DIVERGENCIA DE VISÕES E EXPECTATIVAS ENTRE OS ATORES SOBRE A FORMAÇÃO PROFISSIONAL E O MERCADO DE TRABALHO EM TURISMO: IMPLICAÇÕES PARA IDENTIDADE PROFISSIONAL E EMPREGABILIDADE

June 15, 2017 | Autor: Srta Sara de Paula | Categoria: Universidades, Instituições De Ensino Superior, Formação superior
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VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística Neuquén, 25, 26 y 27 de Septiembre de 2014

DIVERGENCIA DE VISÕES E EXPECTATIVAS ENTRE OS ATORES SOBRE A FORMAÇÃO PROFISSIONAL E O MERCADO DE TRABALHO EM TURISMO: IMPLICAÇÕES PARA IDENTIDADE PROFISSIONAL E EMPREGABILIDADE Thiago Duarte Pimentel1 [email protected] Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais/ PPGCSO Universidade Federal de Juiz de Fora/ UFJF Sara C. de Paula2 [email protected] Bolsista de Iniciação Científica Universidade Federal de Juiz de Fora/ UFJF

[Eixo temático: educação e turismo] Resumo:O objetivo deste artigo as visões e expectativas dos diferentes atores envolvidos (mercado de trabalho, instituições de ensino e alunos) quanto à formação profissional e qualificação em turismo. A fim de alcançar tal objetivo, este estudo, de natureza quanti-qualitativa, na forma de estudos de multicasos, utilizou análise de conteúdo e discurso, estatística descritiva e técnicas de triangulação. Os principais resultados apontam para a não sintonia das expectativas entre trade, docentes e profissionais em turismo gerando um descompasso entre a formação superior e a qualificação no mercado. Palavras-chaves: Turismo. Formação superior. Mercado de trabalho. Instituições de ensino. Trade turístico.

1 Introdução O turismo emergiu como uma das maiores indústrias e de mais rápido crescimento em todo o mundo no século XX. A partir dos anos 1980, sobretudo, houve uma rápida e intensa expansão nas atividades deste setor. Segundo Hong (2008) o out put mundial do turismo em 2005 teria sido de 6.2 trilhões dólares, o que representaria 10,6% da produção econômica do mundo, e 221 milhões de empregos em turismo, cerca de 8,3% dos empregos em todo o mundo. Estimativas apontam ainda que até 2015 a taxa de crescimento real da produção de aproximadamente 4,6%, atingindo 10,7 trilhões de dólares. Estima-se que esteja entre os três tipos de atividade de maior faturamento e 1

Docente e investigador vinculado ao Departamento de Turismo e ao Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF, Minas Gerais – Brasil. Doutor em Ciências Sociais/UFJF. Mestre em Administração e Bacharel em Turismo ambos pela Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG. E-mail: [email protected] 2

Bolsista de iniciação científica. Graduada em Administração pela Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: [email protected]

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lucratividade do mundo, concorrendo com a indústria do petróleo, a automobilística e a farmacêutica. Certamente, esse crescimento econômico tem demandado a incorporação de trabalhadores à atividade turística em diferentes níveis de qualificação e para distintas áreas de atuação, constituindo assim, esse exercício profissional em múltiplas atividades laborais parte integrante do processo de formação-qualificação-exercício profissional. Neste contexto, várias organizações públicas e privadas esmeram-se na tentativa de suprir esta demanda de desenvolvimento ofertando capacitação neste sentido, inclusive e sobretudo, do ponto de vista formal. Entretanto, mesmo com incrementos quantitativos, a formação profissional em turismo foi – e ainda é – taxada como deficiente. Hoerner e Sicart (2003), tomando como ponto partida o contexto europeu francês, afirmam que cerca de 80% dos egressos dos cursos de turismo não trabalham na área. No Brasil, segundo Mota (2007, p.43), há um “[...] contra-senso existente entre a carência de profissionais qualificados, a ampla oferta de cursos superiores de turismo e o comum cenário de desemprego entre os profissionais da área”. Este aspecto pode ser atribuído à ausência de uma “identidade profissional” própria do turismólogo, tanto em termos pragmáticos, no sentido de uma posição razoavelmente consensual acerca de um conjunto de competências que este profissional deve reunir; quanto em âmbito teórico, em relação às divisões e disputas internas e externas, a partir das quais se tentam demarcar os contornos do campo em turismo e o que ele incorpora (que subáreas contém) e, simultaneamente, estabelecer as clivagens em relação ao que ele não é, inclusive em torno da pragmaticidade que o caráter da profissão suscita. A ausência de um perfil profissional claro e bem delineado para atuação neste nicho específico tem levado, recentemente, a um retrocesso em termos de formação profissional e de demanda por parte do mercado de trabalho e da sociedade. Evidentemente tal processo está inserido num contexto social e econômico mais amplo, porém, é significativa e necessária a análise do subsetor acadêmico. A partir disso, este trabalho procura responder: quais as visões e expectativas dos diferentes atores envolvidos (mercado de trabalho, instituições de ensino e alunos) quanto à formação profissional e qualificação em turismo?3 Este estudo teve como cenário empírico de sua execução a cidade de Juiz de Fora/Minas Gerais, Brasil, e se deu através de estudo multicasos, constituídos cada um deles pela análise em separado de cada uma das três categorias apontadas na hipótese

3

Este trabalho é resultado de um programa de pesquisa realizado pelo Observatório Econômico e Social de Turismo/OEST, da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF, que conta com poio financeiro e institucional de agências nacionais como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/CNPq, estaduais como a Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais/SETUR e municipais como o Conselho Municipal de Turismo da cidade de Juiz de Fora /COMTUR JF, dentre outros. Apresentamos aqui os principais resultados de três anos de investigação (2010-2013), compilados em um relatório de pesquisa (Pimentel, 2013), cujo objetivo foi identificar as visões e expectativas das diferentes categorias de atores envolvidos (mercado de trabalho, instituições de ensino e alunos) no campo turístico quanto à formação profissional e qualificação nesta área.

