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DISCENTES E DISSENSO: JORNAIS ESTUDANTIS E IMPRENSA ALTERNATIVA NOS ANOS 19701 Flavia Vianna do Nascimento – PPGH Universidade Federal Fluminense – UFF

Dentre os principais opositores ao golpe militar de 1964, podemos destacar a atuação de dois grupos: os estudantes e os jornalistas. Estes dois grupos foram fundamentais vozes de uma parte da sociedade civil na luta pelo restabelecimento de uma democracia stricto senso no Brasil. Fato é que foram duramente perseguidos, sendo alguns mortos pelo sistema repressor. Os primeiros atuavam dentro de organizações de base estudantil, tais como a UNE (União Nacional dos Estudantes), as UEEs (União Estadual dos Estudantes). DCEs (Diretório Central Estudantil) centros e diretórios acadêmicos eram a escala menor de luta desse grupo. A opção pela luta armada, no momento da radicalização da ditadura, teve como impulsionador a participação de estudantes ligados a diversas correntes políticas de esquerda, tais como MR-8, PC do B, AP, VPR 2, dentre outros. Contudo há um hiato de seis anos na manifestação mais pública dos estudantes. Entre 1969 e 1974, os antigos líderes do movimento estudantil caíram na clandestinidade, sendo alguns mortos e outros partindo para o exílio. A derrota da ARENA nas eleições de 1974, dá um empurrãozinho para a retomada do movimento (com novos atores), ganhando mais força a partir de 1975, nos protestos contra a morte sob tortura do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manuel Fiel Filho. O próprio Vladimir Herzog era professor da Escola de Comunicação da USP. Enfim, aos poucos, a partir de 1975, os estudantes se reorganizaram, até as discussões atingirem auge entre 1976 e 1978. O segundo grupo citado atuou através da chamada “imprensa alternativa”. Constantemente censurados e vigiados pela repressão, produziram uma grande quantidade de

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O presente artigo foi apresentado como comunicação I Encontro Discente de Estudos Contemporâneos, realizado na UFF, entre os dias 7 de 9 de maio de 2013. 2 MR-8: Movimento Revolucionário 8 de Outubro. Resultado da antiga DG-GB (Dissidência da Guanabara). Foi um dos grupos responsáveis pelo seqüestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick. PC do B: Partido Comunista do Brasil, dissidência do PCB em meados da década de 60. AP: Ação Popular. VPR: Vanguarda Popular Revolucionária, liderada por Carlos Lamarca.

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publicações, algumas de vida curta. A atuação de jornalistas na pequena imprensa não exclui sua atuação na grande imprensa.3 A existência de grupos escrevendo críticas a um sistema de governo ou a elementos de uma sociedade não é historicamente nova. 4 No Brasil, a existência de uma imprensa alternativa data de meados do século XIX, na época da Regência 5. Aliás, discussões e relações entre política e imprensa, não são exclusividade dos alternativos.6 Bernardo Kucinski coloca como um dos primeiros jornais da imprensa alternativa o Pif-Paf, de Millôr Fernandes. 7 Contudo, Rivaldo Chinem coloca o jornal O Binômio, feito por dois estudantes de jornalismo em Belo Horizonte no ano de 1952 e durando até 1964, como precursor desta moderna imprensa alternativa. 8 Se o Pif-Paf de Millôr Fernandes foi o precursor dos jornais alternativos no contexto pós 1964, O Binômio pode ser colocado como pequeno estopim de um tipo de jornalismo. Ora, O Binômio foi produto da idéia de dois estudantes de jornalismo. Estudantes foram protagonistas na oposição à ditadura militar. Estariam eles de fora deste circuito de produção da imprensa alternativa? Antes de discorrer rapidamente sobre a atuação da imprensa alternativa durante a Ditadura Empresarial-Civil-Militar, convém explicar como conceituo o termo. O que qualifico como imprensa alternativa nada mais é do que uma miríade de publicações que, de alguma maneira, fugisse do “modelo padrão” da grande imprensa, seja na forma de elaborar os jornais ou na maneira que afirmava sua linha editorial. Ao contrário da grande imprensa, as opiniões aparecem nos artigos e não somente nos editoriais e artigos de colunistas. Há uma 3

