Eduardo da COSTA MACEDO, Advogado, Poeta, Escritor, Publicista, Político, Pensador

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BIOGRAFIA

Eduardo da Costa Macedo

E. COSTA MACEDO

NOME COMPLETO

NASCIMENTO MORTE

NACIONALIDADE OCUPAÇÃO

Eduardo da Costa Macedo 15 de novembro de 1859, Favaios, Alijó 20 de maio de 1916 (57 anos) Santo Tirso PORTUGUÊS Poeta, Escritor, Advogado, Publicista

Biografia Nasceu em 1859 em Favaios, concelho de Alijó, distrito de Vila Real, em Portugal, foi o segundo filho de António Roberto Álvares da Costa1, homem de figura elegante2 e de Maria do Carmo de Macedo. Eduardo da Costa Macedo, na altura dos estudos, do quinto ano de escolaridade, foi para a cidade do Porto, levado a cavalo, pelo seu tio materno, Pedro de Macedo, proprietário, viticultor no Douro e negociante de vinhos, que tinha uma casa na cidade do Porto, e outra em Vila Nova de Gaia, aí permaneceu até ao último ciclo de escolaridade. Em 1879, E. Costa Macedo colabora com Teófilo Braga, José Caldas, Xavier Pinheiro, Alberto Carlos, Mateus Peres, Angelina Vidal, A. Feijó, Nunes Azevedo, J. Leite de Vasconcelos (A dor de Camões, poesia); Abel Acácio (Génese de Camões, poesia); Ferreira de Brito, Maximiliano Lemos Júnior e

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António Roberto Álvares da Costa – Co-Senhor da Quinta de Malvedos e Sobrados O ARAUTO – Semanário Regionalista e de Cultura – Dois Transmontanos – Trindade Coelho e Costa Macedo 2

BIOGRAFIA

Eduardo da Costa Macedo

outros, na revista «Mocidade3», revista académica, lançada para comemorar o tricentenário. Porto, imprensa Internacional de Ferreira de Brito & Monteiro. 8ª maior. Com o retrato de Camões. Mais tarde na typografia Occidental, Rua da Fábrica, n.º 86 e edita o seu primeiro livro «A Caridade», pequeno romance, o qual o dedica ao seu querido tio, que o acolheu: «Meu extremoso Tio – A V. S.ª, cheio de caridade e amor, a alma florida guiada pelo caminho do céu, coração repleto de afectos como cofre de flores que não mirram nem desmaiam vim por este caminho de abre olhos com a oferta que um espírito sem luz pude formar e enviar-lhe. Muita das habilidades deve a sí existir para V. S.ª porque eu sei o grande consolo da alma carinhosa que recebe pela virtude um protesto de gratidão. Por esta forma cumpri um dever que é também a tradução do mais brilhante sentimento que possuo. Posso já assegurar que V. S.ª verterá duas lágrimas nesta florzinha singela; primeiro a deixei eu orvalhada, são duas provas que reúnem. Da mesma forma a vontade divina obrou o enlace eterno entre o meu e seu coração. Adeus!» Em 1880 Eduardo da Costa Macedo ingressa na lista dos Poetas Portugueses, convidado pela Comissão Literária iniciadora da Sociedade Nacional Camoniana, Presidida pelo Conde Samodães. A 10 de Junho, do mesmo ano, nas comemorações do tricentenário (1580-1880), da morte do filho de Ana Sá de Macedo, Luís Vaz de Camões (56 anos), recita no Teatro Nacional de S. João, na cidade do Porto, homenageia, com poesias de sua autoria. «Eia, ao trabalho, à luta heroica, Humanidade! É preciso roçar a frente pelo Céu, É preciso rasgar de ponta a ponta o véu Que envolve aquele azul, brilhante claridade. É preciso vencer das trevas o escarcéu É preciso subir até ao Sol, que há-de Rolar-se pelo Céu, - ardente divindade, E fazer ressurgir aquilo que morreu. 3