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como formadoras da identidade profissional do turismólogo: (1) o mercado de trabalho, aqui entendido pelas empresas que direta e indiretamente atum no setor; (2) as instituições de ensino superior, faculdades ou universidades públicas ou privadas que qualificam os futuros profissionais bacharéis (licenciados) em turismo; e, por fim, (3) os profissionais em turismo, categoria esta que foi subdividida para fins analíticos em diferentes momentos da formação do profissional, a saber: a) estudantes recém ingressados no ensino superior em turismo, b) estudantes em meados de sua formação superior em turismo e c) estudantes egressos, isto é, bacharéis em turismo já formados e portanto considerados profissionais, inseridos ou não, no mercado de trabalho. A pesquisa realizada, de caráter quali-quantitativo, pode ser separada em dois momentos. O primeiro diz respeito à etapa Survey, ou seja, o levantamento dos dados alusivos a três categorias principais de atores concernentes ao campo turístico em uma realidade concreta, que teve lugar na cidade Juiz de Fora/MG. Cada tópico será tratado de forma descritiva, apresentando um arcabouço de estudos transversais (cross-sectional) a fim de retratar o cenário de perspectivas de cada uma das categorias envolvidas. O segundo momento se refere à reconexão dos atores comparando suas expectativas e percepções com relação à formação superior em turismo. Esta etapa, crucial aos efeitos contributivos da pesquisa, apresenta as comparações entre: o perfil dos atores, competências e pontos de interação com o trade, hábito estudantil e mercadológico, características do curso de turismo e conhecimento sobre a turismologia. Neste artigo visamos apresentar o resultado geral, ou o mais próximo disso, das visões e expectativas dos diferentes atores envolvidos (mercado de trabalho, instituições de ensino e alunos) quanto à formação profissional e qualificação em turismo. Este artigo está organizado em cinco partes. Além desta introdução, apresentamos uma discussão teórica sobre os gargalos centrais da formação em turismo no Brasil a partir dos principais autores e alguns debates recentes. A terceira parte refere-se a um apanhado geral dos tipos e técnicas metodológicas da pesquisa, seguindo a análise na quarta etapa apontando os principais resultados. Por último, segue as considerações finais do trabalho apontando contribuições e limitações da pesquisa.

2 Referencial Teórico O mercado de trabalho de um profissional em turismo oferece uma ampla diversidade no que diz respeito à sua possibilidade de inserção no mercado de trabalho. Segundo Mota (2007) há vários campos de atuação do mercado de trabalho do turismo sendo estes: órgãos oficiais de turismo; setores de recreação e lazer programados; atividades privadas tais como agências de viagens e turismo, hotelaria, restaurantes, setores de transporte e eventos; centros de informações e pesquisa turísticas e outros (MTUR, 2013). Ruschmann (2002, p. 6) identifica que o mercado de trabalho em turismo gera inúmeros empregos, porém estes empregos não estão necessariamente e diretamente relacionados à formação disponível, representada pelos cursos superiores da área de turismo. Segundo esta autora, quando se observa os profissionais formados em curso

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superior em turismo verá que a maioria destes estão desempregados ou trabalhando em outra área. “Com esse mercado de trabalho tão amplo não deveria haver obstáculos na absorção plena dos graduados em turismo pelas empresas do setor”. Hoemer e Sicart (2003) identificam que a ausência de uma adequada identificação e descrição do fenômeno turístico, em termos de seu aspecto organizativo e estruturado da atividade, que indiretamente pode ser observado pelo conjunto de organizações (e sistemas sociais) que compõem a atividade turística , sobretudo, devido a adoção de definições técnicas e – na visão destes autores – imprecisas por parte da OMT, contribuem para uma desconexão entre a uma adequada teorização e formação por parte das escolas de turismo em relação à prática profissional. Na visão dos autores isso ocorre pois, muitas vezes, os cursos de turismo, passam a serem criados e abordados com base em perspectivas de áreas acadêmicas não aplicadas, que negligenciam ou mesmo omitem o caráter prática da atividade profissional do turismo, formando assim profissionais teóricos desconectados da realidade empírica. Albuquerque e Neto (2014) afirmam que os cursos de turismo no Brasil possuem uma estrutura muito diversificada. Por consequência, embora considerem a variedade de conteúdo como aspecto importante na formação, afirmam que esta acaba resultando em diferentes tipos de profissionais não contribuindo para a consolidação do perfil. As estruturas formativas, segundo os cursos observados pelos autores variavam no tempo de duração do curso, no conteúdo, na ênfase formativa e até no nome das disciplinas. Em alguns casos, as disciplinas tinham conteúdos semelhantes, mas com nomes distintos. Em outros, os conteúdos eram discrepantes ao ponto de resultar em uma perda significativa das matérias já cursadas quando os alunos de um determinado curso de turismo migravam para outra instituição do mesmo curso. Segundo Salgado et al (2014, p.244) a organização do currículo do turismo encara “a falta de informação relativa às técnicas e aos conhecimentos da indústria turística; e a falta do esquema organizacional representativo da educação e da indústria, com vista à validação mútuo do currículo escolar”.Outro fator relacionado à absorção (ou não) dos profissionais de turismo pelo mercado de trabalho diz respeito às competências do trabalhador, geralmente avaliadas indiretamente pela sua formação. Gaio e Fernandes (2006) argumentam que os cursos de bacharelado em turismo vêm formando profissionais para cargos gerenciais, enquanto a maioria dos empregos na área do turismo se concentra em áreas operacionais. Nesse sentido, há também a carência relativa aos profissionais técnicos para exercerem atividades operacionais, os profissionais da linha de frente do setor de serviços. Cursos como os oferecidos pelo Senac, IFETs, Microlins, dentro outros, são minoria, uma vez que a expansão dos cursos de turismo no Brasil se deu em nível de graduação como a Universidade Anhembi Morumbi, UFMG, USP – ao contrário do cenário internacional, como por exemplo dos EUA – (Tribe& Airey, 2008). Para os autores, este aspecto gerou um descompasso entre a quantidade (excessiva) de pessoas formadas para ocupar cargos intermediários e superiores e a quantidade (limitada) de pessoas formadas para ocupar cargos operacionais. O que gerou uma pressão do

