Econocriativa das editoras baianas

May 29, 2017 | Autor: R. Machado Galvão | Categoria: Literature, Books, Creative Economy, Public Policy
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Econocriativa — mapeamento e diagnóstico das editoras baianas

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA Evandro do Nascimento Silva Reitor Norma Lucia Fernandes de Almeida Vice-reitora

Eraldo Medeiros Costa Neto Diretor Valdomiro Santana Editor Zenailda Novais Assistente Editorial CONSELHO EDITORIAL Antonio Gabriel Evangelista de Souza Claudia de Alencar Serra e Sepúlveda Eduarda Cristina Costa Sena Eraldo Medeiros Costa Neto João de Azevedo Cardeal Joselito Viana de Souza Maria Ângela Alves do Nascimento Sandra Medeiros Santo Trazíbulo Henrique

CALILA DAS MERCÊS OLIVEIRA RAQUEL MACHADO GALVÃO ROBERTO HENRIQUE SEIDEL

Econocriativa — mapeamento e diagnóstico das editoras baianas

Feira de Santana 2016

Copyright © 2016 by autores Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009. Projeto gráfico: Raquel Machado Galvão e Calila das Mercês Oliveira Editoração eletrônica: Raquel Machado Galvão Capa, gráficos e infográficos: Calila das Mercês Oliveira Revisão textual: dos autores Normalização: Roberto Henrique Seidel

Todos os direitos desta edição reservados à UEFS Editora, Av. Transnordestina, s/n, Campus da UEFS, CAU III 44.036-900 — Feira de Santana, BA Telefone: (75) 3161-8380 E-mail: [email protected]

Grupo de pesquisa: Econocriativa — Mapeamento e Diagnóstico das Editoras Baianas Chamada CNPq/MinC/SEC No. 80/2013 Tema: Empreendedorismo cultural e criativo Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários (PROGEL) Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) Coordenador: Roberto Henrique Seidel Pesquisadoras bolsistas: Calila das Mercês Oliveira, Rafaela Ferreira Anunciação, Tainá das Mercês Oliveira Pesquisadora voluntária: Raquel Machado Galvão

E-Criativa

SUMÁRIO O Projeto e a Economia Criativa

9

Apresentação 13 Resultados - As Editoras - Produção - Criação - Distribuição e Consumo - Difusão - Parcerias - Políticas Públicas - Conclusão - Produções

17 19 22 28 30 32 35 37 40 43

As Editoras 46 Artigos Especiais 59 A bienal, as feiras e as festas literárias, bem como o papel do segmento público e das editoras universitárias nesta área 61 Políticas públicas para as editoras baianas: 65 caso “Edital de apoio à publicação de livros por editoras baianas” Novos rumos e outros nem tão novos assim 69

Anexos Anexo A - Formulário da Pesquisa Anexo B - Site: www.econocriativa.org Anexo C - Plano Estadual do Livro e da Leitura

71 73 83 91

O Projeto e a Economia Criativa: algumas palavras e questionamentos

N

o cotidiano da maioria das pessoas a leitura se faz presente a todo tempo. Algumas literaturas — para usar um conceito mais antigo, de literatura como qualquer escrito — ocupam parte de nossas vidas e às vezes nem nos damos conta de como elas são produzidas, rápidas como bulas de remédio, letreiros e informações de exposições, banners, livretos de bolso e para os mais insistentes com a arte das letras, livros, pequenos, grandes, bons, medianos, mas livros. Daí vem uma curiosa questão, como é a cadeia de produção de um livro? Como um escritor consegue ultrapassar as linhas escritas num caderno ou em um computador para as mãos de um leitor? E como isso ocorre aqui na Bahia? Onde começa e termina um livro? Como as editoras locais conseguem transformar um sonho ou uma necessidade em um produto tão pensado e investido por um criador/escritor? Para nós a literatura ou a arte de escrever livros está bastante associada à cultura, pois quando pensamos em cultura também pensamos na escrita, e esta certamente é uma das mais antigas e respeitadas formas culturais de expressão popular. Ao pensar na temática percebemos que a Bahia hoje é um dos estados brasileiros referência em estudos sobre cultura: políticas, desenvolvimentos, identidades culturais na sociedade e temáticas que perpassam tudo que é possível de ser estudado e debatido dentro e fora das universidades. Economia Criativa certamente foi uma das temáticas mais associadas aos encontros relacionados com políticas culturais a partir de 2013 na Bahia. Em quase todos os eventos, retrataram conceitos, falaram de desenvolvimento urbano, novos cenários, estudos de mercado, articulações empreendedoras, técnicas e “formas” de se fazer cultura

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aqui no Brasil e também em cidades de outros países, vistas como bons exemplos a serem seguidos ou pelo menos que servem de inspirações. Certamente são eventos internacionais e locais como esses que formam e também nos dão a oportunidade de perceber o que tem sido ou não relevantes para gestores e pesquisadores do campo cultural. Livros e coletâneas também foram produzidos sobre a temática na Bahia, como o Infocultura da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia com a temática Ocupação e trabalho na Economia Criativa do estado da Bahia (dezembro de 2014). A literatura, uma arte tão apreciada e de tanto respaldo por ser referência devido a tantos representantes da arte serem traduzidos e premiados mundo afora, aparece nesses encontros como figurante por vezes, e talvez seja este o motivo que tanto nos intrigou para desenvolver o estudo sobre a cadeia produtiva do livro da Bahia. Como pesquisadores de literatura, sentimos a necessidade de esmiuçar a respeito da arte literária que tantos fazem, criam, mas que ainda é pouco discutida nas tantas mesas de eventos sobre cultura e/ou economia criativa. Infelizmente há uma tendência ao esquecimento do que está, por vezes, óbvio, diante dos nossos olhos. Aqui está um mapeamento e diagnóstico de editoras baianas. Estudo realizado em 11 meses por pesquisadores da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), resultado de uma pesquisa desafiadora e labiríntica. Primeiro por conta da geografia do estado: são 417 cidades baianas e logisticamente seria impossível para a equipe ter o alcance máximo de entrevistas. De forma geral, algo que também seria inviável de obter: um vasculhamento completo, já que notamos que muitas gráficas atuam como editoras na maioria das cidades, e há também um número

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expressivo de escritores que publicam seus próprios livros em domicílio, a exemplo dos poetas e cordelistas. Por isso, utilizamos uma mostra de que se pode extrair dados que já dão uma ideia do nosso panorama e que também pode oferecer algumas discussões, servindo ainda como convite para uma certa atenção para a literatura e sua teia organizacional. Como a maioria dos projetos de pesquisa, eles começam grandes e, com o andar das dinâmicas locais, vão ganhando forma, saindo da teoria para a prática. E diante dela, ao buscar traçar um diálogo com as editoras da Bahia o objetivo maior foi de analisar como elas se estabelecem diante da cadeia produtiva da economia do livro. A partir de dados gerais, entrar na teia de conhecimento sobre as dinâmicas de produção de livros, a relação dos editores com os criadores e os aspectos do não tão inusitado gargalo de distribuição e consumo de publicações. Além disso, foi importante perceber a presença de um importante instrumento de difusão de livros, notadamente, os eventos, as feiras e festas literárias. De forma mais ampliada ainda, o diagnóstico buscou elencar as principais dificuldades encontradas na atuação das editoras na Bahia, analisando também o nível de consciência delas mesmas sobre as políticas públicas existentes em nível nacional, estadual e municipal. Entre tropeços e acertos, no percurso da pesquisa encontramos dificuldades em alguns quesitos, o primeiro relacionado ao tempo, pois, em 2014, praticamente o estado parou em dois momentos — durante a copa do mundo e durante o período eleitoral — e como é de se imaginar foi muito complicado para aplicar questionários em períodos tão delicados. Além disso, outro quesito e mais importante foi encontrar editoras que pudessem relatar sem pudores e re-

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ceios a real situação das suas empresas. A estas editoras que nos deram credibilidade somos muito gratos por nos mostrar suas qualidades e lutas diárias para se manterem firmes em “locais” ainda não tão seguros e ainda não tão confortáveis. Outra parceria muito interessante foi com as editoras universitárias, as quais nos receberam da melhor forma possível, como agentes de possíveis desdobramentos do setor, e que nos deixaram ainda mais confiantes e cientes do papel da nossa pesquisa. Nas nossas viagens, dialogamos com gestores culturais, escritores, editores, distribuidores, organizadores de feiras e eventos literários, estudantes e outros colegas pesquisadores que gentilmente fizeram parte da nossa pesquisa, com dicas, apoios e informações, intervenções positivas, o que fez com que nossa pesquisa fosse ganhando forma de verdade e chegasse aqui não como um mapeamento da totalidade sobre a cadeia produtiva do livro, mas como um recorte desafiador de reflexões que ainda vão gerar novos desdobramentos ao longo deste ano, principalmente no que diz respeito à informalidade e à comparação com dados provenientes de outros estados.