Sobre isso ver SMITH, Anne-Marie. Um acordo forçado. O consentimento da imprensa à censura no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2000. pp. 49 a 70. 4 DARNTON, Robert. Boemia Literária e Revolução: o submundo das letras no Antigo Regime. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. Nesta obra, o historiador Robert Darnton fala da presença dos subliteratos, que faziam críticas ao Antigo Regime em forma de panfletos. 5 SODRÉ, Nelson Werneck. História da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 1999. Especialmente no capítulo entitulado “O Pasquim” (pp 83 a 180), Sodré trata da existência de jornais que apoiavam ou criticavam as correntes políticas da Regência. Aliás, o nome pasquim, designava este tipo de jornal de teor altamente crítico e satírico. Mais tarde este mesmo nome batizará um dos maiores expoentes da imprensa alternativa da década de 1970. 6 A grande imprensa sempre teve relações com esferas governamentais, seja apoiando ou criticando. Para as décadas de 1960/1970 cf ABREU, Alzira Alves de. A participação da imprensa na queda do Governo Goulart. In: 1964-2004: 40 anos do golpe. Ditadura Militar e Resistência no Brasil. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2005. GAZZOTTI, Juliana. O Jornal da Tarde e o pós AI-5: o discurso da imprensa desmistificado . In: O Golpe de 1964 e o Regime Militar – Novas perspectivas. Org. MARTINS FILHO, João Roberto. São Carlos: EdUFSCar, 2006.; KUSHNIR, Beatriz. Entre censores e jornalistas: colaboração e imprensa no pós – 1964. In: 1964-2004: 40 anos do golpe. Ditadura Militar e Resistência no Brasil. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2005. e SMITH, Anne-Marie. Um acordo forçado. O consentimento da imprensa à censura no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2000. 7 KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e revolucionários nos tempos da imprensa alternativa. São Paulo: Edusp, 2003. pp. 45-50. 8 CHINEM, Rivaldo. Imprensa Alternativa. Jornalismo de oposição e inovação. São Paulo: Ática, 1995. pp.3132.

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preocupação com a objetividade; porém não existe, como na grande imprensa, o discurso da neutralidade da reportagem. Ambas foram alvo dos censores durante a Ditadura EmpresarialCivil-Militar; porém, dado a característica de “informar ao leitor o que a grande imprensa mal informava”, a imprensa alternativa foi mais atacada durante a ditadura. Talvez pareça um pouco surreal para o senso comum, mas, segundo Anne-Marie Smith, houve sim um consentimento à ação da censura na grande imprensa. Tal consentimento não é surpreendente; basta lembrar a maneira como a imprensa agiu durante a crise de março de 1964, cujo resultado e o golpe militar de abril. Anos depois, chega a ser contraditória a defesa que os grandes meios de comunicação fazem da “liberdade de imprensa”. Segundo Rivaldo Chinem, o que há é a defesa de uma liberdade da empresa, não uma liberdade de imprensa. O aumento dos cursos de jornalismo reconhecidos pelo MEC nas universidades brasileiras, por causa da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para exercício da profissão e o crescimento da imprensa alternativa no início da década de 1970 serão responsáveis por tornar o modelo da imprensa alternativa como padrão para uma imprensa de base 9. A própria imprensa de base – nada mais é do que a informação produzida pelos elementos presentes nos movimentos sociais – serviu de laboratório para os estudantes de jornalismo. Isso não exclui o fato que o exercício deste modelo seria no momento da produção de uma imprensa estudantil. A própria imprensa alternativa servia como escola de jornalismo para estudantes recémformados ou ainda na universidade. Um destes exemplos é o jornal O Sol, que circulou entre 1967 e 1968. Os principais estudos sobre este tipo de imprensa no Brasil concentram-se sobre os alternativos mais famosos como O Pasquim, Opinião, Movimento, Versus, Em Tempo, Bondinho e Coojornal. Em Jornalistas e Revolucionários nos Tempos da Imprensa Alternativa, Bernardo Kucinski, ao fazer um panorama histórico desse tipo de publicação, faz um apanhado de muitos jornais, porém para caracterizar minuciosamente e contar a história, escolheu somente os mais importantes. A uma imprensa produzida por estudantes, sejam eles de jornalismo ou não, só são citados os periódicos mais importantes numa nota de rodapé. 10 Ele toma como exemplo deste jornalismo o periódico Avesso, produzido pelo DCE Livre da USP. Segundo o autor, o padrão standard11 de Avesso acabou por influenciar a volta deste tipo

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KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e revolucionários nos tempos da imprensa alternativa. São Paulo: Edusp, 2003. pp. 141-142. 10 Ibidem, pp 141-142, nota 4. 11 Standard é o formato mais usado pelos jornais publicados. Grande parte da imprensa alternativa publicava no formato tablóide (devido aos custos de impressão mais baratos do que imprimir em formato standard), inclusive a fonte usada para este artigo, o Boca no Trombone.

