Do Império ao Reino. Viseu e o território (séculos IV a XI)

May 29, 2017 | Autor: Carlos Alves | Categoria: Viseu History, Archeology, Viseu
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Do Império ao Reino. Viseu e o território (séculos IV a XI)

A igreja de S. Miguel de Fetal (Viseu) Catarina Tente | Francisca A. Cardoso | Carlos Alves IEM – FCSH/NOVA | CRIA – FCSH/NOVA | IEM – EON, Indústrias Criativas Lda.

A igreja de S. Miguel de Fetal é um dos edifícios emblemáticos da história da cidade de Viseu. Aqui a tradição diz que estaria enterrado o último rei visigodo, Rodrigo, e aqui todas as sextas-feiras dizia missa S. Teotónio, no século XII. Entre 2013 e 2014 realizaram-se escavações arqueológicas para identificar a igreja medieval. Os resultados dos trabalhos foram os seguintes: • No século XVIII fizeram um muro de contenção e nivelaram o terreno antes de construírem a igreja atual, cujas paredes integraram as pedra do antigo templo. • Da antiga igreja foi possível identificar a base da parede que delimitaria a norte a nave (com comprimento não inferior a 17m.). O altar-mor localizar-se-ia no espaço hoje ocupado pela escadaria que dá acesso à igreja. Possivelmente a igreja medieval foi construída entre o fim século IX e o XI. • A igreja medieval integrou uma outra construção, mais antiga na qual se implantava uma sepultura excecional (S10). Esta foi construída com materiais romanos reaproveitados (cornija, silhares almofadados, e tegulae). Sepultura (S10) feita com materiais romanos reutilizados

Muro de contenção da obra de construção da atual igreja construída no século XVIII (fase 3). Fundações da parede norte da igreja medieval e sepultura associada localizada no interior da nave (fase 2) Muros e sepultura do edifício (basílica ou mausoléu?) anterior à igreja medieval, que é possivelmente de cronologia tardo-romano ou alto-medieval (fase 1). Piso lajeado do edifício da fase 1 Fundo da sepultura (S10) feito com reaproveitamento de tegulae romana (fase1).

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• Esta primeira estrutura, é de difícil datação, mas é com certeza posterior ao século IV e pode corresponder a um espaço de culto ou funerário (basílica, martyrium ou mausoléu?). Sobre este edifício foi construído o templo medieval que integrou nas fundações da parede a sepultura (S10). Tal revela que a mesma não só era conhecida como foi respeitado o defunto que ali fora inumado séculos antes. Infelizmente, o tempo e acidez do granito não possibilitaram a conservação dos ossos deste individuo, cuja datação de radiocarbono teria sido uma chave essencial para datação deste conjunto. Outro importante dado que as escavações recuperaram foi o eixo de orientação da igreja antiga. Esta estava ligeiramente enviesada face ao edifício atual, ainda que acatando a orientação canónica. É provável que tivesse respeitado também o alinhamento da estrada romana que dava acesso a uma das portas principais da cidade amuralhada (e que se localizaria junto à rua do Gonçalinho). Apenas a construção do templo no século XVIII rompe definitivamente com o traçado urbano romano desta parte da cidade.

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