DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA HUMIDADE NO SOLO EM TORNO DA ESPÉCIE LAURUS AZORICA EM AGUA GARCIA-TENERIFE

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DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA HUMIDADE NO SOLO EM TORNO DA ESPÉCIE LAURUS AZORICA EM AGUA GARCIA-TENERIFE PEDRO P. NOGUEIRA E FÉLIX F. RODRIGUES NOGUEIRA, P.P. and RODRIGUES, F.F.. 2000. Spacial distribution of soil water content around Laurus trees in Agua Garcia-Tenerife.– Arquipélago. Agrarian Science and Environment: 1:1-12. Angra do Heroísmo. Results for soil water contents distribution in Laurus forest at Tenerife are presented in this paper. Some relevant particularities, related with shape and size characteristics of Laurus Azorica tree are presented. A summary of the major climatic and soil characteristics that influence the Laurel forest is made. NOGUEIRA, P.P. e RODRIGUES, F.F.. 2002. Distribuição espacial da humidade no solo em torno da espécie Laurus Azorica em Agua Garcia-Tenerife.– Arquipélago. Ciências Agrárias e do Ambiente: 1: 1-12. Angra do Heroísmo. Neste trabalho são apresentados resultados do conteúdo de água no solo de uma floresta de Laurissilva em Tenerife. São apresentadas algumas características morfológicas das árvores de Laurus Azorica bem como alguns aspectos físicos associados à distribuição espacial de água no solo, em torno de cada árvore. É apresentado um resumo dos principais aspectos climáticos e edafológicos que influenciam a floresta de Laurissilva. Pedro P. Nogueira e António Félix F. Rodrigues, Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, 9701-805 Terra-Chã, Açores, Portugal.. email’s : [email protected] e [email protected]

INTRODUÇÃO A floresta de Laurissilva da Macaronésia é uma relíquia ecológica do nosso planeta e classificada recentemente pela UNESCO como património da humanidade. Esta floresta encontra-se em ambientes naturais tão distintos da maioria, que numa perspectiva de preservação, face a uma alteração do clima global associada a actividades antropogénicas, interessa perceber e caracterizar os diversos ambientes e mecanismos físicos que mais contribuem para a sua existência. É admissível que existam similaridades de processos físico-químicos nas florestas de Laurissilva das Canárias, Madeira e Açores. Na tentativa de se puder contribuir, com o nosso

melhor, para a identificação de processos físicos a que estas florestas estão sujeitas, nomeadamente no que respeita à sua capacidade de mobilização da água ou ao seu comportamento face a uma alteração do ciclo hidrológico regional ou global, procedeu-se ao estudo de uma floresta de Laurissilva na Ilha de Tenerife - Canárias. O estudo que aqui se apresenta, resulta de uma tentativa de aprofundarmos o nosso conhecimento, relativamente aos processos de captação de água pelas florestas de Laurissilva em ambientes de reduzida pluviosidade, quando comparados com os ambientes da Laurissilva no Arquipélago dos Açores, com vista a perceber possíveis impactes nas florestas Açorianas caso ocorra uma redução significativa da

pluviosidade, num Mudanças Globais. CARACTERIZAÇÃO ESTUDO

cenário

DO

possível

LOCAL

de

DE

1-Localização geográfica A parcela onde foi efectuado o estudo está situada na vertente norte da ilha de Tenerife (Ilhas Canárias) de coordenadas médias 28º27’32’’N, 16º24’20’’W. Esta ilha possui uma área de 2058 Km2, sendo a maior ilha do Arquipélago das Canárias e de toda a Macaronésia. Em Tenerife, a partir de Las Cañadas ergue-se o vulcão Teide, de forma muito semelhante ao Pico da ilha do Pico, mas de dimensão bastante superior (Teide 3718m, Pico 2351m). Esta forma peculiar, associada à predominância dos ventos alísios de direcção nordeste, originou um notável contraste de vegetação entre a encosta exposta aos ventos norte e a encosta oposta.

