É proibido não tocar (Revista Factus)

August 6, 2017 | Autor: A. Batel Anjo | Categoria: Science Education, Science museums and science centres
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Museu da Ciência e da Técnica é o lugar ideal para quem deseja viver as relações do homem com o mundo, onde se privilegia o conhecimento num espaço interativo capaz de proporcionar aprendizagem através do despertar de sentidos – os sentidos da ciência.

Quando vai existir uma rede de Museus? Não importa o tempo, importa a certeza – vai existir. A ciência discute-se a cada passo, a cada dia. Já o avanço da mesma não questionável por ninguém. Criar uma sociedade moderna exige espaços de experimentação onde a ciência seja posta à prova.

Em Moçambique prepara-se a primeira unidade de uma rede de Museus de Ciência e Tecnologia que vão existir neste país.

Assim na Escola Secundária Francisco Manyanga vai nascer um Museu de Ciência e da Técnica. Qual o seu enquadramento?

Esta é uma das recomendações, de entre muitas saídas da Conferência de Nairobi, promovida pela Unesco em 1976.

“Authorizes the Director-General to undertake or pursue a programme of activities designed to promote, in the context of lifelong education, the renovation and improvement of structures, content, methods and techniques of school and out-of-school education geared to development, bearing in mind

Unesco’s recommendation concerning education for international understanding, co-operation and peace and education relating to human rights and fundamental freedoms and the various needs of Member States”. (1) Da leitura deste documento salienta-se a criação de uma forte consciência social e política em torno da Ciência e da sua Divulgação como forma de promoção do sucesso.

Formal, Não-Formal ou Informal? EIS A QUESTÃO.

intencional, para facilitar determinadas aprendizagens a grupos de adultos ou crianças. A aprendizagem não-formal desenvolve-se, assim, de acordo com os desejos do indivíduo, num clima especialmente concebido para se tornar agradável.

A aprendizagem que cada indivíduo for construindo ao longo da sua vida é fundamental para a compreensão da Ciência. Para isso contribuirão todas as situações de ensino formal, não-formal e informal com que se vier a confrontar.

Finalmente, a educação informal ocorre de forma espontânea na vida do dia a dia através de conversas e vivências com familiares, amigos, colegas e interlocutores ocasionais.

A educação formal carateriza-se por ser altamente estruturada. Desenvolve-se no seio de instituições próprias – Escolas e Universidades – onde o aluno deve seguir um programa pré-determinado, semelhante ao dos outros alunos que frequentam a mesma instituição. A educação não-formal processa-se fora da esfera escolar e é veiculada pelos museus, meios de comunicação e outras instituições que organizam eventos de diversa ordem, tais como cursos livres, feiras e encontros, com o propósito de ensinar ciência a um público heterogéneo. Pode ainda dizer-se que a educação não-formal é toda a atividade organizada, sistemática e educativa, realizada fora do sistema oficial e de forma

Posto isto, podemos afirmar que os ensinos formal, não-formal e informal podem apresentar-se como vias complementares de acesso à informação científica. Esta perspetiva tem como foco uma visão de linearidade ciência-cultura. Neste sentido, a ciência não se opõe à cultura, antes a integra, contribuindo com conhecimentos específicos para um saber que se adapte às necessidades gerais dos indivíduos numa sociedade. Para estes investigadores distinguem-se apenas a educação formal e a educação informal. Assim, a educação considerada não-formal passa a estar englobada na denominação por informal, pelo que o “conceito de informal” passa a conter também a definição apresentada para não-formal. A aprendizagem informal é de entre todas, a forma de aprendizagem menos programável. É um processo que dura toda a vida e em que as pessoas adquirem e

