\"Edifício sito na Rua Pêro Alvito, Leiria\", Relatório Final de Trabalhos Arqueológicos, aprovado por IGESPAR, Janeiro 2011

Share Embed


Descrição do Produto

CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO SITO NA

RUA DE PÊRO ALVITO

LEIRIA

TRABALHOS DE ARQUEOLOGIA RELATÓRIO FINAL

JANEIRO DE 2011

Í NDI CE

1. I N T R O D U Ç Ã O

4

1.1. Entidades consultadas

4

1.2. Condicionantes à intervenção arqueológica

5

2. OBJECTIVOS DA INTERVENÇÃO E METODOLOGIA APLICADA

8

2.1. Meios técnicos e humanos

8

3. ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO E ESPACIAL

10

4. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO E ARQUEOLÓGICO

12

4.1. A região de Leiria

12

4.2. A cidade de Leiria

23

4.3. O Arrabalde da Ponte

33

5. SONDAGENS ARQUEOLÓGICAS

37

5.1. Sondagem 1

37

5.2. Sondagem 1 a)

49

5.3. Sondagem 2

55

5.4. Sondagem 3

60

5.5. Sondagem 4

69

6. ACOMPANHAMENTO ARQUEOLÓGICO

77

6.1. O ‘Poço-Cisterna’

77

6.1.1.

Um tanque anexo ao ‘Poço-Cisterna’

78

6.1.2.

Sequência estratigráfica

79

6.1.3.

Atribuição cronológica

81

6.1.4.

Desmonte do ‘Poço-Cisterna’

83

6.2. O ‘Muro Oeste’

83

6.3. A ‘Arcaria’

85

6.4. As unidades murais ‘Construção Noroeste’ e ‘Construção Central’

85

6.4.1.

88

Atribuição cronológica

1 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

6.4.2.

Desmonte das estruturas ‘Construção Central’ e ‘Construção Noroeste’

88

6.5. A unidade mural da Sondagem 2

89

6.5.1.

Atribuição cronológica

91

6.5.2.

Desmonte das estruturas relativas à Sondagem 2

91

6.6. O conjunto edificado ‘Construção Nordeste’

92

6.7. O conjunto edificado ‘Construção Este’

92

6.7.1.

Desmonte das paredes da ‘Construção Este’

95

7. ESTRATIGRAFIA GERAL

97

7.1. O ‘Perfil Norte’

97

7.2. O ‘Perfil Sul’

107

7.3. O afloramento rochoso

113

8. ANÁLISE INTERPRETATIVA DAS ESTRUTURAS DETECTADAS

115

8.1. O ‘Muro Oeste’

115

8.2. A ‘Arcaria’

117

8.3. O ‘Poço-Cisterna’

119

8.4. A ‘Construção Noroeste’ e a ‘Construção Central’

126

8.5. A unidade mural da Sondagem 2

128

8.6. A ‘Construção Nordeste’

129

8.7. A ‘Construção Este’

131

8.8. As estruturas detectadas e o mapa de 1809

132

8.9. As estruturas detectadas e o mapa de 1918-1919

135

8.10. As estruturas detectadas e o mapa de 1938

138

9. INVENTÁRIOS

140

9.1. Inventário de elementos pétreos

140

9.2. Inventário de materiais cerâmicos

147

9.2.1.

Materiais exumados de sondagens arqueológicas

149

9.2.2.

Materiais recolhidos no decurso do acompanhamento arqueológico

166

9.3. Inventário de outros materiais

181

9.3.1. Materiais exumados de sondagens arqueológicas

181

9.3.2. Materiais recolhidos no decurso do acompanhamento arqueológico

184 2

INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

186

BIBLIOGRAFIA E SITES CONSULTADOS

190

FICHA DE SÍTIO

194

ANEXO FOTOGRÁFICO ANEXO GRÁFICO

3 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

1. I NT R O D U Ç Ã O

O presente relatório refere-se à intervenção arqueológica realizada no âmbito da construção de um prédio habitacional em Leiria, numa área conhecida por ‘Arrabalde da Ponte, freguesia de Leiria, concelho de Leiria. Os trabalhos foram desenvolvidos pela empresa MUNIS – Atelier de Arqueologia Lda., de acordo com a solicitação do proprietário e promotor da obra, a empresa Leirinegócios, Lda. Esta intervenção, cujo pedido de autorização foi deferido pelo IGESPAR a 22 de Setembro de 2008, oficio 8766, referência 2003/1(672), e pela DRCC, oficio S2008/1885(C.S:575795), processo n.º DRC/2002/10-09/34915/POP/25876 (C.S: 78975), decorreu sob a direcção da signatária do presente relatório, a arqueóloga Mónica Ginja, licenciada em Arqueologia e História pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC). O facto do local de implantação do empreendimento se encontrar na área da Zona Especial de Protecção do Castelo de Leiria (16-06-1910, DG 136, de 23-06-1910 – ZEP – DG, II Série, n.º 134, de 08-06-1967), suscitava cuidados acrescidos no cumprimento das medidas minimizadoras em vigor, de modo a prevenir a salvaguarda de eventuais vestígios arqueológicos e patrimoniais detectados no decorrer da execução do projecto. Após conclusão dos trabalhos de campo, a MUNIS – Atelier de Arqueologia Lda., procedeu à elaboração de um Relatório de Progresso, com vista à proposta de medidas de minimização de impacte arqueológico sobre o denominado ‘arco em ogiva’, uma estrutura detectada no local. A 26 de Março de 2010, o IGESPAR aprovou o referido relatório, autorizando simultaneamente as medidas de minimização de impacte, através do oficio 2633, referência 2003/1(672).

1.1. Entidades consultadas

Para a análise e atribuição cronológica dos materiais culturais, em particular das faianças e das loiças vidradas, foi consultado o Professor Doutor Luís Sebastian;

4 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Para a definição cronológica e estilística dos elementos de cantaria, nomeadamente o arco em ogiva, a base de coluna e o tambor de coluna, a pia e a aduela, foi consultado o Professor Doutor Francisco Pato de Macedo; Para uma troca geral de impressões sobre as estruturas identificadas ao longo da intervenção arqueológica, foi consultado o Professor Doutor Saúl António Gomes, que amavelmente se deslocou ao local da intervenção. Agradecemos desde já as suas colaborações.

1.2. Condicionantes à intervenção arqueológica

A maior condicionante à intervenção arqueológica foi causada pela escavação de um buraco de grandes dimensões, realizada mecanicamente pelo promotor da obra prevista para o terreno, antes de iniciados os trabalhos de arqueologia. Deste modo, à data de início da presente intervenção arqueológica, deparámo-nos com um buraco de formato irregular, com aproximadamente 12 metros de comprimento x 5 metros de largura, do qual havia sido escavada terra até uma profundidade aproximada de 3 metros. O buraco, localizado sensivelmente ao centro da metade este da propriedade presentemente visada, encostava aos vestígios estruturais que posteriormente viríamos a detectar na Sondagem 2 e na Sondagem 3, pelo que é provável que a sua abertura tenha destruído, de forma irremediável, elementos arqueológicos que seriam úteis para a interpretação daquelas estruturas. De igual modo, através da observação de um mapa da cidade de Leiria, datado de 1809, ao qual nos voltaremos a referir, comprova-se a existência de estruturas edificadas no local onde nos deparámos com o buraco aberto, pelo que será expectável que o mesmo tenha igualmente destruído estruturas, cujas características ou cronologia jamais conheceremos. A realização da Sondagem 3 foi também amplamente condicionada, desta feita por questões de segurança inerentes à presença de ruínas nas suas imediações. Na verdade, tínhamos todo o interesse em posicionar a Sondagem 3 junto do limite este da propriedade, o mesmo que confronta com a Rua Pêro Alvito, dado que era expectável a presença de edifícios ou estruturas que confrontassem com esta rua, já bastante antiga. 5 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Não obstante, no local deparámo-nos com uma habitação arruinada, da qual subsistia unicamente a fachada que confrontava com a Rua Pêro Alvito (Fotografia 3). Tratando-se de um edifício de cronologia contemporânea, como viríamos a comprovar através da análise dos seus materiais construtivos, optámos pela sua desconstrução até à actual cota de circulação, garantido com essa acção a segurança suficiente para a realização da Sondagem 3. Posteriormente, viríamos a comprovar a existência de estruturas edificadas no local desde a Época Medieval, estruturas que foram sucessivamente alteradas e adaptadas até à Época Contemporânea, até à data de abandono da habitação cuja fachada havíamos inicialmente desmontado. A criação de condições de segurança aos executantes da sondagem foi, neste caso, imperativa para a determinação da presença das estruturas que serviam de base às mesmas estruturas que inicialmente nos condicionavam a realização dessa sondagem. Também a realização da Sondagem 2 foi ligeiramente condicionada, desta feita por motivos de ordem natural. De facto, ao atingirmos o nível de afectação da obra deu-se início um processo de infiltração de água junto à base da sondagem. Este fenómeno não impediu contudo a recolha de informações preciosas relacionadas com as estruturas que detectámos naquela sondagem. Não obstante a recolha de tais dados, e termos atingido a cota de afectação da obra, teríamos, contudo, prosseguido por mais alguns centímetros de profundidade a escavação da Sondagem 2. Na verdade, pretendíamos detectar os níveis de fundação das estruturas ali identificadas, algo que, graças ao fenómeno que referimos, só viria a concretizar-se durante os trabalhos de acompanhamento arqueológico da remoção mecânica das terras afectas à obra. Fenómeno idêntico limitou bastante a escavação da Sondagem 4. Realizada posteriormente ao início dos trabalhos de acompanhamento arqueológico, com vista à obtenção de dados relativos a uma estrutura que viríamos a designar por ‘Construção Nordeste’, a Sondagem 4 foi implantada a uma cota muito baixa, já próxima da cota de afectação da obra. Consequentemente, a sondagem inundou ao cabo de alguns centímetros de profundidade, através de infiltração de águas à superfície. Para mais, o local de implantação desta sondagem situava-se de forma adjacente ao denominado ‘Perfil Norte’, um perfil resultante da remoção mecânica das terras afectas 6 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

à obra, que contava já com cerca de 3 metros de profundidade. Naturalmente, alguns detritos provenientes daquele perfil caíram dentro da área da sondagem, condicionando amplamente a sua escavação. Não obstante, terminámos a escavação da Sondagem 4 com os objectivos associados à sua abertura cumpridos. Ao longo dos trabalhos de arqueologia, a propriedade presentemente visada foi alvo de um assalto, não obstante as medidas que haviam sido implementadas para vedar o espaço e impedir a entrada de pessoas estranhas à obra. No decurso desse assalto, foram levados diversos materiais de construção civil, propriedade do promotor da obra, tendo desaparecido igualmente duas peças em cantaria que havíamos recolhido durante as operações de acompanhamento arqueológico à remoção mecânica de terras. As duas peças haviam já sido registadas, descritas e fotografadas, pelo que constam de inventário. Contudo, não poderão ser entregues para armazenamento, dado que, lamentavelmente, desconhecemos o seu actual paradeiro.

7 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

2. OBJECTIVOS DA INTERVENÇÃO E METODOLOGIA APLICADA

Os objectivos desta intervenção arqueológica resumem-se à minimização de impactes arqueológicos causados pela obra de construção do já referido edifício habitacional. Dada a proximidade do local relativamente às muralhas do Castelo de Leiria foram executadas na área de implantação do projecto cinco sondagens de diagnóstico, para avaliação do potencial arqueológico do local (Fotografia 1). As sondagens, com dimensão variáveis, foram implantadas no terreno por um topógrafo qualificado e escavadas manualmente até à cota de afectação da obra. A metodologia empregue para a escavação destas sondagens baseou-se no sistema de Unidades Estratigráficas preconizado por Harris, onde cada Unidade Estratigráfica (U.E.) é devidamente identificada, descrita, desenhada, cotada, fotografada e registada em fichas caracterizadoras. Para a distinção de cada U.E. foram adoptados diversos critérios, tais como a cor (de acordo com a tabela de Munsell), granulometria (segundo a classificação de Udden & Wentworth), compacticidade, composição, textura, quantidade e calibre de elementos pétreos, quantidade e calibre de inclusões orgânicas, tipologia e cronologia de inclusões culturais, etc. O registo gráfico foi elaborado à escala de 1/20, salvaguardando o rigor métrico e atendendo a todos os pormenores. Já o registo fotográfico foi efectuado com recurso a uma máquina fotográfica digital de 6.0 megapixeis. O acompanhamento arqueológico da remoção mecânica das terras afecta à obra, fezse de forma presencial e permanente, tendo o arqueólogo responsável vigiado atentamente este processo, registando os dados relevantes e cuidando pela preservação das estruturas que entretanto surgiram. A detecção de estruturas no decurso da remoção mecânica das terras afecta à obra, conduziu à suspensão deste procedimento, sendo o mesmo substituído por escavação manual das referidas estruturas, bem como das terras que lhe eram adjacentes, de acordo com o já descrito método de Harris.

2.1. Meios técnicos e humanos

Os trabalhos arqueológicos efectuados no âmbito deste projecto foram promovidos pela empresa Leirinegócios, Lda., tendo a sua execução ficado a cargo da empresa de arqueologia Munis, Atelier de Arqueologia, Lda., na pessoa da Dra. Mónica Ginja. 8 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Durante os trabalhos de escavação e de registo gráfico participaram ainda o arqueólogo Dr. António Ginja e o técnico de arqueologia Hugo Pereira. Na execução dos trabalhos arqueológicos participaram ainda seis trabalhadores não qualificados. Ao dispor dos executantes destes trabalhos estiveram os meios e materiais apropriados à correcta execução de uma intervenção arqueológica deste género.

9 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

3. ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO E ESPACIAL

A região de Leiria caracteriza-se por extensas zonas planas, pontualmente marcadas por pequenas elevações, que raramente ultrapassam os 400 metros de altitude. Os relevos mais importantes aparecem a sul, sendo constituídos pelo maciço calcário de Fátima, enquanto a ocidente os depósitos pliocénicos definem uma vasta zona aplanada. A oriente, a paisagem é constituída por relevos ondulados, cujas altitudes variam entre os 250 e os 340 metros. A orla meridional, por seu turno, abrange parte da designada bacia de afundamento de Ourém, marcada pelos calcários cretácicos e pelos depósitos miocénicos (TEIXEIRA e ZBYSZEWSKI, 1968, pp. 6 e 7). A região é ainda drasticamente marcada pelos rios Lis e Lena, e respectivos afluentes, que correm em vales progressivamente mais encaixados. O rio Lis é, de todos os cursos hídricos da região, o que mais marcou a paisagem regional, tendo originado extensos níveis de terraços, particularmente desenvolvidos em Leiria e Monte Real (TEIXEIRA e ZBYSZEWSKI, 1968, pp. 6 e 7). Do ponto de vista geológico, a região compreende o antropozóico (aluviões de fundo de vales e depósitos de terraços e praias antigas), o cenozóico (areias e argilas com fauna marinha; areias, arenitos e argilas com intercalações lignitosas; areias argilas e margas com congregações calcárias; e conglomerados de elementos calcários), o mesozóico (calcários apinhoados, subcristalinos, brancos e margosos; e argilas e arenitos com fósseis) e ainda rochas eruptivas, como é o caso do domo dolerítico do castelo de Leiria (TEIXEIRA e ZBYSZEWSKI, 1968, pp. 8 a 10). A região apresenta solos com aptidões maioritariamente agrícola e florestal, porém com alguns contrastes, que terão motivado a secagem de pauis e a fertilização artificial de terrenos (através de queimas e aplicação de estrume ou marga), documentados desde os séc. XV e XVI (GOMES, 2004, p. 19). A cidade propriamente dita, assente sobre solos quaternários, começou por se desenvolver dentro da várzea do rio Lis, crescendo apenas a partir de tempos modernos para as colinas circundantes, maioritariamente situadas abaixo dos 100 metros de altitude (GOMES, 2004, p. 18). Os ventos sopram maioritariamente de norte/nordeste, motivo pelo qual a população ter-se-á instalado inicialmente a sul do morro do castelo, em áreas mais abrigadas. Os Invernos são pouco rigorosos, com temperaturas raramente abaixo dos 10º C e os estios pouco pluviosos, com temperaturas que rondam os 20º C (GOMES, 2004, p. 18). 10 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Através da consulta à carta geológica da região (23 – C), é possível averiguar que a área afecta a este relatório, designada Arrabalde da Ponte, se encontra numa zona dominada pelas aluviões e areias de fundo de vale, remontando por isso ao antropozóico. Tratam-se de depósitos modernos, que se distribuem ao longo das principais linhas de água da região, e que, neste caso, se formaram na margem esquerda do Lis. Deram então origem a argilas lodosas acastanhadas e acinzentadas, assentes sobre areias siliciosas amareladas com burgaus (TEIXEIRA e ZBYSZEWSKI, 1968, p. 12). Imediatamente a oeste da área intervencionada, destaca-se o morro do castelo de Leiria, com cerca de 130 metros de altitude (GOMES, 2004, p. 18). Como já referido, trata-se de uma rocha constituída por dolerítico, ofítico e bastante alterado, assente sobre formações hetangianas (TEIXEIRA e ZBYSZEWSKI, 1968, p. 71). A cidade de Leiria é ainda marcada pelo rio Lis a nascente. Contudo, o curso do rio nem sempre foi exactamente como o observamos hoje. O rio não mudava de direcção em frente à Igreja do Espírito Santo, como acontece actualmente. Neste ponto o rio continuava em frente sensivelmente em linha recta até às proximidades do adro da Igreja de São Martinho, onde mais tarde se ergueria o palácio dos marqueses de Monte Real, inflectindo nesse ponto cerca de 90º para norte (CRISTINO, 1983, p. 203). No próximo capítulo aprofundaremos as questões inerentes à mudança do leito do Lis na cidade de Leiria, uma vez que não se tratou de um evento natural e, como tal, deverá ser encarado como um acontecimento histórico.

11 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

4. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO E ARQUEOLÓGICO

Nos próximos parágrafos traçaremos um resumo histórico e arqueológico da região em que se insere a obra alvejada no presente relatório. Consideramos tratar-se este enquadramento uma ferramenta indispensável à compreensão dos dados recolhidos durante os trabalhos arqueológicos desenvolvidos no local. Naturalmente, os dados históricos serão tanto mais desenvolvidos quanto mais próximos se encontram da área afecta à obra. Deste modo, traçaremos um quadro geral para a região de Leiria, em particular para o seu concelho, concretizaremos a sua cidade capital e especificaremos a zona conhecida por Arrabalde da Ponte, onde, entre as ruas de Pêro Alvito e de Santiago, se localiza a área afecta à obra ora visada. De referir ainda que os dados ora expostos, recolhidos maioritariamente com recurso a bibliografia, se encontram divididos por períodos cronológicos para a região de Leiria, dada a imensidão de vestígios arqueológicos e documentais abordados. Para a cidade de Leiria, bem como para a área do Arrabalde da Ponte, procurámos traçar uma historiografia

continuada,

desde

os

vestígios

mais

remotos

até

à

Época

Contemporânea, por considerarmos ser esta a melhor forma de expor a evolução urbana destes locais.

4.1. A região de Leiria

Paleolítico

Remonta ao Acheulense a mais antiga presença humana testemunhada na bacia do rio Lis, sendo numerosos os vestígios da indústria de talhe deste período em toda esta região, mormente nos denominados terraços fluviais daquele rio (CUNHA-RIBEIRO, 2005, p. 39). Os primeiros testemunhos de ocupação humana acheulense foram documentados na bacia do Lis, em antigos areeiros entretanto abandonados, nas estações de Areeiro do Outeiro Pelado, Areeiro de Riba de Aves Sul, Areeiro de Casais, Areeiro da Fonte da Matoeira, Areeiro de Matoeira Sudoeste, Areeiro do Aeródromo Este, Areeiro da Quinta da Carvalha, e Areeiro da Junta Autónoma das Estradas. Estes testemunhos, sob a forma de bifaces de quartzito talhados a partir de seixos rolados, traçam o cenário de grupos humanos paleolíticos deambulando nas margens de canais 12 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

entrançados no rio Lis, secos boa parte do ano, onde aquela matéria-prima seria com certeza abundante (CUNHA-RIBEIRO, 2005, p. 42). Existem igualmente vestígios da presença do Homem de Neandertal do Paleolítico médio (90 000 a 30 000 anos antes do presente) na região de Leiria. Na Praia do Pedrógão, por exemplo, foi detectada em 2003 uma jazida paleolítica cuja escavação revelou líticos obtidos por debitagem de tipo ‘Levallois’. Na sua maioria, a matériaprima consistia em quartzito e quartzo leitoso e, mais escassamente, sílex (AUBRY, CUNHA-RIBEIRO e ANGELUCCI, 2005, pp. 56 a 60). Ainda na Praia do Pedrógão, foi identificada em 2004 uma figura rupestre antropomórfica gravada na rocha. Dadas as condicionantes arqueológicas e geomorfológicas em que foi detectada, contudo, torna impossível uma datação concreta para este ‘antropomorfo’, mormente porque este tipo de esquematização gravada é comum a diversos períodos cronológicos, desde a Pré-história às Épocas Medieval e Moderna (MARTINS, 2005, pp. 117). Datável do Paleolítico médio a superior e distribuída por uma área de cerca de 1 Km 2, uma elevada concentração de lascas e núcleos em sílex, resultantes de experiências de talhe, foi detectada num planalto designado localmente por Povo da Martinela, entre os lugares de Carrascal, Boucinhas, Parracheira e Vale de Santa Margarida, na freguesia de Arrabal. Estes achados, realizados no âmbito do Projecto de Carta Arqueológica de Leiria, iniciado em 2004, focaram para este sítio o abastecimento daquela matéria prima no período do Paleolítico médio a superior, quando até essa data se julgava que as populações paleolíticas se deslocariam a sítios um pouco mais distantes, como Caxarias, em Ourém, ou Azinheira, em Rio Maior, para se abastecerem de sílex (CARVALHO e TAVARES, 2005 pp. 30 e 31). Também do Paleolítico superior nos chegam ecos da presença humana na região de Leiria. O sítio conhecido por ‘Abrigo do Lagar Velho’, localizado no Vale do Lapedo, revelou uma enorme abundância de restos faunísticos, carvões, artefactos em pedra lascada, seixos e termoclastos. Os utensílios recolhidos revelaram uma indústria típica do Solutrense, permitindo atribuir ao sítio uma cronologia “que abarcava o Último Máximo Glaciar”. No mesmo local foi ainda identificada uma sepultura infantil integrável no Gravattense. O esqueleto revelou “um mosaico de características anatómicas que indica fortemente a hipótese de miscigenação entre os últimos Neandertais europeus, e os primeiros homens anatomicamente modernos”. Este achado, que agitou a comunidade científica internacional, ficou desde logo conhecido pela denominação de ‘O Menino do Lapedo’ (ALMEIDA, 2005, pp. 72 a 75).

13 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Igualmente identificados na região de Leiria,

através do acompanhamento

arqueológico realizado no âmbito das medidas de minimização de impacte patrimonial das 2ª e 3ª fases do projecto SIMLIS, são os sítios de cronologia paleolítica de Casalito 1, Casal de Ferreiros (onde se identificaram materiais de cronologia paleolítica mas também escória de ferro e cerâmica moderna/contemporânea), Casal da Mourã, Casal do Vale Seco, Serrada – Pernelhas, Abrigo da Palha (onde aos materiais líticos poderá eventualmente ser atribuída uma cronologia pré-histórica mais recente), Abrigo do Poço, Abrigo do Porto, Casa da Epígrafe (onde, junto às ruínas de uma habitação que continha uma epigrafe datável de 1742 (?), foram detectados à superfície elementos líticos de cronologia paleolítica), Vidigal 1, Albergaria 7/8 e 9, Amieira 1, 2, 3 e 5 e Vale da Neta 1, 3 e 4 (CARVALHO e PAJUELO, 2005, pp. 141 a 155). A base de dados Endovelico, do extinto IPA (www.ipa.min-cultura.pt), enuncia ainda os achados isolados datáveis do Paleolítico inferior da Quinta da Cortiça, em Barreira, da Quinta de Vale de Lobos, em Leiria, e da Costa de Cima 2, em Maceira, e ainda as estações ao ar livre, datáveis do mesmo período, de Salgueiros, em Barosa, e de Casal Branco, de Cortes do Casal (Acheulense), e de Quinta do Cónego (Acheulense a Languedocense), todas localizadas em Cortes. A mesma base de dados enumera ainda os achados isolados paleolíticos de Casal de Santa Maria, de Moinhos da Barosa e de Picheleiro, todos em Barosa, de Ribeira do Negro, em Amor, de Telheiro, em Barreia, de Escoural, em Santa Eufémia, de Semião, em Marrazes, de Matoeira 1, 2 e 3, em Regueira de Pontes, de Moinhos da Barosa NO e de Vale do Frade, ambos em Barosa, de Casal de Santa Maria 2 e de Levegadas, ambos em Parceiros e de Quinta do Cónego N, em Cortes. De igual forma, expõe as estações ao ar livre paleolíticas da Quinta da Moura e da Quinta de São Venâncio, ambas em Leiria, de Sismaria, da Gândara dos Olivais e do Outeiro, em Marrazes, de Maias, de Alcaidaria e de Milagres, em Milagres, de Areia Branca, em Parceiros, de Casal Galego, em Barreira, de Pousadas, em Barosa e da Ortigosa, em Ortigosa. O Abrigo da Pala Encarnada, em Santa Eufémia e os vestígios diversos detectados nos sítios de Ribeira do Fagundo 2 e da Quinta de Vale dos Lobos, em Leiria, são igualmente referidos na base de dados Endovelico, como sítios paleolíticos. Datáveis do Solutrense e do Gravatense-Solutrense, são ainda referidos na base de dados Endovelico o Abrigo do Alecrim, em Santa Eufémia, e a estação ao ar livre de Portela 2, em Maceira, respectivamente. 14 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Mesolítico

Em Parceiros, na Quinta do Bispo, foram detectados no âmbito de um projecto urbanístico, diversos materiais líticos em sílex, quartzito e quartzo (lâminas, lamelas, núcleos, raspadeiras, buris, raspadores, lamelas denticuladas, etc.) e cerâmicos integráveis no período Mesolítico. No local foi ainda detectada uma estrutura de combustão de tipo ‘cuvette’ e/ou fossa, que sugere a possibilidade de este sítio ter funcionado como acampamento. O tipo de cerâmica manual recolhida aponta para uma eventual utilização deste sítio ainda em período Neolítico (ZAMBUJO e CARVALHO, 2005, pp. 90 a 102).

Neolítico

Também em Parceiros, desta feita na Quinta da Carvalha, numa encosta a sudeste do já referido sítio mesolítico da Quinta do Bispo, foram detectados à superfície diversos materiais líticos e cerâmicos, aquando da construção de uma urbanização, lamentavelmente responsável pela destruição da sua contextualização estratigráfica, assim como de eventuais estruturas que pudessem estar associadas a estes elementos (OLIVEIRA, 1999, p.31). Entre estes materiais, datáveis do Neolítico antigo, encontravam-se micrólitos, lâminas e lamelas com retoques marginais, núcleos apresentando levantamentos de lascas, lascas resultantes de talhe, um furador em sílex e um elemento de foice. Estes materiais eram predominantemente em sílex, ocorrendo ocasionalmente alguns em quartzo leitoso. Quanto aos materiais cerâmicos, eram exclusivamente de fabrico manual, com decoração ao nível dos lábios e bojos de tipo incisa, impressa – nomeadamente com concha de cardium, com objectos de ponta redonda ou em ‘v’ e com pente produzindo linhas pontilhadas – e plástica – com cordões e mamilos (OLIVEIRA, 1999, p.33 a 35). Paralelamente a estes materiais, foram recolhidos igualmente um biface e um raspador sobre lasca cronologicamente datáveis do Paleolítico, sendo espectável a ocorrência de um hiato cronológico entre o período de ocupação humana que produziu estes elementos e o período de ocupação humana responsável pela produção dos elementos neolíticos supra referidos (OLIVEIRA, 1999, p.32 e 35). 15 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

A referir ainda a descoberta, em 1998, de duas figuras rupestres antropomórficas no Vale do Lapedo, num abrigo natural denominado ‘Abrigo do Lapedo 1’, cuja análise estilística permitiu enquadra-las num horizonte cronológico, ainda que lato, balizado entre o início do Neolítico e o final da Idade do Bronze (MARTINS, 2005, pp. 116 e 117). Igualmente identificados na região de Leiria,

através do acompanhamento

arqueológico realizado no âmbito das medidas de minimização de impacte patrimonial das 2ª e 3ª fases do projecto SIMLIS, são os sítios de cronologia pré-histórica de Calvaria de Baixo – Cova da Eira, Casal Loureiro, Monte de Nossa Senhora do Fétal, Vale do Rebelo – Abrigo do Altar, Ribeira do Fagundo 1/Casalito 3, Casalito 4, Mata de Curvachia 1, Parracheira, Vale de Santa Margarida 1, 2 e 3, Valinho da Curvachia, Barreira, Casal do Arneiro (onde foram identificados igualmente materiais de cronologia romana), Abrigo 1 do Vale de Leão, Grinde, Arroteia 1 e 2, Mouratos 1 e 2 SIMLIS, Quinta dos Mouratos SIMLIS, Vale de Sesmarias 1 e 2, Segodim, Casal de Santa Clara – SIMLIS, Abrigo do Pinheiro, Chitas 1, Covão, Albergaria 1, 2, 3 e 4, Amieira 4, Fagundo 1, 2, 3, 4 e 5, Picassinos 1, Vale da Neta 2 e Monte da ETAR do Juncal (CARVALHO e PAJUELO, 2005, pp. 141 a 155). A base de dados Endovelico (www.ipa.min-cultura.pt) enuncia o sítio de Lourais, em Colmeias, onde foram detectados de forma isolada, machados de pedra polida, datáveis do Neolítico. O sítio de Portela 1, em Maceira, onde foram detectados diversos vestígios à superfície, assim como a gruta de Milagres, em Milagres, utilizada como necrópole, são também enunciados na base de dados Endovelico, como sítios utilizados continuadamente desde o Paleolítico ao Neolítico.

Calcolítico

Igualmente identificados na região de Leiria,

através do acompanhamento

arqueológico realizado no âmbito das medidas de minimização de impacte patrimonial das 2ª e 3ª fases do projecto SIMLIS, são os sítios de cronologia calcolítica de Casal da Mata, em Cortes, e de Caxieira – Vale do Lapedo, em Santa Eufémia. No primeiro foram detectados, possivelmente em situação de deposição secundária, um núcleo e uma lasca em sílex, bem como um ídolo/peso de rede em conglomerado, formado por dois corpos circulares com estrangulamento central. Já no segundo sítio, foram

16 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

detectados lascas e núcleos, um raspador e um mesial de lâmina em sílex e quartzito. (CARVALHO e PAJUELO, 2005, p. 149 e 152). A consulta da base de dados Endovelico (www.ipa.min-cultura.pt), refere também os sítios de Parceiros, onde foram detectados diversos vestígios do Calcolítico, assim como o sítio de Casal da Quinta, onde foram detectados achados isolados do mesmo período. De igual modo, a mesma base de dados refere ainda peças em cobre e um machado de bronze detectados isoladamente em Caldelas, Caranguejeira, datáveis do final do Calcolítico – inícios da Idade do bronze.

Idade do Ferro

Para além dos vestígios detectados no Largo de S. Pedro, em Leiria, de que trataremos atempadamente, os testemunhos dos alvores da Idade do Ferro na região de Leiria, anteriores à chegada dos romanos, não são muito abundantes. De facto a base de dados Endovelico (www.ipa.min-cultura.pt) refere apenas o sítio de Castro, em Caranguejeira, onde foram detectados diversos vestígios deste período.

Período Romano

Entre os oppida referidos por Plínio, autor clássico do séc. I d.C., para a facha atlântica a sul do Douro, Collippo aparece ordenada de tal modo que a sua localização só poderá ocorrer na região de Leiria. Não obstante, a ausência de vestígios inequívocos manteve acesa a discussão em torno da sua localização exacta, pelo menos até ao aparecimento de inscrições romanas nomeando Collippo, e de espólio em quantidade e qualidade, terem remetido para as ruínas romanas de S. Sebastião do Freixo – Golpilheira, Batalha – a localização desta importante cidade romana (BERNARDES, 1999, p.45). Algumas epígrafes detectadas em Leiria, seguramente transferidas do seu contexto original em S. Sebastião do Freixo, documentam a passagem deste oppidum a municipium, revelando que o território desta cidade confrontaria necessariamente com os territórios de Eburobrittium, Scallabis, Sellium e Conimbriga (BERNARDES, 1999, p.45). 17 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

A fundação de Collippo dever-se-á seguramente a grande reforma políticoadministrativa augustana, ocorrida entre 16 e 14 a.C., embora certas evidências, como o sufixo ippo – de raiz ibérica – ou a sua situação topográfica em outeiro – pouco frequente para uma fundação de uma cidade romana ad initio – denunciem a existência de uma cidade túrdula pré-existente (BERNARDES, 1999, p.48). Geograficamente localizados no território collipponense, localizavam-se múltiplas unidades de produção agro-pecuária, pontualmente complementada por outras actividades, como a pesca, a salga e a exploração mineira. Entre elas o destaque recai necessariamente sobre as villae, “verdadeiro cunho do estilo de vida urbana na paisagem rural”, de que são exemplo os sítios de Pederneira (Póvoa de Cós), Rossio de Pederneira (Nazaré), Mina (Valado dos Frades), Nª Sr.ª das Necessidades (Regueira de Pontes), Martim Gil (Marrazes), Caranguejeira e Arneiro (Maceira) (BERNARDES, 1999, p.62). Através da base de dados Endovelico (www.ipa.min-cultura.pt), foi possível apurar a existência de outra villa romana no concelho de Leiria, para além das citadas. Trata-se de Arnal, em Maceira, onde foram detectados mosaicos em opus tesselatum e opus vermicullatum. Outros locais dedicados à exploração de recursos diversos, como a agricultura, a pastorícia ou as pedreiras, contudo menos ricos e sem a pars urbana que tantas vezes caracteriza as villae, estão também presentes no território administrativo de Collippo. São o caso das quintas ou casais romanos de Fornecos (Alqueidão da Serra), Portela dos Moleiros (Reguengo do Fetal) e Arengões (Batalha) (BERNARDES, 1999, p.63 e 64). Da leitura da base de dados Endovelico (www.ipa.min-cultura.pt), retiramos ainda referências às quintas romanas de Arrifes (Cortes) e de São Bento (Arrabal), esta última já com vestígios medievais, assim como dos casais romanos de Fontes, de Trutegas e de Galhetes (Cortes), de Cintrão, Adebroa 2 e de Hortas 3 (Barreira) . Também relacionados com a exploração de recursos naturais locais são os vici romanos – aglomerados populacionais secundários, intimamente relacionados com os traçados das vias, e que em muitos casos são considerados como pontos de perpetuação da tradição indígena – como os sítios de Litém (S. Sebastião de Litém), Caldelas (Caranguejeira) ou Caixieira (Santa Eufémia), onde os vestígios de escória, sinal inequívoco de fundição, são um denominador comum (BERNARDES, 1999, p.63 e 64) e ainda o vicus de Covas-Casal da Quinta, em Milagres, de acordo com referências retiradas da base de dados Endovelico (www.ipa.min-cultura.pt). Igualmente identificado na região de Leiria, de cronologia romana, é o sítio de Vale do Forno, em Reguengo de Fétal. Referências bibliográficas avançam com possibilidade 18 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

da existência de uma villa neste local, embora o acompanhamento arqueológico, realizado no âmbito das medidas de minimização de impacte patrimonial das 2ª e 3ª fases do projecto SIMLIS, que incluiu neste sítio a abertura de sondagens mecânicas, não tenha detectado quaisquer vestígios da sua existência (CARVALHO e PAJUELO, 2005, p. 145). Também identificado no âmbito daquele projecto, o sítio de Casal de Arneiro, em Barreira, revelou à superfície, para além de lascas e outras peças líticas de cronologia pré-histórica, bem como cerâmica comum de época romana (CARVALHO e PAJUELO, 2005, p. 148). Igualmente para o período romano, a base de dados Endovelico (www.ipa.mincultura.pt) enumera também diversos vestígios detectados em Escoiral e Olival dos Martos (ambos em Santa Eufémia), em Casal Serradas (Chainça), em Casal do Fagundo e Covões (respectivamente em Caranguejeira e Monte Real), em Camarinhas, Coveira e Senhora do Monte (os três casos em Cortes), Casal do Bilhão (Milagres) e em Carrascal (Arrabal), e ainda os achados isolados de Adebroa 1 e Lameira (ambos em Barreira), da Quinta do Paraíso (Maceira) e de Monte Real. A base de dados Endovelico (www.ipa.min-cultura.pt) refere ainda a existência de dois fornos romanos em Arrabal, nos sítios designados por Forno da Várzea e por Soutocico, de uma necrópole romana em Maceira, designada Necrópole da Nossa Senhora da Luz da Maceira, de uma ferraria romana na Rua do Ribeiro (em Arneiro, Maceira), de uma inscrição romana detectada em Debarbas (também em Maceira), e ainda dos tesouros romanos de Azóia e de Andreus (respectivamente em Azóia e Barreira).

Época Medieval

Sítios como Escorial 1, em Caranguejeira, Escoura ou A-do-Barbas (ambos em Maceira) testemunham, pela cronologia dos materiais aí detectados, a fase transitória entre o período romano e a Época Medieval na região de Leiria (base de dados Endovelico - www.ipa.min-cultura.pt). Não obstante os sítios referidos, dos primeiros séculos da Idade Média não existem vestígios arqueológicos que suportem a possibilidade de existência de um povoamento continuado na região de Leiria. De facto, entre os séculos V e XII ocorrem no nosso país as invasões, e consequentes povoamentos, pelos povos suevos, visigodos e mouros. Não obstante, o vestígio mais próximo de Leiria da ocupação 19 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

visigoda consiste no templo de São Gião da Nazaré, a cerca de 50 quilómetros sul da cidade. Como é natural, constitui um elemento que pouco permite definir em termos da presença humana visigoda na região (GOMES, 1995, pp. 206 e 207). Mesmo os textos documentais árabes da época, ricos em informações geográficas e administrativas, não fazem referência à existência de qualquer pólo populacional em Leiria (GOMES, 1995, p. 207). Não será portanto de estranhar que os anais crúzios do séc. XI classifiquem esta região como locus vastae solitudinis, ou sequer que o próprio Afonso Henriques a tenha descrito como “terra deserta”, em missiva enviada ao papa Adriano IV no ano de 1156 (GOMES, 1995, pp. 207 e 216; CRISTINO, 1983, p. 177). Os primeiros núcleos populacionais medievais a surgir na região, começaram então a irradiar a partir da Leiria recém formada, desde meados do séc. XII, para sul e para este do concelho, em particular na zona do futuro couto de Alcobaça (GOMES, 1995, pp. 216 e 219). O mosteiro cisterciense de Alcobaça, edificado a partir de 1178, encontra-se actualmente classificado como Património Mundial pela UNESCO. O edifício viria a ser profundamente remodelado durante o barroco, ao nível da zona dos conversos e da fachada principal, adquirindo assim as características com que se apresenta actualmente (ROSENDAHL, 1995, p. 41). A igreja, de três naves e transepto, demonstra o alvorecer do estilo gótico em Portugal, sendo o claustro, edificado entre 1308 e 1311, o mais antigo deste estilo no nosso país. No panteão de Alcobaça encontram-se, entre outros, os túmulos de D. Pedro e de D. Inês de Castro, dois exuberantes exemplares da escultura tumular portuguesa do séc. XIV (ARRIAGA, 1962, p. 8). Entre o séc. XIII e séc. XIV a região de Leiria prosperou, graças ao desenvolvimento da agricultura, promovendo a fixação de agricultores, mercadores, artífices e nobres no perímetro urbano de Leiria (MARGARIDO, 1988, p. 50). No segundo quartel do séc. XIV, entre 1372 e 1379, surgiram graves problemas agrícolas, que conduziram a uma aguda crise cerealífera e, consequentemente à fome. Esta situação, somada a outras ocorrências das quais se destaca a ‘Peste Negra’ (1348), provocaram uma diminuição demográfica em todo o país. Estima-se que a população leiriense tenha, nos finais do séc. XIV, decaído para 8 520 habitantes (MARGARIDO, 1988, p. 50). A crise politica que Portugal enfrentou entre 1383 e 1385, conhecida por Interregno, terminaria com o conflito bélico de Aljubarrota, que opôs as tropas portuguesas de D. 20 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

João I, o Mestre de Avis, às tropas castelhanas de D. João I de Castela no ‘Campo de S. Jorge’, da qual sairia vencedor o monarca português. No local da contenda, mandou D. Nuno Álvares Pereira, herói de Aljubarrota, edificar a capela de São Jorge, em 1393. Trata-se de um templo de dimensões modestas e características góticas. No mesmo local permaneceriam múltiplos vestígios bélicos e antropológicos, hoje interpretados num centro propositadamente ali edificado (www.ippar.pt). O mesmo D. João I mandaria edificar, a partir de 1386, o convento de Santa Maria da Vitória, em local ermo, hoje denominado por Batalha. Trata-se de um mosteiro dominicano, classificado com Património Mundial pela UNESCO. Apresenta características dos estilos arquitectónicos dos vários períodos em que durou a sua construção (1386 a 1517), desde o gótico ao manuelino (ARRIAGA, 1962, p. 13). De acordo com a base de dados Endovelico (www.ipa.min-cultura.pt), os diversos vestígios detectados em Escoura (Monte Redondo), no Porto da Jã da Rua (Bidoeira de Cima) e em Ulmeiro (Cortes) remontam também à Época Medieval. De igual modo, também as sepulturas escavadas na rocha detectadas tanto em Cabeço do Pedrogo e Caixão de Pedra, em Colmeias, são datáveis do período medieval (base de dados Endovelico - www.ipa.min-cultura.pt). Da Época Medieval, embora já com características modernas, são os vestígios de escória detectados em Marinha do Engenho (Bajouca), assim como as cerâmicas domésticas encontradas, em associação com uma sepultura escavada na rocha, em Outeiro da Groa (Colmeias) (a base de dados Endovelico - www.ipa.min-cultura.pt).

Época Moderna

Durante o período moderno, a região de Leiria desenvolveu-se grandemente, surgindo ou consolidando-se os aglomerados populacionais que hoje denominamos por aldeias. Para além dos edifícios religiosos que surgiram na cidade de Leiria, e que trataremos atempadamente, são vários os monumentos religiosos que na Época Moderna proliferaram por toda a região, e que assumem distintas tipologias, desde alminhas, capelas e igrejas. É portanto muito frequente encontrar este tipo de monumentos, sendo que pelo menos um deles assinala o período moderno em cada aldeia da região.

21 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Para além dos monumentos religiosos, outros vestígios na região de Leiria remontam igualmente à Época Moderna. Destacamos a necrópole moderna de Nossa Senhora da Luz, em Maceira, onde foram detectadas sepulturas de inumação simples, escavadas no geológico, o conjunto de estruturas hidráulicas detectadas ao longo do Ribeiro de Chitas, em Pousos, constituído por uma levada, canais, poços com poste para picotas e pias, e ainda o forno de cal das Chitas do Valinho da Curvachia, em Arrabal.

Época Contemporânea

A partir do último quartel do séc. XVIII, o desenvolvimento da vida socioeconómica de Portugal entra em conflito com as estruturas do ‘Antigo Regime’, levando a que, logo a partir dos primeiros anos do séc. XIX, em todas as regiões do país se multiplicassem as tentativas para aliviar a carga sobre a agricultura e outras actividades económicas. Essas iniciativas, contudo, viriam a tomar forma apenas após a revolução liberal de 1834. Na região de Leiria os esforços concentraram-se em torno da supressão dos obstáculos que se impunham face ao desenvolvimento da agricultura, ocorrendo o aproveitamento mais intensivo do ‘campo de Leiria’ e as novas tentativas de ‘domesticação’ do leito do Lis, um processo que se arrastou por mais de um século (CASTRO, 1991, p. 310 e 311). Na região de Leiria desenvolvem-se então significativas actividades industriais, em torno da exploração de produtos diversificados, como a madeira, a pedra talhada, as resinosas, os óleos combustíveis, os adubos e fertilizantes, os lanifícios, o pescado, as frutas de conserva e muitos outros. Contudo, o mais significativo exemplo do desenvolvimento industrial leiriense deve-se, sem dúvida, à fábrica vidreira dos ‘irmãos Stephens’, embora a tradição da indústria vidreira se tenha desenvolvido na Marinha Grande, já desde os finais do séc. XVIII (CASTRO, 1991, p. 310 e 311). Na Estatística do Distrito Administrativo de Leiria, publicada em 1855, refere-se a existência de 21 fábricas e 53 oficinas de cerâmica, 28 fábricas de curtumes e 63 fornos de cal na região de Leiria, a que se somariam outros focos industriais, criados a partir do terceiro quartel do séc. XIX, vocacionados para a transformação de lanifícios, vidro e cimento. Em 1929, as iniciativas industriais leirienses eram de tal modo evidentes, que o Governador Civil declarou: “…elevam-se as chaminés das grandiosas fábricas de tecelagem da Castanheira […], Alcobaça apresenta […] novas fábricas de progressivo desenvolvimento. […] As fábricas de cimento, com as suas 50 000 22 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

toneladas de fabrico, viram-se na necessidade de montar novas máquinas, para duplicar a produção. […] Na Marinha Grande, […] apresentam verdadeiras obrasprimas da vidraria” (in MENDES, 1991, p.371 e 372). De toda esta dinâmica industrial recebeu a região de Leiria um importante conjunto arqueológico, de que são meros exemplos a fábrica-escola dos irmãos Stephens, o Engenho do Pinhal do Rei e o alto-forno de Pedreanes, na Marinha Grande, a firma J. Froes, Lda., em Pombal, a Companhia Leiriense de Moagem, em Leiria, ou o caminhode-ferro americano, da Marinha Grande a S. Martinho do Porto (MENDES, 1991, p.373 a 375). Também a nível agrícola, foram tomadas medidas que visavam mitigar a crise de 1811 e da década de 1860, maioritariamente conseguidas com dinheiros do chamado ‘Subsídio Britânico’ (BERNARDES, 1981, pp. 14 a 18). Não obstante o desenvolvimento industrial que se fazia sentir na região de Leiria e as medidas tomadas para incentivar o desenvolvimento agrícola, a instabilidade política nacional e a fome e a miséria que caracterizavam a sociedade portuguesa do início do séc. XX, forçaram milhares de pessoas da região a emigrar para diversos países das antigas colónias africanas e da América latina, em particular o Brasil. Este último recebeu na primeira década deste século 290 000 portugueses legalizados, dos quais mais de 10 000 eram oriundos do distrito de Leiria (SOUSA, 2005, p. 31). A região de Leiria seria ainda profundamente marcada no séc. XX por um acontecimento religioso. A 13 de Maio de 1917, três crianças diziam ter tido visões marianas em Fátima. O alegado milagre motivou um processo canónico, que ficaria concluído em 1929, através do qual se iniciou o culto a Nossa Senhora de Fátima (ARRIAGA, 1962, pp. 18 e 19). No local das supostas aparições encontra-se hoje erigido o Santuário de Fátima, destino de peregrinação anual para milhares de portugueses.