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Apresentação

O

projeto Publicações na Bahia: mapeamento e diagnóstico das editoras baianas contou com o apoio institucional da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e foi aprovado pelo edital 80/2013 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com a Secretaria de Economia Criativa (SEC) e do Ministério da Cultura (MinC). Edital, até então inédito, teve como objetivo apoiar projetos que contribuíssem para a pesquisa nas áreas prioritárias da economia criativa definidas pelo Ministério da Cultura. A equipe Econocriativa, coordenada pelo professor Roberto Henrique Seidel, durante o processo da pesquisa desenvolveu o site www.econocriativa.org e realizou trabalhos nas redes sociais do projeto com notícias sobre a economia criativa do livro, publicações sobre o setor do livro e da leitura e também demais novidades relacionadas às pesquisas de campo. O projeto contou com colaborações de pesquisadoras bolsistas e voluntárias, estudantes da UEFS, que colaboraram com a decupagem e mensuração da pesquisa, fornecendo matérias e textos para o blog/site e redes sociais. Os dados brutos da pesquisa vieram da colaboração, por intermédio do preenchimento do formulário da pesquisa (em anexo), em geral via entrevista, das editoras Editus (Editora da Universidade Estadual de Santa Cruz), UEFS Ed. (Editora da Universidade Estadual de Feira de Santana), Edufba (Editora da Universidade Federal da Bahia), Eduneb (Editora da Universidade Estadual da Bahia), e as editoras Labirinto e Escritório, Galinha Pulando, Via Litterarum, Organismo, Solisluna, Mondrongo, Casarão do Verbo, p55 Edições e Curviana. Econocriativa - mapeamento e diagnóstico das editoras baianas

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No projeto a proposta foi de realizar um mapeamento e diagnóstico das editoras baianas a fim de compreender a cadeia de produção do livro no estado e para isto a equipe realizou algumas visitas e entrevistas em editoras baianas formais e em outras que ainda estão iniciando. A ideia era fazer uma pesquisa que dialogasse com todos os cantos da Bahia, queríamos dar voz tanto à capital quanto às outras cidades do estado. Mas, como já foi relatado, o trabalho foi adquirindo forma própria, no que tange ao tipo de formalidade e a pesquisa passou a ser condensada não geograficamente, como imaginávamos no projeto inicial, mas pelas ações que editoras apresentam no estado e, principalmente, pela disponibilidade de socializar as informações. A equipe participou de algumas feiras e de alguns eventos literários realizados no estado em 2014 e também acompanhou o universo literário e as novidades do setor na Bahia. Foram entrevistadas 13 editoras das 26 inicialmente catalogadas pela equipe, sendo elas com perfis diferenciados, o que nos deu uma visão mais ampla de hipóteses e problemas já apontados no projeto e que perceberemos com os resultados a seguir.

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Resultados

As Editoras

A

ideia inicial da pesquisa era englobar as editoras que trabalham de maneira formal, informal e alternativa. Na medida em que a pesquisa foi se encaminhando, no entanto, descobrimos que tal tarefa seria mais desafiadora do que o previsto, frente a variáveis interveniente, tais como, a equipe reduzida, certa recusa/reserva em fornecer informações por parte de algumas editoras, o já apontado ano atípico (copa e eleições). No início da pesquisa, em um diálogo com um importante cordelista de Feira de Santana, ele nos fez um rico relato sobre auto-publicação/auto-edição. Sinalizou que, no mercado chamado “alternativo”, os artistas de cordel recorrem com frequência para a publicação feita por eles mesmos. Utilizam programas básicos de edição e realizam pequenas tiragens com impressoras próprias e materiais gráficos de fácil acesso. Em outras ocasiões, eles se vinculam ou a gráficas para realizar impressão ou a editoras específicas do cordel localizadas em outros estados, em Pernambuco, no Ceará ou em São Paulo. Essa sondagem, assim como outros sinais presentes nas conversas em feiras e eventos literários, nos fizeram perceber que as publicações “não-tradicionais”

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apresentam um universo particular e um imenso nicho para pesquisa, que não necessariamente entra no recorte aqui proposto por ora.

Editoras  -­‐  Bahia   Salvador  

Outras  cidades  

42%  

58%  

Fatos como esses nos levaram a realizar um recorte com treze editoras representativas na cena do empreendedorismo cultural e criativo e na área de livros e publicações. Contudo, na pesquisa realizada, optamos por preservar a diversidade territorial, ou seja, inserir tanto editoras que estão localizadas em Salvador e região metropolitana da capital, quanto as que estão em outras cidades baianas. Verificamos ainda uma predominância das editoras localizadas em Salvador na cena da economia do livro. Por isso, a partir de uma pré-produção, a equipe percebeu uma viabilidade maior de dedicar uma atenção para o mercado do livro já profissionalizado, o que foi um desvio estratégico para analisar os aspectos que interessavam saber nessa etapa da pesquisa. Na Bahia, observa-se também que as editoras profissionais locais tentam o reconhecimento em um momen-

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to em que editoras de outros estados têm, aparentemente, mais credibilidade com uma vasta parcela de escritores veteranos e também com os jovens que sonham com a primeira publicação.

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Produção

O

s primeiros aspectos de produção que foram analisados na pesquisa foram as características gerais das editoras — aqui entendidas como empresas criativas. A saber, 100% das editoras que participaram do diagnóstico são formais, ou seja, tem um Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) próprio, embora as editoras universitárias utilizem o CNPJ da universidade às quais estão vinculadas, o que acarreta algumas limitações no que tange à venda de livros1, por exemplo. Outro aspecto analisado foi quanto ao tipo da empresa — classificação — divididas em microempreendedora individual (até 2 empregados), microempresa (até 9 empregados), pequena empresa (de 10 a 49 empregados), média empresa (de 50 a 99 empregados) e grande empresa (a partir de 100 empregados). Das editoras diagnosticadas, 38% se classificam como microempresas, 31% como microempreendedor individual, 23% como pequena empresa e 8% como média em1

A maioria dos representantes das editoras universitárias da Bahia relatou algo comum a outras editoras universitárias nacionais: a ausência de autonomia, ou seja, conta corrente própria para a venda de livros online ou com cartão de crédito, uma vez que o seu CNPJ é o mesmo da universidade. Algumas criam estratégias para amenizar as limitações e promover as vendas, através da criação de fundação ou de maneira mais manual, ao realizar as vendas por e-mail, através de comprovação de depósitos.

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presa. Nenhuma das editoras apresenta no seu quadro mais de 100 empregados. E apenas uma editora vinculada a uma universidade federal se enquadra em empresa de médio porte.

Editoras - Enquadramento MEI  

Micro  

Pequena  

Média  

Grande  

0%   8%   31%   23%  

38%  

Quanto ao número de títulos publicados por ano, ao elencar o que foi publicado de 2010 à 2014, percebe-se uma relação estável de publicações apenas nas editoras universitárias, que publicam de 60 a 100 novos livros por ano. As demais publicam o número variável de 5 a 20 novos títulos por ano. Em relação à tiragem média, as editoras comerciais de micro e pequeno porte apresentaram um número de 500 exemplares por título. Algumas editoras comerciais, no entanto, que têm uma circulação a nível nacional, vendendo os títulos, inclusive, em sites de livrarias multinacionais, chegam a produzir 10.000 exemplares por projeto. Em geral, essas editoras, não investem em mais de 10 títulos por ano. As

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editoras universitárias, por sua vez, publicam de 300 a mil exemplares por título, sendo comum e frequente a incidência de reimpressões e de impressões de livros sob demanda. Sobre o trabalho específico de impressão foi detectada que apenas uma das treze editoras apresenta gráfica própria, sendo que as demais terceirizam o serviço de impressão. E como se trata de uma editora universitária, a que tem gráfica própria, a compra de papel é realizada por licitação.