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de formato na imprensa alternativa; dá como exemplo disso o jornal Em Tempo. Até mesmo nas dissertações de mestrado e teses de doutorado há uma concentração no estudo desses jornais. Pode-se qualificar esta unicidade temática como um desconhecimento de outras fontes sobre imprensa alternativa. O catálogo de jornais alternativos, produzido pelo Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro, fornece um número de mais de quinhentos títulos de jornais editados entre 1964 e meados da década de 1980. A temática deles é diversa e, dentre os jornais estudantis ou universitários, consegui levantar em torno de trinta publicações em todo o Brasil12. A concentração desses títulos se dá, principalmente, no eixo Rio – São Paulo.13 Uma das exceções é o jornal Nanico, produzido por estudantes de jornalismo e recémformados jornalistas em Belém, oriundos da UFPE. Lançado em 1979, durou até 1980, com oito edições mensais publicadas durante este período. Segundo Bernardo Kucinski, discutia temas de interesse nacional e assuntos ligados à cultura, mas com espaço para discutir a prática do jornalista. É impossível caracterizar esta imprensa estudantil sem antes fazer uma contextualização dos fatos acontecidos entre 1974 e 1977, período escolhido como recorte histórico para este artigo, e sem também explicar certas ações da ditadura que influenciaram a educação superior brasileira. Informar sobre as principais correntes políticas atuantes no movimento estudantil também ajudará a entender este contexto. Em 1968, uma das principais lutas do movimento estudantil era contra o acordo MECUSAID. Assinado pelo regime militar nesse ano consistia num projeto de reforma universitária e reforma do ensino. O acordo instituiu os ensinos de primeiro e segundo grau (reuniu primário e ginásio no 1º grau e clássico e científico no 2º grau), o ensino superior ganharia um caráter mais tecnicista e tornava o ensino de língua inglesa obrigatório desde o primeiro grau. O projeto MEC-USAID foi feito em conjunto com os Estados Unidos. Entendendo a discussão sobre educação brasileira como soberana ao Brasil, a assinatura desse acordo foi fato que desagradou aos estudantes universitários e secundaristas, pois significava uma ingerência dos EUA na educação brasileira. Segundo Zuleide Simas da Silveira, as 12

Entre os títulos classificados como jornais universitários temos os títulos: Alternativa, Andaime, Aqui Ó, Boca no Trombone, Cobra de Vidro, Comunicação IACS, DCE, Jornal da UDESC, Jornal de Criação, Jornal Ler É... e Jornal Universitário. Sem contar os jornais dos DCEs da UFC e da USP. Entre os classificados como jornais estudantis temos: Análise, Avesso, Folha da Cidade, A Hora do Estudante, Jornal da História, Jornal do DCE – UECE, Jornal Estudantil, Jornal Universitário, Nanico, Patuá, Pau-a-Pique, Sempre Livre, Sem Rótulo, To$tão, Vago, Vai Chover Canivete, Visão Geral, Visor, Vote Viração e A Voz dos Estudantes. 13 Na verdade, uma das poucas referências que achei sobre jornais alternativos estudantis foi em BERTOT, Ivanir José e GUIMARAENS, Rafael. Abaixo a repressão: movimento estudantil e as liberdades democráticas. Porto Alegre, Libertas, 2008. O livro faz um panorama do movimento estudantil na década de 1970 no Rio Grande do Sul.

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reformas universitárias implantadas a partir de 1968 acabavam por subordinar as universidades brasileiras ao projeto tecnocrata do governo militar 14. Devemos lembrar que a principal organização estudantil brasileira, a UNE, fora considerada ilegal pela Lei Suplicy, de 1965. Além disso, segundo ela, os DCEs, Das e CAs ficaram proibidos de exercer qualquer atividade política, sem contar que estavam subordinados ao governo federal. 1968 foi um ano importantíssimo nas lutas contra a ditadura. Foi quando o movimento estudantil resolveu partir para o ataque. A Passeata dos Cem Mil, resultante dos protestos contra a morte do estudante Edson Luís no restaurante Calabouço, foi uma resposta á repressão. Logo depois, ela recrudeceria contra os estudantes. Invasão aos campi da Maria Antônia (nome da rua onde se situava a FFLECH 15 da USP) e da UnB são apenas o primeiro passo. Em outubro, o congresso da UNE em Ibiúna (cidade do interior de São Paulo) é invadido por policiais e encerrado à força, sendo todos os participantes presos. Toda a liderança estudantil de peso caiu em Ibiúna. O ponto máximo do endurecimento da ditadura veio em 13 de dezembro de 1968, com a assinatura e promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5)

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para muitos, significou um

golpe dentro do golpe. O AI-5 suspendeu o habeas-corpus para crimes políticos, suspendeu direitos políticos, cassou mandatos (senadores, governadores, deputados e prefeitos), fechou o Congresso Nacional por tempo indeterminado, proibiu a realização de qualquer tipo de reunião, decretou o estado de sítio e criou a censura prévia. O tiro final no movimento estudantil “legalizado” de fins da década de 1960 veio em fevereiro de 1969. Neste mês foi promulgado o Decreto-Lei nº 477. Segundo Maria Paula Araújo, esta lei levou o AI-5 para dentro das universidades. O decreto-lei proibia a organização de estudantes ou professores em associações, além de estabelecer punições contra aqueles que o infringissem. Após a repressão mais pesada dos anos 1969-197317, o general Ernesto Geisel assume o governo. Ao lado do general Golbery do Couto e Silva (ministro chefe da Casa Civil),

