Disponibilização de Informação Geográfica em ambiente WebSIG: resultados de um inquérito à Administração Local

July 7, 2017 | Autor: Bruno Neves | Categoria: Survey, WebGIS, Municipalities, Geographic Information
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DISPONIBILIZAÇÃO DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA EM AMBIENTE WEBSIG: RESULTADOS DE UM INQUÉRITO À ADMINISTRAÇÃO LOCAL Teresa SANTOS1, José António TENEDÓRIO1, Bruno NEVES1, António RODRIGUES1, Sérgio FREIRE1 1

e-GEO, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, FCSH, Universidade Nova de Lisboa Email: (teresasantos, ja.tenedorio, brunomaneves, amrodrigues, sfreire)@fcsh.unl.pt

PALAVRAS CHAVE WebSIG, Informação Geográfica, Inquérito, Municípios.

RESUMO O trabalho apresentado resulta de um inquérito realizado a nível nacional, com o objectivo de caracterizar os municípios portuguese face ao uso e valor da informação geográfica (IG). A partir dos resultados desse inquérito, construíram-se indicadores que são aqui apresentados sobre a forma de uma plataforma WebSIG. Deste modo, privilegiam-se novas formas de publicação de IG, encurtando distâncias entre resultados de trabalhos académicos e o público em geral.

KEYWORDS WebGIS, Geographic Information, Survey, Municipalities.

ABSTRACT The work presented is based on a survey conducted at the national level, in order to characterize the Portuguese municipalities towards the use and value of Geographic Information. From the results of that investigation, several indicators were assessed and are here presented on the form of a WebGIS platform. New ways of making available GI are favored, thus shortening distances between the results of academic work and the general public.

1. INTRODUÇÃO No contexto do Projecto «GeoSAT – Metodologias para extracção de informação GEOgráfica a grande escala a partir de imagens de SATélite de alta resolução», financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, coordenado pelo Centro de Estudos de Geografia e Planeamento Regional (e-GEO) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, realizou-se um inquérito aos municípios portugueses sobre a utilização e necessidades de IG nos seus Serviços (Santos et al., 2011). O inquérito foi planeado de modo a fornecer informação que permitisse desenvolver estimativas válidas sobre o universo de municípios. A área coberta pelo inquérito incluiu Portugal Continental e Regiões Autónomas, sendo os municípios as unidades de amostra (308). Todos os municípios foram contactados via e-mail, com

um texto introdutório de apresentação do projecto, os seus objectivos e pertinência, sendo disponibilizado um link para o inquérito numa plataforma online. A sua distribuição teve início a 18 de Maio de 2010, e todas as respostas recebidas até 3 de Setembro do mesmo ano foram consideradas para análise. O inquérito pretendeu recolher diferentes tipos de informação: a atitude dos inquiridos face à IG disponível e a desejada; a sua opinião quanto à adequação da IG à actividade do departamento e a frequência com que a IG é utilizada, entre outros. Esta informação foi recolhida em secções distintas. A percentagem de resposta foi calculada para caracterizar o sucesso desta fase de recolha de informação. Este índice descreve a percentagem de inquéritos válidos em relação ao número total de municípios inquiridos. Quanto maior o seu valor, mais credíveis são as estatísticas acerca do universo. Dos 308 municípios contactados, 140 responderam com questionários completos (128 municípios de Portugal Continental, 3 da Região Autónoma da Madeira e 9 do Região Autónoma dos Açores). Este número representa uma percentagem de resposta de 45%, o que significa que as conclusões podem ser retiradas para a população com um nível de confiança de 90% e uma margem de erro de 5%. Neste trabalho, optou-se pela disponibilização da informação recolhida numa plataforma WebSIG. A disponibilização generalizada de modelos virtuais da Terra disponíveis online (e.g., Google Earth, Bing Maps) abre um vasto leque de possibilidades em termos de alargar o acesso, manipulação e criação de nova informação por parte do público em geral e dos técnicos que trabalham com esta informação

em

particular.

Na

administração

local,

é

criado

um

vasto

leque

de

dados

georreferenciados que, com alguma frequência, não é tornado público. A inexistência de um reportório central de dados que permita a análise e edição de IG, cria entropia que afecta directamente a eficiência nos serviços. Um WebSIG é uma plataforma acessível através de qualquer browser, que dispensando a instalação de software de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) dedicado, agiliza e facilita a partilha desmaterializada de informação e favorece um maior envolvimento e coordenação das partes interessadas. Uma fase importante na difusão de novas formas de comunicação e interacção é o alargamento da percepção relativa à real importância e utilização de informação, neste caso geográfica. A importância da utilização de informação de imagens de satélite de alta resolução por parte das entidades locais constitui um enfoque central da presente comunicação.