«A Mocidade - Revista Académica Litterária Bi-mensal. Porto (Typografia Occidental/Imprensa Internacional de Ferreira de Brito & Monteiro) 1879 - 1880. Foram publicados 4 números onde participaram Augusto Brochado (de Valbom) como Director Literário, Gomes Leal, Fialho D´Almeida, Queiroz Veloso, Gaspar de Lemos, Almeida Chaves, Ernesto Pires, J. Pessanha (de Mirandela), Xavier de Carvalho, Abílio Maia (do Porto), Rodrigues de Freitas, Joaquim D´Araújo (do Porto), Camilo Claudino (de Lamego)), Nunes D´Azevedo (de Braga)), J.R. Cunha Amorim (do Porto), Cristóvão Aires, Maximiano Lemos Júnior (médico, do Porto), Bruno (Sampaio Bruno), Óscar Serra e D. Maria do Pilar Bandeira Osório»

BIOGRAFIA

Eduardo da Costa Macedo

Se subirmos um dia à quele azul clemente, Se vagarmos por lá consoladoramente, Havemos de folhear o livro do infinito… Talvez que se veja em letras cintilantes Gravado aquele nome entre outros de gigantes: - O nome de CAMÕES talvez lá esteja escrito!» No dia seguinte, no antigo Palácio de Cristal, na continuação das comemorações do centenário MDCXXX-MDCCCLXXX de Camões, às oito e meia da noite. Na nave central. No sarau literário4, depois da sinfonia do Hipólito Ribas e do discurso do Conselheiro Tomás Ribeiro, Ministro de Estado honorário, sócio efetivo da academia real das ciências, E. da Costa Macedo recita o poema «Camões», da sua autoria:

Ilustração 2 - Antigo Palácio de Cristal - Porto - Portugal

CAMÕES5 I «Naquela alma pura e rutilante Guiada pelos ventos do destino Havia um eixo de amor, - harpa distante. Já ouvia cantar ao longe o hino Sagrado do futuro; o triunfante Chamava à sua pátria – a sua amante, Lendo o Céu como um livro sublime,

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DIoccionario – BIBLIOGRAFICO PORTUGUES – Estudos de INNOCENCIO FRANCISCO DA SILVA aplicáveis a Portugal e ao Brazil continuados e ampliados por BRITO ARANHA, em virtude de contrato celebrado com governo Portuguez; TOMO XV (8º do suplemento) – LISBOA – IMPRENSA NACIONAL – M DCCC L XXX VIII, pp 111 5 Slideshare – NOBILEM NOMINE

BIOGRAFIA

Eduardo da Costa Macedo

Entra no Paço e a nova luz o banha De uns olhos fulgurantes, luz estranha Que lhe torna os seus dias. Não há ainda no azul um traço escuro: Como é belo sonhar… ver o futuro Banhado de clarões e de harmonias! II Ele saúda o sol – astro bendito No meio dessa lúcida grandeza Que rege do seu trono a natureza, Tendo o poder em toda a parte escrito. E sobre o mar, sonhando nova empresa, Se a saudade lhe leva o peito aflito, Acompanha-o das ondas fundo grito E a Lua no seu manto de tristeza. Voltam-lhe então dulcíssimas visões; Começa a inflamar-se a alma de Camões Inspirada no poema universal. Eis por fim em seu livro a nossa glória: Já que o deixou morrer entregue à História, Erga-o e celebre-o hoje Portugal.» A 13 de novembro do mesmo ano, há as comemorações do Infante D. Henrique dos 420 anos (1460-1880), o Poeta E. Costa Macedo, no Teatro de S. João, recitou os seguintes versos, da sua autoria: «Ó mar imenso, verde-mar convulso, Tu que levantas nesse férreo, pulsas Centenas de navios, Miríades de vidas alimentas E ruges formidável nas tormentas, Como tigres sombrios; … … Porque tremeste? E lívido, bramindo, Não foste, negra cólera, subindo? Oh! Mar insano!... Porque tremeste, só mar imenso e fero, Diante d’esse olhar energético e severo Do nauta Lusitano!»