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Cf. SILVEIRA, Zuleide Simas da. Concepções de educação tecnológica na reforma da educação superior: finalidades, continuidades e rupturas (1995-2010) – estudo comparado Brasil e Portugal. Niterói, 2011. 445 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2011. p. 309-331. 15 Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. O resultado da invasão e destruição foi à transferência da FFLECH para a Cidade Universitária. 16 O AI-5, o qual só seria revogado em 31 de dezembro de 1978, foi a resposta do governo contra a não decisão de punir o deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, por causa do discurso deste contra a ditadura, em setembro. A câmara rejeitou o pedido um dia antes da implantação do AI-5. 17 Período que corresponde ao governo do general Emílio Garrastazu Médici, conhecido como os “Anos de Chumbo”. Época do também chamado “milagre brasileiro”, da propaganda ufanista do governo, do maior

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propôs um projeto de abertura “lenta e gradual”, a chamada política de distensão. Assim, mantinha um possível plano de volta à democracia nas mãos do governo e não da sociedade civil. Só que o governo de Geisel coincidiu coma crise do milagre econômico brasileiro, fato que gerou insatisfação com o governo. O resultado disso veio nas urnas: em 1974, a ARENA18 sofreu a primeira derrota política significativa, perdendo cadeiras na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. O MDB recebeu 14,5 milhões de votos para seus candidatos ao Senado. Em 1976 (15 de novembro) sofre outra derrota, só que nas eleições municipais. A ARENA elegeu o maior número de prefeitos (cerca de 80%), mas perdeu prefeituras nas principais capitais grandes cidades brasileiras. Mesmo coma Lei Falcão 19, que decretou o fim do horário livre para os candidatos às eleições, a oposição consentida conseguiu emitir sua voz de discordância. Prevendo o que aconteceria nas eleições de 1978 – ou seja, nova derrota – o governo baixa em 1977 (um dia depois do “aniversário” de treze anos do golpe) um conjunto de medidas que ficou conhecido como Pacote de Abril. Um verdadeiro presente de grego para a população civil, contudo valiosíssimo para o governo. O Pacote de Abril restringia as campanhas eleitorais, restringia o peso o voto urbano, controlava os executivos estaduais (eleições indiretas para governador), aumentava o controle sobre o executivo federal e controlava todo o processo legislativo, instituindo o “senador biônico”. 20 Apesar disso, não pode conter uma insatisfação de parte da sociedade civil contra o regime, o que desembocou na Campanha pela Anistia, mas greves do ABC e na luta pela revogação do AI-5. Apesar do processo de abertura “lenta e gradual”, a máquina repressora continuava ativa. Nas dependências do II Exército foram mortos o jornalista Vladimir Herzog (em 25 de outubro de 1975) e o operário metalúrgico Manuel Fiel Filho (17 de janeiro de 1976). A morte dos dois acirra a crise entre castelistas e duros que ocorria dentro do governo e o resultado é a desarticulação da linha-dura. No caso da morte de Vladimir Herzog, o DOICODI21 alegou que foi suicídio. Herzog era personagem conhecida dentro do jornalismo brasileiro, e a notícia de sua morte causa protestos por parte de uma intelectualidade. O número de mortes por torturas e desaparecimentos políticos, e das perseguições aos militantes que optaram pela luta armada. Na imprensa, o Brasil era mostrado como uma “ilha de paz e prosperidade”. 18 O AI-2, de 1965, dissolveu os partidos políticos existentes e criou outros dois: a ARENA (Aliança Renovadora Nacional), ligada ao governo e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), uma oposição consentida. 19 Com a Lei Falcão (ganha esse nome por causa do ministro da Justiça Armando Falcão), os candidatos não apareceriam na televisão expondo suas propostas. Passaria a ser exibida uma foto do candidato, seu nome e o nome do partido, enquanto um locutor veiculava informações básicas sobre o concorrente. 20 O senador biônico era um tipo especial de senador, eleito por colégio eleitoral. Equivalia a 1/6 das cadeiras disponíveis para o Senado Federal numa eleição. Na verdade, foi um artifício do governo para manter a maioria no Senado após a derrota de 1974. 21 Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna.