4.2. A cidade de Leiria

Nos sítios da Quinta da Moura, da Quinta de Vale de Lobos e da Quinta de São Venâncio foram detectados vestígios suficientes para os qualificar como estações ao ar livre do Paleolítico, tornando-os nas evidências humanas mais remotas algumas vez detectadas dentro da malha urbana da cidade, apesar de as três se localizarem um pouco mais a sul do que viria a ser a cidade propriamente dita (base de dados Endovelico - www.ipa.min-cultura.pt). 23 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Outros vestígios foram detectados no morro onde se encontra o castelo de Leiria, que fazem recuar a presença humana neste local até à Pré-História recente, apontando para ocupações de Período Calcolítico e da Idade do Bronze. Estas evidências surgiram, designadamente, em escavações realizadas nos sítios da ‘Torre de Menagem’ e do conjunto edificado designado como ‘Ex-Ral 4’ ou ‘Celeiros da Mitra’. Na cidade foram detectados igualmente vestígios que remontam ao Bronze Final, e foram dados a conhecer em 2001 numa escavação no Largo de S. Pedro, realizada no âmbito de um projecto urbanístico. Os dados recolhidos permitiram enquadrar o sítio, conhecido por ‘Casa do Fabião’, num período de mudança cultural, balizado entre os séc. IX e IV a. C., simultaneamente denunciando uma rede comercial de longa distância e uma progressiva consolidação de caracteres regionais (COELHO, 2005, pp. 120 e 121). Deste local foi exumada uma elevada quantidade de fragmentos cerâmicos de fabricos fino, mediano e grosseiro, cujas superfícies se apresentavam polidas ou brunidas, brunidas, polidas ou espatuladas e alisadas, polidas ou escovadas, respectivamente. Dentro deste espólio, parte significativa correspondia a potes, taças simples e carenadas, modelados em torno lento e cozidos em ambiente redutor, tendo, por este motivo, sido classificados como de origem local e regional. O espólio supra-regional ou de importação, em menor quantidade, incluía potes, taças simples e carenadas, ânforas e pithoi (COELHO, 2005, p. 121). Algumas destas peças constituem visivelmente elementos de importação, de outras regiões ibéricas, da Europa continental ou do Mediterrâneo. São peças que constituem elementos de prestígio social, traduzindo redes de contactos económicos e culturais inter-regionais e internacionais (COELHO, 2005, pp. 124 e 125). À semelhança do que comprovadamente se passou em Santa Olaia, Quinta do Almaraz, Lisboa e Santarém, é possível que também Leiria tenha correspondido a um povoado integrado nas redes de contactos que uniam as feitorias orientalizantes da faixa atlântica ao interior ibérico mais rico, por exemplo, em minérios. Tanto mais que o estuário do Lis era o único navegável entre o Tejo e o Mondego, tornando-se desta forma um ponto privilegiado para alcançar o interior do território regional (COELHO, 2005, p. 130). Da ocupação romana de Leiria, chegam-nos apenas alguns ecos documentais. O Archeólogo Português notificava, em 1900, a probabilidade de umas ruínas que se encontravam à data junto das margens do Lis corresponderem aos vestígios de um edifício de banhos romano (base de dados Endovelico - www.ipa.min-cultura.pt). 24 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Como já referido, são conhecidas algumas epígrafes latinas detectadas em Leiria, embora seja seguro que tenham sido transferidas do seu contexto original, em S. Sebastião do Freixo, a Collippo romana (BERNARDES, 1999, p.45). Também já referido é o facto de não existirem vestígios arqueológicos que suportem a possibilidade de existência de um povoamento continuado na região de Leiria entre os séculos V e XII, numa sucessão de séculos em que o actual território português foi ocupado pelos povos bárbaros do norte da Europa e, posteriormente, pelos mouros. Neste vasto período histórico, admite-se que a região de Leiria fosse desprovida de povoados activos, de gente humana ou de ‘senhor’ (GOMES, 1995, p. 207). Não devemos, no entanto, excluir totalmente a possibilidade de ocupação humana no local onde viria a nascer Leiria, neste período, dado que o desconhecimento de vestígios que o comprovem poderá dever-se não à sua inexistência, mas antes à falta de mais investigações. Na verdade, durante as escavações realizadas por José Ruivo, na ‘Torre de Menagem’, por exemplo, foi exumado espólio cerâmico, algum do qual atribuível ao período islâmico. Entre o período compreendido entre os anos de 1085 e 1135, este último tradicionalmente definido como o ano em que Afonso Henriques ordena a construção do castelo de Leiria, toda a região de Leiria é palco de grande agitação militar, que cessaria apenas com a conquista das praças de Santarém e Lisboa em 1147 (CASTRO, 1991, p. 300). A cidade sofreria ataques almorávidas em 1137, 1140 e 1144. No primeiro ataque a fortaleza entretanto edificada por Afonso Henriques parece não ter sido tomada, já o segundo e o terceiro ataques foram bastante destrutivos, tendo o ataque de 1140 resultado mesmo na captura do alcaide do castelo de Leiria e na morte de 250 cavaleiros (GOMES, 1995, pp. 209 e 210). Pelas fortes preponderâncias militar, socioeconómica e política, refere Armando Castro que “Leiria e a sua região desempenharam um papel de primeira plana no afeiçoamento e enraizamento da nacionalidade portuguesa” (CASTRO, 1991, p. 303). À nova população deu-se o nome de Leirena, sendo igualmente documentadas desde o séc. XII as formas Lairena, Lora e Erena. Uma explicação para o topónimo poderá encontrar-se na forma al + Eirena, reportando-se ao culto de Santa Iria, cuja devoção era muito comum entre os cavaleiros moçarabes que partiram de Coimbra em auxílio de Afonso Henriques aquando da conquista deste território. Outra explicação poderá estar relacionada com o sufixo céltico Leir, comum em vários pontos da Península Ibérica, ao qual se associou o sufixo latino ena (GOMES, 2004, pp. 30 e 31). 25 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

A cidade, assim como a região envolvente, constituiu desde 1142 até 1545, data da fundação do bispado leiriense, um priorado autónomo, directamente sujeito à Santa Sé e administrado pelo Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra (GOMES, 1991, p. 247). Testemunha inegável da contribuição leiriense para a fundação da nacionalidade é o castelo de Leiria, fundado, como já referido, em 1135, enquanto bastião protector dos territórios conimbricenses, por D. Afonso Henriques. É a partir dos primeiros anos da década de 1140 que aparecem os indícios mais seguros de um povoamento cristão, motivado seguramente pela procura de terras para arrotear e cultivar (CRISTINO, 1983, p. 177 e 178). Dentro do espaço amuralhado do castelo de Leiria, surgiram os paços de São Simão, provavelmente renovados por D. Dinis na década de 1290 (GOMES, 2004, p.16). As muralhas do castelo seriam alvo de obras em 1374, inserindo-se estas dentro de um plano de obras defensivas mais alargado, cujo autor foi D. Fernando (CRISTINO, 1983, p.183). Não obstante os esforços deste monarca, assim como de outros que o precederam, para renovar as muralhas do castelo e, desse modo, fixar as populações no interior da cerca, a concentração populacional intramuros entra em declínio a partir de finais do século XIV, em detrimento das várzeas do rio, preferencialmente escolhidas pelas populações para se fixarem. Nos meados do séc. XVI, a área compreendida no interior da antiga cerca encontrava-se já isenta da presença humana, salvo o paço episcopal (CRISTINO, 1983, p.193). Dentro do recinto defensivo das muralhas do castelo de Leiria surgiu a primeira igreja, Santa Maria da Pena, construída entre os anos de 1144 e 1147 e doada pelo rei aos crúzios de Coimbra, entre os anos de 1147 e 1154. Esta igreja manter-se-ia como matriz até à data em que a Sé de Leiria ficou com a cidade como paróquia, no ano de 1574. Em torno da igreja de Santa Maria da Pena existiam ainda no final do século XIV casas de habitação, lavrando-se actos notariais no adro da mesma (CRISTINO, 1983, p.182). Em 1385, ao tempo de D. João I, Santa Maria da Pena seria alvo de remodelação, passando então a assumir o estilo gótico da escola batalhense (CRISTINO, 1983, p.183; GOMES, 2004: 16). Outras igrejas e ermidas foram sendo sucessivamente construídas dentro dos termos da região de Leiria, contando esta já com 19 templos no ano de 1211 – na vila: Stª Maria da Pena, S. Pedro, Santiago, S. Estêvão e S. Martinho; no seu termo: S. Pedro de Ulmar, S. Pedro de Muel, S. Sebastião de Palácio de Randufo, Stª Maria de Magueija, S. Leonardo de Cividade, S. Miguel do Monte, Stº Antão de Olivedo, Stª Maria de Maceira, S. Lourenço de Carvide, Stª Maria de Lintém, S. João de Espite e ainda as igrejas de Colmeias e de Souto (CRISTINO, 1983, p. 179 a 181). 26 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Junto da igreja de Santa Maria da Pena, foram precisamente descobertos os vestígios de um cemitério medieval (base de dados Endovelico - www.ipa.min-cultura.pt). A progressiva estabilização militar e social da região e da cidade, justificam a concessão de um primeiro foral ao povoado de Leiria em 1142, seguido por um novo datado do ano de 1195 (CASTRO, 1991, p. 303). A região de Leiria assume desde aí um relevante papel económico, baseado na agricultura, artesanato, pesca e salicultura, actividades que estão na origem de grandes feiras periódicas realizadas na cidade de Leiria entre os anos de 1245 e 1385 (CASTRO, 1991, p. 301). A somar à relevância económica da região, está o importante papel político que a região assumiu também, materializados pela realização de cortes régias na cidade nos anos de 1254, 1372, 1376 e 1438 (CASTRO, 1991, p. 303). A expansão populacional para o exterior do espaço amuralhado do castelo de Leiria inicia-se pela área adjacente voltada a nascente do mesmo, ainda durante o reinado de Afonso Henriques, concretizando-se sobretudo após o foral de D. Sancho, de 1195 (CRISTINO, 1983, p. 183). Trata-se de uma área compreendida entre o morro do castelo e uma cerca amuralhada, que José Saraiva data, através das suas semelhanças construtivas com as da Igreja de São Pedro, do último quartel do séc. XII (in CRISTINO, 1983, p. 183). Seria dentro desta área que os mais importantes edifícios da vila se iriam instalar, entre eles a igreja de São Pedro, o Paço Real, o Paço dos Tabeliães, a igreja de São Simão, os Paços do Concelho e o mercado (CRISTINO, 1983, p. 184 a 192). Nesta área instalar-se-ia igualmente um núcleo populacional que, contudo, viria a despovoar-se gradualmente a partir do reinado de D. Dinis, à medida que a população se ia fixando na várzea do rio, não obstante os múltiplos incentivos régios à preservação populacional do núcleo amuralhado (CRISTINO, 1983, p. 192 e 193). Na cerca amuralhada, que limitava a nascente a área a que agora nos referimos, abriam-se duas portas. A primeira, a norte, conhecida por ‘postigo’, dava acesso à ponte chamada ‘coimbrã’, por estabelecer, por sua vez, ligação à estrada que seguia em direcção a Coimbra. A segunda, a sul, era conhecida por ‘porta do sol’ e dava saída para a baixa da vila (CRISTINO, 1983, p. 194). Na baixa da vila, concentravam-se a judiaria, conhecida no séc. XVII por Rua Direita, baptizada em 1891 com o nome de Rua do Barão de Viamonte; o Terreiro, actual Largo Cândido dos Reis; o sítio da Ordem, onde posteriormente se construiria a Sé Nova; A igreja de São Martinho, demolida em 1549 originando a actual Praça 27 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Rodrigues Lobo, em cujo adro se realizava, pelo menos desde 1356, a feira anual de Leiria e, pelo menos desde 1453, uma feira semanal realizada às terças-feiras; os hospitais de Todos os Santos e dos Tecelões; e ainda o sítio dos Banhos, assim conhecido até ao séc. XIX, actualmente designado por Largo de Paio Guterres, (CRISTINO, 1983, p. 197 e 201). Escavações efectuadas recentemente na Praça Rodrigues Lobo puseram a descoberto várias inumações, interpretadas como parte integrante da necrópole da antiga igreja de São Martinho (base de dados Endovelico - www.ipa.min-cultura.pt). A sul do morro do castelo desenvolveu-se também um pequeno aglomerado populacional, em torno da Igreja de Santo Estêvão, isolado do resto da vila. Este aglomerado, que incluía também a albergaria de Santo Estêvão, o hospital dos ferreiros e o que seria posteriormente o bairro das olarias, aparece documentado já em 1211 (CRISTINO, 1983, p. 192 a 196). A norte do antigo Terreiro, entre a baixa e o núcleo populacional da igreja de Santo Estêvão, deveria localizar-se a zona cristã, cujas ruas se encontram bem documentadas. A principal rua desta zona seria a Rua de Alcobaça, actual Rua Fernandes Tomás, anteriormente designada como Rua do Esquecimento e ainda Rua do Forno, em torno da qual se desenvolvias as ruas das Covas, das Cavaleiras, dos Mercadores, da Mancebia, da Rigueira, da Sapataria, e de Vila Nova (CRISTINO, 1983, p. 202 e 203). Designada por Rossio, a área não urbanizada estendia-se ao longo de ambas as margens do rio Lis, cujo curso, como já referido no capítulo dedicado ao enquadramento geográfico e espacial da cidade, foi alterado desde inícios do séc. XVIII. Em torno das margens do rio, mormente desde as Olhalvas do Arrabalde da Ponte, existiam em 1385 diversos moinhos e lagares, propriedade sobretudo do mosteiro de Alcobaça (CRISTINO, 1983, p. 204). Infra-estruturas como estas conduziriam a cidade de Leiria à primazia do sector primário, tornando a cidade numa referência dentro do panorama económico nacional, prevalecendo desta forma até meados do séc. XIX (CARREIRA, 1995, p. 85). De relevante importância reveste-se a implantação franciscana na cidade de Leiria. Apesar das incertezas quanto à data exacta de fundação do convento de São Francisco, um documento de 1233 refere já a existência dos frades menores nesta cidade. Algumas tradições apontam para uma instalação inicial no Rossio de Santo André, na margem oposta do rio, no local onde existia à data uma gafaria. Não obstante, a pesquisa documental parece apontar para o facto de a primeira edificação 28 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

franciscana na cidade ter ocorrido exactamente onde encontramos hoje o extinto convento de São Francisco, a nascente da vila (CRISTINO, 1983, p. 212 e 213). A região de Leiria desenvolveu-se, gozando de uma estabilidade social e de um desenvolvimento económico que iriam, a partir dos séculos XVI e XVII, deixar de ser fenómenos exclusivamente regionais para passar a verificar-se ao nível nacional e até internacional (CASTRO, 1991, p. 305). Através da análise do censo de 1527/1532, estima-se que o território leiriense se estendesse por cerca de 900 quilómetros quadrados, onde habitariam cerca de 5 900 a 6 000 pessoas distribuídas por 74 aldeias, e cerca de 2 330 a 2 340 pessoas dentro da própria Leiria. O mesmo censo refere ainda a existência de oito quintas, nove moinhos, uma azenha e três pisões (CASTRO, 1991, p. 305 e 306). Estes números só por si justificam que Leiria tenha ascendido a cidade no ano de 1545, ao tempo de D. João III, e justificam também que o papa Paulo III tenha, em bula de 1547, criado o bispado de Leiria, libertando a cidade da direcção eclesiástica dos cónegos de Santa Cruz de Coimbra (CASTRO, 1991, p. 307). Assinalando o novo bispado, surge a Sé de Leiria, sem dúvida o edifício que melhor espelha o maneirismo na região. As obras de construção desta catedral tiveram início a 11 de Agosto de 1559, sob o episcopado de D. Gaspar do Casal. Não obstante, os esforços para o início da obra começaram com o bispado anterior de D. Frei Brás de Barros, que em 1546 suplicava ao monarca D. João III que ordenasse a construção de um novo edifício, suficiente para albergar o grande número de fieis da cidade (JORGE, 1991, p.45 e 46). O projecto, de autoria de Afonso Alvares (JORGE, 1991, p.50), originou um edifício sóbrio e depurado, de planta cruciforme, de três naves, cabeceira com três capelas de fechos rectos e profundidades escalonadas, transepto de braços proeminentes e cobertura em abóbadas nervadas de lance ligeiramente abatido, assentes sobre pilares toscanos de secção cruciforme (JORGE, 1991, p.39). Também por esta altura uma troca entre o bispado e a Câmara de Leiria permitiu a demolição da igreja de São Martinho, originando a abertura de uma praça pública, denominada Rodrigues Lobo, em 1877 (MARGARIDO, 1988, p. 52). As transformações urbanas decorridas na cidade de Leiria no início da Época Moderna devem-se assim essencialmente a dois factores: a abertura da praça Rodrigues Lobo e a construção da Sé Nova. Em torno da praça, novo pólo comercial e social, e da nova Sé, reorganizou-se então o espaço urbano, adquirindo novas feições e maior densidade ocupacional (MARGARIDO, 1988, pp. 52 a 55). 29 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Posteriormente, também os conventos de Santa Ana e de Santo Agostinho, fundados nos finais do séc. XV, inícios do séc. XVI, funcionariam como pólos dinamizadores dos novos aglomerados urbanos da cidade (MARGARIDO, 1988, p. 56). Sob as fundações do antigo mercado de Santana jaziam até recentemente os vestígios do convento de Santa Ana. Da antiga casa de religiosas dominicanas, fundada em 1494, foram recentemente exumados vestígios estruturais, mas também vestígios materiais. Entre estes últimos contavam-se vários fragmentos de faianças e porcelanas, cujas cronologias denunciaram um contacto precoce com o oriente (base de dados Endovelico - www.ipa.min-cultura.pt). Também o convento de São Agostinho, junto às águas do Lis, constitui um digno exemplo dos edifícios que despontaram na Época Moderna na cidade de Leiria (base de dados Endovelico - www.ipa.min-cultura.pt). A construção desta casa religiosa, determinada pelo rei D. Sebastião, deveria ter sido iniciada em 1577. Não obstante, os atrasos nas obras da Sé Nova deverão ter contribuído para protelar o início das obras de Santo Agostinho, que terão começado apenas em 1579. Nos finais do séc. XVIII já o edifício se encontrava em decadência e estava praticamente abandonado e, em 1834, a extinção das ordens religiosas ditou a sua nacionalização e consequente ocupação militar (CRISTINO, 1983, pp. 10 a 14). Não obstante as modificações ocorridas no período moderno, na cidade de Leiria são alguns os testemunhos arqueológicos que patenteiam uma ocupação continuada de determinados espaços urbanos, pelas características simultaneamente medievais e modernas que exibem. É o caso da necrópole do Largo de São Pedro, detectada aquando de uma intervenção ocorrida nos antigos celeiros da Mitra (ex-RAL4), nas imediações da igreja de São Pedro. Também os vestígios de dois antigos moinhos apresentam características medievais e modernas, como o moinho detectado no antigo Paço Episcopal, que testemunha também uma diferença substancial no curso do Lis, e o denominado ‘Moinho de Papel’, nas imediações do Convento de Santo Agostinho, este último com algumas características já contemporâneas (base de dados Endovelico - www.ipa.min-cultura.pt). Contrariando a tendência historiográfica que aponta a expansão ultramarina como um veículo para um alegado enfraquecimento das actividades socioeconómicas internas, aparecem os números do censo de 1798, que revelam a existência de 39 000 a 40 000 habitantes dentro dos termos da região de Leiria, constituindo um aumento de cerca de 476% face aos números de 1527/1532 (CASTRO, 1991, p. 310).

30 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Este acréscimo populacional, aliado à defesa dos interesses económicos de grandes proprietários (entre os quais se contava o próprio rei), talvez explique os esforços empreendidos

para

controlar

os

prejuízos

inerentes

às

cheias

com

que

frequentemente o rio Lis brindava a cidade. Na verdade, o rio viria a ser sucessivamente desviado pela mão humana a partir do século XVIII, até se quedar onde actualmente o vemos correr. A mudança do curso do rio ficou a dever-se a D. Pedro II, que decreta em 1699 o início da ‘obra de encanamento do Rio’ (CARREIRA, 1995, p. 85), tentando deste modo mitigar o efeito catastrófico das cheias provocadas pelo Lis na baixa da cidade. Efectivamente, a baixa da cidade de Leiria era, até aos finais do séc. XVII uma zona muito alagadiça. O autor anónimo do Couseiro, obra incontornável para o estudo da região de Leiria, aponta algumas datas em que ocorreram cheias devastadoras na cidade: 26 de Março de 1475, 28 de Maio de 1596, 21 de Dezembro de 1600, 18 de Junho de 1612 e 11 de Novembro de 1646, descrevendo os avultados prejuízos provocados por esta última, à qual terá ainda assistido (in CRISTINO, 1983, p. 204). Através de uma epígrafe localizada actualmente nas imediações do Largo de Paio Guterres, onde se lê: “Em dia de S. Tomé de 1600 deu por aqui a espantosa cheya”, podemos deduzir ter o nível da cidade subido, naquele local, cerca de um metro (CRISTINO, 1983, p. 204). As obras de alteração do leito do Lis chegariam à sua fase final em 1701, resultando num desvio total entre o Campo da Cidade e o Rossio de São Francisco, numa distância superior a 100 metros (CARREIRA, 1995, pp. 85 e 86). O século XVIII ficaria também marcado pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755, com os seus devastadores efeitos sobre a cidade de Lisboa, e que se fez sentir em Leiria com uma intensidade VII da escala de Mercalli (SOUSA, 1919, in TEIXEIRA e ZBYSZEWSKI, 1968, p. 77). A recuperação urbanística da cidade de Leiria far-se-ia então ao gosto barroco, por influência do bispo D. Frei Miguel de Bulhões, reflectindo-se sobretudo na recuperação de fachadas dos edifícios religiosos afectados pelo sismo. São então reestruturadas as fachadas das igrejas do Espírito Santo, de Santo Estêvão e de São Francisco. O mesmo bispo ficaria ainda associado à edificação da capela dos Terceiros, junto da igreja de São Francisco, da torre Sineira, no cimo da colina acastelada, e do escadório do santuário de Nossa Senhora da Encarnação (CARREIRA, 1995, pp. 85 a 90). Mais tarde, outro bispo teria uma influência preponderante na trama urbanística de Leiria. D. Manuel de Aguiar, imbuído do espírito iluminista que irradiava então a partir 31 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

da Lisboa pombalina pós terramoto, associar-se-ia à edificação de um novo hospital e de um novo cemitério. O novo hospital, construído a partir de 1798, alojar-se-ia no designado Bairro dos Anjos, junto à margem direita do Lis, no local da antiga ermida de Nossa Senhora dos Anjos, demolida para o efeito. Tratava-se de um edifício sólido, de três andares, que ficaria terminado em 1802. O novo cemitério, implantado junto às traseiras da Sé, seria bem anterior à célebre ‘Lei da Saúde’ de Costa Cabral, sendo um dos primeiros do país e tendo grande impacte na vida e costumes dos leirienses. Actualmente, conserva-se no local apenas uma lápide do túmulo de D. Manuel de Aguiar, tendo o terreno sido convertido pela Sé para outros fins (CARREIRA, 1995, pp. 91 e 92). As preocupações de D. Manuel de Aguiar, estender-se-iam ainda à necessidade de formação escolar, tendo para o efeito empreendido obras no Seminário Episcopal, em 1803 e 1804, e mandado erigir um edifício anexo ao convento de Nossa Senhora da Apresentação, destinado à educação de raparigas (CARREIRA, 1995, p. 92). O século XIX ficou também marcado pelas invasões francesas, acontecimentos que deixaram as suas marcas na região, assim como na cidade de Leiria. No final das três incursões gaulesas na região, Leiria mais se assemelhava a um aglomerado de ruínas. Entre os estragos, contava-se o incêndio dos Arquivos da Câmara, do Paço Episcopal, de parte do convento de Santa Ana e do convento de Santo Estêvão, e ainda a destruição de parte da Sé Nova e do Palácio de Vasconcelos Hasse. Entre as consequências provocadas pelos invasores, há ainda a registar 519 mortos e a fuga de praticamente toda a população. (MARGARIDO, 1988, p. 71). A retoma do quotidiano pacífico e o crescimento da malha urbana deram-se desta feita, graças ao contributo da agricultura, mas também dos investimentos, nacionais e estrangeiros, nas áreas da indústria (resina, fundição, extracção mineira, moagem…) e do comércio. Na cidade abrem-se novos arruamentos e novas construções ao longo dos mesmos. Reconstruiu-se o Paço Episcopal, alinhou-se o Terreiro, foram melhorados o Rossio e a Praça (Rodrigues lobo), onde surgiram então lojas abertas no rés-do-chão, abriram-se novos arruamentos, mais amplos, e criaram-se novas estradas de ligação entre a cidade e os povoamentos circundantes (MARGARIDO, 1988, pp. 71 a 85). Ainda no final do séc. XIX foi construído o convento da Portela, junto à estrada da Marinha Grande, e o ‘Marachão’ recebeu o seu passeio público, as suas escadarias e o muro que o separa do leito do rio. O rio, por seu turno, foi açudado, e as suas pontes alteradas (MARGARIDO, 1988, pp. 86 e 87).

32 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

A 23 de Abril de 1909 o país voltava a tremer, sentindo-se o terramoto a uma intensidade VII da escala de Mercalli na cidade de Leiria (CHOFFAT e BENSAUDE, 1911, in TEIXEIRA e ZBYSZEWSKI, 1968, p. 77). Apesar deste sismo, o séc. XX inicia-se com um crescimento da população leiriense (cerca de 50%), não obstante a emigração que conduziu ao decréscimo populacional no

restante

concelho.

Este

acréscimo

populacional

foi

acompanhado

de

desenvolvimentos industrial e comercial, que em última análise deixaram as suas marcas na malha urbana da cidade. Na área ocupada pela cerca do extinto convento de Santa Ana foram rasgados dois arruamentos, onde vai implantar-se o edifício do Banco Nacional Ultramarino. A Praça Rodrigues Lobo recebeu o edifício do Banco Português do Atlântico. Pouco depois iniciam-se os trabalhos de abertura da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, e a construção do Mercado Fechado, bem como o alargamento e melhoramento de diversas ruas e praças (MARGARIDO, 1988, pp. 87 a 108). O estado de degradação em que se encontrava o castelo no início do séc. XX, motivou a criação da ‘Liga de Amigos do Castelo de Leiria’, em 1915. As obras de recuperação do edifício ficariam a cargo da Direcção Geral dos Monumentos Nacionais, que, apesar de alguns conflitos iniciais, seguiu para o efeito um projecto desenvolvido pelo Arq.º Ernesto Korrodi, a mais proeminente figura daquela liga (GOMES, 2004, pp. 197 a 204). Até aos finais da década de 1940, verificou-se ainda um enorme acréscimo urbano, marcado pela construção de novas urbanizações localizadas, nomeadamente, na Quinta do Paraíso, nos Capuchos e nas Almoínhas (MARGARIDO, 1988, p. 109). Nas décadas de 1950 e 1960, a cidade cresceu pouco, verificando-se um abrandamento no ritmo da sua urbanização. No entanto, é nesta época que se dá a abertura da Avenida Heróis de Angola, uma das principais artérias da cidade (MARGARIDO, 1988, pp. 109 e 116).

4.3. O Arrabalde da Ponte

Instalada na encruzilhada de três importantes espaços urbanos do centro de Portugal medieval, Lisboa, Coimbra e Santarém, Leiria assumiu desde remota época uma relevante importância comercial, à qual posteriormente se juntou a componente administrativa e jurisdicional. Simbolizando esta realidade, o castelo de Leiria assumiu desde cedo uma vertente simbólica e polarizadora das povoações de um território que, 33 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

grosso modo, se estendia por um raio de 50/60 km. É portanto perfeitamente natural que as oligarquias locais tenham inicialmente preferido o espaço intramuros para instalar as suas habitações. Preferência que terá persistido até ao desenvolvimento dos bairros ribeirinhos do Lis, à medida que estes assumiam uma cada vez maior importância económica. Estes novos bairros, mais burgueses, mercantis e populares, cresceram em importância social, ditando o despovoamento do interior das muralhas do castelo (GOMES, 2004, p. 13). Na encosta norte, junto ao sopé das muralhas do castelo de Leiria, surge desde muito cedo um significativo núcleo populacional, em torno da igreja de São Tiago, aí edificada seguramente antes da data de 1195, ano em que aparece pela primeira vez documentada, a propósito de uma doação de casas ao Mosteiro de Alcobaça “in castello Leiriene in collatione sancti Jacobi” (ANTT, Mosteiro de Alcobaça, Col. especial, parte I, cx. 80, maço 2, doc. 76 in CRISTINO, 1983, p. 208). O bairro, muito provavelmente o primeiro a surgir na cidade, fora do perímetro amuralhado do seu castelo, foi-se então desenvolvendo para norte, até às margens do rio, bem como para nascente, até às imediações do convento de São Francisco. Esta zona aparece, a partir dos séc. XIII e XIV, em vários documentos referida pelo nome da igreja de São Tiago ou da freguesia de São Tiago, ou por ambos os nomes, mas também pelo nome de a Ponte. A documentação que refere esta zona fá-lo mormente a propósito de casos de doações relacionadas com a exploração de moinhos que ali existiam. Esses documentos datam de 1294, 1314, 1341, 1365, 1378 e 1384 (CRISTINO, 1983, pp. 208 e 209). A orientação este/oeste do morro em que se instalou o castelo de Leiria pode ter contribuído de forma decisiva para a instalação do bairro de Santiago, ou do Arrabalde da Ponte, assim como do bairro de São Martinho (a Sul do morro), os dois primeiros bairros a se formarem fora das muralhas do castelo. O primeiro, mais antigo, cresceu de forma irregular a norte do morro do castelo, nas imediações da ‘Ponte Coimbrã’, onde se abrigava das incursões inimigas quer pela proximidade das muralhas do castelo, quer pela fronteira proporcionada pelo rio Lis. Já o segundo, desenvolveu-se a sul do morro do castelo, de forma urbanisticamente mais ordenada. Os dois bairros permaneceriam por longos anos separados a nascente pela área non aedificandi do convento de São Francisco, tendo sido unidos apenas no século XX, pela visão urbanística do Arqt.º Ernesto Korrodi (GOMES, 2004, p. 14). O bairro de Santiago era inicialmente dividido pelo rio Lis. À direita do seu leito concentravam-se tecelões e tintureiros, ao passo que na sua margem esquerda se concentravam os casarios senhoriais. Dentro da área de influência deste bairro 34 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

instalou-se ainda a gafaria de Santo André, também na margem direita, e ainda o convento de São Francisco, cerca de 1230 (GOMES, 2004, p. 15). Desde logo, o bairro desenvolveu-se de forma pouco linear, sendo o seu traçado urbanístico condicionado pelos quintais e cortinhais das casas, que impunham um pequeno número de vias alinhadas e ditavam ruas curvilíneas, que eram, de resto, a forma menos íngreme de vencer o desnível de acesso ao morro do castelo (GOMES, 2004, p. 17). Possuía o mosteiro de Alcobaça no Arrabalde da Ponte um cortinhal que confrontava com o lagar, chamado “de Maria Terroa” e “um pardieiro”, uns moinhos com duas mós, uma alveira e outra segundeira e, nas suas imediações “um grande pardieiro a beyra dagua que dizem que esteve ja em ell um engenho de ferro e huu moinho dazeite” (ANTT, Mosteiro de Alcobaça, livro 15, fl. 216, 216v e 219v in CRISTINO, 1983, p. 208). De igual modo, também o mosteiro de Santa Cruz de Coimbra possuía nesta zona pelo menos um lagar de azeite (ANTT, Santa Cruz de Coimbra, livro 94 – Livro Nobre, in CRISTINO, 1983, p. 208). Em 1433, a zona é já designada em diferentes documentos constantes do Tombo do Mosteiro de Alcobaça, por Arrabalde, Arrabalde de acerqua da ponte ou Ponte do Arrabalde. Actualmente o lugar é ainda conhecido por Arrabalde de Além e por Arrabalde da Ponte (CRISTINO, 1983, p. 209). Apesar da escassez documental, assim como da inexistência de vestígios estruturais, é seguro afirmar que na área designada por Arrabalde da Ponte existiam ainda a ermida, e respectivo hospital, de Nossa Senhora do Porto Covo e a ermida de São Sebastião de Porto Covo (Couseiro, cap. 26, in CRISTINO, 1983, p. 210). Nos alvores do séc. XVI, a freguesia de São Tiago abrangia o Arrabalde de Aquém, mas também uma ampla área geográfica, actualmente distribuída pelas freguesias de Marrazes, Milagres, Regueira de Pontes, Ortigosa, Amor, Monte Real, Carvide, Vieira de Leiria e Marinha Grande (Couseiro, cap. 25, in CRISTINO, 1983, p. 209). A já referida igreja de São Tiago, encontrava-se em 1811 já muito destruída, em consequência de diversas cheias, tendo as tropas napoleónicas “feito dela cavalariça”. Por este motivo, foi demolida e a sede paroquial transferida nesse mesmo ano para o lugar de Pinheiros, e mais tarde para a nova igreja de Marrazes. Apenas em 1871, por decreto régio, voltaram os habitantes da área do Arrabalde a pertencer a uma freguesia da cidade, passando a figurar entre os fieis da freguesia da Sé de Leiria (CRISTINO, 1983, p. 209). 35 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Nas décadas de 1950 e 1960, a cidade de Leiria cresceu pouco, verificando-se um abrandamento no ritmo da sua urbanização. À semelhança do que se verificou um pouco por toda a cidade, também a Rua de Pêro Alvito, no Arrabalde da Ponte, foi nesta época alargada e pavimentada, com o intuito de melhorar as condições de acesso ao Estádio Municipal (MARGARIDO, 1988, p. 109).

36 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

5. SONDAGENS ARQUEOLÓGICAS

Uma vez que a execução do projecto previsto implicava o rebaixamento da cota de circulação em vários metros, dentro de praticamente toda a área afecta ao projecto, optámos pela realização de sondagens arqueológicas prévias, como forma de detectar eventuais estruturas ou materiais arqueológicos soterrados. A abertura de sondagens arqueológicas permite não só averiguar a existência de eventuais estruturas e materiais arqueológicos, como também determinar a sua cronologia e avaliar a sua contextualização original. Para mais, possibilita ajuizar pela sua preservação in situ, pela sua integração no projecto previsto para o local ou pelo seu desmantelamento, mediante os convenientes registos prévios. Para a área afecta ao presente projecto, estabelecemos a abertura de três sondagens arqueológicas prévias, a Sondagem 1 (S1), a Sondagem 2 (S2) e a Sondagem (S3), com as dimensões de 6 m2, 9 m2 e 15 m2, respectivamente. Os resultados destas sondagens foram debatidos em reunião no local, estando representados a D.R.C.C., a Câmara Municipal de Leiria, o I.G.E.S.P.A.R., a empresa responsável pelos trabalhos de arqueologia (Munis, Lda.), o empreiteiro e o dono de obra. Desta reunião resultou a aprovação do seguimento dos trabalhos da empreitada, mediante a aplicação de medidas de minimização de impacte arqueológico específicas aplicáveis às estruturas detectadas nas sondagens prévias. Pelos motivos que exporemos adiante, os objectivos da Sondagem 1 não foram de imediato satisfeitos, ficando os mesmos adiados até à execução da Sondagem 1 a), com as dimensões de 2,25 m2. Durante o seguimento dos trabalhos decorrentes da empreitada, surgiram estruturas que não haviam ainda sido detectadas. As mesmas motivaram então a abertura de uma nova sondagem, a Sondagem 4 (S4), com as dimensões de 4 m2. Nos parágrafos que se seguem trataremos de expor os resultados obtidos nas cinco sondagens realizadas.

5.1. Sondagem 1

Inicialmente, tínhamos projectado a implantação da S1 de forma anexa ao alçado este do muro que limitava a oeste a área afecta ao projecto, separando este terreno da Rua 37 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

de Santiago, e denominado por nós por ‘Muro Oeste’. Assim localizada, esta sondagem permitiria averiguar a cota de fundação do ‘Muro Oeste’, determinante para a compreensão de algumas questões relevantes, entre elas qual a função/cronologia original de um arco em ogiva de aduelas em cantaria, integrado e emparedado neste muro (Fotografias 4 e 5). Não obstante, durante a remoção da primeira unidade estratigráfica (U.E.) da S1 surgiram os vestígios de uma unidade mural, que mais tarde viríamos a comprovar tratar-se de um conjunto de arcos, e que convencionámos denominar precisamente por ‘Arcaria’. Imediatamente nos apercebemos de que a localização da S1 não permitiria interpretar satisfatoriamente aquela estrutura, pelo que optámos pela sua ampliação. Para tal, decidimos pela remoção integral da primeira unidade estratigráfica nas imediações da S1 que, como veremos, era constituída por ‘tous venant’ aplicado no local pelo antigo proprietário do terreno, a fim de o tornar mais aprazível para venda. Desta forma, foi possível avaliar a dimensão da ‘Arcaria’, permitindo ampliar a sondagem de modo a preconizar uma escavação integral dos vestígios detectados. Durante o decurso desta operação, detectámos igualmente a presença de uma estrutura mural, que apontava para a tipologia de um poço guarnecido de cisterna. Esta estrutura, que convencionámos denominar por ‘Poço-Cisterna’, encontrava-se implantada a este da denominada ‘Arcaria’. A ambas as estruturas regressaremos atempadamente, em particular no capítulo dedicado à interpretação das estruturas detectadas ao longo dos trabalhos de arqueologia. Importa presentemente justificar apenas a alteração da localização originalmente escolhida para a Sondagem 1. Ora, as estruturas que compunham a ‘Arcaria’ confinavam simultaneamente a oeste e a sul com paredes instáveis, o já referido ‘Muro Oeste’ e um muro que sustentava um casario arruinado, que confrontava a sudoeste com a área afecta ao projecto e que denominámos por ‘Muro Sul’. Por este motivo, tememos fragilizar a sustentação das referidas paredes com a remoção das terras a eles anexas, arriscando a segurança dos transeuntes da Rua de Santiago e dos executores da sondagem e aumentando a instabilidade do referido casario, já por si bastante debilitado. Para mais, a denominada ‘Arcaria’ desenvolvia-se em dois sentidos perpendiculares, estabelecendo com o ‘Muro Oeste’ e com o ‘Muro Sul’ uma forma quadrangular, que ocupava uma extensa área de aproximadamente 50 m2, sendo incomportável a 38 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

escavação

integral

de

tamanha

área,

dentro

dos

parâmetros

previamente

estabelecidos para a presente intervenção. Optámos então por uma escavação em patamares no interior daquela área, assegurando simultaneamente as normas de segurança para os executores da escavação, a integridade das referidas estruturas e ainda a leitura completa da estratigrafia e das estruturas detectadas. O cumprimento das normas de segurança implicou a preservação de banquetas por escavar, anexas a este do ‘Muro Oeste’ e a norte do ‘Muro Sul’ com uma espessura de cerca de 0,5 metros, o que nos impediu averiguar de imediato as suas cotas de fundação (Fotografia 6). Quanto ao esclarecimento das questões inerentes ao arco em ogiva, que inicialmente tinha motivado a abertura da Sondagem 1, ficaria, pela mesma razão, adiado até à escavação da Sondagem 1 a), realizada após asseguradas as necessárias condições de segurança. Com o objectivo de atingir a cota inicialmente prevista, a área aprofundada foi sendo gradualmente reduzida, até atingirmos uma área de 3 x 2 metros, junto do canto Nordeste da ‘Arcaria’. A leitura estratigráfica da Sondagem 1 foi a seguinte:

U.E. 1: Nível actual de circulação, constituído por ‘tous venant’ assente sobre camada de lixos vários, entre eles plásticos, materiais de construção diversificados, vidros, etc. Estendia-se por toda a área do terreno e apresentava uma espessura média de 10 cm. Assentava sobre as U.E.’s 2 e 4 e encostava, a oeste, à U.E. 2 a) e, a sul, à U.E 11 a). Resultava, conforme pudemos apurar junto dos habitantes locais, de uma acção de limpeza e nivelamento levada a cabo pelo antigo proprietário do terreno, de modo a torná-lo mais aprazível para venda. Corresponde às U.E.’s 0 da Sondagem 3, 0 da Sondagem 2, 1 do ‘Perfil Sul’, 1 do ‘Perfil Norte’, 1 da Sondagem 4 e 3 da Sondagem 1 a). Cronologia: Época Contemporânea.

39 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

U.E. 2: Unidade mural que limitava a oeste a área afecta ao projecto, separando-a da Rua de Santiago, desenvolvendo-se no sentido norte/sul, e que denominámos por ‘Muro Oeste’ (Fotografias 5 e 7). A construção desta parede desenvolveu-se durante duas fases distintas, U.E. 2 a) e U.E. 2 b), tendo sido identificados cinco momentos distintos na segunda fase da sua edificação. Voltaremos a abordar esta unidade mural no capítulo dedicado à interpretação das estruturas identificadas ao longo dos trabalhos arqueológicos, altura em que descreveremos pormenorizadamente cada uma das fases e dos momentos da sua construção. Também faremos referência ao ‘Muro Oeste’ durante a exposição dos resultados da Sondagem 1 a), aberta com o objectivo de averiguar especificamente a cronologia de fundação desta parede e, consequentemente a cronologia de origem do arco em ogiva nela integrado. Não obstante, torna-se conveniente, para alcance da compreensão das relações estratigráficas identificadas na presente sondagem, expor, ainda que de forma resumida, as fases e os momentos mencionados: U.E. 2 a): Unidade mural constituída por um aparelho regular de pedras não facetadas dispostas em fiadas de pedras de dimensão mediana, que alternavam com fiadas de pedras de dimensão mais reduzida. Assentava numa primeira fiada de silhares de grande dimensão. Todo o aparelho se encontrava unido por argamassa de cal. Ao centro do alçado este da unidade mural que constitui a U.E. 2 a) encontravam-se as ombreiras do já referido arco em ogiva, em aparelho de pedras facetadas, que se desenvolviam até ao topo desta U.E., encontrando neste ponto as suas aduelas em cantaria de calcário (duas, de secção transversal quadrangular), por sua vez já integradas na U.E. 2 b). Corresponde, portanto, à U.E. 1 da Sondagem 1 a). A U.E. 2 a) tinha o seu extremo sul junto do limite sul da propriedade, imbricando aí na unidade mural que constitui a U.E. 11 a) da presente sondagem, que integra o denominado ‘Muro Sul’. Relativamente ao extremo norte da U.E. 2 a), o mesmo não foi possível apurar, dado que se desenvolvia para além da área afecta à obra, ultrapassando o denominado ‘Perfil Norte’. Uma vez que a Sondagem 1 foi realizada em patamares, pelos motivos já expostos, a fundação desta unidade mural não foi de imediato alcançada, algo que viria a suceder só durante a realização da Sondagem 1 a). Por esta ocasião foi possível averiguar que

40 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

a unidade mural que constitui a U.E. 2 a) se encontrava assente sobre a U.E. 10 da Sondagem 1. Relativamente às restantes relações estratigráficas, podemos afirmar que a U.E. 2 a) se encontrava coberta pela U.E. 2 b), imbricava, como já referido, na U.E. 11 a), e era encostada, a este, pelas U.E.’s 1, 3 b), 4, 5, 6, 7, 8 e 9. A oeste, esta unidade mural deverá ser encostada pelas terras que sustentam a Rua de Santiago. Cronologia: Época Medieval/Época Moderna (?). Como veremos aquando da descrição dos resultados da Sondagem 1 a), esta unidade mural assentava directamente sobre níveis térreos medievais. Pelas características construtivas constatadas, será provável, como exploraremos atempadamente, que o arco em ogiva não seja contemporâneo da U.E. 2 a). É possível que à época em que foi edificada a U.E. 2 a) se encontrasse munida de um vão de passagem de ombreiras em alvenaria de pedra, à qual terá sido, numa época posterior, acrescentadas as aduelas hoje visíveis. U.E. 2 b): Unidade mural constituída por um aparelho irregular de pedras não facetadas, de dimensão pequena a mediana, unidas por argamassa de cal. Encontrava-se edificada sobre a parede que constitui a U.E. 2 a), estabelecendo por isso, tal como esta, a fronteira entre a propriedade presentemente visada e a Rua de Santiago. São distinguíveis, como já mencionado, cinco momentos de intervenção no aparelho que constitui esta unidade mural. Tal como já referimos, os motivos que nos levam a defender a existência destes momentos serão oportunamente justificados. Num primeiro momento, a unidade mural que constitui a U.E. 2 a) terá sofrido um processo de alteamento, através do recurso a um aparelho de distintas características, dando origem à U.E. 2 b). É possível que neste momento o vão de passagem já ali existente tenha sido encimado com duas aduelas em cantaria de calcário, originando o arco ao estilo gótico agora detectado. Por motivos que viremos posteriormente a explorar, é improvável que este arco seja de origem medieval. Ainda neste momento terá sido edificada a arcaria que constitui a U.E. 3, assim como criado um vão de passagem, a norte desta arcaria (à direita do alçado este). No segundo momento (U.E. 2 c), o vão de arco em ogiva e o vão de passagem anteriormente referidos deverão ter sido emparedados. Os aparelhos que constituem 41 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

ambos os emparedamentos partilham, de resto, muitas características. O aparelho responsável pelo emparedamento do arco em ogiva será considerado U.E. 2 da Sondagem 1 a). Num terceiro momento (U.E. 2 d), terá sido aberto um vão de porta, detectado à esquerda do alçado sul e articulado com o nível de circulação da Rua de Santiago, através do desmonte do aparelho que constitui a U.E. 2 b). No quarto momento (U.E. 2 e), terá sido emparedado o vão de porta articulado com o nível de circulação da Rua de Santiago, através de um aparelho em tijolos alveolares (nove alvéolos) unidos com argamassa de cimento. No quinto e último momento o ‘Muro Oeste’ sofreu novo processo de alteamento, através da aplicação no seu topo de um tosco aparelho de tijolos alveolares (oito alvéolos) e pedras de pequeno porte, unidos com argamassa de cimento. A parede que constitui a U.E. 2 b) conhecia o seu extremo sul no limite sul da propriedade ora visada, onde imbricava à U.E. 11 b), inserida no denominado ‘Muro Sul’, mas encontrava-se interrompida a norte, de forma muito irregular, 13 metros a norte desse ponto de encontro, pelo que não foi possível determinar o seu termo norte original. A U.E. 2 b) estava assente sobre a U.E. 2 a), como já referido imbricava, a sul, à U.E. 11 b), e imbricava na U.E. 3 a). Cronologia (U.E. 2 b, c, d, e): Época Contemporânea. Uma vez que a U.E. 2 b) imbricava na U.E. 3 a), ambas partilham o mesmo momento construtivo. Tal como veremos atempadamente, existem fortes indícios de que a estrutura que constitui a U.E. 3 a) seja datável de Época Contemporânea. Atribuímos, por estes motivos, uma cronologia contemporânea à U.E. 2 b).

U.E. 3: Unidade estrutural que, como já referido, motivou o alargamento da área da Sondagem 1 e que denominámos por ‘Arcaria’. Era constituída por duas unidades murais, em arcaria, que se desenvolviam perpendicularmente, nos sentidos este/oeste e norte/sul (Fotografias 8, 9, 10 e 11). As suas extremidades ocidental e meridional encontravam-se limitadas pelos já referidos ‘Muro Oeste’ e ‘Muro Sul’, respectivamente. O conjunto formado por esta estrutura e por estes muros delimitavam uma área quadrangular de aproximadamente 50 m2. À semelhança do que se verificou relativamente à U.E. 2, também a edificação desta ‘Arcaria’ envolveu distintos momentos, tendo sido identificadas duas fases construtivas. 42 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Voltaremos a referir-nos a esta unidade estrutural em capítulo próprio, dedicado à interpretação das estruturas identificadas ao longo dos trabalhos arqueológicos, altura em que descreveremos pormenorizadamente cada uma das fases da sua construção. Não obstante, torna-se conveniente, para possibilitar a compreensão das relações estratigráficas identificadas na presente sondagem, expor estas fases, ainda que de forma resumida: U.E. 3 a): unidade mural, constituída por alvenaria de pedras não facetadas, de pequena dimensão, unidas num aparelho irregular por argamassa saibrosa de cor bege escuro, homogénea e bastante compacta. Assentava sobre a U.E. 3 b), imbricava a oeste à U.E. 2 b), integrada no denominado ‘Muro Oeste’, e a sul à U.E. 11 b), integrada no denominado ‘Muro Sul’, era encostada a sul e a norte, e também coberta, pela U.E. 1. Trata-se dos vestígios da parede que estando, como veremos atempadamente, articulada com os denominados ‘Muro Oeste’ e ‘Muro Sul’, deveria em tempos definido com estes algum edifício. Cronologia: Época Contemporânea. Integrados no aparelho desta U.E. eram visíveis alguns materiais de construção recentes, tais como fragmentos de telha de tipo ‘Marselha’, o que aponta para uma cronologia contemporânea para esta unidade mural. U.E. 3 b): unidade estrutural constituída por uma arcaria composta por quatro arcos abaulados, com aproximadamente 3 metros de abertura (cada um), dois desenvolvendo-se no sentido este/oeste e outros dois desenvolvendo-se no sentido norte/sul. Estavam construídos por tijolos maciços (27 x 12 x 6 cm), também conhecidos por tijolos ‘de burro’, dispostos ao cutelo e ligados por argamassa de cor amarela, saibrosa, homogénea e pouco compacta. A fundação dos arcos fazia-se directamente a partir de sapatas de aspecto tosco, constituídas por elementos pétreos irregulares de tamanhos variáveis, envolvidos por argamassa bege, saibrosa, homogénea e muito compacta. Cada uma das sapatas, por sua vez, desenvolvia-se sobre um par de estacas em pinho, cujos vestígios foram detectados muito abaixo delas, já em fase de acompanhamento arqueológico da remoção mecânica de terras. Não foram detectados vestígios de reboco em qualquer uma das faces dos arcos, interna ou externa. Já no intradorso, que assentava directamente sobre níveis térreos, detectámos vestígios de argamassa (Fotografia 10).

43 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Assentava sobre a U.E. 8, tinha os seus vãos preenchidos pelas U.E.’s 4, 5, 6 e 7, encostava a oeste à U.E. 2 a), integrada no denominado ‘Muro Oeste’, e a sul à U.E. 11 a), integrada no denominado ‘Muro Sul’. Dado que os vãos dos arcos foram preenchidos pelas U.E.’s 4, 5, 6 e 7, em fase posterior à sua construção, as mesmas U.E.’s vieram simultaneamente encostar, a norte e a sul, às faces laterais da arcaria. Por este motivo a U.E. 3 b) era igualmente encostada pelas U.E.’s 4, 5, 6 e 7. Trata-se, como veremos, de um aparato construído com o objectivo de sustentar algum edifício, proporcionando-lhe maior firmeza face à instabilidade dos solos em que se pretendeu implantá-lo, criando simultaneamente uma maior salubridade do mesmo. Cronologia: Época Contemporânea. Entre os materiais que constituíam as sapatas de fundação dos arcos foram detectados alguns fragmentos de cerâmica doméstica, nomeadamente faiança e loiça ‘ratinhos’, que nos permitiram avançar com uma cronologia posterior ao século XIX para a construção da arcaria.

U.E. 4: Nível térreo, constituído por terra de cor castanho-escura, de grãos muito finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade. Apresentava uma espessura média de 50 cm (Fotografia 11). Era composta por pedras de pequeno porte, muitas inclusões orgânicas (raízes) e algumas inclusões culturais, de tipologia variada, como fragmentos de cerâmica de construção, de cerâmica doméstica comum, de faiança e de cerâmica vidrada a chumbo, a maioria dos quais de cronologia contemporânea. Assentava sobre as U.E.’s 5 e 6, encostava, a oeste, à U.E. 2 a) e, a sul, à U.E 11 a), e era coberta pelas U.E.’s 1 e 3 b). Tratava-se esta U.E. do provável nível de circulação anterior às acções de limpeza e de nivelamento que originaram a U.E. 1, sendo possível que se encontre sob a arcaria que constitui a U.E. 3 b) em consequência de algum processo de infiltração. Corresponde às U.E.’s 2 do ‘Perfil Sul’, 2 do ‘Perfil Norte’, 2 da Sondagem 4, 4 da Sondagem 1 a), 1 da Sondagem 2 e 11 da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 5: Nível térreo, constituído por terra de cor amarela, de grãos finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade. Era também constituída por uma elevada quantidade de pedras de pequeno e médio porte e por fragmentos de cerâmica de 44 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

construção (telhas de tipo ‘Marselha’, tijolos maciços e tijolos alveolares). Era visível apenas na área noroeste da S1, sob o alçado do arco directamente adossado ao ‘Muro Oeste’ e apresentava uma espessura média de 50 cm. Assentava sobre a U.E. 7, era coberta pela U.E. 4 e encostava, a este e a oeste, às sapatas de fundação da arcaria que constituía a U.E. 3 b), a oeste, à U.E. 2 a) e, a sul, à U.E 11 a). Pela elevada quantidade de pedras, é provável que esta U.E. corresponda a um nível de aterro, sendo possível que se encontre sob a arcaria que constitui a U.E. 3 b) em consequência de algum processo de infiltração. Corresponde às U.E.’s 4 do ‘Perfil Sul’, 3 do ‘Perfil Norte’, 3 da Sondagem 4, 5 da Sondagem 1 a), 1 a) da Sondagem 2 e 4 da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 6: Nível térreo, com cerca de 20 cm de espessura, constituído por areia de cor bege, de grãos finos a medianos e escassas pedras de pequeno porte. Apresentava compacticidade muito fraca. Era visível apenas no canto nordeste da sondagem e encontrava-se totalmente isenta de elementos orgânicos e de materiais culturais (Fotografia 11). Assentava sobre a U.E. 7 e estava coberta pela U.E. 2. Encostava, a este e a oeste, às sapatas de fundação da arcaria que constituía a U.E. 3 b), sendo possível que se encontre sob esta arcaria em consequência de algum processo de infiltração. Apesar da ausência de materiais culturais, é possível que corresponda à U.E. 6 do ‘Perfil Norte’, com a qual partilha muitas características, e que, a ser verdadeira essa correspondência, tenha resultado de uma acção de enchimento de uma cova ou vala. A ausência de materiais culturais não permite avançar senão com uma cronologia relativa, mediante as relações que estabelece com as U.E.’s adjacentes: Cronologia

absoluta:

indeterminada.

Cronologia

relativa:

Época

Moderna/

Contemporânea (?).

U.E 7: Nível térreo, com cerca de 40 cm de espessura, constituído por terra de cor castanha amarelada, de grãos muito finos, de textura argilosa e de elevada compacticidade (Fotografia 11). Foram detectados escassos elementos pétreos e

45 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

nenhum elemento orgânico. Forneceu fragmentos de cerâmica doméstica comum, de cerâmica vidrada a chumbo e de faiança. Assentava sobre a U.E. 8, estava coberta pelas U.E.’s 5 e 6, encostava, a oeste, à U.E. 2 a) e, a sul, à U.E 11 a), e era cortada pelas sapatas de fundação da arcaria que constituía a U.E. 3 b). É provável que tenha correspondido a um antigo nível de circulação, embora esta interpretação careça de mais elementos comprovativos. Corresponde às U.E.’s 4 do ‘Perfil Norte’, 6 do ‘Perfil Sul’, 4 da Sondagem 4, 6 da Sondagem 1 a), 2 da Sondagem 2 e 5 da Sondagem 3. Cronologia: Época Moderna/Contemporânea (?).

U.E. 8: Nível térreo, com cerca de 30 cm de espessura, constituído por terra de cor castanho-escura, de grãos muito finos, de textura limosa e de fraca compacticidade (Fotografia 11). Foram detectados nesta U. E. vários elementos pétreos de reduzidas dimensões, assim como uma elevada quantidade de fauna mamalógica, de fragmentos de cerâmica de construção, de cerâmica doméstica comum, de loiça vidrada e de faiança. Assentava sobre a U.E. 9, encostava, a oeste, à U.E. 2 a) e, a sul, à U.E 11 a), e era coberta pelas U.E.’s 7 e 3 b) (sapatas de fundação da arcaria). Pela sua composição limosa, somos levados a ponderar a hipótese de a U.E. 8 corresponder a um nível de sedimentação provocado por uma inundação. Corresponde às U.E.’s 10 do ‘Perfil Sul’, 7 do ‘Perfil Norte’, 3 da Sondagem 2, 9 da Sondagem 2, 6 da Sondagem 4 e 7 da Sondagem 1 a). Cronologia: Época Moderna.

U.E. 9: Nível térreo, com cerca de 10/15 cm de espessura, constituído por terra de cor negra, rica em fuligem, de grãos finos e textura arenosa (Fotografia 11). Estava isenta de vestígios culturais, à excepção de uma grande quantidade de fragmentos de escória de chumbo. Estava coberta pela U.E. 8, encostava, a oeste, à U.E. 2 a) e, a sul, à U.E 11 a), e assentava sobre a U.E. 10. Corresponde às U.E.’s 19 do ‘Perfil Norte’ e 8 da Sondagem 1 a), com as quais partilha muitas características. 46 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Trata-se claramente de um nível de aterro, conclusão corroborada pelos dados obtidos da interpretação estratigráfica da Sondagem 1 a). Embora a ausência de vestígios culturais não permita uma atribuição cronológica específica podemos, contudo, apontar uma cronologia relativa, dada a relação estratigráfica que estabelece esta U.E. com as U.E.’s 8 e 10, às quais atribuímos, respectivamente, as cronologias Moderna e Medieval: Cronologia absoluta: indeterminada. Cronologia relativa: Época Medieval/Moderna (?).