Editoras - Tipos de gráficas Terceirizada    

Própria  

8%  

92%  

Na abordagem sobre os profissionais envolvidos no processo de produção, verificou-se que dentro do setor público, ou seja, nas editoras universitárias, há um envolvimento misto de profissionais terceirizados, contratados, fixos e estagiários. As editoras privadas, por sua vez, apresentam, predominantemente, profissionais terceirizados, os chamados freelancers, que são contratados para realizar projetos pontuais. No que tange à formação desses profissionais, a maioria tem curso superior na área das artes gráficas ou afins. Con-

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tudo, apenas 38% das editoras sinalizaram a presença de cursos de formação na área editorial na sua cidade. Apesar de ser verificado alguns cursos no estado que podem qualificar os profissionais interessados como graduação em editoração, comunicação e cursos de designer, de produção editorial, de revisão e criação de conteúdos criativos lançados por instituições privadas, na sua maioria, ainda é notado que parte dos profissionais que atuam nas editoras pouco se utilizam dessas ferramentas de aperfeiçoamento e atualização. Com foco nas publicações, verificou-se que entre os principais gêneros literários publicados, a poesia é o que encabeça a lista. Seguida por romance, contos, crônicas e livros acadêmicos. Livros didáticos e histórias em quadrinhos são os que menos incidem nas publicações das editoras pesquisadas. Quando se fala em assuntos, temas e áreas mais presentes nas publicações, literatura nacional é o que predomina, logo após ficção, artes, temas infanto-juvenis e outros.

Principais Gêneros Literários 29%  

Outros  

36%  

Acadêmicos   7%  

Histórias  em  quadrinhos   Cordel  

0%   36%  

Crônicas  

64%  

Poesia   Contos  

50%  

Romance  

50%  

Didá%cos  

14%  

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Sobre o pagamento de direitos autorais, 69% das editoras disseram que pagam os direitos para os seus autores, 16% relataram que não pagam e os 15% às vezes. Este é um dos pontos mais complexos da pesquisa, uma vez que existe em sentido quase global um “pacto” entre o editor e o autor. Em proporções diversas, os direitos pactuados entre as partes é o repasse de uma porcentagem da produção dos livros, mediante contratro. As editoras comerciais e as universitárias, em geral, transferem para o autor 10% do total da tiragem, e em alguns casos é bem comum um bom desconto na aquisição de mais edições/exemplares. Ao ser realizado o questionamento relativo aos direitos autorais, alguns entrevistados hesitaram por um momento, talvez por ser um tema não tão bem esclarecido, sendo atribuído o “pacto” apenas ao retorno econômico. Uma negociação que na maioria das vezes beneficia o produtor em detrimento do criador da obra.

Editoras - Direitos autorais Sim  

Não  

Às  vezes  

15%   16%  

69%  

Sobre o financiamento das publicações, em geral, as editoras e os autores são os agentes que investem nos livros,

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seguidos por outros editais e convênios. Na definição dos preços dos livros, cujo formato predominante é a tradicional brochura, as editoras têm uma atitude variável no valor final. Algumas editoras têm tabela própria, que inclui o custo do preço total da produção gráfica somado ao cálculo de horas previstas para o trabalho e a margem de lucro. Outras editoras sinalizaram que aplicam o preço médio do mercado ou realizam um cálculo que possibilita distribuir alguns livros e garantir a segunda edição de outros. O número de páginas, obviamente, faz com que o preço final do livro varie. Uma das editoras diagnosticada sinalizou que os dados técnicos para se calcular o preço de um livro varia de acordo com a complexidade do original e também com os objetivos do autor com o livro, que define a tiragem, fator fundamental para a definição de um menor preço de capa. Se o livro é subsidiado pelo autor, o preço de capa é mais barato do que um livro para o qual a editora arca com todos os custos.

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Criação

D

epois da fala sobre direitos autorais, realizamos quatro abordagens a respeito da relação estabelecida entre as editoras e os autores, criadores essenciais no contexto do mercado livreiro. Inicialmente, a pesquisa tratou do vínculo do autor com a editora e seguido pela porcentagem de repasse dos livros para os escritores. Na tentativa de traçar um perfil dos escritores, abordamos o local de residência predominante dos escritores, assim como o local de publicação predominante deles. Uma editora relatou que estabelece um vínculo formal, com direito a contratos que variam de 1 a 5 anos. Mas a maioria das editoras sinalizou o vínculo de parceria, de contribuição mútua entre o escritor e a editora, que vai desde prestação de serviços a lançamentos. Algumas editoras, contudo, sinalizaram que não têm nenhum vínculo com os autores, a não ser aquele relacionado à publicação, ou seja, temporário. Por isso, não há exigência de exclusividade ou algo similar. Em se tratando do repasse da porcentagem de livros para os escritores, há uma predominância do acordo de 10%

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da tiragem para o autor e 90% para a editora. Contudo, essa negociação é variável. Uma das editoras entrevistadas relatou que, se a editora banca a edição, o autor fica com 10% e, se o autor banca a edição, ele fica com 30% a 40% e se foi patrocinado ele recebe o valor dos direitos autorais antecipado de acordo com cada projeto. No caso de uma das editoras universitárias entrevistadas, ela repassa 10% para o autor e no caso de ele querer adquirir mais livros recebe 40% de desconto. Existem também acordos específicos que vão depender do interesse das partes. Na busca de traçar um perfil dos criadores literários, as editoras sinalizaram que em maior parte aqueles que publicam são professores ou profissionais liberais. Escritores que trabalham profissionalmente apenas com a escrita também se fazem presentes, assim como jornalistas. O local de residência predominante dos escritores é o Estado da Bahia, podendo ser variável a cidade. Contudo, as cidades de Feira de Santana e Salvador aparecem com frequência como residência dos escritores. Poucas das editoras da Bahia presentes na pesquisa publicam autores de outros Estados.

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Distribuição e Consumo

A

distribuição de produtos culturais sempre foi um gargalo sinalizado pelos empreendimentos culturais. Quantos itens não são produzidos e ficam no background do mercado, sem distribuição ou consumo? Quantos livros são produzidos e, ao invés de chegar ao público final, ficam em salas ou depósitos das editoras? Não que seja o caso das baianas, mas entre as pesquisadas analisamos quais são os mecanismos utilizados para fortalecer a venda e o consumo de livros. As formas de comercialização que dominam o mercado e a venda dos livros são a entrega em consignação para as empresas distribuidoras e livrarias e a venda pela internet, seguida pela venda simples, aquela realizada pela própria editora em eventos, festas e feiras literárias. Os principais compradores dos livros produzidos na Bahia são os públicos diversos, seguido por livrarias e bibliotecas. O governo, um dos principais compradores e formentadores do mercado de livros no Brasil, aparece em último lugar como público em potencial para as editoras baianas. Em se tratando de uma relação com empresas distribuidoras de livros, apenas 31% das editoras apresentam uma

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interlocução firme e contínua com as mesmas. Entre essas distribuidoras estão aquelas localizadas em outros Estados, como a Bookpatners2 (Jandira/SP), a Bookmix3 (São Paulo/SP) e a Paratodos4 (São Paulo/SP), e as que ficam na Bahia, como a LDM (Salvador/BA) e a Seglivros (Salvador/BA)

Editoras e distribuidoras Sim  

Não  

31%  

69%  

2

O Grupo BOOKPartners é formado pela Vertice Books (segmento de bibliotecas), Empório dos Livros (distribuição), Cia dos Livros (comércio eletrônico), B4 editores (braço editorial) e Bookset (plataforma de livros digitais). Mais informações em: www. bookpartners.com.br.

3

A distribuidora Bookmix atende o mercado de pequenas, médias e grandes livrarias, como a Saraiva, Siciliano, Fnac, Cultura, etc. Atua no mercado desde 1996. Mais informações no site: http://www.distribuidorabookmix.com.br/.

4

Ver: http://distribuidoraparatodos.com.br/.

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Difusão

A

s feiras, festas e outros eventos literários são importantes vitrines para a difusão das editoras e do livros. Por um lado, amplia o leque do público leitor e fortalece o contato com os escritores, da mesma forma que funcionam como ambientes propícios para a venda de livros e consolidação da marca. Dentre as editoras entrevistadas, 85% sinalizou que participa de feiras, festas e eventos literários:

Participação em feiras Sim  

Não  

15%  

85%  

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E os eventos literários mais citados pelas editoras estão a Feira Literária da Chapada Diamantina/BA e a Festa Literária de Itabuna/BA, cujas primeiras edições aconteceram em 2014, e as já tradicionais Festa Literária Internacional de Cachoeira/BA, Feira de Livros de Feira de Santana/BA e a Bienal do Livro da Bahia. As editoras universitárias com mais frenquência participam das Bienais Internacionais do Rio de Janeiro e de São Paulo, através de uma interlocução realizada pela Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU). Algumas editoras comerciais, além das universitárias, também indicaram participação em feiras literárias internacionais, como a de Buenos Aires, Genebra, Frankfurt, Bolonha e do Salão do Livro de Paris. Quando questionadas se apoiam a participação dos escritores nos eventos literários, 62% das editoras disseram que apoiam, através de lançamento de livros, pagamento de custos de deslocamento e hospedagem, comunicação, lugar no stand e consignação de venda dos livros para os autores.