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Eduardo da Costa Macedo

Neste preciso ano, Eduardo da Costa Macedo inscreve-se no curso, de Direito, na Universidade de Coimbra, com mais alguns amigos, como Manuel de Oliveira Ramos, Castro Lopes, Castro Sola, J. Leite de Vasconcelos e Teófilo Braga. Em Coimbra (1880–1885) 6, 7, 8, 9, 10, durante o curso, cria alguns condiscípulos, como Alfredo Cunha, Francisco Eduardo Solano de Abreu, Silva Gaio. Aqui conhece Trindade Coelho e com a sua recente experiencia em tipografia, colabora na revista «O pantheon»11 (1880-1881). No primeiro ano de Direito, em 1881, leu da sua autoria, à porta Férrea estes versos, que mais tarde saíram no jornal “Primeiro de Janeiro”, na correspondência de Coimbra, sem indicação do autor. «Ele é como uma torre Piramidal, um cedro? Alguém lhe chama “rocha” E alguém lhe chama “Pedro” Eu, cá por mim, confesso, Porém confesso a medo, Que tenho por costume Chamar-lhe só “Penedo” Mas há o meu vizinho, Talvez por duro e mau, Nem Pedro, nem Penedo Nem chama. É só “Calhau” No ano seguinte colabora na Revista «No País das Arrufadas» (1882) com Trindade Coelho e Solano Abreu, amigos e condiscípulos, representada no «teatro conimbricense». Numa crónica jornalista de sucesso como nos conta Trindade Coelho «um triunfo para aquele trio de rapazes inteligentes» e diz ainda: «Costa Macedo e Santos Melo, cujas veias humoristas haviam espalhado pela revista os mais deliciosos couplets – versos engraçadíssimos e 6

Em 1880 frequentava o 1ºano de Direito e a sua morada era a casa de seu pai António Roberto Alvares da Costa, natural de Favaios, distrito de Villa Real - Rua do Loureiro, n.º 18 - Cf. - Annuario da Universidade Coimbra. Anno lectivo de 1880 a 1881. Coimbra, p.203, 63ºposição». 7 «Em 1881 frequentava o 2ºano de Direito e a sua morada era a casa de seu pai António Roberto Alvares da Costa, natural de Favaios, distrito de Villa Real - Largo do Salvador, n.º 4 - Cf. - Annuario da Universidade Coimbra. Anno lectivo de 1881 a 1882. Coimbra, p.140, 72ºposição». 8 «Em 1882 frequentava o 3ºano de Direito e a sua morada era a casa de seu pai António Roberto Alvares da Costa, natural de Favaios, distrito de Villa Real - Rua do Loureiro, n.º 18 - Cf. - Annuario da Universidade Coimbra. Anno lectivo de 1882 a 1883. Coimbra, p.161, 64ºposição» 9 «Em 1883 frequentava o 4ºano de Direito e a sua morada era a casa de seu pai António Roberto Alvares da Costa, natural de Favaios, distrito de Villa Real - Rua do Loureiro, n.º 18 - Cf. - Annuario da Universidade Coimbra. Anno lectivo de 1883 a 1884. Coimbra, p.154, 62ºposição» 10 «Em 1884 frequentava o 5ºano de Direito e a sua morada era a casa de seu pai António Roberto Alvares da Costa, natural de Favaios, distrito de Villa Real - Rua do Cotovelo, n.º 24 - Cf. - Annuario da Universidade Coimbra. Anno lectivo de 1884 a 1885. Coimbra, p.120, 16ºposição» 11 O pantheon : revista de sciencias e lettras (1880-1881)