Figura 1 - Posição geográfica da parcela da floresta de Laurissilva de Agua Garcia, adaptada de Morales et al., (1996a).

A parcela onde se realizou este estudo, localiza-se no interior do Bosque de Madre del Agua de área 20 ha, em Agua García, situado entre o barranco Toledo e o barranco del Salto Blanco, locais onde se conservam as melhores

amostras de Laurissilva. A restante área do bosque, sofreu uma elevada pressão antropogénica que originou uma alteração da vegetação nativa. Actualmente está delimitado por estradas, construções, campos de cultivo, sendo também atravessado por diversas pistas florestais. As coordenadas geográficas da área de estudo são 28º29’11’’N, 28º22’29’’W, localizando-se a aproximadamente 8,5 Km da cidade de La Laguna e 2,7 Km a Sul da cidade de Tacoronte (figura 1). O local está a 820-830 m de altitude, e possui um declive que varia entre 13,9% e 20,8%, com orientação NNE. Este bosque, foi descrito desde o ponto de vista geral e botânico por García e Wilpret em 1990, tendo sido considerado como uma das relíquias da floresta nativa da vertente setentrional da ilha de Tenerife (Viñas, 1998). Em 1999, o bosque de Laurissilva Canário foi considerado Património da Humanidade pela UNESCO. 2-Solo A ilha de Tenerife é de origem vulcânica, onde as rochas mais antigas (maciço de Anaga e do Teno) tem uma idade estimada em mais de 7 milhões de anos (Carracedo, 1984 ). Os solos da parcela de estudo derivam de piroclastos basálticos da série III (agrupam materiais basálticos muito dispersos cronologicamente e espacialmente, com centros de emissão bem conservados) e podem classificar-se dentro da ordem dos Andosolos, pelo facto de apresentarem uma densidade aparente inferior a 0,85, uma retenção de fosfatos superior a 85% e a soma de alumínio e ferro extraídos com oxalato de amónia (pH=3) ser superior a 2% (Soil Survey Staff, 1996 in Viñas , 1998). A rocha mãe é caracterizada por uma mistura de olivinas, basaltos e cinzas vulcânicas, com elevada permeabilidade e drenagem. O solo de origem coluvial, é coberto por uma espessa camada de 2-3cm de matéria orgânica. O horizonte A (0-45 cm de profundidade) é constituído por argilas coluviais avermelhadas

de caracter crómico, devido à alteração de cinzas vulcânicas que contêm pedras de diâmetros compreendidos entre 5-15cm (10-30% por volume). O horizonte B (45-90 cm de profundidade) é Andico-argiloso, com uma estrutura organo-mineral pouco desenvolvida e uma elevada presença de raízes (Morales et al., 1996a). Este tipo de solo é muito permeável, onde a água da chuva se infiltra facilmente até camadas mais profundas (impermeáveis), não havendo por este motivo lençóis de água perto da superfície do solo (Jiménez et al., 1996). A humidade praticamente constante (Viñas, 1998; Henríquez et al., 1986; Rousseax and Warkentin, 1976; Saigusa et al., 1991) é a principal característica deste tipo de solos, já que evita a alteração da componente principal, hidrosilicatos de alumínio (conhecidos por alofanas), originando assim propriedades muito especificas, como por exemplo a elevada capacidade de retenção de água devido à sua elevada superfície especifica. Estes também apresentam uma cor escura, associada a pH ácido e pouca argila. Estes solos, distribuem-se pelas regiões montanhosas das ilhas, desde os 600 metros até aos 2000 metros, variando ligeiramente em função da idade dos materiais de origem e condições climáticas (Henríquez et al., 1986). 3-Clima Em Tenerife, podemos considerar a existência de três zonas climáticas que são função da altitude: uma inferior aos 500 m, outra entre os 500 e os 1500 m e uma superior aos 1500 m. A zona inferior, é caracterizada por um clima subtropical seco, com uma temperatura média anual entre 18º C e 22º C e uma pluviosidade baixa, variando entre 100 a 500 mm. A zona intermédia, possui temperaturas médias anuais mais baixas (entre os 12º C e os 16º C) e precipitações mais altas (entre os 500 e os 1000 mm). Esta zona é geralmente afectada pelo “mar de nuvens” (estrato orográfico) associado aos ventos alísios, que são mais intensos durante o Verão. A zona superior tem um clima extremo,

