Distribuição espacial de cinco espécies de Protium Burm. f. (BURSERACEAE) no Parque Nacional do Juruena, MT

May 23, 2017 | Autor: R. da Silva Ribeiro | Categoria: Botany
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Scientific Electronic Archives: Especial Edition Anais do XI Encontro de Botânicos do Centro-Oeste _____________________________________________________________________________

Distribuição espacial de cinco espécies de Protium (BURSERACEAE) no Parque Nacional do Juruena, MT 1*

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Burm.

f.

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Aline Gonçalves Spletozer , Lucirene Rodrigues , Cleiton Rosa dos Santos , Lucas Gomes Santos , Dennis 1 1 1 Rodrigues da Silva , Francis Junior Araújo Lopes , Anderson Alex Sandro Domingos de Almeida , Franciely 1 1 1 1 da Cunha Teixeira Ricardo da Silva Ribeiro , Diego Ferreira da Silva , Célia Regina Araújo Soares Lopes 1

Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT/AF, Centro de Biodiversidade da Amazônia Meridional - CEBIAM, Herbário da Amazônia Meridional – HERBAM, Alta Floresta, Mato Grosso. *E-mail: [email protected]

Resumo. Análises da dinâmica espacial de espécies arbóreas pode subsidiar novas técnicas de condução das práticas de conservação, manejo e restauração ambiental. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo analisar distribuição espacial de cinco espécies de Protium no sítio do PPBio localizado no Parque Nacional do Juruena, Mato Grosso, como ferramenta para o arranjo espacial dessas espécies em projetos de recuperação de áreas degradadas. Entre as espécies amostradas P. giganteum, P. heptaphyllum e P. apiculatum apresentaram distribuição espacial regular. P. gallosum apresentou padrão agregado, já P. polybotryum apresentou distribuição aleatória. Observa-se que a distribuição espacial das espécies de Protium apresentaram padrões distintos no Parque Nacional do Juruena, constituindo uma ferramenta importante para propor arranjo espacial das espécies em Planos de Recuperação de Áreas degradadas. Palavras-chave: Biodiversidade; Arranjo espacial; Restauração ambiental.

Introdução Burseraceae é constituída de aproximadamente 19 gêneros e 615 espécies (Christenhusz & Byng, 2016). As plantas dessa família são utilizadas para os mais diversos fins. No Brasil, o gênero mais representativo em termos de número de espécies é Protium, que apresenta uso madeireiro, medicinal e a resina é empregada na produção de vernizes. Apesar do histórico de utilização da família Burseraceae, relativamente poucas espécies foram estudadas em maiores detalhes (Fernandez & Scudeller, 2011). A estrutura espacial, mesmo em pequena escala, destaca os padrões locais de distribuição das espécies vegetais na comunidade, as quais podem apresentar basicamente distribuição espacial regular, aleatória e agregada (Nascimento et al., 2001). Portanto, estudos quanto à ecologia das espécies são necessários para compreender seu comportamento nos ambientes florestais (Francez et al., 2013). Pesquisas relacionadas a estrutura populacional e padrão de distribuição espacial de uma espécie, procura determinar a densidade populacional, que pode ser resultado da ação e das interações entre indivíduos ou com os diversos fatores ambientais. O conhecimento dessas características é de particular interesse para a análise e interpretação de aspectos biológicos fundamentais relacionados à conservação das espécies florestais (Martins, 1987; Nascimento et al., 2001). Nas ciências florestais, há uma grande aplicação nas investigações sobre a distribuição das espécies, principalmente daquelas ocorrentes em seu ambiente natural. Pois, avaliar o estado original da floresta natural, estabelecendo análises da dinâmica espacial, pode subsidiar novas técnicas de condução das práticas de conservação, manejo e restauração ambiental, e com isso estabelecer o potencial de resiliência não somente do ambiente sobre intervenção, mas sobre a capacidade de persistência das populações florestais em ambientes perturbados (Marangon et al., 2013). Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo analisar a distribuição espacial de cinco espécies de Protium, sendo elas: Protium apiculatum Swart, Protium gallosum Daly, Protium giganteum Engl., Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand e Protium polybotryum (Turcz.) Engl. no sítio do PPBio localizado no Parque Nacional do Juruena, Mato Grosso, como ferramenta para arranjo espacial dessas espécies em projetos de recuperação de áreas degradadas. Métodos O estudo foi realizado no Parque Nacional do Juruena (sítio do PPBio), possui 1.958.203,56 de hectares (Figura 1), com 60% da área localizado no norte do estado de Mato Grosso. Os solos predominantes são Latossolos, Argissolos e os Neossolos Quartzênicos. O relevo varia de plano a fortemente ondulado, com pouca área montanhosa (ARPA, 2011). O clima da região pela classificação climática de Köppen é o Am, tropical chuvoso com pequeno período seco (Alvares et al., 2014). Segundo IBGE (2012), a umidade ao longo do rio Juruena cria um ambiente propício para o desenvolvimento de Floresta Ombrófila, característica da região norte mato-grossense, a qual é marcada principalmente pela presença de Bertholletia excelsa Bonpl. (castanheira), muitas vezes formando associações homogêneas.

