Dos processos de colaboração para as ferramentas

June 15, 2017 | Autor: Wallace Ugulino | Categoria: Case Study, Exploratory Study
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Dos processos de colaboração para as ferramentas: a abordagem de desenvolvimento do projeto CommunicaTEC Wallace Ugulino, Ricardo R. Nunes, Claudio L. Oliveira, Mariano Pimentel, Flávia Maria Santoro Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) Av. Pasteur, 458, Urca - Rio de Janeiro RJ – Brasil – CEP: 22290-240

{wallace.ugulino, ricardo.nunes, claudio.oliveira, pimentel, flavia.santoro}@uniriotec.br

Tabela 1. Quadro comparativo de Sistemas para colaboração

E-Mail

Neste artigo é apresentada a abordagem do Projeto CommunicaTEC: a partir da modelagem dos processos de colaboração, e de estudos exploratórios, são identificadas modificações necessárias no processo e na ferramenta para a realização do processo. São apresentados dois estudos realizados com processos de colaboração em que novos fluxos foram propostos e novos mecanismos foram implementados. Neste artigo são apresentadas as utilidades e limitações da notação BPMN para modelar processos de colaboração e para o desenvolvimento de ferramentas.

Lista de Discussão



Fórum



Categories and Subject Descriptors

Acomp. Participação











TelEduc  







Mensageiro Agenda



Relat. de Atividades

 

Votação



Conteúdos























 











 























Tarefas





SubGrupos

































Quadro Branco

General Terms

Busca









Management, Design, Human Factors.

Glossário









Links









Os sistemas para colaboração, em geral, são compostos de diversas ferramentas genéricas: correio-eletrônico, lista de





H.4.3 [Communications Applications] Bulletin boards; Computer conferencing, teleconferencing, and videoconferencing; Electronic mail

1. INTRODUÇÃO: SISTEMAS PARA COLABORAÇÃO





Brainstorming

H.5.3 [Group and Organization Interfaces]: Computersupported cooperative work, Evaluation/methodology, Organizational design

Processos de Colaboração, Desenvolvimento de Ferramentas para Colaboração



 

Mural

Questionário

Keywords

AulaNet

Black Board

Moodle



RESUMO

Bate-papo (chat)

OpenGroupware

BSCW

Sistemas para Colaboração

ThinkTank

This paper presents CommunicaTEC's development approach. A collaboration process is modeled to be performed through a computer tool, and an exploratory case study is carried out aiming at identifying the problems in the process and the necessary changes to be implemented in the tool. To exemplify this approach, two exploratory studies are described in which new flows have been proposed for the collaboration processes. Tool mechanisms have been developed to meet the demands of the new processes. This paper discusses the usefulness and limitations of the BPMN for the modeling of collaborative processes and for tool development.

discussão, fórum, bate-papo, agenda, relatórios, questionários, tarefas, votação, conteúdos, etc. Na Tabela 1, são listadas algumas das ferramentas que compõem os sistemas para colaboração.

YahooGroups

ABSTRACT



FAQ Anotações



 





Estes sistemas colaborativos se popularizaram e passaram a ser usados em situações para as quais não foram projetados. Um grupo usa as ferramentas disponíveis num sistema para executar o trabalho em grupo. Desta forma, o processo é induzido em função

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das ferramentas disponíveis, embora nem sempre fique adequado para o objetivo a ser alcançado. Através destes Sistemas para Colaboração, é possível realizar o trabalho em grupo, mas ocorrem problemas porque as ferramentas não foram desenvolvidas especificamente para as tarefas do processo. Por outro lado, a cultura de uso destas ferramentas genéricas deve ser aproveitada para a especificação de novas ferramentas. Uma boa estratégia de desenvolvimento é implementar adaptações progressivamente nestas ferramentas, com base na análise dos processos desejados. Na pesquisa apresentada neste artigo, são investigados os problemas que ocorrem ao usar estas ferramentas genéricas num processo específico de trabalho em grupo, e são propostos mecanismos que são desenvolvidos em novas versões da ferramenta para resolver os problemas identificados. A pesquisa descrita neste artigo insere-se no contexto do Projeto CommunicaTEC[1], cujo objetivo é investigar processos de colaboração visando adaptar ferramentas genéricas para a aplicação de técnicas específicas de trabalho em grupo – esta abordagem é descrita na Seção 2. Para ilustrar a aplicação desta abordagem, são apresentados dois estudos. Na Seção 3 é apresentada a pesquisa sobre o Processo de Entrevista em que foram identificados problemas na realização através da ferramenta de bate-papo genérica. Foram especificadas novas ações no processo, o que demandou o desenvolvimento da ferramenta InterVIU. Na Seção 4 é apresentada a pesquisa sobre o Processo de Tomada de Decisão em que foi promovida uma fusão de duas tarefas para implantar a técnica específica em que a discussão e a votação são realizadas de forma indissociável. Para apoiar a nova técnica, foi desenvolvida a ferramenta Vota-Fórum. Esta abordagem, desenvolvida no Projeto CommunicaTEC, é comparada com outros trabalhos na Seção 5. Conclusão e trabalhos futuros são descritos na Seção 6.