Participação de autores - Apoio Sim  

Não  

38%  

62%  

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Ao refletir sobre a participação em feiras e eventos literários, as editoras consultadas fizeram uma análise positiva da ação como difusora do livro e da leitura. Traz lucros, promove os livros, escoa o estoque e torna a editora mais conhecida: essas são algumas das justificativas utilizadas pelas editoras. Algumas, contudo, sinalizaram que é primordial avaliar antes a participação no evento para que ele não comprometa o caixa da editora com investimento em estande e baixa venda, além do custo com transporte dos livros. Um dos editores entrevistados disse que as feiras literárias são “salvadoras” das editoras brasileiras. Embora haja o risco da venda dos livros ser baixa, isto não estaria em primeiro plano. Os eventos, na verdade, fazem circular o nome e o projeto das editoras e dos livros. Das editoras presentes na pesquisa, inclusive, 15% apresentam unidade móvel, que seria o empreendedorismo editorial itinerante.

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Parcerias

E

ntre os principais parceiros da editora, apareceram, na pesquisa, outras editoras, seguidas por instituições de ensino, governo e associações. Os tipos de parceria com outras editoras são co-edições, com divisão de custos, impressões e produção, e outras ações de venda e de permuta.

Editoras - Principais Parceiros 36%  

Outros  

50%  

Públicos/Clientes   Associações  

21%  

Ins3tuições  de  ensino  

21%  

Empresas   Governo   Outras  editoras  

14%   21%   43%  

Sobre a afiliação à associações e outras organizações, a maioria das editoras sinalizou a participação em organizações como a Associação Brasileira de Editoras

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Universitárias (ABEU)5, a Associação Nacional de Livrarias (ANL)6, a Camara Brasileira do Livro (CLB)7, Brazilian Publishers8 e a Liga Brasileira de Editoras9.

5

Associação que tem mais de 25 anos de criação e congrega as editoras universitárias do Brasil. Todas as editoras universitárias incluídas na pesquisa fazem parte da ABEU e a citam como uma importante agente de articulação entre e das editoras universitárias. Site: http://www.abeu.org.br/.

6

Associação fundada em 1978, reúne livrarias brasileira em defesa de objetivos comuns. Realizou em 2012 o diagnóstico do setor livreiro no Brasil. Site: http://anl.org.br/web/.

7

Fundada em 1942, a Câmara Brasileira do Livro visa ampliar o mercado editorial através da democratização do livro. A CBL é também gestora da Escola do Livro. Site: http:// cbl.org.br/.

8

Criado em 2008, o Brazilian Publishers é um projeto setorial de fomento às exportações de conteúdo editorial brasileiro, resultado da parceria firmada entre a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Abrange articulações do setor editorial, editoras associadas e inteligência comercial. Site: http://www.brazilianpublishers.com.br/.

9

Liga Brasileira do Livro é uma rede de editoras independentes constituída em 2002 que realiza articulação no mercado editorial alicerçada no conceito de Bibliodiversidade. Site: http://www.libre.org.br/.

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Políticas Públicas

N

as políticas democráticas recentes acompanhamos a elaboração de planos de cultura, assim como de planos setoriais que são alicerçados na participação popular, tanto na formulação quanto na execução dos mesmos. No âmbito da política para livros e literatura, existe tanto o Plano Nacional do Livro e da Leitura10 quanto o Plano Estadual do Livro e da Leitura da Bahia11. Neste tópico quisemos analisar o nível de consciência e de participação das editoras no âmbito das políticas públicas de cultura para o setor do qual fazem parte. 46% das editoras relataram que conhecem e participam das políticas públicas para o setor de livros, 46% conhecem mas não participam e 8% sinalizou que não tem conhecimento das políticas. Editoras e Políticas Públicas Conhece  e  par/cipa   Não  tem  conhecimento  

Conhece,  mas  não  par/cipa  

8%   46%   46%  

10 Disponível em: http://www.cultura.gov.br/pnll. 11 Ver: Anexo C. Também disponível em: http://www.cultura.ba.gov.br/wp-content/uploads/2013/03/Plano-Estadual-do-Livro-e-Leitura-do-Estado-da-Bahia00.pdf.

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No que tange à construção do Plano Nacional do Livro, apenas uma editora sinalizou que participou da sua construção, enquanto 92% das editoras consultadas não participou: Plano Nacional do Livro - Participação Sim  

Não   8%  

92%  

Já na construção do Plano Estadual do Livro e da Leitura, 17% das editoras disseram ter participado de etapas de construção e reunião sobre o Plano:

Plano Estadual do Livro e da Leitura - Participação Sim  

Não   17%  

83%  

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Ao avaliar o andamento das políticas para o setor de livros, 62% das editoras avaliam negativamente as ações governamentais, 23% avaliam positivamente e 15% sinalizaram que não dispõem de elementos para realizar qualquer avaliação. Entre as principais demandas das editoras estão a necessidade de ampliação de políticas de fundo, linhas de crédito e incentivos fiscais. A necessidade de programas de capacitação profissional para o setor de livros na Bahia também apareceu entre as necessidades imediatas. Polí%cas  Públicas  -­‐  Demandas   50%  

Outros   36%  

Programas  de  capacitação  profissional   29%  

Incen%vos  fiscais   Promoção  de  eventos  públicos  

21%   43%  

Linhas  de  créditos   Fornecedores  de  equipamentos/materiais  

21%  

Implementação  do  Vale  Cultura  

21%  

Polí%cas  de  Fundo  

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50%  

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Conclusão

E

ntre outras dificuldades encontradas pelas editoras, 79% dos entrevistados sinalizaram a dificuldade na distribuição e comercialização dos livros, 57% das editoras mencionaram a ausência de apoio governamental para o mercado editorial e 50% detectaram problemáticas de contratar pessoas qualificadas. Principais  dificuldades   Outros   Carga  tributária   Patrocínio   Distribuição  e  comercialização  dos  livros   Custo  ou  falta  de  capital  de  giro   Comprar  produtos/Contratar  serviços  de   Equipamentos  apropriados   Apoio  governamental   Pagamento  de  emprés?mos/juros   Contratar  pessoas  qualificadas   Pagamento  de  direitos  autorais   Custo  da  mão-­‐de-­‐obra   Disponibilidade  dos  fornecedores   Infraestrutura  local   Localização  

43%   36%   36%   79%   21%   36%   7%   57%   7%   50%   7%   29%   7%   7%   0%  

A partir dos direcionamentos do diagnóstico já pudemos perceber algumas lacunas dessas que foram sinalizadas pelas editoras. Existe um abismo muito grande entre os inte-

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resses das editoras e dos das poucas distribuidoras existentes. Algumas editoras alegam que não vale a pena trabalhar com distribuidoras e livrarias de grande porte, porque ganha-se muito pouco. De fato, o que acontece na prática, é uma ausência justa de regulamentação do setor, de limites. Juntamente com uma cegueira de que é preciso profissionalizar o setor no que tange à distribuição. A própria organização dos sites das distribuidoras é extremamente iniciante, com poucos recursos de sofisticação de layout. É preciso dar mais atenção para a formação. Quando as editoras sinalizam que falta qualificação para o setor, elas sinalizam uma tendência existente no campo da cultura. Que não se deve considerar os artistas, agentes e gestores culturais como seres autodidatas, eles precisam de formação, especialização e aprimoramento da técnica. Algumas disciplinas e informações que ficam restritas ao território da universidade, continuam reduzidas aos campi e seus poucos interessados. A exemplo da Universidade do Livro12, projeto desenvolvido pela Editora da Unesp, é necessário que na Bahia se fale em edições, editoras e se fomente a formação. No ano de 2013, a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia inaugurou o projeto Qualicultura no Forte do Barbalho mas até agora pouco ou nada se viu de iniciativa no que tange à formação para o setor editorial, nem na capital da Bahia, tampouco nas demais cidades. Mas, de que forma o governo do Estado apóia o setor de empreendimento editorial na Bahia? Timidamente, no apoio a feiras e bienais literárias, e nos últimos anos com o Edital de Apoio a Publicação de Livros por Editoras Baianas. Um pouco além, é preciso pensar políticas estrutu12

Ver: http://www.editoraunesp.com.br/unil-home.asp.

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rantes para o setor dos livros, que façam cumprir as ações designadas no plano estadual do livro e da leitura. Só assim, lacunas em relação à distribuição e consumo de livros, qualificação, entre outros apoios governamentais ou do terceiro setor serão sanados. O projeto prevê continuidade para estudar, não somente as editoras, mas também as políticas públicas e as demais formas de articulação e fomento realizadas pelo governo. Afinal, um livro sem leitor é um objeto sem finalidade. A partir da formação dos leitores é também que a sociedade avança.