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Figura 1. Localização do Parque Nacional do Juruena, MT e indicação das parcelas de estudo.

Para o levantamento das populações foram amostradas duas parcelas de 20 x 250m, paralelas e distantes 1.000 m entre si, correspondente a 1ha de área amostral, dividido em 25 subparcelas de 20x10m, tendo mensurados: altura e diâmetro de todos os indivíduos com circunferência à altura do peito (CAP) ≥ 30 cm. A identificação ocorreu por meio de comparação com exsicatas do acervo do HERBAM, onde foram depositas as amostras. Para análise da distribuição espacial foi utilizado o Índice de agregação de Payandeh (Durigan, 2004), caracterizado pela expressão: P=V/M. Onde, P é o índice de agregação, V é a variância do número de plantas por parcela e o M é a média do número de indivíduos por parcela, sendo que os valores de P < 1,0 indicam distribuição regular, P entre 1,0 e 1,5 indica distribuição aleatória e P > que 1,5 indica distribuição agregada. Resultados e discussão Na área de estudo foram encontrados um total de 22 indivíduos, sendo a maior densidade para P. -1 -1 -1 polybotryum (9 ind.ha ), seguida por P. gallosum (6 ind.ha ), P. apiculatum (3 ind.ha ), P. heptaphyllum (2 -1 -1 ind.ha ) e P. giganteum (2 ind.ha ), conforme a Tabela 1. Tabela 1. Distribuição do número de indivíduos, Variância, Média e Indice de Payandeh para as cinco espécies estudadas no Parque Nacional do Juruena, MT. Espécies N° Indivíduos Variância Média Índice de Payandeh Distribuição Protium giganteum 2 0,04 0,0391 0,979 Regular Protium heptaphyllum 2 0,04 0,0391 0,979 Regular Protium apiculatum 3 0,06 0,0575 0,959 Regular Protium gallosum 6 0,12 0,2302 1,918 Agregada Protium polybotryum 9 0,18 0,1914 1,063 Aleatória

Entre as espécies amostradas P. giganteum, P. heptaphyllum e P. apiculatum apresentaram distribuição espacial regular, com baixa densidade na vegetação estudada, por aparecer em poucas subparcelas na amostra de 1 hectare. P. gallosum apresentou padrão agregado com altos valores de Razão variância/Média (1,918), explicado por aparecer com 3 indivíduos em uma única subparcela, ou seja, ocorreram na amostra em pequenas manchas. Já P. polybotryum apresentou distribuição aleatória. Para Nascimento et al. (2001), as espécies aleatórias ocorrem mais espalhadas na vegetação, com poucos indivíduos por unidade amostral, em determinados casos, o que pode apresentar problemas de regeneração natural. Observa-se que um mesmo gênero apresenta espécies com diferentes padrões de distribuição espacial, podendo sugerir que em planos de recuperação de áreas degradadas deve-se indicar espaçamentos e distribuição das espécies também distintos, para aproximar aos arranjos do ambiente