U.E. 10: Nível térreo, constituído por terra castanha avermelhada, muitíssimo compactada, de grãos finos e textura argilosa (Fotografia 11). Não foi possível determinar a sua espessura média, já que se prolongava para baixo da cota de afectação da obra. Apresentava escassos materiais culturais, entre eles cerâmica de construção, cerâmica doméstica comum e cerâmica vidrada a chumbo. Era coberta pela U.E. 9 e teria a sua base abaixo da cota de afectação da obra. É possível que esta U.E. tenha correspondido a um antigo nível de circulação. Corresponde às U.E.’s 5 da Sondagem 2, 18 do ‘Perfil Norte’, 12 da Sondagem 4, 9 da Sondagem 1 a) e 10 da Sondagem 3. Cronologia: Época Medieval.

U.E. 11: Unidade mural que limitava a sudoeste a área afecta ao projecto, separando-a de uma propriedade vizinha, desenvolvendo-se no sentido este/oeste, e que denominámos por ‘Muro Sul’. À semelhança do que se verificava com o denominado ‘Muro Oeste’, com o qual aliás se encontra articulada, a construção desta parede desenvolveu-se durante duas fases distintas. Voltaremos a abordar esta unidade mural no capítulo dedicado à interpretação das estruturas identificadas ao longo dos trabalhos arqueológicos, altura em que descreveremos pormenorizadamente cada uma das fases da sua construção. Não obstante, torna-se conveniente, para compreender a totalidade das relações estratigráficas identificadas na presente sondagem, expor, ainda que de forma resumida, as fases mencionadas: U.E. 11 a): Unidade mural constituída por um aparelho regular de pedras não facetadas dispostas em fiadas de pedras de dimensão mediana, que 47 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

alternavam com fiadas de pedras de dimensão mais reduzida. Assentava numa primeira fiada de silhares de grande dimensão. Todo o aparelho se encontrava unido por argamassa de cal. A U.E. 11 a) tinha o seu extremo oeste junto do limite oeste da propriedade, imbricando aí na unidade mural que constitui a U.E. 2 a) da presente sondagem, que integra o denominado ‘Muro Oeste’. Relativamente ao extremo este da U.E. 11 a), o mesmo prolongava-se sob um edifício habitacional que confinava a sudeste com a propriedade visada, pelo que não foi possível apurar exactamente onde se localizaria originalmente. Uma vez que a Sondagem 1 foi realizada em patamares, pelos motivos já expostos, a fundação desta unidade mural não foi de imediato alcançada, algo que viria a suceder apenas no decorrer da fase de acompanhamento arqueológico da remoção mecânica de terras. Por esta ocasião foi possível averiguar que a unidade mural que constitui a U.E. 11 a) se encontrava assente sobre a U.E. 10 da Sondagem 1. Relativamente às restantes relações estratigráficas, podemos afirmar que a U.E. 11 a) se encontrava coberta pela U.E. 11 b), imbricava, como já referido, na U.E. 2 a), e era encostada, a norte, pelas U.E.’s 1, 3 b), 4, 5, 7, 8 e 9. A oeste, esta unidade mural deverá ser encostada pelas terras que sustentam a Rua de Santiago. Cronologia: Época Medieval. Esta parede imbricava com a parede que constitui a U.E. 2a), partilhando com ela as suas características e materiais construtivos. Atribuímos por este motivo a mesma cronologia às duas paredes. Como veremos aquando da descrição dos resultados da Sondagem 1 a), existem fortes indícios para avançar com uma cronologia medieval para a U.E. 2 a), motivo pelo qual atribuímos à U.E. 11 a) uma cronologia idêntica. U.E. 11 b): Unidade mural constituída por um aparelho irregular de pedras não facetadas, de dimensão pequena a mediana, unidas por argamassa de cal. Encontrava-se edificada sobre a parede que constitui a U.E. 11 a), estabelecendo por isso, tal como esta, a fronteira entre a propriedade presentemente visada e a propriedade com a qual confina a sudoeste. A parede que constitui a U.E. 11 b) conhecia o seu extremo oeste junto do limite oeste da propriedade, imbricando aí na unidade mural que constitui a U.E. 2 b) da presente sondagem, que integra o denominado ‘Muro Oeste’. Relativamente ao extremo este da U.E. 11 b), o mesmo prolongava-se sob um edifício habitacional que confinava a

48 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

sudeste com a propriedade visada, pelo que não foi possível apurar exactamente onde se localizaria originalmente. A U.E. 11 b) estava assente sobre a U.E. 11 a), como já referido imbricava, a oeste, à U.E. 2 b), e imbricava ainda, a norte, na U.E. 3 a). Cronologia: Época Contemporânea. Uma vez que a U.E. 11 b) imbricava na U.E. 3 a), ambas partilham o mesmo momento construtivo. Tal como veremos atempadamente, existem fortes indícios de que a estrutura que constitui a U.E. 3 a) seja datável de Época Contemporânea. Atribuímos, por estes motivos, uma cronologia contemporânea à U.E. 11 b).

A escavação da Sondagem 1 foi dada por terminada ao ser atingida a cota de afectação da obra.

5.2. Sondagem 1 a)

Depois do desmonte parcial da parede que constituía a U.E. 2 b), parte integrante do denominado ‘Muro Oeste’, existiam finalmente as condições de segurança imprescindíveis para a execução de uma sondagem que permitisse esclarecer as dúvidas colocadas pelo arco em ogiva detectado neste muro. Como já referido, o arco havia suscitado a abertura da sondagem 1, cuja localização e área abrangente foram, pelos motivos já expostos, alterados. Por essas razões, não foi possível cumprir os objectivos inicialmente traçados para a Sondagem 1, tendo os mesmos ficado adiados até à realização de uma nova sondagem. Por ter sido implantada na área da Sondagem 1, sobre a banqueta que por motivos de segurança havia sido preservada de forma anexa ao ‘Muro Oeste’, denominámos a nova sondagem por Sondagem 1 a). A Sondagem 1 a) foi implantada de forma anexa ao alçado este do ‘Muro Oeste’, imediatamente adossada à ombreira setentrional do referido arco em ogiva. A sondagem adoptou uma forma quadrangular, com 1,5 x 1,5 metros, num total de 2,25 m2. Por ter sido realizada numa área em que já era bem conhecida a sequência estratigráfica dos solos, foram retiradas de forma mecânica, mediante o adequado acompanhamento arqueológico, as quatro primeiras unidades estratigráficas, cujas cronologias sabíamos variar entre as épocas Moderna e Contemporânea. 49 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Não obstante, as características dos elementos que as compunham foram analisadas, e assinaladas graficamente as suas relações estratigráficas, constantes do desenho gráfico do perfil sul desta sondagem. Voltaremos a abordar pormenorizadamente as questões inerentes ao arco em ogiva, no capítulo dedicado à interpretação das estruturas identificadas ao longo dos trabalhos arqueológicos, expondo nos próximos parágrafos apenas a sequência estratigráfica identificada na Sondagem 1 a). Deste modo, a leitura estratigráfica da Sondagem 1 a) é a seguinte:

U.E. 0: Unidade estrutural constituída pelas duas aduelas do arco em ogiva, em cantaria de calcário e de secção transversal quadrangular, apoiadas mutuamente ao centro e lateralmente sobre as ombreiras detectadas na U.E. 1. É possível que esta estrutura tenha sido edificada no mesmo momento em que se procedeu ao alteamento do ‘Muro Oeste’. Então, o vão de passagem já ali existente, definido por ombreiras em alvenaria de pedras facetadas, terá sido encimado com duas aduelas em cantaria de calcário, originando o arco ao estilo gótico agora detectado. Por motivos que viremos posteriormente a explorar, é improvável que este arco seja de origem medieval. Integrava a U.E. 2 a) da sondagem 1. Cronologia: Época Contemporânea. Uma vez que a U.E. 2 b) imbricava na U.E. 3 a), ambas partilham o mesmo momento construtivo. Tal como veremos atempadamente, existem fortes indícios de que a estrutura que constitui a U.E. 3 a) seja datável de Época Contemporânea. Atribuímos, por estes motivos, uma cronologia contemporânea à U.E. 2 b).

U.E. 1: Unidade mural constituída pela parede denominada por ‘Muro Oeste’, na qual foram detectadas, ao centro do seu alçado este, as duas ombreiras que sustentavam o já referido arco em ogiva (Fotografia 12). Tratava-se de uma parede constituída por um aparelho regular de pedras não facetadas dispostas em fiadas de pedras de dimensão mediana, que alternavam com fiadas de pedras de dimensão mais reduzida, assentando sobre uma primeira fiada de silhares de grande dimensão. Todo o aparelho se encontrava unido por argamassa de cal.

50 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Como referido, ao centro do alçado este desta unidade mural encontravam-se as ombreiras de um vão de passagem, em aparelho de pedras facetadas, que se desenvolviam até ao topo desta U.E., encontrando neste ponto as aduelas em cantaria de calcário (duas, de secção transversal quadrangular). Apenas a ombreira setentrional, contudo, foi abrangida pela escavação da presente sondagem, tal como poderá verificar-se no registo gráfico do perfil oeste da mesma. Não são claras as funções originais do referido vão, sendo-nos apenas possível especular, pelas suas dimensões (2,20 metros de altura x 1,40 metros de largura), que tenha funcionado como vão de passagem e não como vão de janela. Também a definição cronológica atribuída ao arco suscita algumas reflexões. Na verdade, nada ao longo da escavação da sondagem 1 a) nos conduziu a uma atribuição cronológica irrefutável para esta estrutura, embora, como viremos adiante a expor, a sua análise estrutural indicie tratar-se de uma obra de cronologia contemporânea. Dado que a U.E. 1 da Sondagem 1 a) corresponde na realidade à U.E. 2 a) da Sondagem 1, é possível obter mais informações sobre esta unidade estrutural através da leitura da estratigrafia desta última, nomeadamente ao nível das suas extremidades norte e sul e ainda ao nível das relações estratigráficas que a mesma desenvolvia num contexto mais amplo. Dentro do contexto da Sondagem 1 a), estritamente falando, podemos afirmar que a U.E. 1 encostava, a sul, à U.E. 2 e, a este, às U.E.’s 3, 4, 5, 6, 7 e 8, encontrando-se assente sobre a U.E. 9 (Fotografia 13). A oeste, esta unidade mural deverá ser encostada pelas terras que sustentam a Rua de Santiago. Cronologia: Época Medieval/Época Moderna (?). Como já referido, veremos que esta unidade mural assentava sobre níveis térreos medievais (U.E. 9).

U.E. 2: Unidade mural que constituía o emparedamento do arco em ogiva incorporado na U.E 1, constituído por um aparelho irregular de pedras não facetadas, de dimensão pequena a mediana, unidas por argamassa de cal (Fotografia 12). Pertence ao segundo momento da segunda fase construtiva do denominado ‘Muro Oeste’, correspondendo portanto a parte da U.E. 2 b) da Sondagem 1, como aliás se poderá verificar através da leitura da estratigrafia identificada nesta sondagem.

51 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Encontrava-se limitada a sul e a norte pelas ombreiras do arco em ogiva e no topo pelas duas aduelas em cantaria de calcário que o compunham. Encontrava-se ainda limitado inferiormente pelo aparelho que constituía a U.E. 1, sobre o qual se encontrava assente. Era encostada, a este, pelas U.E.’s 3, 4, 5 e 6. Cronologia: Época Contemporânea. Apesar de não terem sido identificados elementos culturais inequivocamente datáveis de Época Contemporânea, integrados no aparelho que constitui a U.E. 2, existem, como já referido, fortes indícios de que toda a parede identificada como U.E. 2 b) da Sondagem 1 tenha sido erguida em Época Contemporânea, ainda que em diferentes momentos. Por este motivo atribuímos à U.E. 2 da presente sondagem uma cronologia contemporânea.

U.E. 3: Unidade térrea, removida antes ainda da implantação da Sondagem 1a), que correspondia ao nível actual de circulação que se estendia por toda a área do terreno e apresentava uma espessura média de 10 cm, constituído por ‘tous venant’ assente sobre camada de lixos vários. Assentava sobre a U.E. 4 e encostava, a oeste, às U.E.’s 1 e 2. Resultava, conforme pudemos apurar junto dos habitantes locais, de uma acção de limpeza e nivelamento levada a cabo pelo antigo proprietário do terreno, de modo a torná-lo mais aprazível para venda. Corresponde às U.E.’s 1 do ‘Perfil Sul’, do ‘Perfil Norte’, 1 da Sondagem 4, da Sondagem 1, e ainda às U.E.’s 0 da Sondagem 2 e da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 4: Nível térreo, removido mecanicamente antes da implantação da sondagem 1a), mediante o apropriado acompanhamento arqueológico, e que era constituído por terra de cor castanho-escura, de grãos muito finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade, composta por pedras de pequeno porte, muitas inclusões orgânicas (raízes) e várias inclusões culturais. Assentava sobre a U.E. 5, era coberta pela U.E. 3 e encostava, a oeste, às U.E.’s 1 e 2. Tratava-se esta U.E. do provável nível de circulação anterior às acções de limpeza e de nivelamento que originaram a U.E. 1.

52 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Corresponde às U.E. 2 do ‘Perfil Sul’, 2 do ‘Perfil Norte’, 2 da Sondagem 4, 4 da Sondagem 1, 1 da Sondagem 2 e 11 da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 5: Nível térreo, removido antes ainda da implantação da Sondagem 1a), constituído por terra de cor amarela, de grãos finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade. Era também constituída por uma elevada quantidade de pedras de pequeno e médio porte e por alguns materiais culturais. Assentava sobre a U.E. 6, era coberta pela U.E. 4 e encostava, a oeste, às U.E.’s 1 e 2. Pela elevada quantidade de pedras, é provável que esta U.E. corresponda a um nível de aterro. Corresponde às U.E.’s 4 do ‘Perfil Sul’, 3 do ‘Perfil Norte’, 3 da Sondagem 4, 5 da Sondagem 1, 1 a) da Sondagem 2 e 4 da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E 6: Nível térreo, com cerca de 40 cm de espessura, constituído por terra de cor castanha amarelada, de grãos muito finos, de textura argilosa e de elevada compacticidade. Foram detectados escassos elementos pétreos e nenhum elemento orgânico. Forneceu escassos fragmentos de cerâmica doméstica comum. Assentava sobre a U.E. 7, era coberta pela U.E. 5 e encostava, a oeste, às U.E.’s 1 e 2. É provável que tenha correspondido a um antigo nível de circulação, embora esta interpretação careça de mais elementos comprovativos. Corresponde às U.E.’s 4 do ‘Perfil Norte’, 6 do ‘Perfil Sul’, 4 da Sondagem 4, 7 da Sondagem 1, 2 da Sondagem 2 e 5 da Sondagem 3. Cronologia: Época Moderna/Contemporânea (?).

U.E. 7: Nível térreo, com cerca de 30 cm de espessura, constituído por terra de cor castanho-escura, de grãos muito finos, de textura limosa e de fraca compacticidade. Foram detectados nesta U. E. alguns fragmentos de cerâmica de construção, de cerâmica doméstica comum e de cerâmica vidrada de chumbo, assim 53 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

como fragmentos de ferro informes muito oxidados, e ainda fauna mamalógica e malacológica. Assentava sobre a U.E. 8, era coberta pela U.E. 6 e encostava, a oeste, à U.E. 1. Pela sua composição limosa, somos levados a ponderar a hipótese de a U.E. 7 corresponder a um nível de sedimentação provocado por uma inundação. Corresponde às U.E.’s 10 do ‘Perfil Sul’, 7 do ‘Perfil Norte’, 6 da Sondagem 4, 8 da Sondagem 1, 3 da Sondagem 2 e 9 da Sondagem 3. Cronologia: Época Moderna.

U.E. 8: Nível térreo, com cerca de 10 cm de espessura, constituído por terra de cor negra, rica em fuligem, de grãos finos e textura arenosa. Forneceu escassos fragmentos de cerâmica doméstica comum e de vidro com patine, assim como alguns fragmentos de escória de chumbo e de ferro. Assentava sobre a U.E. 9, era coberta pela U.E. 7 e encostava, a oeste, à U.E. 1. Corresponde às U.E.’s 19 do ‘Perfil Norte’ e 9 da Sondagem 1. Desenvolvia-se ao longo de uma camada de terra de espessura relativamente fina que acompanhava os desníveis do nível térreo sobre o qual assentava, como pudemos verificar nesta sondagem, mas também na Sondagem 1 e no ‘Perfil Norte’. Sobre o nível térreo em que assentava desenvolvia-se a unidade mural que constitui a U.E. 2, na base da qual a U.E. 8 encostava. Tais factos, aliados aos materiais identificados neste nível térreo, leva-nos a ponderar a hipótese de a U.E. 8 constituir um antigo nível de aterro, conjectura corroborada pelo facto de este ocorrer apenas na área noroeste da propriedade presentemente visada, conforme pudemos apurar em fase de acompanhamento arqueológico. A ser esta suposição verdadeira, especulamos a existência de uma oficina metalúrgica nas imediações, que usasse este local como lixeira. Embora a ausência de vestígios culturais não permita uma atribuição cronológica específica para esta U.E. podemos, contudo, apontar uma cronologia relativa, dada a relação estratigráfica que estabelece com as U.E.’s 7 e 9, às quais atribuímos, respectivamente, as cronologias Moderna e Medieval: Cronologia absoluta: indeterminada. Cronologia relativa: Época Medieval/Moderna (?).

54 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

U.E. 9: Nível térreo, constituído por terra castanha avermelhada, muitíssimo compactada, de grãos finos e textura argilosa (Fotografia 13). Não foi possível determinar a sua espessura média, já que se prolongava para baixo da cota de afectação da obra. Apresentava materiais culturais escassos, todos de cerâmica doméstica comum. Era coberta pelas U.E.’s 1 e 8. É possível que esta U.E. tenha correspondido a um antigo nível de circulação. Corresponde às U.E.’s 5 da Sondagem 2, 18 do ‘Perfil Norte’, 12 da Sondagem 4, 10 da Sondagem 1 e 10 da Sondagem 3. Cronologia: Época Medieval.

A escavação da Sondagem 1 a) foi dada por concluída ao ser atingida a cota de afectação da obra.

5.3. Sondagem 2

A Sondagem 2 foi implantada sensivelmente ao centro da área afecta ao projecto, como forma de avaliar a presença de eventuais vestígios, arqueológicos ou patrimoniais, nessa zona da propriedade. Um segundo objectivo determinou igualmente a escolha do local de implantação desta sondagem. Dado que, como já referido, havia sido escavado um buraco, de consideráveis dimensões e profundidade, previamente à data de início dos trabalhos arqueológicos, na zona centro/sudeste da área afecta à obra, considerámos relevante proceder a uma sondagem nas suas imediações, como forma de avaliar eventuais impactes arqueológicos causados por esta acção, ocorrida antes de iniciados os trabalhos arqueológicos. Deste modo, a Sondagem 2 foi implantada a escassos metros oeste desse buraco, sob a forma de um quadrado com 3 metros laterais, totalizando uma área de escavação com 9 m2 (Fotografia 14). A leitura estratigráfica obtida através da realização da Sondagem 2 foi a seguinte:

U.E. 0: Nível térreo, constituído por ‘tous venant’ assente sobre camada de lixos vários, resultante, conforme pudemos apurar junto dos habitantes locais, de uma 55 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

acção de limpeza e nivelamento levada a cabo pelo antigo proprietário do terreno, de modo a torná-lo mais aprazível para venda. Estendia-se por toda a área do terreno, à excepção da área circundante ao buraco preexistente aos trabalhos de arqueologia, nas imediações do qual implantámos a Sondagem 2. Especulamos que, à semelhança da restante área do terreno ora visado, esta U.E. se encontrasse igualmente à superfície da presente sondagem, tendo sido removida durante a acção de escavação que originou aquele buraco. Por este motivo atribuímos a esta U.E. o número 0, uma vez que, na realidade não ela não foi detectada. Corresponde às U.E.’s 1 do ‘Perfil Sul’, do ‘Perfil Norte’, da Sondagem 4 e da Sondagem 1, 3 da Sondagem 1 a) e 0 da Sondagem 3. Assentaria sobre a U.E. 1. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 1: Nível actual de circulação nesta zona da propriedade, constituído por terra de cor castanho-escura, de grãos muito finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade (Fotografia 15). Era composta por pedras de pequeno porte, muitas inclusões orgânicas (raízes). Forneceu materiais culturais diversificados, como fragmentos de cerâmica de construção (tijolos alveolares), de plásticos e de vidros. Assentava sobre as U.E.’s 1 b) e 2, cortando pontualmente a U.E 1b), e seria coberta pela U.E. 0. Tratava-se esta U.E., muito provavelmente, do nível de circulação anterior às acções de limpeza e de nivelamento que originaram a U.E. 0. Corresponde às U.E.’s 2 da Sondagem 4, 2 do ‘Perfil Sul’, 2 do ‘Perfil Norte’, 4 da Sondagem 1, 4 da Sondagem 1 a) e 11 da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 1 a): Nível térreo, constituído por terra de cor amarelada, de grãos finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade (Fotografia 15). Era também constituída por uma significativa quantidade de pedras de pequeno e médio porte e por fragmentos de cerâmica de construção (telhas de tipo ‘Marselha’ e tijolos alveolares).

56 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Foi apenas detectada durante a fase de registo gráfico do perfil oeste da sondagem, dado que inicialmente tinha sido confundida com a U.E. 1. Por este motivo acabou por receber a numeração 1 a), apesar de, definitivamente, não derivar da U.E. 1. As características desta U.E., acima referidas, bem como os materiais culturais, foram identificados a partir dos quatro perfis da sondagem. Assentava sobre a U.E. 2 e era coberta, assim como pontualmente cortada pela U.E. 1. Pela quantidade de pedras e tipologia dos materiais culturais, é provável que esta U.E. corresponda a um nível de aterro. Corresponde às U.E.’s 3 da Sondagem 4, 4 do ‘Perfil Sul’, 3 do ‘Perfil Norte’, 5 da Sondagem 1, 5 da Sondagem 1 a) e 4 da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 2: Nível térreo, constituído por terra de cor castanha, de grãos muito finos, de textura argilosa e de elevada compacticidade (Fotografia 15). Foram detectados escassos elementos pétreos e nenhum elemento orgânico. Forneceu vários fragmentos de cerâmica doméstica comum, escassos fragmentos de cerâmica vidrada, um fragmento de ferro oxidado e informe e vários fragmentos de fauna malacológica. Assentava sobre a U.E. 3 e estava coberta pelas U.E.’s 1 e 1 a). É provável que tenha correspondido a um antigo nível de circulação, embora esta interpretação careça de mais elementos comprovativos. Corresponde às U.E.’s 4 do ‘Perfil Norte’ e da Sondagem 4, 6 do ‘Perfil Sul’, 7 da Sondagem 1, 6 da Sondagem 1 a) e 5 da Sondagem 3. Cronologia: Época Moderna/Época Contemporânea (?).

U.E. 3: Nível térreo, constituído por terra de cor castanha, de grãos muito finos, de textura limosa e de fraca compacticidade (Fotografia 15). Foram detectados nesta U. E. vários elementos pétreos de reduzidas dimensões, assim como alguns fragmentos de cerâmica de construção e apenas um fragmento de faiança. Assentava sobre as U.E.’s 4 e 5 e estava coberta pela U.E. 2. Pela sua composição limosa, somos levados a ponderar a hipótese de a U.E. 3 corresponder a um nível de sedimentação provocado por uma inundação. 57 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Corresponde às U.E.’s 6 da Sondagem 4, 7 do ‘Perfil Norte’, 10 do ‘Perfil Sul’, 8 da Sondagem 1, 7 da Sondagem 1 a) e 9 da Sondagem 3. Cronologia: Época Moderna.

U.E. 4: Unidade mural, constituída por duas paredes imbricadas que se desenvolviam perpendicularmente (Fotografia 15). A primeira parede, com cerca de 0,6 metros de espessura, era constituída por alvenaria de pedras não facetadas, unidas por argamassa de cal num aparelho irregular. Desenvolvia-se no sentido norte/sul, paralelamente ao perfil oeste da Sondagem 2, ultrapassando-o em largura. As suas extremidades encontravam-se para além dos limites norte e sul da presente sondagem (Fotografias 15 e 16). Já durante a fase de acompanhamento arqueológico da remoção mecânica de terras, foi apurado que esta parede se desenvolvia no sentido norte, ultrapassando o denominado ‘Perfil Norte’. Como veremos, este perfil limitava a sul a área da propriedade que não foi escavada. Por esta razão, não foi possível apurar a posição ocupada pela extremidade norte da parede, ou sequer como se desenvolvia para além do referido perfil. Quanto à sua extremidade sul, a mesma viria a ser averiguada também já em fase de acompanhamento arqueológico da remoção mecânica de terras. Encontrava-se a cerca de 0,60 metros oeste do canto sudeste da Sondagem 2, rematado por um cunhal de silhares bem facetados. A segunda parede, com cerca de 0,4 metros de espessura, desenvolvia-se no sentido este/oeste, de forma paralela ao perfil sul da Sondagem 2, ao qual praticamente encostava. Era constituída por duas paredes exteriores com preenchimento interior em terra. A parede exterior sul era constituída por um aparelho irregular de pedras não facetadas unidas por argamassa de cal muito pobre. A parede exterior norte, alisada no seu alçado externo, era constituída por argamassa de cal pobre e abundante em areia de granulometria mediana e em pedras de pequeno porte. O interior das duas paredes era preenchida por terra de cor castanha, textura argilosa e granulometria fina, de fraca compacticidade e isenta de materiais culturais (Fotografia 17). Encontrava-se bastante deteriorado no seu sector este, encontrando-se aí constituído apenas pela parede externa sul. Tinha o seu limite este junto da extremidade sul da primeira parede, à qual imbricava. Por sua vez, a sua extremidade oeste encontrava-se a cerca de 1 metro oeste da 58 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

extremidade sudoeste da Sondagem 2, onde esta parede encostava a uma estrutura arredondada, por sua vez anexa ao canto nordeste uma estrutura que denominámos por ‘Poço-Cisterna’. A estas estruturas regressaremos atempadamente. Estas paredes serão de novo alvo de análise mais aprofundada, no âmbito do capítulo dedicado à interpretação das estruturas identificadas. Adiantamos, porém, que o facto de as duas paredes serem nitidamente constituídas por dois tipos diferentes de paredes, sugere dois momentos construtivos distintos. Corresponde à U.E. 20 do denominado ‘Perfil Norte’. Assentava sobre a U.E. 5 e estava coberta pela U.E. 3. Contudo, nada nas suas composições denunciavam uma cronologia específica. Do mesmo modo, não foi detectada nenhuma vala de fundação de onde se pudessem vir a recuperar materiais datáveis, nem durante a escavação da Sondagem 2, nem durante a fase de acompanhamento arqueológico. Por este motivo, avançamos apenas com uma cronologia relativa, obtida através da relação que esta estrutura mantinha com as U.E.’s adjacentes: Cronologia absoluta: indeterminada. Cronologia relativa: Época Medieval/Época Moderna (?).

U.E. 5: Nível térreo, constituído por terra de cor castanho muito escuro, muitíssimo compactada, de grãos finos e textura argilosa (Fotografia 15). Apresentava escassos materiais culturais, todos fragmentos de cerâmica doméstica comum e também alguns fragmentos de fauna mamalógica. Não foi escavada na totalidade da sua espessura, dado que, como explicaremos adiante, uma inundação impediu o prosseguimento da escavação da Sondagem 2. Encontrava-se coberta pelas U.E.’ s 3 e 4. É possível que esta U.E. tenha correspondido a um antigo nível de circulação. Corresponde às U.E.’s 12 da Sondagem 4, 18 do ‘Perfil Norte’, 10 da Sondagem 1, 9 da Sondagem 1 a) e 10 da Sondagem 3. Cronologia: Época Medieval.

A escavação da Sondagem 2 foi suspendida quando um repentino processo de infiltração de águas inundou a base da mesma, tendo sido, contudo, atingida a cota de afectação da obra. Não tendo esta situação invertido, foi necessário dar por terminada 59 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

a sua escavação, ainda que os elementos recolhidos não fossem suficientes para atribuir uma cronologia específica às estruturas ali detectadas. A definição da cronologia de fundação dessas estruturas ficaria, deste modo, protelada até à fase de acompanhamento arqueológico.

5.4. Sondagem 3

A Sondagem 3 foi implantada junto ao limite este da propriedade afecta à obra, de forma paralela a uma parede que se encontrava erguida nesse limite, confrontando com a Rua Pêro Alvito (Fotografia 18). Foi realizada com o objectivo de averiguar a existência de estruturas arqueológicas nessa área, eventualmente relacionadas com aquela parede ou com hipotéticos edifícios antigos que confrontassem com a Rua Pêro Alvito. Foi aberta com um formato rectangular, com 3 x 5 metros, ocupando uma área de 15 m2. O seu canto sudoeste, contudo, desenvolvia-se dentro da área do buraco escavado,

anteriormente ao início dos trabalhos de arqueologia,

na área

centro/sudeste da propriedade afecta à obra. Deste modo, as primeiras unidades estratigráficas desta sondagem haviam já sido extraídas desse canto, o que não impediu, como veremos, uma leitura completa dos vestígios estruturais que ali ocorriam. Apesar de não se encontrar dentro dos limites da Sondagem 3, a parede que se verificava no limite este do terreno desenvolvia-se de forma articulada, como viríamos a descobrir posteriormente, com algumas estrutura identificadas dentro da mesma. Por este motivo, foi-lhe atribuída a U.E. 1. Tratava-se de uma parede que constituíra a fachada principal de uma antiga edificação. Não se encontrava, contudo, apoiada em mais nenhuma estrutura, achando-se em risco eminente de ruína. Por essa razão, foi desmontada, mediante o devido acompanhamento arqueológico, salvaguardando desta forma a segurança dos executores da Sondagem 3, assim como dos transeuntes da Rua Pêro Alvito. Sobre o processo de desmontagem desta parede, voltaremos a debruçar-nos aquando do capítulo dedicado à descrição dos trabalhos de acompanhamento arqueológico. No decurso da escavação da Sondagem 3 foi posta a descoberto uma parede (U.E. 12) que a atravessava no sentido este/oeste, dividindo a sondagem em duas áreas

60 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

distintas: uma a norte e outra a sul dessa parede. Alertamos para as diferenças na estratigrafia obtida em cada uma destas áreas. De igual modo, foi posta a descoberto uma parede (U.E. 13), paralela à parede que constitui a U.E. 12, que se desenvolve de forma paralela ao perfil sul da Sondagem 3. Ambas as paredes, U.E. 12 e U.E. 13, condicionaram amplamente a escavação da Sondagem 3, dado que reduziram a sua área escavável. Compreendida entre a parede que constitui a U.E. 12 e o limite norte da Sondagem 3, ficou definida uma área de cerca de 1 metro de largura. Entre a parede que constitui a U.E. 13 e o limite sul da Sondagem 3, a área definida era ainda mais estreita, contando com cerca de 0,35 metros de largura. A reduzida largura das referidas áreas tornou as suas escavações impraticáveis, tendo a primeira sido escavada apenas até uma profundidade de cerca de 1,30 metros, ao passo que a segunda atingiu uma profundidade de apenas 0,6 metros. Entre as paredes referidas, a escavação prossegui dentro de absoluta normalidade, tendo a área definida pelas duas sido escavada até à cota de afectação da obra. A leitura estratigráfica obtida através da realização da Sondagem 3 foi a seguinte:

U.E. 0: Nível térreo, constituído por ‘tous venant’ assente sobre camada de lixos vários, resultante, conforme pudemos apurar junto dos habitantes locais, de uma acção de limpeza e nivelamento levada a cabo pelo antigo proprietário do terreno, de modo a torná-lo mais aprazível para venda (Fotografia 21). No decurso do desmonte da parede que constituía a U.E. 1, a U.E. 0 foi profundamente alterada e sobrecarregada com entulho, motivo que nos levou a optar pela sua remoção integral por via mecânica, mediante acompanhamento arqueológico, antes de proceder à escavação manual da restante sondagem. Não obstante, conhecíamos já o comportamento e a origem desta U.E. em toda a extensão da área afecta à obra. Este conhecimento havia sido adquirido através da execução das sondagens realizadas antes da Sondagem 3, mas também através da observação das ‘paredes’ internas do buraco aberto na área centro/sudeste da propriedade, de resto sobreposto ao canto sudoeste da Sondagem 3. Corresponde às U.E.’s 0 da Sondagem 2, 1 do ‘Perfil Sul’, do ‘Perfil Norte’, da Sondagem 1 e da Sondagem 4, e ainda 3 da Sondagem 1 a). Assentava sobre as U.E.’s 2 e 11 e encostava às U.E.’ 1 e 12 b). Cronologia: Época Contemporânea. 61 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

U.E. 1: Unidade mural que se desenvolvia no sentido norte/sul, a cerca de 0,5 metros do limite este da presente sondagem, ao qual era paralela. Limitava a este a propriedade afecta à obra, à data de início dos trabalhos. Tinha cerca de 0,6 metros de espessura e era constituída por um aparelho irregular de alvenaria de pedras não facetadas, elementos informes de cantaria em contexto de reaproveitamento e tijolos maciços sulcados, unidos por argamassa de cal muito pobre e por argamassa de argila (Fotografia 18 e 19). Encontrava-se parcialmente destruída à data de início dos trabalhos de arqueologia, sendo rematada a norte, a cerca de 1,5 metros do extremo nordeste da propriedade afecta à obra, pelo que aparentava ser a ombreira meridional de um antigo vão de porta. Desconhecemos a sua extremidade sul, dado que a unidade mural se encontrava destruída cerca de 7 metros após o referido remate norte. Apesar do avançado estado de destruição desta parede, foi ainda possível constatar que era servida por um vão de porta, sensivelmente central ao alçado este, com 2,1 metros de altura x 1,5 metros de largura. Este vão encontrava-se emoldurado por ombreiras, construídas por tijolos maciços, e por lintel em laje de betão armado, sendo o conjunto rebocado e caiado de branco, de forma a imitar cantaria de calcário. A parede resistente contava com cerca de 3,6 metros de altura, dispondo de um friso decorativo horizontal no seu alçado este, cerca de 0,6 metros acima do referido vão de porta. Era encostada pela U.E. 0 e imbricava na U.E. 12 a) e 12 b). Posteriormente, já no decurso da fase de acompanhamento arqueológico, viríamos a apurar que estava encostado à U.E. 13 e também que imbricava com a U.E. 14, notando-se mesmo, na U.E. 1, vestígios do desmonte parcial da U.E. 14. Tanto quanto foi possível apurar, através de informações recolhidas entre os habitantes vizinhos à obra, tratar-se-ia da parede subsistente de uma habitação, constituindo a sua fachada principal, orientada para a Rua Pêro Alvito. Cronologia: Época Contemporânea. A atribuição desta cronologia baseia-se sobretudo na tipologia dos materiais empregues na sua edificação. Não obstante, durante a fase de acompanhamento arqueológico da remoção de terras afectas à obra, viríamos a apurar que a U.E. 1 se encontrava assente sobre uma parede mais antiga, de que trataremos no capítulo dedicado aos vestígios detectados durante aquela fase dos trabalhos de arqueologia.

62 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Na verdade, durante a fase de acompanhamento arqueológico da remoção mecânica das terras afectas à obra, detectaríamos indícios de que a U.E. 1 poderá eventualmente ter tido a sua origem ainda durante a Época Medieval, sendo alteada e adaptada sucessivamente até à Época Contemporânea.

U.E. 2: Nível estrutural, composto por uma fina camada de argamassa de cimento, assente sobre pedras de pequeno porte (gravilha), com cerca de 10 cm de espessura (Fotografia 20). Encontrava-se isenta de materiais culturais. Assentava sobre a U.E. 3, era coberta pela U.E. 0 e encostava à U.E. 12 b). Tratava-se de um nível de circulação, seguramente associado à antiga habitação existente neste local. Corresponde à U.E. 3 do denominado ‘Perfil Sul’. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 3: Nível estrutural constituído por uma fina camada de madeira muito degradada, com cerca de 4 centímetros de espessura (Fotografia 20). Assentava sobre a U.E. 4, era coberta pela U.E. 2 e encostava à U.E. 12 b). Tratava-se dos vestígios de um piso de circulação em soalho de madeira, anterior à criação do piso de circulação que constituía a U.E. 2. Cronologia: Época Contemporânea. A atribuição desta cronologia deve-se ao facto de a U.E. 3 se encontrar sobre e coberta por U.E.’s de cronologia indiscutivelmente contemporâneas.

U.E. 4: Nível térreo, constituído por terra de cor amarela, de grãos finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade (Fotografia 20). Era também constituída por uma elevada quantidade de pedras de pequeno porte e de cerâmica de construção fragmentada (telhas de tipo ‘Marselha’ e de tipo ‘lusa’ e tijolos alveolares). Desta U.E. foram ainda exumados um fragmento de faiança, escassos fragmentos de cerâmica doméstica comum e de cerâmica vidrada a chumbo e também escassos fragmentos de fauna mamalógica. Apresentava uma espessura média de 40 cm. Assentava sobre as U.E.’s 5 e 13, era coberta pela U.E. 3 e encostava à U.E. 12 b). Pela elevada quantidade de pedras, é possível que esta U.E. corresponda a um nível de aterro. 63 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Corresponde às U.E.’s 1 a) da Sondagem 2, 4 do ‘Perfil Sul’, 3 do ‘Perfil Norte’ e da Sondagem 4, e ainda 5 da Sondagem 1 e da Sondagem 1 a). Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 5: Nível térreo, com cerca de 20 cm de espessura, constituído por terra de cor castanha, de grãos muito finos, de textura argilosa e de elevada compacticidade (Fotografias 20 e 21). Foram detectados escassos elementos pétreos e um fragmento de fauna mamalógica. Dela foram exumados escassos fragmentos cerâmicos, entre os quais fragmentos de cerâmica doméstica comum e de cerâmica vidrada de chumbo, um deles exibindo estampilha ilegível de marca de fabrico. Assentava sobre a U.E. 6, estava coberta pelas U.E.’s 4 e 11 e encostava às U.E.’s 12 b) e 13. É provável que tenha correspondido a um antigo nível de circulação, embora esta interpretação careça de mais elementos comprovativos. Corresponde às U.E.’s 2 da Sondagem 2, 6 do ‘Perfil Sul’, 4 do ‘Perfil Norte’ e da Sondagem 4, 7 da Sondagem 1 e 6 da Sondagem 1 a). Cronologia: Época Moderna/Época Contemporânea (?).

U.E. 6: Nível térreo, com cerca de 40 cm de espessura, constituído por terra de cor castanha avermelhada, de grão de pequena dimensão, pouco compacta e de textura arenosa (Fotografias 20 e 21). Era muito abundante em pedras de pequeno porte. Dela foram fragmentos de cerâmica de construção, de cerâmica doméstica comum e de vidrados de chumbo. Assentava sobre a U.E. 7, estava coberta pela U.E. 5 e encostava às U.E.’s 13 e 12 b). Foi detectada apenas entre as paredes que constituem as U.E.’s 12 e 13, sem que se verificasse, por exemplo, nos denominados ‘Perfil Sul’ e ‘Perfil Norte’, ambos relativamente próximos, nas suas extremidades leste, da Sondagem 3. Poderá eventualmente corresponder, pela abundância em pedras, a um nível de aterro, criado com vista à subida da cota de circulação dentro do compartimento definido pelas paredes que constituem as U.E.’s 12 e 13. Esta suposição carece, contudo, de maior fundamentação. Cronologia: Época Moderna/Época Contemporânea (?). 64 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

U.E. 7: Nível térreo, com cerca de 40 cm de espessura, constituído por terra de cor castanha escura, quase negra, de grão muito fino, muito abundante em pedras de pequeno porte, muito compacta e de textura argilosa (Fotografias 20 e 21). Dela foram exumados fragmentos de cerâmica doméstica comum, um fragmento de faiança, um fragmento de azulejo ‘azul e branco’, alguns fragmentos de telha ‘lusa’ e um de tijolo ‘de palmo’, e ainda um copo fragmentado de vidro transparente e incolor, com ‘bolhas’ de ar no seu interior e patines em ambas as superfícies interna e externa. Assentava sobre as U.E.’s 8 e 9, estava coberta pela U.E. 6 e encostava às U.E.’s 13 e 12 a). À semelhança do que se verificava com a U.E. 6, foi detectada apenas entre as paredes que constituem as U.E.’s 12 e 13. É possível que, dada a abundância e diversidade de elementos culturais, esta U.E. tenha surgido em consequência da mesma acção de aterro que supomos ter originado também a U.E. 6. Tal como afirmámos ao descrever essa U.E., a possibilidade de ocorrência desta acção de aterro carece de maior fundamentação. Cronologia: Época Moderna (?).

U.E. 8: Nível térreo, constituído por terra de cor castanha avermelhada, de grão muito fino, muito compacta e de textura argilosa, e por bolsas de argamassa (Fotografia 20). Encontrava-se isenta de materiais culturais. Assentava sobre as U.E.’s 9 e 14, estava coberta pela U.E. 7 e encostava às U.E.’s 12 a) e 13. À semelhança do que se verificava com a U.E. 6, foi detectada apenas entre as paredes que constituem as U.E.’s 12 e 13. Poderá corresponder a um nível de abandono, relacionado com a desactivação e consecutivo desmonte da parede que constituiu a U.E. 14. Cronologia:

Época

Moderna

(?).

A

atribuição

desta

cronologia

baseia-se

exclusivamente nas relações estratigráficas que a U.E. 8 mantinha com as U.E.’s adjacentes.

65 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

U.E. 9: Nível térreo, constituído por terra de cor castanho-escura, quase negra, de grãos muito finos, de textura limosa e de fraca compacticidade (Fotografias 20 e 21). Nela foram detectados três fragmentos de loiça vidrada a chumbo. Era coberta pelas U.E.’s 7 e 8, assentava sobre a U.E 10 e encostava à U.E. 12 a). Pela sua composição limosa, somos levados a ponderar a hipótese de a U.E. 7 corresponder a um nível de sedimentação surgido em consequência de alguma inundação. Corresponde às U.E.’s 6 da Sondagem 4, 3 da Sondagem 2, 10 do ‘Perfil Sul’, 7 do ‘Perfil Norte’, 8 da Sondagem 1 e 7 da Sondagem 1 a). Cronologia: Época Moderna.

U.E. 10: Nível térreo, constituído por terra castanha avermelhada, muitíssimo compactada, de grãos finos e textura argilosa (Fotografia 20). Prolongava-se abaixo da cota de afectação da obra. Apresentava escassos materiais culturais, entre eles cerâmica de construção e cerâmica doméstica comum. Era coberta pelas U.E.’s 8 e 9, encostava à U.E.’s 12 a) e 14 e teria a sua base abaixo da cota de afectação da obra. É possível que esta U.E. tenha correspondido a um antigo nível de circulação. Corresponde às U.E.’s 12 da Sondagem 4, 18 do ‘Perfil Norte’, 10 da Sondagem 1, 9 da Sondagem 1 a) e 5 da Sondagem 2. Cronologia: Época Medieval.

U.E. 11: Nível térreo, constituído por terra de cor castanho-escura, de grãos muito finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade (Fotografia 21). Apresentava uma espessura média de 40 cm. Era composta por pedras de pequeno porte, muitas inclusões orgânicas (raízes) e muitas inclusões culturais, de tipologia variada, como fragmentos de cerâmica de construção, de cerâmica doméstica comum, de faiança, de loiça tipo ‘ratinhos’, de plástico, de ferros informes e oxidados e ainda de fauna mamalógica. Assentava sobre a U.E. 11, era coberta pela U.E. 0 e encostava à U.E. 12 b). Tratava-se esta U.E., muito provavelmente, do nível de circulação anterior às acções de limpeza e de nivelamento que originaram a U.E. 0. 66 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Corresponde às U.E.’s 1 da Sondagem 2, 2 do ‘Perfil Norte’, do ‘Perfil Sul’ e da Sondagem 4, e ainda 4 da Sondagem 1 e da Sondagem 1 a). Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 12: Unidade mural, construída em alvenaria de pedras não facetadas unidas em aparelho irregular por argamassa de cal e com reaproveitamento de cerâmicas de construção fragmentadas (Fotografias 20, 21 e 22). Desenvolvia-se no sentido este/oeste, de forma perpendicular à U.E. 1, na qual imbricava, e ultrapassando os limites este e oeste da Sondagem 3. À medida que avançava a escavação da Sondagem 3, tornava-se mais evidente que esta unidade mural era na realidade constituída por duas paredes sobrepostas, edificadas em dois momentos distintos. A estas paredes, assim como às demais detectadas durante a escavação da presente sondagem, regressaremos em capítulo próprio, dedicado à interpretação das estruturas identificadas durante o decorrer dos trabalhos de arqueologia. Não obstante, apresentamos a descrição das características de cada uma das paredes identificadas, a que convencionámos denominar por U.E. 12 a) e U.E. 12 b). U.E. 12 a): Unidade mural, com cerca de 0,50 metros de espessura, construída em alvenaria de pedras não facetadas, unidas num aparelho irregular por argamassa de cal pobre, saibrosa e amarelada. Apresentava ainda, em contexto de reaproveitamento, fragmentos de cerâmicas de construção. Desenvolvia-se no sentido este/oeste, de forma perpendicular à U.E. 1, na qual imbricava. No seu alçado sul foram detectados alguns vestígios de reboco, constituído por argamassa de cal aplanada. Era coberta pela U.E. 12 b), era encostada pelas U.E.’s 7, 8, 9 e 10, estava, como referido, imbricada na U.E. 1 e tinha as suas fundações abaixo da cota de afectação da obra. Cronologia:

Época

Medieval

(?).

A

atribuição

desta

cronologia

baseia-se

exclusivamente na relação que a U.E. 12 a) estabelece com as U.E.’s adjacentes. U.E. 12 b): Unidade mural, com cerca de 0,55 metros de espessura, construída em alvenaria de pedras não facetadas, unidas num aparelho irregular por argamassa de cal. Apresentava ainda, em contexto de reaproveitamento, fragmentos de cerâmicas de construção. Desenvolvia-se no sentido este/oeste, de forma

67 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

perpendicular à U.E. 1, na qual imbricava. No seu alçado sul foram detectados vastos vestígios de reboco, constituído por argamassa de cal aplanada. Assentava sobre a U.E. 12 a), era encostada pelas U.E.’s 0, 2, 3, 4, 5, 6 e 11, estava, como referido, imbricada na U.E. 1 e encontrava-se desmontada no seu topo. Cronologia: Época Moderna/Época Contemporânea (?). A atribuição desta cronologia baseia-se exclusivamente na relação que a U.E. 12 b) estabelece com as U.E.’s adjacentes.

U.E. 13: Unidade mural, com cerca de 0,30 metros de espessura, construída em alvenaria de pedras não facetadas unidas em aparelho irregular por argamassa de cal (Fotografias 20 e 23). Desenvolvia-se no sentido este/oeste, de forma perpendicular à U.E. 1, em cujas fundações, viríamos posteriormente a apurar, encostava. Ultrapassava tanto o limite este, como o limite oeste da Sondagem 3. À semelhança das demais estruturas identificadas na Sondagem 3, voltaremos a abordar a U.E. 13 em capítulo próprio, dedicado à interpretação das estruturas identificadas no decurso dos trabalhos arqueológicos. Estava coberta pela U.E. 4, encostava, como referido, nas fundações da U.E. 1 e tinha as suas próprias fundações abaixo da cota de afectação da obra. Era ainda encostada pelas U.E.’s 5, 6, 7 e 8. Cronologia:

Época

Moderna

(?).

A

atribuição

desta

cronologia

baseia-se

exclusivamente na relação que a U.E. 13 estabelece com as U.E.’s adjacentes.

U.E. 14: Unidade mural, com cerca de 0,50 metros de espessura, construída em alvenaria de pedras não facetadas unidas em aparelho irregular por argamassa de cal (Fotografias 20 e 23). Desenvolvia-se no sentido este/oeste, de forma perpendicular à U.E. 1, na qual encostava. Ultrapassava tanto o limite este, como o limite oeste da Sondagem 3. Também a U.E. 14 será alvo de maior análise no âmbito do capítulo votado à interpretação das estruturas identificadas no decurso dos trabalhos arqueológicos. Estava coberta pela U.E. 8, encostava às U.E.’s 10 e 13, imbricava, como viríamos posteriormente a averiguar, nas fundações da U.E. 1 e tinha as suas próprias fundações abaixo da cota de afectação da obra.

68 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Cronologia: Época Medieval/Época Moderna (?). A atribuição desta cronologia baseiase exclusivamente na relação que a U.E. 14 estabelece com as U.E.’s adjacentes.

A escavação da Sondagem 3 atingiu a cota de afectação da obra, dentro da secção definida, a norte, pela parede que constitui a U.E. 12 e, a sul, pela parede que constitui a U.E. 13, tendo então sido dada por concluída. Como já referido, a interpretação das estruturas detectadas no decurso da escavação desta sondagem serão atempadamente interpretadas. De referir ainda que, no decurso da fase de acompanhamento arqueológico da remoção mecânica de terras, foram postos a descoberto duas paredes relacionadas com as detectadas na Sondagem 3. O primeiro encontrava-se a escassos centímetros do limite oeste da sondagem, desenvolvendo-se de forma paralela a este limite e encontrando-se amplamente destruído, em consequência da escavação efectuada no sector centro/sudeste da propriedade antes do início dos trabalhos de arqueologia. A segunda desenvolvia-se sob a parede que identificámos como U.E. 1 da presente sondagem, e que limitava a este a propriedade afecta à obra. Encontrava-se edificada no sentido norte/sul, de forma paralela ao limite este da sondagem. Ao conjunto composto por estas paredes e as paredes detectadas durante a escavação da Sondagem 3 convencionámos denominar por ‘Construção Este’. A este conjunto regressaremos atempadamente, tanto no âmbito do capítulo dedicado à descrição dos trabalhos de acompanhamento arqueológico, como no âmbito do capítulo dedicado à interpretação das estruturas identificadas ao longo do decorrer dos trabalhos de arqueologia.

5.5. Sondagem 4

Durante o decorrer dos trabalhos de acompanhamento arqueológico da remoção mecânica de terras afectas à obra, foi posto a descoberto, no sector nordeste da propriedade, um conjunto de estruturas murais, que convencionámos denominar por ‘Construção Nordeste’ (Fotografia 26). Era constituída por uma parede que se desenvolvia no sentido este/oeste, de forma paralela ao denominado ‘Perfil Norte’. Nas extremidades desta parede, que distavam 69 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

cerca de 4 metros uma da outra, imbricavam novas paredes, que se desenvolviam no sentido norte, ultrapassando aquele perfil. Uma vez que grande parte deste conjunto se desenvolvia em área não afecta à obra (a norte do ‘Perfil Norte’), ser-nos-ia difícil interpretar o papel original deste conjunto. Por essa razão, optámos pela realização de uma sondagem que abrangesse este conjunto edificado, no sentido de obter informações adicionais, nomeadamente relativas à sua cronologia. Tal como temos vindo a referir, reservamos para capítulo próprio a interpretação das estruturas identificadas ao longo dos trabalhos de arqueologia, sucedendo o mesmo à denominada ‘Construção Nordeste’. Naturalmente, incluímos no presente capítulo a leitura estratigráfica obtida a partir da escavação da Sondagem 4. A Sondagem 4 foi implantada de forma a abranger a extremidade este da ‘Construção Nordeste’, sob o formato de um quadrado com 2 metros x 2 metros, totalizando uma área de 4 m2. Os

trabalhos

de

escavação

desta

sondagem

foram,

porém,

amplamente

condicionados pela queda de detritos do ‘Perfil Norte’, ao qual encostava e que contava, à data de início da escavação da sondagem, com cerca de 3,30 metros de altura. Outra grave condicionante prendeu-se com o afloramento de água à superfície da sondagem.

