\"Dos que chegam e dos que ficam\": migrantes negros em Belo Horizonte (1897c. – 1950c.)

June 29, 2017 | Autor: Josemeire Alves | Categoria: Brazilian Studies, Historia Social, Belo Horizonte-MG, Pós-Abolição, Famílias Negras
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Dos que chegam e dos que ficam: migrantes negros em Belo Horizonte (1897c. – 1950c.)* Josemeire Alves Pereira* E é uma coisa que eu fico me perguntando: “Gente, como é que esse povo vinha?” Porque não tinha estrada direito... Era aqueles caminzinhos de terra. Né? Ou tinha que ser a pé... Ou em lombo de burro. Né? A cavalo... Era muita dificuldade! (...) E eles vinham! Né? (...) E eles vinham! (Maria das Dores Oliveira)

Em Minas Gerais, diversas foram as motivações das mulheres e homens que, em diferentes fases da vida – da infância à velhice – desde o alvorecer do século XX, se viram premidas/os a deixarem suas terras natais, onde até bem pouco tempo as relações sociais e de trabalho eram regidas por práticas culturais sedimentadas no regime escravista. O próprio advento da experiência pós-emancipacionista, no Brasil, como em outras nações outrora escravistas, foi caracterizado pelo aumento das migrações entre áreas rurais (RIOS; MATTOS, 2005; FRAGA FILHO, 1996; 2009), ou entre estas e os centros urbanos já existentes ou que se formavam então, e para os quais a mão-de-obra de migrantes era fundamental. Este foi o caso de Belo Horizonte, como podemos observar a partir das narrativas sobre a história de vida de algumas pessoas que ali se estabeleceram, desde fins do século XIX, quando foi criada a cidade. Dona Maria José1, quando jovem, vivia em uma fazenda, na região de Ouro PretoMG, quando precisou mudar-se para Belo Horizonte, segundo relato de sua neta (SILVA, 2015), à época da construção do Quartel do 1º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais.2 Ela fora acompanhando a família de um policial transferido de Ouro Preto para a nova Capital. Era costume dos ouro-pretanos das classes economicamente mais elevadas, ao migrarem para Belo Horizonte, a trabalho ou como estudantes, irem acompanhados por antigos trabalhadores empregados ou agregados de suas famílias, sediadas na antiga cidade. A Maria José, então, teriam sido prometidos casa e demais recursos para subsistência – o que não passou de “falsa promessa” (SILVA, 2015). Assim, ela precisou instalar-se na região à época conhecida como “Paraíso”, onde forjou a nova vida – casou-se, teve dois dos filhos e 

Versão atualizada de comunicação apresentada no XI Encontro Regional Sudeste de História Oral, Niterói, 10 a 12 de julho de 2015. ** Doutoranda em História Social, pela Universidade Estadual de Campinas. Bolsista Fapesp. 1 Pseudônimo. Dentre os nomes mencionados neste artigo, alguns figuram como pseudônimo, outros são registrados apenas como iniciais, buscando-se preservar, por opção da autora, as identidades das pessoas a que se referem, a depender da especificidade do fato mencionado. Não obstante, cabe assinalar que as pessoas entrevistadas, autorizaram a divulgação dos nomes, por meio de Termo de Cessão e Uso de Depoimento Oral, assinado em comum acordo com a pesquisadora, por ocasião das entrevistas. 2 O 1º Batalhão da Brigada Policial de Minas Gerais teve sua construção iniciada no mesmo período que as demais obras da nova capital, tendo atrasado sua inauguração em dois anos, devido a um incêndio, ocorrido em 1898.