acumulam conhecimentos, capacidades, atitudes e modos de discernimento mediante as experiências diárias e sua relação com o meio ambiente. No entanto, a ocorrência de umas e outras na vida de cada um não é equivalente. Com efeito, o ensino formal ocorre normalmente na primeira fase da vida, antecede a atividade profissional e é estruturado de acordo com os objetivos das políticas educativas vigentes. O conhecimento a que se pode aceder na escola é, em grande parte, não determinado por cada estudante. Daí os confrontos entre setores que defendem diferentes currículos, diferente escolaridade e diferentes modos de avaliação. No contexto do ensino formal, as diversas propostas apresentadas pelos educadores de Ciência convergem todas no sentido de que este ensino deverá fornecer ao aluno as bases para aceder a mais conhecimento científico (por via escolar ou não) e tornar-se um cidadão esclarecido e informado para a tomada de decisões. Por isso, o ensino das ciências terá que contribuir para a formação da atitude crítica próprias de um espírito científico. No que respeita à educação em ciências, a Escola tem um papel fundamental, mesmo com todas as suas possíveis lacunas, pois muitos dos conceitos científicos são contra-intuítivos e precisarão de um sistema formal de ensino para serem aprendidos.

A Articulação entre os Ensinos FORMAL E INFORMAL Hoje em dia, a educação em ciência é considerada de forma irrefutável uma das principais áreas na instrução do cidadão

comum. Para além desta corrente ser praticamente um dado adquirido, o ensino das ciências deve começar cada vez mais cedo. Para tal, são apresentadas várias razões, entre elas: Responder à curiosidade das crianças (é mais fácil ganhar um físico aos 5 anos do que aos 15!); Ser uma via para a construção de uma imagem positiva e refletida acerca da ciência (as imagens constroem-se desde muito cedo e a sua mudança não é fácil). A conjugação destes e de outros fatores leva a que cada vez mais se procurem caminhos paralelos na construção e enriquecimento do saber científico global de uma sociedade bombardeada com eventos entusiasmantes mas que de certa maneira desviam os mais novos de um saber cientificamente letrado. Deste modo, surgem-nos, a partir de estudos efetuados, diversas alternativas didáticas proporcionando novas abordagens, e criando oportunidades, para os mais novos, de instrução de um saber científico cada vez mais sólido. Nesta perspetiva, o papel da escola na promoção da literacia científica dos jovens exige que nela se desenvolva o ensino inteligente das ciências, uma questão tão complexa como vasta. A Escola deixou de ser para uma elite e teve que se reorganizar para receber, acompanhar e desenvolver um grupo heterogéneo de alunos provenientes muitos deles de famílias com um passado escolar muito mais reduzido. Os problemas da escolarização passaram a ter novos contornos embora a intenção global continuasse a ser a de proporcionar formação e competências para o futuro a nível profissional, pessoal e social. 35

as sociedades modernas as vias de acesso à informação e formação são diversas, algumas delas pelas suas caraterísticas bem mais cativantes da atenção e interesse dos jovens. Isto não significa, no entanto, que a Escola esteja a perder o seu papel na formação dos jovens mas sim que terá que atender às potencialidades formativas de outras vias, até porque os alunos trazem para a Escola muita informação e saberes adquiridos por via não-formal ou mesmo informal. A Escola não é o único espaço de aprendizagem, mas terá de ser um lugar de eleição das aprendizagens. As atividades relacionadas com o conhecimento da Ciência e Tecnologia estão a ser, cada vez mais, reconhecidas como motores de crescimento económico e impulsionadores do bem-estar melhorado. Muitos países estão a dar prioridade a programas de desenvolvimento cuja instrução em ciência é mais elevada e com o empreendimento da Tecnologia baseada na Ciência no sentido de se tornarem economicamente mais desenvolvidos. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) e a UNESCO são as forças impulsionadoras de desenvolvimento apoiado na C&T dentro do mundo industrializado. É, ainda tendo em consideração todo o impacto da Ciência na sociedade que se torna óbvia a Divulgação de Ciência como agente da Cooperação para o desenvolvimento Internacional. Em suma, a Cooperação para o Desenvolvimento deve apostar na Divulgação Científica como forma de contribuir para a melhoria da Educação em Países em Desenvolvimento, tendo,

porém consciência da importância dos recursos existentes nos espaços de ensino não-formal, como ambientes complementares da sua ação.