Na

verdade,

a

conjugação

das

condições

climáticas,

com

as

características dos solos em que se desenvolvia a sondagem e com a grande profundidade da cota a que se iniciou a sua escavação, promoveram a inundação da Sondagem 4 durante longo período, fomentando mesmo o abandono da sua escavação. Uma vez que a ‘Construção Nordeste’, como referido, foi detectada durante os trabalhos de acompanhamento arqueológico da remoção mecânica de terras afectas à obra, alertamos para o facto de as U.E.’s que cobriam aquela construção terem sido removidas mecanicamente. A leitura estratigráfica da Sondagem 4 corresponde por isso, ao somatório das U.E.’s cujas características, comportamentos e relações foram obtidos não só da escavação da própria sondagem, como também da leitura do denominado ‘Perfil Norte’, na secção em que este serviu de limite norte à mesma.

70 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Em capítulo próprio, dedicado à análise geral da estratigrafia da área afecta à obra, constam informações mais detalhadas de cada uma das U.E.’s removidas mecanicamente. A leitura estratigráfica da Sondagem 4 era a seguinte:

U.E. 1 – removida mecanicamente: Nível actual de circulação, constituído por ‘tous venant’, assente sobre camada de lixos vários (Fotografia 26). Estendia-se por toda a área do terreno e resultava, conforme pudemos apurar junto dos habitantes locais, de uma acção de limpeza e nivelamento levada a cabo pelo antigo proprietário do terreno, de modo a torná-lo mais aprazível para venda. Assentava sobre a U.E. 2. Corresponde às U.E.’s 1 do ‘Perfil Sul’, do Perfil Norte’ e da Sondagem 1, 3 da Sondagem 1 a), 0 da Sondagem 2 e 0 da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 2 – removida mecanicamente: Nível térreo, constituído por terra de cor castanho-escura, de grãos muito finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade. Era composta por pedras de pequeno porte, muitas inclusões orgânicas (Fotografia 26). Tratava-se provavelmente do nível de circulação anterior às acções de limpeza e de nivelamento que originaram a U.E. 1. Assentava sobre as U.E.’s 3, 4 e 5 e era coberta pela U.E. 1. Corresponde às U.E.’s 2 do ‘Perfil Sul’ e do ‘Perfil Norte’, 4 da Sondagem 1 e da Sondagem 1 a), 1 da Sondagem 2 e 11 da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 3 – removida mecanicamente: Nível térreo, constituído por terra de cor amarela, de grãos finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade (Fotografia 26). Era também constituída por uma elevada quantidade de pedras de pequeno e médio porte. Pela elevada quantidade de pedras, é possível que esta U.E. corresponda a um nível de aterro. Assentava sobre a U.E. 4, era coberta e cortada pela U.E. 2 e cortada ainda pela U.E. 5. 71 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Corresponde às U.E.’s 4 do ‘Perfil Sul’, 3 do ‘Perfil Norte’, 5 da Sondagem 1 e 5 da Sondagem 1 a), 1 a) da Sondagem 2 e 4 da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 4 – removida mecanicamente: Nível térreo constituído por terra de cor castanha amarelada, de grãos muito finos, de textura argilosa e de elevada compacticidade (Fotografia 26). Foram detectados escassos elementos pétreos e nenhum elemento orgânico. É provável que tenha correspondido a um antigo nível de circulação, embora esta interpretação careça de mais elementos comprovativos. Assentava sobre a U.E. 7, estava coberta pela U.E. 3 e era cortada pela U.E. 5. Corresponde às U.E.’s 6 do ‘Perfil Sul’, 4 do ‘Perfil Norte’, 7 da Sondagem 1 e 6 da Sondagem 1 a), 2 da Sondagem 2 e 5 da Sondagem 3. Cronologia: Época Moderna/Contemporânea (?).

U.E. 5 – removida mecanicamente: Bolsa de terra, com cerca de 1 metro de largura, constituída por areia de cor bege, de grãos finos a medianos e de compacticidade muito fraca, sendo possível que tenha resultado de uma acção de enchimento de uma cova ou vala (Fotografia 26). Cortava as U.E.’s 3, 4 e 7 e estava coberta pela U.E. 2. Corresponde à U.E. 5 do ‘Perfil Norte’. Cronologia

absoluta:

indeterminada.

Cronologia

relativa:

Época

Moderna/

Contemporânea (?).

U.E. 6 – removida mecanicamente: Nível térreo constituído por terra de cor castanho-escura, de grãos muito finos, de textura limosa e de fraca compacticidade, onde foi detectada uma grande quantidade de elementos pétreos de reduzidas dimensões (Fotografia 26). Pela sua composição limosa, somos levados a ponderar a hipótese de corresponder a um nível de sedimentação provocado por uma inundação. Assentava sobre as U.E.’s 8 e 9, assim como sobre a unidade mural ‘Construção Nordeste’ (que constitui a U.E. 7). Era coberta pela U.E. 4 e cortada pela U.E. 5. Corresponde às U.E.’s 10 do ‘Perfil Sul’, 7 do ‘Perfil Norte’, 8 da Sondagem 1 e 7 da Sondagem 1 a), 3 da Sondagem 2 e 9 da Sondagem 3. Cronologia: Época Moderna. 72 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

U.E. 7: Unidade mural denominada ‘Construção Nordeste’. Desenvolvia-se no sentido este/oeste paralelamente ao ‘Perfil Norte’, que constitui simultaneamente o limite norte da Sondagem 4. Encontra-se afastada do ‘Perfil Norte’ cerca de 1 metro. Nas extremidades desta parede, afastadas 4,20 metros, imbricavam duas paredes, que se desenvolviam para norte, ultrapassando o denominado ‘Perfil Norte’ e, portanto, desenvolvendo-se para além da área não escavada (Fotografia 26). A U.E. 7 era coberta pela U.E. 6, cortava as U.E.’s 9 e 11, era encostada pela U.E. 10 e estava assente sobre a U.E. 12. Na sua extremidade oriental encostava, a este, a U.E. 8. Corresponde à U.E. 8 do ‘Perfil Norte’. Durante as acções de escavação da Sondagem 4 e limpeza desta unidade mural, constatámos que a mesma era na realidade constituída por duas paredes sobrepostas, construídas em dois momentos distintos. A estas paredes voltaremos a fazer referência em capítulo próprio, dedicado à interpretação das estruturas identificadas durante o decorrer dos trabalhos de arqueologia. No entanto, apresentamos seguidamente a descrição das características de cada uma das paredes identificadas, a que convencionámos denominar por U.E. 7 a) e U.E. 7 b), com vista à compreensão das relações que estes estabelecem com as U.E.’s adjacentes. U.E. 7 a): Unidade mural construída em alvenaria de pedras de porte mediano toscamente facetadas e de pedras de pequeno porte não facetadas, unidas por argamassa de cal muito pobre, de cor bege. Não exibia vestígios de reboco, embora apresentasse no alçado sul revestimento em grés (Fotografia 27). Contava com uma espessura que rondava os 0,40 metros, sendo que na secção oeste atingia uma espessura máxima de cerca de 0,60 metros, ao nível das suas fundações. Nos troços melhor conservados exibia uma altura de cerca de 0,80 metros. Como já referido, desenvolvia-se no sentido este/oeste ao longo de 4,20 metros, de forma paralela ao ‘Perfil Norte’, do qual se afastava cerca de 1 metros. Nas suas extremidades ocidental e oriental, afastadas cerca de 10,30 e 6,10 metros da Rua Pêro

Alvito,

respectivamente,

imbricavam

novas

paredes.

Apresentavam

características idênticas ao primeiro, sendo-lhe perpendiculares, e desenvolviam-se para norte, para além da área não escavada, limitada a sul pelo ‘Perfil Norte’. 73 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Na extremidade sudoeste desta unidade mural imbricava ainda uma parede, que se encontrava infelizmente já demasiado destruída, estando amputada a cerca de 0,80 metros sul daquela extremidade. Exibia as mesmas características construtivas da U.E. 7 a) e aparentava desenvolver-se no sentido sul, de forma perpendicular ao ‘Perfil Sul’. Durante a escavação da Sondagem 4 propriamente dita, foi igualmente detectada uma parede que se desenvolvia a partir da extremidade sudeste da U.E. 7 a), na qual imbricava. Partilhava com ela as mesmas características construtivas e a mesma espessura. Esta parede, todavia, desenvolvia-se abaixo da cota de afectação da obra, motivo pelo qual não nos foi possível apurar o seu desenvolvimento. Tanto quanto nos foi possível visualizar durante a escavação da presente sondagem, esta parede desenvolvia-se no sentido sul, de forma perpendicular ao ‘Perfil Norte’. Cronologia: Época Medieval. Cronologia obtida a partir da análise dos materiais exumados da escavação da vala de fundação deste muro, que constitui a U.E. 10 e que será atempadamente descrita. U.E. 7 b): Unidade mural construída sobre a U.E. 7 a). Foi detectada, no entanto, apenas sobre a metade oriental da parede que se desenvolvia no sentido este/oeste daquele conjunto edificado (Fotografia 27). Trata-se portanto de um troço de parede, construída de forma bastante tosca, com recurso a pedras de pequeno porte, a fragmentos de cerâmica de construção, a fragmentos de cerâmica doméstica comum, a fragmentos de cerâmica vidrada de chumbo e a fragmentos de faianças, unidos por argamassa de cal e de argila, muito pobre e de tonalidade alaranjada. Contava com cerca de 0,30 metros de espessura, 1,50 metros de comprimento e 0,35 metros de altura. Cronologia: Época Moderna.

U.E. 8 – removida mecanicamente: Nível térreo com cerca de 1 metro de largura, constituído por terra cinzenta, pouco compacta, de grãos finos e textura arenosa, e por pedras de médio porte (Fotografia 26). Da análise do denominado ‘Perfil Norte’, resultou a detecção de uma trave incorporada nesta U.E., com cerca de 0,50 metros de espessura, disposta no sentido este/oeste e apresentando vestígios de incêndio. Dado que se desenvolvia no interior do referido

74 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

perfil, não foi extraída, embora tenhamos dela recolhido uma amostra, com vista a análises que venham eventualmente a ser realizadas. Encontrava-se coberta pela U.E. 6 e assente sobre a U.E. 12. Encostava a este da extremidade oriental da U.E. 7. Pela sua composição e relação estratigráfica com a U.E. 7, parece-nos plausível que a U.E. 8 constitua um nível de derrube da U.E. 7, também denominada ‘Construção Nordeste’. Corresponde à U.E. 8 a) do denominado ‘Perfil Norte’. Por se encontrar isenta de materiais culturais, é-nos impossível atribuir-lhe uma cronologia absoluta, pelo que avançamos apenas com uma cronologia relativa, baseada na relação que estabelece com as U.E.’s adjacentes: Cronologia absoluta: indeterminada. Cronologia relativa: Época Medieval/Moderna (?).

U.E. 9: Nível térreo, constituído por terra de cor negra de grãos finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade, muitas bolsas de argamassa de cal de cor bege, pedras de pequeno porte e alguns fragmentos de cerâmica de construção e de cerâmica doméstica comum, assim como um fragmento de cerâmica vidrada de chumbo e um fragmento de vidro (Fotografia 28). Estava coberta pela U.E. 6, assente sobre as U.E.’s 10 e 11. Corresponde à U.E. 9 do ‘Perfil Norte’. É provável que corresponda a um nível de obra relacionado com a construção da U.E. 7 a), parte integrante da unidade mural denominada ‘Construção Nordeste’. Cronologia: Época Medieval/Moderna (?).

U.E. 10: Nível térreo, detectado apenas junto ao alçado norte da parede da ‘Construção Nordeste’ que se desenvolve no sentido este/oeste (Fotografia 28). Era constituída por terra de cor castanha escura, de grãos finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade, e por pedras de pequeno porte. Forneceu escassos fragmentos de cerâmica doméstica comum e de tijolos ‘de palmo’ e também um fragmento de cerâmica vidrada a chumbo. Estava coberta pela U.E. 9, assente sobre a U.E. 12, cortava a U.E. 11 e encostava a norte da U.E. 7 a). 75 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Corresponde à vala de fundação da unidade mural denominada ‘Construção Nordeste’ (U.E. 7). Cronologia: Época Medieval.

U.E. 11: Nível térreo constituído por terra compacta, de cor negra e grãos finos, de textura argilo-limosa, com pedras de pequeno porte e alguns fragmentos de cerâmica de construção e de cerâmica doméstica comum (Fotografia 28). Estava coberta pela U.E. 9, assente sobre a U.E. 12 e cortada pelas U.E.’s 7 a) e 10. Corresponde à U.E. 9 a) do ‘Perfil Norte’. É provável que corresponda ao nível de circulação relacionado com a unidade mural ‘Construção Nordeste’ (U.E. 7). Cronologia: Época Medieval/Moderna (?).

U.E. 12: Nível térreo, constituído por terra castanha avermelhada, muitíssimo compactada, de grãos finos e textura argilosa. Durante a escavação desta U.E., a Sondagem 4 inundou, graças aos motivos já expostos. Não tendo esta situação invertido, fomos forçados a abandonar a sua escavação, não tendo sido possível recolher os materiais culturais que eventualmente existissem na U.E. 12 (Fotografia 29). Era coberta pelas U.E.’s 7 a), 10 e 11 e teria a sua base abaixo da cota de afectação da obra. É possível que esta U.E. tenha correspondido a um antigo nível de circulação. Corresponde às U.E.’s 18 do ‘Perfil Norte’, 10 da Sondagem 1, 9 da Sondagem 1 a), 5 da Sondagem 2 e 10 da Sondagem 3. Cronologia: Época Medieval. A cronologia atribuída à presente U.E. baseia-se exclusivamente na correspondência que tem com o ‘Perfil Norte’.

Como já referido, a escavação da Sondagem 4 foi suspendida quando um processo de infiltração de águas inundou a base da mesma. Não obstante, a cota de afectação da obra havia já sido atingida. Não tendo esta situação invertido, foi necessário dar por terminada a sua escavação.

76 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

6. ACOMPANHAMENTO ARQUEOLÓGICO

O acompanhamento arqueológico processou-se a partir do dia 18 de Setembro de 2008, data em que, através de reunião tida no local da obra, na qual participaram os arqueólogos responsáveis pelos trabalhos de arqueologia, o dono de obra, o empreiteiro, o IGESPAR, a DRCC e a Câmara Municipal de Leiria, foram expostos os resultados obtidos nas sondagens prévias e acordado o acompanhamento arqueológico da remoção mecânica das terras afectas à obra, com particulares atenções para com as estruturas detectadas até então. Estas atenções prendiam-se, de uma forma geral, com o desmonte manual das estruturas detectadas até à data, e com a escavação manual dos sedimentos a elas adjacentes, sobretudo os que se encontravam sob as mesmas. Ficou ainda acordada a escavação manual das estruturas que viessem eventualmente a ser detectadas durante o decurso da remoção mecânica das terras afectas à obra.

6.1. O ‘Poço-Cisterna’

Optámos por iniciar a fase de acompanhamento arqueológico pela remoção mecânica das unidades estratigráficas superficiais anexas ao denominado ‘Poço-Cisterna’. Como já referido, esta estrutura foi detectada a este da denominada ‘Arcaria’, aquando da implantação da Sondagem 1. O seu formato, algo invulgar, cedo despertou a nossa curiosidade. Havia chegado o momento de avançar com a cuidada remoção das terras que lhe eram adjacentes, de modo a obtermos informações que nos permitissem uma correcta interpretação funcional e cronológica desta estrutura (Fotografia 30). Era composta por uma estrutura elíptica, orientada no sentido norte/sul (2,80 metros de eixo maior x 2,50 metros de eixo menor), anexa, pelo topo norte, a uma estrutura rectangular, de igual orientação (2,60 metros de comprimento x 2 metros de largura). Apresentava dois tipos de paredes diferentes, sobrepostas, denunciando duas fases construtivas distintas (Fotografia 31). A parede inferior, mais antiga, encontrava-se construída por muros em alvenaria de pedras não facetadas, unidas num aparelho irregular por argamassa de cal bastante compacta e de tonalidade bege, apresentando uma espessura de cerca de 0,53

77 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

metros. Exibia ainda, apenas ao nível da face externa, amplos vestígios de paramento, em argamassa de cal. Esta parede verificava-se em todo o contorno do ‘Poço-Cisterna’, ao contrário da parede que lhe era superior, que se verificava apenas na face oeste da parte elíptica e em torno da parte rectangular. Esta parede superior, de cerca de 0,35 metros de espessura, era construído em aparelho irregular de alvenaria de pedras não facetadas, unidas por argamassa de cal de cor amarela, muito pobre, heterogénea e pouco compacta. Não apresentava quaisquer vestígios de paramento nas suas faces interna ou externa. Como referido, desenvolvia-se apenas sobre a face oeste da componente elíptica e em torno de toda a componente rectangular, cobrindo e encostando à parede inferior. As duas paredes encontravam-se perfeitamente aprumadas nas faces internas, mas não nas faces externas, onde a parede superior se encontrava, em consequência da sua menor espessura, avançada relativamente à parede inferior. De início, não nos foi possível apurar a profundidade do ‘Poço-Cisterna’, tal era a quantidade de lixo que se encontrava depositado no seu interior. Recorremos então a uma retro-escavadora para remover esses materiais, entre os quais detectámos plásticos, pneus, roupas, electrodomésticos, colchões, etc. Ao cabo de cerca de 2,5 metros de profundidade, atingimos a cota de afectação de obra, sem fim à vista para o depósito de lixo.

6.1.1. Um tanque anexo ao ‘Poço-Cisterna’

A sudeste do ‘Poço-Cisterna’ anexavam os vestígios de estruturas murais, já bastante degradadas, que integrariam um tanque de recolha de água (Fotografias 32 a 34). O tanque apresentava uma planta de formado rectangular (aproximadamente 2,20 metros de comprimento x 1,60 metros de largura x 0,90 metros profundidade) e tinha o seu extremo noroeste anexado ao corpo elíptico do ‘Poço-Cisterna’. Deste tanque subsistiam apenas as paredes que a limitavam a norte e a oeste, ao passo que a sul se encontrava cortada pelo denominado ‘Muro Sul’, que limitava a propriedade a sudoeste, e ao qual nos referimos aquando da análise da Sondagem 1, na qual constituía a U.E. 11. Da parede que fecharia este tanque a este subsistiam apenas as suas fundações. 78 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Tratavam-se de paredes em alvenaria de pedras não facetadas, unidas por argamassa de cal num aparelho irregular, com uma espessura de cerca de 0,55 metros. As faces internas das paredes que subsistiam a norte e a oeste, apresentavam ainda reboco em argamassa de cal, e também o arranque da base do tanque, constituída por lajes cerâmicas, assentes sobre uma camada de argamassa de cal. A base da parede que limitava a norte este tanque assentava, no seu limite este, sobre uma conduta, através da qual comunicava com o exterior. Tratava-se de uma conduta constituída por um silhar perfurado de calcário. O silhar, de formato paralelepipédico (0,54 metros de comprimento x 0,30 metros de largura x 0,24 metros de altura) encontrava-se aplicado na diagonal, relativamente à parede que o cobria, numa posição orientada de sudoeste para nordeste. Encontrava-se perfurado por um orifício (Ø = 8 cm) que o atravessava na totalidade (Fotografia 35). Na parede que limitava a este o tanque encontravam-se imbricadas duas paredes paralelas, dos quais subsistiam apenas as fundações, um com cerca de 0,55 metros e outro com cerca de 0,30 metros de espessura. Desenvolviam-se ambas no sentido este, de forma perpendicular à parede em que imbricavam, ao longo de cerca de 0,80 metros, ao cabo das quais se encontravam interrompidas (Fotografia 32). A norte do tanque foram detectados vestígios de um piso de formato circular, para além do qual, aparentemente, escoavam as águas da referida conduta. O piso, em elevado estado de deterioração era constituído por pedras de pequeno porte, fragmentos de cerâmica de construção e argamassa de cal (Fotografia 36 e 37). Como viríamos posteriormente a verificar, o topo norte deste piso encontrava-se imbricado na parede que constituía a U.E. 4 da Sondagem 2 (ou U.E. 20 do ‘Perfil Norte’).

6.1.2. Sequência estratigráfica

A remoção de terras adjacentes às paredes externas do ‘Poço-Cisterna’ foi realizada de modo inverso à sua ordem de deposição, permitindo a sua leitura estratigráfica. Averiguámos então que a sequência estratigráfica das terras anexas ao ‘PoçoCisterna’ se assemelhava profundamente à estratigrafia constatada durante a escavação da Sondagem 2, incluindo a sua U.E. 4, constituída por uma unidade mural que, desenvolvendo-se também para oeste, vê o seu extremo ocidental encostar aos

79 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

vestígios do já referido piso que encostava a norte do tanque anexo ao ‘PoçoCisterna’. Posteriormente, averiguaríamos, através da leitura estratigráfica do denominado ‘Perfil Norte’, que resultou precisamente da remoção das terras afectas à obra e de que trataremos em capítulo dedicado à interpretação geral da estratigrafia deste sítio, que também a sequência estratigráfica deste perfil se assemelhava à sequência estratigráfica das terras adjacentes ao ‘Poço-Cisterna’. A estratigrafia das terras adjacentes ao ‘Poço-Cisterna’ pode, portanto, analisar-se através da leitura das estratigrafias quer da Sondagem 2 quer do ‘Perfil Norte’, pelo que não faremos neste capítulo uma descrição detalhada dessa estratigrafia. Remetemos antes para a leitura da estratigrafia da Sondagem 2, ao expormos que as paredes do ‘Poço-Cisterna’ cortavam as mesmas U.E.’s 1, 1 a), 2, 3 e 5 verificadas naquela sondagem, o que equivale a dizer que cortava as U.E.’s 2, 3 e 18 do ‘Perfil Norte’. De igual modo, encostava à U.E. 4 da Sondagem 2, o que equivale a dizer que encostava à U.E. 20 do ‘Perfil Norte’. Inicialmente, o topo das paredes do ‘PoçoCisterna’ encontrava-se coberto pela U.E. 0 da Sondagem 2 (U.E. 1 do ‘Perfil Norte’). Como já referido, as fundações do ‘Poço-Cisterna’ encontravam-se abaixo da cota de afectação da obra, pelo que não nos foi possível averiguar sobre que U.E. se encontrava assente. A avaliar pelo constatado no canto sudoeste da área afecta à obra, único local onde viria a ser detectado o nível geológico, não existirá abaixo dos níveis medievais (U.E. 10 da Sondagem 1, U.E. 9 da Sondagem 1 a), U.E. 5 da Sondagem 2, U.E. 10 da Sondagem 3, U.E. 12 da Sondagem 4 ou U.E. 18 do ‘Perfil Norte’) outros estratos que não o geológico, pelo que é expectável que as paredes do ‘Poço-Cisterna’ assentem directamente no afloramento rochoso. Quanto ao interior do ‘Poço-Cisterna’, como já referido, encontrava-se preenchido por uma longa e única camada de lixos de cronologia contemporânea, que se prolongava abaixo da cota de afectação da obra. Entre o depósito de lixo encontrava-se um tambor de coluna em cantaria de calcário, de secção poligonal, ligeiramente abaulada e de superfície facetada em 23 chanfros verticais, cada um dos quais com cerca de 6 cm de largura. Encontrava-se amputada, não sendo por isso possível apurar a sua altura original. Exibia uma altura de aproximadamente 0,50 metros e um diâmetro de cerca de 0,39 metros. Este elemento foi recolhido, limpo, registado e inventariado e será entregue em depósito escolhido pelo gabinete de arqueologia da Câmara Municipal de Leiria, conforme expresso na ficha de sítio em anexo. 80 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Ainda de referir que o tanque e o piso detectados de forma anexa à parede este do ‘Poço-Cisterna’ assentavam sobre um nível térreo que corresponde à U.E. 7 da Sondagem 1, à U.E. 6 da Sondagem 1 a), à U.E. 2 da Sondagem 2, à U.E. 5 da Sondagem 3, à U.E. 4 da Sondagem 4, à U.E. 4 do ‘Perfil Norte’ e à U.E. 6 do ‘Perfil Sul’.

6.1.3. Atribuição cronológica

A atribuição de cronologias às estruturas que compõem, não só o ‘Poço-Cisterna’ mas também o tanque e o piso que lhe eram anexos, reveste-se de algumas particularidades. Como vimos o ‘Poço-Cisterna’ era constituído por duas paredes de características distintas, o que sugere duas cronologias de construção. Por outro lado, o acompanhamento arqueológico, quer da remoção das terras adjacentes à estrutura, quer do desmonte a que foi posteriormente sujeita, veio a revelar que a mesma se prolongava abaixo da cota de afectação da obra, tendo sido impossível averiguar as suas fundações. Não obstante, averiguaríamos posteriormente que as paredes do ‘Poço-Cisterna’ se encontravam edificadas numa posição que ‘cortava’ duas paredes de que trataremos atempadamente, denominados ‘Construção Central’ e ‘Construção Noroeste’, às quais foi atribuída uma cronologia medieval. Ora, por ‘cortar’ uma construção medieval, ao ‘Poço-Cisterna’ deverá ser atribuída uma cronologia igual ou posterior. Relativamente à parede superior do ‘Poço-Cisterna’, a mesma que se desenvolvia apenas sobre a face oeste do deu corpo elíptico e em torno de todo o seu corpo rectangular, não temos dúvidas de que se tratava de uma construção de Época Contemporânea, dado que detectámos, incorporado na argamassa que ligava o seu aparelho, um pequeno frasco de vidro de tampa de rosca em alumínio, claramente um objecto de fabrico contemporâneo. Dado que esta parede se verificava apenas na face oeste do corpo elíptico e em torno do corpo rectangular do ‘Poço-Cisterna’, consideramos resultar de uma acção de reparação da parede original, sobre o qual se encontrava construída. Por seu turno, o tanque e piso detectados de forma anexa ao lado este do ‘PoçoCisterna’, encontravam-se assentes sobre um nível térreo, detectado em vários pontos 81 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

da área afecta à obra e do qual foram exumados vários elementos culturais, contudo de cronologia não muito especifica (na sua maioria fragmentos de cerâmica doméstica comum e de cerâmica vidrada de chumbo – elementos de cronologia bastante abrangente). Em alguns locais onde este nível térreo foi detectado, as relações que estabelecia com as unidades estratigráficas adjacentes, porém, permitiram balizar a sua amplitude cronológica entre os períodos moderno e contemporâneo (ver Sondagem 1, Sondagem 1 a), Sondagem 2, Sondagem 3, Sondagem 4, ‘Perfil Norte’ e ‘Perfil Sul’). Por outro lado, existem dois argumentos que comprovam terem estas estruturas subsistido de forma activa até à Época Contemporânea. O primeiro argumento prende-se com o facto de as paredes que compunham, tanto o ‘Poço-Cisterna’ como o tanque que lhe era anexo, se encontrarem erguidas acima da cota de um nível claramente contemporâneo, a U.E. 4 da Sondagem 1, ou U.E. 4 da Sondagem 1 a), U.E. 1 da Sondagem 2, U.E. 11 da Sondagem 3, U.E. 2 da Sondagem 4, U.E. 2 do ‘Perfil Norte’ e U.E. 2 do ‘Perfil Sul’. Deveremos naturalmente ter em conta que os poços são geralmente munidos de parapeito, que pode variar bastante de altura, embora não ultrapasse normalmente 1 metro. Mesmo descontando a altura de um parapeito, o nível de circulação associado à utilização do nosso ‘Poço-Cisterna’ nunca atingiria um nível inegavelmente datável de Época Moderna ou Medieval. O segundo argumento, por sua vez, prende-se com o nível de abandono detectado no interior da estrutura. Como referido, o interior do ‘Poço-Cisterna’ encontrava-se totalmente preenchido com lixos variados de Época Contemporânea, na sua maioria até bastante recentes. Apesar destes dois argumentos, acrescidos aos que referimos anteriormente, a atribuição de uma cronologia concreta ao ‘Poço-Cisterna’ não fica ainda assim substanciada. Na verdade, um poço resulta sempre de uma obra que atinge profundidades significativas, podendo a cronologia do nível térreo em que se encontram as suas fundações nada ter que ver com a cronologia da sua construção. Por outro lado, uma utilização continuada ao longo de diferentes épocas pode justificar um alteamento das paredes de uma estrutura deste tipo, acompanhando a subida da cota de circulação, resultando daqui que sua cota superior possa encontrar-se vários metros acima da original.

82 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Então, que cronologia devemos atribuir às estruturas que compunham o ‘PoçoCisterna’? Sabemos que terá sido utilizado até à Época Contemporânea e que a sua construção remonta a período igual ou posterior à Época Medieval, mas um estreitamento desta baliza cronológica não será, à luz dos elementos expostos, exequível.

6.1.5. Desmonte do ‘Poço-Cisterna’

O tanque e o piso que se encontravam construídos de forma anexa ao ‘Poço-Cisterna’ foram, após o registo gráfico e fotográfico, integralmente sujeitos a desmonte, executado de forma manual, mediante o devido acompanhamento arqueológico. As paredes que constituíam o ‘Poço-Cisterna’ foram igualmente sujeitas a registo gráfico e fotográfico, após o qual foram desmontadas manualmente, até uma cota 0,30 metros abaixo da cota de afectação da obra. Posteriormente, os muros subsistentes foram cobertos com malha geotextil, coberta, por seu turno, com uma fina camada de areia. Sobre aqueles vestígios viria a ser construída uma placa de betão armado, que servirá de piso ao estacionamento subterrâneo do prédio a edificar no local. Durante o decurso dos trabalhos de desmonte não foram detectados, nas paredes que compunham o ‘Poço-Cisterna’ quaisquer elementos arquitectónicos, epigráficos ou outros que apresentassem significativo valor patrimonial.

6.2. O ‘Muro Oeste’

Como referido anteriormente, trataremos de interpretar convenientemente a unidade mural que limitava a oeste a propriedade visada no presente relatório, e a que convencionámos denominar por ‘Muro Oeste’, em capítulo próprio. De igual modo, não nos alongaremos no presente capítulo com descrições relativas a esta estrutura, dado que a mesma foi detalhadamente descrita no capítulo dedicado à exposição dos dados recolhidos nas sondagens realizadas (ver Sondagem 1 e Sondagem 1 a)). Durante a fase de acompanhamento arqueológico, o ‘Muro Oeste’ foi sujeito a desmonte parcial, realizado após o devido registo gráfico e fotográfico. 83 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Este desmonte, efectuado mediante acompanhamento arqueológico, processou-se apenas até à cota de circulação da Rua de Santiago, à qual aquele muro encostava, escorando, a este, as terras que a sustentavam. O arco em ogiva, que como referido, se encontrava emparedado nesta unidade mural, não foi afectado por esta acção de desmonte. As suas ombreiras, encontrando-se abaixo da referida cota, permaneceram incólumes. As aduelas, por sua vez acima da mesma cota, foram mantidas intactas, mediante travamento efectuado com recurso a cordas e a traves de madeira. Assim permaneceram até terem sido aprovadas as medidas de minimização de impacte arqueológico, propostas em Relatório Preliminar (Fotografias 38 e 39). As duas aduelas foram então desmontadas, mediante o devido acompanhamento arqueológico, sujeitas a limpeza e a marcação e embaladas com recurso a plástico transparente e incolor. Após o desmonte a que foi sujeito o ‘Muro Oeste’, a estrutura subsistente foi coberta e encostada com manta geotextil (Fotografia 40). Posteriormente viria a ser-lhe adossada uma nova parede, em betão armado, capaz de proporcionar maior apoio à estrada que serve a Rua de Santiago. Sobre as duas paredes, o ‘Muro Oeste’ e a nova parede em betão, virá a ser construído o passeio de circulação pedonal que limitará a este a Rua de Santiago, na área em que esta confrontar com o prédio a edificar na propriedade visada no presente relatório. Durante o decurso dos trabalhos de desmonte não foram detectados, na parede que compunha o ‘Muro Oeste’ quaisquer elementos arquitectónicos, epigráficos ou outros que apresentassem significativo valor patrimonial. Durante o desmonte da parede que emparedava o arco em ogiva detectámos uma base de coluna que consta de inventário. Tratava-se de um elemento em cantaria de calcário, de base quadrangular de cantos chanfrados, e de secção decagonal, toscamente aparelhada na sua face posterior (aparentemente para ser aplicada de forma adossada). Este elemento foi então recolhido do local, limpo, registado e inventariado e será entregue em depósito escolhido pelo gabinete de arqueologia da Câmara Municipal de Leiria, conforme expresso na ficha de sítio em anexo.

84 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

6.3. A ‘Arcaria’

Como referido, foi detectado no canto sudoeste da área afecta à obra, um conjunto edificado, constituído por quatro arcos a que convencionámos denominar ‘Arcaria’. À semelhança do ‘Muro Oeste’ não faremos neste capítulo a descrição desta ‘Arcaria’, dado que a mesma figura já em capítulo próprio (ver Sondagem 1). De igual modo, não faremos presentemente a interpretação desta estrutura, uma vez que tal ocorrerá também em capítulo próprio. No decurso da fase de acompanhamento arqueológico da presente intervenção, a ‘Arcaria’, após devidamente registadas, gráfica e fotograficamente, foi sujeita a desmonte integral e as terras depositadas sob as mesmas, escavadas manualmente. Durante o decurso dos trabalhos de desmonte da ‘Arcaria’ não foram detectados, quaisquer elementos arquitectónicos, epigráficos ou outros que apresentassem significativo valor patrimonial. Relativamente às terras sob os vãos dos arcos que compunham a ‘Arcaria’, as mesmas foram escavadas manualmente, verificando-se a mesma sequência estratigráfica que havíamos constatado durante a abertura da Sondagem 1 (U.E.’s 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10). Foram, naturalmente recolhidos os elementos culturais detectados durante o processo de escavação dos níveis térreos detectados sob a ‘Arcaria’, que foram, à semelhança dos demais elementos recolhidos durante a presente intervenção, sujeitos a limpeza, registo e inventariação. De referir ainda que durante o processo de escavação das U.E.’s 8, 9 e 10, na área imediatamente sob as sapatas de fundação da ‘Arcaria’, foram detectadas seis estacas em madeira de pinho, aplicadas na vertical e atravessando toda aquela sequência estratigráfica (Fotografia 41). Encontravam-se duas estacas por cada uma das três sapatas de fundações daquela estrutura, tendo sido possível apurar que as sapatas se apoiavam directamente sobre as mesmas.

6.4. As unidades murais ‘Construção Noroeste’ e ‘Construção Central’

Durante a fase de acompanhamento arqueológico da remoção mecânica das terras localizadas a norte do ‘Poço-Cisterna’, foram detectadas duas unidades murais que, 85 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

por partilharem muitas características construtivas, foram atribuídas ao mesmo edifício, apesar de não se ter detectado nenhuma ligação directa entre as duas. Convencionámos denomina-las por ‘Construção Noroeste’ e ‘Construção Central’ (Fotografia 42). Na verdade, ambas as estruturas se encontravam-se construídas com recurso a alvenaria de pedras não facetadas, unidas por argamassa de cal, de cor amarela e de elevada qualidade, num aparelho irregular. Apresentavam ambas uma espessura de cerca de 0,70 metros (com sapatas 10 a 20 cm mais largas) e desenvolviam-se ambas, de forma paralela, no sentido norte/sul, ultrapassando o denominado ‘Perfil Norte’, para além do qual se prolongavam. Pontualmente, encontravam-se incorporados na edificação destas unidades murais fragmentos de cerâmica de construção (telhas ‘lusas’), tendo sido detectado na ‘Construção Central’ um fragmento de talha cerâmica, com decoração plástica cordada, aplicada ao nível da sua superfície externa em posição horizontal. A ‘Construção Central’ transpunha o ‘Perfil Norte’ a cerca de 20 metros de distância da Rua Pêro Alvito (medidos a partir do alçado este do muro) e desenvolvia-se ao longo de 5,60 metros para sul deste perfil. A sua extremidade sul encontrava-se a escassos centímetros do canto nordeste do ‘Poço-Cisterna’ (Fotografias 43 e 44). Por seu turno, a ‘Construção Noroeste’ transpunha o ‘Perfil Norte’ a cerca de 24,15 metros de distância da Rua Pêro Alvito (medidos a partir do alçado este do muro) e desenvolvia-se ao longo de 7,40 metros para sul deste perfil (Fotografias 45 e 46). Ambas as unidades murais ‘Construção Central’ e ‘Construção Noroeste’ se encontravam desmontadas no seu topo, dado que apresentavam uma altura média de apenas 0,80 metros e 0,40 metros, respectivamente. Na verdade, é expectável que estas estruturas constituam apenas as fundações de unidades murais mais elevadas, dada a robustez e espessura das suas construções. A unidade estratigráfica que as cobria a ambas, a U.E. 13 do ‘Perfil Norte’, foi detectada apenas sobre o espaço definido entre a ‘Construção Noroeste’ e a ‘Construção Central’, encontrando-se provavelmente relacionada com as acções de abandono e desmonte destas estruturas. Tratava-se de um nível térreo muito escasso em materiais culturais, ao qual foi atribuída uma cronologia aproximada de Época Moderna (para mais informações ver a descrição do ‘Perfil Norte’, constante de capítulo próprio). Ambas as ‘Construção Central’ e ‘Construção Noroeste’ assentavam sobre a U.E. 18 do ‘Perfil Norte’, um nível térreo que se encontrava em toda a extensão da área afecta 86 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

à obra (U.E. 10 da Sondagem 1, U.E. 9 da Sondagem 1 a), U.E. 5 da Sondagem 2, U.E. 10 da Sondagem 3 e U.E. 12 da Sondagem 4). Tratava-se de um nível térreo provavelmente relacionado com um nível de circulação de Época Medieval (para mais informações ver as descrições do ‘Perfil Norte’ ou de qualquer uma das sondagens nomeadas, constantes em capítulos próprios). A este da ‘Construção Central’, detectámos um nível térreo relacionado com o seu derrube, dado que entre os materiais dela exumados, existia uma grande quantidade de pedras e de fragmentos de telha ‘lusa’. Trata-se da U.E. 12 do ‘Perfil Norte’ e foi detectada apenas a este daquela estrutura, à qual de resto encostava (para mais informações ver descrição do ‘Perfil Norte’, constante em capítulo próprio). As valas de fundação da ‘Construção Central’ e da ‘Construção Noroeste’ também foram detectadas no decurso do acompanhamento. Na verdade, as U.E.’s 14 e 15 foram detectadas de forma anexa a oeste e a este da ‘Construção Central’ e da ‘Construção Noroeste’, respectivamente. Tratavam-se de níveis térreos directamente assentes sobre as sapatas de fundação daquelas estruturas, tendo resultado do preenchimento das valas abertas para a sua edificação. A U.E. 14 era visível em toda a extensão da ‘Construção Central’, ao passo que a U.E. 15 foi detectada apenas na extremidade norte da ‘Construção Noroeste’ (numa extensão de cerca de 1,20 a partir do ‘Perfil Norte’), dado que o desmonte que esta unidade mural exibia aquando da sua detecção atingia a cota da sua sapata, sendo de supor que tenha atingido igualmente a vala de fundação no restante da sua extensão (para mais informações relativas a estas unidades estratigráficas ver descrição do ‘Perfil Norte’, constante em capítulo próprio). Entre as duas unidades murais detectámos ainda dois níveis térreos, as U.E.’s 16 e 17, eventualmente relacionadas com o abandono do edifício a que pertenceriam a ‘Construção Central’ e a ‘Construção Noroeste’. Apenas da U.E. 17 foram exumados alguns materiais culturais que apontam para uma cronologia medieval, ao passo que a U.E. 16, detectada apenas junto à ‘Construção Central’, se encontrava totalmente isenta de materiais. Não obstante, atribuímos, ainda que com algumas reservas, uma cronologia medieval a ambas, já que a U.E. 17 cobria por completo a U.E. 16. Sob ambas as U.E.’s 16 e 17 foi detectado um nível térreo, isento de materiais, de espessura reduzida (cerca de 10 cm) e de cor negra, que se encontrava exclusivamente na área definida pelas unidades murais ‘Construção Central’ e ‘Construção Noroeste’. Pelas suas características e dispersão, interpretámo-la como resultante da degradação de algum piso em madeira relacionado com o edifício a que aquelas estruturas pertenceriam. 87 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Para mais informações relativas às U.E.’s 16, 17 e 17 a), ver descrição do ‘Perfil Norte’, constante em capítulo próprio.

6.4.3. Atribuição cronológica

Não integravam a construção das unidades murais ‘Construção Central’ e ‘Construção Noroeste’ quaisquer elementos culturais passíveis de inequivocamente lhes atribuir uma cronologia. Nem mesmo o fragmento de talha com decoração cordada, por ser um elemento de cronologia bastante lata, nos poderia servir para essa finalidade. Deste modo, não tivemos alternativa senão recorrer à análise das relações estratigráficas que estas unidades estruturais estabeleciam com as U.E.’s que lhes eram adjacentes, a fim de lhes atribuir uma cronologia de construção. Deste modo, verificava-se que as estruturas que constituíam a ‘Construção Central’ e a ‘Construção Noroeste’ eram cobertas por um nível térreo de abandono a que foi atribuída uma cronologia de Época Moderna, limitavam entre ambos unidades estratigráficas a que atribuímos cronologias de Época Medieval, e assentavam sobre um nível térreo de cronologia igualmente medieval. Mais se verificava que o nível térreo eventualmente resultante da decomposição do piso de circulação relacionado com a ‘Construção Central’ e a ‘Construção Noroeste’ se encontrava selado por um nível térreo a que foi atribuída uma cronologia de Época Medieval. Deste modo, consideramos plausível atribuir uma cronologia de Época Medieval às unidades murais denominadas ‘Construção Central’ e ‘Construção Noroeste’.

6.4.4. Desmonte das estruturas ‘Construção Central’ e ‘Construção Noroeste’

Após o conveniente registo gráfico e fotográfico das unidades murais que constituíam a ‘Construção Central’ e a ‘Construção Noroeste’, as mesmas foram, mediante acompanhamento arqueológico, sujeitas a desmonte integral. Durante o decurso dos trabalhos de desmonte, não foram detectados quaisquer elementos arquitectónicos, epigráficos ou outros que apresentassem significativo valor patrimonial.

88 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

As acções de desmonte terminaram junto do denominado ‘Perfil Norte’, para além do qual se prolongavam aquelas estruturas murais. As extremidades que do desmonte resultaram junto deste perfil, foram então cobertas com manta geotextil. A sul do ‘Perfil Norte’ surgiria, no decurso da obra prevista para este local, um muro em betão armado, tendo o espaço resultante entre este novo muro e o referido perfil sido preenchido com terras oriundas das escavações feitas no local, que passaram, por sua vez, a encostar às extremidades subsistentes da ‘Construção Central’ e da ‘Construção Noroeste’.

6.5. A unidade mural da Sondagem 2

Como já referido, a Sondagem 2 foi implantada sensivelmente ao centro da área da propriedade visada no presente relatório, a este do local onde posteriormente viríamos a constatar a presença do ‘Poço-Cisterna’. Na Sondagem 2 foi detectada uma unidade mural, que constituía a U.E. 4, e que se desenvolvia em dois sentidos, este/oeste e norte/sul, inflectindo a cerca de 0,60 metros a este do extremo sudeste da sondagem. Para mais informações relativas à constituição desta unidade mural, aconselhamos a leitura dos resultados da Sondagem 2, expostos em capítulo próprio. Durante a fase de acompanhamento arqueológico das acções afectas à obra, os limites sul, este e norte da Sondagem 2 foram previamente alargados, com a finalidade de avaliar o comportamento da U.E. 4 para além dos limites iniciais da sondagem. Igualmente referido foi o facto de a U.E. 4 ser constituída por duas paredes de características distintas, porém imbricados. Através do alargamento dos limites este e norte da Sondagem 2, foi possível averiguar que a primeira parede, em alvenaria de pedra unida por argamassa de cal, se desenvolvia em linha recta no sentido norte até encontrar o ‘Perfil Norte’, a cerca de 14,8 metros da Rua Pêro Alvito, prolongando-se para norte daquele perfil (Fotografia 47). A parede, que se encontrava bastante deteriorada, exibindo uma altura que variava entre os 0,40 metros e os 0,80 metros, apresentava um comprimento de aproximadamente 6,60 metros, desde o seu limite sul, junto do extremo sudeste da

89 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Sondagem 2, até ao ponto em que encontrava o ‘Perfil Norte’. Em toda a sua extensão apresentava uma espessura de cerca de 0,60 metros. Por seu turno, o alargamento do limite sul da Sondagem 2 permitiu averiguar que a segunda parede se desenvolvia no sentido oeste, desde o ponto em que imbricava na primeira parede, junto do extremo sudeste da sondagem, até ao ponto em que encostava aos vestígios do piso detectado a norte do tanque anexo ao ‘Poço-Cisterna’ (Fotografia 48). Tratava-se de uma parede muito deteriorada, que apresentava uma altura máxima de cerca de 0,60 metros, junto do referido ponto onde as duas paredes imbricavam, diminuindo sucessivamente até uns meros 0,20 metros, junto do ponto onde encosta ao referido piso. Exibia uma espessura que variava bastante, mas que rondava os 0,50 metros. O ponto de encontro entre as duas paredes encontrava-se rematado pelo exterior, através de uma pedra facetada, eventualmente o vestígio subsistente de um cunhal que aparentemente ali erguia. Cerca de 1,20 metros a sul daquela pedra, surgia o arranque de uma nova parede, detectada igualmente na fase de acompanhamento arqueológico. Tratava-se de um muro em aparelho irregular de pedras não facetadas, unidas por argamassa de cal, desenvolvido no sentido norte/sul, de forma alinhada com a primeira parede da U.E. 4 da Sondagem 2. Exibia uma espessura de cerca de 0,60 metros e uma altura aproximada de 0,50 metros (Fotografias 47 e 49). Este muro encontrava-se rematado a norte por uma pedra facetada, que alcançava a totalidade da espessura do mesmo. Cerca de 1,20 metros a sul daquele remate, o muro desenvolvia-se para além da área sujeita a escavação, pelo que não pudemos apurar o seu desenvolvimento, nem a sua extremidade sul. Ambas as paredes que constituíam a U.E. 4 da Sondagem 2, assim como o novo muro detectado, se encontravam directamente assentes sobre a U.E. 5 (ou U.E. 10 da Sondagem 1, U.E. 9 da Sondagem 1 a), U.E. 10 da Sondagem 3, U.E. 12 da Sondagem 4 e U.E. 18 do ‘Perfil Norte’) e cobertos pela U.E. 3 da mesma sondagem (ou U.E. 8 da Sondagem 1, U.E. 7 da Sondagem 1 a), U.E. 9 da Sondagem 3, U.E. 6 da Sondagem 4, U.E. 7 do ‘Perfil Norte’ e U.E. 10 do ‘Perfil Sul’). A estas unidades estratigráficas foram atribuídas, respectivamente, cronologias de Época Medieval e de Época Moderna.

90 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

6.5.2. Atribuição cronológica

Dado que durante a execução da Sondagem 2, assim como durante a fase de acompanhamento arqueológico da remoção e escavação das terras anexas às paredes agora visadas, não foram detectados elementos incorporados nas suas construções, capazes de fundamentar uma atribuição inequívoca de cronologias a estas estruturas, podemos apenas avançar para elas uma cronologia relativa, baseada na relação que estabelecem com as unidades estratigráficas que lhes são adjacentes. Como referido, a estrutura identificada na Sondagem 2, bem como a nova parede identificada próximo do extremo sudeste desta, encontravam-se assentes sobre nível térreo de cronologia medieval e cobertos por um nível de cronologia moderna. Deste modo apenas podemos avançar com uma cronologia de Época Medieval/Época Moderna para estas paredes.

6.5.2. Desmonte das estruturas relativas à Sondagem 2

Uma vez que todas as estruturas identificadas, quer dentro quer nas imediações da Sondagem 2, se encontravam acima da cota de afectação da obra, foram sujeitas a desmonte integral, mediante o devido acompanhamento arqueológico e apenas depois de convenientemente registadas, gráfica e fotograficamente. Durante o decurso dos trabalhos de desmonte dessas estruturas, não foram detectados

quaisquer

elementos

arquitectónicos,

epigráficos

ou

outros

que

apresentassem significativo valor patrimonial. O desmonte da parede detectada na Sondagem 2, que se desenvolvia para além do ‘Perfil Norte’, produziu junto deste perfil nova extremidade para a mesma parede. Esta foi posteriormente protegida com manta geotextil. Como já referido, a sul do ‘Perfil Norte’ surgiria um muro em betão armado, tendo o espaço resultante entre este novo muro e o referido perfil sido preenchido com terras provenientes das escavações feitas no local, que passaram a encostar à extremidade subsistente da parede da Sondagem 2. Por seu turno, a parede detectada a sul do extremo sudeste das paredes da Sondagem 2 foi desmontada, dentro da área afecta às escavações inerentes à obra, tendo daí resultado uma nova extremidade, junto da área não afecta às referidas 91 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

escavações. Esta nova extremidade foi posteriormente protegida por uma manta geotextil. Sobre estes vestígios viria a ser construída uma placa de betão armado, que servirá de piso ao estacionamento subterrâneo do prédio a edificar no local.

6.6. O conjunto edificado ‘Construção Nordeste’

Como exposto no capítulo dedicado à apresentação dos resultados decorridos das sondagens arqueológicas realizadas, foi detectado, durante o acompanhamento arqueológico da remoção mecânica das terras a nordeste da área presentemente visada, um conjunto edificado que convencionámos denominar ‘Construção Nordeste’. Assim que foi detectado, suspendemos os trabalhos mecânicos e procedemos à escavação manual dos sedimentos adjacentes a esses vestígios. O mesmo conjunto viria posteriormente a motivar a realização da Sondagem 4, aberta com o objectivo de apurar a sua cronologia de construção. À semelhança do ‘Muro Oeste’ e da ‘Arcaria’, não faremos neste capítulo a exposição das características das estruturas identificadas como ‘Construção Nordeste’, figurando as mesmas na descrição dos resultados da Sondagem 4, assim como da leitura da estratigrafia do ‘Perfil Norte’, apresentadas em capítulos próprios. De igual modo, não faremos presentemente a interpretação desta estrutura, uma vez que tal ocorrerá também em capítulo próprio. Ajusta-se presentemente dizer que, após retirados os sedimentos que se encontravam depositados sobre a ‘Construção Nordeste’, e escavada a Sondagem 4, procedemos aos devidos registos gráfico e fotográfico, depois dos quais as estruturas foram sujeitas a desmonte, mediante o adequado acompanhamento arqueológico. Durante o decurso dos trabalhos de desmonte da ‘Construção Nordeste’, não foram detectados

quaisquer

elementos

arquitectónicos,

epigráficos

ou

outros

que

apresentassem significativo valor patrimonial. Dado que estas estruturas se prolongavam para além do denominado ‘Perfil Norte’, do desmonte das mesmas resultaram duas extremidades murais nesse perfil. Estas foram então protegidas com malha geotextil. A sul do ‘Perfil Norte’ surgiria, como referido anteriormente, um muro em betão armado, tendo o espaço resultante entre este novo muro e o referido perfil sido 92 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

preenchido com terras provenientes das escavações feitas no local, que, naturalmente passaram a encostar às extremidades subsistentes da ‘Construção Nordeste’.

