Diversidades submetidas a colonialidades: De que ideologias falamos?

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Ideologia de Gênero, Cura gay e Patologização da vida Viviane Vergueiro (CuS-UFBA)

Diversidades submetidas a colonialidades: De que ideologias falamos?

Diversidades em ids. de gênero e sexualidades . Reconhecimento de ativismos históricos e contemporâneos trans* e gênero-diversos junto aos quais procuro aprender e atuar. . Reconhecimento das redes de afeto e resistência (acadêmicas, ativistas, pessoais) que têm considerado minha voz uma contribuição potencial . Autorreflexão sobre a reconsideração constante das estratégias e esforços interseccionais

Diversidades em ids. de gênero e sexualidades . Identidades de gênero e sexualidades: Conceitos . Os projetos coloniais e suas relações com identidades de gênero e sexualidades: Ideologias de gênero históricas . A ciência como parte destes projetos coloniais: a cura gay, o pânico trans e a patologização das identidades de gênero inconformes à cisgeneridade . A patologização das identidades de gênero como patologização da vida

Identidades de gênero e sexualidades: Conceitos Dos Princípios de Yogyakarta: . “[...] uma referência à capacidade de cada pessoa de ter uma profunda atração emocional, afetiva ou sexual por indivíduos de gênero diferente, do mesmo gênero ou de mais de um gênero, assim como ter relações íntimas e sexuais com essas pessoas.” . “[...] a profundamente sentida experiência interna e individual do gênero de cada pessoa, que pode ou não corresponder ao sexo atribuído [imposto] no nascimento, incluindo o senso pessoal do corpo e outras expressões de gênero.”

Identidades de gênero e sexualidades: Conceitos . Cisgeneridade: identidade de gênero daquelas pessoas cuja “experiência interna e individual do gênero” corresponda ao “sexo atribuído no nascimento” a elas. Transgender Studies Quarterly (2014) 1(1-2) - ‘Cisgenderism’: . Cisgenerismo / Cissexismo: “Esta ideologia fundamenta e perpetua a crença de que identidades e expressões cisgêneras são mais valorizadas [legítimas] que as trans*, criando um [c]istema indissociável de poder e privilégios relacionados.” => para além de enfatizar o caráter de ‘ideologia cultural’ que configura a cisgeneridade, a re+definição de um “olhar oposicional” (hooks, 1992)

Projetos coloniais, ids. de gênero e sexualidades Os entendimentos sobre corpos humanos, mesmo os ditos ‘científicos’, refletem processos de construção sociocultural. => diversidades existem para além de perspectivas ocidentais “Várias culturas indígenas norte-americanas não reconhecem dualismos estritos entre homem-macho/mulher-fêmea, reconhecendo a possibilidade de transições simbólicas de papeis sexuais que não sejam determinadas por um sexo de nascimento.” (CURRAH, JUANG, MINTER, 2006) Desestabilização dos conceitos ocidentais de sexo 'biológico' e gênero 'social' => ideologias de gênero históricas

A ciência e os projetos coloniais Projetos coloniais: homogeneização, normatização e genocídio. => as diversidades de gênero e sexualidade no 'Novo Mundo' servem e serviram como justificativa aos projetos coloniais, interseccionalmente a processos de racismo, sexismo e supremacismo cristão. María Lugones, Colonialidad y género (2008): “Entender os elementos historicamente específicos da organização do gênero no [c]istema moderno/colonial de gênero (dimorfismo biológico, a organização patriarcal e heterossexual das relações sociais) é central para uma compreensão da organização diferencial do gênero em termos raciais.”

A ciência e os projetos coloniais Castigando as diferenças (Crónica del Perú (1553), em entrevista de Giuseppe Campuzano): “A verdade é que, geralmente, entre os serranos e yungas o demônio introduziu este vício disfarçado como santidade. E é que, em cada templo, o adoratório principal tem um homem ou dois, ou mais [...], os quais andam vestidos como mulheres desde que eram garotos, e falavam como tais, e em suas maneiras, trajes e tudo mais imitavam as mulheres. [...] Isto eu sei por ter castigado dois índios de sua majestade.”

A ciência e os projetos coloniais

Os cães de Vasco Nunez de Balboa (1475-1571) atacando as pessoas indígenas (detalhe) – Théodore de Bry (1590).

A ciência e os projetos coloniais Alexandre Saadeh, psiquiatra do HC (D’ALAMA, 2013): "Hoje em dia, sabe-se que existe um cérebro feminino e um masculino, determinado no útero da mãe por hormônios masculinos circulantes. E isso interfere no desenvolvimento cerebral para uma linhagem feminina ou masculina. A cultura e o ambiente também têm importância, mas a determinação é biológica", acredita o médico.

=> pensar cisgeneridade é problematizar a função moral, colonial, da ciência.

Perspectivas coloniais científicas 'Sexo' cromossômico: XX, XY 'Sexo' gonadal: testículos, ovários 'Sexo' morfológico externo: pênis, clitóris 'Sexo' morfológico interno: útero, próstata 'Sexo' hormonal: estrógenos, andrógenos 'Sexo' fenotípico: pelos faciais, seios 'Sexo' imposto ao nascer: mulher, homem 'Sexo' autoidentificado: homem, mulher

Onde se situam as pessoas cujas composições ‘sexuais’ não sigam a suposta coerência cisgênera? Quais as fronteiras do ‘aceitável’?

Cura gay, pânico e patologização trans Dispositivos de poder que partem da naturalidade da cisgeneridade e da heterossexualidade para restringir, evitar e monitorar aqueles corpos e existências que divergem destas normatividades supostamente naturais. => como é possível pensar as diversas identidades e expressões de identidades de gênero e sexualidades, submetidas a cisheteronormatividades?

Patologização trans como patologização da vida Partir da premissa que os sujeitos não cisgêneros tenham um ‘Transtorno’ ou ‘Incongruência’ de Identidade de Gênero violenta e afeta de maneira particular as comunidades trans, travestis e gênero-inconformes mundo afora. => consequências no acesso à saúde (geral e específica), a alterações de registro, e à inserção sociocultural e econômica. Porém, a patologização das inconformidades à normatividade cisgênera afeta todas as pessoas, na medida em que nossas possibilidades de brincar, aprender e experimentar com nossas identidades e expressões de gênero são cerceadas, estigmatizadas, violentadas. => importância central do debate sobre diversidade de gênero na infância.

Referências CAMPUZANO, G. . Giuseppe Campuzano y El Museo Travesti del Peru (entrevista a Lawrence La Fontain-Stokes). CURRAH, P., JUANG, R., MINTER, S. (eds.) (2006). Transgender Rights. D’ALAMA, Luna (2013). Transexual pode se descobrir já na primeira infância, dizem especialistas. (entrevista A. Saadeh) hooks, bell (1992). The oppositional Gaze. In: Black Looks: Race and Representation. ICJ (2007). International Commission of Jurists. Princípios de Yogyakarta. LUGONES, M. (2008). Colonialidad y Género. TSQ (Transgender Studies Quarterly) (2014). Cisgenderism.

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