Drama em Gente: Heterónimos e Personalidades Literárias de Fernando Pessoa

July 14, 2017 | Autor: Manuel J. Gandra | Categoria: Fernando Pessoa, Hermetic Philosophy, Heteronimos
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Manuel J. Gandra

DRAMA EM GENTE

Heterónimos e Personalidades Literárias de

Fernando Pessoa

Manuel J. Gandra

DRAMA EM GENTE

Heterónimos e Personalidades Literárias de

Fernando Pessoa

Mafra-Rio de Janeiro, 2015

Editores: Instituto Mukharajj Brasilan & Centro Ernesto Soares de Iconografia e Simbólica-Cesdies Est. da Grota Funda, 2440 – Guaratiba Rio de Janeiro/RJ – CEP 22785-330 Tel.: +5521 9399-0997 Email: [email protected] Site: www.brasilan.org.br Título: DRAMA EM GENTE – Heterónimos e Personalidades Literárias de Fernando Pessoa Autor: Manuel J. Gandra Copyright: © Manuel J. Gandra/Instituto Mukharajj Edições Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada por escrito, do autor ou do Instituto Mukharajj Brasilan, no todo ou em parte, por quaisquer que sejam os meios, constitui violação das leis em vigor. Fale com o Autor: [email protected] 1ª Edição Luso-Brasileira: Fevereiro de 2015 – 51 exemplares impressos Também disponível em formato e-book.

HETERÓNIMOS e SUBPERSONALIDADES de Fernando Pessoa O arrolamento sistemático dos heterónimos e, designadamente, das subpersonalidades (semi-heterónimos, pseudónimos, alcunhas, epítetos, colaboradores fictícios e assinaturas 1) de Fernando Pessoa foi até agora, objecto de cinco livros publicados, a saber: Teresa Rita Lopes Pessoa por Conhecer, Lisboa, Estampa, 1990, 2 vols. A lista pioneira, incluindo 72 Dramatis Personae. Michaêl Stoker Fernando Pessoa: De fictie vergezelt mij ais mijn schaduw, Utrecht, Uitgeverij Ijzer, 2009 Refere 83 heterónimos e subpersonalidades. José Paulo Cavalcanti Filho Fernando Pessoa: uma quase autobiografia, Rio de Janeiro, Record, 2011; Lisboa, Porto Editora, 2012 Consigna um capítulo intitulado “Biografia dos 127 heterónimos”. Fernando Pessoa Teoria da Heteronímia (ed. Fernando Cabral Martins e Richard Zenith), Lisboa, Assírio e Alvim, 2012 Insere uma extensa lista de 106 “colaboradores” de Fernando Pessoa, da qual se acham excluídos (por exigência do critério adoptado) todos os nomes que não tenham, pelo menos, uma obra atribuída. Manuel J. Gandra Fernando Pessoa: Iniciação, Hermetismo, Heteronímia, Rio de Janeiro, Instituto Mukharajj Brasilan, 2013 Distingue de forma objectiva os quatro heterónimos pessoanos das demais subpersonalidades, interrogando-se sobre quem poderá

1

Em regra, a caligrafia das assinaturas é diferente da dos ensaios.

ter sido o quarto heterónimo de Fernando Pessoa, geralmente mantido no limbo confortável da omissão. Forneço agora novo elenco, revisto e ampliado relativamente àquele que disponibilizei na obra editada no Rio de Janeiro, em 2013.

HETERÓNIMOS = PESSOA ELE-PRÓPRIO

Ricardo Reis Heterónimo. Admite Pessoa que “[...] nasceu dentro da minha alma no dia 28 (29) de Janeiro de 1914, pelas 11 horas da noite”. Já de acordo com o seu mapa astral, Ricardo Reis nasceu a 19 de Setembro de 1887, às 16h05m, em Lisboa e não no Porto.

Só em Junho, contudo, depois de “arrancado do seu falso paganismo” pelo nascimento do “Mestre”, Ricardo Reis havia de adquirir autonomia poética. São de 12 de Junho de 1914 as primeiras seis Odes reveladas” (Obra Poética, Rio de Janeiro, 1960, p. 726). Pessoa conta que um precursor de Ricardo Reis se lhe esboçara por volta de 1912, quando tentou escrever “uns poemas de índole pagã”, empregando uma métrica algo irregular. De acordo com a Carta sobre

a Génese dos Heterónimos (13 de Novembro de 1935), Ricardo Reis, «de um vago moreno mate», nasceu no Porto em 1887, estudou num colégio jesuíta, formou-se como médico e vivia no Brasil desde 1919, ano em que “se expatriou espontaneamente por ser monárquico” [após a derrota, em 13 de Fevereiro, da Monarquia proclamada no Norte em 19 de Janeiro]. Na escola estudou latim, que dominava perfeitamente, e por conta própria estudara grego, que sabia suficientemente bem para traduzir Ésquilo, Safo, Aristóteles (A Política) e epigramas da Antologia Grega [Esp. 55L-5v, 87-68, 137A-21]. Bibliografia LEMOS, Fernando Patrício de, Para uma interpretação numerológica de Fernando Pessoa, in Colóquio Letras, n. 113-114 (Jan.-Abr. 1990), p. 105-124 [analisa Livro I das Odes de Ricardo Reis]

Alberto Caeiro Um dos quatro rostos que Fernando Pessoa (1888-1935) via reflectido no espelho enquanto se barbeava. A sua primeira descrição física foi feita por Álvaro de Campos, nas Notas para a Recordação do Meu Mestre Caeiro (Presença, 1931): olhos azuis, cabelo louro, um “ar grego”, estatura média mas curvada, testa “poderosamente branca”. Depreende-se dos seus primeiros poemas, redigidos em 1914, que vivia no campo, possuindo fraca educação formal. Por intermédio da Carta sobre a génese dos heterónimos (13 Novembro 1935) ficamos a saber que, após a morte dos pais, vivia de pequenos rendimentos e com uma tia-avó. A biografia de Alberto Caeiro foi sendo construída a par e passo. No prefácio a uma projectada tradução da sua obra para inglês [Esp. 14B-12], o suposto tradutor britânico adianta que Caeiro nasceu em Lisboa em Agosto de 1887 e aí morreu “em Janeiro do corrente ano” (1915). O mesmo tradutor-prefaciador (eventualmente Thomas Crosse) declara que Alberto Caeiro usava dois outros nomes, mas não revela quais. Um de tais nomes é desvelado por Ricardo Reis, num fragmento prefacial posterior a 1923, que principia assim: “Alberto Caeiro da Silva nasceu em Lisboa a [16?] de Abril de 1889 [às 13h45m], e nessa cidade faleceu, tuberculoso, em [?] de [?] de 1915”.

Horóscopo de Alberto Caeiro da Silva, nascido em Lisboa a [16] de Abril de 1889

A 8 de Março de 1914, o poeta de Mensagem, abeirando-se de uma cómoda alta, e, de pé, numa espécie de êxtase de natureza mal definida, escreveu a fio trinta e tantos poemas de O Guardador de Rebanhos. Conforme asseverou, nascera Alberto Caeiro. A sensação imediata que experimentou foi a de ter encontrado o seu mestre (“existir é haver outra coisa qualquer”). A seguir tratou de lhe

descobrir “instintiva e subconscientemente” os discípulos. O heterónimo mais distante do pensamento pessoano. Contradiz a figura ideal, o Mestre, em que FP o transformou, com as conotações iniciáticas decorrentes. Após 1920, salvo raras excepções (6 poemas de Junho e Julho de 1930 e, eventualmente, alguns poemas não datados) remete-se ao silêncio. “Na minha pessoa própria e, aparentemente, real, com que vivo social e objectivamente, nem uso da blasfémia, nem sou antiespiritualista. Alberto Caeiro, porém, como eu o concebi, é assim: assim tem pois ele que escrever, quer eu queira quer não, quer eu pense como ele ou não” (Maria Aliete Galhoz, Obra Poética, Rio de Janeiro, 1960, p. 131-132). De entre os diversos epítetos, empregues para caracterizar a obra de Caeiro, o poeta pagão, por excelência, e “Lírico espontâneo” (“Há Metafísica bastante em não pensar em nada”), avultam os de: “Grande Libertador” (Álvaro de Campos, poema A Partida e nota intitulada Fernando Pessoa escreveu a fio [Esp. 71a-50]), “Revelador da Realidade” (Prefácio de Ricardo Reis aos Poemas de Alberto Caeiro) e “chefe” do Sensacionismo (Álvaro de Campos, Modernas Correntes na Literatura Portuguesa [Esp. 2085]). Prefácio de Ricardo Reis aos Poemas de Alberto Caeiro Alberto Caeiro da Silva nasceu em Lisboa a [16] de Abril de 1889, e nessa cidade faleceu, tuberculoso, em [...] de [...] de 1915. A sua vida, porém decorreu quase toda numa quinta do Ribatejo; só os primeiros dois anos dela e os últimos meses foram passados na sua cidade natal. Nessa quinta isolada cuja aldeia próxima considerava por sentimento como sua terra, escreveu Caeiro quase todos os seus poemas primeiros, a que chamou O Guardador de Rebanhos, os do livro, ou o quer que fosse, incompleto, chamado O Pastor Amoroso, e alguns, os primeiros, de que eu mesmo, herdando-os para publicar, com todos os outros, reuni sob a designação, que Álvaro de Campos me sugeriu bem, de Poemas Inconjuntos. Os últimos destes poemas, a partir daquele numerado [...], são porém produto do último período da vida do autor, de novo passada em Lisboa. Julgo de meu dever estabelecer esta breve distinção, pois alguns desses últimos poemas revelam, pela perturbação da doença, uma novidade um pouco estranha ao carácter geral da obra, assim em natureza como em direcção. A vida de Caeiro não pode narrar-se pois que não há nele de que narrar. Seus poemas são o que viveu. Em tudo mais não houve incidentes, nem há história. O mesmo breve episódio, improfícuo e absurdo, que deu origem