Património Científico e Tecnológico Ao Património Cultural, urge acrescentar outros conhecimentos que a Ciência e a Tecnologia proporcionam, contribuindo para uma visão enriquecida, do mundo e de nós próprios. A ideia enraizada de que estas temáticas são herméticas e incompreensíveis é uma ideia a contrariar com o esforço de todos os que se envolvem no trabalho de produção e divulgação de ciência. É verdade que os resultados da investigação produzidos em laboratório são difíceis de comunicar, (a comunicação não é linear) mesmo entre profissionais da mesma área, se não forem especializados nessa área (o trabalho de investigação está cada vez mais compartimentado). Mas são esses mesmos investigadores que têm que fazer um esforço ainda maior para transmitir (comunicar) a informação de forma acessível, seja em diálogo direto com os cidadãos seja através de intermediários profissionais vocacionados para a comunicação e ações de divulgação de ciência e tecnologia (entre os quais também se encontram os professores). A produção de conhecimento científico e tecnológico deve vir a ser entendida como qualquer outra profissão de interesse público não só pelo produto acabado (aplicado) evidente pela melhoria das condições de vida que pode originar.

Tal como no Ensino na Escola, a Comunicação ao público em geral, deve ter em conta a experiência, vivências e interesses dos recetores da informação. A aproximação a fenómenos facilmente identificáveis e observáveis na natureza é importante para não quebrar os canais de comunicação com os seus destinatários. Desta tarefa não faz parte ensinar nem hierarquizar saberes adquiridos, nem muito menos avaliá-los e classificá-los. Esta é a diferença mais óbvia entre Divulgação /Comunicação de Ciência, e ensino Escola em sociedade, mas ambas as áreas de intervenção em sociedade contribuem para a promoção da Cultura em geral e a cultura científica em particular.

É PROIBIDO NÃO TOCAR

teórica. A situação levou a comunidade dos Físicos Fundamentais a discutir o modo apropriado de lidar com casos nos quais os resultados experimentais preliminares desafiam leis "estabelecidas". Parece que aqueles físicos estavam abertos a desafiar uma das teorias mais preciosas, a relatividade especial. O facto é que a Teoria de Einstein saiu dos testes sem nenhum beliscão, mas o facto de haver alguém que coloque a hipótese de considerar a possibilidade de que a relatividade especial estivesse errada é encorajante. Penso que na comunidade dos Biólogos existe uma teoria que todos têm uma grande estima e consideração – a Teoria da Evolução. Procurei por várias bases de dados científicas e não encontrei um artigo que se propusesse para desafiar os aspetos fundamentais da evolução. Será apenas uma questão de tempo.

É aqui que tudo de encaixa. O visitante torna-se participante: ora pode escalar uma rampa, num “desafio de uma coreografia arbitrária”, ora pode cruzar o espaço numa bicicleta num precário equilíbrio ou deitar-se numa cama de pregos. Quando estamos a aprender – tocar, sentir é a parte essencial do processo.

A liberalidade e a disposição de tolerar o desafio de “é proibido não tocar” é de facto o princípio básico da ciência. Criando espaços onde tudo possa ser testado, mesmo que levante todas as dúvidas, é sem dúvida o mais importante e fundamental da nossa sociedade.

Mas a ideia pode ir mais longe é proibido não desafiar as ideias estabelecidas e confrontá-las com os nossos saberes.

(1). Records of the General Conference Nineteenth Session Nairobi, 26 October to 30 November 1976, Volume 1, Resolutions United Nations Educational, Scientific and

No artigo “No theory is too special to question” (2) , Casey Luskin fala da suposta descoberta que os neutrinos podem viajar mais rápido que a luz. No entanto após refazer o conjunto de experiências, ficou demonstrado que os neutrinos não podem viajar mais rápido do que a luz. Mas a tentativa de refutar a afirmação foi um exercício útil para a comunidade da física

Cultural Organization. [http://unesdoc.unesco.org/images/0011/0 01140/114038e.pdf] (2). “No theory is too special to question”, Nature 483, 125 (08 March 2012). [Giovanni Amelino-Camelia, a theoretical physicist at the University of Rome La Sapienza, has a thoughtful article in Nature titled, "No theory is too special to question." It recounts the recent spat over the supposed discovery of neutrinos that can travel faster than light. As he notes, after further experiments, it turns out that neutrinos can't travel faster than light.]

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