2. A ABORDAGEM DO PROJETO COMMUNICATEC A abordagem de pesquisa e desenvolvimento do Projeto CommunicaTEC é esquematizada na Figura 1. O objetivo da abordagem é desenvolver ferramentas para apoiar a aplicação de uma técnica de trabalho em grupo. A técnica é modelada como um fluxo de ações, aqui denominado processo-da-técnica. Através de estudos exploratórios, investigam-se problemas que ocorrem ao aplicar a técnica através de uma ferramenta computacional genérica. O fluxo de ações é remodelado para diminuir a ocorrência dos problemas mais relevantes. Para apoiar o novo fluxo, são implementados mecanismos que resultam numa ferramenta específica para a técnica investigada. Processo da Técnica

Problemas

Modificação no Processo da Técnica

Ferramenta Genérica

Mecanismos p/ Solução

Ferramenta Específica

Figura 1. Estudo de processos e desenvolvimento de ferramentas Um processo de colaboração é composto de diversas tarefas organizadas em disciplinas. Cada disciplina é descrita em fluxos

de tarefas para alcançar objetivos e produzir artefatos. Uma tarefa é executada pela aplicação de uma técnica de trabalho em grupo apoiada por uma ferramenta computacional. Estudos exploratórios são realizados para investigar os problemas que ocorrem na execução de um processo-da-técnica através de uma ferramenta genérica. São propostas modificações no processo para resolver problemas identificados, o que demanda mecanismos que são desenvolvidos numa nova versão da ferramenta. Além da modificação em função dos problemas, o processo-da-técnica também é modificado em função das restrições e do potencial do meio computacional. O objetivo é identificar quais são os mecanismos adequados para a aplicação da técnica de trabalho em grupo específica.

Ferramenta Computacional Ferramentas computacionais são desenvolvidas para apoiar a aplicação de técnicas de trabalho em grupo

e-mail fórum mensageiro instantâneo bate-papo vídeo conferência VoIP workflow

Técnicas de trabalho em grupo são ajustadas para uso das ferramentas de comunicação

Técnica de trabalho em grupo

brainstorming entrevista workshop storyboarding roleplaying seminário

Figura 2. CommunicaTEC: ferramentas específicas para a aplicação de técnica de trabalho em grupo Esta abordagem do CommunicaTEC, que consiste na investigação conjunta do processo-da-técnica e da ferramenta, conforme ilustrado na Figura 2, é exemplificada nas próximas seções.

3. DO PROCESSO DE ENTREVISTA À FERRAMENTA INTERVIU A ferramenta InterVIU é uma ferramenta para entrevistas, baseada em bate-papo textual, em que se separam mensagens de socialização, perguntas e respostas. A proposta da ferramenta é derivada de um estudo exploratório sobre a realização de entrevistas educacionais na Internet, através de bate-papo textual. Todo o processo de entrevista foi realizado. O estudo foi focalizado no processo da técnica de entrevista, entrevista nãomoderada para grupos de até 30 participantes, que foi apoiada por uma ferramenta de bate-papo típica. O processo realizado [15] teve três disciplinas: 1. Pré-Entrevista, que compreendeu as atividades de preparação de entrevistado e entrevistadores. 2. Entrevista, que foi constituída da sessão propriamente dita; 3. Pós-Entrevista, constituída das atividades desde a síntese do conteúdo até a publicação do resultado aos participantes. O processo realizado é representado na Figura 3.