com temperaturas médias anuais mais baixas (de 10 a 18º C) e uma variação diurna muito ampla. A humidade relativa é baixa (40-50%) e, em geral, as precipitações são inferiores às da zona intermédia. A altitudes superiores aos 2500 m, o clima pode classificar-se como “sub-alpino”, com frequentes temperaturas baixas e neve no inverno . Relatório mais pormenorizado pode ser encontrado em UNESCO (1975). Pelo facto de o Arquipélago das Canárias se localizar na parte setentrional da região subtropical do Atlântico Norte Oriental, está sujeito à influência de duas das faixas da circulação geral da atmosfera. A nível da superfície, a dinâmica atmosférica é dominada pelos ventos alísios, onde um fluxo atmosférico de NE, húmido e fresco, viaja até latitudes mais baixas sobre a corrente oceânica fria das Canárias, influenciando o clima das zonas abaixo dos 1000 m de altitude, por outro lado, o fluxo seco proveniente de NW, influencia as zonas acima dos 2000 m. Os ventos alísios com origem nos núcleos de altas pressões do Atlântico Norte Oriental, situados entre as Canárias e os Açores, variam de localização e intensidade ao longo do ano, podendo-se claramente diferenciar situações de Inverno e Verão. Durante a Primavera, a localização predominante destes núcleos é a SW dos Açores e também a norte do Arquipélago das Canárias, fazendo com que a sua frequência seja mínima. É em Junho, que devido à predominância de um único anticiclone potente e estável no Arquipélago dos Açores, que a frequência dos ventos alísios é máxima (González,1999). Em geral, o vento de direcção Este (Continente Africano) aparece quando um anticiclone se localiza sobre a Península Ibérica, Mediterrâneo Ocidental ou Magrebe e o anticiclone Atlântico é pelo contrário, fraco ou sofre uma deslocação para Oeste do Atlântico. Encontrando-se o deserto do Saara sobre a influência de um centro de baixas pressões e se este se deslocar para a parte oriental do deserto, o ar continental quente e seco, atinge as ilhas Canárias, sobreponde-se aos ventos alísios (Henríquez et al.,1986).

O clima da parcela de estudo é mediterrânico húmido, com uma temperatura média anual de 13.6º C (a mais baixa é 10.5º C e a mais alta é 16.6º C), humidade relativa de 82.1% e precipitação de 756 mm. Existe uma média de 67 dias de chuva por ano. Para um clima mediterrânico típico, os Verões são secos, apesar disto, a seca do Verão é atenuada por uma elevada percentagem de humidade e elevada frequência de nuvens (Morales et al., 1996b). O clima da parcela foi caracterizado com base nos dados recolhidos na Estação Meteorológica de Tacoronte-Agua Garcia C:F, devido à sua proximidade do local (550 m) por Viñas, (1998). O período dos dados climatológicos, utilizados na caracterização climática da parcela anteriormente referida, teve início em 1967 e terminou em 1997, contendo 23 anos completos de precipitação e 16 anos completos de temperatura e humidade relativa, crendo-se serem representativos das condições climáticas do bosque de Laurissilva de Agua Garcia. As humidades médias mensais das máximas humidades relativas diárias observadas variam com valores médios para o período de registo entre 88% para o mês de Novembro e 97% para o mês de Abril, mostrando assim uma baixa variabilidade. As humidades médias mensais das mínimas humidades relativas diárias observadas variam com valores médios para o período de registo entre 58% para o mês de Julho e 67% para o mês de Setembro. Segundo Viñas (1998), para o ano de 1995 o valor da precipitação anual, in situ, foi de 626 mm. O coeficiente de variação anual foi de 20,7%, enquanto que homologamente os coeficientes de variação mensal chegaram a tomar valores extremos em Junho, Julho e Agosto de 112,7 , 156,5 e 123,4% respectivamente, o que significa, que apesar de não existir uma grande variação interanual, existe uma variação na distribuição da chuva ao longo do ano. O coeficiente de variação aumenta nos meses que coincidem com o final da estação húmida, que se encurta ou alarga nos diferentes anos, fazendo com que este coeficiente tome valores altos.