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trabalhava como lavadeira. 3Um pequeno córrego, sobre o qual passa atualmente a Avenida Mem de Sá, na divisa dos bairros Santa Efigênia e Paraíso, região Leste da capital, era uma das principais fontes de recursos que proviam a sobrevivência das dezenas de famílias de trabalhadoras e trabalhadores pobres, quase todos negros, que atendiam às famílias de policiais de patente mais elevada, médicos e outros profissionais liberais que viviam e atuavam no bairro Santa Efigênia, formado justamente a partir das instalações do quartel e dos principais hospitais criados na cidade. Era da nascente do córrego que aquelas famílias de trabalhadores retiravam a água para o próprio consumo; nele, também, as mulheres como Maria José, trabalhavam lavando as roupas das famílias “ricas” do bairro, para sustentar a própria família. Nas memórias de nossa entrevistada, das quais participam, além das próprias experiências desta, as lembranças legadas por suas antepassadas – mãe e avó –, a constituição daquele espaço deu-se fortemente ancorada na segregação racial e socioeconômica: às pessoas negras e pobres restou que se fixassem na periferia daquela região, em cujo centro, habitam ainda hoje, predominantemente, as populações não negras e economicamente mais abastadas. Estas tiveram, assim, facilitado o acesso à força de trabalho das primeiras, possibilitando-lhes as condições necessárias à perpetuação e/ou melhoria de sua condição socioeconômica na cidade. De meados dos anos 1910 foi a chegada de outras famílias negras, que se instalaram em outros regiões de Belo Horizonte – as famílias de Antônio Pedro e Eulália e de Maria Pereira para ali migraram, naquele período, oriundas de Bonfim do Paraopeba (MG) e atuaram como trabalhadoras/es em fazendas da antiga Colônia Afonso Pena, na região sul da cidade.4 As mulheres, no entanto, empregavam-se também, desde então, como trabalhadoras domésticas nas casas de famílias de funcionários públicos e profissionais liberais que habitavam a região central da cidade. Ione Pires Ladislau, neta de Maria Pereira, e Isaltina da Silva Ferreira, filha de Antônio Pedro e Eulália, que compartilharam conosco relatos sobre suas histórias de vida e familiares, nasceram nos anos 1920, no mesmo lugar onde se fixaram seus pais. Elas testemunharam, ao longo de boa parte dos séculos XX e início do XXI, o crescimento da população majoritariamente não branca, no entorno à suas casas, formando uma das maiores favelas da cidade – conhecida, no presente, como Aglomerado Santa Lúcia. Havia ali, também, muitos policiais negros considerados de “baixa patente”. As colônias agrícolas ou “núcleos coloniais” foram empreendimentos que integraram projetos de modernização desenvolvidos pelo Governo do Estado, entre fins do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Na Capital, constituíram assentamentos de colonos estrangeiros, inicialmente e, depois, também, brasileiros (dentre estes últimos, havia restrições explícitas, no Regulamento, à concessão de terras a ex-escravizados e seus descendentes), em terrenos situados na chamada área de sítios e de subúrbio, que circundavam a região urbana. Funcionaram, em Belo Horizonte, no período entre 1899 e 1914, cinco núcleos. Dentre suas finalidades iniciais estava a produção de gêneros alimentícios e outros, para abastecer a cidade. Cf. a respeito, AGUIAR, 2006. 3 4

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Também na região sul, bem próximo ao Centro, onde hoje existe o bairro São Pedro, que faz divisa com o Aglomerado Santa Lúcia, fixou-se José Rodrigues da Silva, sua esposa Rita Venância do Espírito Santo e os dois primeiros dos dez filhos que tiveram. Eles haviam deixado sua terra natal, no município de Mário Campos (MG), atraídos pela necessidade de mão-de-obra para a construção e manutenção da capital. Na nova cidade, segundo relato de sua filha Vilma Rodrigues (2015), instalaram-se em um terreno vizinho a outros onde residiam pais e irmãos de Rita, que para ali já haviam se mudado, há alguns anos. José trabalhou “para a Prefeitura”, prestando serviço de capina nas ruas da cidade recéminaugurada e ainda em construção; depois, atuou, juntamente com dois cunhados, na construção do reservatório da Mutuca, criado para atender às demandas de abastecimento de água na região central da cidade. Depois de alguns anos, ele voltou para Mário Campos, por motivos de saúde e não mais retornou à cidade, mantendo-se, não obstante, os laços com a família que deixara na capital e que o visitava, regularmente. O terreno onde ainda reside Vilma e sua filha, foi adquirido por José, em 1927, segundo comprovam os recibos de pagamento de IPTU, de acordo com a entrevistada; entretanto, ele tem sido alvo do interesse mercadológico e Vilma tem enfrentado, nos últimos anos, forte pressão da atual gestão da Prefeitura Municipal, que insiste em mover contra ela ação de despejo: a região, que Vilma e sua família viram ser paulatinamente povoada por população branca e de maior poder aquisitivo, tornou-se uma das mais cobiçadas cidade, por localizar-se em área considerada, atualmente, nobre. A família de Vilma é das únicas famílias negras que ainda resistem, no lugar, enquanto proprietárias – as demais pessoas não brancas que frequentam o bairro são trabalhadoras domésticas e prestadores de serviços. As referências à presença e atuação destas pessoas na cidade de Belo Horizonte foram construídas a partir de relatos orais que constituem narrativas sobre histórias familiares, produzidas no âmbito de pesquisa em curso, que tem por finalidade conhecer as trajetórias e experiências de famílias negras em Belo Horizonte, entre meados de 1897 – quando da inauguração da cidade – e meados dos anos 1950. Não obstante os sinais da presença de trabalhadoras e trabalhadores negras/os atuando na cidade desde sua origem, nas narrativas sobre a história de Belo Horizonte, o silêncio sobre estes é bastante comum, não raro justificado pela ausência de fontes que mencionem a cor dos sujeitos5. Mas também seria possível alegar que a cidade, nascida sob a égide da República e do progresso, não viveu a experiência da escravidão – viés pelo qual comumente se abordou, 5

