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May 18, 2017 | Autor: Sueli Ramos | Categoria: Discurso
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Discurso de Formatura2016.2Turma Projeto PilotoParaninfa: Sueli Maria Ramos da SilvaDiscurso de Formatura2016.2Turma Projeto PilotoParaninfa: Sueli Maria Ramos da Silva
Discurso de Formatura
2016.2
Turma Projeto Piloto
Paraninfa: Sueli Maria Ramos da Silva
Discurso de Formatura
2016.2
Turma Projeto Piloto
Paraninfa: Sueli Maria Ramos da Silva

Inicialmente, gostaria de externar meus cumprimentos a Vera Penzo na condição de diretora de nossa recém instituída FAALC, conquista que deve ser celebrada efusivamente, a reitoria da UFMS, aos nobres colegas de docência do curso de Letras da UFMS, em especial, a Geraldo Vicente Martins, patrono da turma, nobre e ilustre amigo e colega, privilegiados que somos, uma vez mais por essa de tantas parcerias acadêmicas, aos familiares e amigos dos formandos que nos prestigiam com sua presença no dia de hoje e, em total consideração e estima, os nossos formandos que, após a solenidade de hoje, não são mais apenas acadêmicos, mas colegas de profissão. Hoje equiparamo-nos nas responsabilidades, no dever ético e profissional a ser exercido por toda trajetória, que não tem início hoje, mas outrora quando da escolha corajosa e honrada pela docência no curso de Licenciatura em Letras.
Não há como deixar de externar a honra e a gratidão pelo convite dessa turma que eu vi crescer e amadurecer, convite esse que tanto me deixou consternada e agradecida. Honra e gratidão que se somam ao sentimento de responsabilidade da tarefa que me foi confiada. Dentre os vários autores que poder-se-ia trazer para iniciarmos uma reflexão nesta noite, optei por trazer Rubem Alves. Rubem Alves, teólogo, pesquisador, educador que em um dos seus livros, ao tratar a questão essencial da essência da vida do ser, sem se ater a religiões ou religiosidades, mas à alma sensível, um dos aspectos mais importantes que o acadêmico do curso de Letras deve possuir, traz uma lúcida reflexão a respeito dos cacos da qual eu gostaria de compartilhar com vocês nesta noite. Refiro-me a uma citação que irei retomar presente no livro "Perguntaram-me se acredito em Deus". "Mosaicos são obras de arte. São feitos com cacos. Os cacos em si, não tem beleza alguma. Mas se um artista os ajuntar segundo uma visão de beleza eles se transformam em uma obra de arte. Músicas são mosaicos de sons. Notas são cacos. Não são nem bonitas nem feias. Mas se um compositor as organizar numa "frase" elas passam a dizer algo. Transformam-se em temas. Sonatas e sinfonias são feitas com temas entrelaçados. Também nós somos feitos de cacos. Milan Kundera comparou a vida a uma partitura musical. 'O ser humano, guiado pelo sentido da beleza, traspõe o acontecimento fortuito [o caco] para fazer dele um tema que, em seguida, fará parte da partitura de sua vida'". Também nós somos feitos de cacos, cacos que reverberam na escolha do nome da turma "Projeto Piloto" em referência aos aprendizados, amadurecimentos, rupturas e agruras que a etapa do estágio representou também na vida de vocês. Projeto Piloto também o são hoje na condição de início de um projeto de vida enquanto docentes. Nós e seus familiares acompanhamos o desenvolvimento da trajetória acadêmica de cada um de vocês. O caminho não foi fácil, foi árduo, cheio de rupturas, transformações, cheios de cacos. Enquanto futuros docentes, esses cacos, acontecimentos fortuitos que permearam e permearão ainda a partitura da vida docente de vocês que hoje se inicia, devem ser juntados, transformados. Numa época em que a educação está tão desvalorizada, tão subjugada, tão colocada a um plano de segunda ordem, faz parte da nossa missão enquanto professores fazer parte da formação e da essência de vida de