aos [oito] poemas de O Pastor Amoroso não foi um incidente, senão, por assim dizer, um esquecimento. A obra de Caeiro representa a reconstrução integral do paganismo, na sua essência absoluta, tal como nem os gregos nem os romanos, que viveram nele e por isso o não pensaram, o puderam fazer. A obra, porém, e o seu paganismo, não foram nem pensados nem até sentidos: foram vividos com o que quer que seja que é em nós mais profundo que o sentimento ou a razão. Dizer mais fora explicar, o que de nada serve; afirmar menos fora mentir. Toda obra fala por si, com a voz que lhe é própria, e naquela linguagem em que é pensada; quem não entende, não pode entender, e não há pois que explicarlhe. É como fazer compreender a alguém espaçando as palavras no dizer, um idioma que nunca aprendeu. Ignorante da vida e quase ignorante das letras, quase sem convívio nem cultura, fez Caeiro a sua obra por um progresso imperceptível e profundo, como aquele que dirige, através das consciências inconscientes dos homens, o desenvolvimento lógico das civilizações. Foi um progresso de sensações, ou, antes, de maneiras de as ter, e uma evolução íntima de pensamentos derivados de tais sensações progressivas. Por uma intuição sobre-humana, como aquelas que fundam religiões para sempre, porém a que não assenta o título de religiosa, por isso que como o sol e a chuva, repugna toda a religião e toda a metafísica, este homem descobriu o mundo sem pensar nele, e criou um conceito do universo que não contém meras interpretações. Pensei, quando primeiro me foi entregue a empresa de prefaciar estes livros, em fazer um longo estudo crítico e excursivo sobre a obra de Caeiro e a sua natureza e destino fatal. Tentei com abundância escrevê-lo. Porém não pude fazer estudo algum que me satisfizesse. Não se pode comentar, porque se não pode pensar o que é directo, como o céu e a terra; pode, tão-somente, verse e sentir-se. Pesa-me que a razão me compila a dizer estas nenhumas palavras ante a obra de meu Mestre, de não poder escrever, de útil ou de necessário, com a cabeça, mais que disse, com o coração, na Ode [XIV] do Livro I meu, com a qual choro o homem que foi para mim, como virá a ser para mais que muitos, o revelador da Realidade, ou, como ele mesmo disse, “O Argonauta das sensações verdadeiras” – o grande Libertador, que nos restituiu, cantando, ao nada luminoso que somos; que nos arrancou à morte e à vida, deixando-nos entre as simples coisas, que nada conhecem, em seu decurso, de viver nem de morrer; que nos livrou da esperança e da desesperança, para que não nos consolemos sem razão nem nos entristeçamos sem causa; convivas com ele, sem pensar, da realidade objectiva do Universo. Dou a obra, cuja edição me foi cometida, ao acaso fatal do mundo. Doua e digo: Alegrai-vos, todos vós que chorais na maior das doenças da História! O Grande Pã renasceu!

Esta obra inteira é dedicada por desejo do próprio autor à memória de Cesário Verde

Bibliografia activa Escolha de Poemas de […] de “O Guardador de Rebanhos” (1911-1912), in Athena, v. 1 n. 4 (Jan. 1925), p. 145-156; Escolha de Poemas de […] dos “Poemas Inconjuntos” (19131915), in Athena, n. 5 (Fev. 1925), p. 197-204; Oitavo poema de “O Guardador de Rebanhos”, in Presença, n. 30 (Jan.-Fev. 1931), p. 6-7; O penúltimo Poema, in Presença, n. 31-32 (Mar.-Jun. 1931), p. 10 Obra Poemas Completos de Alberto Caeiro (org. Teresa Sobral Cunha), Lisboa, 1994; Poesia (ed. Fernando Cabral Martins e Richard Zenith), Lisboa, 2001 [O Guardador de Rebanhos; O Pastor Amoroso; Poemas Inconjuntos; Fragmentos; Poemas variantes; Poemas de Atribuição Incerta; Prosas] Bibliografia ÁLVARO DE CAMPOS, Notas para a recordação de Meu Mestre Caeiro, in Presença, n. 30 (Jan.-Fev. 1931), p. 11-15 e Lisboa, 1997 (org. Teresa Rita Lopes); ANTÓNIO MORA, O Regresso dos Deuses [14C-26], in Pessoa por Conhecer, v. 2 (org. Teresa Rita Lopes), Lisboa, 1990, p. 445-448; CASTRO, Ivo, Manuscrito de “O Guardador de Rebanhos”, de Alberto Caeiro, Lisboa, 1986 [ed. facsimilada do manuscrito de 1911-1912]; PESSOA, Fernando, [artigo inacabado destinado a A Águia: 14B-20, 36-44]; idem, Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação (org. Jacinto do Prado Coelho e Georg Rudolf Lind), Lisboa, 1966; idem, Pessoa por Conhecer, v. 2 (org. Teresa Rita Lopes), Lisboa, 1990, p. 360-374 e 403-428; idem, Fernando Pessoa e o Ideal Neo-Pagão (org. Luís Filipe B. Teixeira), Lisboa, 1996; THOMAS CROSSE, Translator’s Preface [Esp. 14B, 21, 143], in Pessoa por Conhecer, v. 2 (org. Teresa Rita Lopes), Lisboa, 1990, p. 441-444

Álvaro de Campos (1890-?) Um dos mais conhecidos heterónimos de Fernando Pessoa. Nascido em Tavira, teve uma educação liceal vulgar, seguida de estudos de engenharia, primeiro, mecânica e, depois, naval, em Glasgow (Escócia). Campos nasceu “impetuosamente”, a partir de Alberto Caeiro, mediante um processo de cisão, no dia 13 de Outubro de 1890, às 13h17m, segundo um horóscopo levantado no início de 1917 [Esp. 144Y-23v]. Não obstante, a Carta sobre a génese dos heterónimos (1935) aponta 15 de Outubro e 13h30m como o dia e a hora astrologicamente correctos.

Horóscopo de Álvaro de Campos, nascido em Tavira a 15 de Outubro de 1890

Numas férias fez uma viagem ao Oriente de onde resultou escrever o Opiário, dedicado a Mário de Sá Carneiro. Campos foi o único dos heterónimos pessoanos a manifestar distintas fases na sua obra poética, três, grosso modo: A. Decadentista (influenciada pelo Simbolismo): exemplificada nos poemas Opiário (1914), Carnaval (1914), etc.; B. Futurista ou Sensacionista, de exaltação do Mundo moderno, do progresso técnico e científico, da evolução e industrialização da Humanidade (influenciada por Marinetti e por Walt Whitman): exemplificada em poemas como Ode Triunfal

(Londres, 1914), Ode Marítima (1914), Ode Marcial (2.8.1914), Saudação a Walt Whitman (11.6.1915), etc.; C. Metafísica e saudosista (as temáticas abordadas assemelham-se às típicas do Pessoa ortónimo: a desilusão com o Mundo, a tristeza e o cansaço): testemunhada em Lisbon Revisited (1923 e 1926), Ode Mortal (1927), Tabacaria (1927), Gazetilha (1927), etc. No que respeita aos textos teóricos e de intervenção avultam, entre outros: Ultimatum (1917), Aviso por Causa da Moral (1923); Sobre um Manifesto de Estudantes (1923) e Apontamentos para uma Estética não-Aristotélica (1924). O segundo poema da Ode Marcial (2.8.1914), dedicada a Raúl Leal, denuncia um Álvaro de Campos familiarizado com a linguagem simbólica da astrologia, porquanto se intitula ♂Ђ [Marte em quadratura com Saturno = tensão, agressão e sofrimento], constituindo-se como uma justificação astrológica e profética dos horrores da I Guerra Mundial. Quanto às poesias de índole escandalosa deste heterónimo, Pessoa afirma que “não tem remédio senão fazê-las e publicá-las, por mais que delas discorde”. Carta sobre a Génese dos Heterónimos, remetida a Adolfo Casais Monteiro, em 13 de Janeiro de 1935 (excerto) Álvaro de Campos nasceu em Tavira, no dia 15 de Outubro de 1890 (às 1,30 da tarde, diz-me o Ferreira Gomes; e é verdade, pois, feito o horóscopo para essa hora, está certo). este, como sabe, é engenheiro naval (por Glasgow), mas agora está aqui em Lisboa em inactividade. […]. Álvaro de Campos é alto (1,75 m de altura, mais 2 cm do que eu), magro e um pouco tendente a curvar-se. Cara rapada todos - o Caeiro louro sem cor, olhos azuis; Reis de um vago moreno malte; Campos entre branco e moreno, tipo vagamente de judeu português, cabelo porém liso e normalmente apartado ao lado, monóculo. […]. Álvaro de Campos teve uma educação vulgar de liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Ensinou-lhe latim um tio beirão que era padre.

Bibliografia activa Opiário, in Orfeu, a. 1, n. 1 (Jan.-Mar. 1915), p. 71-76; Ode Triunfal, in Orfeu, idem, p. 77-83; Ode Marítima, in Orfeu, a. 1, n. 2 Abr.-Jun. 1915), p. 132-152; Ultimatum, in Portugal Futurista, n. 1 (Nov. 1917), p. 30-34; De Newcastle-on-Tyne, Álvaro de Campos escreve à “Contemporânea”, in Contemporânea, n. 4 (Out. 1922), p. 4 [ed.