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Produções Artigos completos publicados em periódicos OLIVEIRA, Calila das Mercês ; GALVAO, R. M. ; SEIDEL, R. . Dinâmicas da economia criativa do livro na Bahia. Antares: Letras e Humanidades, v. 6, p. 152-167, 2014. OLIVEIRA, Calila das Mercês ; GALVAO, R. M. ; SEIDEL, R. . O insólito nos cordéis de Franklin Maxado. A Cor das Letras (UEFS), v. 15, p. 27-38, 2014. Trabalhos completos publicados em anais de congressos MERCÊS, C. ; GALVAO, R. M. ; SEIDEL, R. . Publicações na Bahia: mapeamento e diagnóstico das editoras baianas. In: 3º Seminário Políticas para Diversidade Cultural, 2014, Salvador - BA. Anais do SPDC vol. 1 / 2014, 2014. v. 1. MERCÊS, C. ; GALVAO, R. M. ; SEIDEL, R. Economia criativa e cadeia produtiva do livro: estudo e diagnóstico sobre as editoras da Bahia. In: CALABRE, Lia; SIQUEIRA, Mauricio; ZIMBRÃO, Adélia; LIMA, Deborah Rebello. (Org.). Seminário Internacional Políticas Culturais, 6. 26 a 29 de maio de 2015. Anais... Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2015, p. 244-258. Disponível em: Resumos publicados em anais de congressos MERCÊS, C. ; GALVAO, R. M. . Marginal e Insólita: recorte e representação da Literatura de Cordel em Feira de Santana/ BA. In: II Congresso Internacional Vertentes do Insólito Ficcional, 2014, Rio de Janeiro. (Re)Visões do Fantástico: do centro

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às margens; caminhos cruzados. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2014. MERCÊS, C. ; GALVAO, R. M. . Marginal e Insólita: recorte e representação da Literatura de Cordel em Feira de Santana/BA. In: II Congresso Internacional Vertentes do Insólito Ficcional, 2014, Rio de Janeiro. (Re)Visões do Fantástico: do centro às margens; caminhos cruzados, 2014. v. 1. Apresentações de Trabalho MERCÊS, C. ; GALVAO, R. M. Economia criativa e cadeia produtiva do livro: estudo e diagnóstico sobre as editoras da Bahia. 2015. (Apresentação de Trabalho/Seminário). MERCÊS, C. ; GALVAO, R. M. . Marginal e Insólita: recorte e representação da Literatura de Cordel em Feira de Santana/BA. 2014. (Apresentação de Trabalho/Congresso). MERCÊS, C. ; GALVAO, R. M. . Publicações na Bahia: mapeamento e diagnóstico das editoras baianas. 2014. (Apresentação de Trabalho/Congresso). MERCÊS, C. ; GALVAO, R. M. . Marginal e Insólita: recorte e representação da Literatura de Cordel em Feira de Santana/BA. 2014. (Apresentação de Trabalho/Congresso). MERCÊS, C. ; GALVAO, R. M. . Publicações na Bahia: mapeamento e diagnóstico das editoras baianas. 2014. (Apresentação de Trabalho/Seminário). Produção técnica MERCÊS, C. ; GALVAO, R. M. ; SEIDEL, R. ; FERREIRA, R. A. Econocriativa. 2014; Tema: Economia Criativa e Cadeia Produtiva do Livro. (Site).

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As Editoras

Mondrongo Ano de criação: 2011 Endereço: Rua Sóstenes de Miranda, 178 1º Andar, Centro Município: Itabuna (BA) Telefone: (73) 3041-3116 Site: www.mondrongo.com.br Redes sociais: - facebook.com/pages/ Mondrongo/554313147949520 - instagram.com/mondrongo_editora Representante: Gustavo Barbosa Felicíssimo Pereira E-mail: [email protected]

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Solisluna Ano de criação: 1993 Endereço: Al. Praia de Barra Grande, quadra 12,lote 33 Município: Lauro de Freitas (BA) Telefone: (71) 33796691 Site: www.solislunaeditora.com.br Redes sociais: facebook/solislunaeditora Representante: Valeria Pergentino Procopio E-mail: [email protected]

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Via Litterarum Ano de criação: 2004 Endereço: Rua Frederico Maron, 299, Centro Município: Ibicaraí (BA) Telefone: (73) 3242-1738 Site: http://www.vleditora.com.br/ Representante: Agenor Gasparetto E-mail: [email protected]

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Editus Editora da Universidade Estadual de Santa Cruz Ano de criação: 1996 Endereço: Campus Soane Nazaré de Andrade, Rodovia Jorge Amado, km 16, Bairro Salobrinho Município: Ilhéus (BA) Telefone: (73)3680-5028 Site: http://www.uesc.br/editora Redes sociais: facebook.com/pages/Editus-Editorada-UESC Representante: José Montival de Alencar Junior (Gerente de Criação e Produção) E-mail: [email protected]

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EDUFBA Editora da Universidade Federal da Bahia Ano de criação: 1993 Endereço: Rua Barão de Jeremoabo s/n – Campus de Ondina Município: Salvador (BA) Telefone: (71) 32836160 Site: http://www.edufba.ufba.br/ Redes sociais: - instagram/edufba; -facebook.com/edufba -twitter.com/edufba Representante: Flávia Garcia Rosa E-mail: [email protected]

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EDUNEB Editora da Universidade do Estado da Bahia Ano de criação: 2006 Endereço: Rua Silveira Martins, 2555, Cabula Município: Salvador (BA) Telefone: (71) 31175342 Site: eduneb.uneb.br Redes sociais: www.facebook.com/editora.dauneb Representante: Ricardo Baroud E-mail: [email protected]

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P55 EDIÇÕES Ano de criação: 2002 Endereço: Av. Tancredo neves, 1485. Ed. Esplanada trade center, sl 1301. Município: Salvador (BA) Telefone: (71) 3272-2000 / 9609-9701 Site: www.p55.com.br Redes sociais: facebook / instagram Representante: André Maciel Dantas Portugal E-mail: [email protected]

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Editora Casarão do Verbo Ano de criação: 2007 Endereço: Rua Landulfo Alves, 113, Sala 1 Centro Município: Anagé (BA) Telefone: (77) 3435 2674 Site: www.casaraodoverbo.com.br Redes sociais: www.facebook.com/ casaraodoverboeditora?fref=ts Representante: Rosel Bonfim Soares E-mail: [email protected]

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Labirinto & Escritório Ano de criação: 2014 Endereço: Av. 7 de Setembro, 624, sala 308, Piedade Município: Salvador (BA) Telefone: (71) 3018-2123 Site: www.labirintoeescritorio.com.br Redes sociais: https://www.facebook.com/labirintoeescritorio Representantes: Lidiane Nunes e Mayrant Gallo E-mail: [email protected]

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Organismo Editora Ano de criação: 2013 Endereço: Rua 13 de maio - Liberdade Município: Salvador (BA) Telefone: (71) 88670244 Redes sociais: www.facebook.com/ organismoeditora Representante: Jorge Augusto E-mail: [email protected]

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UEFS editora Editora da Universidade Estadual de Feira de Santana Ano de criação: 2009 Endereço: Avenida Transnordestina, S/N Novo Horizonte Município: Feira de Santana (BA) Telefone: (75) 31618380 Site: www.uefs.br/editora Redes sociais: facebook/uefseditora Representante: Murilo Campos E-mail: [email protected]

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Galinha Pulando Ano de criação: 2013 Endereço: Via Local P, casa 17, Zabelê Município: Vitória da Conquista (BA) Telefone: (71) 93455255 / 88054708 Site: www.galinhapulando.com Redes sociais: -www.facebook/galinhapulando -blog: www.galinhapulando.blogspot.com Representante: Valdeck Almeida de Jesus Contatos: [email protected]

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Editora Curviana Ano de criação: 2010 Endereço: Rua Fonte Nova, 11, 1º andar, Muchila 2 Município: Feira de Santana (BA) Telefone: (75) 36144007 Site: www.curviana.com.br Redes sociais: - www.facebook/curviana -www.twitte.com/curviana Representante: Emerson Azevedo Contatos: [email protected]

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Artigos Especiais

A bienal, as feiras e as festas literárias, bem como o papel do segmento público e das Editoras Universitárias nesta área1

A

o abordar a difusão dos livros, podemos perceber também as bienais, feiras e festas literárias como importantes espaços de circulação de livros, escritores, bem como editoras, que, juntas, acabam por fomentar a leitura na Bahia. Nos últimos anos, esses eventos literários pontuais viraram tendência na Bahia, por promover uma agitação cultural que, embora efêmera, é real. A Bienal do Livro da Bahia, por exemplo, que acontece em Salvador, é o maior evento do mercado do livro no estado, pelo fluxo de pessoas e quantidade de vendas de livros. Na sua última edição, em novembro de 2013, foram 10 dias de apoio e incentivo à leitura, de debates com grandes nomes da literatura regional e nacional e de valorização da cadeia produtiva do livro. Nos espaços propícios, o público participou de bate-papos com personalidades culturais, autores, jornalistas, além de atividades recreativas e lúdicas. Um dos espaços mais disputados durante a Bienal foi o “Café Literário”, no qual o autor, numa conversa descontraída com os leitores, divide a experiência de escrever, de contar uma história. Para os autores, editores, livreiros, agentes literários e demais profissionais do livro, o evento é uma oportunidade 1

Este tópico foi publicado no bojo do artigo de autoria do grupo de pesquisa em: Antares: Letras e Humanidades, Caxias do Sul, v. 6, n. 12, 2014.