As fontes estatísticas, por exemplo, considerando que após o Censo de 1890, o quesito raça só voltou a ser inserido na contagem da população a partir do de 1940.

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até bem recentemente, o tema das relações raciais, no país, na historiografia.6 Com efeito, a despeito da forte presença de afrodescendentes na região da antiga comarca do Rio das Velhas7, quase nada sabemos sobre o destino dos trabalhadores outrora escravizados que viviam no antigo Arraial do Curral Del Rei, vinculado à mesma região e destruído para dar lugar à nova sede administrativa do Estado de Minas Gerais, a partir de 1894.8 Sabe-se que, desde então, migraram para lá, além de europeus, um número cada vez maior de pessoas oriundas do próprio estado e até de outras regiões do país (BOTELHO, 2007), atraídos pelas possibilidades de trabalho. Muitos destes últimos, eram operários, empregados nas atividades de construção e manutenção da cidade e teriam habitado as primeiras favelas9 da capital (ADELMAN, 1974; GUIMARÃES, 1992). No entanto, estes são sujeitos emblematicamente silenciados nas narrativas sobre a construção da cidade – ação creditada, em geral, quase exclusivamente aos estrangeiros.10 E a despeito de se tratar de trabalhadores que migram para um centro urbano em construção, num período muito próximo aos acontecimentos que conduziram à abolição oficial da escravidão no país, não são conhecidas análises que os considerem, neste contexto, pós-abolicionista, como trabalhadores negros. Não obstante, o próprio silêncio aponta para a eloquência e relevância dos “não ditos”, quando confrontado com a existência de fontes que atestam a presença e atuação de uma

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Não deixa de ser significativo, aliás, o fato de que durante muito tempo, as narrativas históricas sobre o período republicano, tenham negligenciado o tema das relações raciais no Brasil, a despeito de que, no Pós-Abolição as tensões e os debates em torno da própria noção de “raça” tenham continuado a orientar, por meio da produção intelectual e das práticas políticas, os projetos de nação em disputa, nas primeiras décadas do século XX. 7 O Anuário Estatístico de Minas Gerais (1925), referente ao ano de 1921, informa que o recenseamento de 1872 registrava a presença de 336 pessoas escravizadas, na população da Freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral Del Rei, e de 5.524 livres (sem especificar o percentual de não brancos, dentre estes). Dos cativos, 145 eram mulheres e 191 homens. Em edição de 1911 do mesmo Anuário, criado e dirigido por Nelson de Senna, o autor, preocupado em avaliar os números referentes à população branca do estado, faz menção a um primeiro recenseamento realizado na Capitania das Minas Gerais, em 1776, destacando a baixa proporção de brancos na Comarca do Rio das Velhas, à qual pertencia, então, a região de Sabará e o povoado do Curral Del Rei. Na comarca haviam sido registrados, então, apenas 14.394 brancos “contra 85.182 mestiços e pretos”, o que sugere uma forte presença de população afrodescendente na região. (MINAS GERAES, 1911: 255). 8 A construção de uma Nova Capital para Minas Gerais, teve início em 1894, precedida por debates políticos ocorridos entre as décadas de 1880 e 1890, e que, segundo Tito Flávio Rodrigues de Aguiar (2006, p. 34), evidenciavam preocupações das elites políticas e econômicas quanto à necessidade de que o novo centro administrativo propiciasse a superação do sensível atraso no desenvolvimento em relação aos centros econômicos do país – Rio de Janeiro e São Paulo. A cidade faria parte, assim, de um projeto de “modernização mineira”, que remetia, especialmente aos anseios de progresso econômico. Ver também: DULCI, 1999. 9 A utilização da expressão “favela” para nomear bairros constituídos por trabalhadores pobres, em Belo Horizonte, é encontrada, com frequência em fontes policiais, periódicos e fontes administrativas, desde os primeiros anos da história da cidade. Expressivamente, são denominadas “Favela do Leitão” e “Favela do Alto da Estação” os que são apontados como os primeiros bairros que abrigavam estas populações, na cidade – tendo este último se constituído antes mesmo da inauguração da cidade, a partir da fixação de operários que atuaram na construção da capital. Para além desta denominação, as fontes administrativas fazem referência, ainda, eventualmente, a outras expressões como bairro de “cafuas”, para designar os mesmos tipos de bairros, nas primeiras décadas do século XX. A partir dos anos 1940, observa-se utilização mais frequente do termo “favela”, para designar as regiões habitadas por trabalhadores pobres, em relação às quais, as autoridades governamentais externam grande preocupação, considerando-as como perigosas, desafiadores “cancros” a serem extirpados do “tecido urbano.” Ao longo dos anos, observa-se, portanto, um acirramento das ações de “remoção” dessas populações, por meio de políticas que se pretendem como urbanizadoras. Ver, a respeito: GUIMARÃES, 1992; GOMES, 2011; PEREIRA, 2012 (especialmente, Cap. 1). 10 Aos italianos, em especial.

