Economia Política Latino Americana Visão Social de um Brasil Economicamente desigual

June 2, 2017 | Autor: Tomas Lima | Categoria: Economia Política
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Internacionalista - Centro Universitário Instituto de Educação Superior de Brasília - IESB
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Economia Política Latino Americana
Visão Social de um Brasil Economicamente desigual.

Lima, Tomás Freidank*
Graduando em Relações Internacionais - IESB/Brasília


Resumo: O referido artigo busca analisar por meio dos pensamentos de Michel Foucault (1996) e Jessé de Souza (2009) a desigualdade social que existe no Brasil, problemas estruturais e sociais que se espadem à toda América Latina de forma generalizada.
Utilizo para coleta de dados um questionário e de suas respectivas resposta mapear como muitos brasileiro praticam desigualdades ao contrário do que eles afirmam. Portanto, frente esta desconstrução tentará encontrar os caminhos apontados pelos autores e o que precisa ser feito de fato para solucionarmos estas desigualdades na qual muitas das vezes passam despercebidas.

Palavras-chaves: desigualdade; poder; ética do reconhecimento; justiça; ordem do discurso.

Summary: The article aims to analyze through Michel Foucault's thoughts and Jesse de Souza social inequality that exists in Brazil, structural and social problems that grows throughout Latin America generally. I am looking for through a questionnaire and their respective response to map as many Brazilian practice inequalities contrary to what they claim. Hence, forward this deconstruction can find the paths indicated by the authors and what needs to be done indeed for us to solve these inequalities which often go unnoticed.

Keywords: inequality; power; ethics of recognition; justice; Speech order.

Résumé: L'article vise à analyser à travers les pensées de Michel Foucault et Jesse de Souza l'inégalité sociale qui existe au Brésil, structurel et les problèmes sociaux qui se développent en Amérique latine en général. Je cherche à travers un questionnaire et leur réponse respective à la carte que de nombreuses inégalités de pratique brésilienne contrairement à ce qu'ils prétendent. Donc, avant cette déconstruction peut trouver les chemins indiqués par les auteurs et ce qui doit être fait en effet pour nous de résoudre ces inégalités qui passent souvent inaperçus.

Mots-clés: l'inégalité; puissance; éthique de la reconnaissance; la justice; ordre de la parole.



INTRODUÇÃO






Este artigo visa analisar as causas da desigualdade social que ocorre no Brasil desde a sua formação como colônia até os dias atuais em âmbito social e econômico.
Como ponto de partida, trabalhando com os pensadores Jessé de Souza (2009) e Michel Foucault (1996), visa analisar as respostas obtidas por um homem com seus 33 anos, residente em Brasília no Distrito Federal, na Capital Brasileira, que possui graduação em ciências biológicas bacharelado pela Universidade de Brasília (2005) e mestrado em Biologia Animal pela Universidade de Brasília (2009). Atualmente é Analista Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, atuando principalmente nos seguintes temas: neurociências, zoologia, ecologia, comportamento animal e licenciamento ambiental.
Ao analisar quem poderia ser entrevistado, pensei cuidadosamente sobre um indivíduo que pudesse representar uma grande parcela da população brasileira de classe media alta, onde demostrasse pensamento liberal conservador e de senso comum, transmitindo desta maneira uma perspectiva que a causalidade dos problemas de desigualdade social brasileira são gerados através e unicamente por problemas econômicos e disparidade de classes.
Desta forma, utilizando a linha dos pensadores já mencionados acima, pode-se analisar cada resposta e comprovar onde cada levantamento converge e diverge com os autores, assim em um segundo, momento o cruzamento de dados com todas as respostas fornecidas para demostrar os pontos incoerentes e coerentes feitos pelo próprio entrevistado, para a partir deste momento apresentar as soluções para enfrentar as questões subliminares que pairam a respeito da desigualdade social brasileira e Latino Americana que enfrentamos a tanto tempo.