BIOGRAFIA

Eduardo da Costa Macedo

esplendidamente burilados»12. Aqui faz uma crítica construtiva e engraçada à vida levada pelos lentes, do curso de Direito. Dois anos mais tarde, colabora no Jornal «Coimbra em Fralda»13 (1883) com Acácio Guimarães, A. Pinto da Rocha, Afonso Vargas, António Navarro, Costa Santos, Ezequiel David, Eduardo do Vale, J. Serras Conceição, J. Lorjó Tavares, M. Oliveira Ramos, Silvestre Falcão, Santos Melo, Trindade Coelho e Júlio Machado, tendo como director o Solano de Abreu. Aqui há denúncia, em vários artigos da sociedade, que era considerada balofa e convencional. No ano a seguir participa numa compilação de sonetos, tendo sido realizado um livro “Bouquet de Sonetos”, onde foram reunidos sonetos de Costa Macedo, Adolfo Artayett, Antero do Quental, António de Lemos, António Nobre, Augusto de Castro, Augusto de Mesquita, Augusto de Queiroz, Antero de Quental, Bernardo Lucas, Eduardo Coimbra, Ernesto Pires, F. Pessanha, Gomes Leal, H. de Araújo, Henrique Marinho, Inácio da Silva, João Novais, Joaquim de Lemos, Joaquim de Novais, José Leite de Vasconcelos, Luís Magalhães. Macedo Papança (Conde de Monsaraz), Pinto Bastos Júnior, Teixeira Bastos, Xavier de Carvalho. Entre 1 de novembro e 15 de abril de 1884, Costa Macedo participa no jornal «O Panorama Contemporâneo»14, com Alexandre da Conceição, Guerra Junqueiro, Luís Osório, Camilo Castelo Branco, J. Leite de Vasconcelos, F. Martins Sarmento, A. A. Da Fonseca Pinto, Abílio de Lobão Soeiro, A. R. Gonçalves Viana, A. R. Nogueira, Oliveira Ramos, Eugénio de Castro, F. Correia Mendes, J. G. de Barros e Cunha, Amélia Janny, Lopo de Castro e outros, tendo tido agora como diretor Trindade Coelho. A maio de 1885, E. Costa Macedo, agora quintanista elabora a letra do Hino15 de Curso, com Manuel da Silva Gaio, acrescida com a música de Francisco Lopes Lima de Macedo Júnior. Este Hino de Curso, foi cantado por Agostinho Rego, Taborda Ramos e Sebastião Horta. Conclui a sua formatura como autor do livro de despedida do seu curso e com uma representação no Teatro Académico com Ferreira da Silva e Cristiano de Sousa. «Amigos, lançai ao vento, Alegres canções singelas, Dispersas, como as estrelas, Na curva do Firmamento.

Côro

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Trindade Coelho: homem de letras; o contista, o esteta e o pedagogista; por Feliciano Ramos Imprensa estudantil de Coimbra: Repertório analítico (Século XIX) 14 Ilustração 3 - Fotografia de Quintanista BIBLIOGRAFIA: Trindade Coelho, In Illo tempor…pp.74 e ss 15 O manuscrito original da partitura encontra-se na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC, Secção de Músicas, MM-560) 13

BIOGRAFIA

Eduardo da Costa Macedo

Neste amplexo fraterno, Onde há sincera amizade, Formemos o verso eterno, Para o poema da – SAUDADE! …» Roberto Eduardo da Costa Macedo filho de E. Costa Macedo, conta-nos: «No “In illo tempore”, de Trindade Coelho, condiscípulo e amigo do Poeta (E. Costa Macedo), veem largas referências a este e aí são transcritos estes versos de aula: Enquanto o vento lá fora Dança em danados galopes, Sentido picar-lhe a espora Canta a lição Padre Lopes. Pasma-se o Padre Coelho, De neve veste-se a terra E o crânio calvo do velho Parece um queijo da Serra! Em Coimbra a vida do Poeta foi de larga convivência intelectual e literária. Entre os seus condiscípulos que mais tarde de certo modo se destacaram figuras, além de Trindade Coelho, Solano Abreu, Silva Gaio e Alfredo da Cunha.» Eduardo da Costa Macedo, agora formado em Direito e independente, casa-se com Anastácia Cristina Sanches de Azevedo, rapariga que conhecera, vizinha16 de casa de seu tio, em V. N. de Gaia e animado por um seu parente, Guilherme da Costa Leite, escrivão de Direito, em Santo Tirso. Costa Macedo decide ir para Santo Tirso e abrir um tabelião e exercer trabalho notarial e advocacia. Em Santo Tirso, o Dr. Costa Macedo integra-se na sociedade, tendo ficado presidente da Direção do Clube Thyrsense. Está lavrado em ata que a 23 de junho de1987, o Ex.mo Sr Dr. Eduardo da Costa Macedo, Presidente muito digno do Clube. Propôs aos seus colegas de direção que se convidassem algumas pessoas competentes para se realizar naquela casa uma série de conferências. Em 1889, Dr. E. Costa Macedo ingressa na política, inscreve-se no Partido Progressista e torna-se Procurador da Junta Geral de Distrito. A 28 de agosto de 1981, numa sexta-feira sai um número extraordinário no Jornal de Santo Tirso a relatar a inauguração do hospital 17 de Santo Tirso, pago pelo benemérito Conde de S. Bento. A edição tem como colaboradores: Costa Macedo, Alberto Veloso de Araújo, Firmino Pereira, Alberto Pimentel, 16