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mercado sobre a força de trabalho sobrequalificada, mas sem postos em quantidade suficiente para absorvê-la, a aceitar cargos que teoricamente seriam destinados ao preenchimento por pessoas como formação técnica-operacional (idem, 2008). Assim, o contingente excessivo de profissionais turismólogos dispostos no mercado de trabalho aliado a desequilibrada oferta de cursos de qualificação profissional e à diversidade de áreas afins em que a atividade turística se desenvolve – e que, portanto, poderia, a priori, absorver os profissionais de turismo, tem gerado uma situação esquizofrênica entre profissionais sobrequalificados demandados pelo mercado para ocupar posições elevadas no mercado de trabalho turístico – isto quando estas posições não são preenchidas por profissionais de outras áreas, o que é inclusive a situação mais comum – e a excessiva oferta de pessoas com formação superior mas que ocupam vagas de cargos técnicos, enquanto há uma ausência de formação destes últimos. Entre os inúmeros aspectos apresentados pelos autores que retratam os desafios da formação superior em turismo, consideramos estas colocações relacionadas a dois aspectos fundamentais: os conflitos decorrentes da consolidação do perfil profissional e os desafios na estruturação formativa curricular(Pimentel & Paula, 2014). Afinal, “o bacharel em turismo é esse superprofissional que pode ser tanto um garçom quanto secretário de Estado. Serão realmente possíveis tanta flexibilidade e polivalência?” (Barretto, Tamanni & Silva, 2004: 37).

3. METODOLOGIA Esta pesquisa fundamenta-se nas ideias de comensurabilidade paradigmática, portanto sua realização baseou-se no processo de triangulação e em abordagens multiparadigmáticas. Sua natureza, quanti-qualitativa, se deveu ao fato de ser necessário ultrapassar os limites estreitos de técnicas de pesquisa específicas de objetos singularespara captar a diversidade de representações e práticas sociais inerentes ao campo turístico, seus diferentes agentes e sua topografia social. Assim, para nos aproximarmos da complexidade da realidade social, recorremos à pesquisa quantitativa com vistas a coletar, padronizar, sistematizar e analisar um grande volume de dados relacionados a variáveis discretas e mensuráveis para, dessa forma, obtermos a extensão e o mapeamento do fenômeno analisado. Já a abordagem qualitativa foi utilizada para a coleta e análise de dados relacionados à percepção dos indivíduos, bem como para o aprofundamento da investigação de determinadas questões, onde se buscou levantar razões, valores, motivações, etc. A seleção dos elementos pesquisados e a composição da amostra foram constituídas, segundo o desenho da pesquisa, pela composição da seleção efetuada junto às três categorias analisadas – empresas, entidades de ensino e formação e profissionais – em estilo bottom up, conforme mostra a figura abaixo.

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Figura 1: desenho da pesquisa, composição da seleção dos elementos de pesquisa, em estilo bottom up.

Pesquisa Integral com as 3 Categorias

Subgrupo Alunos em Pptencial

Categoria Empresas

Categoria Ensino/Formação

Categoria Profissionais

Subgrupo Alunos em curso UFJF Egressos: alunos/atuais profissionais

ex-

Fonte: Pimentel (2013).

Pesquisa descritiva exploratória dado o objetivo de levantar, identificar e comparar as percepções dos diferentes atores. Esta análise conjuntural que parte do levantamento destes diferentes autores, constitui uma abordagem com lacuna expressiva no Brasil, mas já utilizada em outros países até de forma mais estruturada e com mais recursos como no Observatório da Espanha, (2013). Como técnica de coleta de dados, além da pesquisa bibliográfica e documental, levantamento de dados secundários e estatísticos, utilizamos o questionário misto (Malhotra, 2006), predominantemente estruturado sob a forma de questões fechadas para o subgrupo trade e profissionais bacharéis (alunos e egressos). Algumas questões abertas foram inseridas com vistas a se captar percepções aprofundadas dos entrevistados, em termos de razões ou justificações para determinadas respostas. Para estes dois atores, a análise dos dados se concentrou na estatística descritiva e análise de conteúdo (Gil, 2008)4. Já para o subgrupo docentes, por constituir um universo muito reduzido em comparação com os outros subgrupos, utilizamos como coleta de dados a entrevista com questionário semi estruturado e, com intuito de identificar o máximo de 4

Ver também Protocolo de avaliação de desempenho: notas para uma ferramenta de gestão acadêmica a partir do caso do curso de turismo/UFJF – Brasil (Pimentel&Paula, 2014).

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informações possíveis relativa a amostra, (censo), optamos pela análise de discurso como instrumento de análise (Carrieri, Saraiva, Pimentel & Souza-Ricardo, 2012). Devido à amplitude, variabilidade e complexidade do objeto social, cada ator, (alunos, docentes e trade turístico) recebeu um tratamento estatístico peculiar apropriado à dimensão do universo e as limitações e escopo do projeto de pesquisa, tornando-o viável. Resumidamente, os procedimentos metodológicos e o tratamento de dados estão apresentados no quadro 1.