Jorge de Sena, Páginas de Doutrina Estética, Lisboa, 1944, p. 67-71]; Soneto já antigo (Poesia), in Contemporânea, n. 6 (Dez. 1922), p. 121; Lisbon Revisited 1923, in Contemporânea, n. 8 (Fev. 1923), p. 92; Aviso por Causa da Moral, Lisboa, 1923; Sobre um Manifesto de Estudantes, Lisboa, 1923; Prefácio ao livro de António Botto, Motivos de Beleza, Lisboa, 1923; O que é a Metaphysica?, in Athena, v. 1, n. 2 (Nov. 1924), p. 5962; Apontamentos para uma Estética não-Aristotélica, in Athena, v. 1, n. 3 (Dez. 1924), p. 113-115 e n. 4 (Jan. 1925), p. 157-160; Lisbon Revisited 1926, in Contemporânea, s. 3, n. 2 (jun. 1926), p. 82-83; Ambiente, in Presença, n. 5 (4 Jun. 1927), p. 3; Escripto num Livro abandonado em Viagem, in Presença, n. 10 (15 Mar. 1928), p. 2; Apostilha, in O Notícias Ilustrado, a. 1, n. 10 (27 Mai. 1928), p. 2; Gazetilha, in Presença, n. 18 (Jan. 1929), p. 1; Apontamento, in Presença, n. 20 (Abr. Mai. 1929), p. 3; Addiamento, in Revista da Solução Editora, n. 1 (1929), p. 4-5; A Fernando Pessoa depois de ler o seu drama statico “O Marinheiro” em “Orpheu”, in Revista da Solução Editora, n. 4 (1929); Catálogo do I Salão dos Independentes (Introdução), Lisboa, 1930; Addiamento, in Cancioneiro – I Salão dos Independentes, Lisboa, 1930; Anniversario, in Presença, n. 27 (Jun.-Jul- 1930), p. 2; Notas para a recordação de Meu Mestre Caeiro, in Presença, n. 30 (Jan.-Fev. 1931), p. 11-15 e Lisboa, 1997 [ed. Teresa Rita Lopes]; Trapo, in Presença, n. 31-32 (Mar.-Jun. 1931), p. 9; Ah, um Soneto…, in Presença, n. 34 (Nov. 1931-Fev. 1932), p. 7; Quero acabar entre rosas, porque as amei na infância…, in Descobrimento – Revista de Cultura (Inverno 1931-1932), p. 516; Tabacaria, in Presença, n. 39 (Jul. 1933), p. 1-2; Nota ao Acaso, in Sudoeste, n. 3 (1935), p. 7 Obra Poesias (ed. Luís de Montalvor e João Gaspar Simões), Lisboa, 1944; Poemas de Álvaro de Campos (ed. Imprensa Nacional – série maior), Lisboa, 1990; Poemas de Álvaro de Campos (ed. Imprensa Nacional – série menor), Lisboa, 1992; Poesia (org. Teresa Rita Lopes), Lisboa, 2002 Bibliografia LOPES, Teresa Rita (ed.), Vida e Obras do Engenheiro Álvaro de Campos, Lisboa, 1990; PESSOA, Fernando, Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação (org. Jacinto do Prado Coelho e Georg Rudolf Lind), Lisboa, 1966; idem, Cartas de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro (ed. José Blanco), in Prelo, n. 2 (Jan.-Mar. 1984), p. 93-108 [a carta de 13 de Janeiro de 1935 havia sido originalmente publicada in Presença, n. 9]; idem, Pessoa por Conhecer, v. 2 (org. Teresa Rita Lopes), Lisboa, 1990, p. 296-349, 411428, 461, 466, 467, 473, 474, 478-479, 483-485

Quarto Heterónimo Quem foi o quarto rosto reflectido no espelho, quando Fernando Pessoa se barbeava? Permanecerá misterioso o seu nome, a não ser que algum novo fragmento pessoano o venha revelar. Ponderei a possibilidade de não ter sido poeta, mas uma comunicação mediúnica subscrita por Pantaleão parece contrariar tal hipótese: “ Nenhum homem é 4 Poetas”.

SEMI-HETERÓNIMOS, PSEUDÓNIMOS, ALCUNHAS, EPÍTETOS e COLABORADORES FICTÍCIOS = PESSOA ELE-MESMO

A. A. Crosse Desconhecem-se pormenores acerca da sua entrada e saída de cena. Mencionado amiúde na correspondência entre Pessoa e Ofélia Queiroz, em 1920. Participava em concursos de jogos de palavras publicados em semanários ingleses de grande tiragem. Em Março de 1920, ganhou um prémio do jornal Answers, no valor de uma libra [Esp. 133H-36, 47a]. A. Francisco de Paula Angard Colaborador de O Palrador, autor de único artigo intitulado Monstros da antiguidade, descrevendo dinossauros e oferecendo uma sinopse da evolução darwiniana (idem, n. 5 , de 22.3.1902, e n. 6, de 24.5.1902). A. L. C. [António Caeiro da Silva] e J. C. [Júlio Manuel Caeiro] Parentes de Alberto Caeiro, quase certamente seus primos, que assinam uma nota prévia (1922 ou 1923), destinada a um livro de poesia do poeta [Esp. 21-75]. Esclarecem que a publicação demorou mais tempo do que desejavam porque o prefácio tivera de ser enviado da América, onde o prefaciador, Ricardo Reis, leccionava num colégio. Este, num fragmento do prefácio redigido um ou dois anos antes [Esp. 14E-5], agradece a António Caeiro da Silva e a Júlio Manuel Caeiro terem concedido autorização para a publicação de O Guardador de Rebanhos. A.L.R. Tradutor e comentador dos Protocolos dos Sábios de Sião, obra que consta dos projectos editoriais de Fernando Pessoa, elaborados em 1921, no âmbito da Olisipo [Esp. 48B-23, 137A-21 e 23]. O volume incluiria ainda um Comentário histórico e explicativo. Pessoa produziu material publicitário para a versão portuguesa dos Protocolos [Esp. 48B-23v], que pretendia promover em jornais católicos, monárquicos e integralistas como A Época, A Monarquia e congéneres [Esp. 48H-5, 55J-56 a 59].

A. Moreira Subscreve um Essay on Intuition [Esp. 146-30 e 31], eventualmente redigido em 1907. À assinatura de A. Moreira segue-se, após um traço horizontal, a de Faustino Antunes, sendo a caligrafia de ambas diferentes da do ensaio. Abílio Quaresma Personagem de Pero Botelho (vd.). Só em 1929, após quinze anos a esboçar esquemas e a escrever muitas páginas destinadas a uma colectânea de novelas policiárias intitulada Quaresma, Decifrador, o detective havia de ser apontado como autor de Shakespeare: Estudo de Detecção Superior pelo extinto Dr. Abílio Quaresma. Acompanhava este apontamento uma lista de oito contos projectados para integrar a referida colectânea [Esp. 48A-25]. Segundo um projecto posterior a 1930 [Esp. 48D-18], Pessoa tencionava traduzir e publicar em Inglaterra tais contos: The Vargas Case, Shakespeare book (também intitulado The Person of Shakespeare: A Study in Transcendental Detection ou A Study in the Higher Detection A Detective Study [Esp. 76-13v]). Accursio Urbano Charadista, colaborador de O Palrador. Adolph Moscow Colaborador de O Palrador, romancista e autor de Os Rapazes de Barrowby, romance em folhetins, cujos primeiros dois capítulos saíram no número de O Palrador publicado em Durban, em Julho de 1903 [Esp. 144R-2 a 9v]. Alexander Search Nasceu em Lisboa, no mesmo dia que Pessoa, eventualmente cidadão português, cuja língua materna era o inglês. Contraditando o geralmente admitido, a carreira de Alexander Search não remonta a Durban, só tendo começado a assinar textos em prosa e verso, em Lisboa, a partir do segundo semestre de 1906 [Esp. 22-74v, 144B2 e 144C2 (assinaturas mais antigas)]. Subscreveu, porém, a posteriori, muitos poemas do período compreendido entre 1903 e 1905, creditáveis a C. R. Anon (Elegy, por exemplo), onde sob a assinatura deste escreveria “id est Alexander Search” [Esp. 78B-55]. A produção literária de Alexander Search cessou em 1910, mas o seu nome havia de reaparecer em 1914 enquanto autor de poemas interseccionistas, a redigir em inglês e francês para um suplemento da revista Europa [Esp. 48G32], precursora do Orpheu. Num dos seus planos de publicações em inglês, redigido após 1930, Pessoa terá pensado creditar-lhe escritos posteriores a

1910 [Esp. 48D-18], existindo um poema não assinado, intitulado There is no peace save where I am not (datado de 21 de Julho de 1916) integrado numa colectânea poética de Search (Documents of Mental Decadence). Search enviava, sendo também destinatário de correspondência [Esp. 3525v, 104-67, 104-84, 133-24v, 133D-87v], possuindo até cartão-de-visita. Dentro da biblioteca particular de Fernando Pessoa, Search possuía a sua própria biblioteca, que contava com mais de vinte títulos, a maioria em francês. Pessoa, com quem Search partilhava o seu grande interesse pela filosofia e uma assaz crítica atitude face à Igreja Católica, atribuiu-lhe a autoria (enjeitada, ulteriormente [Esp. 15B2-61v, 57-5]) de, pelo menos, dois poemas em português: Ave Maria (Abril de 1902) e o inédito (inacabado) Ilhas no mar da vida (7 de Março de 1911). Além de inúmera poesia, Search assinou o conto A Very Original Dinner, bem assim como vários apontamentos e ensaios projectados, como The Portuguese Regicide and the Political Situation in Portugal [Esp. 79A-71 a 82]. Num breve currículo, elaborado em 1908 (in The Transformation Book [Esp. 48C-2]), Pessoa atribuiu-lhe dois outros ensaios: The Philosophy of Rationalism e The Mental Disorder(s) of Jesus. É plausível Pessoa ter equacionado a possibilidade de escrever poesia francesa em nome de Search (50B1 - 59v). Search teve dois pseudónimos: Caesar Seek e Will Search (ou Will Seek? [Esp. 142-55v]). No Ultimus Joculatorum, aquele encontrava-se com o Dr. Nabos, Ferdinand Sumwan, Jacob Satan e Erasmus Dare [Esp. 48C-18], estando previsto um livro intitulado The Memoirs of Caesar Seek ou, em alternativa, The Black Book of Caesar Seek [Esp. 133C-19]. A obra poética de Search foi organizada por Pessoa em várias coletâneas, a saber: Death of God, Delirium, Documents of Mental Decadence, etc. Alfred Wyatt Irmão de Frederick e Walter Wyatt, residente em Paris. Subsiste uma assinatura de 1910. Álvaro Eanes Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 48H-64, 76A93v]. Anthony Harris Autor de um único escrito (assinado, datável de 1906 ou 1907), em que se confessa “a hater of reading and a lover of thought” [Esp. 93A-54A]. António Caldas Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 57-4v].