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velório foi acompanhado por centena de pessoas e um culto ecumênico foi planejado para o dia 31 de outubro de 1975, uma sexta-feira. O culto foi realizado na Catedral da Sé, na presença de oito mil pessoas, uma das primeiras grandes manifestações contra a ditadura, após 1968. As mortes de Herzog e Fiel Filho geram também uma retomada efetiva da oposição ao regime militar. Novos jornais alternativos e a retomada do movimento estudantil fazem parte deste processo. Em 1975, ocorre a primeira greve estudantil de 1968. No mesmo ano o DCE Livre da USP é fundado. A retomada de uma imprensa estudantil de contestação também faz parte desse processo.22 Aliás, existe uma dificuldade em buscar jornais produzidos antes de 1975. Uma das poucas referências que encontrei é um número do Jornal da Universidade (UFMG). Apesar de produzido por estudantes, faz poucas referências ao movimento estudantil. O máximo que encontrei na fonte foi uma entrevista na página 2, com os novos membros do DCE. Também fica claro que o DCE perde muito da sua iniciativa política, capitaneada pelos estudantes que compõe a entidade. 1977 significou uma retomada da presença dos estudantes nas ruas. As greves estudantis na PUC-RJ, a primeira grande passeata da USP e a refundação dos DAs e CAs da UFRJ, mais o DCE da UFF, são parte desse processo. A realização, às duras penas, do III ENE23 (Encontro Nacional de Estudantes); além dos encontros nacionais de cursos acabam por gerar um movimento que desemboca na refundação da UNE em 1978. Não nos devemos esquecer as principais tendências do movimento estudantil, pois é de suma importância para entender as relações políticas dentro de CAs e DAs. À APML (antiga Ação Popular, agora Ação Popular Marxista-Leninista) eram ligadas as tendências Refazenda, Liberdade (em Minas Gerais), Viração (dirigiu diretórios da PUC-RJ e chegou a publicar um jornal) e Novação (na Bahia). Unidade era a tendência ligada ao PCB. Ao PC do B, estavam ligadas as tendências Caminhando e Viração (na Bahia). A tendência Alternativa reunia militantes do MEP24 e da POLOP25. A recém-fundada Liberdade e Luta (Libelu), que seguia linha mais trotskista, também estava presente.

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KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e revolucionários nos tempos da imprensa alternativa. São Paulo: Edusp, 2003. pp. 141 23 Sobre as tentativas de realização do III ENE (um em Belo Horizonte; os outros dois em São Paulo, um na USP outro na PUC) cf. ARAÚJO, Maria Paula de. Memórias Estudantis (1937-2002): da fundação da UNE aos nossos dias. Rio de Janeiro: Relume-Dumará: Fundação Roberto Marinho, 2007. pp. 223-225. 24 Movimento de Emancipação do Proletariado. 25 Organização Revolucionária Marxista Política Operária.

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É nesse contexto que aparece, em junho de 1976, os jornais Boca no Trombone26 e Vai Chover Canivete: o primeiro com a proposta de ser um informativo dos estudantes do Grande Rio e o segundo um informativo dos DCE da PUC-RJ. Jornais estudantis sempre existiram nos meios universitários e secundaristas. DCEs, CAs e DAs costumam fazer este tipo de publicação, contendo notícias, poesias e artigos escritos por alunos.27 Durante a década de 1970 este tipo de publicação era comum, apesar da não peridiocidade de alguns jornais. Algo muito normal neste tipo de publicação, pois envolve esforço coletivo dos estudantes para editar o jornal. No Rio de Janeiro, temos os jornais Boca no Trombone – O jornal dos estudantes do Grande Rio e Vai Chover Canivete. O primeiro reunia alunos de diversos cursos das universidades da região metropolitana, como UFRJ, UFF e PUC.28 O jornal se propunha a discutir problemas dos estudantes das universidades do Rio de Janeiro, relatar acontecimentos das universidades de todo o país, além de comentar notícias que a grande imprensa não fala. Foram consultados três exemplares: o nº1, de junho de 1976; o nº2, de maio de 1977 e o nº3, de novembro de 1977. 29 Ele é resultado, segundo o editorial do nº 1, de esforços no tocante à organização dos alunos após a realização de uma Semana de Direitos Humanos em 1975. O segundo era o jornal do Diretório Central dos Estudantes da PUC e propunha-se a discutir a situação do movimento estudantil na PUC e fora dela, além de noticias políticas de interesse dos estudantes. Consultei o exemplar n°1, de maio de 1976. Aliás, é o único exemplar no acervo do Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro. Dado o teor combativo do periódico, provavelmente não houve a publicação de um segundo número, devido a represálias da reitoria. Se houve, os exemplares não foram arquivados. Os dois primeiros números de Boca no Trombone seguem um mesmo padrão de reportagens, ambas diferentes do teor dos textos escritos no nº3. Todos os três editoriais 26