2. CONSTRUÇÃO DE INDICADORES LOCAIS

Esta fase inclui o apuramento e tratamento estatístico da informação, bem com a elaboração de conclusões fundamentadas. Os 140 inquéritos foram analisados em PASW (ex-SPSS) e ArcGIS. Com o objectivo de construir um conjunto de índices que permitam caracterizar os municípios quanto ao tipo de uso, valor, finalidade, frequência e autonomia face à IG utilizada, as seguintes questões (variáveis base) foram analisadas: 1 – Qual a importância atribuída à IG como referência às actividades do serviço/departamento; (Classes de resposta: 1-pouco importante, 2-muito importante, 3-fundamental) 2 – Qual o tipo de utilização principal da IG no serviço/departamento; (1-utilizador esporádico, 2-utilizador final, 3-utilizador intermédio, 4-utilizador avançado, 5-

utilizador de topo) 3 – Qual a frequência de utilização da IG no serviço/departamento; (1-mensalmente, 2-semanalmente, 3-diariamente) 4 – Se o serviço/departamento produz e/ou utiliza IG como suporte às suas actividades; (1-utiliza, 2-produz, 3-ambos) 5 - Quais as fontes a que o serviço/departamento recorre para suprir as suas necessidades de IG; (1-utilizador final, 2-utilizador intermédio, 3-utilizador avançado, 4-utilizador de topo)

Com base nas respostas àquelas questões, construíram-se dois tipos de Indicadores, a serem visualizados no WebSIG: Indicador de Utilização de IG e Indicador de Autonomia face à IG utilizada. Ambos os indicadores são calculados como médias ponderadas das respostas às questões 1 a 3 (Indicador de Utilização), e 4 a 5 (Indicador de Autonomia). Formalmente, o indicador composto C, para o concelho j, é dado pela seguinte expressão:

�� =

∑� �=1

1 � � �



,

onde x corresponde às variáveis base, k corresponde ao número de classes de cada variável base x, e N ao número de variáveis base x utilizadas no cálculo do respectivo indicador.

Torna-se deste modo acessível a informação recolhida a diferentes actores. Toda a infra-estrutura de IG fica do lado do servidor, mas as funcionalidades típicas de um SIG, como a possibilidade de consulta dinâmica dos mapas, a sobreposição de temas, pesquisa gráfica, zooms e pans, ficam disponíveis para qualquer utilizador com ligação à Web.

3. VISUALIZAÇÃO DOS RESULTADOS EM WEBSIG

Por forma a tornar acessíveis e manipuláveis os indicadores construídos, optou-se pela sua disponibilização numa plataforma WebSIG (Figura 1). A construção desta aplicação foi desenvolvida em ambiente open-source, utilizando um servidor Apache, e o Mapserver como plataforma para publicação dos dados geográficos. De forma a facilitar a configuração do Mapserver, utilizou-se o framework p.mapper.

4. RESULTADOS E CONCLUSÕES

Em geral, os resultados do inquérito revelaram as assimetrias tecnológicas e estruturais existentes em Portugal. Por um lado temos municípios com fortes taxas de penetração de tecnologia, independentemente de se tratar de tecnologia associada a IG. Por outro lado, temos municípios onde a inovação tecnológica chega mais tarde e com menor magnitude. Estas situações implicam uma grande desigualdade em Portugal no uso de IG municipal. Quanto ao desempenho do Indicador de Utilização de IG, 57% dos municípios são utilizadores de topo (4º quartil), e 10% utilizadores finais (1º quartil). Os municípios que só usam IG revelam níveis baixos de penetração de tecnologias de informação, bem como défice de recursos humanos, no departamento que preencheu o inquérito. A análise espacial das respostas mostrou uma

distribuição irregular. Contudo, excluindo Palmela, Setúbal e Seixal, podemos observar que os municípios com valores baixos daquele indicador IG localizam-se maioritariamente no interior de Portugal Continental, nas áreas mais rurais do País. Quanto ao indicador de autonomia, 73% dos municípios apresentam um elevado grau de autonomia perante a IG que utilizam (4º quartil), enquanto 14% (1º quartil) revelam um elevado grau de dependência da IG produzida por terceiros.

Figura 1. Apresentação dos resultados de um inquérito sobre o papel da IG nos municípios portugueses.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Santos, T, Tenedório, J A, Freire, S, Neves, B, Fonseca, A (2011) Utilização de informação geográfica pelos Municípios Portugueses: resultados de um inquérito nacional. VII Conferência Nacional de Cartografia e Geodesia, Porto, 5-6 de Maio.

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