Em relação à contribuição sazonal, a maioria da chuva acontece no Outono e Inverno, podendose afirmar que existem apenas duas estações: a estação Outono-Inverno a chuvosa, e a Primavera-Verão, a seca (Viñas, 1998). Neste nosso estudo a direcção predominante do vento observada, na parcela, foi de sudeste e a temperatura média cerca dos 7ºC. 4- Comunidade Vegetal A floresta de Laurissilva é um tipo de vegetação com origem na flora mediterrânica do Terciário, (paleoendemismo) que ocupou a parte Sul da Europa e o Norte de África há 20 milhões de anos. A vegetação desta zona mediterrânica desapareceu, devido às baixas temperaturas que se fizeram sentir durante a última era glaciar, permanecendo apenas em algumas regiões costeiras do Mar Negro e Mar Cáspio. Na Macaronésia, nos Arquipélagos das Canárias, Madeira e Açores, as temperaturas apenas desceram entre 4 a 5º C e as chuvas eram mais abundantes e regulares, conservando-se assim a estrutura florística e fisionómica dos bosques originários da zona mediterrânica (Viñas, 1998).

Figura 2 - Mapa de ocupação de solos (Escala 1:1200.000), baseado em UNESCO, (1975).

A vegetação da Laurissilva da Macaronésia é composta por uma combinação de árvores, arbustos, plantas trepadoras e herbáceas, fetos,

musgos, líquenes e fungos. Entre as vinte espécies de árvores que se podem encontrar, distinguem-se as famílias Lauracea e Aquifoliacea predominantes, que na sua maioria são endemismos macaronésicos. A distribuição das espécies arbóreas não é uniforme, varia de acordo com as condições microambientais e com as suas características ecológicas específicas óptimas. Originalmente, a floresta de Laurissilva ocupava uma grande parte das ilhas centrais e ocidentais do Arquipélago das Canárias. Esta área foi diminuindo ao longo dos tempos, devido a dois factores: ocupação da zona potencial da Laurissilva por terras de cultivo e exploração da sua madeira como combustível e materiais de construção (ver figura 2). Em Tenerife, estima-se que a extensão actual da Laurissilva represente apenas 10 % (2700 ha) da superfície original deste bosque na ilha (Morales et al., 1996a). A Laurissilva Canária ou Monte Verde, é um ecossistema situado a latitude tal, onde a circulação global do ar produz um macroclima zonal com condições áridas, não favoráveis à formação deste tipo de bosque (Rivas-Martínez et al., 1993). Apesar disto, os ventos alísios trazem humidade desde o norte do Atlântico formando-se uma capa mais ou menos persistente de nuvens nas vertentes nordeste das ilhas mais altas, que quando a temperatura baixa origina a condensação da água ocorrendo precipitação. Estas condições de elevada humidade permitem o crescimento de bosques densos a altitudes que variam desde os 500 m até aos 1500 m sobre o nível médio da água do mar (Huetz De Lemps,1969; Ceballos & Ortuño, 1976 in Zohlen et al.,1995). A vegetação da parcela de estudo corresponde a um bosque de Laurissilva que se está a regenerar à cerca de 40 anos, após ter sido cortado na década de quarenta. O sub-bosque é constituído pelas espécies: Viburnum rigidum Vent., Hedera canariensis Willd., Smilax canariensis Willd., Ranunculus cortusifolius Willd., Asplenium onopteris l., e seis espécies de árvores: Laurus azorica (Seub.)

