DO ACONTECIMENTO BEIJO GAY AOS SEUS PÚBLICOS: O papel do simbólico na construção dos sujeitos e da vida social

June 19, 2017 | Autor: Pâmela Guimarães | Categoria: Social Representations, Homosexuality, Acontecimento, Beijo Gay
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8º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro XII Seminário de Alunos de Pós-graduação em Comunicação Social da PUC-Rio Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 21 a 23 de outubro de 2015.

DO ACONTECIMENTO BEIJO GAY AOS SEUS PÚBLICOS:1 O papel do simbólico na construção dos sujeitos e da vida social Pâmela Guimarães da Silva2

Resumo O objetivo deste texto é analisar o acontecimento intitulado beijo gay construído pela telenovela Amor à Vida, a fim de compreender a dupla dimensão de poder que uma ocorrência como essa apresenta: o poder de afetação (como ele toca e sensibiliza os públicos construídos pelo acontecimento) e o seu poder hermenêutico (o que ele revela da sociedade). Além disso, tematizamos como uma telenovela, que constrói representações em torno da homossexualidade, convoca os sujeitos a se posicionarem, (re)configurando sentidos em relação a ela e a si. O referencial teórico é delimitado a partir das noções representação social, acontecimento. A grade analítica utilizada divide-se em três categorias: descrição; narração; constituição de um contexto de pano de fundo.

Palavras-chave Representação Social; Acontecimento; Públicos; Homossexualidade; Beijo gay

Introdução Nosso ponto de partida é a urgência de se discutir a temática da homossexualidade e da homofobia no Brasil, levando em conta alguns dados recentes. Em um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)3, 59% dos entrevistados disseram se sentir desconfortáveis ao ver um beijo entre dois homens ou entre duas mulheres. O Relatório Anual de Assassinatos de

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Trabalho apresentado no GT 4 Representação Social e Mediações Socioculturais do 8º Congresso de Estudantes de Pós-Graduação em Comunicação, na categoria pós-graduação. PUC Rio, Rio de Janeiro, outubro de 2015. 2 Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais, dentro da linha "Processos Comunicativos e Práticas Sociais". Integra a equipe de pesquisadores do GRIS (Grupo de Pesquisa em Imagem e Sociabilidade - UFMG). Atualmente é assessora de comunicação social na Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, atuando como gestora de conteúdo para mídias digitais. 3 Disponível em: . Acesso em 20 de novembro de 2014.

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Homossexuais no Brasil em 2014, divulgado pelo Grupo Gay da Bahia,4 traz a informação de que foram documentadas 326 mortes de gays, travestis e lésbicas no Brasil, incluindo nove suicídios.5 Segundo o relatório, acontece “um assassinato a cada 27 horas”. Um aumento de 4,1 % em relação ao ano anterior.6 Já o relatório de 2012 sobre violência homofóbica7 no Brasil, produzido pela Secretaria de Direitos Humanos, registrou 27 denúncias por dia no referido ano. 83,2% delas foram relativas a violências psicológicas (humilhação, hostilização e ameaças) e 32,68% à violência física. Esses dados não trazem toda a complexidade das temáticas da homossexualidade e da homofobia no Brasil, mas exibem a importância do debate e da reflexão sobre o assunto. Em um primeiro momento, falar da temática em uma telenovela pode parecer irrelevante, uma discussão vazia, afinal, o folhetim é um produto cultural destinado ao entretenimento. Um pensar pragmático pode supor que o debate seja mais frutífero em campos de conhecimento que gerem mudanças visíveis, como o direito ou a psicologia, por exemplo. Mas será? A telenovela proporciona um diálogo entre a sociedade e a cultura (KELLNER, 2001, p.15), que gera um modo (novo) de ver a homossexualidade, assim como qualquer outra representação que ela apresente. A vida social está em constante processo de (re)construção e é a “experiência humana que funda a realidade social, constituindo discursivamente o universo de valores, referências e normas que orientam a vida dos indivíduos” (FRANÇA; SIMÕES 2007, p.48). Essas construções discursivas se dão a ver por meio de narrativas pessoais e coletivas que configuram as práticas sociais e a construção de entendimentos sobre o “eu” e sobre “o outro”; sobre o “nós” e o “eles” (MARQUES, 2009, p.2). Assim, consideramos profícuo lançarmos 4