Quadro 1: Atores e respectivos tratamentos estatísticos. Categoria

Subcategorias

Característica

Método

Alvo

Primeiro Ciclo BACH*

Pesquisa não probabilística por conveniência

Formulário

Alunos pertencentes à nova estrutura de formação turismóloga

Segundo Ciclo BACH Profissionais/Ba charéis (formados ou em formação)

Trade Turístico

Docentes

Alunos em curso (currículo pré 2009)

Pesquisa não probabilística por conveniência

Formulário

Alunos integrados no currículo pré Bacharelado interdisciplinar (BACH)

Egressos

Pesquisa não probabilística por conveniência

Formulário

Ex-alunos formados pela instituição

Alimentação Hotelaria Cerimonial/eventos Órgãos públicos Agencias Consultoria Lazer Entretenimento Ong’s

Pesquisa amostragem particionada por conveniência

Formulário e questionário

Proprietários, Gestores ou responsáveis pela contratação dos postos de trabalho.

Estrutura do curso, especialidade e competências

Censo

Metodologia própria

Mapeamento das competências e especialidades via plataforma Lattes.

Docentes

Censo

Questionário semi estruturado

14 profissionais docentes do período 1° semestre/2013

Fonte: Elaboração própria. *BACH: Bacharelado em Ciências Humanas.

4 ANÁLISE 4.1 Perfil do mercado de Trabalho em Juiz de Fora As empresas foram classificadas com relação ao número de colaboradores que possui no quadro de funcionários segundo o critério utilizado pelo IBGEsegundo classificação do porte das empresas que obedece às quantidades: para Micro empresas, até 9 funcionários; para pequenas de 10 a 49 funcionários.Empresas de Médio porte de 50 a 99 funcionários, e de Grande, mais de 100 funcionários. Com relação ao trade turístico local, 46,67% eram micro empreendimentos e 45,33% pequena. Assim, os dados apresentaram que 92% das organizações do setor

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turístico podem ser classificados como MPEs. E, 6,67% e 1,33% média e grande respectivamente. As porcentagens encontradas na cidade de Juiz de Fora foram: a) Com relação ao tempo de mercado, as empresas seguiram a seguinte distribuição: 60,3% possuíam mais de 10 anos; 9,6% possuíam de 6 a 10 anos; 19,2% de 2 a 6 anos e 11,1% possuíam menos de 2 anos. b) A proporção quanto aos ramos de operação da amostra, 46,7% pertencem ao ramo de alimentação; 20% são agencias; 17,3% hotelaria; 8% lazer, cultura e entretenimento; e 1,3% consultoria, órgãos públicos e Ong’s. Portanto, se pode afirmar segundo os dados que o trade da pesquisa possui significativamente caráter de MPEs com mais de 10 anos de marcado principalmente pelo ramo de alimentação, agencia e hotelaria. Apesar do tempo de mercado representativo das organizações ser elevado, que poderia indicar uma profissionalização dos processos, em maioria, não desenvolvem a gestão baseados nas atividades potencialmente desempenhadas pelo turismólogo. Percebe-se também a inexistência de um perfil solidificado por parte das atividades deste profissional de acordo com as expectativas dos gestores. Na maioria dos casos, o profissional é caracterizado como “guia”. Esta realidade é mais evidente nas empresas tradicionalmente não relacionadas ao setor turístico tais como Alimentação, Lazer e entretenimento, mas também observável nas áreas mais tradicionais como Hotelaria e Agencias de Viagens. As empresas com menos tempo de mercado apresentaram maior flexibilidade e conhecimento com relação às atividades do turismólogo. Algumas empresas com mais de 50 anos de história não são oxigenadas em suas práticas administrativas e, portanto, não comportam a realidade de um turismólogo. Cerca de 50,7% da amostra afirma não ter contratado nenhumprofissional do turismo em sua organização. Esta é representada significativamente por áreas não diretamente atribuídas às atividade turística. É ressaltado que a amostra possui uma representação significativa no ramo de alimentos, o qual os entrevistados afirmam não reconhecer ligações entre o turismo e sua organização. Nestes ramos, a maior parte dos responsáveis pela contratação desconhece as atividades que podem ser desenvolvidas pelo profissional turimólogo no setor. Cabe ressaltar também que nestes 50,7% estão incluídos elementos até de ramos mais tradicionais do turismo como agencia e hotelaria. Outro aspecto relevante sobre os postos de trabalho é que34% dos turismólogos contratados são estagiários, que não necessariamente são efetivados após o período de experiência. Apesar dos dados levantados pela pesquisa não chegarem a este ponto, uma possível inferência com relação a rotatividade das empresas, o que sugeriria a não contratação de turismólogos em prol da contratação contínua de estagiários, caracteristicamente uma opção de força de trabalho mais barata e menos qualificada. Este dado pode ser relevante para compreender a defasagem na qualificação do produto turístico na cidade objeto de estudo. Em decorrência desta prática, algumas instituições entrevistadas reclamam a respeito dos estagiários e funcionários do ramo, pela falta de profissionalismo, desconhecimento efetivo do