Figura 3. Macro-processos de entrevista O estudo da tarefa “Entrevistar”, disciplina Entrevista, permitiu descobrir problemas ao aplicar a técnica de entrevista não-

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moderada pela internet apoiada por uma ferramenta típica de batepapo. O processo da técnica foi revisto e modificado para tentar diminuir a ocorrência de problemas existentes, ligados à estruturação da comunicação, quando realizada por meio computacional. Neste estudo, os potenciais do meio computacional e da ferramenta, bem como suas limitações, influenciaram o resultado da execução do processo. A realização por bate-papo textual na internet possibilita o acesso mais facilitado dos participantes, por exigir poucos recursos computacionais e de banda de internet. Possibilita ainda que os participantes estejam distribuídos geograficamente. Contudo, a comunicação textual via bate-papo impõe restrições à técnica de entrevista, como se pôde perceber na análise do estudo exploratório. Assim, para aproveitar o potencial do meio computacional e para minimizar suas limitações, um novo processo foi proposto para a técnica e novos mecanismos de suporte foram identificados como necessários na ferramenta. A ferramenta InterVIU foi desenvolvida para tentar incorporar os novos mecanismos, como tentativa de diminuir a ocorrência dos problemas encontrados.

3.1 Do processo de Entrevista à ferramenta InterVIU: Estudo Exploratório A ferramenta foi desenvolvida a partir dos resultados de um estudo exploratório realizado com alunos de graduação e pósgraduação. A execução do processo de entrevista foi com objetivo educacional, assim, os participantes tinham interesse em aprender sobre o tema com um especialista, o entrevistado. Estavam presentes os papéis de moderador, entrevistado e entrevistador, cada um com diferentes responsabilidades. O moderador/coordenador do processo teve como tarefas da disciplina pré-entrevista: convidar entrevistado e entrevistadores e preparar roteiro para o entrevistado (possíveis perguntas e perfil dos entrevistadores) e para os entrevistadores (constituído de conteúdos básicos e que incluiu um vídeo sobre acessibilidade na web, do grupo de pesquisa Acesso Digital). Os entrevistadores e o entrevistado prepararam-se para a entrevista. Para a realização da sessão, foi usada a ferramenta de bate-papo do portal Terra. A técnica de entrevista utilizada foi a nãomoderada: o moderador não filtrou perguntas, mas foi o responsável por apresentar o entrevistado, iniciar e finalizar a sessão. Os entrevistadores puderam conversar com o entrevistado e entre si durante a sessão, como forma de socialização. As perguntas eram enviadas diretamente dos entrevistadores para o entrevistado. A sessão contou com 12 participantes, 6 do sexo masculino e 6 do sexo feminino e durou aproximadamente 1 hora. A idade média dos participantes foi de 35 anos, com mínima de 21 e máxima de 65 anos. Mais da metade (58%) dos participantes nunca havia participado antes de uma entrevista pela internet e boa parte (17%) considerou difícil acompanhar a entrevista.

Figura 4. O processo de entrevista

As atividades pós-entrevista foram executadas pelo moderador/coordenador, que enviou uma mensagem de divulgação a todos os participantes depois de produzir e publicar a síntese. Na Figura 4 é representado o processo executado no estudo exploratório.

Para investigar os problemas que ocorrem com o uso do bate-papo na aplicação de entrevistas, foram coletados dados através de questionários, entrevistas e registros de mensagens da sessão. A análise dos dados possibilitou identificar alguns problemas, dentre eles: •

Perguntas sem resposta: nem todos os participantes tiveram suas perguntas respondidas ao final da sessão;

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Dificuldade de identificar os pares pergunta-resposta: muitas vezes foi difícil determinar a qual pergunta uma mensagemresposta se referia;



Falta de assimetria na conversação: as mensagens do entrevistado misturaram-se com as dos entrevistadores, não considerando os diferentes papéis da atividade;



Desordem dos turnos: no bate-papo textual, muitas vezes a conversação não é encadeada linearmente, uma mensagem nem sempre dá continuidade à anterior;



Sobrecarga de perguntas ao entrevistado: durante uma entrevista, são enviadas várias perguntas num curto intervalo de tempo acumulando várias perguntas a serem respondidas. a.) Trecho do processo original realizado no estudo exploratório com ferramenta genérica Moderador