António de Seabra Padre e crítico literário, autor de Lixa - Panfleto periódico de crítica de ideias e de costumes [Esp. 144-4], cujo primeiro e único número, redigido cerca de 1916, foi dedicado aos “sensacionistas” portugueses. Também subscreveu as Breves meditações do Padre António de Seabra, Teatino [Esp. 113P2-7]. António Gomes Surgido durante o Outono de 1915, é mencionado no diário que Pessoa iniciou em Novembro do mesmo ano. Autor de um panfleto, intitulado A Universidade de Lisboa, consistindo em “Breves estudos em jeito epigramático para alívio dos tristes e preparação dos incautos” [Esp. 66A-22 a 24]. Também escreveu versos satíricos dirigidos contra vários docentes da Universidade de Lisboa, incluindo três de que Fernando Pessoa foi aluno no Curso Superior de Letras (1911). Também subscreveu a História Cómica do Çapateiro Affonso. Assina como membro “da sociedade protectora dos animais”, ou como “licenciado em filosofia pela Universidade dos Inúteis”. Pessoa ensaiou para António Gomes mais de uma dezena de assinaturas em diversos estilos [Esp. 902-84v]. António Mora Inicialmente, apenas protagonista de um fragmento (inacabado e desconexo) do conto Na Casa de Saúde de Cascais, concebido em 1909 ou 1910, onde é descrito como um paranóico e histérico que deambula de toga pela casa de saúde, a personagem de Mora tem certa similitude com a do Dr. Gama Nobre (vd.), um internado igualmente togado, defensor dos valores, da religião e das instituições da Grécia Antiga. António Mora ressurgiria, em 1915, com o título de Dr. e na qualidade de teórico do Neopaganismo, religião encarnada por Alberto Caeiro e promovida pelos seus dois discípulos, designadamente por Ricardo Reis. Numa das suas Notas não publicadas por Pessoa, Álvaro de Campos, sustentou que Mora era “uma sombra com veleidades especulativas” que “encontrou a verdade”, ao ter-se cruzado com Caeiro. Em 1916, Pessoa esboçou, sob o título genérico de Athena, alguns Cadernos de Reconstrução Pagã, dirigidos por António Mora e com edições previstas em português, francês e inglês [Esp. 48B-11, 48G-33]. O projecto em causa havia de sofrer alterações , acabando o nome de Mora por ser omitido dos cinco números de Athena editados em 1924-1925. Ulteriormente, António Mora seria mencionado apenas uma vez, nas Notas para a Recordação do Meu Mestre Caeiro, publicadas na Presença, em 1931. A obra de António Mora é considerável, compreendendo dezenas de fragmentos para O Regresso dos Deuses, Prolegómenos a uma reformação do

Paganismo, uma Dissertação a favor da Alemanha e diversos outros ensaios. Subscreveu um único poema, Uma cousa queremos (10 de Outubro de 1919). Há inúmeros ensaios de assinatura [Esp. 122-5, 49B5-37v, 75-60v, 90267v, 128A-67v, 133H-25v, 133J-96]. António Passos Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 133L-64]. António Vasques Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 15B3-4v]. Arcla Anagrama de Clara, nome da filha de Palmira, amiga íntima da tia Anica. Subscreve poema satírico, incluído no número único do jornal policopiado A Civilização, datado de 16 de Abril de 1909 [Esp. 87A-1av]. Augustus Adamson Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 144v-2]. Augustus Barnard Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 133-9v]. Augustus West Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 144v-26]. Aurélio Biana Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 144B2-7v]. Aurélio Pereira Quintanilha Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 49D2-50v]. O nome também ocorre dactilografado [13A-62v, 79-8]. Barão de Teive Evocação do estóico Epicteto, que era coxo, em virtude de (por motivos não explicados) ser amputado de uma perna. Decerto influenciado pela filosofia estóica, a tragédia pessoal do Barão, que se prendia com a incapacidade de produzir obras literárias acabadas e de se relacionar plenamente com mulheres, terá contribuído para o seu suicídio, em 11 de Julho de 1920. Apontado como autor de O Único Manuscrito do Barão de Teive, iniciado em Agosto de 1928 e depois intitulado A Profissão do Improdutor ou, ainda, A Educação do Estóico.

Bernardo Soares O seu nome ocorre, pela primeira vez, à cabeça de uma lista de dez contos elaborada em 1920 [Esp. 144G-29, 30 a 32, 144G-39]. Três desses contos haviam sido parcialmente redigidos alguns anos antes, a saber: O Gramofone, O Prior de Buarcos e Marcos Alves. No final da mesma lista, Pessoa indica duas das especialidades de Bernardo Soares: “Contos” e “Taquigrafia”. Ao herdar a autoria do Livro do Desassossego, em 1929, após oito anos sem se manifestar, Bernardo Soares herdou alguma da biografia de Vicente Guedes (vd.): nascido na província, perdera a mãe com um ano de idade e o pai (por suicídio) aos três. Um tio trouxera-o para Lisboa tendo-lhe arranjado emprego num escritório, onde foi subindo na hierarquia até chegar ao “píncaro barato de bom ajudante de guarda-livros”. Vivia num quarto andar da Rua dos Douradores, a mesma artéria onde trabalhava. A reaparição de Bernardo Soares, deu ensejo a Pessoa para elaborar uma lista actualizada da obra poética daquele seu semi-heterónimo (cf. Carta remetida a Casais Monteiro, em 13 de Janeiro de 1935): Rua dos Douradores, Os trechos vários: Sinfonia de uma noite inquieta, Marcha Fúnebre, Na Floresta do Alheamento (i. e., obras redigidas a partir de 1929, mas também outras compostas 15 anos antes), Experiências de ultra-Sensação (incluindo Chuva Oblíqua e Passos da Cruz). No fim do currículo, Pessoa esclarece: “Soares não é poeta. Na sua poesia é imperfeito e sem a continuidade que tem na prosa; os seus versos são o lixo da sua prosa, aparas do que escreve a valer”. Cerca de 1931, num fragmento para o prefácio às Ficções do Interlúdio (p. 238-239), Pessoa admitiria que Bernardo Soares se distinguia dele “por suas ideias, seus sentimentos, seus modos de ver e de compreender”, mas não “pelo estilo de expor”. Após quatro anos bastante fecundos (1929-1932), a produção de Bernardo Soares destinada ao Livro do Desassossego começou a diminuir, não se conhecendo nenhum fragmento com data posterior a Julho de 1934. Na já citada carta enviada a Casais Monteiro em 13 de Janeiro de 1935, Pessoa reporta-se a Bernardo Soares como se ainda estivesse activo: “aparece sempre que estou cansado ou sonolento, de sorte que tenha um pouco suspensas as qualidades de raciocínio e de inibição”. Aproveita ainda para esclarecer porque considera Bernardo Soares um semi-heterónimo: por a sua personalidade ser “não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela”. Caetano Buarcos Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 57-8v]. Capitão Thibeaut Não tem obra atribuída.

Carlos Otto Poeta lírico, surgido em 1909. Colaborador previsto dos jornais da Empresa Íbis [Esp. 55D-101v] e autor do Tratado de Lucta Livre, no qual propunha o Método Yvetot [Esp. 124-56 a 59]. São, pelo menos, quatro os poemas assinados por Carlos Otto, entre os quais o intitulado Sonho de Górgias [Esp. 35-30 e 30v, 39-49, 56-41]. Também escrevia e traduzia prosa. A Empresa Íbis não chegou a publicar a sua tradução para português de um policial inglês de Arthur Morrison: Martin Hewitt, Investigator [Esp. 144V-7]. O nome de Carlos Otto, ocorre sob a forma de assinatura em alguns dos documentos citados, sendo mencionado de passagem em outros [Esp. 36-7, 144M-23v]. Cecilia Charadista, colaboradora de O Palrador. Charles Baker Provavelmente, irmão de Olga Baker (vd.). Eventual autor de um sistema de condensação de códigos telegráficos, uma vez que mais de duas dezenas de assinaturas suas constam de uma folha com apontamentos sobre o tema [Esp. 128-52]. Charles James Search Irmão de Alexander Search (vd.), dois anos mais novo do que Charles, nascido em 18 de Abril de 1886. Surge em 1908 na qualidade de tradutor, para inglês, de várias obras portuguesas (sonetos de Camões e de Antero de Quental, poesia de Almeida Garrett, Guerra Junqueiro e Henrique Rosa, O Mandarim, de Eça de Queirós) e também do poema El Estudiante de Salamanca, de Espronceda. Usava de várias assinaturas: Chas. Search (no rascunho de uma carta dirigida à agência literária londrina Sprigg, Pedrick & Co. Ltd. [Esp. 92P-35v e 146-20v e 15B3-50v])], Chas. James Search [Esp. 49C1-49v] e Ch. Search [Esp. 48A-47v]. Charles Robert Anon Inglês, nascido em data desconhecida. As muitas dezenas de assinaturas de Anon, surgidas entre 1903 e 1906, em cadernos e papéis avulsos, e grafadas de diferentes maneiras [Esp. 133M-39; 49B2-46v; etc.], precedem a sua obra. Um breve currículo para Anon, anotado numa folha de papel [Esp. 48B1539], menciona-o enquanto autor de poesia, ensaios críticos sobre vários escritores e contos (stories of imagination). Os primeiros textos que lhe podem ser creditados talvez sejam os contos que usurpou a Lucas Merrick (vd),

Durante o ano de 1904, a actividade literária de Charles Robert Anon é muito intensa assinando muitos textos, em verso e prosa, e, designadamente cartas e poemas de escárnio (manifestando um acentuado anticlericalismo) remetidos ao director de The Natal Mercury. O número de Julho de 1904 deste periódico inclui um pequeno poema onde Anon troça dos intervenientes num debate literário originado por uma má tradução de uma ode de Horácio publicada pelo ex-mayor de Durban. Em Julho de 1905, o mesmo jornal recusa publicar outras colaborações, decerto por consignarem censuras ao imperialismo britânico. De regresso a Lisboa, na companhia de Pessoa, no Outono de 1905, Charles Robert Anon apodera-se, literalmente, da vida dele, como testemunha a maioria das páginas do diário da Primavera de 1906. Chevalier de Pas Surge, na companhia do Capitão Thibeaut e de outros amigos, quando Pessoa contava cinco anos de idade, segundo o fragmento que começa “Tive sempre, desde criança, a necessidade de aumentar o mundo com personalidades fictícias”. Na Carta sobre a Génese dos heterónimos, Pessoa afirma que tinha seis anos quando começou a interagir com o cavaleiro francês e diz que escrevia cartas a si mesmo como se fossem do outro. As cartas perderam-se, mas subsiste um Birthday Book da mãe, no qual ensaiou duas assinaturas para o Chevalier de Pas, nos dias 1 e 11 de Julho. Christopher Wyatt Pessoa redige para este uma breve carta, datada de 1 de Setembro de 1910, aparentemente ficcional [Esp. 78A-42v]. Claude Pasteur Francês, segundo um projeto de 1916, tradutor para a sua língua de Athena - Cadernos de Reconstrução Pagã (Athena Cahiers de reconstruction paíenne), dirigidos por António Mora [Esp. 48B-11]. Dalton Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 48H-64]. Dartmouth Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 48H-64A]. David Merrick Eventualmente a primeira subpersonalidade inglesa de Pessoa. Poeta, contista e dramaturgo, autor de vasta e variada obra, segundo uma previsão de Books to come (1903).