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trabalho do setor que deverá ser realizado e, consequentemente, a ausência do conhecimento sobre as possibilidades para acréscimos na rentabilidade da prática empresarial.Dos responsáveis pelas empresas que contratam turismólogos (49,7% da amostra), cerca de 57,5% não tem como necessidade primordial a graduação em turismo. Posteriormente, segue 28% que são contratados para o nível operacional e apenas 9,3%, 6,7% e 1,3% para postos de trabalho a nível gerencial, multi funções e planejamento, respectivamente. Esta pouca parcela que é absorvida pela área de gestão e planejamento corrobora a suposição de um descompasso formativo entre as expectativas da formação, essencialmente gerencial e os postos de trabalho caracterizados por operações, principalmente contornadas pelo ato da venda. 4.2 Perfil Profissionais bacharéis em turismo (alunose egressos) 4.2.1 Alunos (currículo 2009) Cerca de 68,4% da amostra é do sexo feminino, 54,5% apresentam a faixa etária de 22 a 26 anos. Quanto à etnia, 73% são brancos e 70,2% moram com os pais. A maioria da amostra, composta de 96,5%, não possui dependentes.Perguntados sobre os recursos por eles utilizados para a manutenção de seus estudos na universidade, 50,9% conciliam a fonte oriunda dos pais com atividades remuneradas que exercem. Esse grupo é seguido por 24,6% de alunos que são mantidos integralmente pelos seus pais. Enquanto a maior parte dos alunos que possuem atividade remunerada esta relacionada ao setor privado, 26,83% atuando em empresas, é importante ressaltar que 21,95% dos alunos do curso de turismo são mantidos por bolsas do Programa de Treinamento Profissional, que são oferecidas pela própria universidade. No entanto, quando analisamos a dicotomia mercado vs. universidade, dada pelo somatório de alunos que exercem atividades remuneradas em organizações públicas ou privadas, observa-se uma inversão onde a universidade se torna a maior “empregadora” dos alunos do curso de turismo durante a sua graduação, já que 53,66% dependem economicamente da UFJF contra 41,46% que são remunerados por empresas da iniciativa privada, seja já como profissionais ou como estagiários. Ao serem perguntados sobre os locais de trabalho de um turismólogo, os graduandos compuseram o seguinte ranking:

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Gráfico 1: Áreas de atuação do Turismólogo vs. Áreas almejadas pelos graduandos Áreas almejadas Outros Ong's

22,8%

1,8% 5,3%

10,7%

Orgãos públicos

29,8%

16,1%

31,6%

Cerimonial Alimentação

5,3%

48,2%

23,2%

Hotelaria

14,0%

Operadoras

14,0%

Agencias

Areas de Atuação

7,0%

73,2% 21,4% 46,4%

Fonte: elaboração própria.

Os principais locais de trabalho de um turismólogo identificados pelos entrevistados são a “Hotelaria” com 73,21%, seguidos de “Cerimonial” e “Agencias” com 48,21% e 46,43% respectivamente. Destaca-se na comparação que as áreas de atuação do turismólogo com maior percentual não são os segmentos mais almejados para trabalho após sua formação acadêmica. Nas escolhas dos alunos, são reveladas também outras áreas de interesses tais como a carreira acadêmica, consultoria, planejamento, transportes e empreendimentos próprios. 4.2.2 Alunos BACH A amostra é de 80% do sexo feminino, com 58% entre 21 a 26 anos. Dos entrevistados 58% são brancos e 51,6% residem com os pais na cidade de Juiz de Fora. Cerca de 80% da amostra é composto de entrevistados do sexo feminino. Os gastos mensais com a Universidade de 40% dos alunos do segundo ciclo é de R$201 a R$300, seguidos por 36,67% que gastam até R$200 mensalmente. A maioria, 75,86%, não possuem dependentes.Com relação a atividade remunerada, 30% recebe a bolsa de Apoio CAE e 28, 57% não exercem nenhuma atividade remunerada. As demais atividades remuneradas desempenhadas pelos alunos estão listadas no gráfico abaixo: Gráfico 2: Atividade remunerada Empregado Autônomo Estágio Bolsa Treinamento profissional Bolsa de Ensino, pesquisa e extensão Bolsa de Apoio CAE Não Exerço Fonte: Elaboração própria.

16,67% 13,33% 10,0% 17% 16,67% 30,00% 28,571%

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Com relação à origem dos recursos disponibilizados para a permanência do aluno na faculdade, cerca de 38% afirmam recebê-lo integralmente dos pais.Seguidos de “Integralmente da renda própria”, “integralmente da Universidade”, e “pais e atividades fora universidade”, com 17,24%. Após segue “pais e universidade”, “universidade e atividades fora faculdade” com 6,9% e 3,45% respectivamente. Os alunos foram marcaram entre opções oferecidas pelo formulário, áreas de atuação de um turismólogo. O intuito desta questão é quantificar as áreas que os alunos percebiam como possível atuação e assim identificar a compreensão que possuíam a respeito dos campos de atuação de sua própria profissão. As principais áreas por eles marcadas foram Cerimonial e Hotelaria com 70% e Agencia com 60%. Os alunos, após listarem as áreas de trabalho possíveis de um turismólogo, escolheram entre elas possíveis áreas para atuarem como profissional formado. A comparação entre estas duas questões estão apresentadas no gráfico abaixo: Gráfico 3: Áreas de atuação e preferências dos discentes Área que deseja trabalhar 26,7%

Entretenimento Outros

6,7% 10%

30% 16,7%

Órgãos públicos

53,3%

30% 40%

Cerimonial 20%

A&B Hotelaria

20%

Operadora Agencia

46,7%

16,7%

Planejamento Ongs

Áreas de atuação

10%

53,3% 70%

40% 43,3%

70%

43,3% 60%

Fonte: Elaboração própria.

A atuação em Hotelarias e Cerimonial representa o maior percentual entre as áreas escolhidas entre os alunos. A maior discrepância é encontrada no ramo de Agencias. Entre as principais habilidades desenvolvidas por um turismólogo, os alunos consideraram as línguas estrangeiras, promover destinos turísticos, ter noção sobre Infraestrutura e super estrutura da cidade, gerenciar recursos humanos e promover destinos. A maioria dos estudantes optou pelo turismo pela ampla inserção que a atividade proporciona. A respeito do curso, consideram que seu ponto mais forte é a profissionalização em áreas de gestão. 4.2.3 Egressos