Franco, Persea indica (L.) Spreng., Myrica faya Ait., Erica arborea L. e duas espécies de Ilex (I.platyphylla Weeb & Berth. e I. Canariensis Poivet.). Não existem quantidades substanciais de epífitas nas folhas e ramos das árvores, como é frequente em locais mais húmidos (Morales et al., 1996a). Segundo o mesmo autor, verificou-se que numa área de 3390 m2 o índice de área foliar do conjunto foi de 7,8 e a altura média das árvores era de 13 m, atingindo as árvores maiores uma altura de 17,4 m e uma copa de diâmetro 5,5 m. A área basal total foi de 33,7 m2 ha-1 (Morales et al., 1996a; Aboal et al., 1999), representando a espécie Myrica a maior percentagem desse valor (39%), seguida pela Laurus (26%), Erica (20%), Persea (14%) e Ilex (2%). Na área anterior, encontrou-se uma densidade de 1693 árvores ha1 , sendo a espécie mais comum a Laurus (38%), seguida pela Erica (27%), Myrica (17%), Persea (14%) e Ilex (2%) que se julga ser representativa da parcela de estudo. A Laurus Azorica, em geral, é a espécie mais representativa na floresta de Laurissilva, verificando-se que na parcela de estudo também era a mais abundante.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 1-Escolha da parcela de estudo Como referido anteriormente, a parcela onde foi efectuado este estudo, está situada no bosque de Agua García e foi escolhida tendo em consideração uma série de factores, entre os quais referimos: a) - Ser um dos poucos locais na ilha de Tenerife, onde a Laurissilva apresenta um bom desenvolvimento e as actividades agrícolas terem uma influencia mínima, directa ou indirecta, na composição do solo; b) - Existência de variadissimos trabalhos botânicos, realizados ao longo dos anos, pela Universidade de La Laguna, essenciais para uma melhor caracterização da parcela (artigos

publicados em revistas científicas reconhecidas e teses de Doutoramento); c) - Existência de um bom registo temporal de dados climatológicos, e modelos climáticos para a parcela em questão, recolhidos na Estação Meteorológica de Tacoronte (situada a 500 m da parcela) e um extenso conjunto de dados meteorológicos recolhidos in situ e modelados pela Universidade de La Laguna; d) - Representativa da espécie Laurus Azorica por esta ter a maior densidade na parcela. 2-Eleição e caracterização das árvores escolhidas para o estudo De modo a poder verificar a influência que cada árvore tinha na distribuição espacial da percentagem de humidade no solo, procedeu-se à escolha de 6 árvores Laurus sp.. Teve-se em conta o seu diâmetro, altura, área da copa, proximidade de outras espécies de árvores e localização na parcela. As árvores localizavam-se numa parte da floresta, de reduzido declive, onde a escorrência superficial não assumiria grande relevo. Na medição indirecta do diâmetro do tronco foi utilizada uma fita métrica corrente, onde se avaliou o perímetro, sendo esta medida feita à altura de 1,25 m. Para a medição da altura total da árvore, foi utilizado um hipsómetro de referência ALTIMETER Blumeleiss 7, tendo sido este colocado a quinze metros de cada árvore e efectuada a leitura óptica. Tabela I Caracterização das árvores amostradas. Árvores diâmetro altura copa ( cm ) (m) ( m2) Árvore 1 30,2 11,0 20,72 Árvore 2 13,7 12,0 6,47 Árvore 3 21,0 16,0 2,82 Árvore 4 21,6 15,0 9,42 Árvore 5 17,8 18,5 3,87 Árvore 6 22,9 18,0 9,23 Na estimação da área da copa, considerou-se esta como sendo uma elipse. As medidas dos

eixos maior e menor, foram obtidas a partir do solo com recurso a uma fita métrica. Os valores registados encontram-se na tabela anterior (Tabela I). 3-Descrição da recolha das amostras de solo Por cada árvore foram recolhidas 32 amostras de solo (total de 192 amostras neste estudo). A disposição espacial dos pontos amostrados, para cada árvore, encontra-se esquematizada na figura seguinte.

Figura 3 - Esquema utilizado na recolha das amostras de solo.