Rua Direita n.º 126 (atual Rua Cândido dos Reis), Vila Nova de Gaia – Morada de Eugénio Sanches Garcia (pai de Anastácia) 17 USP -

BIOGRAFIA

Eduardo da Costa Macedo

Simões de Almeida, L. Alves Mendes, Teófilo Gonçalves, Padre M. Maia, Joaquina Correia Pinheiro Guimarães, I, de Vilhena Barbosa. A 1891, colabora na revista mensal literária e cientifica «Nova Alvorada», Vila Nova de Gaia, dedicada ao 1º aniversário da morte do romancista Camilo Castelo Branco, 1 de junho.

EMIGRAÇÃO

«Parti, parti no dorso dos navios Regenerados da luz, proscritos da ventura; Ide morrer de fome, nus, esguios, Abri longe da pátria a sepultura! Ide, nas selvas virgens de outro mundo, Rasgar os sonhos límpidos de outra hora, Ouvir do mar o soluçar profundo, Ide acordar à luz da estranha aurora! Ide cantar as lúgubres canções De esse negro destino, a soluçar, Em longínquas paragens, aos clarões Eternamente frios do Luar! Ide gemer em lúgubres lamentos; Opressos da miséria, nas doenças, Entre as pragas de horríveis desalentos, Ide acabar de estrangular as crenças! Longe, bem longe, o vosso coração Talvez possa escutar, como um cicio, A vossa mãe rezando uma oração Piedosamente, as lagrimas em fio!... Ao vir caindo a noite, ela medita, Volvendo os olhos ao cerúleo Céu, Como se lesse na orbita infinita O destino infeliz do filho seu. Que longo amor no coração magoado! Parece-lhe escutar fundo lamento Que vem do Sul… do filho idolatrado Na crina esparsa do corcel do Vento!

BIOGRAFIA Ai! Se valeras tu, azul sidéreo, Com tuas doces lagrimas benditas, Quando, vinhas de além, de outro hemisfério, Valem as letras por um filho escritas!... Ide, no entanto, míseros, parti! Deixai das mães o coração em chagas! Negra cobiça dentro em vós sorri: Ide aos tesouros de longínquas plagas! Deixai no berço a pequenita irmã, Deixai a noiva – prometida flor, E caminho, por onde de manhã Leis cantando as cantigas de amor. Deixai do vosso rio a melopeia, Deixai o vosso carro, o vosso arado, O meigo luar cobrindo a vossa aldeia, Quando já vínheis de pensar gado. Deixai o fértil pardo, onde brincastes, Vireis vales ao pé dos montes, E os risonhos momentos que passastes, À tarde, namorando ao pé das fontes. Isto, ao partir, é como raio tíbio De funesto luar frouxo e distante; Porém depois saudade sem alivio, Funestíssima luz sempre diante!... Rasgar a vida breve em mil espinhos, - Indomável egoísmo! – Através de caminhos Que vão por vezes direitos ao abismo!... Gozar dois dias um punhado d’oiro, - O pérfido metal, E por este tesouro Deixar família, amor, terra natal!... Voltar à pátria em busca de saúde E, prestes a chegar, Morrer, por alaúde Ter a profunda vastidão do mar!... Como deve ser triste! E, muito além, Na hora derradeira, Não ver chorar ninguém, Não ter um rosto amigo à cabeceira!...

Eduardo da Costa Macedo

BIOGRAFIA

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Finalmente, parti. A Pátria exangue Morra osculada pelo vasto Atlântico: Levai a ultima gota do seu sangue, Entoe só o mar piedoso cântico!» Santo Thyrso, 1891 Torna-se Provedor da Irmandade e da Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso18, (1893-1895). A 21 de Fevereiro de 1894 concretiza um acordo com José Luís de Andrade, Sobrinho e usufrutuário dos bens do Conde de S. Bento, para a transmissão do seu legado à Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso. Possibilitando o usufruto da Quinta de dentro e de fora e da Coutada de Burgães, para aí implantar da Escola Profissional Agrícola Conde de São Bento19. CANTIGAS DAS NOITES DE S. BENTO EM SANTO TIRSO «Cantai alegres canções, Cantai as canções formosas Feitas de doces clarões E de pétala de rosas! Cantai as canções ligeiras, Que tão bem sabeis cantar Em noites quentes, nas eiras, Sobe o pranto do luar! Cantai, cantai, raparigas, As originais baladas, Os descantes, as cantigas Das noites das esfolhadas! As vossas vozes, em coro, Saltando as canções singelas, Espargem como que um choro, Doce, límpido, de estrelas. Oh! Fazei-os quem me dera - Os versos que vós cantais Nas tardes de primavera A sachar os milheirais! Quem me dera a inspiração Ardente, como se ateia No sonhador coração Dos poetas da nossa aldeia! 18 19

Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso entre (1893-1895) EPACSB- ESCOLA PROFISSIONAL AGRÍCOLA CONDE DE SÃO BENTO – HISTÓRIA DA ESCOLA

BIOGRAFIA

Eduardo da Costa Macedo

Quando a aurora doira a crista Das montanhas, ainda trina O rouxinol, a fantasista, A melodia divina. Rio Ave, em cada margem, Tens mil de esses trovantes Entre a víride folhagem Chorando eternos amores. E as tuas águas gementes Vão correndo para o Mar, Como em suspiros dolentes De quem não pode voltar. Bem faz a hera, que prende As pedras do muro antigo, Como que, talvez: entende Que assim lhe não foge o amigo. Ah! Bem sei; Nesta beleza Imortal, nesta harmonia Profunda da Natureza Tens, Povo, a tua poesia …………………………….. Ao meu coração sedento Voem, voem, raparigas, Nesta noite de S. Bento Vossas alegres Cantigas» Santo Thyrso

Em 1895, a 20 de julho realiza a CARTA20, que lhe dá a o grau de Fé Pública. Dois anos depois, 1897, juntamente com Arnaldo Batista Coelho declara o seu apoio à candidatura a António Carneiro de Oliveira Pacheco, onde atua como ativista na transição da Monarquia para a I República. Mais tarde em 1900 dáse as primeiras eleições em Portugal. Escreve no Jornal de Santo Thyrso um apelo aos leitores «À urna cidadãos pelo partido do povo21»

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[CARTA] 1895 jul 20 S.to Thyrso [Manuscrito] / Eduardo da Costa Macedo – BIBLIOTECAS MUNICIPASI DO PORTO 21 Jornal de Santo Thyrso,29.05.1897

BIOGRAFIA

Eduardo da Costa Macedo

NUM LEQUE 22 (A Trindade Coelho) «A onda expira na praia Vê-se longe um barco à vela; O sol no poente desmaia; Desponta a primeira estrela: Na onda – Desilusão No barco à vela – mocidade; Sol morrendo – inspiração; Primeira estrela – saudade!» setembro , 1896 A 1902, na Homenagem a Alexandre Herculano, academia Alexandre Herculano a fim de comemorar a data de nascimento (28 de março) é realizado um álbum único, que tem como colaboradores: Costa Macedo, Adolfo de Artayett, Adriano de Paiva, Agostinho de Sousa, Alberto Bessa, Alves Mendes, Antero do Quental, António Feijó, António Lemos, António Nobre, Artur Cardoso, Artur Machado, Augusto de Castro, Augusto Nobre, Augusto Queiroz, Aureliano Cirne, Braz de Sá, Cândido da Cruz, Eduardo de Artayett, Eduardo Coimbra, Eduardo Pimenta, Eduardo Sequeira, Guerra Junqueiro, João Saraiva, Oliveira Martins, Rodrigues de Freitas e Teixeira Bastos. Em março de 1908, após o regicídio, em Santo Tirso formou-se uma comissão Municipal Republicana presidida por Costa Macedo, estando nesta comissão Francisco Cândido Moreira da Silva, Padre José Maria da Costa e Sá, António Óscar de Sousa Carneiro, António Cerejeira Fontes e muitos outros políticos que viriam a ser responsáveis pela condução do conselho da transição da Monarquia para a I República. A 1910 discursa em Santo Tirso na cerimónia oficial da proclamação da República Portuguesa.