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Quanto ao perfil sociodemográfico pode-se afirmar que a maioria são alunas, brancas, entre 22 e 26 anos, que moram com os pais, cujos recursos financeiros que permitem sua manutenção na universidade têm origem predominantemente familiar (pais) em conjunto com o exercício de alguma atividade remunerada, em geral, bolsas da própria universidade ou estágios. Elas estão presentes no mercado de trabalho ainda na graduação e possuem grandes dificuldades de conciliar o tempo efetivo com estudo e demais atividades. E dedicam, em média, menos de uma por dia para os estudos fora da sala de aula. A principal expectativa em relação a formação profissional é uma “formação ampla” que relacione a teoria e prática, visando atuarem na área de hotelaria, agências e cerimonial. Talvez por afinidade avaliam como pontos fortes da formação acadêmica as áreas de gestão e formação geral. Por outro lado, têm dificuldades na aquisição de habilidades específicas, o que provavelmente está correlacionado com sua baixa empregabilidade, uma vez que para os próprios alunos o mercado de trabalho ainda possui dificuldades de enxergar a atuação do turismólogo e os caracteriza como pouco aprofundada teoricamente carecendo de maior profissionalização. Em suma, os resultados remetem a necessidade de reinterpretação da prática profissional em turismo e das implicações com a dimensão educacional profissionalizante e acadêmica. Além da consolidação em torno de uma visão do que é o turismo, de uma prática profissional específica, é preciso que os próprios alunos – futuros profissionais – também se responsabilizem ao assumirem uma postura de maior dedicação e comprometimento com sua formação, visto que eles próprios reconhecem não dedicar tempo à mesma. Para o curso em questão parece ser necessário a revisão e o estabelecimento de um perfil de egresso desejado, que se apresente de forma clara e coesa para os alunos, reduzindo a miríade de desejos e expectativas destes e sua consequente desmotivação com o curso por não terem suas expectativas atendidas.

4.2.4 Perfil da instituição de ensino e docentes A partir dos coeficientes listados por Pimentel e Paula (2014) no protocolo de avaliação e desempenho, extraímos o seguinte cenário:

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Proporção de Especialidade do Curso

Gráfico 4: Proporção da Especialidade do curso de Turismo de Juiz de Fora

25,00% 20,50% 20,00% 15,00%

17,18% 11,45%

11,28%

10,00% 5,00%

10,22%

6,18% 4,15%

4,42% 1,03%

3,81% 1,39%

5,17% 2,20%

1,03%

0,00%

Coef

MédiaE

MédiaL

Média

Fonte: elaboração própria.

De acordo com o gráfico 1, é possível observar que as proporções das categorias de áreas científicas são discrepantes. A média total corresponde a 7,14% e está mais próxima da média das três áreas com deficiências (MédiaL de 1,15%) do que a média das áreas consideradas como especialidade do curso (MédiaE igual a 16,38%). Apesar de “Economia e gestão” ser apontado como área de especialidade do curso conforme gráfico 1, apenas dois docentes tem produção representativa nesta área (12,6324 e 0,4369)5. A diferença entre estes nos permite afirmar que há uma concentração significativa na produção de um único docente. Ou seja, a categoria “Economia e gestão” não corresponde à especialidade do curso, pois é sobrecarregada com a produção de apenas um docente. Tabela 1: Contribuição docente - Relativa e Acumulada Docente

Coef Produtividade

CoefAcum

Relev. R

Relev. A

% da Prod. Docente (especialidade)

Área de Especialidade

p1

12,63247

12,63247

37,63%

37,63%

47,98%

Gestão e Economia

p12

3,64412

16,27659

10,85%

48,48%

50,53%

Geografia

p16

3,13641

19,41300

9,34%

57,82%

41,71%

Marketing e Comunicação

p10

3,03796

22,45096

9,05%

66,87%

44,53%

Geografia

p15

2,52762

24,97858

7,53%

74,40%

66,74%

Turismo Geral

p6

1,83127

26,80985

5,45%

79,85%

25,14%

Hospitalidade

p4

1,53514

28,34498

4,57%

84,42%

47,39%

Ciências Sociais

1,36603

29,71101

4,07%

88,49%

21,57%

Política, comunidade local e desenvolvimento

p9

0,72416

30,43517

2,16%

90,65%

40,69%

Geografia

p14

0,71665

31,15182

2,13%

92,78%

41,11%

Educação (Formação

p8

5

Ver Pimentel e Paula (2014).

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profissional) p11

0,58136

31,73318

1,73%

94,52%

31,29%

Patrimônio Cultural

p3

0,57084

32,30402

1,70%

96,22%

85,32%

Ciências Sociais

p13

0,55017

32,85419

1,64%

97,86%

49,80%

Marketing e Comunicação

p5

0,42691

33,28110

1,27%

99,13%

84,60%

Gestão e Economia

0,18640

33,46749

0,56%

99,68%

39,52%

Política, comunidade local e desenvolvimento

33,57422

0,32%

100,00%

35,21%

Hospitalidade

p7

0,10673 p2 Fonte: Elaboração própria.

Observamos também na tabela 1 que metade dos docentes não influencia em 10% da produção do curso. Além disso, conforme apresentado no gráfico 1 e na tabela 1, nenhum professor possui especialidade nas áreas identificadas como deficitárias do curso. Estes dois aspectos podem indicar áreas com necessário suporte de novos docentes através de novas contratações como também a sobreposição de conhecimento dos docentes que compõe.

Grau de Especialidade (Relev. r)

Gráfico 5: Distribuição relativa 40,00% 35,00% 30,00% 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% p1 p12 p16 p10 p15 p6

p4

p8 p9 p14 p11 p3 p13 p5 Docentes

p7

p2

Fonte: Elaboração própria.