O Grupo Gay da Bahia é a mais antiga associação de defesa dos direitos humanos dos homossexuais no Brasil, fundado em 1980. Faz parte do comitê que compõe a Comissão Internacional de Direitos Humanos de Gays e Lésbicas (IGLHRC). Disponível em: . Acesso em: 28 de fevereiro de 2015. 5 O grupo se baseia em notícias que saem em jornais, entre outras fontes. 6 Disponível em: < http://grupogaydabahia.com.br/2015/01/13/assassinato-de-lgbt-no-brasil-relatorio2014/>. Acesso em: 28 de fevereiro de 2015. 7 Disponível em: . Acesso em: 02 de novembro de 2014

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nosso olhar para o acontecimento intitulado beijo gay, da telenovela Amor à Vida, a fim de compreender como ele afetou os públicos construídos por essa ocorrência. Acreditamos que quando questões concernentes às minorias são abordadas por uma telenovela, elas ganham uma visibilidade capaz de instaurar um debate público que convoca os sujeitos e grupos a se posicionarem. A comunicação e a disputa de sentidos De partida, compreendemos que os mais diversos processos comunicacionais são partes integrantes das formas de sociabilidade. Também nos filiamos ao autor Louis Quéré (1991), o qual abandona o paradigma que encerra comunicação em um modelo emissor/receptor e propõe uma nova forma de pensar a comunicação, um esquema constitutivo. Em consonância com Quéré, Vera França aponta para uma ação comunicacional relacional que se constrói por e na interlocução. De forma conjunta, essas perspectivas nos apresentam um modelo praxiológico de comunicação que elabora a prática comunicacional como um processo de interação, por meio do qual, o ato de comunicar passa a ser um processo que se traduz em uma modelagem mútua do mundo, não se reduzindo mais a simples transferência de informação. (FRANÇA, 1998, 2006; MENDONÇA, 2009, QUÉRÉ, 1991; SIMÕES, 2009). Dentre as variadas formas de interação, uma que apresenta destaque na contemporaneidade diz respeito à produção midiática8. Isso porque, seu papel, produção e circulação das formas simbólicas nas sociedades modernas são tão fundamentais, e seus produtos se constituem em traços tão onipresentes da vida cotidiana, que é difícil imaginar o que seria viver sem eles como afirma (THOMPSON, 2009. p.201). Para além disso, entendemos que a mídia “conforma a visão de mundo, a opinião pública, valores e comportamentos” e é um espaço onde se “travam batalhas pelo controle” (KELLNER, 2001, p.54). Estas disputas estão associadas ao poder histórico exercido por grupos dominantes e resultam em um Apropriamo-nos do termo mídia como conceituado pela autora Vera França (2012): “A expressão mídia [...] engloba os velhos e novos meios: os meios massivos, os meios de acesso individual, enfim, tudo aquilo que serve para comunicar, para transmitir uma informação, criar uma imagem. E aí entram tanto o jornal impresso quanto o webjornalismo; tanto a teatro quanto a tevê; tanto os espaços da cidade quanto os nossos próprios corpos”. (FRANÇA, 2012, p.10-11) 8

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tensionamento por parte dos grupos marginalizados por maior visibilidade dentro deste espaço de poder. Nesta arena de disputa, a mídia passa a ter um papel paradoxoal, serve tanto para reproduzir interesses e promover a dominação, quanto para dar aos indivíduos força para a resistência (KELLNER, 2001, p. 64). Em relação à temática da homossexualidade há, na sociedade brasileira contemporânea, uma disputa simbólica sobre a manutenção de uma história estigmatizada da sexualidade e uma negação à existência das diversas sexualidades. Por consequência, da possibilidade de constituição de múltiplas memórias e entendimentos sobre o tema. É uma disputa por ser o sujeito em comunicação ou da comunicação, ou seja, sujeito com o poder de fazer a história do outro, de afeta-lá (FRANÇA, 2006, p.86). Cabe ressaltar aqui que as (homos)sexualidades não possuem uma definição consensual . E, enquanto conceito recebe influências de uma vasta gama de campos de conhecimento, sociais, políticos, históricos, psicológicos, jurídicos, econômicos, culturais, médicos, morais, religiosos, entre outros.