No centro da figura, encontra-se a árvore de Laurus Azórica. A distância, na horizontal, entre os pontos de recolha foi de 60 cm (entre a árvore e o primeiro ponto e entre pontos). Em cada ponto, foram recolhidas 4 amostras, a quatro profundidades diferentes ( 0-10cm; 10-20cm; 20-30cm; 30-40cm) e colocadas em sacos de plástico, devidamente identificados e selados para não perder a humidade por evaporação. Utilizou-se para extracção da amostra de solo, uma sonda do tipo EIJKELKAMP-Agrisearch Equipment. Repetiu-se o processo para todas as árvores, tendo-se efectuado a recolha de amostras no mesmo dia (3 de Setembro, 1999). 4-Percentagem de humidade no solo Todo o procedimento experimental da determinação da percentagem de água no solo

esteve de acordo com o proposto por Buurman et al. (1996). Os solos húmidos foram pesados no laboratório, no dia seguinte à colheita. A extracção de água das amostras de solo foi feita em ambiente seco (desumidificado), a uma temperatura próxima dos 40ºC, durante 15 dias. Em seguida foi avaliado o seu peso seco.

Erro%H. 

 100   Δcs   ec 

2

RESULTADOS E DISCUSSÃO O erro associado à determinação da percentagem de humidade em cada amostra de solo, de acordo com a teoria de propagação de erros, foi calculado pela expressão seguinte:

 e  c   cs  e      100   Δe  e  c 2  

O cálculo da percentagem de humidade de cada amostra, foi determinado através da expressão seguinte: % Hum. 

temperatura média na parcela estudada, próxima dos 7ºC.

caixa  solo   ´caixa  solo sec o  100 solo sec o 

(%)

onde (caixa+solo) representa o peso da amostra de solo (incluindo o recipiente contentor) antes da secagem; (caixa+solo seco) o peso do solo seco (incluindo o recipiente contentor) após secagem , e “solo seco” o peso do solo seco. 5-Condições meteorológicas anteriores à amostragem De acordo com os dados meteorológicos da Estação Meteorológica de Tacoronte, de Agosto, até meados de Setembro de 1999, não ocorreu precipitação aos 500m de altitude. Tal facto está associado à existência das duas estações distintas no Arquipélago das Canárias, anteriormente referidas: a seca e a chuvosa. As amostragens realizaram-se no fim da estação seca. A humidade relativa média no dia de amostragem, no local de amostragem, rondou os 70%. É frequente observar-se em Água Garcia no Verão, apesar da seca, a existência de ar húmido e nevoeiros (Morales et al., 1996a). A direcção predominante do vento até meados do mês de Setembro foi de Sudeste e a

2

 100   e  c 2 

  Δc   

2

sendo: e- peso da caixa de metal mais a amostra de solo, após secagem; c- peso da caixa de metal; cs- peso da caixa de metal mais o solo, antes da secagem; cs- erro associado à pesagem de caixa mais solo húmido; e- erro associado à pesagem de caixa mais solo seco; c- erro associado à pesagem da caixa de metal. O erro associado a qualquer pesagem foi de 0,005g. O erro médio obtido a partir da média dos valores resultantes da aplicação da expressão anterior, foi de 0,34%, com um desvio de 0,01%. Cada uma das variáveis utilizadas no cálculo da percentagem de humidade, contribuiu com percentagens distintas para o erro total. O erro associado às pesagens de: caixa mais solo húmido, caixa mais solo seco e da caixa de metal, contribuíram com 44,3%, 50,0% e 5,6% para o erro total, respectivamente. A variabilidade da percentagem de humidade por camada e por distância ao tronco (a 60cm e a 120cm) é reduzida, à excepção do que se verifica na camada 30-40cm, onde o desvio padrão assume valores máximos (ver Tabela II). Uma vez que o desvio padrão da percentagem da humidade no solo, por camada, é próximo do erro médio de medição, definimos um comportamento médio para cada uma das camadas, comportamento esse representado na figura 4: No eixo das abcissas representa-se a profundidade, expressa em decímetros e no eixo das ordenadas a percentagem de humidade. As linhas do gráfico representam: linha a cheio -

tendência da percentagem de humidade com a profundidade a 120 cm do tronco e a linha a tracejado – a tendência da percentagem de humidade com a profundidade a 60 cm do tronco da árvore. Tabela II Variabilidade da percentagem de humidade no solo (peso/peso), em profundidade. Profun-didade (cm) 0-10 10-20 20-30 30-40 Média