A análise da especialidade do curso mais adequada parte da análise da contribuição por docente e, neste caso, na retirada do elemento outlier da amostra. Caso seja extraído os dados referentes ao docente p1, a especialidade do curso seria “Geografia” com 3,6527 seguido de “Política, Comunidade Local e Desenvolvimento” com 3,3028 e “Turismo Geral” com 2,9154 (Pimentel & Paula, 2014). 4.5Análise das percepções dos atores 4.5.1 Quadro de Ocupações O quadro 2 apresenta o cenário da composição dos três atores quanto as ocupações e postos de trabalho. A pesquisa, para uma análise temporal, levantou a percepção dos egressos (bacharéis formados em turismo), alunos do currículo anterior ao ano de 2009, alunos da nova estrutura curricular do turismo (BACH) comparando com dados do universo da pesquisa. O intento era abordar a problemática da

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consolidação do perfil e das áreas de atuação a partir da evolução da percepção dos alunos em contraste da realidade encontrada no trade Juizforano. Com relação às possíveis áreas de inserção do turismólogo, possíveis e almejadas, a opção “outros” foi representativa para os alunos currículo 2009 e também do BACH. A primeira fase da pesquisa realizada com os alunos do currículo anterior à 2009, identificou áreas como entretenimento, administração e planejamento como ocupações almejadas após a formação. Assim, essas áreas foram inseridas no questionário dos alunos provenientes do BACH/turismo que receberam porcentagens significativas, mas que não foram acompanhadas pelo cenário dos egressos. Outra peculiaridade apresentada no quadro 2 é a relevância de um mapeamento das ocupações reais e latentes dos turismólogos, uma vez que 31% dos egressos afirmam não trabalhar em turismo. Sendo que apenas 5,7% estão desempregados. Soma-se a isso o fato que atroca “definitiva” de área e a atuação em outra área possuem porcentagens expressivas (14,30% e 5,70 respectivamente) entre os egressos. E 11,40% dos egressos não quiseram se pronunciar sobre sua área de trabalho/atuação.

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Quadro 2: Quadro de ocupações Postos possíveis de inserção Pré 2009

BACH 2º ciclo

Agencias

46,43%

60,00%

Operadoras

21,43%

Hotelaria

Egressos

Trade

Áreas de atuação dos egressos

Universo de pesquisa

Áreas almejadas

Pré 2009

BACH 2º ciclo

Agencia

7,02%

10,00%

Agencia

43,33%

Operadoras

14,04%

20,00%

Operadoras

73,21%

70,00%

Hotelaria

14,04%

43,33%

Hotelaria

Alimentação

23,21%

40,00%

A&B

5,26%

20,00%

Cerimonial

48,21%

70,00%

Cerimonial

31,58%

Orgãos públ.

16,07%

53,33%

Órgãos públicos

Ong's

10,71%

16,67%

Outros

1,75%

Entretenimento Plan/Adm

14,30% 0%

A&B

415 70,94%

Eventos

49

8,38%

22,90%

Entretenimento

28

4,79%

A&B

2,90%

Hotelaria

38

6,50%

40,00%

Cerimonial

0,00%

Consultorias

2

0,34%

29,82%

30,00%

Órgãos públicos

5,70%

Agencias

48

8,21%

Ongs

5,26%

10,00%

Ongs

0,00%

Ong’s

2

0,34%

6,67%

Outros

22,81%

16,67%

Outros

2,80%

Orgãos públicos

3

0,51%

-

46,67%

Entretenimento

-

26,67%

Entretenimento

0,00%

-

53,33%

Plan/Adm

-

30,00%

Plan/Adm

0,00%

Educação

2,90%

Estudante

5,70%

Transporte

5,70%

Trabalha em outra área

5,70%

Trocou de Área

14,30%

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Fonte: Elaboração própria(2013).

Desempregado

5,70%

Na

11,40%

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4.5.2 Competências reconhecidas pelo trade versus expectativa do aluno A pesquisa identificou um contraste entre os atores envolvidos na formação superior e mercado de trabalho quanto às expectativas dos postos de trabalho. Para os profissionais, (alunos e egressos bacharéis em turismo), as principais competências necessárias são relacionadas à postos de trabalho a nível de gestão e planejamento de organizações relacionadas ao turismo, principalmente de médio e grande porte. O enfoque estaria na capacidade de desenvolver um planejamento de forma holística e a remuneração almejada acima de 4 salários mínimos. Entre as principais competências destacadas por este grupo, encontra-se a Línguas, 89%, Promoção de destinos, 84,2%, desenvolver e planejar a infraestrutura turística 82,3%. Por sua vez, a expectativa do trade turístico Juizforano é marcantemente discrepante. Os postos de trabalho concentram-se significativamente nos estagiários (pouco profissionalizado) ou no nível operacional. A maioria das organizações, 91%, são micro e pequenas empresas e oferecem remuneração 2 a 3 salários mínimos já incorporando comissões e outros aparatos remunerativos. A habilidade de venda se destaca como a mais requerida e as competências destacadas pelo trade são conhecer de recursos humanos e do comportamento humano, ambas com 88,8% e vendas com 79,4%. De modo geral, o trade turístico obteve números percentuais mais baixos na relevância das competências se comparado com os alunos. O que pode indicar uma não relevância das competências de um turismólogo para a gestão como observamos na não importância à competência gerir recursos da organização com 0%. Outro aspecto relacionado é que a formação superior é tida como mais uma vantagem competitiva, mas não a principal, ocupando a experiência o principal diferencial de um profissional do ramo. O quadro 1 apresenta a relevância das competências para os alunos e para o trade apontando uma valorização de um determinado perfil turismólogo que é distinto para os dois atores.

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Gráfico 6: Competências - Trade versus profissionais bacharéis em turismo Alunos

Mercado de Trabalho

Viab. Projetos

74,2%

65,6% 62,5%

Vendas

79,4%

61,7% 58,8%

TI

80,0%

RH Promover Lazer

60,0%

70,8%

Promover…

73,1%

Político

55,8% 56,9%

Office

57,5%

Mix de Marketing

74,2% 89,2%

56,9%

83,3% 76,9% 73,3%

Infraestrutura Impactos…

62,5% 69,2% 61,9% 69,2%

Hotelaria Gerir Recursos

84,2%

72,5%

61,9%

Línguas

88,8%

0,0%

65,8% 64,4%

Gerenciar…

81,7% 78,8% 75,8%

Estratégias Comp. Humano Área Ambiental

42,5% 61,7%

Agenciamento AeB

44,4%

88,8%

74,2% 73,8%

66,7%

Fonte: Elaboração própria.