Participantes Entrevistado

Entrevistador

Entrevistar

Enviar Mensagens

Enviar Mensagens

Enviar Mensagens

Registro de Mensagens

Bate-Papo

Para tentar resolver dois dos problemas encontrados na realização do estudo exploratório, pareamento pergunta-resposta e perguntas sem resposta, uma adaptação no processo da técnica de entrevista, aplicada na tarefa “Entrevistar”, foi proposta. O fluxo de ações do processo da técnica utilizada no estudo exploratório é representado na Figura 5a. O novo fluxo de ações proposto para a técnica é representado na Figura 5b. A ferramenta InterVIU foi desenvolvida especificamente para apoiar a aplicação da técnica com o novo fluxo. Neste caso, o fluxo da técnica utilizada foi expandido e desmembrado em ações não discriminadas anteriormente. Discriminar as ações de uma tarefa é uma tentativa de permitir ao participante dedicar-se mais a uma ou outra de acordo com a demanda. No trecho de processo representado na Figura 5a, entrevistado e entrevistadores enviam mensagens no bate-papo, e o entrevistado tenta identificar e responder as perguntas, também através de mensagens de bate-papo. No trecho do processo proposto, Figura 5b, entrevistadores possuem tarefas distintas: bate-papo para socialização, inclusive com o entrevistado, e pergunta. Para o entrevistado, também existem duas tarefas distintas: responder perguntas e enviar mensagens de socialização no bate-papo. Tanto no caso de entrevistado como no caso de entrevistadores, as duas tarefas podem ser realizadas de forma concomitante. Espera-se facilitar a identificação dos pares pergunta-resposta e diminuir o número de perguntas não respondidas, de forma involuntária, pelo entrevistado ao final da entrevista. Separar em duas tarefas também pode ajudar a diminuir outro problema percebido no estudo exploratório: a sobrecarga de perguntas para o entrevistado. O entrevistado pode concentrar-se em responder perguntas, caso existam muitas, ou dedicar-se a socialização, se houverem poucas. A identificação clara também pode possibilitar mais agilidade ao entrevistado. A interface gráfica de usuário da ferramenta InterVIU, visão do entrevistador, é ilustrada na Figura 6.

b.) Adaptação no fluxo da Técnica: motivação para a construção da ferramenta InterVIU Moderador

Participantes Entrevistado

Entrevistador

Entrevistar Iniciar Sessão

Enviar Mensagens

Enviar Mensagens

Enviar Respostas

Enviar Perguntas

Enviar Mensagens

Finalizar Sessão

Registro de Perguntas e Respostas Registro de Mensagens

Figura 6. Tela do InterVIU, visão do entrevistador InterVIU

Figura 5. O desdobramento da técnica de entrevista em ações mais específicas na tarefa Entrevistar motivou o desenvolvimento da ferramenta “InterVIU”

A área de respostas, parte superior, contém os pares perguntaresposta. É preenchida na medida em que o entrevistado responde as perguntas. A área de perguntas, abaixo da área de respostas, é usada pelos entrevistadores para enviar perguntas. A área da

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direita é usada para a troca de mensagens de bate-papo (socialização).

4. DO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO À FERRAMENTA “VOTAFORUM” A ferramenta Vota-Fórum é uma ferramenta de discussão com votação baseada em fórum, que possibilita identificar o resultado parcial da votação e a influência dos argumentos sobre o resultado. A proposta da ferramenta é baseada num estudo exploratório realizado para identificar possíveis problemas ao aplicar o processo de decisão definido por Power [2], para realização por meio computacional, e via internet, com ferramentas genéricas. O processo de tomada de decisão em grupo ao ser realizado por meio computacional e pela internet é influenciado pelos potenciais e limitações do mesmo. Um grupo pode discutir e votar via Internet com custo relativamente mais baixo se comparado ao custo referente às viagens para reuniões. Por ser realizado através de fórum, um groupware de comunicação assíncrona, há também flexibilidade de horário para os participantes, bem como se exigem poucos recursos computacionais e de banda de rede para acessar um fórum baseado em Internet. Também há limitações inerentes a execução do processo por meio computacional: a comunicação textual não dispõe dos mesmos mecanismos de expressão, como tom de voz e gestos, que a comunicação falada face-a-face. O estudo exploratório realizado teve o objetivo de investigar possíveis problemas na execução das tarefas da disciplina Escolha em meio computacional e pela internet. Alguns problemas foram encontrados e um novo processo das técnicas foi proposto, colapsando-as em uma única técnica em que as ações de uma e outra são realizadas de forma conjunta. Na subseção 4.1, o processo de tomada de decisão é descrito. Na subseção 4.2, são apresentados o estudo exploratório e a ferramenta Vota-Fórum.