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para solidificar o relacionamento entre os profissionais do setor e fomentar bons negócios. Muitos autores e editoras aguardam este momento para o lançamentos de seus livros, ao passo que outras fazem relançamento de obras eventualmente publicadas no interstício. Demais disso, o incentivo aos docentes e às escolas públicas a participarem da bienal pode ser encarado como aspecto positivo par a formação de leitores, obviamente em si só não bastando para tal. De porte “internacional”, ocorre a Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), certamente a mais famosas da Bahia, que, a exemplo da Festa Literária de Paraty, entrou no circuito de eventos literários do Brasil, chegando em 2014 a sua quarta edição. Realizada na cidade histórica de Cachoeira, a cerca de 120 da capital Salvador, na região do Recôncavo Baiano, o evento também sofre críticas por envolver apenas de forma superficial atores culturais da região. Por outro lado, a Flica pode ser caracterizada como um evento cuja organização se dá em termos relativamente profissionais, tal como a bienal, o que certamente não é o caso da maioria das feiras do livro e festas literárias que ocorrem em diversos municípios do estado2. Além disso, é de assinalar que ambas, a Bienal e a Flica recebem substancial aporte financeiro público, por leis de fomento. A Feira do Livro de Feira de Santana, que neste ano de 2014 entrou em sua sétima edição, reúne todas as linguagens culturais e visa fomentar a leitura e a cultura de modo 2

Outras feiras e festas literárias pelo interior da Bahia (lista ainda incompleta): Festa Literária Internacional de Juazeiro (Juazeiro), Feira Oficial de Livros de Nordestina (Nordestina), Feira Literária do Colégio Municipal de Alagoinhas (Alagoinhas), Festa Literária Ler Amado (Ilhéus), Feira do Livro de Itacaré (Itacaré), Feira Literária da Fênix de Itamaraju (Itamaraju), Feira Municipal do Livro (Seabra), Feira de Livros Espíritas (Vitória da Conquista), Feira do Livro Usado de Vitória da Conquista, Festa Literária do Sertão de Jequié (Jequié).

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geral em todos os níveis. A característica principal da Feira do Livro, de acordo com os organizadores, é a diversidade. A ideia vai muito além da comercialização de livros. O evento, organizado pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e parceiros, conta com exposições, lançamentos e venda de livros, círculos de leitura, recitais, palestras, oficinas, apresentações de teatro, shows musicais, exibição de filmes, mostra fotográfica, realizações paralelas com encontros de escritores, literatura de cordel e música instrumental. O protagonismo das Universidades públicas deve ser realçado de forma geral. Além da Feira do Livro de Feira de Santana organizada pela Pró-Reitoria de Extensão da UEFS, juntamente com a UEFS Editora, é importante frisar a Feira Itinerante organizada pela Editora da Universidade Federal da Bahia — EdUFBA. Por sua vez, a Editora da Universidade do Estado da Bahia — EdUNEB —, por exemplo, vem implantando livraria própria em seus 24 campi espalhados por todo o estado da Bahia. Tal livraria muitas vezes representa a única em algumas cidades em que se localiza um dos diversos campi da UNEB. Em termos de números, a EdUFBA, por exemplo, desde 2010 vem lançando mais de cem títulos por ano. Em conjunto, as editoras universitárias possuem um importante papel na difusão do livro e da leitura, seja esse papel exercido conscientemente — por meio de programas específicos — ou não. A afiliação delas à ABEU (Associação Brasileira das Editoras Universitárias) garante a divulgação — por exemplo, por meio do “Informativo ABEU em rede”, distribuído via mailing list — e a circulação de seus livros em todo o território nacional. — Ressalva aqui é que grande parte do portfólio das Editoras Universitária consiste de livros técnicos.

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Realização deste ano de 2014 merece destaque, não tanto pelo glamour das festas literárias internacionais já estabelecidas, mas novamente pela assunção de sua responsabilidade social da universidade pública: trata-se da I Festa Literária Internacional da Chapada Diamantina, realizada em Lençóis e Seabra. A responsabilidade da organização ficou com o campus Seabra da UNEB, com o apoio e presença da EdUNEB, bem como presença da UEFS Editora e da EdUFBA. Apesar de não termos percebido impacto no que diz respeito à circulação de editoras propriamente comerciais, percebemos presença de pequenas editoras sediadas em cidades do interior, assim como também escritores que usam do excipiente da auto-edição e venda por eles mesmos durante o evento. Aliás, a presença de escritores, escritoras e coletivos de escritores/as que se auto-enquadram no rótulo “marginal” pode ir no sentido de uma especialização desta Festa Literária, ainda mais tendo em conta que o afluxo turístico ao Parque Nacional da Chapada Diamantina pode ser caracterizado, de forma geral, como “alternativo”. Os organizadores igualmente expressaram em suas falas a vontade de dar expressão às criações mais propriamente “locais” ou “regionais”, além de contemplar a produção de autoria feminina de forma bastante enfática. Além disso, a parceria com o SEBRAE no apoio ao evento aponta no rumo da atenção à economia criativa, segmento livro.

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Políticas públicas para as editoras baianas: caso “Edital de apoio à publicação de livros por editoras baianas”

D

esde o ano de 2012, ainda durante o processo de diálogo sobre o Plano Estadual do Livro e da Leitura, aconteceu pela primeira vez na Bahia o edital de apoio à publicação de livros por editoras baianas, realizado pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult/BA), através da Fundação Pedro Calmon. Na sua primeira edição (Edital 08/2012) foram investidos R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), sendo que o teto de apoio por projeto foi de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) para edição de coleções de três volumes, no mínimo, e R$ 30.000,00 (trinta mil reais) para edição de livro individual. Foram inscritas apenas seis editoras, sendo que outras sete editoras não tiveram os seus projetos inscritos por não atenderem todas as exigências do edital. Todos os projetos apoiados na chamada foram de coleção e pertencentes à região metropolitana de Salvador, como consta no site1 da Secult/ BA. Nessa primeira experiência restou cerca de R$ 23.000,00 em recursos não aplicados em projetos. No ano seguinte, 2013, foi novamente lançado pelo governo o apoio à publicação de livros por editoras baia1

Disponível em: http://www.cultura.ba.gov.br/edital/edital-n%C2%BA-08-2012/.

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nas (Edital 26/20122), com o investimento de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais), sendo o apoio por projeto de R$ 70.000,00 (setenta mil reais) para o caso de edição de coleções e R$ 30.000,00 (trinta mil reais) para a edição de livro individual. Foram inscritos nessa chamada nove proponentes e, novamente, dez proponentes foram inabilitados já na inscrição, por não atender as demandas solicitadas no edital. Dentre os seis projetos (de nove) selecionados na lista final, cinco editoras contempladas são da região metropolitana de Salvador, exceto uma editora de Vitória da Conquista que foi contemplada com um projeto. Apenas um projeto foi de edição de livro individual, os outros cinco foram de coleções. Assim como a primeira, na segunda chamada também restou um saldo de cerca de R$ 40.000,00 em recursos que não foram direcionados para projetos. Na terceira e última chamada realizada pela Secult/BA para projetos de editoras (Edital 13/20133), no ano de 2014, foram disponibilizados R$ 700.000,00 (setecentos mil reais) para os projetos, mais que o dobro de recursos disponíveis na primeira edição do edital. O limite máximo de apoio por projeto foi de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para o caso de edição de coleções e R$ 30.000,00 (trinta mil reais) para projetos de livro individual. Foram inscritos, pelo segundo ano consecutivo, nove proponentes, e onze proponentes não foram habilitados nas inscrições do edital, por motivos que não foram expostos no site da Secult/BA. Das nove propostas inscritas, todas foram selecionadas, sendo que apenas uma delas foi de proponente de fora da Região Metropolitana de 2

Disponível em: http://www.cultura.ba.gov.br/edital/apoio-a-publicacao-de-livros-por-editoras-baianas/.

3

Disponível em: http://www.cultura.ba.gov.br/edital/apoio-a-publicacao-de-livros-por-editoras-baianas-2/.

