Dobb como Historiador Resenha de \" A Evolução do Capitalismo \" (Studies in the Development of Capitalism) de Maurice Dobb

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Dobb como Historiador
Resenha de "A Evolução do Capitalismo" (Studies in the Development of Capitalism) de Maurice Dobb
Rodney Hilton
Tradução: Maurício Parisi
Maurice Dobb demonstrou do modo mais contundente a superioridade da abordagem marxista dos problemas históricos sobre o ecletismo burguês que atualmente passa como substituto de uma análise correta. Até agora, ele havia sido conhecido primeiramente como um crítico da economia capitalista contemporânea. Neste livro, ele se revela como historiador. Com uma riqueza de detalhes extraídos tanto de fontes primárias como secundárias, ele analisou as fascinantes imbricações e contradições na origem d0 desenvolvimento capitalista da Idade Média até os dias atuais. Mostrando o capitalismo não apenas como sucessivos estágios do desenvolvimento, apresentou os efeitos das mudanças tecnológicas nas relações de produção, mas indicando também as consequências políticas destas mudanças. E, apontando o equívoco daqueles críticos que equacionavam Marxismo com determinismo mecânico, ele demonstra a contra-ação de classe e ideologia no desenvolvimento das práticas econômicas.
Os principais pontos de concentração no livro são os novos fatores crescendo numa economia feudal decadente que esmagariam as relações sociais feudais; as potentes contradições na sociedade capitalista nascente, entre aqueles capitalistas cujo o lucro era ganho pela manipulação comercial e aqueles cujo lucro era ganho da produção propriamente capitalista ; as técnicas e relações de produção durante a Revolução Industrial; e o crescimento do monopólio e da crise econômica na era do imperialismo.
No tocante ao declínio do feudalismo, um tema ainda envolto no desconhecimento, em parte devido a pequena escala de pesquisas feitas, mas porque até agora a maioria dos historiadores econômicos não analisou que são as evidências a partir de um ponto de vista correto. Dobb mostra como o problema deve ser abordado a partir do ponto de vista da mais fundamental das relações sociais, a relação entre exploradores e explorados. Tendo assim definida a essência da economia feudal, ele faz um exame penetrante e multifacetado dos problemas envolvidos no declínio daquela economia. A crise do fornecimento de mão-de-obra, as soluções alternativas à bancarrota crescente da classe dominante feudal, , o crescimento de uma classe rural 'kulak' são também discutidas, não somente a partir do conhecimento dos últimos trabalhos sobre a temática por historiadores ingleses, mas com a comparação de paralelos europeus, especialmente russos.
Enquanto o crescimento da indústria urbana de pequena escala, do comércio local e eventualmente internacional é mostrado em detalhes consideráveis como contribuindo para a dissolução do feudalismo e para o começo da economia capitalista e de uma classe capitalista. Dobb adverte contra a antecipação do capitalismo verdadeiro. O Capital mercantil preocupado apenas com o lucro derivado de vantagens de preço favoráveis ou da usura não é incompatível com o feudalismo. As precoces fortunas feitas deste modo não são, de fato, o começo da acumulação primitiva de capital. No século XIV, os superlucros de prestamistas e contratadores de guerra também foram dissolvidos como neve no nascer do sol em investimentos improdutivos ou encaminhavam para estabelecer seus possuidores nas fileiras da classe dominante feudal- os de la Poles de Hull são o exemplo clássico.
Sobre a acumulação primitiva de capital, Dobb mostra sua operação em duas fases. Durante a primeira, a burguesia adquire recursos baratos, que são realizados na fase seguinte pela venda a altos preços, investindo os resultantes em bens de capital baratos e trabalho proletário pessimamente pago, os pré-requisitos da industrialização. O principal recurso assim adquirido era a terra, a fonte do poder econômico e político da aristocracia feudal: a burguesia fez o acerto , não somente no econômico, mas também na bancarrota política da classe inimiga.
Nos desdobramentos do século dezessete, o monopólio mercantil interessado apenas nos 'termos do contrato comercial', é mostrado identificado com a reação política e a burguesia industrial com os elementos progressistas durante e depois da revolução Inglesa. Mas, a real vitória do capitalismo industrial, não aparece até o fim do século dezoito como o resultado da coincidência de um número de fatores necessários – uma coincidência nunca repetida desde então, nem (como é convincentemente demonstrada) provável de ser repetida.
Existem tesouros de análise neste livro precioso. Se a questão é a investigação histórica e marxista como "fundamento para qualquer sistema econômico realista" (a meta original destes estudos). O trabalho também prova que a abordagem marxista é a única possível para a solução de problemas históricos. Espera-se que ambos - historiadores e economistas - aprendam a lição apropriada.
Labour Monthly, january 1947, pp. 29-30
Marxists Internet Archive (2013)



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