6.7. O conjunto edificado ‘Construção Este’

Como referido anteriormente, convencionámos denominar por ‘Construção Este’ a um conjunto estrutural detectado junto ao limite este da propriedade. A maior parte do referido conjunto foi detectado durante a escavação da Sondagem 3, pelo que as características das unidades murais que o compõem se encontram já maioritariamente descritas, no capítulo reservado à descrição dos resultados obtidos da escavação das sondagens arqueológicas realizadas. A ‘Construção Este’ era composta então pelas U.E.’s 1, 12 a), 12 b), 13 e 14 da Sondagem 3, mas também por uma outra unidade mural que viria a ser detectada apenas em fase de acompanhamento arqueológico da remoção mecânica das terras adjacentes a esta sondagem. Faremos atempadamente a descrição desta unidade mural. Antes da escavação da Sondagem 3, contudo, foi necessário proceder ao desmonte parcial da estrutura mural que compunha a U.E. 1, até à cota de circulação da obra, dado que esta se encontrava em risco eminente de ruína, pondo dessa forma em causa a segurança dos executantes da sondagem. Não voltaremos a descrever pormenorizadamente essa parede, dado que tal foi já realizado no âmbito da descrição dos resultados da Sondagem 3. De uma forma sucinta, recordamos que a U.E. 1 da Sondagem 3 era composta por uma unidade mural que se desenvolvia no sentido norte/sul, limitando a este a propriedade afecta à obra, e, portanto, confrontando directamente com a Rua de Pêro Alvito. Era constituída por um aparelho irregular de alvenaria de pedras não facetadas, elementos informes de cantaria em contexto de reaproveitamento e tijolos maciços, unidos por argamassa de cal muito pobre e por argamassa de argila. Era servida por um vão de porta, emoldurado por ombreiras, construídas por tijolos maciços, e por lintel em laje de betão armado, sendo o conjunto rebocado e caiado de branco, de forma a imitar cantaria de calcário. Como referido, o risco eminente de ruína motivou o seu desmonte parcial, executado de forma mecânica até à cota de circulação, mediante acompanhamento arqueológico (Fotografia 50). 93 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Durante o decurso dos trabalhos decorrentes deste desmonte não foram detectados quaisquer elementos arquitectónicos, epigráficos ou outros que apresentassem significativo valor patrimonial. Executado o desmonte e, dessa forma, garantidas as condições de segurança, procedemos à escavação da Sondagem 3, cujos resultados constam de capítulo próprio. Através da escavação daquela sondagem viríamos a constatar que a parede que constituía a U.E.1 se desenvolvia de forma perpendicular às paredes que constituíam as U.E. 12 a), U.E. 12 b), U.E. 13 e U.E. 14. Não obstante, apenas durante a fase de acompanhamento arqueológico da remoção das terras afectas à obra viríamos a apurar as relações existentes entre aquelas paredes. Na verdade, a U.E. 1 prolongava-se bastante abaixo da cota de circulação da Rua Pêro Alvito, por cerca de 2,40 metros (Fotografia 51), imbricando nas U.E.’s 12 a) e 12 b), de resto duas paredes sobrepostas, assim como na U.E. 14. A parede que constituía a U.E. 13, por seu turno, encontrava-se adossado à U.E. 1, bem como à U.E. 14. Pelo facto da parede U.E. 1 se encontrar construída directamente sobre um nível térreo de cronologia medieval (U.E. 10 da Sondagem 3), mas também por imbricar na U.E. 12 a), para a qual existiam alguns indícios que apontavam também para uma cronologia medieval, julgamos provável que a U.E. 1 tenha na realidade uma origem ainda em Época Medieval. Por ocupar uma posição crucial ao limite da propriedade, face à Rua Pêro Alvito, aquela parede terá sido sucessivamente alteada, à medida que os séculos conduziam à subida do nível de circulação desta rua. De referir ainda que, no decurso da fase de acompanhamento arqueológico da remoção mecânica de terras, foram postos a descoberto os vestígios de nova parede relacionada com as paredes que constituíam as U.E. 12 a), U.E. 12 b), U.E. 13 e U.E. 14. Tratava-se de uma parede localizada a escassos centímetros do limite oeste da Sondagem 3, desenvolvendo-se de forma paralela a este limite e encontrando-se amplamente destruída, em consequência da escavação efectuada no sector centro/sudeste da propriedade antes do início dos trabalhos de arqueologia. Tratava-se de uma parede com cerca de 2,60 metros de comprimento e 0,50 metros de espessura, construída em alvenaria de pedras não facetadas, unidas em aparelho irregular por argamassa de cal (Fotografia 52). Apresentava ambas as extremidades, 94 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

assim como o topo, bastante deteriorados, pelo que se tornou impossível averiguar a sua configuração original. Não obstante, desenvolvia-se de forma paralela à U.E. 1 e de forma perpendicular às U.E.’s 12 a), 12 b), 13 e 14, sugerindo que originalmente fechasse a oeste um compartimento definido por estas paredes. A ser verdade, e dado que apresentava a sua fundação sobre um nível térreo de cronologia medieval, devemos admitir para aquela parede uma cronologia que remonte à Época Medieval/Época Moderna, períodos em que, como consta dos dados expostos no capítulo dedicado aos resultados da Sondagem 3, deverão ter sido erguidas as U.E. 1, U.E.’s 12 a), 12 b), 13 e 14.

6.7.1. Desmonte das paredes da ‘Construção Este’

À semelhança do sucedido com a componente da parede que constituía a U.E. 1 situada acima da cota de circulação da Rua Pêro Alvito, também a parede que constituía a U.E. 12 b), assim como a parede detectada durante o processo de acompanhamento arqueológico, foram integralmente desmontadas, mediante o devido acompanhamento arqueológico e apenas depois de convenientemente registados, gráfica e fotograficamente. As paredes que constituíam as U.E.’s 12 a), 13 e 14 foram desmontadas apenas até à cota de afectação de obra, dado que, como já referido tinham as suas fundações abaixo desta cota. As novas extremidades superiores destas paredes, resultantes das acções de desmonte, foram então cobertas com malha geotextil. Durante o decurso dos trabalhos de desmonte daquelas estruturas, não foram detectados

quaisquer

elementos

arquitectónicos,

epigráficos

ou

outros

que

apresentassem significativo valor patrimonial. Quanto à componente da parede que constituía a U.E. 1, localizada abaixo do nível de circulação da Rua Pêro Alvito, a mesma foi totalmente preservada, ajudando deste modo à sustentação das terras que suportam esta rua. A parede subsistente foi então protegida com manta geotextil (Fotografia 53). A oeste da parede subsistente da U.E. 1, foi erguido novo muro em betão armado, tendo o espaço resultante entre este novo muro e a referida parede sido preenchida com terras provenientes das escavações feitas no local.

95 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Sobre este vestígio virá a ser construído o passeio que limitará a este o edifício a construir no local.

96 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

7. ESTRATIGRAFIA GERAL

Dado que da intervenção arqueológica, levada a cabo na área de implantação do projecto, também fez parte o acompanhamento arqueológico da remoção mecânica das terras afectas à obra, daí resultou a possibilidade de uma leitura geral da estratigrafia do local. Daquela acção de desaterro resultaram dois perfis estratigráficos que ilustram a sequência estratigráfica da área escavada. O primeiro perfil limitava a norte a área escavada, sendo por isso denominado por ‘Perfil Norte’. Já o segundo resultou de uma zona escavada em rampa, no canto sudeste da área afecta ao projecto, sendo denominado por ‘Perfil Sul’. Como veremos, em nenhum local da área escavada foram detectados níveis de ocupação anteriores à Época Medieval, e apenas no canto sudoeste foi atingido o afloramento rochoso. Analisaremos nos próximos parágrafos os denominados ‘Perfil Norte’ e ‘Perfil Sul’, encontrando-se anexada, no final dessa análise, uma tabela de correspondências estratigráficas, onde se expõe, de forma esquemática, a correspondência entre as Unidades Estratigráficas detectadas nestes perfis e nas sondagens arqueológicas prévias.

7.1. O ‘Perfil Norte’

Este perfil, obtido através da remoção mecânica das terras da área de implantação do projecto, desenvolve-se a norte desta área, atravessando-a na totalidade, no sentido este/oeste. Corresponde, grosso modo, à estratigrafia dos solos que sustentarão a rua que de futuro se abrirá entre o prédio urbano a construir e a presente Escola Primária EB 1 do Arrabalde de Leiria, unindo as ruas de Pêro Alvito e de Santiago. O registro gráfico deste perfil encontra-se em anexo. Em anexo incluímos ainda várias fotografias deste perfil, nas quais assinalámos as U.E.’s que se seguem (Fotografias 54 a 64).

Estratigrafia:

97 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

U.E. 1: Nível actual de circulação, constituído por ‘tous venant’ assente sobre camada de lixos vários. Estendia-se por toda a área do terreno e apresentava uma espessura média de 10 cm. Assentava sobre a U.E. 2. Resultava, conforme pudemos apurar junto dos habitantes locais, de uma acção de limpeza e nivelamento levada a cabo pelo antigo proprietário do terreno, de modo a torná-lo mais aprazível para venda. Corresponde às U.E.’s 1 do ‘Perfil Sul’, da Sondagem 1 e da Sondagem 4, 3 da Sondagem 1 a), e ainda 0 da Sondagem 2 e da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 2: Nível térreo, constituído por terra de cor castanho-escura, de grãos muito finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade. Apresentava uma espessura média de 50 cm. Era composta por pedras de pequeno porte, muitas inclusões orgânicas (raízes) e muitas inclusões culturais, de tipologia variada, como fragmentos de cerâmica de construção, de cerâmica doméstica comum, de vidro, de porcelana e de plástico, a maioria dos quais de cronologia contemporânea. Nela foi também detectado, no sector nascente, um cano de esgoto ‘de queda’, embora não tenha sido possível detectar se se encontrava na sua posição funcional ou se constituía um despojo (motivo pelo qual não lhe foi atribuída uma U.E distinta), visto que se prolongava para o interior de uma área não escavada, por não ser afecta à obra. Este cano, contudo, não se prolongava para Sul. Assentava sobre as U.E.’s 3, 4, 5 e 6 e era coberta pela U.E. 1. Tratava-se esta U.E., muito provavelmente, do nível de circulação anterior às acções de limpeza e de nivelamento que originaram a U.E. 1. Corresponde às U.E.’s 2 do ‘Perfil Sul’ e da Sondagem 4, 4 da Sondagem 1 e da Sondagem 1 a), 1 da Sondagem 2 e ainda 11 da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 3: Nível térreo, constituído por terra de cor amarela, de grãos finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade. Era também constituída por uma elevada quantidade de pedras de pequeno e médio porte e por fragmentos de cerâmica de construção (telhas de tipo ‘Marselha’ e tijolos alveolares), assim como por um escasso 98 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

número de fragmentos de cerâmica doméstica comum. Apresentava uma espessura média de 40 cm. Assentava sobre as U.E.’s 4 e 7, era coberta e cortada pela U.E. 2 e cortada ainda pelas U.E.’s 5 e 6. Pela elevada quantidade de pedras, é provável que esta U.E. corresponda a um nível de aterro. Corresponde às U.E.’s 3 da Sondagem 4, 4 do ‘Perfil Sul’ e da Sondagem 3, 5 da Sondagem 1 e da Sondagem 1 a), 1 a) da Sondagem 2. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 4: Nível térreo, com cerca de 20 cm de espessura, constituído por terra de cor castanha amarelada, de grãos muito finos, de textura argilosa e de elevada compacticidade. Foram detectados escassos elementos pétreos e nenhum elemento orgânico. Forneceu escassos fragmentos de cerâmica doméstica comum e uma ‘peça de jogo’ de material cerâmico. Assentava sobre a U.E. 7, estava coberta pelas U.E.’s 2 e 3 e era cortada pela U.E. 5, assim como pela U.E. 6. É provável que tenha correspondido a um antigo nível de circulação, embora esta interpretação careça de mais elementos comprovativos. Corresponde às U.E.’s 4 da Sondagem 4, 6 do ‘Perfil Sul’ e da Sondagem 1 a), 7 da Sondagem 1, 2 da Sondagem 2 e ainda 5 da Sondagem 3. Cronologia: Época Moderna/Época Contemporânea (?).

U.E. 5: Bolsa de terra detectada na extremidade este deste perfil, com cerca de 1 metro de largura, constituída por areia de cor bege, de grãos finos a medianos e de compacticidade muito fraca. Encontrava-se totalmente isenta de elementos orgânicos ou culturais. Cortava as U.E.’s 3, 4 e 7 e estava coberta pela U.E. 2. Corresponde à U.E. 5 da Sondagem 4. É possível que tenha resultado de uma acção de enchimento de uma cova ou vala. A ausência de materiais culturais impossibilitou a atribuição de uma cronologia concreta a esta U.E. Por este motivo, podemos apenas atribuir-lhe uma cronologia relativa: 99 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Cronologia

absoluta:

indeterminada.

Cronologia

relativa:

Época

Moderna/

Contemporânea (?).

U.E. 6: Bolsa de terra detectada na extremidade oeste deste perfil, com cerca de 2,5 metros de largura, constituída por areia de cor bege, de grãos finos a medianos e por pedras de pequeno porte. Apresentava compacticidade muito fraca. Encontravase totalmente isenta de elementos orgânicos. Dela foram exumados um fragmento informe de cerâmica de construção, um fragmento de cerâmica doméstica comum e um fragmento de ferro informe e oxidado. Cortava as U.E.’s 3, 4 e 7 e estava coberta pela U.E. 2. Poderá corresponder à U.E. 6 da Sondagem 1. É possível que tenha resultado de uma acção de enchimento de uma cova ou vala. A escassez e amplitude cronológica dos materiais culturais detectados, dificultou a atribuição de uma cronologia absoluta a esta U.E. Por este motivo, podemos apenas atribuir-lhe uma cronologia relativa: Cronologia

absoluta:

indeterminada.

Cronologia

relativa:

Época

Moderna/

Contemporânea (?).

U.E. 7: Nível térreo, de 0,5 a 1 metro de espessura, constituído por terra de cor castanho-escura, de grãos muito finos, de textura limosa e de fraca compacticidade. Foram detectados nesta U. E. vários elementos pétreos de reduzidas dimensões, assim como uma elevada quantidade de fragmentos de cerâmica de construção, de cerâmica doméstica comum, de loiça vidrada e de faiança. Assentava sobre a U.E. 9, assim como sobre a unidade mural ‘Construção Nordeste’ (que constitui a U.E. 8) e sobre a unidade mural que constitui a U.E. 20 (e que corresponde à U.E. 4 da Sondagem 2), das quais trataremos atempadamente. Era coberta pela U.E. 4 e cortada pelas U.E.’s 5 e 6. Encostava a oeste da U.E. 11, denominada ‘Construção Noroeste’. Pela sua composição limosa, somos levados a ponderar a hipótese de a U.E. 7 corresponder a um nível de sedimentação provocado por uma inundação. Corresponde às U.E.’s 6 da Sondagem 4, 10 do ‘Perfil Sul’, 8 da Sondagem 1 e 7 da Sondagem 1 a), 3 da Sondagem 2 e 9 da Sondagem 3. Cronologia: Época Moderna. 100 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

U.E. 8: Unidade mural, detectada durante a fase de acompanhamento arqueológico e denominada ‘Construção Nordeste’. Da caracterização e da cronologia desta unidade mural trataremos atempadamente, aquando da descrição dos resultados obtidos durante na Sondagem 4, escavada propositadamente para a sua interpretação. Não obstante, adiantamos que se tratava de uma unidade mural desenvolvida no sentido este/oeste paralelamente ao ‘Perfil Norte’, inflectindo por duas vezes para Norte, onde encontrava este perfil, para além do qual se prolongava, a 6,1 metros e a 10,3 metros da Rua Pêro Alvito. Era coberta pela U.E. 7, cortava as U.E.’s 9, 9 a) e assentava sobre a U.E. 18. Na sua extremidade oriental encostava, a este, a U.E. 8 a). Corresponde à U.E. 7 da Sondagem 4.

U.E. 8 a): Nível térreo com cerca de 1 metro de largura, detectado durante a fase de acompanhamento arqueológico e constituído por terra cinzenta, pouco compacta, de grãos finos e textura arenosa. Era também constituída por pedras de médio porte e ainda por uma trave em madeira com cerca de 50 cm de espessura, disposta no sentido este/oeste e apresentando vestígios de incêndio. Encontrava-se coberta pela U.E. 7 e assente sobre a U.E. 18. Encostava a este da U.E. 8 (da sua extremidade oriental). Corresponde à U.E. 8 da Sondagem 4. Pela sua composição e relação estratigráfica com a U.E. 8, parece-nos plausível que a U.E. 8 a) constitua um nível de derrube da U.E. 8, também denominada unidade mural ‘Construção Nordeste’. Por se encontrar isenta de materiais culturais, é-nos impossível atribuir-lhe uma cronologia absoluta, pelo que avançamos apenas com uma cronologia relativa: Cronologia absoluta: indeterminada. Cronologia relativa: Época Medieval/Moderna (?).

U.E. 9: Nível térreo, com cerca de 10 cm de espessura, detectado durante a escavação da Sondagem 4, aberta para interpretação da unidade mural ‘Construção Nordeste’ (U.E. 8) e cujos resultados abordaremos atempadamente. Era constituído por terra de cor negra de grãos finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade, 101 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

muitas bolsas de argamassa de cal de cor bege, pedras de pequeno porte e vários fragmentos de cerâmica de construção e alguns de cerâmica doméstica comum. Estava coberta pela U.E. 7, assente sobre a U.E. 18. É provável que corresponda a um nível de obra relacionado com a construção da unidade mural denominada ‘Construção Nordeste’ (U.E. 8). Corresponde à U.E. 9 da Sondagem 4. Cronologia: Época Medieval/Moderna (?).

U.E. 9 a): Nível térreo, com cerca de 15 cm de espessura, detectado durante a escavação da Sondagem 4, aberta para interpretação da unidade mural ‘Construção Nordeste’ (U.E. 8) e cujos resultados abordaremos atempadamente. Era constituída por terra compacta, de cor negra e grãos finos, de textura argilo-limosa, com pedras de pequeno porte e alguns fragmentos de cerâmica de construção e de cerâmica doméstica comum. Estava coberta pela U.E. 9, assente sobre a U.E. 18 e limitada a este e a oeste pela U.E. 8. É provável que corresponda ao nível de circulação relacionado com a unidade mural ‘Construção Nordeste’ (U.E. 8). Corresponde à U.E. 11 da Sondagem 4. Cronologia: Época Medieval/Moderna (?).

U.E. 10: Unidade mural denominada ‘Construção Central’, cuja caracterização e cronologia trataremos também a seu tempo. Esta unidade mural, igualmente detectada durante os trabalhos de acompanhamento arqueológico, desenvolvia-se a partir do extremo nordeste do ‘poço-cisterna’ (de que trataremos também a diante), desenvolvendo-se no sentido meridional, encontrando o ‘Perfil Norte’ para além do qual se prolongava, a cerca de 19,25 metros da Rua Pêro Alvito. Estava coberta pela U.E. 13 e assente sobre a U.E. 18. Encostava a este da U.E. 12 e a oeste das U.E.’s 14, 17 e 17 a).

U.E. 11: Unidade mural detectada durante os trabalhos de acompanhamento arqueológico e denominada ‘Construção Noroeste’, cuja caracterização e cronologia trataremos também a seu tempo. Esta unidade mural desenvolvia-se paralelamente à 102 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

unidade mural ‘Construção Central’ (U.E. 10), da qual dista 4,15 metros (medidos entre as faces internas das duas paredes) e com a qual partilha várias características. Tal como a U.E. 10, a U.E. 11 também se desenvolve no sentido Norte/Sul, encontrando o ‘Perfil Norte’ para além do qual se prolonga, a cerca de 23,40 metros da Rua Pêro Alvito. Estava coberta pela U.E. 13 e assente sobre a U.E. 18. Encostava a este à U.E. 15 e a oeste às U.E.’s 7, 18 e 19.

U.E. 12: Nível térreo com cerca de 1 metro de largura, detectado durante a fase de acompanhamento arqueológico e constituído por terra castanha avermelhada, pouco compacta, de grãos finos e textura arenosa. Era também constituída por pedras de médio porte e muitos fragmentos de cerâmica de construção (telhas de tipo ‘lusa’), assim como alguns fragmentos de cerâmica doméstica, um fragmento de cerâmica vidrada e um fragmento de vidro patinado de cor lilás. Encontrava-se coberta pela U.E. 7 e assente sobre a U.E. 18. Encostava a oeste da U.E. 10, denominada ‘Construção Central’. Pela sua composição e relação estratigráfica com a U.E. 10, parece-nos plausível que a U.E. 12 constitua um nível de derrube da denominada ‘Construção Central’. Cronologia: Época Moderna.

U.E. 13: Nível térreo com cerca de 40 cm de espessura, detectado durante a fase de acompanhamento arqueológico, constituído por terra de cor bege, pouco compacta, de grãos médios e textura arenosa. Apresentava também algumas pedras de médio porte, muitos fragmentos de cerâmica de construção (telhas de tipo ‘lusa’) e um único fragmento de cerâmica doméstica comum. Assentava sobre as U.E.’s 14, 15 e 17, assim como sobre as unidades murais denominadas ‘Construção Central’ e ‘Construção Noroeste’ (respectivamente U.E. 10 e U.E. 11) e estava coberta pela U.E. 7. Uma vez que esta U.E. é visível apenas sobre e entre as unidades murais ‘Construção Central’ e ‘Construção Noroeste’, pensamos que esteja de alguma forma relacionada com o abandono ou desmonte daquelas estruturas, embora a escassez de vestígios culturais dela exumados não permita avançar com uma hipótese mais concreta. Cronologia: Época Moderna (?). 103 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

U.E. 14: Nível térreo com cerca de 30 cm de espessura, detectado durante a fase de acompanhamento arqueológico. Era constituído por terra castanho-escura, quase negra, pouco compacta, de grãos finos e textura limosa. Apresentava um grande número de fragmentos de cerâmica de construção (telhas de tipo ‘lusa’). Estava coberta pela U.E. 13, cortava as U.E.’s 16 e 17, encostava a oeste e assentava sobre a U.E 10, denominada ‘Construção Central’. Dada a sua relação estratigráfica com a U.E. 10, pensamos tratar-se a U.E. 14 do enchimento da vala de fundação da unidade mural ‘Construção Central’. Uma vez que desta U.E. foram exumados materiais de cronologia muito abrangente, não pudemos atribuir-lhe uma cronologia absoluta. Avançamos, por este motivo, com uma cronologia relativa, auferida pela relação que estabelece com as U.E.’s a ela adjacentes. Cronologia absoluta: Indeterminada. Cronologia relativa: Época Medieval/Época Moderna (?).

U.E. 15: Nível térreo com cerca de 30 cm de espessura, igualmente detectado durante a fase de acompanhamento arqueológico. Era constituído por terra castanhoescura, quase negra, pouco compacta, de grãos finos e textura limosa. Apresentava um grande número de fragmentos de cerâmica de construção (telhas de tipo ‘lusa’). Estava coberta pela U.E. 13, cortava a U.E. 17, encostava a este e assentava sobre a U.E 11, denominada ‘Construção Noroeste’. Dada a relação estratigráfica que estabelecia com a U.E. 11, pensamos tratar-se a U.E. 15 do enchimento da vala de fundação da unidade mural ‘Construção Noroeste’. Uma vez que desta U.E. foram exumados materiais de cronologia muito abrangente, não pudemos atribuir-lhe uma cronologia absoluta. Avançamos, por este motivo, com uma cronologia relativa, auferida pela relação que estabelece com as U.E.’s a ela adjacentes. Cronologia absoluta: Indeterminada. Cronologia relativa: Época Medieval/Época Moderna (?).

U.E. 16: Nível térreo com cerca de 1 metro de largura e 10 cm de espessura, detectado durante a fase de acompanhamento arqueológico e constituído unicamente por areia de rio lavada de cor amarelada. Encontrava-se isenta de qualquer vestígio cultural. 104 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Estava coberta pela U.E. 17, assente sobre a U.E. 17 a) e era cortada a este pela U.E 14. É possível que tenha resultado de uma acção de enchimento de uma cova ou vala, ou resultado de alguma acção consequente do abandono do edifício de que fariam parte as unidades murais ‘Construção Noroeste’ e ‘Construção Central’. Dado que se encontrava isenta de materiais culturais, não pudemos atribuir-lhe uma cronologia absoluta. Avançamos, por este motivo, com uma cronologia relativa, auferida pela relação que estabelece com as U.E.’s que lhe são adjacentes. Cronologia absoluta: indeterminada. Cronologia relativa: Época Medieval (?).

U.E. 17: Nível térreo, com cerca de 10 cm de espessura, detectado durante a fase de acompanhamento arqueológico. Era constituído por terra castanha, compacta, de grãos finos e textura arenosa. Dele foram exumados vários fragmentos de cerâmica de construção (telhas de tipo ‘lusa’), assim como de cerâmica doméstica comum. Estava coberta pela U.E. 13 e assentava sobre as U.E.’s 16 e 17 a). Encostava a oeste da U.E. 14 e a este da U.E. 15. É possível que esta U.E. tenha correspondido a um nível de abandono relacionado com as unidades murais ‘Construção Central’ e ‘Construção Noroeste’. Cronologia: Época Medieval (?).

U.E. 17 a): Nível térreo, com cerca de 10 cm de espessura, detectado durante a fase de acompanhamento arqueológico. Era constituído por terra negra, compacta, de grãos finos e textura arenosa. Encontrava-se isenta de materiais culturais. Estava coberta pelas U.E.’s 16 e 17, assentava sobre a U.E. 18. Encostava a oeste da unidade mural denominada ‘Construção Central’ (U.E. 10) e a este da unidade mural denominada ‘Construção Noroeste’ (U.E. 11). É possível que a U.E. 17 a) corresponda ao nível de circulação relacionado com as unidades murais ‘Construção Central’ e ‘Construção Noroeste’, sendo que a sua cor negra, aliada à sua fina espessura, sugere a decomposição de alguma estrutura de madeira. Dado que se encontrava isenta de materiais culturais, podemos apenas avançar com uma cronologia relativa, auferida pela relação que estabelecia com as U.E.’s a ela adjacentes: Cronologia absoluta: indeterminada. Cronologia relativa: Época Medieval (?). 105 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

U.E. 18: Nível térreo, constituído por terra castanha avermelhada, muitíssimo compactada, de grãos finos e textura argilosa. Não foi possível determinar a sua espessura média, já que se prolongava para baixo da cota de afectação da obra. Apresentava materiais culturais diversos, tais como cerâmica de construção, cerâmica doméstica comum, metais oxidados e vidros patinados. Era coberta pelas U.E.’s 7, 8, 8 a), 9, 9 a), 10, 11, 12, 17 a) e 19, cortada pela U.E. 20 (U.E. 4 da Sondagem 2) e teria a sua base abaixo da cota de afectação da obra. É possível que esta U.E. tenha correspondido a um antigo nível de circulação. Corresponde às U.E.’s 8 da Sondagem 4, 10 da Sondagem 1 e da Sondagem 3, 9 da Sondagem 1 a), e ainda 5 da Sondagem 2. Cronologia: Época Medieval.

U.E. 19: Nível térreo com cerca de 10/15 cm de espessura, detectado a oeste da

unidade

mural

‘Construção

Noroeste’

(U.E.

11)

aquando da fase

de

acompanhamento arqueológico. Era constituído por terra de cor negra, rica em fuligem, de grãos finos e textura arenosa. Estava isenta de vestígios culturais, à excepção de uma grande quantidade de fragmentos de escória de chumbo. Estava coberto pela U.E. 7 e assentava sobre a U.E. 18. Encontrava-se limitada a este pela U.E. 11 (unidade mural ‘Construção Noroeste’) e a oeste pelas fundações do muro que limita a oeste a área afecta à obra. Corresponde às U.E.’s 9 da Sondagem 1 e 8 da Sondagem 1 a). Trata-se claramente de um nível de aterro, conclusão corroborada pelos dados obtidos da interpretação estratigráfica da Sondagem 1 a). Embora a ausência de vestígios culturais não permita uma atribuição cronológica específica podemos, contudo, apontar uma cronologia relativa, dada a relação estratigráfica que estabelece esta U.E. com as U.E.’s 7 e 18, às quais atribuímos, respectivamente, as cronologias Moderna e Medieval: Cronologia absoluta: indeterminada. Cronologia relativa: Época Medieval/Moderna (?).

U.E. 20: Unidade mural detectada durante a escavação da Sondagem 2 e que se desenvolvia no sentido setentrional para fora dos seus limites, atravessando e desenvolvendo-se para lá do ‘Perfil Norte’. Da sua caracterização e cronologia fizemos 106 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

já referência, aquando da descrição dos resultados obtidos na Sondagem 2. Contudo, ajusta-se esclarecer que esta unidade mural se desenvolvia no sentido norte/sul, encontrando o ‘Perfil Norte’ para além do qual se prolongava, a cerca de 14,8 metros da Rua de Pêro Alvito. Era coberta pela U.E. 7, cortava a U.E. 18 e tinha as suas fundações abaixo da cota de afectação da obra. Corresponde à U.E. 4 da Sondagem 2.

7.2. O ‘Perfil Sul’

Este perfil, obtido através da remoção mecânica das terras da área de implantação do projecto, desenvolve-se a sul desta área, no sentido este/oeste. Corresponde, grosso modo, à estratigrafia dos solos que sustentarão a rampa que de futuro dará acesso às garagens subterrâneas do prédio urbano a construir, a partir da rua de Pêro Alvito. O registro gráfico deste perfil encontra-se em anexo. Em anexo incluímos ainda uma fotografia deste perfil, na qual assinalámos as U.E.’s que se seguem (Fotografia 65).

Estratigrafia:

U.E. 1: Nível actual de circulação, constituído por ‘tous venant’ assente sobre camada de lixos vários. Estendia-se por toda a área do terreno e apresentava uma espessura média de 5 cm. Assentava sobre a U.E. 2. Resultava, conforme pudemos apurar junto dos habitantes locais, de uma acção de limpeza e nivelamento levada a cabo pelo antigo proprietário do terreno, de modo a torná-lo mais aprazível para venda. Corresponde às U.E.’s 1 da Sondagem 4, do ‘Perfil Norte’ e da Sondagem 1, 3 da Sondagem 1 a), e ainda 0 da Sondagem 2 e da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 2: Nível térreo, constituído por terra de cor castanho-escura, de grãos muito finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade. Apresentava uma 107 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

espessura média de 25 cm. Era composta por pedras de pequeno porte, muitas inclusões orgânicas (raízes) e muitas inclusões culturais, de tipologia variada, como fragmentos de cerâmica de construção, de cerâmica doméstica comum, de vidro, de porcelana e de plástico, a maioria dos quais de cronologia contemporânea. Assentava sobre a U.E. 3 e era coberta pela U.E. 1. Tratava-se esta U.E., muito provavelmente, do nível de circulação anterior às acções de limpeza e de nivelamento que deram origem à U.E. 1. Corresponde às U.E.’s 2 do ‘Perfil Norte’ e da Sondagem 4, 4 da Sondagem 1 e da Sondagem 1 a), 1 da Sondagem 2 e ainda 11 da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 3: Nível estrutural, composto por uma fina camada de argamassa de cimento, assente sobre pedras de pequeno porte (gravilha), com cerca de 10 cm de espessura. Encontrava-se isenta de materiais culturais. Assentava sobre a U.E. 4 e era coberta pela U.E. 2. Tratava-se de um dos níveis de circulação associados à habitação existente no extremo este da área do projecto, da qual apenas subsistia a fachada principal, confrontando com a Rua de Pêro Alvito, à data de início da presente empreitada. Corresponde à U.E. 2 da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 4: Nível térreo, constituído por terra de cor amarela, de grãos finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade. Era também constituída por uma elevada quantidade de pedras de pequeno e médio porte e de cerâmica de construção fragmentada (telhas de tipo ‘Marselha’ e tijolos alveolares). Apresentava uma espessura média de 40 cm. Assentava sobre as U.E.’s 5 e 6 e era coberta pela U.E. 3. Pela elevada quantidade de pedras, é provável que esta U.E. corresponda a um nível de aterro. Corresponde às U.E.’s 3 do ‘Perfil Norte’ e da Sondagem 4, 5 da Sondagem 1 e da Sondagem 1 a), 1 a) da Sondagem 2 e 4 da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea. 108 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

U.E. 5: Nível térreo, com cerca de 10 cm de espessura, constituído por terra de cor amarelo-escura, de grãos finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade. Encontrava-se isenta de materiais culturais. Assentava sobre a U.E. 6 e era coberta pela U.E. 4. Dadas as suas características, especulamos que esta U.E. tenha resultado da mesma acção de aterro que deu origem à U.E. 4, com a qual partilha de resto muitas semelhanças qualitativas. Por se encontrar isenta de materiais culturais, não podemos senão atribuir-lhe uma cronologia relativa, auferida através das relações que estabelece com as U.E.’s a ela adjacentes. Cronologia absoluta: indeterminada. Cronologia relativa: Época Contemporânea.

U.E. 6: Nível térreo, com cerca de 30 cm de espessura, constituído por terra de cor castanha amarelada, de grãos muito finos, de textura argilosa e de elevada compacticidade. Foram detectados escassos elementos pétreos e nenhum elemento orgânico. Forneceu escassos fragmentos de cerâmica doméstica comum. Assentava sobre as U.E.’s 7 e 8 e estava coberta pelas U.E.’s 4 e 5. É provável que tenha correspondido a um antigo nível de circulação, embora esta interpretação careça de mais elementos comprovativos. Corresponde às U.E.’s 4 do ‘Perfil Norte’ e da Sondagem 4, 7 da Sondagem 1, 6 da Sondagem 1 a), 2 da Sondagem 2 e 5 da Sondagem 3. Cronologia: Época Contemporânea.

U.E. 7: Nível térreo, constituído por terra de cor amarela, de grãos finos, de textura argilo-arenosa e de elevada compacticidade. Era também constituída por uma elevada quantidade de pedras de pequeno. Apresentava uma espessura média de 50 cm. Foram exumados escassos fragmentos de cerâmica doméstica comum. Assentava sobre as U.E.’s 8 e 9 e era coberta pela U.E. 6. Pela elevada quantidade de pedras, é possível que esta U.E. corresponda a um nível de aterro. Cronologia: Época Contemporânea.

109 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

U.E. 8: Nível térreo, com cerca de 30 cm de espessura, constituído por terra de cor negra, de grãos finos, de textura argilosa e elevada compacticidade. Dele foram exumados vários fragmentos de cerâmica doméstica comum, de faiança, de loiça vidrada de chumbo, de ‘chacota’ e de trempes de oleiro. Alguns dos fragmentos de loiça vidrada, assim como alguns de faiança, apresentavam sinais de experimentação ao nível da técnica de aplicação do vidrado e do esmalte. Nesta U.E. foram ainda detectados algumas madeiras informes e queimadas. Assentava sobre a U.E. 9 e era coberta pelas U.E.’s 6 e 7. Pelas características dos materiais culturais recolhidos, bem como pela presença de madeiras queimadas, poderá este nível corresponder a uma acção de entulhamento, ou a uma lixeira, da responsabilidade de alguma oficina de oleiro. Cronologia: Século XIX.

U.E. 9: Nível térreo, constituído por terra de cor amarela, de grãos finos, de textura arenosa e de fraca compacticidade. Apresentava uma espessura média de 15 cm e encontrava-se isenta de materiais culturais. Assentava sobre a U.E. 10 e era coberta pelas U.E.’s 7 e 8. Poderá corresponder a um antigo nível de circulação, embora esta hipótese careça de maior argumentação. Por se encontrar isenta de materiais culturais, podemos apenas avançar com uma cronologia relativa: Cronologia absoluta: indeterminada. Cronologia relativa: Época Moderna/ Época Contemporânea (?).

U.E. 10: Nível térreo, constituído por terra de cor castanho-escura, quase negra, de grãos muito finos, de textura limosa e de fraca compacticidade. Foram detectados nesta U. E. vários elementos pétreos de reduzidas dimensões, assim como uma elevada quantidade de fragmentos de cerâmica de construção (telha de tipo ‘lusa’), de cerâmica doméstica comum, de loiça vidrada e de faiança. Era coberta pela U.E. 9. Não foi possível averiguar o seu limite inferior, por este se encontrar abaixo da cota de afectação da obra. Pela sua composição limosa, somos levados a ponderar a hipótese de a U.E. 7 corresponder a um nível de sedimentação provocado por uma inundação.

110 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Corresponde às U.E.’s 6 da Sondagem 4, 7 do ‘Perfil Norte’ e da Sondagem 1 a), 8 da Sondagem 1, 3 da Sondagem 2 e ainda 9 da Sondagem 3. Cronologia: Época Moderna.

Na próxima página incluímos uma tabela de correspondências estratigráficas, onde se encontram esquematizadas as relações de correspondência entre as Unidades Estratigráficas detectadas nos perfis acima descritos, ‘Perfil Norte’ e ‘Perfil Sul’, e nas sondagens arqueológicas prévias, descritas em capítulo próprio, Sondagem 1, Sondagem 1 a), Sondagem 2, Sondagem 3 e Sondagem 4.

111 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Sondagem 4

U.E. 1

Perfil Norte

U.E. 1

Perfil Sul

Sondagem 1

Sondagem 1 a)

Sondagem 2

Sondagem 3

U.E. 1

U.E. 1

U.E. 1

U.E. 0

U.E. 0

U.E. 2

U.E. 2

U.E. 2

U.E. 1

U.E. 1

U.E. 3

U.E. 2 a)

U.E. 3

U.E. 1 a)

U.E. 2

U.E. 4

U.E. 2 b)

U.E. 4

U.E. 2

U.E. 3

U.E. 5

U.E. 3

U.E. 5

U.E. 3

U.E. 4

U.E. 6

U.E. 3 a)

U.E. 6

U.E. 4

U.E. 5

U.E. 7

U.E. 3 b)

U.E. 7

U.E. 5

U.E. 6

U.E. 8

U.E. 4

U.E. 8

U.E. 7

U.E. 9

U.E. 5

U.E. 9

U.E. 8

U.E. 10

U.E. 6

U.E. 2 U.E. 2 U.E. 3 U.E. 4

U.E. 3 U.E. 5 U.E. 4

U.E. 6 U.E. 5

U.E. 7 U.E. 8

U.E. 6 U.E. 8 a) U.E. 9

U.E. 7 U.E. 9 a) U.E. 7a)

U.E. 10 U.E. 7b)

U.E. 11 U.E. 12

U.E. 8

U.E. 14

U.E. 9

U.E. 9 U.E. 0

U.E. 13

?

U.E. 7

U.E. 10

U.E. 8

U.E. 11

U.E. 9

U.E. 12

U.E. 10

U.E. 13

U.E. 11

U.E. 14

U.E. 15 U.E. 10 U.E. 16 U.E. 11

U.E. 17 U.E. 17 a)

U.E. 12

U.E. 18 U.E. 19

U.E. 20

U.E. 12

U.E. 11 a)

TABELA DE CORRESPONDÊNCIAS ESTRATIGRÁFICAS

112 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO U.E. 12 b)

7.3. O afloramento rochoso

Em nenhum local da área escavada para implantação da edificação projectada foi detectado o afloramento rochoso propriamente dito. Não obstante, durante o processo de escavação mecânica de uma vala destinada à implantação de sapatas, anexa ao limite sul da propriedade, foi detectado um nível térreo que supomos estar imediatamente assente sobre o afloramento rochoso (Fotografia 66). Trata-se de um nível térreo detectado apenas no canto sudoeste da propriedade, coberto por terra de cor avermelhada, que por sua vez apurámos corresponder às U.E.’s 18 do ‘Perfil Norte’, 8 da Sondagem 4, 10 da Sondagem 1 e da Sondagem 3, 9 da Sondagem 1 a), e ainda 5 da Sondagem 2. Recordamos, de forma resumida, as características desta U.E.:

Nível térreo, constituído por terra castanha avermelhada, muitíssimo compactada, de grãos finos e textura argilosa. Apresentava materiais culturais diversos, tais como cerâmica de construção, cerâmica doméstica comum, metais oxidados e vidros patinados. É possível que esta U.E. tenha correspondido a um antigo nível de circulação. Cronologia: Época Medieval.

Como referido, foi sob esta Unidade Estratigráfica, no canto sudoeste da área afecta à obra, que detectámos um nível térreo de características totalmente inéditas. Convencionámos denominá-lo por ‘Unidade Estratigráfica Geológica’, não lhe atribuindo qualquer algarismo, por não ter sido detectado em conexão com qualquer um dos perfis estratigráficos ou sondagens arqueológicas anteriormente descritos. Eram as seguintes, as suas características:

U.E. Geológica: Nível térreo, detectado aquando da abertura da vala de fundação das sapatas do novo edifício, a sudoeste da área de afectação da obra, a cerca de 3,9 metros de profundidade, a partir da cota de circulação da Rua de Santiago. Era constituída por terra muito compactada, de cor alaranjada, de grãos 113 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

finos e textura argilosa, assim como por algumas rochas margosas. Estava totalmente isenta de vestígios culturais. É possível, pelas suas características, que esta U.E. tenha a sua origem no processo natural de degradação do afloramento rochoso.

A avaliar pelas características da ‘Unidade Estratigráfica Geológica’ posta a descoberto no canto sudoeste da área afecta à obra, o estrato geológico não deverá encontrar-se, pelo menos nesta zona, a uma profundidade superior a 4/5 metros de profundidade, contando a partir da cota de circulação da Rua de Santiago. A ser verdade, o afloramento rochoso encontra-se imediatamente coberto por níveis de ocupação medieval (U.E. 10 da Sondagem 1, U.E. 9 da Sondagem 1 a), U.E. 5 da Sondagem 2, U.E. 10 da Sondagem 3, U.E. 12 da Sondagem 4 ou U.E. 18 do ‘Perfil Norte’), não existindo, na área da propriedade afecta à obra, níveis de ocupação cronologicamente mais antigos.

114 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

8. ANÁLISE INTERPRETATIVA DAS ESTRUTURAS DETECTADAS

Nos próximos parágrafos teceremos algumas considerações relativamente à cronologia e funcionalidade das estruturas detectadas no decurso quer da escavação das sondagens prévias, quer do acompanhamento da remoção mecânica de terras afectas à obra. Para não nos tornarmos repetitivos, faremos apenas uma descrição breve das suas características, dado que cada uma das estruturas a que faremos referência se encontra já descrita nos capítulos anteriores.

8.1. O ‘Muro Oeste’

Como já referido, a construção desta parede, que separa a propriedade afecta à obra da Rua de Santiago (Fotografia 4 e 7), desenvolveu-se durante duas fases distintas, tendo sido identificados cinco momentos construtivos na segunda fase da sua edificação. Originalmente (primeira fase construtiva), o ‘Muro Oeste’ foi erguido de forma imbricada com o ‘Muro Sul’, estabelecendo desta forma o limite sudoeste da propriedade ora visada. Sensivelmente ao centro do seu alçado este um vão de passagem foi mantido aberto, contando com ombreiras em alvenaria de pedras facetadas. Pelos motivos já expostos, atribuímos uma cronologia medieval/moderna a esta unidade mural. Por motivos que desconhecemos, todos os vestígios do edifício originalmente servido por este vão desapareceram, não tendo, no decurso da presente intervenção sido detectados quaisquer indícios da sua existência, exceptuando, naturalmente, o ‘Muro Oeste’, com o seu vão de passagem, e o ‘Muro Sul’, naquele imbricado. Independentemente dos motivos inerentes ao desaparecimento daquele edifício, o ‘Muro Oeste’, assim como o ‘Muro Sul’, sendo reaproveitados, sofrem um processo de alteamento (segunda fase construtiva), passando a integrar novo edifício. Durante este processo, o vão de passagem foi encimado por duas aduelas de calcário, criando um arco de estilo gótico (Fotografia 68). Pelos motivos já referidos, descartamos a possibilidade de este arco ser de origem medieval: 115 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

- As aduelas assentavam sobre ombreiras em alvenaria de pedra, uma solução arquitectónica nada vulgar e pouco estável; - A escolha envolvida na selecção de elementos de cantaria, mais nobres, não tem correspondente no fraco valor estético das ombreiras em alvenaria de pedra; - Um arco construído com recurso a apenas duas aduelas e sem pedra de fecho não é dotado da estabilidade que seria de esperar caso tivesse sido projectado de início. As duas aduelas em cantaria de calcário poderão ter a sua origem nas ruínas da desaparecida igreja de São Tiago, demolida, como já referido, no ano de 1811. O aparelho com que se procedeu o referido alteamento, tecnicamente distinto do aparelho original, encontrava-se imbricado na designada ‘Arcaria’, para a qual, como já exposto, foi apurada uma cronologia de Época Contemporânea (posterior à segunda metade do século XIX). No ponto onde a ‘Arcaria’ encontra o ‘Muro Oeste’ ergue-se cunhal em silharia de calcário, que terá simultaneamente funcionado como ombreira meridional de um novo vão de passagem (Fotografia 67), cuja ombreira setentrional, assinalada por alinhamento de pedras não facetadas, dista deste ponto cerca de 2,50 metros. É possível que o novo edifício tenha mantido funcional o vão de passagem, agora em arco ao estilo gótico, dado que o aparelho que o emparedava se assemelhava, técnica e materialmente, ao aparelho que emparedava o novo vão de passagem. Num primeiro momento, portanto, ambos os ‘Muro Oeste’ e ‘Muro Sul’ são alteados, passando a integrar novo edifício, apoiado sobre a designada ‘Arcaria’. No mesmo momento, é criado o arco em estilo gótico e novo vão de passagem, imediatamente a norte do ponto em que a ‘Arcaria’ imbrica na nova parede do ‘Muro Oeste’. Num segundo momento construtivo, o novo vão de passagem foi emparedado e a julgar pelas semelhanças parietais, como já referido, terá também ocorrido neste momento o emparedamento da passagem encimada pelo arco em ogiva. Desconhecemos se as acções que conduziram ao emparedamento de ambos os vãos terão sido ou não contemporâneas da demolição da igreja de Santiago, embora, como já referido, tenhamos recuperado do aparelho que emparedava o vão de arco em ogiva, uma base de coluna, em nítido contexto de reaproveitamento, que pelas suas características poderá ter a sua origem naquele edifício religioso.

116 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

O terceiro momento construtivo encontra-se claramente relacionado com a subida do nível de circulação da Rua de Santiago, já que consistiu na abertura de um vão de passagem directamente articulado com o actual nível de circulação desta rua. Tratavase nitidamente de um vão de porta (1,20 metro de largura x altura indeterminável, > 2 metros), aberto em período recente da Época Contemporânea, dado que apresentava as suas ombreiras, assim como a sua soleira, em argamassa de cimento (Fotografia 7). Num quarto momento construtivo também este vão de porta foi sujeito a emparedamento, através do recurso a tijolos alveolares (nove alvéolos) unidos por argamassa de cimento, um aparelho obviamente de cronologia contemporânea. No quinto e último momento construtivo, o ‘Muro Oeste’ foi sujeito a novo processo de alteamento, através da aplicação de um tosco aparelho em tijolos alveolares (oito alvéolos) e pedras de pequeno porte, unidos por argamassa de cimento. Este aparelho, contudo, encontrava-se aplicado apenas num segmento do ‘Muro Oeste’, não abrangendo a totalidade do seu comprimento, aparentado ter sido aplicado como forma de colmatar algum troço derrocado, mais do que com a finalidade de efectivamente elevar o topo desta unidade mural.

8.2. A ‘Arcaria’

Tal como já ficou referido, foi posta a descoberto, no canto Sudoeste da área de implantação do projecto, uma estrutura constituída por quatro arcos, a que convencionámos denominar por ‘Arcaria’ (Fotografia 6). Os arcos, construídos em tijolos maciços ao cutelo e de formato abaulado, desenvolviam-se tanto no sentido este/oeste, como no sentido Norte/Sul, de forma perpendicular aos denominados ‘Muro Oeste’ (Fotografia 8) e ‘Muro Sul’ (Fotografia 9). O conjunto destas paredes e dos quatro arcos delimitavam uma área quadrangular de aproximadamente 50 m2. O arranque dos arcos fazia-se directamente a partir de sapatas de aspecto tosco (Fotografia 10), constituídas por pedras de tamanho variado e por fragmentos de cerâmica, unidos por argamassa muito compacta. Entre os materiais cerâmicos que compunham as sapatas foram detectados alguns fragmentos de faiança e de loiça ‘ratinhos’, que nos permitiram avançar com uma cronologia posterior à segunda metade do século XIX para a construção da ‘Arcaria’. 117 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Cada uma das sapatas desenvolvia-se sobre um par de estacas em pinho, cujos vestígios foram detectados muito abaixo delas, já em fase de acompanhamento arqueológico de remoção mecânica das terras afectas à obra (Fotografia 41). Do topo da ‘Arcaria’ arrancaria uma parede, já desaparecida, muito embora fossem ainda detectáveis alguns dos seus vestígios. Entre eles contavam-se troços de uma argamassa distinta e fragmentos de alguns materiais de cronologia contemporânea, tais como telha ‘de Marselha’, denunciando uma cronologia de construção relativamente próxima da actualidade (Fotografia 69). As extremidades oeste (Fotografia 70) e sul desta ‘Arcaria’ imbricavam na segunda fase construtiva dos ‘Muro Oeste’ e ‘Muro Sul’, respectivamente, pelo que também para esta fase das suas construções deverá ser atribuída uma cronologia posterior à segunda metade do século XIX. Tendo em conta os dados expostos, podemos concluir que a ‘Arcaria’ constitui uma estrutura construída na segunda metade do século XIX, com aproveitamento ainda no século XX. O sistema de construção sobre estacas, por si só denuncia a função desta ‘Arcaria’. Na verdade, trata-se de uma técnica amplamente difundida no período pombalino, que visava garantir maior estabilidade e salubridade às construções em altura, implantadas em terrenos instáveis ou facilmente inundáveis. Em tais casos, as estacas apresentavam cerca de 1,50 metros de altura e 15 centímetros de diâmetro, e eram impreterivelmente em pinho verde, dado que este material, sendo enterrado, se matinha intacto através da acção da humidade, mas também pela ausência de luz ou de ar (MASCARENHAS, 2005, p. 79).

Imagem 1: Esquematização de um sistema de construção com recurso a arcaria assente sobre estacas. Fonte: MASCARENHAS, 2005, p.135.

118 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Por outro lado, a opção de arcos abaulados justifica-se perante a necessidade de distribuir por diversos pontos de apoio (sapatas) a carga consequente de uma construção em altura, evitando-se deformações posteriores nas paredes, resultantes de uma má distribuição do peso da edificação sobre solos instáveis (MATEUS, 2002, p.83). Ora, tendo a cidade de Leiria sido frequente e profundamente afectada por cheias, fenómenos que motivaram, a partir do século XVIII, o desvio do rio Lis do seu curso original (CARREIRA, 1995, p. 85), não será de estranhar que os habitantes das regiões mais baixas da cidade se tenham precavido dos efeitos de infiltrações e de insalubridade, mediante a adopção de técnicas construtivas como as que foram adoptadas na construção da ‘Arcaria’. Na verdade, a ocorrência daquele tipo de fenómeno natural em Leiria está documentada nos anos de 1475, 1596, 1600, 1612 e 1646 (CRISTINO, 1983, p. 204), sendo clara a periodicidade com que as águas do rio inundavam as zonas mais baixas da cidade. Por outro lado, a detecção de um nível térreo de características limosas nas imediações desta estrutura (U.E. 8 da Sondagem 1), que de resto se constatou em todo o terreno afecto à obra, levou-nos a ponderar a possibilidade de toda a área ora visada ter sido alvo de uma cheia ocorrida em Época Moderna. A probabilidade de ocorrência de cheias, assim como a instabilidade do terreno em causa, terão, deste modo, condicionado a escolha dos métodos e dos materiais de construção do edifício sustentado pela ‘Arcaria’. Em suma, a estrutura que compunha a ‘Arcaria’ terá sido erguida a partir de meados do século XIX, com vista à sustentação de um edifício que se desenvolveria muito provavelmente em altura, dentro de uma área de sensivelmente 50 m 2. O sistema de arcos apoiados sobre estacas, conferia maior estabilidade ao edifício, dado que o mesmo se implantou em terreno instável e sujeito a cheias, conferindo-lhe simultaneamente menor grau de infiltrações e maior salubridade.