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Salvador, vindo de uma produtora localizada na região do Sertão do São Francisco. Três projetos foram de livros individuais e seis de coleções. Na chamada que aconteceu em 2014 restou cerca de R$ 28.000,00 nos cofres públicos sem aplicação em projetos de demanda pelo edital. Apesar de ser uma ação precursora de política para o fomento da produção de livros em âmbito nacional, percebe-se que a iniciativa de apoio para as editoras na Bahia tem algumas limitações. Embora o recurso tenha aumentado consideravelmente de uma edição para outra, o número de projetos que não foram inscritos no edital por motivos diversos é sempre maior do que o de projetos inscritos, o que significa que ou o edital é burocrático a ponto da maioria dos proponentes não atenderem todas as exigências ou de fato há uma limitação na compreensão da proposta pelos interessados. Outro ponto a ser avaliado é a presença massiva de proponentes e projetos contemplados na Região Metropolitana de Salvador, o que não quer dizer que não existam editoras atuantes no interior da Bahia, mas que ainda a maioria delas, baseado na pesquisa de campo, não está ciente das políticas públicas para o livro no estado da Bahia, tanto que em todas as chamadas dos editais sobraram recursos não aplicados em projetos. Talvez seja necessário investir em formação e informação para que o edital seja mais eficaz na sua proposta e que os recursos sejam distribuidos de forma a contemplar a diversidade do estado. É imprescindível fortalecer a interlocução do governo com as editoras, mesmo que para isso tenha que ser executado um trabalho in loco de forma séria, honesta e comprometida. O exercício de ouvir para promo-

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ver pode ser uma das chaves para a otimização dos recursos disponíveis. A possibilidade de conhecer as pequenas editoras e/ou as mais afastadas da capital é um importante passo para compreender as diferentes realidades que os empreendimentos no estado possuem e adequar o edital a fim de contemplar as diferentes editoras.

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Novos rumos e outros nem tão novos assim

N

ovos rumos — conexões — mídias sociais e e-books, mercado editorial na era virtual. A tecnologia é uma grande aliada no sistema editorial, desde os tão facilitadores softwares de edição e criação de projetos gráficos atraentes e sofisticados como também a madura internet, que tem contribuído na ampliação de leitores e alcance de livros vendidos, distribuídos e provavelmente lidos, chegando aos olhos dos leitores com maior rapidez e facilidade. Apenas com alguns cliques o leitor pode baixar um e-book e iniciar a leitura no próprio computador ou em aparelhos portáteis, como tablets, e-readers e smartphones. Atualmente, algumas editoras baianas conscientes do atual contexto em que estamos vivendo — o sugimento de redes sociais cada vez mais convincentes da sua importância na vida dos indivíduos que acreditam sim, não conseguirem viver mais sem as mesmas — resolvem investir em livros digitais e disponibilizar todo seu acervo de publicações ou parte deles também para as pessoas que quase não saem da internet e/ou preferem possuir o formato digital. Casa de ferreiro, espeto de pau. Anedotas à parte, o mercado editorial na Bahia, embora com as sofisticações tecnológicas e melhoria do alcance de informações, ainda possui lacunas no seu processo de crescimento. Existem sim aqui editoras de grande potencial, que produzem edições com capas premiadas, possuem trabalhos de marketing precisos e ainda Econocriativa - mapeamento e diagnóstico das editoras baianas

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podem ser referência até mesmo no nordeste ou país em termos de profissionalismo e conhecimento de mercado. Talvez pelo know-how dos proprietários/gestores e dos funcionários, talvez por terem condições de sobrevivência independente da venda de livros. Aqui também, observa-se algumas editoras mais limitadas no quesito comunicação, sites em formatos não convidativos, informações que não são atualizadas, trabalhos em redes sociais executado amadoramente, o que também pode contribuir inconscientemente ou não na escolha de clientes interessados em publicar. Algumas editoras também lamentam os projetos gráficos de seus livros serem feitos sem estudos ou conhecimento tipográficos avançado, e até mesmo a falta de recursos para poderem investir em funcionários, quando a maioria não é freelancer e a contratação de um profissional mais atualizado não está no orçamento.

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Anexos

Anexo A Formulário da Pesquisa

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Anexo B Site: www.econocriativa.org

capa do site

apoios do site

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Redes sociais

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Redes sociais

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Cartazes e e-flyes

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Anexo C Plano Estadual do Livro e da Leitura

Plano Estadual do Livro e Leitura1 (2013 – 2022) PROBLEMAS DIAGNOSTICADOS a. Índices elevados de analfabetismo e baixo nível de escolaridade da população. b. Fragilidade de práticas leitoras nas escolas (professores e estudantes). c. Difícil acesso da população em geral ao livro e leitura. d. Frágil consolidação do mercado editorial baiano e consequente produção de pequenas tiragens, o que eleva o preço unitário do livro em um estado com população de baixo poder aquisitivo. e. Pequeno número de livrarias. f. Número insuficiente de bibliotecas nas escolas públicas e ausência de programas de monitoramento e avaliação continuada nas bibliotecas públicas e escolares existentes. g. Ausência de políticas públicas estaduais que estimulem o fortalecimento e promovam a sustentabilidade das bibliotecas comunitárias, incluindo aí seu mapeamento, diagnóstico e regulamentação. h. Falta de pessoal melhor qualificado nas bibliotecas; ausência do profissional bibliotecário atuando em todas as bibliotecas, principalmente nas escolares. i. Pequeno número de Comitês do ProLer no Estado da Bahia. j. Dificuldade de expansão das ações dos Comitês do ProLer na capacitação e formação continuada em mediação de leitura para professores, bibliotecários etc. 1

BAHIA. Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Legislação da cultura na Bahia. Salvador, dez. 2014, p. 24-30. Disponível em: http://www.cultura.ba.gov.br/wp-content/ uploads/2014/12/publicacao_legislacao_atual_29-12-14.pdf.

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k. Pequeno número de projetos sociais de leitura, inclusive com as famílias. l. Pequeno número de projetos que envolvam os usuários da biblioteca com a leitura e pouca divulgação das ações desenvolvidas pelas bibliotecas. m. Ausência de critérios para a aquisição do acervo das bibliotecas. n. Ausência de programas de acessibilidade nas bibliotecas. o. Ausência de novas tecnologias como ferramenta de pesquisa e de informação para o usuário das bibliotecas. p. Ausência de Feiras de Livro regulares nos municípios e nos bairros da capital. q. Falta de articulação entre a Secretaria da Educação, Secretaria da Cultura e Secretaria da Fazenda para implementação de políticas que reduzam o preço do livro. r. Ausência de políticas para distribuição de livros de autores e editoras baianas. s. Não adoção de livros de autores baianos nas escolas públicas e vestibulares. t. Pequena participação de autores baianos em eventos destinados a livro e leitura. u. Falta de indicadores e informações confiáveis sobre a situação do livro e leitura na Bahia. v. Ausência de Planos Municipais do Livro e Leitura (PMLL) e de Lei do Livro no Estado da Bahia e seus municípios.

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PLANO ESTADUAL DO LIVRO E LEITURA – PELL – BA

OBJETIVOS a. Assegurar a democratização do acesso ao livro, bem como a valorização do livro e da leitura como estimulo à produção intelectual e ao desenvolvimento sociocultural. b. Assegurar o acesso a pessoas com deficiência conforme determinações da legislação brasileira e dos imperativos conceituais e objetivos expressos no amplo direito à leitura para todos os baianos. c. Formar leitores, buscando, de maneira continuada, substantivo aumento do índice estadual de leitura (número de livros lidos por habitante/ano) em todas as faixas etárias e do nível qualitativo das leituras realizadas. d. Ampliar o número de bibliotecas escolares, criando centros modelares de estímulo à leitura e à escrita. e. Ampliar o número de mediadores de leitura no Estado da Bahia, em especial nas escolas públicas e bibliotecas. f. Implantar, modernizar e qualificar acervos, equipamentos e instalações de bibliotecas de acesso público nos municípios baianos. g. Incrementar a rede produtiva do livro com o fortalecimento do sistema de produção e circulação, aumentando o numero de títulos editados e exemplares impressos na Bahia, bem como o número de livrarias no Estado. h. Estimular a rede criativa do livro. i. Fomentar a produção de indicadores sobre a situação do livro e leitura na Bahia. j. Acompanhar e monitorar ações desenvolvidas através do PELL– BA.