4.1 O processo de tomada de decisão em grupo e os sistemas de apoio à tomada de decisão O Processo de Tomada de Decisão divide-se em quatro disciplinas [2]: 1. Investigação, cujo objetivo é realizar a exploração do ambiente, processamento dos dados, identificação de problemas e oportunidades, e as variáveis relacionadas ao problema são colocadas em evidência; 2. Concepção, cujo objetivo é a criação, desenvolvimento e análise dos prováveis cursos de ação pelo tomador de decisão; 3. Escolha, cujo objetivo é selecionar a alternativa ou o curso de ação; 4. Revisão, para avaliar a decisão tomada. Na pesquisa aqui apresentada, foram investigadas técnicas e ferramentas para disciplina “Escolha” de um processo de tomada de decisão em grupo. Uma representação das disciplinas de um processo de tomada de decisão em grupo, definido por Power, é apresentado na Figura 7.

Figura 7. Processo de Tomada de Decisão [2] Os sistemas de apoio à tomada de decisão são chamados DSS (Decision Support System). Em geral, são divididos em cinco

categorias [2][3]: orientados a comunicação (ex.: sistemas de conferências, groupware), orientados a dados (ex.: sistemas para analises de dados multidimensionais, ferramentas OLAP), orientados a documentos (ex.: ferramentas de geração de relatórios), orientados a conhecimento (ex.: sistemas especialistas, business intelligence) e orientados a modelo (ex.: sistemas de informação executiva). Para dar suporte ao processo de tomada de decisão em grupo, utilizam-se os GDSS’s (Group Decision Support System), subgrupo dos DSS’s (Decision Support System). O sistema SAMM e o ThinkTank são os primeiros GDSS desenvolvidos por pesquisadores da área de sistemas colaborativos [3]. A ferramenta Vota-Forum é um GDSS orientado a comunicação desenvolvida para apoiar as tarefas da disciplina de Escolha de um Processo de Tomada de Decisão em Grupo. Na disciplina Escolha, em geral, conforme ilustrado na Figura 8a, promove-se uma discussão das alternativas elencadas em disciplinas anteriores (Concepção). Somente depois de discutir, o grupo realiza a votação da qual resultará a escolha do grupo. Na pesquisa aqui apresentada, investiga-se a execução concomitantemente destas duas tarefas, a Discussão junto com a Votação, realizadas de forma indissociável, conforme ilustrado na Figura 8b. Pretende-se permitir melhor acompanhamento da discussão, verificação de coerência entre votos e argumentos, e a percepção da influência de um argumento sobre o andamento da votação, pelo conhecimento do resultado parcial da votação. Para dar suporte a esta tarefa, foi desenvolvida a ferramenta VotaFórum que representa a integração de uma ferramenta de discussão do tipo Fórum e uma ferramenta de votação do tipo Questionário.

4.2 Estudo Exploratório e a dificuldade de acompanhamento da evolução do processo de tomada de decisão em grupo Um estudo exploratório sobre a realização, por meio computacional e internet, do processo de tomada de decisão definido por Power, foi realizado com o objetivo de identificar possíveis problemas no uso de uma ferramenta do tipo fórum com votação. No estudo realizado, uma turma de graduação deveria escolher 5 entre 20 tópicos propostos para a execução de um projeto. Foi usada a ferramenta livre e de código aberto phpBB. Os alunos tiveram 7 dias para discutir os tópicos e votar se desejariam ou não cada tópico. Ao fim da dinâmica, haviam sido enviadas 228 mensagens e 188 votos que resultaram na escolha dos 5 tópicos. Foram realizadas entrevistas com 10 voluntários do total de 18 participantes. A análise dos conteúdos transcritos das entrevistas possibilitou identificar os seguintes problemas: •

Dificuldade de identificar qual o voto de cada participante;



Dificuldade de acompanhar o andamento da discussão quando existem muitas mensagens;



Dificuldade de acompanhar quais eram os tópicos que seriam eleitos.