Denton Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 100-6v, 133A29v]. Diabo Azul Charadista, colaborador de O Palrador, cujo nome foi inspirado no Diabo Azul que assinava pequenos contos publicados em O Pimpão, bissemanário do qual Pessoa era leitor assíduo e onde publicou charadas assinadas pelo Dr. Pancrácio. Diniz da Silva Colaborador de Europa e presumível autor de quatro poemas datados de 24 de Setembro de 1923: Eu e Loucura, I, II e III (rebatizado Poemas de Dois Exílios, já sem menção a Dinis da Silva), destinados à revista Athena (?) [Esp. 48B-26]. Dr. Barnardo Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 48D-66v]. Dr. Caloiro Colaborador de O Palrador, jornalista-repórter de A pesca das pérolas (O Palrador de 22.3.1902, cuja primeira parte se perdeu). Dr. Gama Nobre Consoante uma lista de Estudos Contemporâneos [Esp. 48H-7], seria o autor alternativo (a Gervásio Guedes) de A Coroação de Jorge Quinto. Dr. Gaudêncio Nabos Jornalista e humorista anglo-português, director de O Palrador (3ª série), eventual herdeiro de Zé Nabos (vd.). Gaudêncio Nabos manteve-se activo desde 1904 até, pelo menos, 1914 ou 1915, mas nos últimos anos o Dr. Nabos, transformou-se no Dr. Neibas, o qual apenas escrevia em português [Esp. 7-41 v e 2721L4-21 a 23; etc.]. Dois apontamentos sobre o Dr. Nabos, ocorrem na mesma página de um caderno de Pessoa [Esp. 144H-1v], a par de referências a William Jones (vd. Professor Jones). Dr. Neibos Sucedâneo do dr. Gaudêncio Nabos (vd.). Dr. Pancrácio Colaborador de A Palavra e de O Palrador, contista, poeta e charadista, activo entre 1902 e 1905. Em Durban, o seu nome, latinizado para Pancratium [Esp. 100-4], assina (nome depois riscado) um satírico Essay on Poetry, Written for the Edification of Would-be Verse Writers. Vd. Dr. Pancrácio.

Eduardo Lança Poeta luso-brasileiro, colaborador de O Palrador. Primeira subpersonalidade para quem Pessoa elaborou dados biográficos, pela interposta pessoa de Luís António Congo: o poeta nasceu em 15 de Setembro de 1875, na Baía, onde completou um curso comercial, tendo, entretanto, ficado órfão. Uma firma comercial onde trabalhou, enviou-o, em viagem de negócios, a Lisboa, onde acabou por radicar-se. Viajou pelo país e, depois de publicar Impressões de um Viajante em Portugal, escrito “num estilo belo e verdadeiramente português”, publicou três coletâneas de versos: Folhas Outonais, Coração Enamorado e Os Meus Mitos, este no ano de 1900. Efbeedee Pasha Autor de “Stories” humorísticas, a redigir, pelo menos parcialmente, em dialeto escocês. A Invenção do Dia Claro, dactilografado no verso de uma das folhas do projecto, permite situá-lo cerca de 1922. Apesar de nenhum dos contos chegar a ser escrito, Pessoa redigiu, para encabeçar o volume, notícias de imprensa fictícias, de teor humorístico [Esp. 138-27 a 30]. Estanislau Victor de Morais Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 133N-15]. F. Pips Vd. Pip. Sem obra atribuída. F.Q.A. Charadista de O Palrador. Faustino Antunes Suposto psicólogo, autor de um Ensaio sobre a Intuição (também creditado a A. Moreira). Pretextando que o seu cliente, Fernando Pessoa, sofria de grave doença mental, remeteu, em 1907, cartas em inglês a um ex-professor (Mr. Belcher) e a um ex-condiscípulo (Clifford Geerdts) do poeta, em Durban, solicitando informações sobre o seu comportamento e o conceito que dele tinham os outros alunos ao tempo em que estudara na Durban High School. Inicialmente, ponderara comunicar a Geerdts que Pessoa falecera, em aparência de suicídio, tendo esboçado uma carta (não remetida) com essa intenção. Faustino Antunes obteve resposta de ambos: em 14 de Julho de 1907 (de Mr. Belcher) e em 4 de Outubro do mesmo ano (de Geerdts). Uma das projetadas cartas de Pantaleão (vd.) ocupar-se-ia da “evolução mental do Faustino Antunes (sátira sobre simbolismo e incompreensão)” [Esp. 48A-4].

Em projecto ficou a redacção de um relato (retrato psicológico?) sobre Frei Francisco de Monte Alverne [Esp. 133-90]. Algumas das assinaturas que subsistem, ocorrem em companhia das de Gaveston, C. R. Anon, Alexander Search e do próprio Pessoa [Esp. 279D2-37v, 77-49v, 104A-GO, 133M-17 e 144T-I] Firmino Lopes Tradutor de Poemas que não estão [variante: existem] na Antologia Grega [Esp. 60-27]. Trata-se de cinco epigramas inscritos numa meia folha datada de 19 de Maio de 1928. O mesmo pretenso tradutor terá sido igualmente responsável pelas versões portuguesas de três “poemas gregos que não existem” [Esp. 46-18] (cf. Poemas de Fernando Pessoa 1921-1930, ed. Ivo Castro, Lisboa, IN-CM, 2001, p. 357). Florêncio Gomes Autor de um Tratado de Doenças Mentais (1909?), o qual apenas existe enquanto elemento de um conto em cuja terceira parte, capítulo II, se insere um breve resumo da tragédia de Marcos Alves, carácter infantil, “fortemente laivado de ideias religiosas” e sem vida sexual, que sofria de “paranoia de perseguição” e acabou por se suicidar com 24 anos de idade [Esp. 279E2-G]. Enquanto personagem, o psiquiatra Dr. Gomes surge no prólogo do conto em apreço [Esp. 279E2-3], reaparecendo em A Morte do Dr. Cerdeira [Esp. 278A2-23, 24] e em Na Casa de Saúde de Cascais (cf. Marcos Alves, in Pessoa, PPC, v. 2, p. 38-44 e in Pessoa, EGL, p. 523-547). Fr. de Castro Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 93A-65v]. Francis Neasden Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 133L-65]. Francisco da Costa Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 2721G4-8]. Francisco de Sousa e Araújo Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 902-84v]. Frederico Reis Ensaísta, irmão de Ricardo Reis, sobre quem escreveu. Assina um muito divulgado texto sobre seu irmão que se inicia “Resume-se num epicurismo triste toda a filosofia da obra de Ricardo Reis” e outro, mais extenso, destinado a um folheto sobre a denominada Escola de Lisboa (cf. Carta de FP para Mário de Sá- Carneiro, Julho de 1914), o qual Pessoa considerou (numa inédita Carta de Fernando Pessoa a Frederico Reis)

“brilhante”, se bem que “escrito com demasiada efervescência de entusiasmo” [Esp. 146-18]. Sobre o “génio danado de Mário de Sá-Carneiro”, escreveu que realizara, com “proficiência inigualável”, a “materialização das sensações, a carnalização do espírito”. Friar Maurice Presença perturbadora para Fernando Pessoa (?) num relato autobiográfico breve sobre um jantar com tios e primos [Esp. 20-8]. Assina The Book of Friar Maurice (alternativamente intitulado: Ultimus Joculatorum, The Nothingness Club e The Zero Club [Esp. 144T-52]), cujos primórdios remontam a 1907 e do qual subsistem diversos fragmentos [Esp. 154-25, 26-90 a 92, 28-48,94-85, 133-25]. Num apontamento [Esp. 133C-19], o livro em apreço bem como o seu indigitado autor aparecem associados a The Memoirs (ou Black Book) of Caesar Seek, circunstância que os colocaria na dependência de Alexander Search (vd.). Pessoa define Friar Maurice como “um místico sem Deus, um cristão sem credo (a mystic without God, a Christian without a creed)” [Esp. 15B4-63]. Ensaio de assinatura, riscada [Esp. 49B4-101v]. Francisco Pau Pseudónimo do Dr. Pancrácio, em Durban, enquanto director da Secção Humorística de O Palrador publicado em Julho de 1903. Frederick Barbarossa Assinatura para personalidade histórica sem obra atribuída [Esp. 481-29]. Frederick Wyatt Poeta e prosador inglês, residente em Lisboa. Descrito como alguém cuja aparência (invariavelmente vestido com sobrecasaca ou fato preto) e maneira de ser provocavam risos ou pena naqueles que com ele se cruzavam, na Calçada da Estrela. Pessoa terá redigido em 1913 vários fragmentos de um prefácio [Esp. 14E93 a 96] para os poemas deste poeta, dotado de uma elevada compreensão metafísica, que morreu jovem. Pessoa admite que Frederick Wyatt preferia usar pseudónimo, sem, todavia, adiantar qual possa ter sido. Alexander Search é uma hipótese plausível, dada a circunstância de os 21 poemas creditados a Wyatt serem exactamente os mesmos que este herdou de Search [Esp. 144P-2 e 3]. Há várias assinaturas de Frederick Wyatt, todas elas consistindo em letras de forma separadas umas das outras [Esp. 14E-96], e um endereço em Inglaterra, no verso de um anúncio dos espectáculos em cartaz no Rocio Palace, em Janeiro de 1911 [Esp. 481-15a]. Algumas assinaturas riscadas para um Lord Frederick Wyatt, poderão datar de 1912 ou 1913 [Esp. 925-76v].