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k. Estimular continuamente a criação de Leis e Planos Municipais do Livro e Leitura

EIXOS TEMÁTICOS O Pell – BA estrutura-se em três eixos, que se dividem em 8 estratégias, a serem atingidas até o ano de 2022, através de 51 ações: Eixo 1: Democratização do acesso, considerando os 27 Territórios de Identidade Estratégia 1 – Fortalecer a rede de bibliotecas Ações: a. Qualificar as bibliotecas públicas e escolares (com acervos que atendam, pelo menos, aos mínimos recomendados pela UNESCO, incluindo livros em braile, livros digitais, audiolivros etc., computadores conectados à internet, jornais, revistas e outras publicações periódicas) e estimular seu funcionamento como centros de ampla produção e irradiação cultural. b. Apoiar Bibliotecas privadas de acesso público. c. Ampliar, qualificar, modernizar e aprimorar a rede de bibliotecas escolares e promover a abertura de bibliotecas estaduais especializadas. d. Estimular à abertura de bibliotecas comunitárias nas periferias urbanas da capital e interior bem como na zona rural. e. Informatizar os catálogos das bibliotecas públicas, escolares e comunitárias.

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f. Criar mecanismos de monitoramento das bibliotecas públicas, escolares e comunitárias. g. Valorizar e capacitar permanentemente o quadro de pessoal (gestores e funcionários) das bibliotecas. h. Consolidar o Sistema de Bibliotecas do Estado da Bahia. Estratégia 2 – Conquistar novos espaços de leitura Ações: a. Criar e apoiar salas de leitura, bibliotecas circulantes e “pontos de leitura” (ônibus, vans, peruas, trens, barcos etc.). b. Realizar atividades de leitura em parques, centros comerciais, livrarias, aeroportos, estações de metrô, trem, ônibus, hospitais, asilos, penitenciárias, praças e outros. c. Fomentar projetos de leitura com crianças de rua e na rua. d. Estimular a criação de espaços de leitura nos locais de trabalho. Estratégia 3 – Ampliar o acesso ao livro e a outras formas de expressão da leitura Ações: a. Estimular a criação de Planos Municipais do Livro e Leitura que articulem universidades, comunidade e instâncias públicas federais, estaduais e municipais. b. Fortalecer iniciativas de Pontos de Leitura e da Rede Biblioteca Viva na Bahia, c. Criar repositório para disponibilizar livros publicados com apoio do Estado. d. Criar coleção de livros populares (autores baianos e

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outros autores clássicos nacionais de domínio público) para distribuição em feiras livres, pontos de ônibus e outros espaços em bairros populares e no interior, vinculados a projetos de leitura. e. Implementar programas para distribuição de livros, não apenas para alunos e professores nas escolas, mas também para crianças, jovens e adultos inseridos em outros contextos, tais como hospitais, asilos, presídios, zona rural etc., vinculados a projetos de leitura. f. Estimular projetos de educação para a cidadania com livros (direitos humanos, direitos culturais, saúde, meio ambiente, trânsito, trabalho, juventude etc.) g. Criar um circuito estadual de feiras do livro, bem como a instalação de infraestrutura itinerante para venda de livros em feiras livres e eventos gratuitos. h. Instalar espaços de venda de livros em equipamentos do Estado (Museus, Centros Culturais, Teatros, Bibliotecas etc.). i. Fomentar coedições de livros em braile, livros digitais e audiolivros para atender a pessoas com deficiências, especialmente as de natureza visual. j. Adequar os espaços públicos às necessidades das pessoas com deficiência, atendendo aos requisitos legais de acessibilidade. Eixo 2: Valorização da leitura como prática social Estratégia 4 – Fomentar a leitura Ações: a. Fomentar novos projetos de estímulo à leitura.

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b. Criar linhas de financiamento para projetos sociais de leitura. c. Criar concursos e prêmios para reconhecer e premiar experiências inovadoras na promoção da leitura e da literatura. d. Promover encontros, discussões, troca de experiências, divulgação e transmissão de metodologias bem sucedidas. Estratégia 5 – Formar mediadores de leitura Ações: a. Fortalecer as ações dos Comitês do ProLer no Estado da Bahia b. Criar editais de órgãos públicos e empresas estatais para apoiar projetos pontuais e de forma continuada. c. Valorizar o mediador de leitura. d. Utilizar os meios de educação à distância para formação continuada de promotores de leitura em escolas, bibliotecas e comunidades. Estratégia 6 – Desenvolver pesquisas e sistemas de informação na área do livro e leitura Ações: a. Elaborar sistema de informações sobre a situação da leitura e do livro na Bahia. b. Criar pesquisas sobre hábitos de leitura e consumo de livros, bem como pesquisas qualitativas sobre a recepção dos mais variados gêneros. c. Ampliar a formação de base de conhecimento e di-

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vulgar experiências inovadoras e bem-sucedidas com leitura. d. Criar programas de financiamento à pesquisa nas universidades sobre o livro, leitura, bibliotecas, livrarias, editoras e consumo de livros na Bahia. e. Criar um portal de projetos, programas, ações e calendário de atividades e eventos da área. Eixo 3: Desenvolvimento da economia do livro Estratégia 7 – Incrementar a rede produtiva do livro Ações: a. Criar linhas de financiamento para gráficas, editoras, distribuidoras, livrarias e para a edição de livros. b. Implementar programas governamentais de aquisição que considerem toda a rede produtiva e os interesses das práticas sociais de leitura no Estado. c. Fomentar programas de formação e capacitação para os atores da rede produtiva do livro. d. Implementar programas para ampliação das tiragens, redução de custos e barateamento do preço do livro. e. Política para fomentar a abertura de novas livrarias e pontos de venda e apoiar as já existentes. f. Estimular à participação de editoras baianas em feiras locais, nacionais e internacionais. Estratégia 8 – Apoiar a rede criativa do livro Ações: a. Implementar programas de bolsas de criação literá-

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ria para apoiar os escritores. b. Apoiar a circulação de escritores nas escolas, bibliotecas, feiras etc. c. Defender os direitos do autor baiano. d. Apoiar a publicação de novos autores baianos. e. Criar editais para publicação de escritores baianos por editoras baianas. f. Estimular programas de exportação de livros e apoio a tradução de livros baianos para edição no exterior g. Criar políticas públicas de aquisição de livros de autores baianos. h. Valorizar e difundir a literatura baiana e seus escritores na Bahia, no Brasil e no exterior. i. Reeditar obras importantes, mas fora de circulação. j. Definir premiações para editoras, livrarias e gráficas baianas.

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TEMPO ADORÁVEL PARA O LIVRO O que move os autores desta edição anuncia um tempo adorável, divisor de águas na história das ideias brasileiras e, de modo específico, do livro, cuja empresa nacional tem menos de cem anos, e quase século e meio desde o anúncio impaciente do poeta baiano, ao bendizer os que levam livros a mancheias. Em Ars poética, a poeta Myriam Fraga oferece um liame para aproximação das faces do livro Econocriativa, na medida em que o poema abrange clareza e emoção: “Poesia é esta paixão / Delicada e perversa, / Umidade perolada / Ao escorrer de meu corpo, / Empapando-me as roupas / Como uma água de febre” (Femina, 1996). O mapeamento e o diagnóstico das editoras baianas correspondem a uma face do livro. A curiosidade em torno da cadeia de produção e a inquietude da pouca discussão da arte literária, “que tantos fazem, criam” (p. 10), perfazem a outra face. No que tange à primeira, importa destacar o interesse pela política pública para o livro, acelerada desde a entrada do século 21, com o plano nacional do livro e leitura, posteriormente ampliado para contemplar as bibliotecas. À bem da verdade, esta política integra junto à economia criativa e a diversidade cultural um cenário maior da cultura. Quanto à segunda face, há que se notar o equilíbrio entre o ritmo do trabalho e a cadência alcançada pela equipe no entrelaçar de informações obtidas da ida ao campo. A necessidade que subjaz ao formato livro se ampara na existência de lacunas no processo de crescimento do mercado editorial na Bahia. Mesmo que editoras de grande potencial – editoras universitárias e selos consagrados – organizem muitas publicações e tenham alcance junto à comunidade, elas não têm como atender àquela sede de saber denunciada pela poesia, bem antes da empresa editorial se firmar entre nós. O que se lê no livro Econocriativa é uma mostra da pluralidade de projetos editorias, de selos criativos que buscam acolher autores e temáticas que chegam, mas sem deixar de fora autores em curso. A cadeia de produção ganha pelo alargamento da história das ideias e pelo desafio lançado à melhoria da formação de profissionais da área editorial, descoberta de talentos e leitores capazes de solidificar o valor do livro como aliado na luta pelo direito à leitura. A obra se presta a responder para onde vão as políticas públicas do livro e da leitura. Pelo cuidado prospectivo, fica como uma ação estruturante e sustentável na promoção atual da leitura.

Wagner Coriolano de Abreu, Professor Doutor em Letras Autor de Sempre aos Pares (2012)

Produção:

E-Criativa

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