Para resolver o problema “dificuldade em acompanhar a evolução do processo de tomada de decisão”, foi proposto um novo fluxo para a disciplina Escolha. Ao invés de discutir e depois votar, os participantes apresentam seus argumentos e um voto temporário, que pode ser nulo, uma abstenção ou optar efetivamente por uma

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alternativa. Ao associar argumento e voto em uma única tarefa, o novo fluxo possibilita conhecer a evolução do processo por resultados parciais de votação. É possível também verificar a coerência entre o argumento apresentado por um participante em relação ao seu voto.

Na ferramenta phpBB, utilizada no estudo exploratório, é possível visualizar o resultado parcial da votação, mas não é possível acompanhar o histórico de votos emitidos. Além disso, não fica registrada a relação entre a mensagem emitida no fórum e o voto do emissor. Um participante pode votar diferente da forma como argumenta. Os processos das técnicas, testada e proposta, são representados nas Figura 8a e Figura 8b. A ferramenta VotaFórum foi desenvolvida para apoiar o novo processo, proposto para diminuir a dificuldade em acompanhar a evolução do processo de tomada de decisão. Para apoiar o novo processo, foram implementadas as seguintes funcionalidades no VotaForum: •

Integração discussão e votação através do registro do voto do emissor em cada mensagem emitida no fórum de discussão



Possibilidade de mudança de voto, sendo feito o registro de histórico dos votos



Gráfico do histórico da votação

Cada tópico é discutido e votado na ferramenta Vota-Forum, conforme interface gráfica de usuário ilustrada na Figura 9. A interface do usuário é organizada em duas regiões: uma para votação, onde os participantes votam sobre o tema proposto, e outra para a discussão, aonde os participantes apresentam os argumentos que justificam seu voto. Na região de votação, cada participante, declara e altera seu voto na área “Meu Voto”. A alteração do voto é registrada também na área de mensagens, para possibilitar conhecer o histórico de votação. Na área “Resultado Parcial”, é apresentado um gráfico que mostra o resultado da votação no instante em que o participante acessa a página. Também é apresentado um gráfico com a evolução dos votos ao longo dos dias transcorridos, desde o início da votação, na área “Andamento da Votação”. Na região de discussão, os participantes podem enviar argumentos para discutir o tópico corrente. A discussão ocorre por meio de mensagens enviadas pelos usuários na área “Mensagens”. Em cada mensagem fica registrado o voto no instante em que a mensagem foi emitida, juntamente com o argumento. Quando o participante muda somente o voto, esta ação fica registrada junto com o histórico de mensagens, através de uma nova mensagem gerada automaticamente pelo aplicativo. A estrutura hierárquica da discussão é apresentada na área “Árvore”. A apresentação dos argumentos em formato de árvore foi feita com a intenção de facilitar o entendimento do andamento da discussão quando esta tem muitas mensagens.

Figura 8. Técnicas Discussão e Votação tiveram seus processos colapsados em um novo processo

Assim, a mudança no fluxo de ações das técnicas Discussão e Votação em um novo fluxo demandou o desenvolvimento de novos mecanismos na ferramenta (Meu Voto, Resultado Parcial, Andamento da Votação, Mensagens e Árvore) para apoiar de forma adequada o novo processo da técnica. A ferramenta genérica, por sua vez, influenciou o processo original. O primeiro processo foi proposto em função da ferramenta de que se dispunha. São necessárias adaptações na ferramenta em função do novo processo. Discussão e votação não são indissociáveis no aplicativo phpBB. Um participante pode votar sem argumentar, argumentar e não votar ou argumentar de uma forma e votar de outra. Um estudo de caso confirmatório será realizado para verificar a eficiência do novo processo da técnica e a influência dos novos mecanismos inmplementados na ferramenta VotaForum para suporte ao novo processo da técnica.

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Tabela 2. Quadro Comparativo de Pesquisas Abordagem do projeto CommunicaTEC

Engenharia de Colaboração (GroupSystems)

Desenvolver ferramentas específicas para apoiar a aplicação de uma técnica de trabalho em grupo.

