ECONOMIA ANGOLANA: 14 ANOS DE PAZ, AVANÇOS, RECUOS E DESAFIOS
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EC ONOMIA ANGOLANA: 14 ANOS DE PAZ, AVANÇ OS REC UOS E DESAFIOS
Aprendemos durante anos que a economia é cíclica, tem períodos bons e maus, sobe e desce, avança e vezes há, que abranda, denominados por Schumpeter 1939 por ciclo económico: Boom, Recessão, Depressão e Recuperação. Cada momento marcado por seus reflexos na Economia. O mês de Abril constitui um marco memorável em Angola e, sobretudo na Economia Angolana, pois é o início de uma longa trajectória em que se verificaram momentos áureos e difíceis para o País. O País esteve mergulhado durante mais de 3 décadas num árduo conflito armado que acabou por dilacerar o País de Cabinda a Cunene do Mar ao Leste, dizimou grande parte da força activa, Recursos Humanos e contribui significativamente para a degradação de grande parte do tecido Empresarial e Industrial que existia no País no período pós independência (1975 – 2002);
AVANÇ OS Desde 2002 que a Economia Angolana registou progressos significativos na Economia, os principais indicadores macroeconómicos registaram elevadas taxas, fortemente impulsionadas pelo boom do preço do barril do petróleo que, no período de 2002 a 2013 o preço médio rondou acima dos USD 70, pese embora, tenha-se registado uma redução no período de 2008 a 2010, devido a Crise Económica Internacional que teve a sua origem nos Estados Unidos da América (EUA), que deixou a sua marca indelével como a “C rise do Subprime” o preço continuou a cifrar –se na casa dos 3 dígitos.
Gráfico Nr. 1 – Evolução preço médio Barril Petróleo 111,6 110,1
91,7
61,4
77,8
70 60,7
50
24
2002
28,2
2003
36,1
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Fonte: BNA
Produto Interno Bruto (PIB) Nominal O PIB de Angola registou um aumento astronómico de 742% passou de 16,9 mil milhões USD em 2002 para 125 mil milhões USD em 2012, tendo como o petróleo a principal geradora de Riqueza para a Economia.
Gráfico Nr. 2 – Evolução PIB mil milhões USD 125,4 110,8
88,5 73,1
83,3
65,2 45,32
16,9
2002
20,42
23,17
2003
2004
2005
52,3
2006
2007
2008
2009
Fonte: BNA, FMI, Banco Mundial
2010
2011
2012
C rescimento Economia (%) Durante o período de 2002 a 2012 Angola foi um dos países que apresentou altas taxas de crescimento em torno dos 2 dígitos situando –se na lista dos países que mais cresceram, registando uma taxa de crescimento médio de 10%. Quadro que apenas acabou por ser invertido a partir de 2009, devido a crise que abalou a Economia Mundial e os preços do barril de petróleo no Mercado Internacional.
Gráfico Nr. 3 – Taxa de C rescimento (%)
23,2 21
18
14
13,8
12
3
2002
2003
2,4
2004
2005
2006
2007
2008
2009
3,5
3,9
2010
2011
5,2
2012
Fonte: BNA, Banco Mundial
Inflação Desde 2002 que a Inflação em Angola conheceu uma retração, os preços reduziram substancialmente, cifrando –se em 2012 em 10,3%, fruto de uma política monetária, financeira e cambial consentânea e conjugada que, ajudaram a valorizar a moeda nacional.
Gráfico Nr. 4 – Taxa de Inflação (%) 106
76,6
43,8 23
2002
2003
2004
13,2
2005
2006
12,2
12
13,7
13,3
13,5
10,3
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Fonte: INE Angola & MinFin
Desemprego O desemprego em Angola continua a constituir um dos principais desafios, pois os resultados do conflito armando em que o País esteve imbuído durante longos anos, acabaram por contribuir para o êxodo populacional do campo para a cidade e para as altas taxas de desemprego que se verificam por todo o País. Como consequência a população acabou por se instalar nos grandes centros urbanos e populacionais e nas principais cidades desenvolvidas. Como meio de subsistência a população foi adoptando novo modus vivendi, surgindo destarte as actividades informais e subterrâneas que verificam –se um pouco por todo o território nacional. Gráfico Nr. 4 – Taxa de desemprego (%)
48
46 35 29,8
29,2 32
29
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
30
2009
Fonte: Banco Mundial, CEIC
28
2010
25
2011
26
2012
C omposição das Exportações Angolanas Desde 2002, que a dependência do petróleo na Economia Angolana se vem evidenciando, tornado –se este Gap maior com o passar dos anos, o Petróleo Bruto passou de 92% para 98% das Exportações em 2012. Os restantes produtos como os diamantes, café, madeira passaram a representar menos de 10% das exportações.