“No amplo escopo de

possibilidades

e,

dos

arranjos

sociais,

a

sexualidade

especificamente,

a

homossexualidade, assumiu diversas formas de expressão” (PRADO; MACHADO, 2008, p.2). Conceitos e expressões esses que se modificam com o passar do tempo. Esta indefinição se dá porque a homossexualidade é [...] mais que o comportamento sexual entre pessoas do mesmo sexo, é mais que a orientação do desejo sexual para pessoas do mesmo sexo, e é mais que nutrir afetos por pessoas do mesmo sexo. A homossexualidade pode abranger todas essas características, parte delas ou ainda ultrapassar essas definições através dos complexos arranjos culturais que o ser humano é capaz de criar (PRADO; MACHADO, 2008, p.28)

As (homos)sexualidades são, portanto, uma rede de construção intersubjetiva. Um entrecruzamento de discursos, práticas e ideias, que sofrem (tentativas de) influências de práticas, valores e instituições (JOAS, 2012, p.275). E são essas construções intersubjetivas sobre um tema que fundam um mundo simbólico para os sujeitos e nos próprios sujeitos e proporcionam estabilidade, ou a falta dela, às conquistas alcançadas. Assim, na próxima seção, trataremos de como se constrói e se 4

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da a ver esse simbólico compartilhado, a partir de dois conceitos: estigma e representação social.

O papel central do simbólico e das representações Ao longo dos anos, a homossexualidade passou por diversas mutações, já foi classificada como: pecado, crime e doença mental. Foi só em 17 de maio de 1990 que a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista internacional de doenças. Embora, oficialmente não seja mais considerada doença, ela é, permanentemente, reconfigurada e carrega em si esse status do “algo errado”. Para falar sobre esse status, que não reside no comportamento homossexual em si, mas nos significados em torno dele, acionamos o conceito de estigma de Goffman (1988). Segundo o autor, estigma “é a situação do indivíduo que está inabilitado para aceitação

social

plena”

(GOFFMAN,

1988,

p.7).

Ele

destaca

que,

na

contemporaneidade, existem três tipos de estigmas: 1) deformidade física; 2) as culpas de caráter individual; e 3) os estigmas coletivos. Interessante notar aqui que as homossexualidades e suas nuances abarcam as três formas de estigma. Notam-se, ainda, duas dimensões de indivíduos estigmatizados que se aplicam de forma mais nítida aos homossexuais, a saber: os indivíduos desacreditados e desacreditáveis (GOFFMAN,1988, p.7). O indivíduo desacreditado é aquele cujo estigma é imediatamente evidente ou já é conhecido pelas pessoas à sua volta. O desacreditável é aquele com um estigma que não está imediatamente aparente e nem se tem dele conhecimento prévio. Essa divisão gera tensões diferentes. No caso do indivíduo desacreditado, o problema que se coloca é a manipulação da tensão gerada durante os contatos sociais; no caso do desacreditável é a manipulação da informação sobre o seu estigma, “Exibi-lo ou ocultá-lo; contá-lo ou não contá-lo; revelá-lo ou escondê-lo; mentir ou não mentir; e, em cada caso, para quem, como, quando e onde.” (GOFFMAN, 1988, p. 51). Importante pontuar também que o que faz o estigma ser uma marca depreciativa não é inerente ou fixo aos indivíduos e grupos, mas socialmente construído e pode variar com o contexto. Para falar sobre essas construções sociais e 5

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como elas variam em relação ao tempo e ao espaço, acionamos o conceito de representação social. O conceito de representação social é abordado pelo psicólogo social francês Serge Moscovici (1961), em sua obra La psychanalyse, son image et son public, cuja tradução em português é A psicanálise, sua imagem e seu público. No Brasil, a publicação dos estudos do conceito de representação social de Serge Moscovici foi feita em 1978, sob o título de A representação social da Psicanálise. Na definição do autor, a representação social refere-se ao posicionamento e localização da consciência subjetiva nos espaços sociais, com o sentido de constituir percepções por parte dos indivíduos. Nesse sentido, as representações de um objeto social passam por um processo de formação, entendido como um encadeamento de fenômenos interativos, fruto dos processos sociais no cotidiano do mundo moderno. Segundo Simões (2010, p.5), as representações podem ser compreendidas como universos de sentidos que emergem a partir da experiência dos seres humanos no mundo. Elas dizem de sentidos ou significados que emergem do contexto social e histórico da sociedade, aos quais pertencem e onde são produzidas. Para França (2004), as representações são como um processo em movimento reflexivo, “espelhando diferenças e movimentos da sociedade; [...] enquanto sentidos construídos e cristalizados, elas dinamizam e condicionam determinadas práticas sociais” (FRANÇA, 2004, p. 19). Com base nas pesquisadoras, é válido considerar que o papel do social na efetividade das representações é central. Isso posto, podemos inferir que o estigma também é da ordem do simbólico e é (retro)alimentado (tanto pelos sujeitos estigmatizados quanto pelos sujeitos que impõem o estigma ao outro) a partir das representações sociais que se estabelecem em determinado tempo e local. E, é diante desse quadro conceitual, entendemos que ao falar das homossexualidades estamos lidando muito mais com o simbólico do que com uma definição pontual, falamos de construções sociais que agem a partir do conjunto de referências que norteiam a vida das pessoas. Essas construções não devem ser entendidas como uma cópia da realidade ou do sujeito, mas em uma instância intermediária que transporta o objeto para perto/dentro do nosso espaço 6