vocês. É uma honra e ao mesmo tempo um desafio, uma responsabilidade para nós incutirmos esse desafio, esse aspecto oneroso que é trabalhar com a docência hoje. Com todos esses aspectos, vitoriosos que o são pela conclusão do curso de Licenciatura em Letras o que nós desejamos é sucesso, garra, força e que a caminhada, embora seja muitas vezes árdua, não deixe de ser sentida, vivida, amadurecida e reinventada sempre. Adélia Prado, no poema ensinamento, menciona a questão mais importante, mais essencial que é a questão do sentimento. Nas palavras da autora: "Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é. A coisa mais fina do mundo é o sentimento". Ou seja, como é o empenho, a minha paixão por aquilo que eu trabalho na minha trajetória acadêmica. Essa minha paixão é o sentimento, é o mote, é o desejo que me leva a frente que me leva a seguir, que me leva a alcançar os meus objetivos. Assim são os cacos da vida de vocês. Cacos que serão juntados, degrau por degrau. Na cultura japonesa há uma tradição denominada kintsugi, técnica de restauração de cerâmicas quebradas. Diante de uma vaso partido em pedaços, nós, ocidentais, embrulhamos seus cacos em jornal e os jogamos fora. Entretanto, os japoneses tem um jeito de colar os fragmentos em uma mistura de resina ou verniz com pó de ouro, cujo resultado é uma peça única, singular. Façamos como os orientais, que nossos aprendizados e crescimentos sejam como os remendos que fazem parte do projeto de seres humanos, profissionais éticos e responsáveis e com sentimento acima de tudo em que vocês irão se transformar. E nesse rasgar-se e remendar-se que nós os impulsamos a se reinventar sempre, não como o novo de novo mas que a cada erro, a cada acerto, a cada projeto, piloto ou não, sejamos como o caco transfigurado em mosaico, de beleza singular, que eu mostre aquilo que me rasga, mas que ao mesmo tempo aquele rasgo aquele detalhe faça parte da minha constituição enquanto ser, enquanto professor, enquanto pesquisador. Aquele que pensa, que impulsiona que engaja, que tem todo o seu desejo e ao mesmo tempo, todo o seu potencial voltado para a docência que hoje não e exatamente uma profissão de fé, mas uma profissão de vida, da nossa partitura. Tracem a partitura da vida de vocês, transformem-se reinventem-se, reestruturem-se, sempre. Seja o professor que a sociedade precisa ter, mas ao mesmo tempo, seja a pessoa, o cidadão, o profissional necessário e suficiente, que vocês começam no dia de hoje nesta trajetória de vida. Nunca se esqueçam da essência do estudante apaixonado que se reverbera no professor. O professor deve ser um sujeito apaixonado. Ser professor não é um dom, é vocação, mas não basta somente vocação para ser um bom professor hoje. Um bom professor hoje é aquele que leva a sua vocação a sério. Aquele que procura construir uma carreira, uma trajetória de reconhecimento , mas acima de tudo a sua própria essência como ser humano. Sejam como o sujeito obstinado, permeado pela essência sensível que vai reverberar na estrutura do ser. O ser sujeito, na transcendência do ego, na acepção de Benveniste que, como boa linguista, não poderia deixar de mencionar. Ego é quem diz ego, é a posição e o próprio ato do sujeito, ao dizer ego que se instaura como sujeito. Tenham essa projeção na construção da carreira, da construção docente de vocês, colocando-se como sujeitos, projetando-se, mobilizando-se, enunciando-se e reconstruindo-se nas idiossincrasias e nas características que lhe são propias. Assim, finalizo a minha fala, desejando um auspicioso voto de serenidade, garra, coragem, sucesso. Já dizia Guimarães Rosa " O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e desinquieta. O que ela quer da gente é coragem" (Guimarães Rosa).
Obrigada, boa noite.
Sueli Ramos

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