MARCO TEÓRICO



O que constrói as desigualdades sociais no Brasil, sem dúvida nenhuma, é a formação da sociedade brasileira em classes sociais completamente distintas umas das outras. Desigualdade esta, que tem como alicerce o pensamento liberal conservador, onde Souza (2009) afirma que a sociedade caminha para tal desenvoltura e extremas disparidades. Deste modo, pode-se observar os ricos possuidores de virtudes por chegarem a onde chegaram por mérito, esforço e puro reconhecimento vindo da famosa ética da responsabilidade, uma legitimidade de seus grandes feitos e benéficas convicções. Por outro lado, os pobres da chamada 'Ralé Brasileira' como afirma o autor, os não virtuosos que só estão onde estão porque não lutam para melhorar de vida, não correm atrás de seus sonhos e se dão como satisfeitos com o que a vida já lhe ofereceu ou oferece em escala quase que insistente. Ou melhor, como diria Souza, o pobre se coloca no lugar do oprimido se passando por um idealizador romântico usando do sofrimento para explicar a sua eterna e precária situação a partir da religião judaico-cristão. Pobre injustiçado e destinado ao fracasso de uma estrutura social injusta que paira sobre sua cabeça, anos após anos, governo após governos, sem força para uma mudança significativa em sua raízes familiares.
Michel Foucault (1996) explica este fenômeno social por uma ordem de poder. Um tipo de poder que não tem origem em classes sociais ou em indivíduos. É sobre esta temática que o autor explica a construção do discurso de verdade onde todos irão concordar, gerando a chamada alienação. Como diria Jessé Souza (2009), o famoso senso comum. Vale lembrar segundo Foucault (1996), que este poder quando gerado dentro de um discurso de verdade tem como objetivo controlar, reorganizar e redistribuir algo ou alguma coisa. Isto acaba conduzindo a sociedade ao que o autor define sendo um sistema de exclusão, onde o individuo coloca a culpa em terceiros e nunca reconhece a si mesmo como culpado.
Entretanto, para trazer à tona, toda população precisa de solidariedade e reconhecimento. Somente usando essas ferramentas poderemos acabar com a desigualdade social invisível que corroê a nação brasileira. A partir dai, possivelmente poderemos ter uma sociedade igualitária e justa para todos nos.









METODOLOGIA



PESQUISA DE CAMPO E ANALISE



De acordo com você, o que causa desigualdade social no Brasil?


"O grande problema é a ideia de que o Estado é um pai que sabe o que é melhor para cada um. Ele entra obrigatoriamente como um mal sócio que pega mais de 40% de tudo que é gerado no país para administrar de uma forma errada privilegiando só algumas castas, os bancos públicos todos, os bancos de fomento só privilegiam os amigos do rei, a um excesso de burocracia de leis que na verdade era para ajudar os trabalhadores que só dificulta as CLTS e no final o empreendedorismo é prejudicado, o acesso a educação e ao sistema de saúde também e em uma economia em crise e desestabilizada quem vai se ferrar sempre é o mais carente, quem tem menos acesso ao melhores produtos e vão pagar taxas de juros muito maior a inflação vai empobrecendo a população toda ao longo do tempo e ninguém se da conta disso. Então se tivesse menos influencia Estatal e deixasse que o povo pudesse empreender de uma maneira mais fácil e menos burocrática as coisas melhorariam."

Ao verificar a resposta, percebe-se que no primeiro momento o entrevistado faz uma relação direta com a teoria do autor Jessé Sousa referente a desigualdades visíveis nas estruturas de classes, ao mencionar "privilegiando só algumas castas". Aparece novamente o pensamento de Souza na fala do Rafael quando se trata de capitalismo, lucro, liberdade e da forma que a sociedade brasileira se entrega e se deixa manipular esperando melhorias que venham do Estado. Ao tratar da escola uma vez que a lógica educacional moderna que não estimula as potencialidades individuais até porque não oferece seus serviços garantidos de forma constitucionais e de maneira correta.
Por fim, podemos constatar que há indícios do pensamento de Foucault na fala do entrevistado, com relação a organização do espaço analítico.