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cognitivo. Ou seja, ao pensarmos na homossexualidade, convocamos todas essas construções anteriores, que realizamos ao longo da vida. E assim, tanto os estigmas como as representações, de modo mais amplo, se tornam expressões da realidade social. Sendo justamente essa a importância de se problematizar a visibilidade conferida pelos meios de comunicação à multiplicidade de memórias e representações sobre a temática LGBT.

O beijo gay como acontecimento agenciador de públicos Um dos produtos midiáticos de grande permeabilidade e aceitação na cultura brasileira é a telenovela. A ficção é um dos materiais simbólicos que subsidiam o processo de construção da vida social. Os telespectadores sofrem a afetação dos discursos das telenovelas, ao mesmo tempo em que são convocados a agir e se posicionar em relação a esses discursos. Os sentidos e as construções simbólicas dessas interações são construídos nesse duplo movimento da experiência, que envolve um agir e um sofrer (DEWEY, 2010, p.109). Um indivíduo que lê um romance ou assiste a uma novela não está simplesmente consumindo uma fantasia; ele está explorando possibilidades, imaginando alternativas, fazendo experiências com o projeto do self (THOMPSON,1998, p.202). Desde a década de 1970 até o ano de 2013, foram aproximadamente 126 personagens LGBTs em 62 novelas (SILVA, 2015, p.12). Em cada momento, as representações ocorreram de formas distintas, (re)construindo sentidos diferentes sobre a temática. Uma das telenovelas contemporâneas em que o tema da homossexualidade recebeu ampla visibilidade foi Amor à Vida,9 que apresentava dois núcleos com personagens homossexuais protagonizados por Felix (Mateus Solano), Niko/Carneirinho (Thiago Fragoso) e Eron (Marcello Antony). Os dias que antecederam o último capítulo da narrativa foram marcados pela expectativa em torno de um possível beijo gay – até então inédito nas telenovelas da Rede Globo – entre Felix e Niko, que se concretizou nas últimas cenas da novela. Esse assunto pautou 9

Escrita por Walcyr Carrasco e produzida pela Rede Globo, esta telenovela esteve no ar de 20 de maio de 2013 à 31 de Janeiro de 2014.

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inúmeras discussões na sociedade brasileira, alcançando índices altos de audiência e os trending topics da rede social Twitter. A cena pode ser vista como um marco na teledramaturgia nacional e na própria sociedade brasileira e, nesse sentido, pode ser compreendida como um acontecimento. Adotando uma perspectiva pragmatista10, entendemos o acontecimento como uma emergência que se destaca na continuidade da experiência dos sujeitos, instaurando tanto um passado como um futuro para si mesmo (QUÉRÉ, 2000, 2005, 2012). Nessa abordagem, o acontecimento é dotado de um poder hermenêutico, ou seja, tem um potencial de revelar traços configuradores do contexto social em que se inscreve. Além disso, esse tipo de ocorrência é dotado de uma passibilidade, ou seja, ele afeta a vida das pessoas, convocando-as a se posicionar em relação ao que está acontecendo – o que aponta para o seu poder de afetação. Assim, o acontecimento agencia públicos (DEWEY, 1954). Estes não estão configurados de antemão, mas se constituem a partir da experiência específica de uma situação. Para o Dewey (1954), a comunicação é o ponto central da constituição de públicos, pois em sua base é que se encontram as significações comuns partilhadas. E, são exatamente esses sentidos compartilhados que estabelecem laços sociais, que se configuram em uma estrutura de agenciamento que convoca e interpela os sujeitos, posicionado-os e podem converter uma ação conjunta numa comunidade de interesses (DEWEY, 2010, p. 248).