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população de “pretos” e “mestiços” na cidade, desde o período de sua construção, em fins do século XIX. Registros como os mapas ou movimentos de doentes da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, entre 1908 e 1935, assim como a documentação policial que integra o Fundo da Chefia de Polícia – ambos sob guarda do Arquivo Público Mineiro – analisados de maneira mais detida, revelam um esboço da composição racial da população belo-horizontina do período e indicam uma presença constante, crescente e predominante de “mestiços” e “pretos”, como podemos observar na Tabela 1 e no Gráfico 1, anexos. Estes dados corroboram as afirmações do historiador Tarcísio Botelho (2007), que estudando os processos de migração interna em Minas Gerais, observou uma tendência ao aumento da população de pretos e mestiços na região central do Estado, onde encontra-se a capital, no período entre 1890 e 1940, concomitante ao aumento também constante da população da capital. Botelho considera que a população de migrantes negros, embora reduzida nos primeiros anos, tendeu a crescer, com o fluxo migratório, impulsionado pelo incremento na industrialização, a partir dos anos 1920.11 De todo modo, o que outrora constituía “ausência”, começa a se revelar, por meio destas fontes, que sugerem a existência de uma população majoritariamente não branca e pobre, na cidade. Entretanto, são as histórias de vida e familiares que nos têm possibilitado conhecer, a partir de perspectiva mais abrangente e aprofundada, as trajetórias e experiências destas pessoas. A estratégia metodológica que temos adotado, no âmbito da pesquisa, é produzir e analisar fontes orais, ao mesmo tempo em que investigamos as fontes arquivísticas disponíveis. No que diz respeito aos registros orais, são desenvolvidos por meio de entrevistas em que interlocutoras e interlocutores são convidadas/os a falar sobre sua história de vida pessoal e familiar. Até o momento, trabalhamos com 21 entrevistas individuais ou em grupos familiares que variam entre 2 e 5 pessoas, realizadas com afrodescendentes de famílias constituídas, inicialmente, por migrantes que se instalaram em Belo Horizonte, a partir da construção da capital, até meados da década de 195012; com idades variando em torno de 40 a 90 anos. Temos um roteiro de temas prioritários – tais como a vida nos municípios de origem (no caso dos migrantes); motivações para a mudança de cidade; relações de trabalho, sociabilidades, educação/instrução e outras experiências na cidade; trajetórias das pessoas e/ou da família em Belo Horizonte; perspectivas de vida na cidade –, mas optamos por não aplicar um questionário com perguntas fixas, por entendermos ser mais adequada, aos 11

Nos anos 1920, Belo Horizonte ocupava, no Estado, a terceira posição nos índices de valor de produção e pessoal ocupado na indústria; nos anos 1930, começa a consolidar-se como pólo regional da indústria de ferro e aço e nos anos 1940, já constituía o principal pólo industrial do Estado. Cf. Botelho, op. cit., p. 12-13. 12 E, eventualmente, de não migrantes.