O que você faz para minimizar ou diminuir a desigualdade social?

"Cara! A grande questão é que desigualdade social não e problema velho, se for pensar só em diferença entre classes em um mesmo país, países miseráveis como a Somália e outros a desigualdade é mínima. O problema é você ter um mínimo suficiente para que as pessoas tenham uma qualidade de vida, a partir dai se uns tens mais ou menos isso não é o grande problema. O problema é a miséria né! O que eu faço para tentar diminuir isso é: primeiro faço trabalho voluntário, eu também tento sempre alertar isso para as pessoas para que não fiquem esperando que o Estado resolva seus problemas, para correr atrás, para tentar de alguma maneira empreender e que as pessoas comecem a entender que políticas populistas, um assistencialismo por si só como fim não vai lembrar a lugar nenhum, ele vai muito bem até acabar o dinheiro dos outros, quem produz o setor produtivo que vai gerar emprego , que vai gerar renda e oportunidade para que as pessoas possam sair da linha da miséria é que tem que ser incentivado o empreendedorismo é isso ai. Não é ficar punindo achando que ter lucro é errado e quem tem muito dinheiro é errado. O cara que tem muito dinheiro vai poder investir, produzir, renovar e tudo mais. Nenhuma industria farmacêutica vai produzir medicamentos se não tiver muita grana, então para ter avanços tecnológicos também é necessário certa concentração de renda. O problema é esse que eu falei. A diferença não poder ser tamanha que alguém passe necessidade, todos tem que ter acesso ao mínimo. Mas nem isso o estado paternalista garante."


Entretanto no segundo questionamento a ideia central é a parte onde ele cita: "eu faço para tentar diminuir isso é: primeiro faço trabalho voluntário, eu também tento sempre alertar isso para as pessoas para que não fiquem esperando que o Estado resolva seus problemas" observa-se que o jovem entrevistado assume o fato de alertar para as pessoas que busquem seus objetivos e criem seus próprios caminhos, porque somente desta maneira será possível alcançar os objetivos e o sucesso que a vida pode oferecer dentro da perspectiva que Souza trabalha com relação a questão meritocrática. O entrevistado usa do mérito a si próprio e mostra como consegue controlar o seu comportamento politicamente correto, se colocando fora da classe excluída, desse fracasso que ronda a todos com poucas perspectivas. Portanto, se torna tendencioso e evidente o posicionamento do entrevistado para as teorias da ética da convicção.






Você tem preconceitos?

"Preconceito todo mundo tem mas eu acho que uma coisa que me incomoda muito é gente que é folgada, que não quer trabalhar, que não se esforça não corre atrás e ainda fica reclamando que alguém ganha muito e é o principio da mais valia que não esta muito preocupado com o que cada um esta ganhando e sim se o empreendedor esta ganhando muito. para mim não é esse o problema. Então meu preconceito é esse."


Quando se analisa o terceiro questionamento entramos no campo dos autores Michel Foucault com seu famoso discurso sobre verdade e Bauman com a teoria de classificar e excluir. O discurso sobre a verdade aponta para uma vontade de verdade que atravessou tantos séculos de nossa história, como diria Foucault, " o tipo de separação que rege nossa vontade de saber, então é talvez algo como um sistema de exclusão (sistema histórico, institucionalmente constrangedor)" Este discurso sobre verdade o qual se tinha respeito e terror, sistema no qual era preciso submeter-se porque ele reinava de forma absoluta e pronunciava a justiça. Por outro lado, podemos constatar também da resposta do entrevistado a questão da classificação e exclusão que existe em nossa sociedade. Bauman afirma que a classificação significa separar ou segregar, postular que o mundo é dado em entidades distintas. Podemos acrescentar ao significado de classificação aquilo que é dado ao mundo como estrutura "manipular suas probabilidades, tornar alguns eventos mais prováveis que outros, comportar-se como se os eventos não fossem casuais ou limitar ou eliminar sua causalidade." Ou seja, é evidente na resposta do entrevistado a possibilidade de exclusão de todos aqueles que se enquadram dentro de seu preconceito. Este tipo de classificação excluiu ou inclui indivíduos dentro do ciclo social que o entrevistado se encontra. Logo, tal atitude de inclusão/exclusão é um ato de violência cometido diariamente pelo entrevistado e pela sociedade.


você se classificar como preconceituoso?