Esse agenciamento, “diz respeito, portanto, tanto a uma

dada perspectivação quanto à conformação de modalidades particulares de engajamento na interação. (FRANÇA; ALMEIDA, 2008, p.7). Essa perspectivação é o ver como (QUÉRÉ, 2003, p.119) que diz de um laço social, de uma contextualização que convoca os sujeitos, ao mesmo tempo em que lhes oferece as possibilidades de conformação para se posicionarem. 10

O Pragmatismo teve sua origem no final do século XIX e tinha como objetivo contestar a abordagem metafísica que então vigorava na filosofia. O pragmatismo é uma abordagem filosófica que se baseia no valor da ação, sendo a ação constituidora do mundo das ideias. Segundo Thamy Pogrebinschi (2005, p.26-62), os três pilares do pragmatismo são: 1) anti-fundacionalismo: rejeição a qualquer princípio permanente ou dogma, entre outros tipos de fundações possíveis ao pensamento; 2) consequencialismo: ênfase dada às consequências do ato, ou seja, às ações futuras, aos efeitos práticos trazidos; 3) contextualismo: destaque para o valor do contexto no desenvolvimento de qualquer conceito

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No entanto, se há uma única estrutura de agenciamento, um único acontecimento, porque nem sempre se comportam de forma similar? Por que e em torno de quais sentidos há polarizações dentro do público agenciado pelo mesmo acontecimento e pertencente ao mesmo contexto? Acreditamos que essas polarizações que se percebem na apreensão do público de um acontecimento são construídas a partir de valores compartilhados e evidenciados nos posicionamentos dos sujeitos, que exibem uma hierarquia em seus sistemas de relevância. Acionaremos contribuições do pensamento sociológico-filosófico de Alfred Schutz, para tentarmos delinear essas polarizações.

Atenção seletiva e polarização do público Schutz buscou estabelecer em seus estudos uma sistematização para chegar às principais motivações que orientam os atores sociais no que diz respeito as suas relações que se desenrolam no cotidiano, em suas relações intersubjetivas. De partida, o autor propõe um “multi-verso, ao invés de um uni-verso: como a existência depende basicamente da interpretação de sujeitos singulares, por conseqüência, também haverá tantas áreas de existência como haverá mundos de sentido gerados de forma interpretativa” (SCHRÕDER, 2006, p.203-204). A proposição de um multi-verso, no entanto, não elimina um espaço comum entre os sujeitos. Para Schutz, as pessoas nascem em um mundo que não é apenas físico, mas sócio-cultural. Dessa forma, esse mundo é diferente em cada sociedade, todos, no entanto, enraízam-se de forma comum sobre a condição humana. Assim, nas diferentes sociedades, é possível encontrar comportamentos semelhantes, como estilos de vida aceitos ou um modo de vida tido como natural. Esse modo – estilo – de vida, ou de se viver, “são vistos como pressupostos porque se provaram eficientes até então e, sendo socialmente aprovados, são vistos como fatos que dispensam explicações ou justificativas” (SCHUTZ, 1979, p.80). Nesse sentido, o sujeito é condicionado ao que o autor chama de “situação biográfica determinada” (SCHUTZ,1979, p.73), que corresponde à sedimentação de todas as experiências anteriores do sujeito, organizadas de acordo com o seu “estoque de conhecimento à 9

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mão”.