8.3. O ‘Poço-Cisterna’

A estrutura que constituía o denominado ‘Poço-Cisterna’ (Fotografia 30) foi posta a descoberto a este da ‘Arcaria’, sensivelmente ao centro da área afecta ao projecto. Era, como já referido, composta por uma estrutura orientada no sentido norte/sul, com 119 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

a forma de uma elipse (2,80 metros de eixo maior x 2,50 metros de eixo menor), à qual anexava, pelo topo norte, um rectângulo (2,60 metros de comprimento x 2 metros de largura). A este do ‘Poço-Cisterna’ anexavam os vestígios de um tanque (Fotografias 32 a 35) de recolha de água, de planta de formado rectangular (aproximadamente 2,20 metros de comprimento x 1,60 metros de largura x 0,90 metros profundidade). A norte do tanque, adjacente à parede este do ‘Poço-Cisterna’, detectámos os vestígios de um piso de formato circular (Fotografias 36 e 37), em elevado estado de deterioração, constituído por pedras de pequeno porte, fragmentos de cerâmica de construção e argamassa de cal. Apesar de termos conotado a estas estruturas as funções de captação e armazenamento de água, não ficou claro, através da leitura das relações estratigráficas a elas adjacentes, a sua cronologia de construção. Na verdade, os elementos recolhidos apenas permitiram apurar que a sua construção remonta a período igual ou posterior à Época Medieval e que as estruturas terão sido utilizadas até à Época Contemporânea, embora não tenha sido possível um estreitamento desta baliza cronológica, à luz dos elementos detectados. Para além das incertezas cronológicas, também o invulgar formato do ‘Poço-Cisterna’ ficou, de certo modo, por explicar. A hipótese que inicialmente levantámos de o corpo rectangular ter albergado uma escadaria de acesso à cota superficial da água, logo foi afastada porque nenhum vestígio de degraus foi detectado nos alçados internos das paredes deste corpo (Fotografia 71). De igual modo, nenhum vestígio de qualquer mecanismo elevatório foi detectado, pelo que a hipótese de um dos dois corpos (elíptico ou rectangular) ter albergado uma estrutura desse tipo foi também descartada. Numa tentativa de explicar o singular formato do ‘Poço-Cisterna’, enveredámos pela pesquisa bibliográfica, embora desde logo nos tenhamos apercebido da escassez de estudos relativos a este tipo de estruturas. A construção de poços e de cisternas, para captação e armazenamento de água, é algo que remonta, naturalmente, a épocas muito recuadas. Não obstante, não abundam os estudos publicados sobre este tipo de estruturas.

120 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Já Plínio afirmava que a água de melhor qualidade tinha origem em poços, caso estes fossem continuadamente usados (Plínio: ‘História Natural’, 31.38-39, in HUMPHREY, et al, 1998, p.288). Vitrúvio, por seu turno, alertava para a necessidade de construção de cisternas para os casos em que o nível freático estivesse demasiado profundo (Vitrúvio: ‘De Architectura’, 8.6.12-15, in HUMPHREY, et al, 1998, p.289). Pelo menos desde o período clássico que os poços são construídos com característicos formatos redondo ou quadrado, através do recurso a aparelhos de alvenaria de pedra ou de cerâmica, dispondo igualmente dos habituais parapeitos de resguardo. As dimensões dos casos antigos conhecidos variam muitíssimo, podendo atingir elevadas profundidades, como acontece com o poço helenístico do Cairo, que alcança os 93 metros (VILASECA, 1998, p.105). Quanto à localização, os poços sempre estiveram associados a espaços públicos ou privados, com privilégio, no último caso, para os pátios (VILASECA, 1998, p.107). Relativamente às cisternas, são conhecidos alguns casos, na Península Ibérica, que remontam à Época do Bronze, como a de Tossal de les Tenalles (Lleida), de formato ovalado e escavada na rocha. Também na Grécia são conhecidos exemplos que remontam ao século V a.C., de formato inspirado em pithoi, de início escavadas na rocha, evoluindo posteriormente para construções à cota positiva. Com igual formato estão documentados casos nos mundos púnico, como em Cartago, e fenício, como em St. Antioco. Ainda na Grécia, encontram-se exemplos de cisternas de formatos quadrangular e rectangular, como a localizada em Goritsa, que remonta ao século IV a.C. (VILASECA, 1998, pp. 57 e 58). A tradição dos formatos quadrangular e rectangular foi depois adoptada pelos romanos, que as construíram um pouco por todo o império, sendo Cosa, uma cidade fundada em 273 a.C., apenas um dos exemplos possíveis. Inevitavelmente, este formato passaria também a ser aplicado na Península Ibérica, como testemunham os casos de Lucentum e de Bílbilis, que remontam ao período augustano (VILASECA, 1998, p. 60). A forma elíptica, contudo, seria a que maior expressão encontraria na Península Ibéria. Inicialmente adoptada pelos cartagineses, este formato viria a disseminar-se por todo o mundo púnico, a partir do século VI a.C., chegando à Península Ibérica, nomeadamente ao litoral espanhol banhado pelo mediterrâneo, em plena época ibérica (VILASECA, 1998, p. 61).

121 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Cisterna elíptica Cisterna rectangular Cisterna em forma de garrafa

Imagem 2 – Formato de cisternas antigas no mundo mediterrânico. Fonte: VILASECA, 1998, p. 61.

Do período islâmico chega-nos apenas o exemplo do poço-cisterna do Castelo de Silves. Trata-se de um poço com aproximadamente 20 metros de profundidade, de boca circular e construído em forte aparelho de grés. Tem a particular característica de ser rodeado até quase ao nível da água por uma escada em espiral coberta por abobada, aqui e além servida por janelas de acesso à água (www.tintazul.com.pt ). A sua dupla função de poço-cisterna abrange a possibilidade de poder ser também abastecido pela água recolhida a partir dos telhados vizinhos, e terá tido, durante toda a Idade Média, um papel fundamental no abastecimento da cidade baixa (www.tintazul.com.pt). A sua construção remonta ao período almóada (finais do século XII - princípios do século XIII), mas não são conhecidos paralelos em todo o mundo árabe (www.tintazul.com.pt).

122 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Imagem 3 – Poço-cisterna almóada do Castelo de Silves. Fonte: www.tintazul.com.pt.

Das épocas Medieval e Moderna, os sistemas hidráulicos melhor estudados dizem respeito a casas monásticas, muito embora as mesmas tivessem, na generalidade, o seu abastecimento hídrico garantido através de fontes naturais de água (nascentes ou rios) canalizadas. Apesar da abundância de cisternas para armazenamento de água, os casos monásticos estudados demonstram a raridade do recurso a poços para a sua captação. Destacamos as excepções que constituem o poço-cisterna pertencente à abadia beneditina de St. Emmeram, em Regensburg, datado dos séculos XII/XVI, de cobertura abobadada, encimado por compartimento com cobertura em duas águas (REIDEL, 1996, p.135). Também no caso do Mosteiro da Flor da Rosa, Crato, se recorreu à abertura de poços para captação de água, num total de dez unidades. A mais imponente, denominada Olho do Mar, apresenta um aparelho em alvenaria de blocos aparelhados e uma planta de forma sub-rectangular de cantos arredondados, denunciando como tal a aplicação de nora de tradição antiga (MASCARENHAS e FERNANDES, 1996, p.305). Também de pesquisa na Internet nos surgem dois exemplos de imagens de poçoscisterna, lamentavelmente não acompanhadas de textos informativos. O primeiro caso remete-nos para Cacela Velha, no Algarve, onde um poço-cisterna, aparentemente de formato rectangular, se encontra articulado com um mecanismo elevatório. O segundo caso diz respeito a um poço-cisterna localizado nas imediações de Alcoutim, na localidade de Malfrade, aparentemente de formato circular, servido de tanque adjacente, com planta de formato rectangular. 123 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Imagem 4 – Poço-cisterna de Cacela Velha. Fonte: www.photos-algarve.com.

Imagem 5 – Poço-cisterna de Malfrade. Fonte: 1.bp.blogspot.com

A ser verdade que o ‘Poço-Cisterna’ detectado em Pêro Alvito tenha sido servido por uma escadaria albergada no seu corpo rectangular, estranhamos a total ausência de vestígios dos seus degraus, do mesmo modo que estranhamos a ausência de vestígios de quaisquer tipo de mecanismos de elevação de água. Não obstante a escassez de dados adicionais, a presença de um tanque anexo à parede este do ‘Poço-Cisterna’ sugere a existência de um sistema elevatório capaz de o abastecer de água.

124 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Talvez algum tipo de engenho, entretanto desaparecido, se encontrasse articulado com o ‘Poço-Cisterna’ de forma a abastecer o tanque, talvez o acesso ao nível da superfície da água se fizesse no interior do ‘Poço-Cisterna’, por alguma escadaria aplicada na parte rectangular do mesmo, tendo os vestígios dessa estrutura de acesso desaparecido por completo. Talvez ainda as duas hipóteses ocorressem em simultâneo. O tanque adjacente ao ‘Poço-Cisterna’, por sua vez, remete-nos para uma realidade ainda bastante frequente nos dias que correm (como exemplifica o caso apresentado de Malfrade). Um tanque desta natureza, que estimamos, pelos vestígios subsistentes, ter tido capacidade para cerca de 3 m3, surge amiúde no mundo rural, servindo de bebedouro para o gado. Como já referido, o tanque encontrava-se munido de cano para escoamento, o que se articula melhor com a hipótese ora sugerida do que com um eventual sistema de abastecimento humano. Na verdade, o facto de escoar as águas do tanque para o nível do solo indica uma intenção de despejo de águas que, estando sujeitas a estagnação no interior do tanque, passavam, por esse motivo, a impróprias, mesmo para animais. Associado ao tanque, estavam os vestígios de um piso argamassado, que lhe era anexo junto à sua parede norte. Deste piso subsistia apenas uma ‘auréola’ que nos levou a supor que o mesmo tenha tido uma planta de formato circular. Com o tanque e o piso que lhe era anexo deveriam articular-se duas paredes. A primeira, imbricada no referido piso, foi detectada durante a realização da Sondagem 2 (na qual constitui a U.E. 4). Desenvolvia-se de forma recta, no sentido este, desde o piso até ao ponto em que inflecte para norte. A segunda, detectada ao longo dos trabalhos de acompanhamento arqueológico, imbricava nas fundações do que subsistia da parede este do tanque. Também se desenvolvia no sentido este, de forma paralela à parede anterior, mas encontrava-se interrompida ao cabo de 0,80 metros. Aparentemente, esta última parede desenvolvia-se no sentido da parede que arrancava a cerca de 1,20 metros do cunhal que marcava o ponto de inflexão da parede U.E. 4 da Sondagem 2. Como referido, o extremo sul dessa parede não foi determinado, por se encontrar para lá a área afecta à obra. Por essa razão, desconhecemos se se encontraria imbricado na parede que arrancava da parede este do tanque.

125 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Se tal acontecesse, estas paredes definiriam um corredor de acesso ao tanque, de planta rectangular e área aproximada de cerca de 13 m2. A ser verdade a existência de tal espaço, a ele se teria acesso por um arruamento que atravessava, no sentido norte/sul, a propriedade visada. A esse arruamento, que figura do mapa da cidade de 1809, voltaremos mais adiante.

8.4. A ‘Construção Noroeste’ e a ‘Construção Central’

De acordo com o exposto anteriormente, a norte do denominado ‘Poço-Cisterna’, desenvolviam-se duas paredes a que convencionámos denominar por ‘Construção Noroeste’ e ‘Construção Central’ (Fotografias 42 a 46). Ambas as estruturas se encontravam construídas com recurso a alvenaria de pedras não facetadas, unidas num aparelho irregular. Apresentavam ambas uma espessura de cerca de 0,70 metros (com sapatas 10 a 20 cm mais largas) e desenvolviam-se ambas, de forma paralela, no sentido norte/sul, ultrapassando o denominado ‘Perfil Norte’, para além do qual se prolongavam. Por todas as semelhanças que apresentavam entre si, deduzimos que as duas paredes eram, para além de contemporâneas uma da outra, pertencentes a um mesmo edifício, apesar de não terem sido detectadas paredes que estabelecessem uma ligação directa entre as duas. Não obstante, estamos convictos de que a ‘Construção Central’ e a ‘Construção Noroeste’ limitariam, a este e a oeste respectivamente, um só compartimento, de amplas dimensões. A edificação do ‘Poço-Cisterna’ deverá ter sido a acção responsável pelo desaparecimento da parede que uniria os topos sul das duas paredes, cujo edifício a que pertenciam deveria, presumivelmente, encontrar-se já em fase de abandono. De facto, é notório o avanço do ‘Poço-Cisterna’ para o interior do espaço definido pelas paredes ‘Construção Noroeste’ e ‘Construção Central’ (Fotografia 42). Relativamente ao topo norte do referido compartimento, o mesmo deverá localizar-se a norte da área afecta ao projecto presentemente visado, para além da qual se prolongam as paredes ‘Construção Noroeste’ e ‘Construção Central’ (Fotografia 61). De início, ponderámos a possibilidade de estarmos perante os vestígios da desaparecida igreja de São Tiago, demolida, como já referido, no ano de 1811, dado

126 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

que as paredes que constituíam a ‘Construção Noroeste’ e a ‘Construção Central’ apresentavam uma robustez construtiva digna de um edifício monumental. Não obstante, através da análise do mapa da cidade elaborado em 1809, logo nos apercebemos que a igreja de São Tiago se encontrava edificada de acordo com a orientação

canónica

(com

fachada

principal

orientada

para

oeste).

Ora,

desenvolvendo-se as ‘Construção Noroeste’ e ‘Construção Central’ no sentido norte/sul, descartamos por completo a possibilidade de estas paredes terem pertencido à referida igreja. Para mais, o mapa de Leiria de 1809 demonstra uma distância substancial entre o local de implantação da igreja de São Tiago e o local onde foram detectadas as paredes agora em análise (cerca de 12 metros, se julgarmos correcta a escala indicada para o referido mapa). Afastada a possibilidade de ambas as paredes terem pertencido à desaparecida igreja de São Tiago, resta-nos considerá-las como pertencentes a um edifício laico, já que não há referência a outros edifícios religiosos nas proximidades da dita igreja, salvo as ermidas de Nossa Senhora de Porto Covo e de São Sebastião, ambas, contudo, relativamente distantes das estruturas em causa. Como tal, optámos por sujeitar a ‘Construção Noroeste’ e a ‘Construção Central’ a uma análise dimensional, tendo por base as medidas de comprimento usadas durante a Época Medieval, período a que, como já exposto, remetemos a edificação destas paredes. Ora, tendo em conta que a principal unidade de medida daquele período, para os edifícios civis, seria a vara (109,999 cm) (CUNHA, 2003, p.82) e que as duas paredes distam entre si cerca de 5,50 metros (550,000 cm), medidas a partir do centro de cada uma das paredes, conclui-se que as duas paredes estariam à distância uma da outra de 5 varas (5 x 109,999 = 549,995 cm ≈ 550,000 cm). Estes cálculos reforçam a atribuição de uma cronologia medieval às paredes, revelando simultaneamente algum cuidado arquitectónico associado à sua edificação. Por aqui se deduz que o edifício que integrariam a ‘Construção Noroeste’ e a ‘Construção Central’, ainda que não tivesse uma natureza religiosa, apresentaria alguma monumentalidade, ideia já expressa quando salientámos a robustez das suas paredes. Especulamos que, dada a proximidade à igreja de São Tiago, a ‘Construção Noroeste’ e a ‘Construção Central’ integrassem algum edifício que lhe daria apoio, quem sabe 127 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

alojando os peregrinos que neste local passavam, rumando a caminho de Santiago de Compostela.

8.5. A unidade mural da Sondagem 2

Ao longo da fase de acompanhamento arqueológico da remoção mecânica das terras afectas à obra foi posta a descoberto, como já referido, uma unidade mural que havia sido inicialmente identificada na Sondagem 2 (Fotografias 47 a 49). Essa unidade mural era composta por duas paredes distintas e desenvolvidas de forma perpendicular, embora imbricadas num ponto inclusivamente definido por cunhal. A primeira parede, em aparelho irregular de pedras não facetadas, desenvolvia-se em linha recta no sentido norte até encontrar o ‘Perfil Norte’. A segunda parede, composta por duas paredes exteriores toscas e interior preenchido com terra, desenvolvia-se no sentido oeste, desde o ponto em que imbricava na primeira parede, junto do extremo sudeste da Sondagem 2, até ao ponto em que encostava aos vestígios do piso detectado a norte do tanque anexo ao ‘PoçoCisterna’. Cerca de 1,20 metros a sul do referido cunhal, detectámos o arranque de uma nova parede, em aparelho irregular de pedras não facetadas, desenvolvida no sentido norte/sul e alinhada com a primeira parede. Era rematada a norte por uma pedra facetada e desenvolvia-se para além da área sujeita a escavação, pelo que não pudemos apurar o seu desenvolvimento, nem a sua extremidade sul. O facto de esta última parede se encontrar rematada a norte por uma pedra bem facetada, parece fazê-la articular-se com o cunhal da primeira parede referida, com a qual, aliás se encontrava alinhada. De facto a pedra e o cunhal pareciam estabelecer as laterais de um vão de passagem, com cerca de 1,20 metros de largura. Esta passagem estabeleceria, como já referido, ligação entre um arruamento que dividia de norte a sul a presente propriedade e um corredor de acesso ao tanque e ‘PoçoCisterna’. Deste modo, a primeira e a terceira paredes referidas limitariam a este uma propriedade já desaparecida, separando-a do dito arruamento, e comunicando com ele através de uma passagem com cerca de 1,20 metros, estabelecendo igualmente acesso ao ‘Poço-Cisterna’ e respectivo tanque.

128 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

A segunda parede referida, perpendicular a ambos os anteriores, imbricava no cunhal da primeira e prolongava-se até ao piso adjacente a norte do tanque. Por se encontrar erguida com um aparelho mais tosco, ponderamos a possibilidade de ter existido apenas para impedir o acesso à propriedade daqueles que se aproximavam do ‘PoçoCisterna’, ao contrário dos anteriores que separariam a propriedade do arruamento. Este arruamento, por seu turno, aparece referido no mapa da cidade de 1809 como ‘Porto Covo’. Na verdade, a sua estreiteza aproxima-o da tipologia de uma quelha, mais do que de uma rua, ou seja aparenta tratar-se de um caminho estreito e murado entre duas propriedades rústicas. Esta quelha não existe mais nos dias que correm, nem nada na disposição urbana das imediações a faz recordar. Não obstante, ela aparece registada em 1809 e as duas paredes agora descritas, a primeira e a terceira, podem constituir o subsistente dos muros que a limitavam a oeste. É verdade que não surgiram indícios do muro que limitasse esta quelha a este, caso tenha existido algum. Não obstante, se analisarmos o levantamento gráfico do ‘Perfil Norte’, apercebemo-nos de que a distância entre o muro que eventualmente a limitava a oeste (U.E. 4 da Sondagem 2 ou U.E. 20 do ‘Perfil Norte’) dista cerca de 1,20 metros da parede oeste da denominada ‘Construção Nordeste’ (U.E. 8 do ‘Perfil Norte’). Para mais, se calculássemos, através do mapa de 1809, a distância entre a Rua Pêro Alvito e esta quelha, obteríamos o valor de 18 metros, não muito longínquo dos 14,8 metros que separavam, aquando da nossa intervenção, a actual Rua Pêro Alvito da parede norte/sul da Sondagem 2 (U.E. 4).

8.6. A ‘Construção Nordeste’

A unidade mural denominada ‘Construção Nordeste’ (Fotografias 26 a 29 e 72) foi detectada aquando do acompanhamento arqueológico da remoção mecânica das terras afectas à obra e motivou a realização de uma sondagem adicional, a Sondagem 4. Apurámos ser constituída por duas paredes sobrepostas (Fotografia 27), a inferior de cronologia medieval e a superior de cronologia moderna, que se desenvolvia no sentido este/oeste, paralelamente ao ‘Perfil Norte’, do qual se afastava cerca de 1 metro. Nas extremidades desta parede, afastadas 4,20 metros, imbricavam duas

129 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

paredes, que se desenvolviam para norte, ultrapassando o denominado ‘Perfil Norte’ e, portanto, desenvolvendo-se para além da área não escavada. Na extremidade sudoeste da ‘Construção Nordeste’ imbricava ainda uma parede, que se encontrava bastante destruída, estando amputada a cerca de 0,80 metros sul daquela extremidade. Foi igualmente detectada uma parede que se desenvolvia a partir da extremidade sudeste da ‘Construção Nordeste’, na qual imbricava. Esta parede, todavia, desenvolvia-se abaixo da cota de afectação da obra, motivo pelo qual não nos foi possível apurar o seu desenvolvimento. Dado que a ‘Construção Nordeste’ se prolongava para o interior de uma área não afecta à obra, não nos foi possível recolher informações suficientes para apurar as funções desta estrutura. Aparentemente, tratar-se-ia de um compartimento com cerca de 1,5 metros de largura, erguido durante a Época Medieval e sujeito a reparação na Época Moderna. Não foi possível igualmente apurar se se trataria de um compartimento coberto, embora o não deva ter sido em Época Moderna, dada a fragilidade dos materiais empregues naquela reparação. A existência de duas paredes imbricadas em cada uma das extremidades sudoeste e sudeste da ‘Construção Nordeste’ sugere que este compartimento integraria um conjunto edificado, mas o péssimo estado da parede que imbricava no canto sudoeste e a baixa cota a que se desenvolvia a parede imbricada no canto sudeste não nos permitiram apurar mais dados sobre o mesmo. A parede imbricada no canto sudoeste da ‘Construção Nordeste’, todavia, desenvolviase para sul, de forma sensivelmente paralela à parede norte/sul detectada na Sondagem 2, do qual dista cerca de 1,20 metros. Este facto parece corroborar a ideia de que estas paredes constituem os vestígios dos muros que limitavam a já referida quelha de ‘Porto Covo’, assinalada no mapa de 1809. A ser verdade, o compartimento definido pela ‘Construção Nordeste’ desenvolvia-se de forma anexa ao muro que limitaria a este aquela quelha, sendo a parede que limitava a oeste o referido compartimento parte integrante deste muro.

130 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

8.7. A ‘Construção Este’

A ‘Construção Este’ (Fotografias 18 a 25) consiste num conjunto edificado, detectado junto do limite este da propriedade afecta à obra, tanto aquando da abertura da Sondagem 3, como da fase de acompanhamento arqueológico da remoção mecânica de terras. Tratava-se de um conjunto composto por quatro paredes em alvenaria de pedra, que definiam um compartimento de planta rectangular (3,80 metros comprimento x 2,10 metros largura), com uma área de cerca de 8 m2. Através das intervenções arqueológicas apurámos que as paredes foram inicialmente erguidas em Época Medieval, tendo sofrido alteamento já em Época Moderna, provavelmente em consequência de alguma cheia que terá promovido a subida do nível de circulação desta zona da cidade. Este processo de alteamento é mais claro na parede que limitava a norte o compartimento, onde uma ligeira diferença de espessuras denuncia a ocorrência de duas fases construtivas (U.E. 12 a) e U.E. 12 b) da Sondagem 3). Relacionado com essa acção de alteamento parece estar um nível térreo que especulamos ter resultado de uma acção de aterro levada a cabo em Época Moderna (U.E. 7 da Sondagem 3). Estes factos parecem corroborar a ocorrência de cheias com consequente sedimentação de terras, que não só motivaram o alteamento das paredes, então parcialmente soterradas, mas também a criação de um novo, e mais estável, nível de circulação, através de uma acção de aterro. Esse processo de alteamento não terá, contudo, incluído a parede que limitava a sul o referido compartimento (U.E. 14 da Sondagem 3), dado que o mesmo foi desmontado (ou poderá ter derrocado em consequência da referida cheia) e soterrado ainda em Época Moderna. O compartimento passou então a ser limitado a sul por uma parede construída de raiz, também em alvenaria de pedra mas de espessura inferior, anexa a sul à parede que aparentemente veio substituir (U.E. 13 da Sondagem 3). Como já mencionado, sobre a parede que limitava a este o compartimento U.E. 1 da Sondagem 3) encontrava-se erguida, à data de início dos trabalhos arqueológicos, a fachada de um edifício de habitação de cronologia contemporânea. Por motivos de segurança inerentes à execução da Sondagem 3, esta fachada, que também limitava a este a propriedade ora visada, foi sujeita a desmonte. Porém, pudemos apurar que a mesma se encontrava erguida directamente sobre a parede 131 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

que limitava a este o referido compartimento, numa clara evidência de que neste local existia um edifício que, não obstante algumas transformações, foi sucessivamente ocupado desde Época Medieval, até à actualidade. Esse edifício aparece, de resto, registado no mapa da cidade de 1809, confrontando directamente com a Rua Pêro Alvito, assim como com a quelha de ‘Porto Covo’. A leitura do mesmo mapa não permite, contudo, obter mais informações relativas ao edifício em questão. No mesmo mapa, surge no local, assinalado com o número 41, a ermida e hospital de Nossa Senhora de Porto Covo, embora nada nas estruturas que compõem a ‘Construção Este’, nos leve a considerá-los, de forma irredutível, como parte daqueles edifícios. Se aceitarmos a parede oeste da ‘Construção Nordeste’ como sendo parte do muro que limitava a este a quelha de ‘Porto Covo’, possibilidade que havíamos já explorado, então a largura da propriedade localizada entre esta quelha e a Rua Pêro Alvito seria aproximadamente 11 metros. Dado que o edifício registado no mapa de 1809 confrontava com ambos os arruamentos, uma largura semelhante deveria ser admitida para o mesmo. Não obstante, os vestígios que constituem a ‘Construção Este’ abrangem uma largura máxima de cerca de 3 metros. É possível que o buraco aberto antes do início dos trabalhos de arqueologia, acção a que fizemos já menção, tenha destruído os vestígios adicionais, caso eles existissem, tal como destruiu, parcialmente, o topo e as extremidades da parede que definia a oeste o compartimento da ‘Construção Este’.

8.8. As estruturas detectadas e o mapa de 1809

O mapa de 1809 será de autoria de uma brigada militar propositadamente criada para a sua execução. Dele se fez uma cópia, corria o ano de 1939, na qual nos baseamos para auferir as análises que se seguem. Posteriormente, foram acrescentadas ao mapa localizações de edifícios, conhecidos em 1385, embora muitas dessas localizações sejam meramente hipotéticas. Alertamos para o facto de a cópia de 1939 apresentar uma “escala aproximada 1:2000”, o que poderá conduzir a eventuais erros interpretativos. De qualquer modo, escolhemos analisar a propriedade presentemente visada à luz deste mapa, na

132 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

esperança de que o mesmo pudesse revelar-nos informações relativas às estruturas ali detectadas.

Imagem 6 – Excerto da cópia de 1939 do mapa de Leiria executado em 1809 com área do Arrabalde da Ponte destacada a vermelho. Fonte: MARGARIDO, 1988.

Da observação da área em análise ressaltam alguns aspectos relevantes. O primeiro prende-se com a igreja de São Tiago, representada a norte da propriedade agora em estudo, possivelmente já em avançado estado de ruína, dado ter sido demolida escassos anos após a elaboração deste mapa (a partir do ano de 1811). A referida igreja é representada com orientação canónica e (e apesar dos referidos erros de escala) a uma distância da área presentemente intervencionada suficientemente grande para que não lhe sejam atribuíveis quaisquer estruturas agora detectadas.

‘Construção Este’ ‘Construção Nordeste’ (?) Quelha de Porto Covo

Igreja de São Tiago

‘Muro Oeste’

Imagem 7 – Área do Arrabalde da Ponte, tal como foi representada na cópia de 1939 do mapa de Leiria executado em 1809. Área da propriedade em estudo a vermelho. Fonte: MARGARIDO, 1988. INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

133

Outro aspecto relevante prende-se com a representação neste mapa da Quelha de Porto Covo, já que hoje em dia nada subsiste deste arruamento, nem mesmo de forma fossilizada no urbanismo local. Trata-se de uma rua estreita, provavelmente pedestre, que se desenvolvia no sentido sul/norte, unido o largo da igreja de São Tiago à Rua das Amoreiras. Esta quelha dividia ao centro à área agora em estudo, no sentido norte/sul como já referido, sendo muito provável que a unidade mural detectada a partir da Sondagem 2 constituísse o limite oeste da mesma, uma vez que apresenta uma distância às ruas Pêro Alvito e de Santiago concordantes com aquela representação. De igual modo, é provável que a ‘Construção Nordeste’ encostasse a este arruamento, dado que a sua parede oeste dista do muro da sondagem 2 cerca de 1,20 metros, largura também ela aparentemente concordante com a quelha representada em 1809. Da leitura do mapa de 1809 resulta ainda a identificação de dois conjuntos edificados no interior da presente área. O primeiro conjunto confronta directamente quer com a Rua Pêro Alvito, quer com a Quelha de Porto Covo. Dado que junto da Rua Pêro Alvito foram identificadas, na Sondagem 3, paredes que remontam à Época Medieval, admitimos que as estruturas ali representadas em 1809 se prendam com os vestígios que denominámos por ‘Construção Este’, de resto, como já demonstrado, reutilizados até recentemente. Também a denominada ‘Construção Nordeste’ poderá encontrar-se representada no mapa de 1809. De facto, a parede sul deste edificado poderá, a luz da interpretação deste mapa, corresponder à parede norte da estrutura ali representada. O segundo conjunto localiza-se no canto sudoeste da área em estudo, confrontando quer com a Rua de Santiago, quer com a Quelha de Porto Covo. Sobre este local incidiu, de resto, a Sondagem 1 tendo sido identificados os vestígios de um edifício assente em arcaria sobre estacas, a designada ‘Arcaria’. Julgamos improvável que a ‘Arcaria’ corresponda à estrutura ali representada no mapa de 1809, dado que a mesma terá sido edificada apenas a partir da segunda metade do século XIX. Para mais, o edifício representado neste mapa aparenta dimensões muito superiores às detectadas na presente intervenção. Por estes motivos, consideramos plausível que o edifício sustentado pela ‘Arcaria’ constitua uma obra posterior à elaboração do mapa de 1809, substituindo um edifício preexistente. Esta hipótese é reforçada, de resto, pelas reformas constatadas no

134 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

designado ‘Muro Oeste’, que apontam para uma continuidade de utilização desde a Época Medieval/Época Moderna até ao presente. No mapa de 1809 não constam representações compatíveis com o designado ‘PoçoCisterna’, nem com a ‘Construção Noroeste’ ou com a ‘Construção Central’. Três motivos poderão justificar esta ausência: as referidas edificações serem posteriores, estarem já abandonadas e soterradas ou não estarem visíveis à data da elaboração do mapa. É certo que a cronologia da edificação do ‘Poço-Cisterna’ não ficou totalmente clara para nós, mas, uma vez que o lixo constatado no seu interior era sobretudo contemporâneo, descartamos a possibilidade de o mesmo se encontrar já abandonado e soterrado em 1809. Por este motivo, a abertura desta estrutura hídrica poderá ter ocorrido posteriormente a esta data, ou a mesma não ter sido representada neste mapa, simplesmente por, por exemplo, não estar acessível aos homens da brigada responsáveis pela sua execução. Quanto à ‘Construção Noroeste’ e à ‘Construção Central’, são comprovadamente edificações de Época Medieval, pelo que só poderemos admitir que a profundidade da cota a que se encontravam seja a única explicação para que não se encontrem representadas no mapa de 1809.

8.9. As estruturas detectadas e o mapa de 1918-1919

O mapa da cidade de Leiria de 1918-1919 foi executado por uma comissão a cargo do Tenente Coronel Alexandre Baptista da Costa Pereira, entre os anos de 1918 e 1919, e apresenta-se a uma escala de 1: 1 000.

135 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Imagem 8 – Excerto do mapa de Leiria executado entre 1918 e 1919 com área do Arrabalde da Ponte destacada a vermelho. Fonte: CML.

Da análise deste mapa sobressai essencialmente a ausência da igreja de São Tiago, demolida cerca de 100 anos antes, surgindo no seu lugar um descampado. Da observação do mapa de 1918-1919 ressaltam ainda outros aspectos importantes. A Quelha de Porto Covo, ainda em funcionamento aparece agora articulada com uma estrutura implantada na região centro/sul da área em estudo. Um novo edifício surge a sul desta propriedade, anulando a saída sul da quelha. Visto isto, este arruamento aparece representado entre propriedades rústicas, dando acesso não a um qualquer edifício mas sim à referida estrutura, que, pela sua configuração e localização só poderá corresponder ao ‘Poço-Cisterna’.

136 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Local da antiga igreja de São Tiago

Quelha de Porto Covo

‘Construção Este’ ‘Poço-Cisterna’

‘Arcaria’ ‘Muro Oeste’

Imagem 9 – Área do Arrabalde da Ponte, tal como foi representada no mapa de Leiria executado entre 1918 e 1919. Área da propriedade em estudo a vermelho. Fonte: CML.

Terá o ‘Poço-Cisterna’, tão próximo daquela quelha, sido ignorado pelos executantes do mapa de 1809 ou estaria esta estrutura ainda por construir? Trata-se esta de uma questão de difícil resposta, para a qual não dispomos de dados suficientes. A ser verdade que tal estrutura não existisse ainda em 1809, devemos considerar o intervalo de tempo 1809 – 1919 como o período de construção para o ‘Poço-Cisterna’. Vistos à luz do mapa de 1919, também os vestígios detectados na Sondagem 2 vêm reforçados os seus propósitos de limite oeste da Quelha de Porto Covo. De facto, o arruamento parece ter passado a servir apenas o ‘Poço-Cisterna’, pelo que se deverá ter imposto a necessidade de impedir o acesso dos que a ele se dirigiam às propriedades vizinhas. No canto este da propriedade em análise continua representado um edifício confrontante com a Rua Pêro Alvito, o que é concordante com os vestígios detectados no local, que apontam para um edifício continuamente utilizado desde um período remoto (Época Medieval) até recentemente. Este edifício surge agora servido de acesso

pelas

traseiras,

aparentemente

comunicante

com

o

‘Poço-Cisterna.

Lamentavelmente, este foi o local onde se verificou a abertura de um buraco de grandes dimensões anterior ao início dos trabalhos arqueológicos, pelo que nada veio

137 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

a ser apurado nesse sítio que pudesse dar-nos a conhecer um pouco melhor as estruturas representadas no mapa de 1918-1919. Da ‘Construção Nordeste’ não parece estar representado neste mapa, eventual sinal de que estas estruturas se encontrariam talvez já soterradas. No canto sudoeste da área em estudo surge agora representado um edifício de menores dimensões, confrontando apenas com a Rua de Santiago e já não com a Quelha de Porto Covo, como sucedia com o edifício ali representado no mapa de 1809. Já explorámos a possibilidade de os vestígios ali detectados, designados por ‘Arcaria’, corresponderem à estrutura de sustentação de um edifício que teria vindo, a partir da segunda metade do século XIX, substituir um edifício anterior (cujos vestígios, por seu turno, foram constatados no designado ‘Muro Oeste’). As diferenças na representação dos edifícios existentes neste local nos mapas de 1809 e de 1918-1919 parecem corroborar esta possibilidade.

8.10. As estruturas detectadas e o mapa de 1938

Entre 1937 e 1950 existem distintos levantamentos cartográficos da cidade de Leiria, do qual destacamos o de 1938 (escala 1: 2 000), dado ser o que melhor destaca as transformações ocorridas no local agora em análise.

Imagem 10 – Excerto do mapa de Leiria executado em 1938 com área do Arrabalde da Ponte destacada a vermelho. Fonte: CML.

138 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Local da antiga igreja de São Tiago

‘Construção Este’ Quelha de Porto Covo ‘Poço-Cisterna’ ‘Arcaria’ ‘Muro Oeste’ Imagem 11 – Área do Arrabalde da Ponte, tal como foi representada no mapa de Leiria executado 1938. Área da propriedade em estudo a vermelho. Fonte: CML.

Da análise do mapa de 1938 sobressaem sobretudo dois aspectos essenciais, face aos constatados nos mapas anteriores. O primeiro prende-se com a intensificação urbanística da área presentemente em análise, com um claro aumento das áreas ocupadas pelos edifícios que relacionámos com as estruturas identificadas e designadas por ‘Construção Este’ e por ‘Arcaria’, tendo mesmo o edifício sustentado pela ‘Arcaria’ se desenvolvido para este da área ocupada pelo ‘Poço-Cisterna’. O segundo aspecto prende-se com o surgimento de um novo arruamento a unir a Rua Pêro Alvito à Quelha de Porto Covo, junto do limite nordeste da propriedade. Tal arruamento, que de resto aparece já sugerido no mapa de 1918-1919, não existia à data de início da presente intervenção. A área em que se desenvolve, contudo, não foi sujeita a escavação, por se encontrar fora da área afectada pela obra, pelo que nada podemos avançar relativamente ao tipo ou à cronologia desta rua.

139 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

9. INVENTÁRIOS

No presente capítulo apresentamos o inventário dos elementos recolhidos durante a intervenção arqueológica, dividindo-os entre elementos pétreos, materiais cerâmicos, outros materiais culturais e amostras.

9.1. Inventário de elementos pétreos

Os elementos pétreos recolhidos surgiram todos em contexto de acompanhamento arqueológico, ora da remoção mecânica das terras afectas à obra, ora do desmonte de determinada parede. Assim que foram detectados, os elementos pétreos foram recolhidos, seguindo-se a sua limpeza, descrição, registo e marcação. A limpeza foi levada a cabo com recurso a água, sem imersão, e materiais de limpeza não abrasivos. A descrição foi elaborada tendo em conta as suas principais características. O registo foi essencialmente feito com recurso a uma câmara fotográfica com 6 megapixeis, exceptuando-se uma base de coluna que foi igualmente registada de forma gráfica. Quanto à marcação, procedeu-se através da adesão ao elemento pétreo de uma pequena placa de alumínio (2 x 2 cm) de face posterior em borracha, recorrendo para tal a cola de contacto reversível (marca: pattex), constando na placa o acrónimo do local (PA 08), seguido da sigla EP (Elemento Pétreo), à qual se acrescentou um número correspondente ao número de inventário do elemento em causa. Os elementos foram então acondicionados e aguardam a aprovação do presente relatório para serem entregues junto do Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Leiria. Nas próximas páginas figuram, em formato de fichas, cada um dos elementos pétreos recolhidos, assim como as suas principais características e ainda uma fotografia.

140 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

DIMENSÕES

N.º INVENTÁRIO:

1

ALTURA: 31 CM COMPRIMENTO: 40 CM LARGURA: 30 CM

PROVENIÊNCIA: SECTOR OESTE DA PROPRIEDADE, INCORPORADO NA PAREDE DO ‘MURO OESTE’. CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO: U.E. 2 DA SONDAGEM 1 a).

CRONOLOGIA: MEDIEVAL. CARACTERÍSTICAS: BASE DE COLUNA FRAGMENTADA E INCOMPLETA, EM CANTARIA DE CALCÁRIO, SUGERINDO A SUA CONFIGURAÇÃO DESTINAR-SE A SER APLICADA DE FORMA ADOSSADA. O SOCO APRESENTA CANTOS CHANFRADOS DE FORMA CURVA E O CORPO ENCONTRA-SE FACETADO EM 5 LADOS. EXIBE MARCAS DE TALHE ‘PENTEADO’. POSSUI NO TOPO E NA BASE ORIFICIOS DE FORMATO QUADRANGULAR, TALHADOS PARA FACILITAR A UNIÃO A ELEMENTOS PÉTREOS ADJACENTES. NOTA: DESTE ELEMENTO DISPOMOS DE REGISTO GRÁFICO INCLUÍDO EM ANEXO.

DIMENSÕES

N.º INVENTÁRIO:

2

ALTURA: 15 CM COMPRIMENTO: 44 CM LARGURA: 13 CM

PROVENIÊNCIA: SECTOR SUDOESTE DA PROPRIEDADE, DESCONTEXTUALIZADO.

CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO: U.E. 7 DO ‘PERFIL NORTE’. CRONOLOGIA: ÉPOCA MODERNA (?) Cronologia estimada pela cronologia da U.E. de que foi exumado.

CARACTERÍSTICAS: ELEMENTO DE CANTARIA DE CALCÁRIO, BASTANTE DEGRADADO, CUJO FORMATO ORIGINAL É IMPOSSIVEL RECONSTRUIR. EXIBE MARCAS DE TALHE ‘PENTEADO’. TEM INCORPORADO FÓSSIL DE FAUNA MAMALÓGICA.

141 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

DIMENSÕES

N.º INVENTÁRIO:

3

ALTURA: 28 CM COMPRIMENTO: 20 CM LARGURA: 22 CM

PROVENIÊNCIA: SECTOR NOROESTE DA PROPRIEDADE, DESCONTEXTUALIZADO.

CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO: U.E. 7 DO ‘PERFIL NORTE’. CRONOLOGIA: ÉPOCA MODERNA (?) Cronologia estimada pela cronologia da U.E. de que foi exumado.

CARACTERÍSTICAS: ELEMENTO DE CANTARIA DE CALCÁRIO, BASTANTE DEGRADADO, CUJO FORMATO ORIGINAL É IMPOSSIVEL RECONSTRUIR. APARENTA, PELA SUA ANGULOSIDADE, TER TIDO UMA FORMA ORIGINAL TRAPEZOIDAL. EXIBE MARCAS DE TALHE ‘PENTEADO’.

DIMENSÕES

N.º INVENTÁRIO:

4

ALTURA: 20,5 CM COMPRIMENTO: 20 CM LARGURA: 8 CM

PROVENIÊNCIA: SECTOR NOROESTE DA PROPRIEDADE, DESCONTEXTUALIZADO.

CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO: U.E. 7 DO ‘PERFIL NORTE’. CRONOLOGIA: ÉPOCA MODERNA (?) Cronologia estimada pela cronologia da U.E. de que foi exumado.

CARACTERÍSTICAS: ELEMENTO DE CANTARIA DE CALCÁRIO, BASTANTE RECONSTRUIR. EXIBE MARCAS DE TALHE ‘PENTEADO’.

DEGRADADO, CUJO FORMATO ORIGINAL É IMPOSSIVEL

142 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

DIMENSÕES

N.º INVENTÁRIO:

5

ALTURA INTERIOR: 39 CM ALTURA EXTERIOR: 52 CM ESPESSURA: 21 CM LARGURA INTERIOR: 32 CM LARGURA EXTERIOR: 37 CM

PROVENIÊNCIA: SECTOR NOROESTE DA PROPRIEDADE, ENTRE ‘CONSTRUÇÃO NOROESTE’ E ‘CONSTRUÇÃO CENTRAL’, DESCONTEXTUALIZADO. CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO: U.E. 17 DO ‘PERFIL NORTE’. CRONOLOGIA: ÉPOCA MEDIEVAL (?) Cronologia estimada pela cronologia da U.E. de que foi exumado.

CARACTERÍSTICAS: ADUELA EM CANTARIA DE CALCÁRIO, COM DUAS FACES LATERIAS LISAS E FACE INTERNA CÔNCAVA. APENAS A FACE EXTERIOR SE ENCONTRAVA IRREGULAR, PELO QUE DEDUZIMOS QUE NA SUA POSIÇÃO ORIGINAL TODAS AS FACES FOSSEM VISIVEIS, EXCEPTO A FACE EXTERIOR QUE INCORPORARIA A PAREDE. EXIBE MARCAS DE TALHE ‘PENTEADO’.

DIMENSÕES

N.º INVENTÁRIO:

6

ALTURA: 20 CM COMPRIMENTO: 18 CM LARGURA: 13 CM

PROVENIÊNCIA: SECTOR NOROESTE DA PROPRIEDADE, DESCONTEXTUALIZADO.

CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO: U.E. 7 DO ‘PERFIL NORTE’. CRONOLOGIA: ÉPOCA MODERNA (?) Cronologia estimada pela cronologia da U.E. de que foi exumado.

CARACTERÍSTICAS: ELEMENTO DE CANTARIA DE CALCÁRIO, BASTANTE DEGRADADO, CUJO FORMATO RECONSTRUIR. NÃO OBSTANTE, EXIBE CHANFRO CURVADO, O QUE ESTILISTICAMENTE O PÉTREO INVENTÁRIO N.º 1. EXIBE MARCAS DE TALHE ‘PENTEADO’.

ORIGINAL É IMPOSSIVEL APROXIMA DO ELEMENTO

143 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

DIMENSÕES

N.º INVENTÁRIO:

7

ALTURA: 50 CM DIÂMETRO: 39 CM

PROVENIÊNCIA: INTERIOR DO ‘POÇO-CISTERNA’, DESCONTEXTUALIZADO. CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO: LIXO DE ENCHIMENTO DO ‘POÇOCISTERNA’. CRONOLOGIA: ÉPOCA MEDIEVAL (?) CARACTERÍSTICAS: TAMBOR DE COLUNA

EM CANTARIA DE CALCÁRIO LIGEIRAMENTE ABAULADO E DE SECÇÃO CIRCULAR. A SUA SUPERFICIE APRESENTA VESTÍGIOS, BASTANTE DESGASTADOS, DE TER SIDO TALHADA COM FACETAMENTOS VERTICAIS, EM BANDAS DE 6 CM DE LARGURA, ORIGINANDO UM POLIGONO DE 23 FACES. FACE INFERIOR AMPUTADA. FACE SUPERIOR EXIBE SULCO ESCULPIDO, QUE ALCANÇA PRATICAMENTE TODO O DIÂMETRO DA PEÇA (34 CM DE COMPRIMENTO), COM 8 CM DE LARGURA E 2 CM DE PROFUNDIDADE. TAMBÉM A BORDA DA FACE SUPERIOR FOI ESCULPIDA, ORIGINANDO UM ESTRANGULAMENTO COM 1 CM DE PROFUNDIDADE E 3 CM DE ALTURA.

DIMENSÕES

N.º INVENTÁRIO:

8

ALTURA: 36 CM COMPRIMENTO: 29 CM LARGURA: 13 CM

PROVENIÊNCIA: SECTOR NORDESTE DA PROPRIEDADE, DESCONTEXTUALIZADO.

CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO: U.E. 7 DO ‘PERFIL NORTE’. CRONOLOGIA: ÉPOCA MODERNA (?) Cronologia estimada pela cronologia da U.E. de que foi exumado.

CARACTERÍSTICAS: ELEMENTO DE CANTARIA DE CALCÁRIO, BASTANTE DEGRADADO, CUJO FORMATO ORIGINAL É IMPOSSIVEL RECONSTRUIR. APRESENTA UM FORMATO DE SECÇÃO TRAPEZOIDAL. EXIBE ORIFICIO TALHADO NA SUA FACE DE MAIORES DIMENSÕES, DE FORMATO RECTANGULAR (3 CM LARGURA X 6 CM COMPRIMENTO X 3 CM PROFUNDIDADE).

144 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

DIMENSÕES

N.º INVENTÁRIO:

9

ALTURA MÁXIMA: 11 CM ALTURA MÍNIMA: 6,5 CM COMPRIMENTO: 64 CM LARGURA: 24 CM

PROVENIÊNCIA: SECTOR SUDESTE DA PROPRIEDADE, DESCONTEXTUALIZADO. CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO: U.E. 7 DO ‘PERFIL NORTE’. CRONOLOGIA: ÉPOCA MODERNA (?) Cronologia estimada pela cronologia da U.E. de que foi exumado.

CARACTERÍSTICAS: LINTEL (?) EM CANTARIA DE CALCÁRIO, DE SUPERFÍCIE INFERIOR PLANA E SUPERFÍCIE SUPERIOR CÔNCAVA. APRESENTA LINHA MARCADA A CARVÃO, PARALELA À SUPERFÍCIE INFERIOR PLANA, DISTANDO DA EXTREMIDADE 3 CM, O QUE PODERÁ CONSTITUIR UMA LINHA AUXILIAR À SUA APLICAÇÃO.

DIMENSÕES

N.º INVENTÁRIO:

10

ALTURA: 19 CM COMPRIMENTO: 48 CM LARGURA: 21 CM

PROVENIÊNCIA: SECTOR NOROESTE DA PROPRIEDADE, ENTRE ‘CONSTRUÇÃO NOROESTE’ E ‘CONSTRUÇÃO CENTRAL’, DESCONTEXTUALIZADO. CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO: U.E. 18 DO ‘PERFIL NORTE’. CRONOLOGIA: ÉPOCA MEDIEVAL (?) Cronologia estimada pela cronologia da U.E. de que foi exumado.

CARACTERÍSTICAS: PIA (?) EM CANTARIA

DE CALCÁRIO, DE FORMATO SUB-CAMPANULAR, DE BASE PLANA E PAREDES RECTAS. O INTERIOR EXIBE MARCAS DE TALHE PENTEADO E DE PERFURADOR. INTERIOR ESCAVADO À PROFUNDIDADE DE 12 CM, COM PAREDES DE 4 CM DE ESPESSURA.

NOTA: ESTE

ELEMENTO FOI ALVO DE FURTO, AQUANDO DO JÁ RELATADO ASSALTO AO LOCAL DA OBRA, DESCONHECENDO-SE O SEU ACTUAL PARADEIRO.

145 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

DIMENSÕES

N.º INVENTÁRIO:

11

ALTURA: 24 CM COMPRIMENTO: 54 CM LARGURA: 30 CM

PROVENIÊNCIA: SECTOR SUDOESTE DA PROPRIEDADE, ARTICULADO COM O TANQUE QUE ANEXAVA A ESTE DO

‘POÇO-CISTERNA’, ESCOANDO AS SUAS ÁGUAS. CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO: ASSENTE SOBRE U.E. 4 DO ‘PERFIL NORTE’. CRONOLOGIA: ÉPOCA MODERNA /ÉPOCA CONTEMPORÂNEA (?) Cronologia estimada pela cronologia da U.E. de que foi exumado.

CARACTERÍSTICAS: TUBO DE ESCOAMENTO DE ÁGUA EM CANTARIA DE CALCÁRIO, DE FORMATO PARALELIPIPÉDICO, COM FURO CENTRAL, ATRAVESSANDO TODO O SEU COMPRIMENTO, COM Ø = 8 CM NOTA: ESTE

ELEMENTO FOI ALVO DE FURTO, AQUANDO DO JÁ RELATADO ASSALTO AO LOCAL DA OBRA, DESCONHECENDO-SE O SEU ACTUAL PARADEIRO.

N.º INVENTÁRIO:

12

DIMENSÕES

ALTURA: 32 CM COMPRIMENTO: 1,20 CM LARGURA: 22 CM

PROVENIÊNCIA: MURO OESTE. CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO: U.E. 2B) DA SONDAGEM 1; U.E. 0 DA SONDAGEM 1A). CRONOLOGIA: ÉPOCA CONTEMPORÂNEA. CARACTERÍSTICAS: ADUELA EM CANTARIA DE CALCÁRIO, UTILIZADA EM CONTEXTO SECUNDÁRIO EM ARCO DE FORMATO GÓTICO. NOTA: A FOTOGRAFIA EXIBE A FACE QUE SE ENCONTRAVA VOLTADA A ESTE, ANTES DO DESMONTE DA ESTRUTURA DE ONDE PROVINHA. A PEÇA ENCONTRA-SE MARCADA NA FACE QUE FICAVA VOLTADA PARA O TOPO, ANTES DO DESMONTE DA ESTRUTURA DE ONDE PROVINHA.

146 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

DIMENSÕES

N.º INVENTÁRIO:

13

ALTURA: 22 CM COMPRIMENTO: 1,27 CM LARGURA: 21 CM

PROVENIÊNCIA: MURO OESTE. CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO: U.E. 2B) DA SONDAGEM 1; U.E. 0 DA SONDAGEM 1A). CRONOLOGIA: ÉPOCA CONTEMPORÂNEA.

CARACTERÍSTICAS: ADUELA EM CANTARIA DE CALCÁRIO, UTILIZADA EM CONTEXTO SECUNDÁRIO EM ARCO DE FORMATO GÓTICO. NOTA: A FOTOGRAFIA EXIBE A FACE QUE SE ENCONTRAVA VOLTADA A ESTE, ANTES DO DESMONTE DA ESTRUTURA DE ONDE PROVINHA. A PEÇA ENCONTRA-SE MARCADA NA FACE QUE FICAVA VOLTADA PARA O TOPO, ANTES DO DESMONTE DA ESTRUTURA DE ONDE PROVINHA.

9.2. Inventário de materiais cerâmicos

Os materiais cerâmicos agora inventariados foram recolhidos tanto durante a execução das sondagens arqueológicas, como ao longo dos trabalhos de acompanhamento arqueológico, quer da remoção de terras afectas à obra, quer do desmonte das estruturas que a tal foram sujeitas. Todos os fragmentos cerâmicos foram sujeitos a limpeza, executada com água e instrumentos não abrasivos, e sem recurso a imersão. Depois de secos, os fragmentos foram agrupados por tipologias de fabrico e de pasta, com vista à colagem de elementos eventualmente pertencentes à mesma peça. A colagem foi executada com paraloide, um material aderente mas reversível. Todos os fragmentos foram então sujeitos a marcação, com recurso a etiquetas de papel sobre película de paraloide, sendo nova película de paraloide aplicada sobre a marcação, com vista à sua impermeabilização.