%H média a 60cm 12.50 11.73 11.66 11.30 11.80

%H média a 120cm 12.53 12.37 11.30 9.7 11.48

Desvio Padrão de %H a 60cm 0.60 0.55 0.46 2.23 0.96

Desvio Padrão de %H a 120cm 0.65 0.48 0.49 1.62 0.81

A 60 cm

ser superior à verificada a 120 cm do tronco da árvore. De modo a verificar a variação da percentagem de humidade no solo com a profundidade, foram feitos ajustes parabólicos entre os valores de %H e a profundidade (dm) para as duas distâncias. Tanto num como noutro perfil, o comportamento médio assumiu um caracter parabólico, com um r2 médio dos ajustes de 0,97. De maneira a ter uma melhor visualização da variação da percentagem de humidade no solo para os perfis referidos anteriormente, representou-se espacialmente (em volume) os comportamentos exibidos (em média) a 60 cm e a 120cm do tronco das árvores (ver figura 5). Se admitirmos que as diferenças de humidade do solo, encontradas nos vários perfis (num total de

A 120 cm

Humidade (%)

14,0 13,0 12,0 11,0 10,0 9,0 0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

Profundidade (dm)

Figura 4 - Gráfico da variação da percentagem de humidade com a profundidade, a 60 e a 120 cm do tronco com o erro de medição associado.

Os pontos, são as medidas da percentagem de humidade em cada camada. As barras verticais representam o erro associado a cada medida. A análise do gráfico 4, permite-nos concluir que: a)-Até à camada 20-30cm, a percentagem de humidade a 60cm e a 120 cm do tronco da árvore, apresenta um comportamento médio idêntico, pois a variação dos valores registados é inferior ao erro cometido na sua medição; b)-A partir dessa camada, a percentagem de humidade a 60 cm do tronco da árvore passa a

48 perfis) para a camada 30-40cm, se devem à presença de uma árvore de Laurus Azórica, esta introduzirá a variação média de percentagem de humidade, a seguir calculada. Com esse cálculo, pretendeu-se apenas quantificar a diferença de humidade do solo a 60cm e a 120 cm do tronco da árvore de Laurus Azorica , observada tanto na figura 4 como na figura 5. A variação de humidade do solo entre os dois perfis (60cm e 120 cm do tronco) é: H 

 dHdP   dHdP Area1 Area 2 P



  dHdP    dHdP H 1 P1 H 2 P2 P

Figura 5 - Distribuição espacial dos valores médios da % de humidade no solo.

onde H e P representa a humidade do solo e a profundidade, respectivamente. Logo:

H 



0,1515 P 2 1,0653 P 13,375 4 1 1 11, 4 3

dHdP

P



0,3621P 2  0,8557 P 12,054 4 2 2 11, 4 3 dHdP P

Os limites inferiores de integração, correspondem à humidade do solo no ponto onde as tendências começam a divergir e passamos a ter diferenças de humidade superiores ao erro de medição. Os limites superiores de integração correspondem aos ajustes parabólicos da humidade do solo com a profundidade para cada uma das camadas. Efectuando os respectivos cálculos verificamos ser: H= 0,923%

Essa diferença de humidade encontrada no solo, entre o perfil a 60 cm e a 120 cm do tronco da árvore de Laurus Azorica, é também superior ao erro de medição. A aplicação de um teste Z para médias, às amostras de solo agrupadas pela sua distância ao tronco das árvores, com uma hipótese de diferença de médias de 0,923, revela que essa diferença é estatisticamente significativa (p
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