A escolha do jornal Boca no Trombone deve-se a questões acadêmicas (discussões sobre acontecimentos e estrutura das universidades na época, pois o ICHF é citado algumas vezes) e pessoais (tempo disponível para pesquisa e redação do artigo). 27 No curso de História da UFF temos como exemplo A Roda, revista produzida pelos estudantes desde o 2º semestre de 2005. 28 No expediente do nº1 (junho de 1976) diz que a edição teve como entidades responsáveis o DCE-UFF, Conselho de DAs da UFF e o Centro Acadêmico Roquete Pinto –PUC (Comunicação Social). Como cursos colaboradores participaram UFRJ (Engenharia, Medicina, Economia, Química, Física, Matemática, Filosofia e Ciências Sociais), PUC (Economia, Sociologia, História e Engenharia) e UFF (Engenharia, Economia, Arquitetura, Comunicação, Medicina, História e Ciências Sociais, Comunicação e Direito). Já no expediente do nº 3, colaboraram com o jornal UFRJ (CA do IFCS, CA da Física e Conselho de Representantes de Química) e UFF (DA da Comunicação Social). O nº 2 não possui expediente. 29 O exemplar nº1 pode ser encontrado na Biblioteca Nacional e no Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro, o nº2 possui um exemplar na Biblioteca Nacional, enquanto o nº3 encontra-se no Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro. Os exemplares encontrados no Arquivo da Cidade possuem condições de conservação melhores do que os encontrados na Biblioteca Nacional.

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(encontrados na capa do jornal) versam sobre problemas ligados às universidades, tais como falta de verbas, sucateamento das unidades, pedido de melhorias na qualidade do ensino, valores das mensalidades nas particulares e garantia de acesso à universidade a boa parte da população. O interessante é perceber que o tema dos editoriais é praticamente a mesma discussão travada dentro do movimento estudantil atual, quando se fala da situação das universidades públicas brasileiras. A formação de uma entidade que congregue representantes de todas as universidades do Grande Rio é assunto presente nos dois primeiros editoriais. Acredito que o fato do assunto não aparecer no editorial do nº3 tenha relação com a mudança de uma linha editorial do jornal. Pode ser que um racha entre os grupos políticos participantes da elaboração do periódico seja uma explicação plausível. Críticas a um modelo de universidade tecnicista, fruto da reforma universitária de 1968 (resultado do acordo MECUSAID) também aparecem. Tais críticas também aparecem no nº 1 de Vai Chover Canivete. Nesse caso, o editorial reforça a linha editorial do periódico, cujo objetivo era manter os estudantes da PUC informados sobre as lutas dos movimentos sociais e crítica a precariedade do ensino nas universidades, seja particular ou pública. Todos os acontecimentos políticos dos anos de 1976 e 1977 (ou boa parte deles) são comentados em ambos os jornais. Para o jornal Boca no Trombone, posso arriscar a idéia que a edição de novembro de 1977 fosse como um prelúdio para os acontecimentos do ano de 1978 vide a reportagem sobre protestos do Sindicato dos Metalúrgicos. 30 O número 2 apresenta uma análise sobre o Pacote de Abril, com críticas ao papel do MDB no processo. 31 O número 1 ainda segue o padrão clássico dos jornais estudantis: poesia, notícias e charges. Fotografias são poucas, porém no nº 2, na reportagem sobre greve estudantil na PUC-RJ, aparece uma foto dos pilotis da universidade lotado de estudantes.32 Aliás, notícias sobre greves estudantis e reorganização de CAs, DAs e DCEs são uma constante. Alguns fatos chamam atenção nestes quatro exemplares analisados. O primeiro deles é a presença de estudantes de cursos tidos, atualmente, como desmobilizados, por exemplo, Engenharia, Medicina, Química e Física; ou seja, cursos da área de Exatas e Biomédicas. Os problemas internos da COPPE33, bem como um direcionamento dos currículos e das pesquisas com a finalidade de favorecer os interesses das grandes empresas (uma

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Boca no Trombone, ano II, nº3, Nov. de 1977, pp.6. Boca no Trombone, ano I, nº2, Mai. de 1977, pp.3. 32 Ibidem, pp 4. 33 Programa de Pós-Graduação em Engenharia da UFRJ. 31