Ou mundo simbólico que o sujeito compartilha do seu contexto, as

representações que ele possui de cada ser. Será a situação biográfica de cada sujeito que resultará na eminente influência dos motivos, da direção, do modo como cada ator pensa e age no espaço social. Isso é, um sistema de motivações ou “zonas de relevância”, que dizem respeito ao “nosso interesse à mão, que motiva todo o nosso pensar, projetar, agir e que, portanto, estabelece os problemas a serem solucionados pelo nosso pensamento e os objetos a serem atingidos pelas nossas ações” (SCHUTZ, 1979, p.100). É esse sistema de relevância que vai dar ênfase maior a situação prévivenciada que interessa no momento presente. Assim, na análise que virá a seguir, pretendemos evidenciar, não apenas a cena do beijo gay, em Amor à Vida, como um acontecimento, mas também como constituidora de público. Ao olhar para esse público, procuraremos apreender como diferentes sujeitos se polarizaram em relação ao mesmo acontecimento, a partir da hierarquia de temas e valores estabelecida nos sistemas de relevância e que pode ser percebida por seus posicionamentos. Para apreender essa articulação, tomamos como corpus de análise matérias publicadas em dois portais de notícias que abrem espaço para comentários dos usuários, os quais também são analisados: Uol e Terra. 11 Nos limites deste trabalho, o corpus fica assim composto por oito matérias dos portais (quatro de cada) e 2138 comentários. A metodologia de análise desse material foi construída em 3 eixos de análise: a) descrição: consiste na identificação do enquadramento do acontecimento. Isso ocorre quando busca-se a resposta à seguinte indagação: “O que está acontecendo aqui?” (GOFFMAN, 1986). b) narração: consiste na organização temporal do acontecimento: o passado que ele convoca e ao mesmo tempo constrói; e o futuro ou

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http://www.terra.com.br , http://www.uol.com.br/. Dentre os cinco maiores portais de notícias do Brasil de acordo com o Ibope Nielsen , selecionamos os dois (UOL e Terra) que: a)No mesmo espaço onde a matéria foi divulgada, houvesse espaço para que o público comentasse; b)O espaço para os comentários poderia ser mediado, desde que não houvesse edição dos comentários. c) Espaços midiáticos de grande relevância, abrangência e popularidade, garantindo, assim, a possibilidade de que tenhamos acesso aos comentários mais diversificados possíveis. As palavras-chave de busca foram: Beijo gay Félix e Niko. As matérias selecionadas são dos dias: 31 de janeiro a 02 de fevereiro de 2014.

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campo de possíveis aberto pelo acontecimento. c) constituição de um contexto de pano de fundo e constituição de públicos: o acontecimento se inscreve em um contexto de normas e valores instituídos; os públicos se posicionam a partir desses fatores. Esse eixo, então, busca a identificação dessas normas e valores, para verificar a apreensão do acontecimento pelos diversos públicos.

Análise Descrição “O beijo gay12” foi “um marco na história da TV, da comunidade LGBT e na cultura”13, “uma cena pedagógica contra o preconceito e a homofobia” 14. As matérias descrevem o último capítulo de Amor à Vida, destacando características que tornam o episódio típico e singular. O artigo definido “o” que passou a figurar antes do termo beijo gay e essa apropriação da cena como um marco evidenciam e identificam o enquadramento (GOFFMAN, 1986), distinguindo o acontecimento de outros acontecimentos, destacando sua singularidade.

Já dentro da tipicidade, há leves

pinceladas sobre os finais felizes dos personagens e a informação de que, “como é habitual, o elenco se reuniu em uma churrascaria do Rio para assistir ao episódio final15”. Podemos, assim, enunciar o quadro como: “a transmissão em horário nobre, pela primeira vez na maior emissora de televisão do Brasil - uma sociedade heteronormativa -, de um beijo entre um casal formado por pessoas do mesmo sexo”. A relevância positiva do fato é abarcada em todas as matérias. Ao olhar para os comentários, no entanto, o acontecimento impulsiona comparações com outros acontecimentos e o fator relevância chega a ser questionado por indagações como: “Que preguiça... a gente cansou de ver adolescentes gays se beijando na MTV em pleno domingo a tarde. O Sbt já tinha exibido o beijo de duas mulheres. Nos canais 12

Disponível em: < http://f5.folha.uol.com.br/televisao/2014/01/1406106-estou-em-prantos-diz-jeanwyllys-sobre-beijo-gay-em-amor-a-vida.shtml> Acesso em: 20 de novembro de 2014 e < http://televisao.uol.com.br/noticias/redacao/2014/02/01/feliz-de-fazer-parte-desse-momento-diz-jeanwyllys-sobre-beijo-gay.htm>. Acesso em: 20 de novembro de 2014. 13 Idem 14 Idem 15 Idem