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propósitos da pesquisa, a entrevista desenvolvida a partir de roteiro semi-estruturado, favorecendo o estabelecimento de um diálogo mais aberto, com a narrativa iniciada do ponto privilegiado como importante para a/o entrevistada/o. A abordagem inicial tem partido de contatos conhecidos da pesquisadora, mediante solicitação de indicação de pessoas que pertencem a famílias negras constituídas em Belo Horizonte, no período em foco. No decorrer da pesquisa, alguns entrevistados indicam outras pessoas. Outro recurso que tem se apresentado como importante é a aproximação de grupos religiosos e culturais atuantes na cidade, especialmente os de matrizes africanas. Dentre os temas, explicitados nas entrevistas, destacamos: a reafirmação da experiência de migração para a capital, como marco das histórias das famílias negras entrevistadas: das 21 entrevistas de que dispomos, 12 entrevistados nasceram em Belo Horizonte; contudo, as histórias de quase todas as famílias reportam à migração de pais e/ou avós de algum município de Minas Gerais para Belo Horizonte, na primeira metade do século XX. A passagem por outros municípios que hoje integram a Região Metropolitana de Belo Horizonte, antes do estabelecimento das famílias negras migrantes em Belo Horizonte, é recorrente e coerente com os apontamentos de Botelho acerca do aumento populacional na região central do estado e para Belo Horizonte, no período em foco. Além disso, é também recorrente a referência à memória (ainda que remota) de algum antepassado liberto ou livre filho de escravizado, alguns dos quais teriam sido proprietários de terra. Não obstante, há sempre um limite para as lembranças e não é possível aferir muitos elementos acerca desta condição de proprietários, por meio delas. Este aspecto parece relacionar-se com o fato de, em geral, a referência aos tempos de cativeiro não se apresentar como elemento de relevância nas narrativas, no sentido de figurar como definidor de identidades. Este dado, aliás, é significativo, uma vez que nos parece indicar um “apagamento” da memória da escravidão como uma questão relevante nas trajetórias e experiências familiares dos sujeitos afrodescendentes na cidade. Os projetos destas famílias – sejam os de mera sobrevivência ou os de construção de melhorias econômicas por meio do trabalho e da educação ou, ainda, os de conquistar o direito ao território, como nos casos de alguns grupos (auto)-reconhecidos como quilombos urbanos – são ancorados em perspectivas de futuro que parecem enunciar que o passado que importa não é o de privação da liberdade, a despeito da violência das experiências do cativeiro, mas o das relações familiares e sociabilidades fundamentadas, muitas vezes, na valorização da ancestralidade e das experiências coletivas – em suas diversas expressões. É o que parece expressar a percepção de

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uma de nossas entrevistadas – a neta de D. Maria José, a quem nos referimos anteriormente – que declarou, ante a lembrança do racismo que sofrera na experiência escolar e que a fizera abandonar os estudos: “quem nos educava era a minha avó e a entidade (Preto Velho) que nos visitava, por meio de minha mãe” (SILVA, 2015).13 Quanto às memórias da vida nas cidades de origem, são referenciadas, em geral, no trabalho com a lavoura. Nota-se, contudo, uma diversificação das atividades laborais exercidas pelos familiares das pessoas entrevistadas, ao migrarem para Belo Horizonte. Dentre as ocupações e profissões encontram se, para os homens, as de policiais, operários de mineradora, agricultores (nas colônias agrícolas), trabalhadores da construção civil, técnicos em oficina mecânica (automóveis e cromagem), motorneiro; para as mulheres, as de trabalhadoras domésticas e funcionárias do serviço público de saúde, em especial, mas também atendentes em consultórios médicos ou em estabelecimento comercial. Destaca-se, aí, a história de E. C., pai de uma de duas de nossas entrevistadas, importante militante comunista que atuou fortemente nas lutas dos trabalhadores na capital e em outros municípios do Estado, no século XX, contribuindo na articulação/formação de sindicatos, como o das Trabalhadoras Domésticas, em Belo Horizonte, chegando a ser preso, em 1964, durante a Ditadura Militar (COSTA; COSTA, 2015). Há uma recorrência, nas narrativas, quanto à relevância da educação e a escassez de possibilidades de acesso a esse direito pelas gerações mais antigas. Nota-se uma mudança explícita quanto a este aspecto, nos relatos de filhos e netos dessas gerações acessando, inclusive, o ensino superior. A educação parece figurar como um aspecto importante nos projetos de vida dessas famílias, muitas das quais forjaram, no cotidiano, táticas14 que possibilitassem a superação das adversidades vivenciadas na relação com a cidade: para as gerações mais jovens, a propósito, evidencia-se a expressão de valores como o afeto, a honestidade e o apreço pelo trabalho desenvolvido com dedicação e excelência, como herança dos pais e como fator de manutenção da unidade familiar e de resistência às dificuldades experienciadas socialmente, na condição de negros e negras.