Ferramentas genéricas configuráveis para diferentes scripts

Técnica x Padrão

Técnica de trabalho em grupo: um fluxo de ações de uma tarefa.

Padrão de Colaboração: o comportamento de um grupo na realização de um tarefa ex.: divergência, convergência, construção de consenso, etc.

Ferramenta x ThinkLet

Ferramenta: específica para uma técnica de trabalho em grupo (já configurada e customizada para a técnica)

ThinkLet: ferramenta genérica e uma configuração para alcançar um padrão de colaboração.

Produto e Estratégia da Pesquisa

Modelagem BPMN com extensões dos Processos

Notação própria

Nas duas pesquisas desenvolvem-se ferramentas computacionais para apoiar o trabalho do grupo, seguindo uma técnica (CommunicaTEC) ou padrão de colaboração (Engenharia de Colaboração). As pesquisas diferem-se na estratégia de desenvolvimento: enquanto no Projeto CommunicaTEC são desenvolvidas ferramentas específicas com os mecanismos para apoio de uma técnica de trabalho em grupo, na Engenharia de Colaboração são especificadas configurações a serem aplicadas em uma ferramenta para apoiar o trabalho do grupo num padrão de colaboração. Figura 9. Vota-Fórum: Discussão e votação de 1 tópico Desta maneira, a ferramenta Vota-Forum disponibiliza mecanismos que auxiliam na discussão e na votação concomitantes. Com o uso da ferramenta Vota-Forum é possível acompanhar o processo de tomada de decisão. Possibilita, por exemplo, investigar quais foram as mensagens que mais influenciaram na votação.

5. TRABALHOS CORRELACIONADOS A abordagem do projeto CommunicaTEC pode ser comparada com a abordagem de Engenharia de Colaboração (Collaboration Engineering) [11][12] conforme esquematizado no quadro comparativo apresentado na Tabela 2. As duas abordagens investigam processos de colaboração, técnicas e ferramentas. Contudo, os objetivos são diferentes: no Projeto CommunicaTEC, objetiva-se o desenvolvimento de ferramentas específicas para a aplicação de técnicas de trabalho em grupo; enquanto na Engenharia de Colaboração objetiva-se especificar configurações para o conjunto de ferramentas do sistema ThinkTank, que é voltado para aplicação de qualquer técnica. O produto das duas pesquisas influencia a forma como o grupo trabalha para atingir sua meta, porém de maneiras diferentes: no Projeto CommunicaTEC são estudados os fluxos de ações de uma técnica de trabalho em grupo; já na Engenharia de Colaboração estudam-se padrões de colaboração que um grupo deve atingir para a realização de uma tarefa.

A modelagem dos processos de colaboração é comum nas duas pesquisas, com as seguintes diferenças: no Projeto CommunicaTEC utiliza-se uma extensão de BPMN para modelar os processos e os fluxos de ações das técnicas de trabalho, enquanto em Engenharia de Colaboração é usada uma notação própria. Na Figura 10, é ilustrada a extensão da notação BPMN, proposta no Projeto CommunicaTEC. No projeto CommunicaTEC, buscou-se também seguir as nomenclaturas e definições de linguagens de especificação de processos da OMG [13][14].

6. CONCLUSÃO Neste artigo foi apresentada a abordagem do Projeto CommunicaTEC para o desenvolvimento de ferramentas a partir de processos. Os estudos realizados indicam que a abordagem tem se mostrado útil para identificar os problemas no processo, modificá-lo e especificar e desenvolver mecanismos de apoio ao processo que são implementados em nova versão da ferramenta. Através desta abordagem, tem sido possível desenvolver ferramentas mais adequadas para colaboração. A notação BPMN é usada para analisar e formalizar os processos possíveis de serem realizados por meio de ferramenta genérica. Após a identificação dos problemas resultantes da adaptação do processo para a realização através de uma ferramenta computacional genérica, o fluxo é remodelado considerando as ações desejáveis mas que ainda não são possíveis na ferramenta genérica. Em seguida, inicia-se o desenvolvimento de uma versão mais específica da ferramenta para a realização da técnica de trabalho em grupo investigada.

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[5] Fuks, H., Raposo, A., Gerosa, M.A., Pimentel, M. & Lucena, C.J.P. (2007b). The 3C Collaboration Model. The Encyclopedia of E-Collaboration, Ned Kock (org), ISBN 978-1-59904-000-4, pp. 637-644.