Gráfico Nr. 5 – Composição das exportações Angolanas (%) 100% 98% 96%
6% 8%
5%
4%
2%
3%
3%
2%
3%
2%
9%
94%
N/Petróleo
92%
Petróleo
90% 88% 86%
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Fonte: BNA
Exportações Angolanas O efeito da alta dos preços do Barril de petróleo na Economia Angolana teve numa relação directa e proporcional, enquanto o preço atingiu o pico, as Balança de pagamento foi superavitária permitindo a entrada massiva de fluxos monetários e, em períodos menos bons, em que o preço do petróleo caiu a Balança de Pagamentos foi deficitária gerando menos receitas. As Exportações Angolanas desde 2002 que conheceram um crescimento significativo, passando o seu valor de 8,5 mil milhões USD para 71,8 mil milhões em 2012, registando –se um aumento de 695%;
Gráfico Nr. 5 – Exportações Angolanas em mil milhões USD Export
Import 71,8 68
64,2 51,4 44,7
43,1
41,4
41,8
33,3
9,7 8,8
2002
2003
13,7 10,6
2004
35,4
16,2
15,1
2005
45,8
26,3
24,2
8,5 7
43,8
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Fonte: BNA, Banco Mundial
Mercado Monetário e C ambial A taxa de câmbio media teve um comportamento estável ao longo dos anos embora podemos registar que, a partir do ano de 2004 o dólar começou a apreciar face ao kwanza o seu valor médio passou de 56,67 kwanzas por 1 SD para 85,64 kwanzas, ganhando um novo rumo a partir do anos de 2010 em que o seu valor quase atingiu os 100 kwanzas. De 2002 a 2012 o dólar teve uma apreciação de 63% comparativamente ao kwanza, o que podemos depreender que com o passar dos anos o kwanza foi se desvalorizando, embora não de uma forma substancial. Gráfico Nr. 6 – Taxa de câmbio valor médio
79,08
85,64
89,40 80,78
80,78
2005
2006
74,83
75,00
2007
2008
92,64
95,28
95,83
2010
2011
2012
58,67
2002
2003
2004
Fonte: BNA
2009
Venda de divisas As divisas continuam a ser as principais moedas de procura para a importação de bens e serviços e em muito dos casos reserva de valores. Tal conforme podemos observar a medida que aumento a necessidade e procura por materiais primas e outros bens importados, a necessidade de divisas no pais também aumentou passando de 125,9 milhões USD em 2002 para 1.516,7 milhões USD em 2012. Enquanto existir a demanda por consumo de bens e serviços que não é satisfeita por uma oferta de bens nacionais, a procura por divisas será vital para a Economia Angolana.
Gráfico Nr. 7 – Venda média de divisas milhões USD 1 516,75 1 240,70
886,33
967,72
766,62 559,88 461,04
125,90
2002
178,30
210,82
2003
2004
291,10
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Fonte: BNA
REC UOS Desde a crise de 2008 que a economia Angola conheceu um abrandamento no crescimento que vinha registando. A mais recente crise no meados de 2014, já mostrou que é mais profunda comparativamente a crise do subprime, se anterior crise (2008) teve influência no arrefecimento da demanda pelo petróleo, a mais recente teve um forte impulso pelo excesso na oferta de petróleo, que corroborou para a redução do preço no mercado Internacional. O preço do Petróleo conheceu uma redução para mais de 30%, situando –se actualmente num preço medio de USD 35, uma variação de USD 10, ao preço médio projectado no
Orçamento Geral do Estado (OGE) para o ano de 2016. Estudos apontam que o preço médio do barril de petróleo no mercado internacional continuará a cifrar –se num valor inferior aos USD 40, por um longo período de tempo. Gráfico Nr. 8 – Queda abrupta preço médio petróleo bruto
107,7 111,6 96 49,31
35,24
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: BNA
Recuo C rescimento Económico As elevadas taxas de crescimento económico que a economia Angolana vinha registando, conheceram uma desaceleração, fazendo com que o crescimento da economia Angolana se situe abaixo dos 4%, situando –se nos 3,3% ainda com grande influencia do sector petrolífero, embora timidamente o sector não petrolífero vem contribuindo de forma significativa no crescimento do PIB nos últimos anos. Conforme o cenário internacional, e o preço do Brent a situar –se abaixo dos USD 45, podemos afirmar que esta meta de crescimento poderá não ser alcançado.