G. M. Dent Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 144V-47]. Gabriel Keene Autor do romance Em Dias de Perigo, anunciado em O Palrador de Julho de 1903. Galião Charadista, colaborador de O Palrador. O mesmo que Gallião Pequeno? Gallião Pequeno Charadista, colaborador de O Palrador. O mesmo que Galião? Gaveston O verso da folha com as notas biográficas relativas a Faber e Charles Anon ostenta vinte assinaturas de Gaveston, figura que, não obstante nebulosa, perdurou durante anos, sem produzir qualquer texto que lhe possa ser atribuível inequivocamente. Entre 1904 e, pelo menos, 1910 [Esp. 36-4], Pessoa grafou muitas dezenas de assinaturas para esta subpersonalidade em cadernos e folhas soltas, na companhia de outros nomes ou isoladamente: Martin Gaveston [Esp. 92Q31v], Anton Gaveston [Esp. 144H], Jerome Gaveston, a tinta, e, imediatamente abaixo, a lápis, Piers Gaveston [Esp. 49D2-17v], etc. A assinatura de Gaveston (isolada) ocorre numa folha com um fragmento do Essay on Poetry [Esp. 13A-37v], ora atribuído por Pessoa ao Dr. Pancratium, ora ao Professor Trochee, ora ao Professor Jones. Gee Charadista, colaborador de O Palrador. George Henry Morse Subscreve comunicação mediúnica datável de 1916. Gervásio Guedes Provável irmão de Vicente Guedes (vd.). Autor de A Coroação de Jorge V, texto anunciado nos tempos de O Phosphoro e da Empresa Íbis e constante de uma lista de Estudos Contemporâneos [Esp. 48H-8], eventualmente elaborada pouco tempo após a coroação do monarca inglês (22 de Junho de 1911). Ginkel Autor de dois apontamentos, redigidos em inglês e datados de 1906, sobre o conceito budista de Nirvana [Esp. 25-64v (in Textos Filosóficos, v. 2, p. 213214)].

Existem duas assinaturas de Horace Ginkel [Esp. 104A-59 (caderno que Pessoa utilizou em Durban)], e uma de David Ginkel [Esp. 100-6v (folha com fragmento do Essay on Poetry, junto com assinaturas de David Denton e David Alexander)]. Giovanni B. Angioletti Nome de um jornalista real, Giovanni Battista Angioletti (1896-1961) que Pessoa colou a um suposto italiano antifascista, exilado em Lisboa e “entrevistado” pelo jornal O Sol, de 20 de Novembro de 1926. A suposta entrevista foi publicada sob o título O "Duce" Mussolini é um louco... Sobre a história deste heterónimo (na verdadeira acepção do termo) de Fernando Pessoa, vd. João Barreto, Pessoa Plural, v. 1 (Primavera 2012), p. 225-252. Gomes Pipa Alcunha de José Gomes, autor mencionado pela primeira vez cerca de 1909 num rol de projectos editoriais: Contos de Gomes Pipa (políticos) [Esp. 2713U2-36 e 36v]. Em 1925 (eventualmente nos primeiros meses de 1926), Gomes Pipa reaparece enquanto personagem de Na Farmácia do Evaristo [Esp. 2713U2 (parcialmente publicado in Pessoa, Da República (1910-1935), Lisboa, Ática, 1978, p. 271-294)]. Anunciado como colaborador de O Phosphoro e da Empresa Ibis. H. J. Vley Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 13A-69]. Henry Drummond Assinatura para personalidade histórica sem obra atribuída [Esp. 7945av]. Henry More Filósofo e poeta (1614-1687) afiliado nos denominados Platónicos de Cambridge e também adepto da Rosa-Cruz (cf. Hargrave Jennings, The Rosicrucians: Their Rites and Mysteries). Surge em Maio ou Junho de 1916, assumindo-se como mestre astral de Fernando Pessoa. As suas comunicações em prosa, crismadas por Fernando Pessoa como “romances do inconsciente”, processavam-se sempre em inglês, assinando-as, algumas vezes, com o símbolo da Rosa-Cruz ou com um pequeno triângulo sob o seu nome. Vd. Henry Lovell. Henry Lovell Espírito astral efémero, que assina algumas comunicações mediúnicas em 1916, numa das quais comunica que “Henry Lovell = Henry More” (vd.).

Hermínia de Sousa Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 2721G4-8v]. Herr Prosit Protagonista de A Very Original Dinner, conto de Alexander Search concluído em Junho de 1907. Tradutor designado da segunda parte de O Estudante de Salamanca de Espronceda [Esp. 74A-70], antes de Charles James Search ter sido encarregado de tal tarefa. Homem das Nuvens Pseudónimo. Horace James Faber Co-autor de The Case of the Science Master, primeira novela policial redigida por Pessoa, intermitentemente, entre 1904 e 1907. Faber começou por ser o único autor da novela, mas o nome de Charles Robert Anon veio juntar-se ao seu (vd. sobrescrito 279D2). Segundo o breve currículo que Pessoa elaborou para Faber [Esp. 48B1539], este deveria escrever detective stories, vários tipos de ensaios e também poesia satírica. Faber e Anon foram ainda co-autores de um ensaio onde sustentam que a plausibilidade de um pensamento depende unicamente do pensador (Plausibility of All Philosophies [Esp. 48A-66]). Esse escrito foi suscitado pelo apoio demonstrado pelo Dr. Nabos à teoria de Claude Adrien Helvétius (17151771) segundo a qual a mente humana é, originalmente, uma tábua rasa. Ao invés, Faber e Anon admitem que “a mente humana, em vez de tomar cor do ambiente e da natureza que a rodeia, transmite-lhes os seus pensamentos”. Ibis Pseudónimo que FP usou durante toda a sua vida e com o qual assinou diversos poemas. I. I. Crosse Inglês, nascido em 1916 (?), irmão do anterior e seu colaborador na divulgação de Álvaro de Campos e de Alberto Caeiro. Autor de um artigo inacabado, intitulado Caeiro and the Pagan Reaction [Esp. 143-7 a 9] e de um ensaio, igualmente inacabado, que enaltece Álvaro de Campos enquanto um dos maiores poetas rítmicos de todos os tempos [Esp. 14A-66 e 67]. J. G. Anderson Carr Pretenso concorrente de Tagus (vd.) enquanto charadista no The Natal Mercury (assinando J.G.H.C.). Duas assinaturas de J. G. Henderson Carr

constam no final do Pitmans Shorthand Instructor que Pessoa usava na Commercial School. Pessoa creditou a Henderson Carr a autoria de Essays on Reason (144R-14) e de um livro de poemas (144R-15v), não obstante tenha sido dispensado dessa segunda tarefa (riscada por FP). J. M. Hyslop James H. Hyslop (1854-1920), amigo de William James, foi professor na Columbia University e conhecidíssimo parapsicólogo. Poeta revelado numa comunicação mediúnica, em português e datável de Outubro de 1916. O poema foi riscado com um traço diagonal e a acrescido da nota “No good” [“Não presta”] na margem superior [Esp. 42-28v]. Jacinto Freire [de Andrade] Assinatura para personalidade histórica sem obra atribuída [Esp. 146-20v]. James Bodenham Autor de The Psychological Laws of Problem Solving, para o qual Pessoa escreveu, em 1913, uma nota publicitária [Esp. 28-98v]. A obra em apreço, destinada ao público inglês, ensinaria os princípios psicológicos subjacentes à solução de problemas de vária ordem, incluindo os quebra-cabeças propostos por semanários ingleses de grande tiragem, como Tis-bits, Answers e outros. O intuito era arrecadar alguns proventos. Isso mesmo se depreende de uma nota com o nome de James Bodenham associada a uma lista de “Publicações para ganhar dinheiro”: Táctica Comercial, Will-power, its nature and development e The Psychological Basis of Problem-Solving [Esp. 144L-17v, 18 e 19]. James L. Mason Segundo um projeto de 1916 [Esp. 48B-11], tradutor para língua inglesa de Athena - Cadernos de Reconstrução Pagã (Athena - A Contribution to Pagan Reconstruction). Jean Seul de Méluret Poeta e ensaísta francês, nascido a 1 de Agosto de 1885 e residente em Lisboa, cuja aparição ocorreu em 1908. Autor de dez ensaios, três dos quais sobre a libertinagem em França: La France en 1950 e Messieurs les souteneurs (ambos sátiras) e Des cas d'exhibitionnisme (estudo científico). Os restantes conservam-se no espólio pessoano [Esp. 133C-44v]. As obras e os projetos de Méluret acham-se reunidos in Obras de Jean Seul de Méluret (ed. Rita Patrício e Jerónimo Pizarro, IN-CM, 2006).

João Craveiro Articulista sidonista da revista Athena (ou Minerva, título alternativo), segundo um projeto elaborado em 1918 [Esp. 87-66]. Autor de dois artigos: um sobre a situação política de Portugal [Esp. 113P121], a necessitar de “um tratamento militar”; o segundo, elogiando o governo de Sidónio Pais [Esp. 113P1-22]. Um terceiro artigo projectado sobre o paganismo [Esp. 48G-12] não passou do projecto. Joaquim Moura Costa Poeta satírico, suposto epigramista [Esp. 49B6-5], militante republicano e anticlerical, projectado colaborador de O Iconoclasta e de O Phosphoro [Esp. 55D-101v, 56-36, 144V-10 e 11]. Assinou os seguintes poemas: Ao Poeta Gomes Leal (Maio de 1909 [Esp. 56-29]), Origem Metafísica do Padre Matos (26 de Outubro de 1909 [Esp. 5636]), Soneto de Mal-dizer (derradeiro dos seus poemas com data: 30 de Abril de 1910 [Esp. 56-50], cujo alvo era Teófilo Braga). Mais quatro poemas, pelo menos, podem ser-lhe creditados, entre os quais um dirigido contra a rainha D. Amélia [Esp. 56-49] e outro atacando a Igreja [Esp. 66C-39]. A sua actividade literária cessou com a extinção da Empresa Íbis. Assinava: J. M. Costa, J. Moura-Costa, Joaquim M. Costa ou simplesmente Moura-Costa [Esp. 41-21, S7-44]. José da Costa Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 279D2-37v, 49B582v]. José Rasteiro Autor de provérbios e adivinhas, colaborador de O Palrador. José Rodrigues do Valle (Scicio) Charadista e “director literário” de O Palrador. Usou o pseudónimo de Scicio. Karl Heywood Assinatura para personalidade sem obra atribuída [Esp. 13A-27v]. Karl P. Effield Natural de Boston e autor de The Miner's Song, primeiro poema em inglês publicado por Pessoa, no The Natal Mercury (11 de Julho de 1903), alegadamente composto na Austrália. Subsiste uma assinatura de K. P. Effield num documento autorizando o portador a receber a correspondência que lhe for endereçada durante a sua ausência [Esp. 49D2-18v].