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realidade hoje presente no setor) são muito criticados em Boca no Trombone. Isto mostra que em algum ponto da década de 1980, o modelo tecnocrata venceu dentro das faculdades de Engenharia, descolando o curso de uma preocupação com a produção do conhecimento por parte dos alunos. Outro ponto é a não assinatura das reportagens e o formato do expediente (destaco a falta dele no número 2). No expediente de Boca no Trombone só aparecem o nome dos cursos que participaram da edição.34 Em Vai Chover Canivete, nenhuma menção a quem produziu o jornal, exceto pela reprodução de artigo de Raimundo Pereira, anteriormente publicado pela Revista da ABI. Acredito, e o teor crítico das matérias comprova isso, que esta atitude fosse tomada para evitar suspensão e expulsão dos estudantes, tendo como base para acusação o Decreto-Lei nº 477. No número 1 de Boca no Trombone, há uma charge criticando esse decreto35. Vale lembrar que grande parte das charges não tem autoria na imagem, o que me fez pressupor a participação no jornal de alguns alunos trabalhando coma produção delas. Em Vai Chover Canivete, um dos artigos, inclusive com chamada na capa, é sobre a expulsão de 148 estudantes do curso de Planejamento Urbano da UFRJ. O preço dos jornais era relativamente razoável (entre Cr$ 2,00 e Cr$ 3,00) e provavelmente tentava cobrir os custos da produção. Não há nenhuma indicação da gráfica onde era impresso o jornal e da tiragem dos exemplares. Isso também seria uma maneira de driblar a ação do Decreto-Lei nº 477 sobre os alunos responsáveis pelo jornal. O primeiro número de Boca No Trombone só sai graças á cotas vendidas na porta das universidades, bares, cinemas e teatros. O valor dos bônus vendidos nas escolas era de Cr$ 3,00 e o resultado final do valor da venda era de Cr$ 5.500,00. Mesmo não sabendo a tiragem desses três exemplares, eles seriam suficientes para circular nas principais universidades da região metropolitana, ou pelo menos cobrir UERJ36 UFRJ, UFF e PUC. O jornal pretendia ser contribuição para a existência de uma imprensa estudantil independente 37. Isto mostra a existência de outros jornais estudantis no rio de Janeiro, mas ligados às tendências políticas. É sabido, até hoje, que diversas correntes políticas disputam a liderança do movimento estudantil e, percebe-se pelos editoriais de Boca no Trombone, que estas disputas acabariam por “rachar” o movimento.

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Ver nota 28. A charge consiste num ônibus (usa o fato dos coletivos cariocas serem identificados por três números) e alunos uniformizados atravessando a rua. O ônibus vai em direção ao aluno – intenção de atropelamento. 36 Em 1976, já ocorrera a fusão entre o Estado do Rio de Janeiro e o Estado da Guanabara. Até 1975, a UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) era conhecida como UEG (Universidade do Estado da Guanabara) 37 Boca no Trombone, ano I, nº1, Jun. de 1976, pp 1, editorial. 35

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Notícias sobre imprensa alternativa também estão presentes. No primeiro número de ambos os jornais, temos uma reportagem sobre censura ao jornal Movimento.38 No segundo número, aparece uma crítica à censura.39 Publicações técnicas e jornais alternativos eram constantemente censurados. E, mais importante: desmistifica a idéia da grande imprensa como resistente (imagem construída posteriormente), também mostrando uma cumplicidade desta com a ditadura. Na notícia cita como exemplo a reportagem do Estado de São Paulo sobre uma greve de motoristas de ônibus, usando a expressão “subversiva” para qualificá-la. Cita também que o Jornal do Brasil nem noticiou o fato. O primeiro número de Vai Chover Canivete apresenta pequeno artigo sobre a contradição na defesa da “liberdade de imprensa” por parte dos proprietários da “grande imprensa”. No nº 240 há uma nota sobre o não pagamento de salários aos jornalistas do alternativo Opinião. Isto mostra que havia algum contato entre jornalistas e estudantes de comunicação social. Interpolações entre os alternativos e a grande imprensa são perfeitamente observáveis quando comparamos duas notícias sobre um mesmo acontecimento: a proibição de eleições para o DCE da UnB.41 A reportagem do Boca no Trombone enfoca mais as questões dos alunos nesse processo e explicando o que houve. O Jornal do Brasil, no dia 28 de maio de 197642, noticia o fato enfatizando a prisão e o caráter subversivo da atitude dos estudantes. No dia seguinte, numa reportagem curta, noticia as novas punições e dá o nome dos alunos suspensos.43 A partir disso, concluo que a grande imprensa funcionou como um diário oficial “light” do governo federal. Por outro lado, devemos considerar a presença dos censores dentro das redações, o que permite estabelecer uma relação entre "censura oficial" e "autocensura". No jornal Boca no Trombone é citado que os deputados da oposição fizeram discursos favoráveis aos estudantes, além da crítica do senador Petrônio Portella, o qual chamou os estudantes de subversivos. O Jornal do Brasil só traz a citação de Petrônio Portella, corroborando com a tese proposta do diário oficial “light”. Ao consultar o Jornal do Brasil para verificar as diferenças de linguagem da grande e pequena imprensa, algo me chamou atenção: a quantidade de anúncios de quase uma página ou de meia página publicados. Será que as agências da imprensa governamental pagavam por este espaço? 38