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Scientific Electronic Archives: Especial Edition Anais do XI Encontro de Botânicos do Centro-Oeste _____________________________________________________________________________ natural. Tendo em vista, que em planos de recuperação de áreas degradadas tem-se sugerido espécimes apenas em nível de gênero (Cerqueira et al., 2013). Esse trabalho ressalta a importância da correta identificação até nível de espécie ao sugeri-la na implantação de um projeto de restauração florestal, pois essas comportam-se diferentemente em um mesmo ambiente natural. Conclusão A distribuição espacial das espécies de Protium apresentaram padrões distintos no ambiente natural do Parque Nacional do Juruena, constituindo uma ferramenta para indicar a distribuição como uma proposta de arranjo espacial das espécies em Planos de Recuperação de Áreas degradadas. Referências ALVARES, C.A., STAPE, J.L., SENTELHAS, P.C., GONÇALVES, J.L.M., SPAROVEK, G. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift 22: 711–728, 2014. ARPA, Programa Áreas Protegidas da Amazônia. Plano de Manejo do Parque Nacional do Juruena, Brasília. 2011. http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/imgs-unidades-coservacao/Encarte3.pdf. CERQUEIRA, C.C.A.X., CASTILHO, P.S., CARNELOSSI, R.A., SILVA, T.R.A.X.D. Diagnóstico ambiental como proposta de instrumento de Plano de Bacia em Áreas degradadas na Amazônia: estudo de caso Chácara Bela Vista–RO. Revista Brasileira de Ciências da Amazônia 2: 45-56, 2013. CHRISTENHUSZ, M.J., BYNG, J.W. The number of known plants species in the world and its annual increase. Phytotaxa 261: 201-217, 2016. DURINGAN, G. Métodos para análise da vegetação. In: Cullen, L, Valadares-Padua C, RudranR. Métodos de estudo em biologia da conservação e manejo da vida silvestre. Ed. UFPR, Curitiba. 667 p. 2004. FERNANDEZ, M.H., SCUDELLER, V.V. Identificação morfológica dos Breus (Protium Burm. f. e Tetragastris Gaertn.) da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé, Manaus-AM. In: Santos-Silva EN, Scudeller VV, Cavalcanti MJ. (Orgs). BioTupé: Meio físico, diversidade biológica e sociocultural do Baixo Rio Negro, Amazônia Central – Vol.03. Manaus, Amazonas. 556p. 2011. FRANCEZ, L.M.D.B., BATISTA, F.D.J., FERREIRA, T.M., OLIVEIRA, T.M., SILVA, J.D.O., NOBREGA, J.M., CARVALHO, J.O. Florística e estrutura do gênero Protium (Burseraceae) antes e após exploração de impacto reduzido, em uma floresta de terra firme, Paragominas, PA. Anais... In: 64º Congresso Nacional de Botânica, Belo Horizonte. 2013. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual técnico da vegetação brasileira. Série Manuais Técnicos em Geociências, n. 1. Rio de Janeiro: IBGE, 275 p. 2012. MARANGON, G.P., FERREIRA, R.L.C., SILVA, J.A.A., SOUZA, D.F., SILVA, E.A., LOUREIRO, G.H. Estrutura e padrão espacial da vegetação em uma área de caatinga. Floresta 43: 83-92, 2013. MARTINS, P.S. Estrutura populacional, fluxo gênico e conservação" in situ. IPEF 35: 71-78. 1987. NASCIMENTO, A.R.T., LONGHI, S.J., BRENA, D.A. Estrutura e padrões de distribuição espacial de espécies arbóreas em uma amostra de Floresta Ombrófila Mista em Nova Prata, RS. Ciência Florestal 11: 105-119, 2001. PÁDUA TEIXEIRA, A., ASSIS, M.A. Estrutura Diamétrica e Distribuição Espacial de Espécies Arbóreas em uma Mata de Brejo no Município de Rio Claro, SP. Revista Brasileira de Biociências 5: 567-569, 2008.

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