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por assinatura isso não é mais novidade faz tempo. Por que raios essa expectativa em ver beijo gay na Globo???”16. A relevância se mantém intacta e é reafirmada pelos outros usuários do portal: “Por uma simples razão: se somar a audiência de todos os outros programas que você citou não dá a audiência da novela das nove da Rede Globo. Seja por audiência bruta ou share, a rede globo tem um poder muito maior de ditar tendências, de quebrar preconceitos e de fazer as pessoas pensarem e tudo isso é indiscutível. E justamente por isso a expectativa de isso acontecer na globo é muito maior. Isso significa dizer que o alcance desse momento é muito maior e a repercussão na sociedade é infinitamente mais relevante”17. Se a relevância se mantém intacta, não é possível dizer o mesmo da perspectiva positiva do acontecimento, essa se dilui nos comentários. Como veremos mais adiante, as vozes escolhidas pelos redatores para emitir suas opiniões na matéria são unívocas, ao observamos os comentário é que localizamos as vozes dissonantes. Em nenhum dos dois casos, no entanto, a descrição da cena se descaracteriza como um acontecimento. Narração Nesse eixo procuramos identificar a inserção do acontecimento em um quadro temporal, para isso verificamos o que levou a esse acontecimento. As falas transcritas na matéria, tanto do deputado, quanto de atores e ativistas, descrevem a cena como “uma evolução”18, um “dia histórico”. Mas evolução em relação a que? E, momento histórico em qual esfera da sociedade? Os termos escolhidos para narrar o acontecimento, apontam para uma dupla direção temporal, passado e futuro. Para o passado do acontecimento, lembrando o caminho percorrido até que uma cena como essa pudesse ir ao ar. Os pesquisadores Peret (2005), Marques (2003) e Colling (2007), traçam retrospectivas históricas da representação da homossexualidade na telenovela brasileira e em suas pesquisas destacam a evolução da aceitação. É nesse sentido que o acontecimento marca “uma 16

Idem Idem 18 < http://f5.folha.uol.com.br/televisao/2014/01/1406106-estou-em-prantos-diz-jean-wyllys-sobrebeijo-gay-em-amor-a-vida.shtml>. Acesso em 22 de Janeiro de 2015. 17

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evolução”19 e se torna “um marco20”, a aceitação pode não ter sido total por parte da população, mas a emissora não abriu mão da história e seu desdobramento. “ (...) O beijo entre Felix e Niko selou uma relação que foi construída com muito carinho pelos dois personagens. Foi, portanto, o desdobramento dramatúrgico natural dessa trama. A pertinência desse desfecho foi construída com muita sensibilidade pelo autor, diretor e atores e assim foi percebida pelo público. É importante lembrar que o relacionamento homossexual sempre esteve presente nas nossas novelas e séries de maneira constante, responsável e natural. A cena esteve de acordo com essa premissa e com a relevância para a história. (Nota divulgada pela emissora Rede Globo, após a exibição da cena)21

Mais adiante os comentários também apontam para o acontecimento como fundador de um futuro,vislumbra-se um campo de possíveis no âmbito da teledramaturgia ao constatar que: “ainda não foi aquele beijo molhado! Mas, foi sim, o beijo do casal gay protagonista! Estamos evoluindo!”22. A matéria ainda ensaia um futuro de desconstrução da estigmatização da homossexualidade na esfera social: “a população brasileira vibrou com essa novela, que colaborou com certeza para desconstruir parte dessa homofobia nacional”23e “as crianças em suas casas viram o casal se beijando. Tudo foi sendo construído de uma forma muito bonita 24”. Assim, além de mostrar o momento em que esse acontecimento emergiu as falas também apontam para o que ele projeta e representa, e conduzem nosso olhar às representações anteriores, de forma comparativa. Constituição de um contexto de pano de fundo e constituição de públicos Ao tematizar o grande impacto da demonstração pública de afeto por um casal homossexual, as matérias colocam em evidência normas sociais, ainda que não seja algo dito de forma explicita: homossexuais não devem trocar afeto em público. A 19

Idem Idem 21 Disponível em: < http://oglobo.globo.com/cultura/revista-da-tv/um-grande-passo-na-sociedade-dizmateus-solano-sobre-beijo-gay-de-amor-vida-11471659#ixzz3L4QHsz65 > . Acesso em 04 de dezembro de 2014 22 Disponível em: < http://f5.folha.uol.com.br/televisao/2014/01/1406106-estou-em-prantos-diz-jeanwyllys-sobre-beijo-gay-em-amor-a-vida.shtml>. Acesso em 22 de Janeiro de 2015 23 Idem 24 Idem 20