Ibidem, pp 6. Boca no Trombone, ano I, nº2, Mai. de 1977, pp.6. 40 Ibidem, pp.6 41 Boca no Trombone, ano I, nº1, Jun. de 1976, pp 2. 42 Exemplar consultado, em microfilme, nos dias 07 e 08 de julho de 2009, no setor de periódicos da Biblioteca Nacional. 43 Devido a qualidade do microfilme, não consegui identificar o nome de alguns estudantes suspensos. 39

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A quantidade relativa de notícias sobre universidades de fora do estado do Rio de Janeiro gera curiosidade. Como é que estas notícias chegaram aos estudantes fluminenses? Creio que era no boca-a-boca, via carta ou via telefone. Ou ainda alguém que participou do acontecimento e contou para alguém que escrevia para o jornal. Outra possibilidade seria o contato entre militantes da mesma corrente política em diferentes estados, o que fazia com que estas notícias chegassem aqui. Para estudantes criados em plena era da comunicação rápida, isto é um feito impressionante. Há também o pedido de incentivo aos jornais alternativos, que aparece na forma de chamadas. No número 3, pede-se para ler o jornal De Fato. Segundo Bernardo Kucinski, ele começa a circular no Rio e em São Paulo em 1977, após a tomada da redação por militantes ligados ao PC do B. Será que teríamos a presença de elementos ligados ao PC do B no Boca no Trombone? Uma pista para isso é o artigo sobre a avaliação do III ENE44, onde começa com a celebração das lutas estudantis, discurso presente em muitos panfletos escritos pela UJS, corrente presente no atual movimento estudantil, ligada ao PC do B. Contudo, a presença de militantes ligados ao PC do B seja apenas uma forma de garantir uma pluralidade de vozes dentro do jornal e não um aparelhamento em si. A imprensa estudantil não produziu somente periódicos de interesse geral dos estudantes. Há também a iniciativa dos jornais-escola, os quais congregavam o trabalho de professores e estudantes de Comunicação Social. O já citado Nanico e Comunicação IACS, este editado por professores e estudantes de Comunicação Social da UFF, são exemplos deste tipo de produção. Porém existem diferenças substanciais entre as duas publicações. Enquanto há uma amplitude de pautas em Nanico, as duas edições que pesquisei de Comunicação IACS (nº2 e nº3, datados de novembro de 1978 e junho de 1979, respectivamente) tratam, de maneira crítica sobre temas de interesse dos estudantes de jornalismo, com algumas aberturas para informações sobre a UFF. Possui, ao contrário das fontes citadas, expediente; o que talvez exigisse dos alunos repórteres um maior cuidado na escolha da pauta. Pretendia fazer uma trajetória daqueles que escreviam para o jornal. Impossível, pois o jornal preserva a identidade dos alunos que participaram de sua elaboração. Contudo, é importante observar como certos cursos com alunos mais preocupados em terminar a graduação "o mais rápido possível" possuíam uma preocupação com suas instituições de ensino, com o rumo tomado por seus cursos (ver o caso dos alunos da faculdade de Medicina 44

No mesmo ano, o Boca no Trombone publica dois artigos sobre o III ENE. O primeiro na edição de maio de 1977, quando trata da organização da primeira versão do encontro e o segundo em novembro do mesmo ano, em que faz uma avaliação sobre a terceira tentativa de realização.

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da UERJ brigando pela manutenção dos estágios em pronto-socorros do governo estadual, pois assim achavam que estariam melhores preparados para enfrentar a profissão depois de formados45). A presença dos estudantes de Comunicação Social em todas as edições significa um laboratório para o exercício da profissão de jornalista e uma tentativa de manter informados os universitários do Rio de Janeiro. Acredito também que os jornais feitos por estudantes serviram como veículo de troca de ideias, e mobilização universitária no Rio de Janeiro. Contratempos e falta de periodicidade são problemas comuns a todos, devido, principalmente, aos compromissos assumidos por estudantes universitários durante a graduação. Por outro lado, não invalida o esforço discente como ator político no final da Ditadura Empresarial-Civil-Militar. Aliás, a presença estudantil, seja secundarista ou universitária, passará a ser constante nos movimentos de contestação do status quo durante o final da Ditadura e em períodos posteriores do Brasil recente.

BIBLIOGRAFIA

ARAÚJO, Maria Paula de. Memórias Estudantis (1937-2002): da fundação da UNE aos nossos dias. Rio de Janeiro: Relume-Dumará: Fundação Roberto Marinho, 2007. CHINEM, Rivaldo. Imprensa Alternativa. Jornalismo de oposição e inovação. São Paulo: Ática, 1995. KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e revolucionários nos tempos da imprensa alternativa. São Paulo: Edusp, 2003. __________________ O fim da ditadura militar. São Paulo: Contexto, 2001. SMITH, Anne-Marie. Um acordo forçado. O consentimento da imprensa à censura no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2000.

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Boca no Trombone, ano I, nº 2, Mai de 1977, pp 2.

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