147 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Da marcação consta sempre o acrónimo do local e o ano da intervenção: PA 08. Sempre que o material cerâmico tenha provindo de uma sondagem, foi acrescentado ao acrónimo/ano a designação da sondagem: Sondagem 1 = S1; Sondagem 1a) = S1a); Sondagem 2 = S2; Sondagem 3 = S3; Sondagem 4 = S4. À designação da sondagem de proveniência, acrescentámos o número da U.E. da sondagem da qual exumámos cada material, assinalando esse número entre parêntesis rectos: [1] = U.E. 1; [2] = U.E. 2; [3] = U.E. 3; [4] = U.E. 4; etc. Sempre que o material cerâmico tenha provindo de alguma acção sujeita a acompanhamento arqueológico, e não de qualquer sondagem, foi acrescentado ao acrónimo/ano uma designação específica, que pretende enunciar a proveniência de cada elemento. Apresentamos a lista de designações: EPÇ = elemento detectado a este do ‘Poço-Cisterna’; CAA = elemento detectado em camadas abaixo da ‘Arcaria’; LCG = elemento detectado na limpeza de corte geral ‘Perfil Norte’; LCG2 = elemento detectado na limpeza de corte geral ‘Perfil Sul’; CC = elemento detectado de forma integrada na ‘Construção Central’; CNE = elemento detectado de forma integrada na ‘Construção Nordeste’; CC = elemento detectado de forma integrada na ‘Construção Central’. A cada uma destas designações fizemos acrescentar, entre parêntesis rectos, o número da U.E. da qual o elemento em questão fora exumado, obtendo-se deste modo não só a sua localização espacial, como também a sua referência estratigráfica. Para simplificar a atribuição estratigráfica, a numeração estratigráfica dos materiais cerâmicos recolhidos durante a fase de acompanhamento arqueológico, fez-se a partir do ‘Perfil Norte’, por ser o que apresenta maior abrangência estratigráfica relativamente a toda a propriedade afecta à obra. Naturalmente que os materiais recolhidos durante a limpeza do ‘Perfil Sul’ constituem uma excepção à regra ditada a cima, já que nesta área da propriedade nos deparámos com uma estratigrafia um pouco distinta da da restante propriedade. Neste caso, a referência estratigráfica, também entre parêntesis rectos, fez-se a partir da estratigrafia observada no ‘Perfil Sul’. Sendo assim, a referência EPÇ [7] diz respeito a um elemento cerâmico recolhido a este

do

‘Poço-Cisterna’,

enquanto

era

escavada

a

unidade

estratigráfica 148

INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

correspondente à U.E. 7 do ‘Perfil Norte’, ao passo que a referência LCG2 [8] diz respeito a um elemento cerâmico recolhido durante a limpeza do corte geral ‘Perfil Sul’, enquanto era limpa a sua U.E. 8. Embora todos os fragmentos cerâmicos tenham sido alvo do presente inventário, apenas os que suscitaram maior interesse, pelas suas características, acabamentos ou formas, foram sujeitos a descrição individual e pormenorizada. A estes foi atribuído um número de inventário, separado da restante marcação pela sigla ‘N.I:’ 1; 2; 3; etc. Os restantes são contabilizados no presente inventário e descritos, não de uma forma individualizada, mas de acordo com o grupo de fabrico/tipologia de pasta a que haviam inicialmente sido remetidos. Depois de marcados e descritos, os materiais cerâmicos foram acondicionados e aguardam a aprovação do presente relatório para serem entregues junto do Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Leiria. Nas próximas páginas figura o inventário de materiais cerâmicos, ordenado de acordo com o local de proveniência dos mesmos. Sempre que nos foi possível apurar, foram acrescentados, à descrição dos elementos cerâmicos, a sua cronologia e o seu centro de produção.

9.2.3. Materiais exumados de sondagens arqueológicas

Sondagem 1 – U.E. 4 6 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 6 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: 5 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, com alguns e.n.p. e sem micas. 1 – Fragmentos de pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e raras micas.

7 – Fragmentos de cerâmica vidrada: 3 – Fragmentos informes de cerâmica vidrada de chumbo: 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte pouco aderente, de cor amarela, em ambas as superfícies. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente, de cor verde escura, na superfície interna.

1 – Fragmento informe de cerâmica vidrada de estanho (faiança):

149 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

1 - Fragmento de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte branco bem aderente em ambas as superfícies e decorado com listas de cor azul na superfície interna.

3 – Fragments com forma de cerâmica vidrada de estanho (faiança): Nº I: 38 – 2 Fragmentos de prato de lábio arredondado e fundo com pé anelar, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte pouco aderente em ambas as superfícies, com decoração em azul em ambas as superfícies. Nº I: 147 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de fundo ônfalo. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte branco, bem aderente em ambas as superfícies. Cronologia: finais do século XIX/inícios do século XX.

3 – Fragmentos de cerâmica de construção: 2 – Fragmentos de telha tipo ‘Marselha’, de pasta compacta, de cor cinzenta, com muitos e.n.p. e muitas micas. 1 – Fragmento de telha (?), de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Exibe esmalte de chumbo de cor verde, em ambas as superfícies, apresentando em relevo, numa delas (superfície superior?), a letra ‘A’ e uma flor. Cronologia: Época Contemporânea.

Total parcial de fragmentos: 16

Sondagem 1 – U.E. 7 6 – Fragmentos com forma de cerâmica doméstica comum: 5 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: Nº I: 43 – Fragmento de asa de tipo ‘fita’, de pasta muito compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e sem micas. Nº I: 44 e Nº I: 45 – 2 Fragmentos de asa de secção ovóide, de pasta compacta, de cor vermelha, com abundantes e.n.p. e escassas micas. Nº I: 46 - Fragmento de asa de tipo ‘fita’, de pasta muito compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e raras micas. Nº I: 77 – Fragmento de taça carenada, de bordo esvasado e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e raras micas.

1 – Fragmento resultante de cozedura redutora: Nº I: 76 – Fragmento de tampa. Pasta compacta, de cor cinzenta, com muitos e.n.p. e sem micas.

15 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 15 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: 5 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, com alguns e.n.p. e sem micas. 5 – Fragmentos de pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e raras micas. 5 – Fragmentos de pasta compacta, de cor vermelha escura, com muitos e.n.p. e muitas micas.

150 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

4 – Fragmentos de cerâmica vidrada: 3 – Fragmentos com forma de cerâmica vidrada de chumbo: Nº I: 47 – Fragmento de fundo plano de pé um pouco saliente. Pasta compacta, de cor vermelha escura, com alguns e.n.p. e escassas micas. Apresentava escassos vestígios do esmalte, pouco aderente, de cor verde, ao nível da superfície externa, no fundo e no bojo. Nº I: 48 – Fragmento de bordo esvasado, de lábio arredondado para o exterior. Pasta muito compacta, de cor bege, com alguns e.n.p. e escassas micas. Esmalte muito aderente, de cor castanha, ao nível da superfície interna. Nº I: 49 – Fragmento de bordo esvasado, de lábio arredondado para o exterior. Pasta muito compacta, de cor bege, com alguns e.n.p. e escassas micas. Esmalte muito aderente, de cor verde, ao nível da superfície interna.

1 – Fragmento com forma de cerâmica vidrada de estanho (faiança): Nº I: 50 – Fragmento de bordo de prato de lábio arredondado, de pasta pouco compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com escassas micas. Esmalte pouco aderente, liso na superfície exterior e decorado a azul e manganês na superfície interior, com motivos geométricos. Cronologia: finais de século XVII. Centro de produção: Coimbra.

Total parcial de fragmentos: 25

Sondagem 1 – U.E. 8 51 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 32 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: 23 – Fragmentos de pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e escassas micas. 6 – Fragmentos de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e escassas micas. 3 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e escassas micas.

19 – Fragmentos resultantes de cozedura redutora: 4 – Fragmentos de pasta compacta, de cor cinza clara, com poucos e.n.p. e abundantes micas. 13 – Fragmentos de pasta compacta, de cor cinza clara, com poucos e.n.p. e sem micas. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor cinza clara, com muitos e.n.p. e abundantes micas. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor cinza escura, com muitos e.n.p. e sem micas.

8 – Fragmentos com forma de cerâmica doméstica comum: 5 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: Nº I: 30 – Fragmento de asa de secção ovóide, de pasta muito compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e com algumas micas. Nº I: 31 – Fragmento de bordo recto, de lábio biselado para o exterior, de pasta compacta, de cor laranja, com escassos e.n.p. e poucas micas.

151 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Nº I: 32 – Fragmento de bordo esvasado, de lábio biselado para o exterior, de pasta compacta, de cor laranja, com escassos e.n.p. e poucas micas. Nº I: 33 – Fragmento de bordo recto, de lábio arredondado para o exterior, de pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e com algumas micas. Nº I: 103 – Fragmento de asa tipo ‘fita’, de pasta compacta, de cor laranja, com abundantes e.n.p. e algumas micas.

3 – Fragmentos resultantes de cozedura redutora: Nº I: 27 – Fragmento de asa de secção ovóide, de pasta muito compacta, de cor cinza clara, com alguns e.n.p. e sem micas. Nº I: 28 – Fragmento de asa de secção ovóide, com duas listas biseladas no dorso, aplicadas longitudinalmente, de pasta compacta, de cor cinza clara, sem e.n.p. e com algumas micas. Nº I: 29 – Fragmento de bordo recto, de lábio arredondado para o exterior, de pasta compacta, de cor cinza, sem e.n.p. e sem micas.

14 – Fragmentos de cerâmica vidrada: 4 – Fragmentos informes de cerâmica vidrada de chumbo: 4 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e raras micas. Esmalte bem aderente, de cor amarela, aplicado apenas na superfície interior.

5 – Fragmentos com forma de cerâmica vidrada de chumbo: Nº I: 39 – Fragmento de bordo recto de lábio arredondado para o exterior. Pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e raras micas. Esmalte desaparecido. Nº I: 40 e Nº I: 41 – 2 Fragmentos de tigela, de bordos rectos e lábios revirados para o exterior e arredondados nas extremidades. Pastas compactas, de cor bege, com poucos e.n.p. e raras micas. Esmalte bem aderente, de cor amarela, aplicado apenas na superfície interior. Nº I: 42 – ‘trempe de oleiro’, de braços de secção circular e pontas fragmentadas. Pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e raras micas. Esmalte bem aderente, de cor esverdeada. Cronologia: finais de século XIX. Nº I: 115 – Fragmento de alguidar (?), de fundo ônfalo, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com poucos micas. Esmalte de cor bege escura, bem aderente na superfície interna.

1 – Fragmentos informes de cerâmica vidrada de estanho (faiança): 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente, em ambas as superfícies.

4 – Fragmento com forma de cerâmica vidrada de estanho (faiança): Nº I: 34 – Fragmento de fundo de tigela, de pé anelar, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente, em ambas as superfícies. Nº I: 35 – Fragmento de bordo de prato de lábio arredondado, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte desaparecido em ambas as superfícies. Nº I: 36 – Fragmento de bordo de prato de lábio arredondado, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente em ambas as superfícies, com decoração em motivos geométricos, em azul e manganês, na face superior. Cronologia: finais de século XVII. Centro de produção: Coimbra.

152 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Nº I: 117 – Fragmento de taça (?), de bordo recto de lábio arredondado, de pasta pouco compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, pouco aderente, em ambas as superfícies. Decoração na superfície externa, com duas riscas azuis junto ao lábio, abaixo das quais se apresentam motivos arabescos a manganês, abaixo dos quais se exibe nova risca a azul. Cronologia: finais de século XVII. Centro de produção: Coimbra.

Total parcial de fragmentos: 73

Sondagem 1 – U.E. 10 4 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 4 – Fragmentos resultantes de cozedura redutora: 3 – Fragmentos de pastas muito compactas, de cor cinza, com muitos e.n.p. e muitas micas. 1 – Fragmentos de pastas muito compactas, de cor preta, com muitos e.n.p. e muitas micas.

2 – Fragmentos com forma de cerâmica doméstica comum: 2 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: Nº I: 98 – Peça de jogo obtida a partir de um fragmento de cerâmica doméstica comum, de pasta compacta, cor laranja, com muitos e.n.p. e muitas micas (Ø = 3,5 cm; espessura ± 7 mm). Nº I: 99 – Pega de tampa de secção transversal circular, encimada por pequeno cone, de pasta compacta, cor laranja, com muitos e.n.p. e muitas micas (Ø ± 2,5 cm; comprimento = 7 mm).

2 – Fragmentos de cerâmica vidrada: 2 – Fragmentos informes de cerâmica vidrada de chumbo: 1 – Fragmento pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente, de cor amarela, em ambas as faces. 1 – Fragmento pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente, de cor verde, presente apenas na face interna.

Total parcial de fragmentos: 8

Sondagem 1 a) – U.E. 6 2 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 2 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: 2 – Fragmentos de pasta muito compacta, de cor laranja, com escassos e.n.p. e sem micas.

Total parcial de fragmentos: 2 153 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Sondagem 1 a) – U.E. 8 4 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 4 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: 3 – Fragmentos de pasta muito compacta, de cor laranja, com escassos e.n.p. e muitas micas. 1 – Fragmentos de pasta muito compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas.

Total parcial de fragmentos: 4

Sondagem 1 a) – U.E. 9 8 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 7 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e poucas micas. 4 – Fragmentos de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e muitas micas. 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor cinzenta, com poucos e.n.p. e muitas micas.

1 – Fragmento resultante de cozedura redutora: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor cinzenta, com muitos e.n.p. e muitas micas.

Total parcial de fragmentos: 8

Sondagem 1a) – U.E. 7 5 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informe: 3 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informe de cozedura oxidante: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, com poucas e.n.p. e raras micas. 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor laranja, sem e.n.p. e com muitas micas.

2 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informe de cozedura redutora: 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor cinzenta, sem e.n.p. e com muitas micas.

8 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum com forma: 4 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum com forma de cozedura oxidante: Nº I: 62 e Nº I: 63 – 2 Fragmentos de fundo plano, de pasta compacta, de cor vermelha, com muitos e.n.p. e raras micas.

154 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Nº I: 64 – Fragmento de asa de tipo ‘fita’, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com poucas micas. Nº I: 16 – Fragmento de asa tipo ‘fita’. Pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e sem micas.

4 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum com forma de cozedura redutora: Nº I: 61 – Fragmento de fundo plano, de pasta compacta, de cor cinzenta, com alguns e.n.p. e muitas micas. Nº I: 19 – Fragmento de bordo envasado, de lábio espessado para o exterior e arredondado na extremidade. Pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e poucas micas. Nº I: 17 – Fragmento de bordo ligeiramente esvasado, de lábio revirado para o exterior e arredondado na extremidade. Pasta compacta, de cor cinzenta, sem e.n.p. e sem micas. Nº I: 18 – Fragmento de bordo recto, de lábio biselado e espessado para o exterior. Pasta muito compacta, de cor cinzenta, sem e.n.p. e com algumas micas.

11 – Fragmentos de cerâmica vidrada: 6 – Fragmentos de cerâmica vidrada de chumbo informes: 1 – Fragmento de pasta muito compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor amarela, bem aderente, aplicado na superfície externa, e de cores verde e castanha, bem aderente, aplicado na superfície interna. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte pouco aderente, de cor melada, em ambas as superfícies. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor rosa, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente, de cor verde castanha, em ambas as superfícies. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bastante aderente, de cor melada na superfície interna e de cor verde na superfície externa. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bastante aderente, de cor verde, presente apenas na superfície externa. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bastante aderente, de cor verde, presente apenas na superfície interna.

5 – Fragmentos de cerâmica vidrada de chumbo com forma: Nº I: 65 – Fragmento de fundo plano, de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bastante aderente, de cor verde, presente apenas na superfície interna. Nº I: 66 – Fragmento de bordo esvasado, de lábio arredondado para o exterior, de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bastante aderente, de cor verde, presente apenas na superfície interna. Nº I: 67 – Fragmento de fundo plano, com pé saliente, de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor verde, bastante aderente, na superfície externa, e de cor verde clara, pouco aderente, na superfície interna. Nº I: 23 – Fragmento de bordo recto e de lábio arredondado para o exterior. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor verde, pouco aderente, aplicado na superfície interna.

155 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Nº I: 24 – Fragmento de bordo recto e de lábio arredondado para o exterior. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor verde, bem aderente, aplicado na superfície interna. Exibe vestígios de argamassa de cal, ao nível da superfície interna.

1 – Fragmento de cerâmica de construção: 1 – Fragmento de telha ‘lusa’, de pasta oxidante compacta, de cor vermelha, com alguns e.n.p. e raras micas.

Total parcial de fragmentos: 25

Sondagem 2 – U.E. 2 34 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 25 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: 19 – Fragmentos de pasta compacta, de cor vermelha, abundante em e.n.p. e em micas. 4 – Fragmentos de pasta compacta, de cor laranja, abundante em e.n.p. e com algumas micas. 3 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas.

9 – Fragmentos resultantes de cozedura redutora: 7 – Fragmentos de pasta compacta, de cor cinzenta, com poucos e.n.p. e poucas micas. 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor cinzenta escura, com poucos e.n.p. e muitas micas.

11 – Fragmentos com forma de cerâmica doméstica comum: 11 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: Nº I: 75 – Fragmento de bordo recto, de lábio revirado para o exterior e arredondado na extremidade. Estrangulamento abaixo do lábio, na superfície externa. Superfície interna decorada com listas espatuladas verticais. Pasta compacta, de cor vermelha, com poucos e.n.p. e bastantes micas. Nº I: 76 – Fragmento de arranque de asa, de pasta compacta, de cor laranja, abundante em e.n.p. e em micas. Nº I: 79, 80 e 81 – 3 Fragmentos de fundo plano. Pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e poucas micas. Nº I: 82 – Fragmento de bordo envasado e lábio arredondado para o exterior. Pasta compacta, de cor vermelha, com poucos e.n.p. e poucas micas. Nº I: 83 e 85 – 2 Fragmentos de fundo plano. Pasta compacta, de cor vermelha, com poucos e.n.p. e poucas micas. Nº I: 84 – Fragmento de asa de secção ovóide. Pasta compacta, de cor vermelha, com poucos e.n.p. e poucas micas. Nº I: 78 – Fragmento de bordo envasado e lábio arredondado para o exterior, com duplo estrangulamento na superfície exterior, marcando o arranque do lábio. Superfície exterior decorada

156 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

com listas espatuladas verticais. Pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e poucas micas. Nº I: 89 – Fragmento de fundo plano. Pasta compacta, de cor cinzenta clara, com poucos e.n.p. e muitas micas.

3 – Fragmentos de cerâmica vidrada: 1 – Fragmento com forma de cerâmica vidrada de chumbo: Nº I: 95 – Fragmento de alguidar de bordo recto e lábio arredondado para o exterior. Esmalte bem aderente, de cor verde, presente apenas na face interna. Pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas.

2 – Fragmento com forma de cerâmica vidrada de estanho (faiança): Nº I: 96 e 97 – 2 Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor branca, bem aderente na face externa, e de cor branca, decorada a azul na face interna.

1 – Fragmento de cerâmica de construção: 1 – Fragmento de telha ‘lusa’, de pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e poucas micas.

Total parcial de fragmentos: 49

Sondagem 2 – U.E. 3 1 – Fragmento de cerâmica vidrada: 1 – Fragmento informe de cerâmica vidrada de estanho (faiança): 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor branca pouco aderente em ambas as superfícies.

Total parcial de fragmentos: 1

Sondagem 2 – U.E. 5 1 – Fragmento informe de cerâmica doméstica comum: 1 – Fragmento resultante de cozedura oxidante: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor vermelha, abundante em e.n.p. e em micas.

1 – Fragmento com forma de cerâmica doméstica comum: 1 – Fragmento de cerâmica doméstica comum com forma de cozedura oxidante: Nº I: 143 – Fragmento de asa de secção transversal ovóide, de pasta compacta, de cor vermelha, abundante em e.n.p. e em micas.

157 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

1 – Fragmento de cerâmica de construção: 1 – Fragmento de telha ‘lusa’, de pasta compacta embora porosa, de cor bege, com muitos e.n.p. e raras micas.

Total parcial de fragmentos: 3

Sondagem 3 – U.E. 4 8 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 8 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: 6 – Fragmentos de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e poucas micas. 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas.

4 – Fragmento de cerâmica vidrada: 3 – Fragmentos informes de cerâmica vidrada de chumbo: 1 – Fragmento de pasta muito compacta, de cor bege, com alguns e.n.p. e escassas micas. Esmalte bem aderente, de cor verde, na superfície externa, que exibe igualmente decoração plástica cordada. 1 – Fragmento de pasta muito compacta, de cor bege, com alguns e.n.p. e escassas micas. Esmalte bem aderente, na superfície interna. 1 – Fragmento de pasta muito compacta, de cor bege, com alguns e.n.p. e muitas micas. Esmalte bem aderente, de cor verde, escuro na superfície interna e claro na superfície externa.

1 – Fragmento com forma de cerâmica vidrada de estanho (faiança): Nº I: 155 – Fragmento de bordo de prato, de lábio arredondado, de pasta compacta, de cor bege, com escassos e.n.p. e poucas micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as superfícies. Apresenta duas listas impressas, concêntricas e paralelas, de cor azul, uma junto ao lábio e outra ao centro do fragmento.

1 – Fragmento de cerâmica de construção: 1 – Fragmento de telha ‘lusa’, de pasta compacta porém porosa, com muitos e.n.p. e muitas micas.

Total parcial de fragmentos: 13

Sondagem 3 – U.E. 5 1 – Fragmento informe de cerâmica doméstica comum: 1 – Fragmento resultante de cozedura oxidante: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas.

158 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

1 – Fragmento com forma de cerâmica doméstica comum: 1 – Fragmento resultante de cozedura oxidante: Nº I: 68 – Fragmento de asa de secção oval. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas.

2 – Fragmentos de cerâmica vidrada: 1 – Fragmento informe de cerâmica vidrada de chumbo: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte pouco aderente, de cor verde escura, na superfície interna.

1 – Fragmento com forma de cerâmica vidrada de chumbo: Nº I: 69 – Fragmento de fundo plano, de pasta compacta de cor cinzenta clara, de esmalte bem aderente, de cor castanha na superfície externa e de cor verde na superfície interna.

Total parcial de fragmentos: 4

Sondagem 3 – U.E. 13 26 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 23 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: 2 – Fragmento de pasta compacta, de cor vermelha, com poucos e.n.p. e sem micas. 8 – Fragmento de pasta compacta, de cor vermelha, com poucos e.n.p. e algumas micas. 4 – Fragmento de pasta compacta, de cor castanha, com poucos e.n.p. e muitas micas. 2 – Fragmento de pasta compacta, de cor rosa, com raros e.n.p. e algumas micas. 7 – Fragmento de pasta compacta, de cor castanha, com poucos e.n.p. e poucas micas.

3 – Fragmentos resultantes de cozedura redutora: 3 – Fragmentos de pasta compacta, de cor cinzenta, com poucos e.n.p. e poucas micas.

6 – Fragmentos com forma de cerâmica doméstica comum: 6 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: Nº I: 136 – Fragmento de asa, de secção transversal triangular, de pasta compacta, de cor castanha, com poucos e.n.p. e muitas micas. Nº I: 137 – Fragmento de bordo recto de lábio arredondado, de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e poucas micas. Nº I: 138 – Fragmento de taça (?), de bordo recto e lábio arredondado, de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e poucas micas. Nº I: 139 – Fragmento de bordo esvasado, de lábio arredondado, de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e raras micas.

159 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Nº I: 140 – Fragmento de bordo recto de lábio revirado para o exterior, de pasta pouco compacta, de cor laranja clara, com poucos e.n.p. e poucas micas. Nº I: 141 – Fragmento de tampa, de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e muitas micas.

8 – Fragmentos de cerâmica vidrada: 2 – Fragmentos informes de cerâmica vidrada de chumbo: 1 – Fragmento de alguidar, de pasta compacta, de cor rosa, com alguns e.n.p. e algumas micas. Esmalte de cor verde, bem aderente, presente na superfície interna e apenas de forma residual na superfície externa. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, com alguns e.n.p. e algumas micas. Esmalte de cor verde, bem aderente, presente apenas na superfície interna.

4 – Fragmentos com forma de cerâmica vidrada de chumbo: Nº I: 126 – Fragmento de malga, de bordo recto e lábio arredondado, de pasta muito compacta, de cor rosa, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte melado, bem aderente, presente em ambas as superfícies. Nº I: 129 – Fragmento de alguidar, de bordo recto e lábio arredondado para o exterior, de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor amarela, bem aderente presente apenas na superfície interna. Nº I: 130 – Fragmento de alguidar, de bordo recto e lábio arredondado para o exterior, de pasta compacta, de cor rosa, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor verde clara, bem aderente presente apenas na superfície interna. Nº I: 131 – Fragmento de trempe de oleiro, de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Vestígios de esmalte de cor verde clara.

2 – Fragmentos com forma de cerâmica vidrada de estanho (faiança): Nº I: 120 – Fragmento de fundo, de pasta compacta, de cor rosa bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor branca, bem aderente em ambas as superfícies, decorado com duas listas concêntricas e paralelas a azul, entre as quais se desenvolve lista a manganês, em ‘zig-zag’. Nº I: 123 – Fragmento de tacinha (?) de bordo recto e lábio arredondado, de pasta compacta, de cor rosa clara, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, pouco aderente, em ambas as superfícies.

2 – Fragmento de cerâmica ‘chacota’: Nº I: 124 – Fragmento de alguidar, de fundo plano. Pasta compacta, de cor bege, com alguns e.n.p. e sem micas. Nº I: 142 – Fragmento de tacinha (?), de bordo recto e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas.

1 – Fragmento de cerâmica de construção: 1 – Fragmento de azulejo, de pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e sem micas, de superfície vidrada a estanho de cor branca.

160 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Total parcial de fragmentos: 43

Sondagem 3 – U.E. 7 12 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 11 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: 6 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, com alguns e.n.p. e muitas micas. 4 – Fragmentos de pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e poucas micas. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor vermelha, com poucos e.n.p. e muitas micas.

1 – Fragmento de cerâmica doméstica comum informe de cozedura redutora: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor cinzenta, com muitos e.n.p. e poucas micas.

2 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum com forma: 2 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: Nº I: 53 – Fragmento de tampa de recipiente de ir ao lume, exibindo vestígios de fuligem, de pasta compacta, de cor laranja, com muitos e.n.p. e muitas micas. Nº I: 54 – Fragmento de fundo plano de pote (?), de pasta compacta, de cor laranja, com muitos e.n.p. e poucas micas.

3 – Fragmentos de cerâmica vidrada: 2 – Fragmentos informes de cerâmica vidrada de chumbo: 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e poucas micas. Esmalte de cor castanha, bem aderente, presente apenas na superfície interna.

1 – Fragmento informe de cerâmica vidrada de estanho (faiança): 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e poucas micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as superfícies.

2 – Fragmentos de cerâmica de construção: Nº I: 55 – Fragmento de azulejo ‘azul e branco’. Pasta compacta, de cor bege, com muitos e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente. 1 – Fragmento de tijolo ‘de palmo’ fragmentado e incompleto (13 cm largura x 3 cm espessura).

Total parcial de fragmentos: 19

Sondagem 3 – U.E. 9 3 – Fragmentos com forma de cerâmica vidrada de chumbo:

161 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Nº I: 22 – Fragmento de bordo recto e de lábio espessado para o exterior. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor verde, bem aderente, aplicado em ambas as superfícies. Nº I: 25 – Fragmento de asa de secção semicircular, com duas listas biseladas verticais, na superfície externa. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor verde, bem aderente, aplicado em todas as superfícies. Nº I: 26 – Fragmento de asa tipo ‘pega’, de extremidade arredondada e secção transversal triangular. Pasta compacta, de cor rosa, com alguns e.n.p. e algumas micas. Esmalte de cor verde, bem aderente, aplicado em todas as superfícies.

Total parcial de fragmentos: 3

Sondagem 3 – U.E. 10 4 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 4 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e algumas micas. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e muitas micas. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor rosa, com alguns e.n.p. e raras micas. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor laranja, com raros e.n.p. e raras micas.

1 – Fragmento de cerâmica de construção: 1 – Fragmento de telha ‘lusa’ (?) de considerável espessura, de pasta compacta, embora porosa, de cor laranja, muitos e.n.p. e raras micas.

Total parcial de fragmentos: 5

Sondagem 3 – U.E. 11 13 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 13 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: 11 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, com raros e.n.p. e raras micas. 1 – Fragmento de pasta compacta porém porosa, de cor laranja, com alguns e.n.p. e raras micas. Nº I: 156 – Fragmento de talha, com superfície externa com decoração plástica fitiforme. Pasta compacta, de cor vermelha, com muitos e.n.p. e muitas micas. Exibia vestígios de cal na superfície interna.

1 – Fragmento com forma de cerâmica doméstica comum: 1 – Fragmento resultante de cozedura oxidante: 162 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Nº I: 144 – Fragmento de taça, de bordo ligeiramente envasado e lábio arredondado para o exterior, com estrangulamento a separá-lo do bojo. Pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e muitas micas.

13 – Fragmentos de cerâmica vidrada: 8 – Fragmentos informes de cerâmica vidrada de chumbo: 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente, de cor verde, presente apenas na superfície externa. 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente, de cor verde, presente apenas na superfície interna. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor branca, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente, de cor verde escura, na superfície externa, e de cor verde clara, na superfície interna. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente, de cor amarela, em ambas as superfícies. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente, de cor verde escura, na superfície interna. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente, de cor castanha, na superfície interna.

1 – Fragmento informe de cerâmica vidrada de estanho (faiança): 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor branca, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte branco, bem aderente em ambas as superfícies.

2 – Fragmentos com forma de cerâmica vidrada de estanho (faiança): Nº I: 146 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de fundo ônfalo. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte branco, bem aderente em ambas as superfícies. Decoração com motivos a verde e amarelo na superfície interna. Cronologia: finais do século XIX/inicio do século XX. Nº I: 149 – Fragmento de prato, de lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte branco, bem aderente em ambas as superfícies. Decoração impressa, com motivos florais e riscas concêntricas, na superfície interna. Cronologia: século XX.

2 – Fragmentos com forma de cerâmica vidrada de chumbo: Nº I: 148 – Fragmento de alguidar, de bordo recto e lábio virado para o exterior. Pasta compacta, de cor laranja escura, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente, de cor verde, na superfície interna. Nº I: 150 – Fragmento de alguidar, de bordo recto e lábio virado para o exterior. Pasta compacta, de cor rosa, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente, de cor verde, na superfície interna.

6 – Fragmentos de cerâmica de construção: 2 – Fragmentos de telha tipo ‘Marselha’, de pasta compacta, de cor bege, com alguns e.n.p. e sem micas. Vidrados a chumbo em ambas as faces, com esmalte de cor verde bem aderente. Cronologia: século XX. 1 – Fragmento de telha tipo ‘Marselha’ (?), de pasta compacta, de cor bege, com alguns e.n.p. e sem micas. Vidrados a chumbo em ambas as faces, com esmalte de cor verde bem aderente.

163 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Estampilha numa das superfícies, representando em alto-relevo uma flor estilizada e a letra ‘A’ em maiúsculo. Cronologia: século XX. 1 – Fragmento de telha tipo ‘Marselha’, de pasta compacta, de cor vermelha, com poucos e.n.p. e muitas micas. Cronologia: século XX. 1 – Fragmento de telha tipo ‘Marselha’ (?), de pasta compacta, de cor cinzenta, com poucos e.n.p. e raras micas. 1 – Fragmento de azulejo (?), de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Decoração com motivos geométricos, de cor branca, castanha e negra, ao nível da superfície superior. Cronologia: século XX.

Total parcial de fragmentos: 35

Sondagem 4 – U.E. 9 6 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 4 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: 3 – Fragmentos de pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e muitas micas. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, com raros e.n.p. e sem micas.

2 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informes de cozedura redutora: 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor cinzenta, com alguns e.n.p. e muitas micas.

2 – Fragmentos com forma de cerâmica doméstica comum: 1 – Fragmento resultante de cozedura oxidante: Nº I: 6 – Fragmento de asa de tipo ‘fita’. Pasta compacta, de cor rosa, com raros e.n.p. e muitas micas.

1 – Fragmento resultante de cozedura redutora: Nº I: 8 – Fragmento de tampa (?). Pasta compacta, de cor preta, com raros e.n.p. e muitas micas.

1 – Fragmento informe de cerâmica vidrada de chumbo: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, com muitos e.n.p. e algumas micas. Esmalte de cor verde, bem aderente, presente apenas na superfície interna.

3 – Fragmentos de cerâmica de construção: 1 – Fragmento informe de tijoleira, de pasta oxidante compacta, de cor rosa, com muitos e.n.p. e muitas micas. 1 – Fragmento de telha ‘lusa’ (?), de pasta compacta, embora porosa, de cor laranja, com raros e.n.p. e raras micas. 1 – Fragmento de telha ‘lusa’ (?), de pasta compacta, embora porosa, de cor rosa, com raros e.n.p. e raras micas.

164 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Total parcial de fragmentos: 12

Sondagem 4 – U.E. 10 11 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 7 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: 4 – Fragmentos de pasta muito compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com poucas micas. 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e raras micas. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor rosa, com alguns e.n.p. e muitas micas.

4 – Fragmentos resultantes de cozedura redutora: 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor cinzenta escura, com poucos e.n.p. e muitas micas. 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor cinzenta, com poucos e.n.p. e algumas micas.

2 – Fragmentos de cerâmica vidrada: 2 – Fragmentos com forma de cerâmica vidrada de chumbo: Nº I: 73 – Fragmento de alguidar de bordo recto, de lábio arredondado para o exterior. Pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas. Esmalte aderente, de cor castanha, ao nível da superfície externa. Nº I: 74 – Fragmento de bordo esvasado, de lábio revirado para o exterior e arredondado na extremidade. Pasta compacta, de cor bege, com alguns e.n.p. de grande dimensão e sem micas. Esmalte aderente, de cor verde clara, ao nível da superfície interna.

3 – Fragmentos de cerâmica de construção: Nº I: 70 – Fragmento de tijolo ‘de palmo’, de pasta compacta porém porosa, de cor rosa, muito abundante em e.n.p. e em micas. Espessura = 3 cm. Nº I: 71 – Fragmento de tijolo ‘de palmo’, de pasta compacta porém porosa, de cor vermelha escura, rico em e.n.p. de grandes dimensões e sem micas. Espessura = 4 cm. Nº I: 72 – Fragmento de tijolo ‘de palmo’, de pasta compacta, de cor laranja, rico em e.n.p. e em micas. Espessura = 4,5 cm.

Total parcial de fragmentos: 16

Sondagem 4 – U.E. 11 15 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 12 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: 4 – Fragmentos de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e muitas micas. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e muitas micas.

165 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

4 – Fragmentos de pasta compacta, de cor cinzenta, com alguns e.n.p. e muitas micas. 3 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, com raros e.n.p. e algumas micas.

3 – Fragmento resultante de cozedura redutora: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor cinzenta, com poucos e.n.p. e muitas micas. 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor cinzenta, com alguns e.n.p. e raras micas.

7 – Fragmentos com forma de cerâmica doméstica comum: 4 – Fragmentos resultantes de cozedura oxidante: Nº I: 1 – Fragmento de bordo esvasado de lábio plano espessado para o exterior, ligeiramente biselado no interior. Pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e raras micas. Nº I: 2 – Fragmento de bordo recto de lábio arredondado. Pasta compacta, de cor laranja, com muitos e.n.p. e muitas micas. Nº I: 4 – Fragmento de fundo plano. Pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e muitas micas. Nº I: 5 – Fragmento de asa de secção oval. Pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e muitas micas.

3 – Fragmentos resultantes de cozedura redutora: Nº I: 7 – Fragmento de bordo esvasado de lábio biselado para o exterior. Pasta compacta, de cor cinzenta, com raros e.n.p. e muitas micas. Nº I: 9 – Fragmento de bordo envasado de lábio biselado para o exterior. Pasta compacta, de cor cinzenta, com raros e.n.p. e raras micas. Nº I: 10 – Fragmento de bordo esvasado de lábio revirado para o exterior. Pasta compacta, de cor cinzenta, com raros e.n.p. e muitas micas.

1 – Fragmento de cerâmica de construção: 1 – Fragmento de telha ‘lusa’, de pasta oxidante compacta, de cor rosa, com alguns e.n.p. e algumas micas.

Total parcial de fragmentos: 23

9.2.4. Materiais recolhidos no decurso do acompanhamento arqueológico

LCG – U.E. 2 3 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informe: 3 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informe de cozedura oxidante: 2 – Fragmentos de pastas muito compactas, de cor bege, sem e.n.p. e com muitas micas.

166 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

1 – Fragmento de pasta muito compacta, de cor vermelha, com poucos e.n.p. e muitas micas. Exibe pintura a verde, branco, amarelo e negro, ao nível da superfície externa.

1 – Fragmento de cerâmica vidrada: 1 – Fragmento de cerâmica vidrada de estanho (faiança) com forma: Nº I: 3: Fragmento de lábio arredondado. Pasta muito compacta, de cor branca, sem e.n.p. e sem micas. Exibe risca a azul, paralela à extremidade do lábio, ao nível da superfície externa.

Total parcial de fragmentos: 4

LCG – U.E. 3 4 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informes: 4 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informes de cozedura oxidante: 4 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e raras micas.

2 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum com forma: 2 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum com forma de cozedura oxidante: Nº I: 111 – Fragmento de bordo esvasado, de lábio espessado para o exterior. Pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e raras micas. Nº I: 113 – Fragmento de fundo de talha, fragmentado ao nível do pé. Pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e poucas micas. Decoração incisa ao nível da superfície exterior.

1 – Fragmento de cerâmica doméstica comum com forma de cozedura redutora: Nº I: 112 – Fragmento de fundo plano. Pasta compacta, de cor cinzenta, com muitos e.n.p. e muitas micas.

1 – Fragmento de cerâmica vidrada: 1 – Fragmento de cerâmica vidrada de chumbo com forma: Nº I: 114 – Fragmento de fundo plano, de pasta compacta porém porosa, de cor bege, com poucos e.n.p. e poucas micas. Esmalte bastante aderente, de cor verde e amarela, ao nível da superfície interna, e pouco aderente, de cor amarela, ao nível da superfície externa.

1 – Fragmento de cerâmica de construção: 1 – Fragmento de telha ‘lusa’, de pasta compacta embora porosa, de cor bege, com poucos e.n.p. e muitas micas.

Total parcial de fragmentos: 8

LCG – U.E. 4 167 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

3 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informes: 3 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informes de cozedura oxidante: 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e algumas micas. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e poucas micas.

4 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum com forma: 4 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum com forma de cozedura oxidante: Nº I: 57 – Fragmento de bordo esvasado, de lábio arredondado. Pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e poucas micas. Superfície labial espatulada com listas horizontais. Nº I: 58 – Fragmento de bordo recto, de lábio espessado. Pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e poucas micas. Nº I: 60 – Fragmento de bordo esvasado, de lábio biselado para o exterior. Pasta compacta, de cor vermelha escura, com muitos e.n.p. e poucas micas. Superfície labial espatulada com listas horizontais. Nº I: 151 – Peça de jogo obtida a partir de telha. Formato circular (Ø ± 4 cm, espessura ± 1 cm). Pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e poucas micas.

Total parcial de fragmentos: 7

LCG – U.E. 6 1 – Fragmento de cerâmica doméstica comum informe: 1 – Fragmento de cerâmica doméstica comum informe de cozedura oxidante: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e bastantes micas.

1 – Fragmento de cerâmica de construção: 1 – Fragmento de tijolo ‘de palmo’ (?), muito rolado, de pasta compacta, de cor laranja, com muitos e.n.p. e raras micas. Exibe vestígios de argamassa em apenas uma das suas faces.

Total parcial de fragmentos: 2

LCG – U.E. 7 2 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informe: 2 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informe de cozedura oxidante: 2 – Fragmentos de pastas pouco compactas, de cor laranja, com escassos e.n.p. e com muitas micas.

4 – Fragmentos de cerâmica vidrada: 168 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

3 – Fragmento de cerâmica vidrada de chumbo informe: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor melada, bem aderente, ao nível da superfície interna. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com algumas micas. Esmalte de cor amarela, bem aderente, ao nível da superfície interna e de forma residual na superfície externa. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte bem aderente de cor amarela na superfície interna e de cor verde na superfície externa.

2 – Fragmento de cerâmica vidrada de estanho (faiança) com forma: Nº I: 116 – Fragmento de taça (?), de bordo recto de lábio arredondado, de pasta pouco compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, pouco aderente, em ambas as superfícies. Decoração na superfície externa, com duas riscas azuis junto ao lábio, abaixo das quais se apresentam motivos arabescos a manganês, abaixo dos quais se exibe nova risca a azul. Nº I: 122 – Fragmento de bordo de lábio arredondado, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, pouco aderente, ao nível da superfície externa, e aderente na superfície interna, onde exibe decoração, com motivos geométricos, a azul e manganês. Cronologia: finais de século XVII. Centro de produção: Coimbra.

Total parcial de fragmentos: 7

LCG – U.E. 12 5 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informe: 3 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informes de cozedura oxidante: 3 – Fragmentos de pastas compactas, de cor laranja, com alguns e.n.p. e muitas micas.

2 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informes de cozedura redutora: 2 – Fragmentos de pastas compactas, de cor cinzenta clara, com alguns e.n.p. e muitas micas.

1 – Fragmento de cerâmica vidrada: 1 – Fragmentos de cerâmica vidrada de chumbo informes: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e raras micas. Vestígios de esmalte de cor verde, pouco aderente, em ambas as faces.

Total parcial de fragmentos: 6

LCG – U.E. 13 2 – Fragmentos de cerâmica de construção:

169 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

2 – Fragmentos de telha ‘lusa’, de pasta compacta embora porosa, de cor rosa, com muitos e.n.p. e poucas micas.

Total parcial de fragmentos: 2

LCG – U.E. 17 4 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informes: 3 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informes de cozedura oxidante: 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e poucas micas. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e poucas micas. Exibe decoração incisa, com listas horizontais concêntricas.

1 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informes de cozedura redutora: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor cinzenta, com poucos e.n.p. e poucas micas.

1 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum com forma: 1 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum com forma de cozedura redutora: Nº I: 59 – Fragmento de fundo plano, de pasta compacta, de cor cinzenta, com poucos e.n.p. e muitas micas.

Total parcial de fragmentos: 5

LCG – U.E. 18 14 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informe: 8 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informes de cozedura oxidante: 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor rosa, com raros e.n.p. e muitas micas. 3 – Fragmentos de pasta compacta, de cor laranja, com raros e.n.p. e muitas micas. 3 – Fragmentos de pasta compacta, de cor cinzenta, com raros e.n.p. e muitas micas.

6 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informes de cozedura redutora: 6 – Fragmentos de pasta compacta, de cor cinzenta, com poucos e.n.p. e muitas micas.

6 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum com forma: 6 – Fragmento de cerâmica doméstica comum com forma de cozedura oxidante: Nº I: 103 – Fragmento de talha, de bordo recto, de lábio arredondado para o exterior. Pasta compacta embora porosa, de cor bege, com alguns e.n.p. e raras micas.

170 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Nº I: 104 – Fragmento de fundo plano, de pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e muitas micas. Nº I: 107 – Fragmento de asa de tipo ‘fita’ (?), de pasta compacta porém porosa, de cor laranja, com alguns e.n.p. e muitas micas. Nº I: 108 – Fragmento de asa de secção oval, de pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e muitas micas. Nº I: 109 – Fragmento de asa de tipo ‘fita’, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com raras micas. Nº I: 110 – Fragmento de bordo recto de lábio arredondado, com arranque, junto ao lábio, de asa de secção oval (?). Pasta compacta, de cor laranja, com alguns e.n.p. e muitas micas.

2 – Fragmentos de cerâmica de construção: 2 – Fragmentos de telha tipo ‘lusa’, de pasta compacta porém porosa, de cor laranja, com muitos e.n.p. e muitas micas.

Total parcial de fragmentos: 22

CNE – U.E. 7b) 2 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informe: 1 – Fragmento de cerâmica doméstica comum informe de cozedura oxidante: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor rosa, com raros e.n.p. e raras micas. Exibe vestígios de argamassa em ambas as faces, resultantes da sua integração na ‘Construção Nordeste’.

1 – Fragmento de cerâmica doméstica comum informe de cozedura redutora: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor cinzenta, com poucos e.n.p. e poucas micas.

1 – Fragmento de cerâmica doméstica comum com forma: 1 – Fragmento de cerâmica doméstica comum com forma de cozedura oxidante: Nº I: 118 – Fragmento de bordo recto e lábio arredondado para o exterior, de pasta compacta porém porosa, de cor vermelha, com poucos e.n.p. e poucas micas. Integrado no aparelho da ‘Construção Noroeste’.

10 – Fragmentos de cerâmica vidrada: 5 – Fragmentos de cerâmica vidrada de chumbo informes: 2 – Fragmentos de alguidar, de pastas compactas, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor verde, bem aderente, presente apenas na superfície interna. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor verde, bem aderente na superfície externa, e de cor amarela, pouco aderente na superfície interna. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor amarela, com manchas verdes, bem aderente na superfície interna, e com vestígios de esmalte de cor amarela na superfície externa.

171 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor verde, marcado por bolhas, aderente, presente apenas na superfície interna.

3 – Fragmentos de cerâmica vidrada de chumbo com forma: Nº I: 133 – Fragmento de alguidar, de bordo recto de lábio arredondado para o exterior, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor verde, bem aderente, presente apenas na superfície interna. Nº I: 135 – 2 Fragmentos de fundo com pé anelar, de pastas compactas, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor amarela, pouco aderente, em ambas as superfícies. Pertencem ambos à mesma peça, embora não colem totalmente.

1 – Fragmento de cerâmica vidrada de estanho (faiança) informe: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor branca, pouco aderente, presente apenas na superfície externa.

1 – Fragmento de cerâmica vidrada de estanho (faiança) com forma: Nº I: 120 – Fragmento de fundo, fragmentado ao nível do pé, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, pouco aderente, ao nível da superfície externa, e muito aderente na superfície interna, onde exibe duas listas concêntricas e paralelas, de cor azul.

Total parcial de fragmentos: 13

CAA – U.E. 3 3 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informe: 2 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informe de cozedura oxidante: 2 – Fragmentos de pasta muito compacta, de cor bege, com poucos e.n.p. e sem micas.

1 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informe de cozedura redutora: 1 – Fragmento de pasta muito compacta, de cor cinzenta, sem e.n.p. e sem micas.

3 – Fragmentos de cerâmica vidrada: 1 – Fragmento de cerâmica vidrada de chumbo com forma: Nº I: 15 – Fragmento de bordo esvasado, de lábio revirado para o exterior e arredondado na extremidade. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte muito aderente, de cor verde, presente apenas na superfície interna.

1 – Fragmento de cerâmica vidrada de estanho (faiança) informe: Nº I: 12 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor branca, muito aderente, presente em ambas as superfícies. Exibe decoração estampilhada, de cor azul, ao nível da superfície interna. Cronologia: Época Contemporânea.

1 – Fragmento de cerâmica vidrada de estanho (faiança) com forma:

172 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Nº I: 14 – Fragmento tigela, de fundo com pé anelar pouco saliente. Pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor branca, muito aderente, presente em ambas as superfícies. Exibe decoração com lista concêntrica a azul, no fundo da superfície interna.

Total parcial de fragmentos: 6

CC 1 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum informe: 1 – Fragmento de cerâmica doméstica comum informe de cozedura oxidante: Nº I: 102 – Fragmento com arranque de asa tipo ‘fita’, de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e raras micas. Integrado no aparelho da ‘Construção Central’.

2 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum com forma: 1 – Fragmento de cerâmica doméstica comum com forma de cozedura oxidante: Nº I: 154 – Fragmento de talha (?), de bordo esvasado, de lábio espessado para o exterior e aplanado na extremidade, de pasta compacta, de cor laranja, com muitos e.n.p. e muitas micas. Exibe decoração plástica, obtida através da aplicação de um cordão horizontal. Possui vestígios de argamassa ao nível da superfície interna e lábio, resultantes da sua integração no aparelho da ‘Construção Central’.

1 – Fragmento de cerâmica doméstica comum com forma de cozedura redutora: Nº I: 101 – Fragmento de bordo recto e lábio espessado para o exterior, de pasta compacta, de cor cinzenta clara, com alguns e.n.p. e raras micas. Integrado no aparelho da ‘Construção Noroeste’.

Total parcial de fragmentos: 3 LCG2 – U.E. 6 4 – Fragmentos com forma de cerâmica doméstica comum: 1 – Fragmento resultante de cozedura oxidante: Nº I: 94 – Fragmento de asa tipo ‘fita’. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas.

3 – Fragmentos resultantes de cozedura redutora: Nº I: 90 – 3 Fragmentos de fundo plano. Pasta compacta, de cor cinzenta clara, com poucos e.n.p. e muitas micas. Nº I: 91 e 93 – 2 Fragmentos de asa tipo ‘fita’. Pasta compacta, de cor cinzenta clara, com poucos e.n.p. e muitas micas.

Total parcial de fragmentos: 4

173 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

LCG2 – U.E. 7: 4 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum com forma: 4 – Fragmentos de cerâmica doméstica comum com forma de cozedura oxidante: Nº I: 86 – Fragmento de bordo recto de lábio arredondado para o exterior. Pasta compacta, de cor cinzenta clara, com poucos e.n.p. e muitas micas. Nº I: 87 – Fragmento de bordo envasado de lábio em aba. Pasta compacta, de cor cinzenta clara, com poucos e.n.p. e muitas micas. Nº I: 88 – Fragmento de fundo plano. Pasta compacta, de cor cinzenta clara, com poucos e.n.p. e muitas micas. Nº I: 92 – Fragmento de asa tipo ‘fita’. Pasta compacta, de cor cinzenta clara, com poucos e.n.p. e muitas micas.

Total parcial de fragmentos: 4

LCG2 – U.E. 8 65 – Fragmentos de cerâmica vidrada: 10 – Fragmentos de cerâmica vidrada de chumbo informes: 2 – Fragmentos de alguidar, de pastas compactas, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor verde, bem aderente, presente apenas na superfície interna. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor verde, bem aderente na superfície externa, e de cor amarela, bem aderente na superfície interna. 3 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor amarela, bem aderente em ambas as superfícies interna e externa. 2 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor amarela, bem aderente, presente apenas na superfície interna. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor cinzenta, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor castanha, bem aderente na superfície interna, e de cor castanha presente de forma rsidual na superfície externa. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor cinzenta, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor verde, bem aderente, presente apenas na superfície interna.

8 – Fragmentos de cerâmica vidrada de chumbo com forma: NºI: 157 – Fragmento de fundo plano, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor amarela, bem aderente, presente apenas na superfície interna. NºI: 167 – Fragmento de fundo ligeiramente ônfalo, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor amarela, bem aderente, presente apenas na superfície interna, exibindo manchas decorativas a castanho e a verde, também na superfície interna.

174 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

NºI: 181 – Fragmento de lábio aplanado, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor amarela com manchas de cor castanha, bem aderente, presente apenas na superfície interna, exibindo patina arrosada, ao nível da superfície externa. NºI: 183 – Fragmento de fundo ligeiramente ônfalo, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor amarela, aderente, presente apenas na superfície interna, exibindo patina amarelada, ao nível da superfície externa. NºI: 195 – Fragmento de bordo esvasado de lábio arredondado, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor amarela com manchas listadas de cor castanha, bem aderente, presente apenas na superfície interna, exibindo patina avermelhada, ao nível da superfície externa. NºI: 196 – Fragmento de bordo esvasado de lábio revirado para o exterior, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor amarela, bem aderente, presente em ambas as superfícies. Exibe manchas decorativas a castanho e a verde, ao nível do lábio e da superfície externa. NºI: 192 e 203 – 2 Fragmentos de bordo recto de lábio espessado para o exterior, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor verde-clara com manchas de cor verde-escura, bem aderente, presente apenas na superfície interna e ao nível do lábio. Pertencem à mesma peça.