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norma implícita de uma “não exposição” parece expor uma sociedade tradicionalista, mas: “se a questão está na moral e os bons costumes, por que ninguém se pronunciou em relação a outros assuntos retratados na novela quanto a violência, traição ou groca de casais? Por que é tão difícil aceitar a afeição e demonstrações de carinho sinceros entre pessoas do mesmo sexo?”25. A pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)26, em que 59% dos entrevistados disseram se sentir desconfortáveis ao ver um beijo entre dois homens ou entre duas mulheres, citada no inicio desse texto, também identificou um avanço na aceitação do princípio da igualdade dos direitos. Metade dos entrevistados concorda com a afirmação de que casais homossexuais devem ter os mesmos direitos de casais heterossexuais. A pesquisa evidencia algo implícito nas matérias e em seus comentários, a hierarquização dos valores. O valor do amor é evidente, mas ele não ultrapassa o valor da moral, dos bons costumes. E é nesse ponto, que o casal arrebatou e criou um grupo de fãs, mas o beijo dividiu opiniões: “Ninguém é contra as uniões em homossexuais, mas fazer disso uma plataforma é excrescência!27”, disse um dos comentadores. A análise dos comentários, ainda que inicial, revela que a cena não dividiu os públicos entre favoráveis e contrários à cena como sendo sinônimos de pessoas favoráveis e contrárias a homossexualidade. “Nada contra os gays, mas o que isso tem de pedagógico? Não só beijo gay, mas qualquer exposição sexual (relacionamento hétero ou homo) em uma novela não é pra educar ninguém! Esse é o nível de cultura do nosso país! LAMENTÁVEL!! Considero uma cena pra alavancar o Ibope, só isso! PS- Não vi a cena, não vi a novela”28. Os comentários evidenciam, na verdade, pessoas que se agrupam em torno de determinados valores.

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Idem Disponível em: . Acesso em 20 de novembro de 2014 . 27 Disponível em: < http://televisao.uol.com.br/noticias/redacao/2014/02/01/feliz-de-fazer-parte-dessemomento-diz-jean-wyllys-sobre-beijo-gay.htm> Acesso em 22 de Janeiro de 2015 28 Idem 26

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Conclusão Em nossa análise preliminar, foi possível apontar a importância da representação construída por Amor à Vida e a configuração da cena construída em seu último capítulo como um acontecimento.29 Além disso, destacamos que há um tom hegemônico nas matérias analisadas: o de apoio à construção da narrativa e do desfecho de Felix e Niko. Isso deve ser compreendido no cenário de luta da população LGBT por respeito e reconhecimento às diferenças – o que sinaliza o poder hermenêutico do acontecimento. Entretanto, ao analisarmos os comentários, localizamos vozes dissonantes: algumas pessoas, por exemplo, não aprovam o beijo gay, manifestando sua homofobia; outras reprovam a cena reivindicando mais respeito nas cenas de amor (homo e/ou heterossexual) nas telenovelas. De qualquer forma, o que podemos constatar é o modo como valores e preconceitos arraigados, ou seja, o simbólico, são acionados por esses públicos ao se posicionarem frente a um acontecimento. Sendo esse comportamento ainda mais relevante quando se trata de um acontecimento que envolve as chamadas minorias. Referências DEWEY, John. (1927, 1984), "The public and its problems", em Jo Ann Boydston John Dewey: The Later Works, (vol. 2: 1925-1953), Carbondale, Southern Illinois University Press, pp. 235-372. DEWEY, John. A arte como experiência. Trad.Vera Ribeiro. São Paulo: Editora Martins, 2010. FRANÇA, Vera Regina Veiga. QUÉRÉ, Louis: dos modelos da comunicação. Revista Fronteiras, São Leopoldo: UNISINOS, v. V, n. 2, p. 37-51, dez. 2003. ______. Sujeitos da comunicação, sujeitos em comunicação. In: GUIMARÃES, C.; FRANÇA, V. Na mídia, na rua: narrativas do cotidiano. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p. 60-88. ______. Interações comunicativas: a matriz conceitual de G.H.Mead. In: PRIMO, A. et al (Org.) Comunicação e Interação. Porto Alegre: Sulina, 2008. p. 71-92. 29

É interessante notar que, em Babilônia (Rede Globo; Gilberto Braga, 21h) um beijo gay (entre duas senhoras lésbicas) foi exibido já no primeiro capítulo – o que pode ser lido como parte do futuro aberto pelo acontecimento construído por Amor à Vida.

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