registro e produção são priorizados em seu aspecto de mediação tecnológica, que, afetando os planos da sensibilidade, da ação e da lógica, criam condições para que a aprendizagem em rede ocorra e para que a mente coletiva emerja como uma propriedade do sistema. São três ecologias: a digital, que mobiliza o plano político; a cognitiva, que mobiliza a produção de conhecimento e a transformação do ambiente; e a comunicacional, que propicia o aumento de nossa sensibilidade por meio da interatividade, da interconectividade e da interdependência (nutrir e cuidar das relações) do sistema. A colaboração é uma ação coordenada pela participação e pela partilha, as quais só podem ocorrer em sistemas mais flexíveis, horizontais e que valorizem todas as relações.

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Profa. Dra. Izabel Goudart Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAp/UFRJ) [email protected]

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