Em 1903, Pessoa utilizou o nome de Effield, em correspondência pessoal, como testemunha um subscrito que lhe foi endereçado a partir de Inglaterra [Esp. 134-1]. L. Guerreiro Consoante uma lista de Estudos Contemporâneos [Esp. 48H-7], seria o autor alternativo (a Gervásio Guedes) de A Coroação de Jorge Quinto. Lili Charadista, colaboradora de A Palavra. Lucas Merrick Contista, irmão do anterior. Co-autor com Sidney Parkinson Stool do livro The Adventures of Joseph Andreias, de Henry Fielding. No topo de uma lista de títulos o seu nome foi riscado e substituído pelo de C. R. Anon, enquanto uma outra colectânea de contos seus passou a pertencer a S. P. Stool [Esp. 153-9v e 10]. Luís António Congo Colaborador de O Palrador, cronista e autor de uma longa nota biográfica sobre Eduardo Lança (idem, 24 de Maio de 1902). Manuel Maria Aparentemente em substituição de Pantaleão (vd.), faz a sua aparição em 1909, enquanto autor das Visões, projectadas para O Fósforo e O Iconoclasta, jornais a editar pela Empresa Íbis [Esp. 55D-101v, 144V-10, 11]. Maria José Tem 19 anos de idade, restando-lhe pouco tempo de vida, em consequência de uma tuberculose. Além de ser corcunda, sofre de um problema nas pernas que lhe retira mobilidade. Autora de A Carta da Corcunda para o Serralheiro, datada de 1929 ou 1930 [Esp. 95-7 a 9], que não tenciona enviar ao Sr. António, serralheiro que todos os dias passa pela rua onde a signatária reside. Existem apontamentos decerto destinados à carta ou a uma versão embrionária da mesma [Esp. 14C-6v]. Já o projeto de conto O Sonho da Maria José, constante de uma lista elaborada antes de 1915 (481-3v), nada terá que ver com esta personagem. Marnoco e Sousa José Ferreira Marnoco e Sousa (1869-1916) foi jurisconsulto e professor na Universidade de Coimbra. Apesar de português, assina uma comunicação mediúnica (1916?) e redigida em inglês.

Marvell Kisch Autor de Os Milhões de um Doido, romance em folhetins cujo primeiro capítulo consta de O Palrador de Julho de 1903 [Esp. 144R-12 e 13]. Miguel Otto Irmão de Carlos Otto (vd.). Incumbido da tradução do Tratado de Lucta Livre, o qual também lhe foi creditado, achando-se o título riscado, tal como o nome de Miguel, de quem não subsiste nenhum outro vestígio [Esp. 144V-5]. Monsieur Alfred Wyatt Subsiste uma assinatura de 1910. Residia na rue Richet, n. 14, em Paris [Esp. 144V- 27v e 47v]. Morris & Theodor Charadistas de O Palrador que trabalham em parceria. Navas Surgido em 1910. Apontado como tradutor para português de contos do ciclo Tales of a Reasoner [Esp. 48A-53, 57], redigidos em inglês por Pessoa, tais como The Case of Mr. Arnott, The Case of me Science Master (atribuído a Horace James Faber e C.R. Anon) e The Case of me Quadratic Equation. Ninfa Charadista, colaboradora de O Palrador. Nympha-Negra Charadista, colaboradora de O Palrador. Olegário Victor Andrade Assinatura para personalidade histórica sem obra atribuída [Esp. 144V55]. Olga Baker Autora de três livros que Pessoa projectou “para ganhar dinheiro”: O Livro do toilette, O Livro da dona de casa e O livro da mãe. O nome de Olga Baker e a menção às obras acham-se consignados nas mesmas páginas do caderno (1913?) onde ocorrem o nome e as obras de James Bodenham (vd.), planeadas com o mesmo intuito. Pad Zé Pseudónimo do autor (Pedro da Silva Sales) de anedotas, enigmas e charadas para números de O Palrador publicados em 1902.

P[adre] Gonçalves Gomes Colaborador anti-monárquico, previsto para algum dos jornais com edição projectada pela Empresa Íbis, no qual havia de subscrever uma crónica intitulada De Monóculo, especulando sobre o tema “o regicídio perante a estética” [Esp. 55D-101v, 48G-10]. Pantaleão António Tabucchi crisma-o de visionário etérico e astral (cf. Pessoa mínima), em virtude das suas experiências mediúnicas: Direction of Writing (folha com assinatura de Charles Robert Anon [Esp. 13A-72]); Comunicação recebida em 12 de Novembro de 1916 [Esp. 54B-23], repentinamente, e sem serem formuladas perguntas; etc. O único dos quatro nomes mencionados no The Transformation Book or Book of Tasks, que escreve em português. As tarefas (tasks) aí consignadas atribuíam-lhe a redacção de dois artigos de sátira política, intitulados A Psicose Adiantativa (vd. fragmentos, in Pessoa, EGL, p. 238-240) e A Nossa Administração Colonial [Esp. 92H-19 a 26], ambos destinados a ser editados sob a forma de panfletos pela Empresa Íbis [Esp. 48B-132, 148], uma série de Visões consonantes com o mesmo ideário [Esp. 48A-44, 48D-1, 92X-86 a 94, 144A2] e também poesia (inexistente). Além dos supramencionados escritos, Pantaleão, surgido em 1908, deveria redigir (segundo outros planos [Esp. 48A-4 e 8, 48H-19, 144D-1]) muitas Cartas projectadas, algumas das quais foram, de facto, parcialmente escritas [Esp. 15L75 a 78, 273H e 2720A4]. Uma de tais projectadas cartas ocupar-se-ia da “evolução mental do Faustino Antunes (sátira sobre simbolismo e incompreensão)” [Esp. 48A-4]. Também foi autor de máximas e reflexões sobre diversas matérias [Esp. 273H], contando-se ainda entre os colaboradores de O Fósforo [Esp. 87-7, 144v-10], jornal projectado, em 1909, para a Empresa Íbis. Parry Charadista, colaborador de O Palrador. Pedro da Silva Sales Redactor dos primeiros números de O Palrador, criado em Durban (1902) e, depois, Director Literário da secção de anedotas do mesmo periódico (Julho de 1903). Assina colaboração em O Palrador sob o pseudónimo de Pad Zé. Pero Botelho Autor de novelas policiárias e cartas[Esp. 48A-48v] surgido em 1913 ou, talvez, no ano precedente. Enquanto contista, tornou-se herdeiro de dois projetos de Vicente Guedes (vd.): A Morte do Dr. Cerdeira e A Experiência do Dr. Lacroix, tendo sido designado autor do ciclo de policiais Quaresma, Decifrador [Esp. 25-134].

Em algumas cartas, tece considerações sobre a sua própria psicologia [Esp. 2719N3-1 e 2, 138A-66, 144P-1), incidindo outras sobre fenómenos psicológicos que testemunhou [Esp. 2719N3-3, 131-35a]. Pevide Vd. Pip. Sem obra atribuída. Pimenta Charadista de O Palrador. Pip Colaborador de O Palrador, poeta humorístico, autor de anedotas e charadas, antecessor do Dr. Pancrácio. Subscreve Os Ratos, composição humorística publicada em O Palrador (n. 5, de 22 de Março de 1902 [Esp. 87-23]), o poema em português mais antigo de que dispomos de Pessoa, se se exceptuar a quadra dedicada à mãe, composta quando contava sete anos. Em O Palrador (24 de Maio [Esp. 87-24]), o Dr. Pancrácio figura, na secção das charadas, como o “antigo Pip”, cujo lugar assumirá, por fusão com ele. Não obstante, Pip ressurgirá nas guardas do Revised Latin Primer (1898), manual escolar usado por Pessoa em 1904 e onde, para além de Pip, ocorrem também os nomes F. Pips e, na primeira página do prefácio, Pipitus, Pipitos e Pevide. Pipitos Vd. Pip. Sem obra atribuída. Pipitus Vd. Pip. Sem obra atribuída. Professor Jones Activo entre 1906 e 1908. Destinatário, na sua qualidade de investigador psíquico (psychical researcher), de uma carta de um tal William Smith, seu congénere [Esp. 114259]. Derradeiro autor apontado por Pessoa para assinar o Essay on Poetry [Esp. 146-72v]. Notas redigidas em Lisboa, em 1906 ou 1907 [Esp. 2721J4-1 e 2], troçam de um Dr. William Jones por este nunca se comprometer. Em outro apontamento, o mesmo William Jones é um palhaço (theater clown) que se suicida, envergonhado, em consequência de uma queda no palco durante uma actuação [Esp. 144H-1v].

Existem assinaturas: de William Jones [Esp. 133A-29v], de Wm. Jones [Esp. 13A-65v] e (3) de Mr. Jones [Esp. 144T-61], autor pouco exigente (“an author and an easily pleased man”) [Esp. 55E-32v]. Professor Trochee Segundo autor apontado para assinar o satírico Essay on Poetry, na sua maior parte redigido em Durban e, inicialmente, subscrito pelo Dr. Pancratium (vd.), depois substituído pelo Professor Trochee [Esp. 100-4], subscritor de uma versão (parcial) revista em Lisboa [Esp. 100-2]. Raphael Baldaya Astrólogo, nascido no final de 1914, ou inícios de 1915, e não em Dezembro de 1915, como se inferiu de uma carta remetida a FP por por Sá-Carneiro a 24 desse mês: “A sua encarnação em Raphael Baldaya, astrónomo de longas barbas, é puramente de morrer a rir”. Sabe-se que, naquele período, Pessoa se dedicou com afinco ao estudo da astrologia, preenchendo muitas páginas de um caderno [Esp. 144P] com apontamentos sobre os princípios básicos da disciplina. A maioria dos projetos que referem Raphael Baldaya, que era bilingue, e os textos por ele assinados são anteriores a 1922. A partir de 1925, Pessoa passa a tratar Baldaya no pretérito, como se ele já tivesse falecido, todavia reporta-selhe com admiração, referindo várias novidades interpretativas do “sistema Baldaya” [Esp. 905-41 e 42,906-20 a 22]. Obras: Sistema de Astrologia e Introdução ao Estudo do Ocultismo [Esp. 144P-36], Novo Tratado de Astrologia (talvez outro título para Sistema de Astrologia, referido numa folha solta [Esp. 16A-50v]), The Foundations of 'Astrology e Mundane Astrology [Esp. 901-1], The Theory of Periods in Astrology (redigida parcialmente em inglês e em português [Esp. 901-16]), The Doctrine of Transits (panfleto destinado a ser vendido em Inglaterra [Esp. 133M-98v, 901-1]). Além destas ainda fora projectado um livro sobre a Grande Guerra entendida do ponto de vista astrológico [Esp. 133M-98v], e um outro com considerações astrológicas sobre os “four past empires” e o Quinto Império ainda por vir [Esp. 90L25 a 28]. As reflexões de Baldaya sobre o ocultismo foram geralmente redigidas em português, a saber: Tratado da Negação [Esp. 22-31], Princípios de Metaphysica Esoterica (no qual se mostra muito crítico da teosofia [Esp. 54A85 e 86]), Hermenêutica das trovas do Bandarra [Esp. 901-8, 125A-30, 137 A21]. Pessoa tencionava publicar, a título póstumo, algumas das obras creditadas a Baldaya, ainda referido numa longa carta de 13 de Janeiro de 1935, como um dos heterónimos ainda “para aparecer”. Rabanete Charadista de O Palrador.