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A mãe dela, Dona Efigênia é, hoje, Yalorixá de um terreiro de Candomblé instituído na região do bairro Santa Efigênia. O início de sua vida religiosa, contudo, deu-se na Umbanda. O território em que vive a comunidade de Mãe Efigênia e seus filhos/as e netos/as, o Manzo Ngunzo Kaiango, é o primeiro auto-reconhecido como tal na cidade e, em 2006 recebeu a Chancela de reconhecimento pela Fundação Cultural Palmares. O início do desenvolvimento da vida espiritual de Mãe Efigênia, contudo, deu-se na Umbanda. Ainda assim, vem sofrendo, desde 2012, pelo menos, pressões e ameaças da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, pela remoção. (SILVA, 2015). 14 A noção de tática é aqui empregada, considerando as proposições de Michel De Certeau. Para este autor, as táticas constituem ação calculada, diante da ausência de poder. Por oposição, quem se vale de “estratégias” são aqueles que dispõem da “propriedade de um lugar de poder”. Cf. DE CERTEAU, 1994.

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Dentre tais experiências, a do racismo apresenta-se de maneira contundente em algumas narrativas. Além da experiência acima indicada, foram descritas outras, como as que vivenciaram as irmãs M. C. da Silva e L. da Silva, que após a morte do pai, foram encaminhadas pelo patrão deste a uma escola particular, em Barbacena, e a um educandário, em Belo Horizonte, respectivamente. As duas têm muito presente na memória, a distinção que era feita no tratamento entre crianças negras e brancas: em uma das instituições, por exemplo, às crianças brancas era reservada a oportunidade de tocar piano – “eu adorava piano! Era a coisa que eu mais queria na vida, tocar piano!”, revela M. C. Mas “às pretinhas”, segundo ela, eram reservadas as atividades de aprendizado laboral, tais como as de trabalho doméstico. (SILVA; SILVA, 2015). O relato põe em evidência uma prática que parece ter sido comum às instituições voltadas para o atendimento aos “menores desvalidos”, na primeira metade do século XX: o encaminhamento da formação dos mesmos para o trabalho com atividades não intelectuais. Assim, observamos no artigo 6º do estatuto do Orfanato Santo Antônio, em 1902, para o atendimento a meninas de 03 a 12 anos, em Belo Horizonte: “As orphãs receberão educação e instrução conforme sua capacidade, prestando-se alternadamente umas e outras aos trabalhos de casa, como cosinha, lavanderia, engommar, etc. enfim tudo o que diz respeito ao asseio da casa” (MINAS GERAIS, 1904, apud BARROS, 2009). No cotidiano das instituições, contudo, as “capacidades” parecem ter sido costumeiramente mensuradas a partir do pertencimento étnico-racial e sociocultural. A trajetória de crianças órfãs, fortemente marcadas e definidas pela experiência do racismo também é apontada por uma entrevistada que nos informa sobre a trajetória de sua avó. Esta, nascida em Belo Horizonte, em 1900, e filha de uma ventre-livre oriunda da região de Nova Era, e de um francês, cujo nome não é lembrado pela entrevistada, foi encaminhada, aos dez anos e juntamente com duas irmãs, ao mesmo Orfanato Santo Antônio. A mãe dessas crianças teria se tornado alcóolatra, após a família do companheiro tê-lo afastado dela e dos filhos, por não aceitar a relação dele com uma mulher negra. “Levaram o francês”, relata a entrevistada, “(...) Sumiram com ele. E, a minha bisavó, de paixão, começou a beber. Então ela virou alcoólatra. (...) É. Ela virou alcoólatra. E diz que ela era muito trabalhadora, muito alegre. Então, ela passou a beber e passou a não trabalhar. E aonde que ela ia, ela arrastava os meninos...” (ARAÚJO, M. J., 2014). Além das meninas, havia um menino, cujo destino não se conhece. Duas das irmãs, foram adotadas, no Orfanato, por famílias “ricas”, nas palavras da entrevistada; tendo ali permanecido apenas a avó desta, que de lá saiu para trabalhar prestando serviços domésticos na casa da conhecida família Brant Aleixo. Segundo a entrevistada, pelo que lhe contava sua avó:

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As duas outras [irmãs], diz que eram muito bonitas... Foram adotadas. Duas famílias disse que adotaram (sic). Porque disse que tinham uns cabelos muito bonitos... Minha avó tem, tinha um cabelo seco – eles olhavam muito isso... Mas ele era crespo. Disse que as outras tinham... Os cabelos sedosos, mesmo. Muito bonitas as irmãs dela: acharam quem adotasse. A minha avó, ninguém adotou. Então ficou só a minha avó... no orfanato. (ARAÚJO, M. J., 2014)

A família, desarticulada pela experiência do racismo, jamais se reconstituiu e o destino das crianças, em termos socioeconômicos, foi definido claramente a partir de critérios raciais. Este é um dos temas que têm se apresentado como de extrema relevância na pesquisa. Considerando a metodologia utilizada, ele surge de maneira espontânea, durante a entrevista, sem que as/os entrevistadas/os sejam inquiridos diretamente sobre ele, e tem nos indicado aspectos importantes das relações sociais forjadas pelos diferentes os sujeitos que têm atuado na constituição da cidade. A partir dos relatos, tem sido possível observar, ainda, a formação do que poderíamos designar como “territórios negros” (ROLNIK, 1997; QUEIROZ, 2012) – espaços tradicionalmente transformados pela população negra como lugares de moradia, mas também de (re)construção de identidades culturais específicas. Estes espaços, foram definidos tanto pelos movimentos de urbanização marcados pela tônica do eugenismo – a remoção das populações constituídas por trabalhadores pobres e negros da região central da cidade (GUIMARÃES, 1992) –, quanto pela resistência dos moradores; tal como observamos ocorrer nas relações entre as favelas e os poderes públicos, ao longo do tempo, na cidade. A formação dos três territórios auto-reconhecidos como quilombos urbanos na cidade – o dos Luízes, das Mangueiras e o Manzo Ngunzo Kaiango, ao qual nos referimos anteriormente, resultou de fortalecimento coletivo em defesa do direito à terra e ao território, frente à pressão ainda em vigor e cada vez mais forte dos processos de gentrification, movidos pela especulação imobiliária – esta operada, com forte anuência dos governos, ameaçando a permanência desses grupos e de famílias como a de Vilma Rodrigues, na cidade. Por fim, cabe assinalar que um dos principais potenciais destas fontes, é a possibilidade de atentar para os olhares, as percepções e leituras da cidade construídas a partir do exercício de memória das pessoas entrevistadas, que constituem um aspecto importante de análise, a ser posto em diálogo com as perspectivas vigentes sobre a história Belo Horizonte. Assunto a ser tratado, contudo, dados os limites deste artigo, em outra oportunidade.

ANEXOS

Quadro comparativo - Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte Doentes admitidos, 1908-1935 (Cor/Raça)

Brancos Pretos Mestiços Totais

1908 90 39 79 208

1910 1911 321 381 230 376 708 861 1259 1618

1912 616 538 1165 2319

1913 1914 1915 896 859 764 636 556 615 1282 1068 819 2814 2483 2198

1916 774 640 825 2239

1917 756 848 603 2207

1918 1921 1016 1087 621 771 1295 1405 2932 3263

1923 1089 687 1557 3333

1928 1150 1287 2595 5032

Fonte: APM – Relatórios da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte (1908-1935).

Gráfico 1 – Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte-Doentes admitidos entre 1908 e 1935 (Cor/Raça)

Fonte: APM – Relatórios da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte (1908-1935).

1929 1444 1222 2781 5447

1930 2267 1123 2208 5598

1931 223 2530 1140 3893

1934 1450 1390 2725 5565

1935 1999 1383 2675 6057

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