"Acho que não tem nexo causal nenhum o fato de uma pessoa não fazer algo para diminuir a desigualdade dizer que isso a torna automaticamente preconceituosa, as vezes ela simplesmente se acomoda e deixa o sistema seguir do jeito que sempre é, da sempre mais trabalho você querer mudar um status quo, então é muito mais uma preguiça que é pra mim um dos principais motivo que geram este tipo de desigualdade social do que dizer que é preconceito."


Na quarto questionamento compreende-se que o entrevistado possui o que souza aponta a respeito do "politicamente correto" Esta interpretação atribuindo virtudes aos pobres. Como não faz uso de uma análise teórica minuciosa, a visão politicamente correta busca sustentação em uma moral superior mais preocupada com a imagem do que com os efeitos. A Teodiceia do oprimido por vezes pode surtir efeito mais devastador que a pseudo crítica patrimonialista, agindo de forma parasitária e tomando a miséria social como valores absolutos de virtude. Em outras palavras o liberal-conservador culpa a vítima pelo próprio fracasso para usufruir de seus privilégios sem má consciência. Sousa (2009) afirma que do mesmo modo que o mito nacional brasileiro é o que confere a aparência de verdade e com isso legitima as teorias personalistas e patrimonialistas, no caso das teorias "politicamente correto" é a gigante influência do cristianismo que aparece por trás de sua eficácia e legitimidade. Dessa forma, quando os "politicamente corretos" idealizam os oprimidos com a ideia de virtude, eles estão na verdade, se aproveitando, parasitariamente, do enorme prestígio da imagem religiosa dominante que define a bondade e a caridade cristão. Deste modo, justifica-se a atitude de que "eu estou certo e dane-se o mundo" entendida como a minha parte eu já fiz se o outro não correu atrás, o problema não é meu.



Você foi alvo de preconceito?

"sim! Preconceito religioso."

Como foi afirmado acima o contexto judaico-cristão é o qual resume a resposta do entrevistado.

Cruzamento de dados

Todavia ao comparar as respostas, percebe-se que por mais que o entrevistado se policie ele assume a prática da desigualdade social, pensamentos sobre uma sociedade meritocrática, preconceito, discurso de verdade e politicamente correto predominam o seu discurso. Mostrando assim uma incoerência entre as respostas e ao mesmo tempo uma realidade da sociedade brasileira e da América Latina que é a invisibilidade dessas pessoas.
Neste cruzamento de dados evidencia o que ocorre na vida da sociedade como um todo. Somente uma parcela pequena dos brasileiros conseguem romper com o senso comum e entender a ética da convicção para assim buscar uma solução para a melhoria social.



Conclusão



Todos os objetivos do pesquisador foram alcançados ao longo deste artigo, todos os procedimentos tiveram êxitos e retorno durante as entrevistas. As analises comprovaram o questionamento inicial demonstrando que realmente há o lado invisível da desigualdade social, sendo assim, grande parte da população brasileira assumi a ética da responsabilidade demonstrando que o governo é causador da desigualdade social, entretanto, cada brasileiro deveria observar sua parcela de culpa e adotar assim a ética da convicção e ver que o problema é em primeira instância social.
Enfim, espera-se que todos os caminhos apontados pelos autores possam se tornar realidade em um dado momento futuro para desta forma alçarmos outros patamares na luta desse problema sociais que acompanha o Brasil e a América Latina durante séculos.











REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FOUCAULT, Michel. Verdade e poder. In:______.A Microfísica do Poder. Tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979, p. 4-12.
_______. A Ordem do Discurso. São Paulo: Loyola, 1996, p. 5-21.
SOUZA, Jessé. A ralé brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte: Editorial UFMG, 2009.







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