Reverendo Walter Wyatt Provável irmão clérigo de Frederick Wyatt (vd.), também conhecido como Sir Walter Wyatt. Residia em Sandringham, perto de Norfolk (Inglaterra). Roberto Kola Diretor charadístico de O Palrador, pseudónimo de Pedro da Silva Sales (Julho de 1903). Sableton-Kay Autor do romance A Luta Aérea, romance anunciado em O Palrador de Julho de 1903. Scicio Charadista de O Palrador e pseudónimo de José Rodrigues do Vale. Sher Henay Compilador e prefaciador de uma antologia sensacionista em inglês, concebida em 1916 [Esp. 48-9], a qual incluiria obras de Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro, Armando Cortes-Rodrigues, Alfredo Pedro Guisado e Albino Menezes. Sher Henay também subscreveu vária correspondência. Sidney Parkinson Stool Autor previsto para alguns contos inicialmente atribuídos a Lucas Merrick (vd.). Também autor de Atlantis, eventualmente o título de um poema [Esp. 49B4-37]. Sousa Espírito mencionado em comunicações mediúnicas recebidas durante o ano de 1917 ou no seguinte de 1918. Thomas Crosse Tradutor e ensaísta em língua inglesa, surgido por volta de 1916. Apontado enquanto tradutor dos Complete Poems of Alberto Caeiro numa lista de projetos de 1921 [Esp. 137A-24]. A redacção do prefácio destinado a acompanhar a tradução foi iniciada em 1915, ou, mais provavelmente, em 1914. Extenso, apesar de inacabado, o prefácio é constituído por três fragmentos dactilografados [Esp. 21-89 e 90, 21-98 a 103 e 21-104] e, pelo menos, por dois manuscritos [Esp. 14B-12 a 14, 143-1 a 4], sendo o último explicitamente atribuído a Crosse. No que concerne à tradução propriamente dita, não foi além de alguns versos do poema XXXIV de O Guardador de Rebanhos [Esp. 74B-38]. A actividade de tradutor prevista para este inglês de tendências épicoocultistas, divulgador da cultura portuguesa, abarcava um amplo espectro da

poesia portuguesa, consoante plano elaborado, em 1916 (?), a saber: cantigas medievais, José Anastácio da Cunha, Cesário Verde, Antero de Quental, Guerra Junqueiro, Decadents and Pessimists e The "Sensationists [Esp. 143-5, 481-10, 143-6, 143-13]. O ano de 1921, assinala uma viragem na sua carreira. Começa a escrever ensaios sobre Curious Proofs and Arguments, tais como, por exemplo: How Napoleon Never Existed [Esp. 48B-23, 74B-44 a 52], The Birthplace of Columbus, The Myth of King Sebastian e Singularities of Language. Numa que aparenta constituir a derradeira lista de “possible articles” de Thomas Crosse [Esp. 143-13] acham-se artigos como os intitulados Dictatorships e The Military Government in Portugal. Tagus Charadista no Natal Mercury (Durban, Setembro de 1903 e Junho de 1904). Foi em nome de Tagus que Pessoa arrecadou, em Dezembro de 1903, um Puzzle Column Prize outorgado pelo referido jornal. Torquato Mendes Fonseca da Cunha Rey Defunto. Autor de um único escrito, intitulado A Nossa Administração Colonial (notas de um monárquico), o qual Pantaleão (vd.) deveria incluir nas suas Visões (cf. apontamento datável de 1909 [Esp. 273H-15, 92H-22]). The Transformation Book atribui a referida obra ao próprio Pantaleão. Trapalhão Nomeado como decifrador de charadas nos três números de O Palrador publicados em 1902. Nenhuma de tais charadas sobreviveu. Um Irregular do Transepto Pseudónimo. Um Sonhador Nostálgico do Abatimento e da Decadência Pseudónimo. Usquebaugh V. Bangem Autor de A Psicose Adiantativa, ensaio satírico atribuído a Pantaleão (vd.) pelo The Transformation Book. Destinava-se a ser apresentado na “Universidade de Nowhere”, supõe-se em inglês, e traduzido para português por F. Nogueira Pessoa [Esp. 92H-16]. Velhote Charadista, colaborador de O Palrador.

Vicente Guedes Poeta e contista muito prolífico e multifacetado, surgido em 1909. Enquanto contista, merecem destaque os Contos de um Doido (incluindo a tradução para português de Um Jantar Muito Original de Alexander Search [Esp. 48A-52]), e os contos incompletos: O Naufrágio da Barca Texas [Esp. 2719F3], A Perda do Iate Nada [Esp. 144P], A Morte do Dr. Cerdeira [Esp. 278A2] e O Asceta [Esp. 2720V3-1], entre outros títulos e ideias constantes de diversas listas consignadas em papéis avulsos [Esp. 48A-11, 13, 14, 133B-76, 133G-32, 133J-31v e 33]. Além dos contos, Vicente Guedes projectava publicar poemas no jornal O Iconoclasta e traduzir variadíssimas obras destinadas a uma colecção de literatura estrangeira (tragédias de Ésquilo, poesia de Byron e Shelley e Dr. Jekyll and Mr. Hyde, de Robert Louis Stevenson [Esp. 144V-6, 7, 11]). Dos sete poemas subscritos por Guedes, seis datarão, certamente, do período compreendido entre Janeiro e Junho de 1910. Desses, cinco intitulamse: Paganismo [Esp. 35-9], Momento Doentio [Esp. 36-39 e 40], Nunc est bibendum... [Esp. 56-42] e Visão (previamente creditado a Carlos Otto [Esp. 36-2]), O cemitério branquejava negro [Esp. 40-22v]. Cerca de 1915, Vicente Guedes assumirá a autoria do Livro do Desassossego, figurando como autor, aparentemente falecido, da espécie de diário que o prefaciador se encarrega de publicar. Com efeito, Vicente Guedes figura em vários projetos de publicação na qualidade de autor do Livro do Desassossego, inclusivamente no prefácio de Aspectos, antologia de obras heterónimas, datável de 1919 ou do ano seguinte. Solitário desde a infância, Vicente Guedes nunca teve amantes nem amigos. Foi ajudante de guarda-livros, residindo num quarto andar da Rua dos Retroseiros, na Baixa de Lisboa. Vodooist [?] Espírito malévolo, surgido durante o Verão de 1916. Por vezes assinava “Joseph Balsamo” (nome do conde Alessandro di Cagliostro, 1743-1795). O Voduísta escrevia, geralmente, em inglês, existindo, no entanto, uma comunicação sua em francês. Também assinou um pequeno poema [Esp. 4228]. Combatia outros espíritos, que se esforçavam por proteger Pessoa da sua acção nefasta. Zé Fininha Pseudónimo do Dr. Pancrácio, com o qual assina uma cómica Carta de um provinciano (in O Palrador). Zé Nabos Charadista de O Palrador

Wardour Poeta revelado em comunicações mediúnicas, em língua inglesa, durante o Verão de 1916. Wardour também era astrólogo, tendo auxiliado FP a elaborar e a interpretar a carta astrológica de Margaret Mansel [Esp. 904-24a], mulher com quem o poeta português se deveria relacionar, segundo comunicações mediúnicas de George Henry More e de Wardour. Subscreve também dois poemas em português, um dos quais em parceria com Fernando Pessoa [Esp. 58-12, 42-28ª]. Numa circunstância, encabeçada pelo título Involuntariamente [Esp. 66D14], Wardour chega a interferir na escrita de Pessoa (“This is no good”), sugerindo-lhe mesmo uma versão diferente. W. Fasnacht Subsistem rascunhos de um anúncio, seguidos de três ensaios de assinatura, por intermédio do qual este grafólogo (gerado em 1907 ou 1908) anuncia os seus serviços por correspondência, contra 200 réis e um sobrescrito endereçado [Esp. 15B2-77]. W. W. Austin Suposto remetente que envia The Miner's Song a The Natal Mercury, juntamente com uma carta explicando a origem do poema ”de um jovem chamado Eífield”, o melhor de todos que ouviu a uns mineiros que conheceu durante as suas viagens pela Austrália. Subsistem nos papéis de Pessoa algumas assinaturas de Austin [Esp. 574v]. William Jinks Enquanto protagonista de pequenos relatos ficcionais redigidos em inglês, o Dr. William K. Jinks foi um charlatão radicado em Nova Iorque. Aí editava uma revista cujo objecto era promover a vida saudável e a regeneração do mundo [Esp. 2721K4-1 a 4]. Sem qualquer justificação aparente, tornou-se locatário de uma cadeia londrina, de onde escreveu uma carta num inglês extremamente defeituoso, datável de Abril de 1905 [Esp. 1141 – 81a e 81a v]. Charles Robert Anon compôs em Durban, An Elegy on the Marriage of my Dear Friend Mr. Jinks, poema satírico (que à semelhança de muitos outros poemas de Anon, passaria a ser propriedade literária de Alexander Search), que Pessoa pensou propor para publicação, em Fevereiro de 1906, à revista inglesa Punch. Existe uma assinatura para William Jinks, junto a assinaturas de Charles Robert Anon e William Jones [Esp. 13A-65v] e um retrato desenhado por Pessoa num dos livros (Kennedy, The Revised Latin Primer, p. 233) que usou na Durban High School.

Willyam Links Esk Personagem de ficção que assina uma carta escrita num inglês defeituoso.

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