Figura 10. Extensão proposta para a representação de tarefas Como trabalho futuro, deseja-se desenvolver uma extensão de BPMN para melhor representar os processos de colaboração e auxiliar no aperfeiçoamento de ferramentas e sistemas. Uma proposta para a representação de tarefas é apresentada na Figura 10, onde foram incluídos elementos para o registro da técnica (a ser detalhada como um fluxo de ações) e da ferramenta a ser usada como apoio. Esta notação seria útil para reescrever as figuras 5 e 8, em que foram adicionados elementos gráficos para representar a ferramenta usada na execução da tarefa e foram omitidas as técnicas de trabalho aplicadas nas tarefas. Outro ponto a ser investigado para a boa modelagem de processos de colaboração é a representação de tarefas que são executadas por vários papéis concomitantemente. Também serão investigados indicadores e pontos críticos em processos de colaboração. Estudos sobre recomendação de processos e de ferramentas para a colaboração estão em andamento neste projeto de pesquisa.

7. REFERÊNCIAS [1] Pimentel, M. CommunicaTEC: Tecnologias de Comunicação para Educação e Colaboração. Anais do III Simpósio Brasileiro de Sistemas de Informação. Curitiba, PR: 2006. [2] Power, D. J. (2004). “Specifying an Expanded Framework for Classifying and Describing Decision Support Systems,” Communications of the Association for Information Systems, Vol. 13, Article 13, February 2004, 158-166. [3] Power, D.J. (2007). A Brief History of Decision Support Systems. DSSResources.COM, World Wide Web, http://DSSResources.COM/history/dsshistory.html, version 4.0, March 10. [4] Fuks, H., Raposo, A., Gerosa, M.A., Pimentel, M. & Lucena, C.J.P. (2007a). Inter- e Intra-relações entre Comunicação, Coordenação e Cooperação. Anais do IV Simpósio Brasileiro de Sistemas Colaborativos, Rio de Janeiro. Ed. SBC: Porto Alegre, 2007. pp. 57-68.

[6] Pimentel, M., Gerosa, M.A., Filippo, D., Raposo, A., Fuks, H. & Lucena, C.J.P. (2006). Modelo 3C de Colaboração no Desenvolvimento de Sistemas Colaborativos. Anais do III Simpósio Brasileiro de Sistemas Colaborativos, Natal - RN, 20 a 22 de Novembro de 2006. ISBN 85-7669-097-7. Porto Alegre: SBC, 2006. pp. 58-67. [7] Fuks, H., Gerosa, M.A. e Pimentel, M. (2003). Projeto de Comunicação em Groupware: Desenvolvimento, Interface e Utilização. XXII Jornada de Atualização em Informática, Anais do XXIII Congresso da Sociedade Brasileira de Computação, V2, Cap. 7, ISBN 85-88442-59-0, pp. 295338. [8] phpBB (2008). Último acesso em 6 de Abril de 2008. Disponível em: [9] Cesar, F.L & Wainer, J. (1994), “vIBIS: A discussion and voting system”, Journal of the Brazilian Computer Society, 2(1), pp. 36-43. [10] Noor, M.A., Grünbacher, P., Briggs, R.O. (2007) A Collaborative Approach for Product Line Scoping: A Case Study in Collaboration Engineering. Proceedings of the 25th conference on IASTED International Multi-Conference: Software Engineering. Innsbruck, Austria, p 216-223 [11] De Vreede, G.J., Briggs, R. Collaboration Engineering: Designing Repeatable Processes for High-Value Collaborative Tasks. Proceedings of the 38th Hawaii International Conference on System Sciences – 2005 [12] Pimentel, M. (2006) RUP-3C-Groupware: um processo desenvolvimento de groupware baseado no Modelo 3C Colaboração. Tese de Doutorado, Departamento Informática, Pontifícia Universidade Católica do Rio Janeiro (PUC-Rio).

de de de de

[13] OMG. SPEM: Software & System Process Engineering Metamodel Specfication, version 2, 02.04.2008. [14] OMG. Business Process Modeling Notation: OMG Available Specification, versão 1.2 (beta 3). 07.02.2008. [15] Minicucci, A. (2001) Técnicas do trabalho de grupo, Atlas, 3ª ed.

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