Para os docentes, a percepção quanto à formação superior e o mercado de trabalho tomam outra proporção e significância. De modo geral, o curso superior em turismo apresenta como especialidade principal a “Geografia” seguida por “Política, Comunidade Local e Desenvolvimento” conforme avaliação feita por Pimentel &Paula(2014). A ênfase estaria no planejamento de trilhas, áreas ambientais e protegidas como também práticas de desenvolvimento para a comunidade local. Entretanto, De acordo com a secretaria de turismo (SETUR), a cidade de Juiz de Fora foi considerada como destino indutor de negócio e pode ser considerado também como área de turismo cultural, principalmente ligado a shows e eventos (Soares, 2012).

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Os docentes consideram o turismo como uma formação necessária e distinta que se destaca por sua condição holística. Entretanto, identificamos que a atribuição “formação holística” geralmente era relacionada a um conceito vazio de sentido objetivo. Na prática, este profissional não é cabível de descrição singular. O que denota ainda o mesmo retrocesso identificado por Barretto,Tamannie Silva (2004, p.37): “o bacharel em turismo é esse superprofissional que pode ser tanto um garçom quanto secretário de Estado. Serão realmente possíveis tanta flexibilidade e polivalência?” 5 Considerações finais Este trabalho buscou identificar quais as visões e expectativas dos diferentes atores envolvidos (mercado de trabalho, instituições de ensino e alunos) quanto à formação profissional e qualificação em turism.Para alcançar tal objetivo, esta pesquisa identificou as expectativas de cada uma das três categorias analisadas, bem como a estratificação distintiva das expectativas interna a categoria da mão de obra em turismo. Pode-se constatar que em ambos os casos elas são destoantes, o que nos indica a inexistência de um consolidado perfil profissional do turismólogo no que diz respeito à atividade, competências e remuneração. A categoria de estudantes e futuros profissionais possui uma imagem reduzida das potencialidades da profissão. Após a formação, a maioria opta por outros campos de atuação devido à dificuldade de inserção na área e concorrência com outras áreas de formações relacionadas. Este fato ocorre em decorrência do desconhecimento efetivo das possibilidades profissionais da turismo, principalmente no que se refere a aparatos ferramentais de gestão. Com relação a áreas de atuação pretendida, os alunos indicam um rompimento com as áreas de vendas (principal canal de oferta do turismo juizforano), sobretudo agencia; migrando para atividades relacionadas ao planejamento, gestão do produto turístico - principalmente no setor de hotelaria – ou empreendedorismo. Apontam também expectativas para inserção em áreas de consolidação tais como eventos, consultoria e entretenimento. Com relação ao trade turístico, foi observado que existem discrepâncias consideráveis quanto à recepção e atividades dos postos de trabalho. A maioria dos postos empregados por turismólogos relacionam-se em áreas operacionais, principalmente com competências ligadas à venda. É identificado também desconexões entre a pretensão salarial dos alunos (acima de 4 salários mínimos) e a ofertada (entre 2 e 3 salários mínimos). Os empresários não veem nenhuma ou pouca relação desta formação com a atividade comercial de seus estabelecimentos comerciais e, em sua maioria, acreditam que esta formação é uma atividade desnecessária. Esta concepção é mais intensificada em empresas mais antigas no mercado. Identifica-se também receios na contratação relacionado ao pouco profissionalismo e a pouca exigência na qualificação dos turismólogos que geralmente são alocados em áreas operacionais onde há ausência de habilidades próprias da gestão. Por fim, a instituição de ensino possui uma visão voltada para aspectos teóricos e pouco aplicados ao mercado de trabalho. Percebem-se também dificuldades na definição de aspectos da turismologia, de forma semelhante, em separar suas competências frente os

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demais profissionais de áreas a fim. As diferenciações concentravam-se em expressões subjetivas que pouco explicitavam habilidades/competências reais, uniformes e singulares, tais como “formação holística” ou “trabalhar com planejamento”. Para o trade, os alunos e egressos, a formação em turismo em Juiz de Fora falha por não desmistificar a imagem reduzida de “guia” do turismólogo e se ressente por não intervir na construção de um planejamento sistêmico do turismo na cidade que contribuiria para a consolidação do perfil turismólogo Em síntese, o que se verifica empiricamente é a divergência completa das visões e expectativas que cada uma das categorias analisadas possui em relação a formação em turismo. Enquanto o trade vê a formação em turismo como insuficiente e desnecessária, já que para exercer as atividades no dia a dia das empresas os profissionais têm que adquiri conhecimentos no próprio ambiente laboral e com pouca ou nenhuma base em sua formação teórica; a instituição de ensino enfatiza o aspecto teórico em sua formação, às vezes, negligenciando a sua relação com a pratica; e, por sua vez, os atuais e futuros profissionais (no caso dos alunos ainda em curso) possuem uma visão ingênua de que serão remunerados para ficarem viajando pelo mundo, ao invés de serem os profissionais que produzirão as viagens e suas facilidades para os turistas. Uma decorrência quase natural desse desalinhamento em termos de visões que cada categoria tem a respeito do turismo e expectativas em relação aos outros atores/categorias é a incapacidade de criação de competências, habilidades e atitudes (CHA’s) profissionais reconhecidas e validadas, teórica e praticamente, que contribuam para a formação e consolidação de uma identidade profissional em turismo e, consequentemente, para uma maior e melhor inserção, retenção, promoção e remuneração na área.

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