Gráfico Nr. 9 – Recuo no crescimento económico Angola 6,8
5,2
4,8
4,9
3,3
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: BNA
Recuo do PIB nominal Desde 2012, com grande impacto em 2014 que o PIB de Angola encontra – se em queda livre reduzindo em mais de 70%, estima –se que para o corrente ano o mesmo venha situar –se nos 100 mil milhões USD ou abaixo deste valor. Gráfico Nr. 10 – Recuo do PIB Angola (mil milhões USD) 138,3 125,4
2012
2013
129
2014
Fonte: BNA, Banco Mundial
106
100
2015
2016
Inflação em Alta Enquanto uns indicadores macroeconómicos recuam, a inflação segue um percurso inverso e dispara, atingindo taxas nunca antes registadas a quase uma década, apenas comparada a inflação registada em 2005 em que as taxas atingiram o pico de 23%, actualmente e de acordo o Relatório publicado pelo INE a inflação acumulada situa-se nos 20,26%. Gráfico Nr. 11 – O reacender da Inflação (%) 20,26
14,27
10,3 7,69 7,48
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: INE
Estão na origem da alta dos preços em Angola a subida dos combustíveis, a escassez de divisas para importação por parte dos Empresários, que por sua vez origina num efeito em cascata na redução na oferta de bens e serviços na Economia. Taxa de C âmbio A Queda do preço do petróleo bruto, a redução da entrada de fluxos monetários (divisas), está a originar uma apreciação do dólar face ao kwanza. O seu valor médio passou de 95,83 kz/dólar para 160,67 kz/dólar, um aumento de 68% no intervalo de 2002 a 2016. Caso não haver um equilíbrio através da oferta e procura no mercado cambial, o valor do dólar poderá situar –se acima dos 200 kz/dólar, criando uma desvalorização acentuada da moeda nacional acima dos 56%.
Gráfico Nr. 11 – Evolução do preço médio venda de divisas USD
160,67 135,32
95,83
97,62
2012
2013
102,86
2014
2015
2016
Fonte: BNA
Venda de divisas Desde 2014 que a venda de divisas conhece redução, a mesma deve-se, a reduzida entrada de divisas que, contribuiu para que o BNA disponibilizasse menos divisas comparativamente ao ano de 2013. Em 2015 registou –se uma redução de quase 9% na oferta de divisas, e em 2016 estima –se que este valor se situe abaixo dos 20% comparativamente a oferta de divisas registada durante o ano 2015. Gráfico Nr. 11 – Recuo da venda de divisas 1 516,75
1 606,81
1 597,87
1 457,02
617,56
2012
2013
2014
Fonte: BNA
2015
2016
Recuo das Reservas Líquidas Internacionais (RIL) Desde 2013 que as RIL vêm conhecendo um retração, passando de 31 mil milhões de USD para 24 mil milhões em USD, uma redução de 23%, fruto da redução das receitas petrolíferas a principal fonte de divisas para o País. As prespectivas indicam que, fruto da continua demanda por divisas no País, as RIL se situem abaixo dos 24 mil milhões de dólares. Gráfico Nr. 12 – RIL Angolanas 30,8
2012
31,1
2013
26,1
24
2014
2015
23
2016
Fonte: BNA, Banco Mundial
DESAFIOS Os desafios da economia Angolana são ingentes, a crise no sector petrolífero mostrou a fragilidade da economia Angolana. A monoprodução e monoexportação, acabaram por fragilizar a Economia tornando –a mais exposta aos choques externos. Fruto da crise o Executivo Angolano adoptou as Linhas Mestras da Estratégia para a saída da crise devida da queda do preço do petróleo no Mercado Internacional, através do Decreto Presidencial N.º 40/16 de 24 de Fevereiro. A redução das receitas é um desafio o qual a Economia Angola terá que ultrapassar, pois a materialização de grande parte dos programas e projectos dependem da disponibilidade financeira.
Os principais desafios prendem –se com o redimensionamento de políticas económicas: Estruturais e Expansão Conjuntural. Estruturais •
Diversificação da Economia Nacional, através do fomento de outros sectores como: Agricultura, Industria transformadora e estruturação da cadeira de distribuição;
•
Criação de infraestruturas de suporte ao tecido produtivo e industrial, tais como: Luz Eléctrica e água;
Expansão C onjuntural •
Controle da taxa de Inflação, através da criação de políticas que reponham o poder de compra da população;
•
Substituição das Importações pela Produção Nacional, reduzindo assim a pressão pela procura de cambiais;
•
Fomento da Produção Nacional através da aposta nas Micro, Pequenas e Médias Empresas diversos sectores;
•
Implementação de medidas que visam a protecção da Produção Nacional em detrimento dos produtos produzidos no exterior do país;
•
Fomento das Exportações através da aposta de sectores como: café, sisal, Produtos da pesca, bebidas, madeira, mineiros diversos, e produtos diversos que ajudam a diversificar a balança comercial Angolana;
Os 14 anos de Paz permitiram o País solidificar a coesão nacional, actualmente, é imperioso a aposta da economia em sectores menos vulneráveis e voláteis como o sector petrolífero. A adopção de uma política sustentável e consentânea, são os caminhos a seguir para que a médio e longo prazo o país minimize os efeitos na crise e retome os índices de crescimento.
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