34 – Fragmento de cerâmica vidrada de estanho (faiança) informe: 8 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor branca, muito aderente, presente em ambas as superfícies. 4 – Fragmentos de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor branca, pouco aderente em ambas as superfícies. 1 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, muito aderente na superfície externa, e de cor verde pouco aderente na superfície interna. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor branca, bem aderente na superfície externa e de cor branca com risca azul, bem aderente na superfície interna. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor branca, bem aderente na superfície externa e de cor branca com risca castanha, bem aderente na superfície interna. 1 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, muito aderente na superfície externa, e de cores amarela e castanha, muito aderente na superfície interna. 1 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor branca, muito aderente na superfície externa, e de cores verde e castanha, muito aderente na superfície interna. Cronologia de fabrico: segunda metade do século XIX. NºI: 125 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’ (?), de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Exibia falhas ao nível do vidrado, aparentemente adulterado durante o processo de cozedura, sendo o esmalte de cor cinzenta, por vezes muito escuro, em ambas as superfícies, e a decoração, ao nível da superfície interna, com pigmentos azuis e vermelhos, aparentemente também adulterados durante o processo de cozedura.

175 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

NºI: 128 – Fragmento de bordo esvasado e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor branca, bem aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração ao nível da superfície interna, com duas riscas concêntricas a castanho, a inferior a separar o lábio do bordo e a superior a marcar a extremidade do lábio, entre as quais se desenvolvem riscas perpendiculares espaçadas cerca de 1 cm umas das outras. NºI: 132 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com lista em zig-zag verde acima de risca castanha, ambas concêntricas e ao nível da superfície interna. Cronologia de fabrico: segunda metade do século XIX. NºI: 134 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de bordo recto e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com lista em zig-zag verde abaixo de risca castanha, ambas concêntricas e ao nível da superfície interna. Cronologia de fabrico: segunda metade do século XIX. NºI: 145 – Fragmento de bordo esvasado e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor branca, bem aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração ao nível da superfície interna, com duas riscas concêntricas a castanho, a separar o lábio do bordo. NºI: 153 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de bordo esvasado e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Exibia falhas ao nível da aplicação do esmalte, aparentemente provocadas durante o processo de cozedura, tendo o esmalte resultado numa cor cinzenta, por vezes muito escuro, em ambas as superfícies, e a decoração resultado muito esbatida ao nível da superfície interna, com lista em zig-zag castanha entre riscas concêntricas a azul. Cronologia de fabrico: século XVIII-XIX. NºI: 153 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de bordo esvasado e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Exibia falhas ao nível da aplicação do esmalte, aparentemente provocadas durante o processo de cozedura, tendo o esmalte resultado numa cor cinzenta, por vezes muito escuro, em ambas as superfícies, e a decoração resultado muito esbatida ao nível da superfície interna, com lista em zig-zag castanha entre riscas concêntricas a azul. Cronologia de fabrico: século XVIII-XIX. NºI: 158 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com pigmentos verdes, amarelos e castanhos ao nível da superfície interna. Cronologia de fabrico: segunda metade do século XIX. NºI: 161 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, com bordo esvasado e lábio saliente para o exterior e arredondado na extremidade. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração, ao nível da superfície interna, com lista castanha concêntrica a separar o lábio do bordo, abaixo da qual se desenvolvem motivos com pigmentos castanhos, verdes e amarelos. Cronologia de fabrico: segunda metade do século XIX. NºI: 165 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, pouco aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração, ao nível da superfície interna, com lista castanha em zig-zag, assim como vestígios de pigmentos amarelos. NºI: 172 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de bordo esvasado e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as

176 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

superfícies, exibindo decoração ao nível da superfície interna, com lista em zig-zag castanha entre riscas concêntricas a azul. Cronologia de fabrico: século XVIII-XIX. NºI: 174 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com pigmentos verdes e castanhos ao nível da superfície interna. Cronologia de fabrico: segunda metade do século XIX. NºI: 176 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com pigmentos verdes e castanhos ao nível da superfície interna. Cronologia de fabrico: segunda metade do século XIX. NºI: 189 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com pigmentos verdes e castanhos ao nível da superfície interna. Cronologia de fabrico: segunda metade do século XIX. NºI: 191 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de bordo recto e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração ao nível da superfície interna, com lista em zig-zag castanha entre riscas concêntricas a azul. Cronologia de fabrico: século XVIII-XIX. NºI: 194 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com pigmentos verdes e castanhos ao nível da superfície interna. Cronologia de fabrico: segunda metade do século XIX. NºI: 200 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com pigmentos verdes e castanhos ao nível da superfície interna. Cronologia de fabrico: segunda metade do século XIX.

13 – Fragmento de cerâmica vidrada de estanho (faiança) com forma: NºI: 20 – Fragmento de fundo de loiça ‘ratinhos’, com pé anelar, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com pigmentos verdes e amarelos ao nível da superfície interna. NºI: 37 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de fundo ônfalo, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, pouco aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com pigmentos verdes e castanhos ao nível da superfície interna, formando motivos vegetalistas. Cronologia de fabrico: segunda metade do século XIX. NºI: 127 – Fragmento de fundo ônfalo, de pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com riscas concêntricas, de cores azul e castanha, aplicadas ao nível da base, assim como da parede da superfície interna. NºI: 160 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de fundo ônfalo, de pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as superfícies. Exibe decoração com pigmentos verdes, amarelos e castanhos ao nível da superfície interna, formando motivos vegetalistas e riscas concêntricas. Cronologia de fabrico: segunda metade do século XIX. NºI: 162 – Fragmento de fundo ônfalo, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com risca concêntrica, de cor azul, aplicada ao nível da base da superfície interna.

177 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

NºI: 163 – Fragmento de fundo ônfalo, de pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as superfícies. NºI: 167 – Fragmento de fundo ônfalo, de pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com riscas concêntricas, de cor castanha, aplicadas ao nível da base, assim como da parede da superfície interna. NºI: 173 – Fragmento de tacinha de loiça ‘ratinhos’, com pé anelar, bordo ligeirmanete esvasado e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as superfícies. Exibe decoração ao nível da superfície interna, constituída por duas listas concêntricas e paralelas ao lábio, de cor castanha, entre as quais se desenvolve uma linha em zig-zag de cor verde. Cronologia de fabrico: segunda metade do século XIX. NºI: 175 – Fragmento de fundo com pé anelar, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, por vezes melado, bem aderente, presente em ambas as superfícies. NºI: 177 – Fragmento de fundo ônfalo, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com risca concêntrica, de cor azul, aplicada ao nível da base da superfície interna. NºI: 178 – Fragmento de fundo ônfalo, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, por vezes dourada, bem aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com risca concêntrica, de cor azul, aplicada ao nível da base da superfície interna. NºI: 185 – Fragmento de fundo ônfalo, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com risca concêntrica, de cor castanha, aplicada ao nível da base da superfície interna. NºI: 198 – Fragmento de loiça ‘ratinhos’, de fundo ônfalo, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor bege, bem aderente, presente em ambas as superfícies, exibindo decoração com pigmentos verdes ao nível da superfície interna, formando motivos vegetalistas. Apresenta falhas ao nível da técnica de vidragem. Cronologia de fabrico: segunda metade do século XIX.

25 – Fragmentos de cerâmica ‘chacota’: 7 – Fragmentos de cerâmica ‘chacota’ informes: 7 – Fragmentos de pastas compactas, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas.

18 – Fragmentos de cerâmica ‘chacota’ com forma: NºI: 13 – Fragmento de taça (?) de fundo ônfalo, de pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e com muitas micas. NºI: 152 – Fragmento de bordo recto e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p e sem micas. NºI: 159 – Fragmento de taça de fundo com pé anelar, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. NºI: 164 – Fragmento de taça (?) de fundo ônfalo, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas.

178 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

NºI: 168 – Fragmento de fundo com pé anelar, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. NºI: 169 – Fragmento de taça de fundo ônfalo, de pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e com muitas micas. NºI: 170 – Fragmento de prato de bordo esvasado e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p e com algumas micas. NºI: 179 – Fragmento de taça de bordo esvasado e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p e com algumas micas. NºI: 180 – Fragmento de taça de fundo com pé anelar, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. NºI: 184 – Fragmento de bordo esvasado e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p e com algumas micas. NºI: 186 – Fragmento de taça de fundo com pé anelar, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. NºI: 187 – Fragmento de bordo esvasado e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p e com algumas micas. NºI: 190 – Fragmento de bordo recto e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p e sem micas. NºI: 193 – Fragmento de bordo recto e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p e sem micas. NºI: 197 – Fragmento de bordo recto e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p e sem micas. NºI: 199 – Fragmento de taça de fundo com pé anelar, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com raras micas. NºI: 201 – Fragmento de fundo com pé anelar, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. NºI: 202 – Fragmento de bordo esvasado e lábio arredondado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p e com algumas micas.

14 – Utensílios de olaria: 13 – Fragmentos de ‘trempes’ de oleiro: NºI: 21 – Fragmento de ‘trempes’ de oleiro, de corpo achatado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com raras micas. Cronologia: século XVIII-XIX. NºI: 171 – ‘Trempes’ de oleiro, de corpo achatado, fragmentada ao nível de duas extremidades. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com raras micas. Cronologia: século XVIII-XIX. NºI: 182 – ‘Trempes’ de oleiro, de corpo achatado, fragmentada ao nível de duas extremidades. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com raras micas. Cronologia: século XVIII-XIX. NºI: 188 – Fragmento de ‘trempes’ de oleiro, de corpo achatado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com raras micas. Cronologia: século XVIII-XIX. NºI: 204 – ‘Trempes’ de oleiro, de corpo achatado, fragmentada ao nível de duas extremidades. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com raras micas. Cronologia: século XVIII-XIX.

179 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

NºI: 205 – Fragmento de ‘trempes’ de oleiro, de corpo achatado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com raras micas. Cronologia: século XVIII-XIX. NºI: 206 – ‘Trempes’ de oleiro, de corpo achatado, fragmentada ao nível das três extremidades. Pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e com raras micas. Exibia uma superfície revestida a esmalte vidrado a chumbo de cor verde. Cronologia: século XVIII-XIX. NºI: 207 – ‘Trempes’ de oleiro, de corpo achatado, fragmentada ao nível de duas extremidades. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com raras micas. Cronologia: século XVIII-XIX. NºI: 208 – ‘Trempes’ de oleiro, de corpo achatado, fragmentada ao nível de duas extremidades. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com raras micas. Exibia vestígios de esmalte vidrado a chumbo de cor verde. Cronologia: século XVIII-XIX. NºI: 209 – ‘Trempes’ de oleiro, de corpo achatado, fragmentada ao nível de uma extremidade. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com raras micas. Exibia as superfícies enrugadas. Cronologia: século XVIII-XIX. NºI: 210 – ‘Trempes’ de oleiro, de corpo achatado, fragmentada ao nível das três extremidades. Pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e com raras micas. Cronologia: século XVIII-XIX. NºI: 211 – Fragmento de ‘trempes’ de oleiro, de corpo achatado. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com raras micas. Cronologia: século XVIII-XIX. NºI: 212 – ‘Trempes’ de oleiro, de corpo achatado, fragmentada ao nível de uma extremidade. Pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e com raras micas. Cronologia: século XVIII-XIX.

1 – Fragmento de ‘cilindro’ de oleiro: NºI: 166 – Fragmento de ‘cilindro’ de oleiro, um utensílio cilíndrico de paredes perfuradas, destinado à sustentação de peças durante a imersão em pasta de vidrado. Exibe bordo aplanado e ligeiramente biselado para o exterior, e parede com perfuração triangular, destinada a albergar trave para a sustentação das peças a imergir. Pasta compacta, de cor rosa, sem e.n.p. e sem micas.

Total parcial de fragmentos: 104

LCG2 – U.E. 10 3 – Fragmentos informes de cerâmica doméstica comum: 1 – Fragmento resultante de cozedura oxidante: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e muitas micas.

2 – Fragmentos resultantes de cozedura redutora: 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor cinzenta, com alguns e.n.p. e muitas micas. 1 – Fragmento de pasta compacta, de cor cinzenta, com alguns e.n.p. e poucas micas.

1 – Fragmento com forma de cerâmica doméstica comum: 1 – Fragmento resultante de cozedura oxidante:

180 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

N.I: 160 – Fragmento de fundo plano, de pasta compacta, de cor laranja, com poucos e.n.p. e muitas micas.

1 – Fragmento de cerâmica vidrada: 1 – Fragmento com forma de cerâmica vidrada de estanho (faiança): N.I: 161 – Fragmento taça (?) de fundo de pé anelar, de pasta compacta, de cor bege, sem e.n.p. e sem micas. Esmalte de cor branca pouco aderente em ambas as superfícies. Exibe vestígios de duas riscas castanhas e concêntricas na superfície interna.

1 – Fragmento de cerâmica de construção: 1 – Fragmento de telha ‘lusa’, de pasta oxidante compacta, de cor rosa, com alguns e.n.p. e raras micas.

Total parcial de fragmentos: 6 Total de fragmentos cerâmicos: 590

9.3. Inventário de outros materiais

9.3.1. Materiais exumados de sondagens arqueológicas

Vidros:

Sondagem 1a) – U.E. 7 1 – Fragmento de vidro informe: 1 – Fragmento transparente e incolor, com bolhas de ar inclusas nas paredes e patina em ambas as superfícies interna e externa.

Sondagem 1a) – U.E. 8 1 – Fragmento de vidro informe: 1 – Fragmento transparente e incolor, com bolhas de ar inclusas nas paredes e patina em ambas as superfícies interna e externa.

Sondagem 2 – U.E. 1 181 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

1 – Fragmento de vidro com forma: Nº I: 100 – Fragmento de bordo esvasado de lábio arredondado para o exterior, transparente e incolor, sem patina e sem inclusão de bolhas.

Sondagem 3 – U.E. 7 1 – Fragmento de vidro com forma: Nº I: 56 – 1 copo fragmentado, com decoração chanfrada (originando secção transversal hexagonal). Transparente e incolor, com bolhas de ar inclusas nas paredes e patina em ambas as superfícies interna e externa.

Sondagem 4 – U.E. 9 1 – Fragmento transparente e incolor, sem bolhas de ar inclusas nas paredes e com alguma patina.

Total parcial de fragmentos de vidro: 5

Metais:

Sondagem 1 – U.E. 4 1 – Fragmento de ‘chapa’ de chumbo, com formato aproximadamente quadrangular (7 x 8 cm), com cerca de 2 mm de espessura.

Sondagem 1 – U.E. 9 14 – Fragmentos de escória de chumbo.

Sondagem 1a) – U.E. 7 1 – Prego de forja em ferro, bastante oxidado (aproximadamente 11 cm de comprimento). 1 – Fina ‘chapa’ em ferro, bastante oxidada (aproximadamente 11 cm de comprimento e 2 cm de largura).

Sondagem 1a) – U.E. 8 3 – Fragmentos de escória de chumbo. 1 – Fragmento de escória de ferro.

182 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Sondagem 2 – U.E. 2 2 – Fragmentos de ‘chapa’ em ferro, bastante oxidados, com cerca de 2 mm de espessura e 3 cm de largura.

Sondagem 3 – U.E. 11 3 – Pregos (?) de forja em ferro, bastante oxidados.

Total parcial de espólio de metal: 25

Fauna avícola:

Sondagem 4 – U.E. 9 1 – Fragmento de osso de ave (?).

Fauna mamalógica:

Sondagem 1 – U.E. 8 2 – Fragmentos de presas de javali. 10 – Fragmentos de osso de mamíferos de espécies não identificadas.

Sondagem 1a) – U.E. 7 3 – Fragmentos de osso de mamíferos de espécies não identificadas.

Sondagem 2 – U.E. 2 12 – Fragmentos de osso de mamíferos de espécies não identificadas.

Sondagem 2 – U.E. 5 3 – Fragmentos de osso de mamíferos de espécies não identificadas.

Sondagem 3 – U.E. 4 2 – Fragmentos de osso de mamífero de espécie não identificada.

183 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Sondagem 3 – U.E. 5 1 – Fragmento de osso de mamífero de espécie não identificada.

Sondagem 3 – U.E. 11 3 – Fragmentos de osso de mamíferos de espécies não identificadas.

Fauna malacológica:

Sondagem 1 a) – U.E. 7 2 – Fragmentos de concha de Cerastoderma edule.

Total de espólio de fauna: 39

9.3.2. Materiais recolhidos no decurso do acompanhamento arqueológico

Vidros:

LCG – U.E. 12 1 – Fragmento informe, transparente e incolor, com bolhas de ar inclusas nas paredes e patina em ambas as superfícies interna e externa.

LCG – U.E. 2 1 – Fragmento transparente e incolor, sem bolhas de ar inclusas nas paredes e sem patina.

Total parcial de fragmentos de vidro: 2 Metais:

LCG – U.E. 6 1 – Fina ‘chapa’ em ferro, bastante oxidada.

184 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

LCG – U.E. 8 3 – Fragmentos de ferro informes, bastante oxidados.

CNE – U.E. 7b 2 – Fragmentos de ferro informes, bastante oxidados.

Total parcial de espólio de metal: 6

Total de fragmentos de vidro: 7 Total de espólio de metal: 31

185 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo da presente intervenção arqueológica foram recolhidos elementos que vieram contribuir para o enriquecimento dos conhecimentos de que dispúnhamos acerca desta área da cidade de Leiria, conhecida por Arrabalde da Ponte. Com efeito, apurámos ter a área afecta à obra sido sucessivamente ocupada desde a Época Medieval até à actualidade. Algumas estruturas, como o conjunto formado pelo ‘Muro Oeste’ e a ‘Arcaria’, como a ‘Construção Nordeste’ ou como a ‘Construção Este’, revelaram indícios de um reaproveitamento de estruturas medievais, que, perante os efeitos de cheias e consequente subida do nível de circulação, foram reestruturadas e integradas em edifícios de cronologias moderna e contemporânea, um deles, sustentado pela ‘Arcaria’, perfeitamente adaptado às consequências torrenciais do Lis. É certo que as estruturas detectadas só por si pouco nos revelam dos hábitos quotidianos ou da cultura daqueles que habitaram esta área em épocas anteriores. Contudo, alguns dados recolhidos denunciam, por exemplo, actividades económicas industriais. Em Época Medieval/Época Moderna (limites cronológicos que não pudemos estreitar mais) poderá ter funcionado nas imediações da área em causa uma fundição de chumbo, como testemunha a enorme quantidade de escória deste material, detectada na secção Noroeste da propriedade. Por outro lado, durante a segunda metade do século XIX, poderá ter igualmente funcionado ali perto alguma olaria, não obstante o bairro das olarias ser tradicionalmente localizado no bairro de Santo Estêvão, a Sul do castelo (CRISTINO, 1983, p. 192 a 196). A existência de uma olaria nas imediações da área ora visada é denunciada pelos materiais detectados no sector Sudeste da mesma. Algumas das tipologias ali detectadas eram até ao presente tidas como tendo Coimbra por exclusivo centro produtor, como sejam as peças decoradas com listas a azul e motivos geométricos a manganês. O facto de algumas exibirem claros indícios de experimentação ao nível da técnica de vidragem prova terem sido produzidas localmente, excluindo a possibilidade de resultarem de transacções comerciais. Ausentes dos elementos observados no decurso desta intervenção arqueológica parecem ter estado os vestígios da igreja de São Tiago. 186 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Este edifício religioso, intencionalmente demolido a partir de 1811, localizava-se no Arrabalde da Ponte e, segundo a planta da cidade de 1809, relativamente próximo da área em causa. Não obstante, não foram detectadas estruturas que possam ser atribuídas a este templo, ainda que tenhamos atingido níveis claramente medievais. Nem mesmo o conjunto formado pela ‘Construção Noroeste’ e ‘Construção Central’, claramente edificado em Época Medieval e abandonado em Época Moderna, poderá corresponder à igreja de São Tiago, dado que se desenvolve no sentido perpendicular à designada orientação canónica, mas também porque foi construído segundo uma escala mais utilizada em edifícios civis (5 varas). Não obstante, a robustez e as dimensões apreciáveis com que se apresenta este conjunto levaram-nos a considerar a possibilidade de ter integrado um edifício com alguma monumentalidade. Dada a proximidade que mantinham com o que se julga ter sido a localização da igreja de São Tiago, propomos a possibilidade, até novas provas em contrário, de este conjunto ter pertencido a algum edifício que servisse de apoio a esta igreja, quem sabe alojando os peregrinos que neste local passavam, rumando a caminho de Santiago de Compostela. Através da observação do referido mapa de 1809, especulamos que a provável localização da igreja de São Tiago seja onde actualmente se ergue a Escola Primária EB 1 do Arrabalde de Leiria ou mesmo um pouco mais a Norte, onde hoje encontramos um parque de estacionamento, situado entre esta escola e a Avenida 25 de Abril. Apesar de não terem sido detectadas evidências directas da igreja de São Tiago, alguns elementos arquitectónicos sugeriam a sua proximidade. Com efeito, ambas as aduelas que compunham o arco em ogiva do ‘Muro Oeste’, assim como a base de coluna que integrava o seu emparedamento, o tambor de coluna extraído do interior do ‘Poço-Cisterna’, a aduela e a pia exumadas, respectivamente, da U.E. 17 e da U.E. 18 do ‘Perfil Norte’, deverão provir, pelas suas características, de edifício(s) com alguma nobreza. Dada a proximidade da área agora intervencionada com a igreja de São Tiago, que sabemos ter sido abandonada e ter permanecido em ruínas antes mesmo de ser demolida, consideramos provável que estes elementos de cantaria tenham ali a sua origem. Igualmente perdida encontrava-se a Quelha de Porto Covo, presente em alguns mapas antigos da cidade de Leiria, mas totalmente desaparecida nos dias que correm. Durante a presente intervenção foram, porém, recolhidos elementos que nos permitiram avançar com uma proposta de reconstituição do seu traçado. 187 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

As paredes descobertas a Este e a Nordeste da Sondagem 2 poderão ter limitado este arruamento a Oeste, ao passo que o seu limite Este poderá ter-se desenvolvido paralelamente ao limite Oeste da designada ‘Construção Nordeste’. O limite Este da quelha é, no entanto, algo especulativo, dado que o mesmo poderá ter sido completamente destruído antes mesmo da presente intervenção arqueológica se ter iniciado. Na verdade, à data de início desta intervenção arqueológica registámos a ocorrência de um buraco de grandes dimensões na secção centro-Sudeste da propriedade, escavado sem qualquer tipo de acompanhamento arqueológico, acção que poderá estar na origem da destruição de eventuais vestígios do limite Este da Quelha de Porto Covo. Quanto às restantes estruturas detectadas, as mesmas encontram-se relacionadas com o designado ‘Poço-Cisterna’, que, como referido, nos suscitou algumas dúvidas. Uma vez que o ‘Poço-Cisterna’ se encontrava edificado de tal modo que cortava todos os níveis estratigráficos detectados, desde os medievais até aos contemporâneos, prolongando-se mesmo abaixo da cota de afectação da obra, não foi possível aclarar a sua cronologia de edificação, senão que será posterior à Época Medieval. Também a pesquisa levada a cabo para procurar atribuir-lhe uma cronologia mais específica se revelou infrutífera, dado que as informações bibliográficas e os paralelos tipológicos escasseiam grandemente. Nas plantas da cidade, esta estrutura surge pela primeira vez registada em 1918-1919, não estando desenhada no mapa de 1809. A julgar por este facto, o ‘Poço-Cisterna’ poderá ter tido a sua origem já na Época Contemporânea, embora não possamos descartar por completo a possibilidade de a sua ausência do mapa de 1809 se dever a um mero lapso. De igual modo, também à parede que aparentemente limitava a área de acesso ao poço, assim como ao tanque e piso que lhe eram anexos, não foi possível atribuir mais do que a cronologia de edificação relativa de Época Medieval/Época Moderna e de Época Moderna/Época Contemporânea, respectivamente. A presença de um tanque anexo ao ‘Poço-Cisterna’, aparentemente para servir de bebedouro a animais, sugere a existência de um sistema elevatório de água, cujos vestígios, contudo, não foram detectados.

188 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

O próprio ‘Poço-Cisterna é, pelo formato que assume, algo invulgar, não tendo ficado totalmente esclarecido se terá servido exclusivamente para captação de água ou se poderá ter servido igualmente para a armazenar.

***

Ainda que algumas questões inerentes ao Arrabalde da Ponte continuem envoltas pela neblina do desconhecido, consideramos ter conseguido trazer à luz do saber alguns elementos, estruturais e materiais, passíveis ampliar o conhecimento de que dispomos desta área da cidade de Leiria. Os dados agora recolhidos, salvaguardados pelo registo arqueológico, poderão vir a somar-se a outros, resultantes de futuras intervenções, contribuindo, ainda que de forma modesta, para dar a conhecer a história desta que foi uma das primeiras zonas da cidade a acolher povoamento fora das muralhas do seu castelo.

CONDEIXA-A-NOVA, 10 DE JANEIRO DE 2011.

Mónica Ginja

António Ginja

189 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

BIBLIOGRAFIA E SITES CONSULTADOS

ALMEIDA, F. (2005) – ‘Abrigo do Lagar Velho - o Paleolítico Superior da Bacia do Lis’, Habitantes e Habitats – Pré e Proto-História na Bacia do Lis, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 68 a 83. ARRIAGA, N. (1962) – Alcobaça, Nazaré, Batalha, Leiria, Fátima, Colecção Turismo, N.º 5, Olisipo Editorial de Publicações Turísticas, Lisboa. AUBRY, T; CUNHA-RIBEIRO, J. P; e ANGELUCCI, D. (2005) – ‘Testemunhos da ocupação pelo Homem de Neandertal: o sítio da Praia do Pedrógão’, Habitantes e Habitats – Pré e Proto-História na Bacia do Lis, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 54 a 67. BERNARDES, J. O. (1981) – Leiria no século XIX, aspectos económicos, Assembleia Distrital, Leiria. BERNARDES, J. P. (1999) – ‘Collippo - Municipium Romano da Lusitânia’, III Colóquio sobre a História de Leiria e da sua Região, Vol. I, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 45 a 72. CARREIRA, A. M. C. (1995) – ‘Valores estético-urbanísticos de Leiria setecentista’, II Colóquio sobre História de Leiria e da sua Região, vol. I, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 85 a 94. CARVALHO, S. e TAVARES, J. (2005) – ‘A Jazida de Sílex e Oficina de Talhe do Povo da Martinela’, Habitantes e Habitats – Pré e Proto-História na Bacia do Lis, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 26 a 33. CARVALHO, V. e PAJUELO, A. (2005) – ‘Novas realidades no campo da investigação arqueológica – minimização de impactos e arqueologia preventiva, Projecto SIMLIS 2002 a 2005’, Habitantes e Habitats – Pré e Proto-História na Bacia do Lis, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 136 a 155. CASTRO, A. (1991) – ‘Leiria e a sua Região no Processo Histórico Português’, Colóquio sobre a História de Leiria e da sua Região, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 295 a 340. COELHO, R. G. (2005) – ‘Leiria num espaço de mudança: Aproximação à transição da Idade do Bronze Final para a Idade do Ferro’, Habitantes e Habitats – Pré e ProtoHistória na Bacia do Lis, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 118 a 135.

190 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

CRISTINO, L. C. (1983) – ‘A igreja de Santo Agostinho’, Sep. de Mundo da Arte, 14, Imprensa de Coimbra, Coimbra, pp. 8 – 16. CRISTINO, L. C. (1983) – ‘A Vila de Leiria em 1385’, Jornadas sobre Portugal Medieval, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 171 a 221. CRUZ, M. D. e CORREIA, V. H. (2007) – Cerâmica utilitária: normas de inventário, Coord. Paulo Ferreira da Costa, Instituto dos Museus e da Conservação, Ministério da Cultura, Lisboa. CUNHA-RIBEIRO, J. P. (2005) – ‘O Paleolítico Inferior… os primeiros habitantes da bacia do rio Lis’, Habitantes e Habitats – Pré e Proto-História na Bacia do Lis, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 34 a 53. CUNHA, R. M. (2003) – ‘As medidas na Arquitectura, séculos XIII a XVIII, o estudo de Monsaraz’, Colecção Pensar Arquitectura, Edições Caleidoscópio, Casal de Cambra, pp. 70 a 82. GOMES, S. A. (2004) – ‘Oficinas artísticas no bispado de Leiria nos séculos XV a XVIII’, Oficinas Regionais, Actas do IV Simpósio Luso-Espanhol de História da Arte, Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Tomar, Viseu. GOMES, S. A. (2004) – Introdução à História do Castelo de Leiria, Câmara Municipal de Leiria, Leiria. HUMPHREY, J. W., OLESON, J. P. e SHERWOOD, A. N. (1998) – Greek and Roman technolology: a sourcebook, Annoted translations of Greek and Latin texts and documents, Routledge, Londres. JORGE, V. F. (1991) – ‘A Arquitectura da Sé de Leiria. Perspectiva Semântica, Histórica e Artística’, Colóquio sobre a História de Leiria e da sua Região, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 31 a 55. MARGARIDO, A. P. (1988) – Leiria, história e morfologia urbana, Câmara Municipal de Leiria, Leiria. MARTINS, A. (2005) – ‘Arqueologia Cognitiva de Leiria: A Arte Rupestre’, Habitantes e Habitats – Pré e Proto-História na Bacia do Lis, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 104 a 117. MASCARENHAS, J. M. e FERNANDES, T. M. (1996) – ‘Os sistemas hidráulicos do Mosteiro da Flor da Rosa (Crato)’, Hidráulica Monástica Medieval e Moderna, Actas do Simpósio Internacional, Fundação do Oriente, Lisboa, pp. 299 a 320.

191 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

MASCARENHAS, J. (2005) – Sistemas de Construção, V – O Edifício de Rendimento da Baixa Pombalina de Lisboa, Processo evolutivo dos edifícios; inovações técnicas; sistema construtivo, Materiais Básicos (3.ª Parte): o vidro, Livros Horizonte, Lisboa. MATEUS, J. M. (2002) – Técnicas tradicionais de construção de alvenarias, A literatura técnica de 1750 a 1900 e o seu contributo para a conservação de edifícios históricos, Livros Horizonte, Lisboa. MENDES, J. A. (1991) – ‘O Património Industrial como Componente da Historio Local’, Colóquio sobre a História de Leiria e da sua Região, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 365 a 375. OLIVEIRA, A. C. (1999) – ‘Parceiros: Noticia da Destruição de um Sítio Arqueológico’, III Colóquio sobre a História de Leiria e da sua Região, Vol. I, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 31 a 44. REIDEL, H. (1996) – ‘A adução de água a Sto. Emmeram de Ratisbona pelo Abade Peringer II (1177-1201)’, Hidráulica Monástica Medieval e Moderna, Actas do Simpósio Internacional, Fundação do Oriente, Lisboa, pp. 127 a 139. ROSENDAHL, S. H. (1995) – ‘Alguns aspectos de degradação no mosteiro de Alcobaça’, II Colóquio sobre História de Leiria e da sua Região, vol. I, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 41 a 50. SOUSA, A. F. (2005) – ‘De Leiria ao Brasil: Pobreza e Sonhos de Riqueza na Primeira Década do Séc. XX”, IV Colóquio sobre a História de Leiria e da sua Região – história Contemporânea, Vol. I, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 29 a 48. TEIXEIRA, C. e ZBYSZEWSKI, G. (1968) – Notícia explicativa da Folha 23 – C: Leiria, Carta Geológica de Portugal, Serviços Geológicos de Portugal, Direcção-Geral de Minas e Serviços Geológicos, Secretaria de Estado da Indústria, Ministério da Economia, Lisboa. VILASECA, B. L. (1998) – Les estructures hidráuliques a la ciutat antigua: l’exemple d’Empúries, Monografies Emporitanes, Museu d’Arqueologia de Catalunya, Empúries, Barcelona. WIKANDER, O. (2000) – Habbook of Ancient Water Technology, Technology and change in history, Vol. 2, ed. Autor, Brill. ZAMBUJO, G. e CARVALHO, S. (2005) – ‘Quinta do Bispo – Parceiros: O primeiro sítio Mesolítico da Bacia do Lis’, Habitantes e Habitats – Pré e Proto-História na Bacia do Lis, Câmara Municipal de Leiria, Leiria, pp. 84 a 103. 192 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

www.ipa.min-cultura.pt - base de dados Endovelico; www.ippar.pt; www.photos-algarve.com; www.tintazul.com.pt; 1.bp.blogspot.com.

193 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Ficha de Sítio Designação: Pêro Alvito Distrito: Leiria Concelho: Leiria Freguesia: Leiria

Lugar: Arrabalde da Ponte

C.M.P. 1/25.000-folha n.º 297

Altitude (m): 56 m

Coordenadas: - 39º44’56” N e 8º48’28” W Tipo de sítio: - Bairro habitacional Período cronológico: - Medieval, Moderno e Contemporâneo Recursos hidrográficos: Rio Lis Descrição do sítio (15 linhas): área aberta e plana, onde, à superfície, não eram visíveis vestígios patrimoniais ou arqueológicos. Não obstante, a proximidade da área afecta ao projecto da Zona Especial de Protecção do Castelo de Leiria, suscitava cuidados acrescidos no cumprimento das medidas minimizadoras em vigor, de modo a prevenir a salvaguarda dos vestígios arqueológicos e patrimoniais, que eventualmente surgissem no decorrer da execução do projecto. Proprietários: Leirinegócios, Lda. Classificação: - inédito

Legislação: ZEP do Castelo de Leiria

Estado de conservação: -

Uso do solo: Urbano

Ameaças: Construção de um prédio habitacional

Protecção/Vigilância:

Acessos: O acesso a esta zona pode fazer-se quer pela Rua de Pêro Alvito, quer pela Rua de Santiago, ambas localizadas a Sul da Av. 25 de Abril. Espólio: Vários fragmentos de cerâmica e de ferro, elementos de cantaria e escória. Descrição: - Vários fragmentos de cerâmica doméstica comum, de cerâmica vidrada a chumbo ou a estanho, de porcelana e de vidro, datáveis dos períodos compreendidos entre a Idade Média e a Época Contemporânea. Vários fragmentos de cerâmica de construção (telhas de tipo ‘lusa’ e de tipo ‘Marselha’, tijolos ‘de palmo’ e alveolares). Vários objectos em ferro de forja, muito oxidados (pregos e cavilhas). Vários elementos de cantaria, alguns dos quais em contexto de abandono e de reaproveitamento, com claras características monumentais. 194 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

Local de depósito: Câmara Municipal de Leiria

Trabalho Arqueológico 2008/2010 Arqueólogos responsáveis: Mónica Ginja e António Ginja Tipo de trabalho: Escavação arqueológica e Acompanhamento arqueológico Datas de início: 22 de Setembro de 2008

de fim: 29 de Setembro de 2010

Duração (em dias): 92 dias Projecto de Investigação: Objectivos (10 linhas): A proximidade da área afecta ao projecto da Zona Especial de Protecção do Castelo de Leiria, suscitava cuidados acrescidos no cumprimento das medidas minimizadoras em vigor, de modo a prevenir a salvaguarda de eventuais vestígios arqueológicos e patrimoniais no decorrer da execução do projecto. Por este motivo foram realizadas cinco sondagens de diagnóstico, seguidas de acompanhamento arqueológico da remoção mecânica de terras. Resultados (15 linhas): Durante a abertura das sondagens arqueológicas, bem como durante o acompanhamento arqueológico da remoção mecânica de terras, foram detectadas diversas estruturas murais habitacionais e ainda um poço-cisterna. Algumas estruturas habitacionais remontavam ao período medieval, embora outras remetessem para uma cronologia moderna. Outras ainda apresentavam indícios de terem sido continuadamente usadas (mediante consecutivas alterações) desde a Época Medieval até aos nossos dias. Durante o decurso dos trabalhos arqueológicos foram ainda detectados diversos elementos de cantaria, com características monumentais, em contexto de abandono ou de reaproveitamento. Os dados recolhidos apontam para a presença de vestígios do antigo bairro medieval do ‘Arrabalde da Ponte’, um dos primeiros a surgir em Leiria, no exterior das muralhas do seu castelo. Por seu turno, os elementos de cantaria de características monumentais poderão ter a sua origem na já desaparecida igreja medieval de São Tiago, que, de acordo com as fontes, deveria localizar-se nas imediações da área afecta ao presente projecto.

** Preencher de acordo com a lista do Theasaurus do ENDOVÉLICO. Essa Lista poderá ser consultada no site do IPA: www.ipa.min-cultura.

195 INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ÂMBITO DAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO HABITACIONAL SITO RUA PÊRO ALVITO

ANEXO FOTOGRÁFICO

Fotografia 1 – Aspecto geral do terreno afecto à obra. Ao fundo: secção norte das muralhas do Castelo de Leiria. Perspectiva: nordeste.

Fotografia 2 – Vista geral sobre o buraco aberto na secção sudeste da área afecta à obra. Perspectiva: este.

Fotografia 3 – Aspecto geral do terreno afecto à obra. Ao fundo: Alçado posterior da fachada subsistente de edifício confrontante com Rua Pêro Alvito. Perspectiva: sudoeste.

Fotografia 4 – Aspecto geral do ‘Muro Oeste’ (à esquerda) e sobre a Rua de Santiago. Perspectiva: norte.

Fotografia 5 – Trabalhos de limpeza do arco em ogiva detectado no ‘Muro Oeste’. Perspectiva: nordeste.

Fotografia 6 – Vista geral da área alargada da Sondagem 1. Em primeiro plano: topo da secção este da ‘Arcaria’. À esquerda: ‘Muro Sul’ sustentando casario em ruínas da propriedade vizinha. Ao fundo: ‘Muro Oeste’ confrontando com Rua de Santiago. Destaque para as banquetas criadas no interior da sondagem. Perspectiva: este.

Fotografia 7 – Vista geral do ‘Muro Oeste’, antes do início dos trabalhos. Perspectiva: este.

Fotografia 8 – Vista geral sobre a secção este/oeste da ‘Arcaria’. Perspectiva: sul.

Fotografia 9 – Vista geral sobre a secção norte/sul da ‘Arcaria’. Perspectiva: oeste.

Fotografia 10 – Pormenor da secção norte/sul da ‘Arcaria’ (da sapata de fundação entre os dois arcos desta secção). Perspectiva: sul.

U.E. 3 b) U.E. 4 U.E. 6

U.E. 7

U.E. 8

U.E. 10 U.E. 9

Fotografia 11 – Vista geral do perfil obtido no sector nordeste da Sondagem 1, sob o arco este da secção este/oeste da ‘Arcaria’. Perspectiva: sul.

U.E. 1 U.E. 2

Fotografia 12 – Vista geral sobre o local de implantação da Sondagem 1 a), junto ao arco em ogiva do ‘Muro Oeste’, já parcialmente desmontado. Perspectiva: este.

U.E. 1 U.E. 9

Fotografia 13 – Aspecto geral do perfil oeste da Sondagem 1 a). Perspectiva: este.

Fotografia 14 – Vista geral sobre o local de implantação da Sondagem 2. À esquerda: orifício escavado antes do início dos trabalhos de arqueologia (seta amarela). Perspectiva: norte.

U.E. 1 U.E. 1 a)

U.E. 1 a)

U.E. 2

U.E. 3 U.E. 4

U.E. 5

Fotografia 15 – Aspecto geral do perfil oeste da Sondagem 2. Perspectiva: este.

Fotografia 16 – Aspecto geral do perfil este da Sondagem 2. Perspectiva: oeste.

Fotografia 17 – Aspecto geral do perfil sul da Sondagem 2. Perspectiva: norte.

Fotografia 18 – Aspecto geral do local de implantação da Sondagem 3, antes do início dos trabalhos arqueológicos. Ao fundo: alçado poente da fachada subsistente de edifício confrontante com Rua Pêro Alvito. Perspectiva: oeste.

Fotografia 19 – Aspecto geral do alçado nascente da fachada subsistente de edifício confrontante com Rua Pêro Alvito, antes do início dos trabalhos arqueológicos. Ao fundo: secção norte das muralhas do Castelo de Leiria. Perspectiva: nordeste.

U.E. 1

U.E. 2 U.E. 3 U.E. 12 b) U.E. 4 U.E. 5 U.E. 8

U.E. 6 U.E. 7

U.E. 9 U.E. 13 U.E. 10

U.E. 12 a)

U.E. 14

Fotografia 20 – Aspecto geral do perfil este (secção a sul da U.E. 12) da Sondagem 3. Perspectiva: oeste.

U.E. 0 U.E. 12 b) U.E. 11 U.E. 5 U.E. 6 U.E. 7 U.E. 9

U.E. 12 a)

Fotografia 21 – Aspecto geral do perfil este (secção a norte da U.E. 12) da Sondagem 3. Perspectiva: oeste.

U.E. 12 b)

U.E. 12 a)

Fotografia 22 – Aspecto geral do alçado sul da U.E. 12. Perspectiva: sul.

U.E. 13

U.E. 14

Fotografia 23 – Aspecto geral do alçado norte das U.E.’s 13 e 14. Perspectiva: norte.

Fotografia 24 – Vista geral da Sondagem 3. Perspectiva: noroeste.

Fotografia 25 – Vista geral da Sondagem 3. Perspectiva: este.

Nível criado no decurso da obra U.E. 1 U.E. 2 U.E. 3 U.E. 4 U.E. 6 U.E. 5 U.E. 7 U.E. 8

Fotografia 26 – Vista geral do local de implantação da Sondagem 4. Destaque para a ‘Construção Nordeste’ (à esquerda). Perspectiva: sul.

U.E. 7 b)

U.E. 7 a)

Fotografia 27 – Pormenor construtivo da ‘Construção Nordeste’. Perspectiva: sul.

U.E. 7 a)

U.E. 11

U.E. 10

U.E. 9

Fotografia 28 – Vista geral sobre o perfil oeste da Sondagem 4, secção a norte da U.E. 7. Perspectiva: sul.

Fotografia 29 – Aspecto geral da Sondagem 4, ocorrida a sua inundação. Perspectiva: sul.

Fotografia 30 – Aspecto geral do ‘Poço-Cisterna’, aquando do inicio dos trabalhos de acompanhamento arqueológico.

Fotografia 31 – Pormenor construtivo do ‘Poço-Cisterna’ (alçado exterior sudoeste).

Fotografia 32 – Vista geral sobre as estruturas detectadas a sudeste do ‘Poço-Cisterna’ (perspectiva sul).

Fotografia 33 – Vista geral sobre as estruturas detectadas a sudeste do ‘Poço-Cisterna’ (perspectiva este).

Fotografia 34 – Vista geral sobre as estruturas detectadas a sudeste do ‘Poço-Cisterna’ (perspectiva sudeste).

Fotografia 35 – Pormenor do alçado sul daquele que terá sido o paramento norte do tanque anexo ao ‘Poço-Cisterna’.

Fotografia 36 – Vista geral sobre as estruturas detectadas a norte do tanque anexo ao ‘Poço-Cisterna’.

Fotografia 37 – Vista geral sobre o alçado norte do paramento que limitava a norte o tanque anexo ao ‘Poço-Cisterna’, assim como o arranque de um pavimento que lhe era adjacente.

Fotografia 38 – Localização das aduelas que constituíam o arco em ogiva detectado no ‘Muro Oeste’, face ao novo edifício.

Fotografia 39 – Acompanhamento dos trabalhos de desmonte das aduelas que constituíam o arco em ogiva detectado no ‘Muro Oeste’.

Fotografia 40 – Acompanhamento dos trabalhos de protecção com manta geotextil da estrutura subsistente do ‘Muro Oeste’.

Fotografia 41 – Estacas detectadas sob a ‘Arcaria’.

Fotografia 42 – Aspecto geral da ‘Construção Central’ (à esquerda) e da ‘Construção Noroeste’ (à direita). Destaque para a estrutura subsistente do ‘Poço-Cisterna’ (no topo) decorrido parte do seu desmonte.

Fotografia 43 – Aspecto geral da ‘Construção Central’. Destaque para a extremidade Nordeste do ‘Poço-Cisterna’ (em baixo, à esquerda).

Fotografia 44 – Vista geral sobre o alçado este da ‘Construção Central’.

Fotografia 45 – Aspecto geral da ‘Construção Noroeste’.

Fotografia 46 – Vista geral sobre o alçado oeste da ‘Construção Central’.

Fotografia 47 – Aspecto geral do paramento norte-sul detectado na Sondagem 2.

Fotografia 48 – Aspecto geral do paramento este-oeste detectado na Sondagem 2.

Fotografia 49 – Aspecto geral do paramento detectado a sul da esquina sudeste do muro detectado na Sondagem 2.

Fotografia 50 – Acompanhamento dos trabalhos de desmonte da U.E. 1 (à cota positiva) da Sondagem 3.

Cota de circulação da Rua Pêro Alvito

Fotografia 51 – Aspecto geral do alçado oeste U.E. 1 (à cota negativa) detectado já em fase de acompanhamento arqueológico.

Fotografia 52 – Aspecto geral do alçado este do paramento adjacente ao limite este da Sondagem 3.

Fotografia 53 – Acompanhamento dos trabalhos de protecção com manta geotextil das estruturas subsistentes da Sondagem 3.

As fotografias que se seguem ilustram o perfil Norte, encontrando-se sequenciadas de este para oeste.

Nível térreo criado durante os trabalhos de obra.

U.E. 1

U.E. 2

U.E. 3

U.E. 4

U.E. 7

Fotografia 54 – Pormenor do ‘Perfil Norte’, observado na sua zona mais oriental.

U.E. 1

Nível térreo criado durante os trabalhos de obra.

U.E. 2 U.E. 3

U.E. 4 U.E. 5 U.E. 7 U.E. 8

U.E. 8 a)

U.E. 18

Fotografia 55 – Pormenor do ‘Perfil Norte’, observado na zona a este da extremidade oriental da ‘Construção Nordeste’.

Nível térreo criado durante os trabalhos de obra. U.E. 1 U.E. 2 U.E. 5

U.E. 4

U.E. 3 U.E. 7

U.E. 8 U.E. 18

U.E. 9

Fotografia 56 - Pormenor do ‘Perfil Norte’, observado na zona da ‘Construção Nordeste’.

Nível térreo criado durante os trabalhos de obra.

U.E. 1

U.E. 2

U.E. 3

U.E. 4

U.E. 7

U.E. 18

Fotografia 57 - Pormenor do ‘Perfil Norte’, observado na zona que medeia a extremidade ocidental da ‘Construção Nordeste’ e a unidade mural que constitui a U.E. 20 (ou U.E. 4 da Sondagem 2).

Nível térreo criado durante os trabalhos de obra. U.E. 1

U.E. 2

U.E. 3

U.E. 4 U.E. 7

U.E. 20 (ou U.E. 4 da Sondagem 2) U.E. 18

Fotografia 58 - Pormenor do ‘Perfil Norte’, observado na zona da unidade mural que constitui a U.E. 20 (ou U.E. 4 da Sondagem 2). Nível térreo criado durante os trabalhos de obra. U.E. 1 U.E. 2

U.E. 3 U.E. 4

U.E. 7

U.E. 18

Fotografia 59 - Pormenor do ‘Perfil Norte’, observado na zona que medeia a unidade mural que constitui a U.E. 20 (ou U.E. 4 da Sondagem 2) e a ‘Construção Central’.

Nível térreo criado durante os trabalhos de obra. U.E. 1

U.E. 2

U.E. 3 U.E. 4

U.E. 7 U.E. 13

U.E. 10

U.E. 12

Fotografia 60 - Pormenor do ‘Perfil Norte’, observado na zona a este da ‘Construção Central’.

U.E. 1 U.E. 2 Nível térreo criado durante os trabalhos de obra.

U.E. 6 U.E. 7

U.E. 16 U.E. 17 U.E. 3 U.E. 4 U.E. 13 U.E. 11 U.E. 10

U.E. 15

U.E. 14

U.E. 17 a) Fotografia 61 - Pormenor do ‘Perfil Norte’, observado na zona que medeia a ‘Construção Central’ e a ‘Construção Noroeste’.

Nível térreo criado durante os trabalhos de obra. U.E. 1

U.E. 2

U.E. 4

U.E. 6

U.E. 7

U.E. 19

Fotografia 62 - Pormenor do ‘Perfil Norte’, observado na zona a oeste da ‘Construção Noroeste’.

Nível térreo criado durante os trabalhos de obra.

U.E. 1

U.E. 2

U.E. 3 U.E. 4

U.E. 7

U.E. 19

Fotografia 63 - Pormenor do ‘Perfil Norte’, observado na zona que medeia ‘Construção Noroeste’ e o extremo oeste deste perfil.

Nível térreo criado durante os trabalhos de obra. U.E. 1 U.E. 2 U.E. 2 U.E. 3 U.E. 3 U.E. 4 U.E. 3

U.E. 7 U.E. 19 U.E. 18 U.E. 19

Fotografia 64 - Pormenor do ‘Perfil Norte’, observado no seu extremo oeste.

U.E. 1 U.E. 2 U.E. 3 U.E. 4 U.E. 4 U.E. 5 U.E. 6 U.E. 4 U.E. 7 U.E. 8 U.E. 9

U.E. 10

Fotografia 65 – Aspecto geral do ‘Perfil Sul’.

Fotografia 66 – Aspecto geral do nível geológico detectado no canto sudoeste da propriedade visada.

Novo vão

I fase construtiva

II fase construtiva

Fotografia 67 – Pormenor do alçado este ‘Muro Oeste’, observado na sua extremidade Norte.

Novo vão

Vão de arco gótico Fotografia 68 – Aspecto geral do alçado este do ‘Muro Oeste’.

Fotografia 69 – Pormenor construtivo do paramento que assentava sobre a ‘Arcaria’.

Fotografia 70 – Vista geral sobre o tramo norte da ‘Arcaria’, cuja extremidade oeste (ao fundo) imbricava no ‘Muro Oeste’.

Fotografia 71 – Pormenor das paredes internas do corpo rectangular do ‘Poço-Cisterna’ (topo norte), sem que sejam visíveis vestígios de degraus.

Fotografia 72 – Aspecto geral da ‘Construção Nordeste’.

Fotografia 73 – Conjunto de ‘trempes’ de oleiro, exumado da U.E. 8 do ‘Perfil Sul’.

ANEXO GRÁFICO

Pêro Alvito 2008

PA 08 Sondagem 1a)

ESTAMPA I

Registo gráfico da situação final Planta (em baixo), perfil oeste (em cima) e perfil sul (à esquerda)

Pêro Alvito 2008

ESTAMPA II

PA 08 Sondagem 2

Registo gráfico da situação final Planta (em baixo) e perfil oeste (em cima)

Pêro Alvito 2008

ESTAMPA III

PA 08 Sondagem 3

Registo gráfico da situação final Planta (em baixo), perfil este (ao centro), U.E.1 (em cima) e U.E. 12 (em baixo, à esquerda)

Pêro Alvito 2008

ESTAMPA

PA 08 Sondagem 4

Registo gráfico da situação final

IV Planta (em baixo) e perfil oeste (em cima)

Pêro Alvito 2008

PA 08

‘Construção Noroeste’ e ‘Construção Central’

ESTAMPA VI

Registo gráfico da situação final Planta (em cima) e alçado oeste da ‘Construção Noroeste’ (em baixo)

Pêro Alvito 2008

ESTAMPA

PA 08

Alçado sul do paramento norte do tanque anexo ao ‘Poço-Cisterna’

VII Registo gráfico da situação final

Pêro Alvito 2008

PA 08

ESTAMPA

‘Perfil Sul’

VIII

Registo gráfico da situação final

Pêro Alvito 2008

PA 08

ESTAMPA

‘Perfil Sul’

IX

Registo gráfico da situação final

Pêro Alvito 2008

PA 08

Principais formas cerâmicas

ESTAMPA I

Peça N.I: 53 (em cima) Peça N.I: 148 (em baixo)

Pêro Alvito 2008

PA 08

Principais formas cerâmicas

ESTAMPA I

Peça N.I: 118 (em cima) Peça N.I: 130 (em baixo)

Pêro Alvito 2008

PA 08

Principais formas cerâmicas

ESTAMPA I

Peça N.I: 67 (em cima) Peça N.I: 178 (em baixo)

Pêro Alvito 2008

PA 08

Principais formas cerâmicas

ESTAMPA I

Peça N.I: 173 (em cima) Peça N.I: 116 (em baixo)

Pêro Alvito 2008

PA 08

Principais formas cerâmicas

ESTAMPA I

Peça N.I: 196 (em cima) Peça N.I: 78 (em baixo)

Pêro Alvito 2008

PA 08

Principais formas cerâmicas

ESTAMPA I

Peça N.I: 182 (em cima) Peça N.I: 151 (em baixo)

Pêro Alvito 2008

PA 08

Elemento arquitectónico em cantaria de

ESTAMPA I

calcário

Peça N.I: 1

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.