Dr. Roberto Eduardo da Costa Macedo filho de Dr. E. Costa Macedo, conta-nos: «O Dr. Costa Macedo foi Advogado e Poeta distinto, alguns dos seus trabalhos se encontram impressos mas quase a sua totalidade está integrada nos processos. Era primoroso epistológrafo. Muitas das suas cartas mereciam vir a ser impressas. No 22

NOVA ALVORADA

Ilustração 4 - Santo Tirso e o Advento REPÚBLICA

BIOGRAFIA

Eduardo da Costa Macedo

decorrer dos seus 30 anos de advocacia, a literatura quase foi abandonada. Porém, na alma do Dr. Costa Macedo sempre existiram vivos lampejos poéticos, alguns dos quais se encontram traduzidos em versos escritos nos raros momentos que lhe ficavam livres da sua absorvente profissão, versos em parte inéditos e, em parte publicados nos semanários tirsenses.» Roberto Macedo Viseu, janeiro 1947

Eduardo da Costa Macedo acaba por falecer a 20 de maio de 1916, somente com 57 anos de idade. Em 2010 a Câmara Municipal de Santo Tirso, na comemoração dos 100 anos da República, fez uma homenagem a este Tirsense no “Santo Tirso e o advento da República”.

Obras mais conhecidas



“A Caridade “- tipografia Comércio e Industria - Porto (1879) 23



“A Mocidade” – Revista Académica Literária Bi-mensal – Porto (1879-1880)



“CAMONEANA ACADÉMICA24” – Magalhães & Moniz – Editores - 12 Largo dos Loyos, 14 – Porto (junho 1880)



“O PANTHEON” – Revista Quinzenal de Ciências e Letras – Porto



(1880-1881)25 PROSLOGION / S.to Anselmo; Trad., Introdução e Comentários (1880)26



“Vozes Longínquas” – Livro de poemas – Typografia Occidental – Porto

(1881)27 

23

24

“No País das Arrufadas” – Revista conimbricense (1882)

PORBASE – Base Nacional de Dados Bibliográficos

«CAMONEANA ACADÉMICA». 1880. E. Costa Macedo (Porto 11-07-1881). «Nº17(pág.273)» 26 «PROSLOGION/S.TO ANSELMO;trad.,introd. e coment. de Costa Macedo». Bibliotecas Municipais do Porto. 1880–1938. 27 «Vozes longinquas / E. Costa Macedo». Biblioteca Nacional de Portugal 25

BIOGRAFIA

Eduardo da Costa Macedo



“Coimbra em Fraldas” – Jornal conimbricense (1883)



Revista – “Panorama Contemporâneo”. (1884)



“Bouquet de SONETOS” Typ. De António H. Morgado – Porto (1884)28



Revista mensal «Nova Alvorada». (1891), p.84



“CARTA” – (1895) JULHO, 20 – S.to Thyrso (manuscrito)29



Miss Dolly – Typ. Renascença Portuguesa – Porto (1914)30



A defesa do tutor e cabeça de casal no inventário por óbito do Visconde de Cantim31



Inventários do Cartório32



Notas para escrituras diversas33

Bibliografia, Webgrafia, Fototeca

28



Catálogo da Camoniana da Biblioteca Pública Municipal do Porto 2ª Edição, Imprensa Civilização, Rua de Passos Manoel, 211 a 219 (1807), José Pedro de Lima Calheiros34



Tradições de Portugal (1882) J. Leite Vasconcelos35

Livro que pertenceu ao Jornal de Noticias e que tinha sido dado por António de Lemos e Joaquim de Novais à Sociedade Philantropica do Porto, Eschola Medico-Cirurgica, Academia Polytechnica e Lyceu Nacional do Porto. Inclui sonetos de Macedo Papança (Conde de Monsaraz), Gomes Leal, J. Leite de Vasconcellos, Aureliano Cirne, António Nobre, Augusto de Castro, António de Lemos, Anthero de Quental, Luíz de Magalhães, Adolpho Artayett, Augusto de Mesquita, Augusto de Queiroz, Bernardo Lucas, Eduardo Coimbra, Ernesto Pires, F. Pessanha, H. D'Araujo, Henrique Marinho, Ignácio da Silva, João Novais, Joaquim de Lemos, Joaquim de Novais, Pinto Bastos Junior, Teixeira Bastos e Xavier de Carvalho 29 Eduardo da Costa Macedo (1895.Julho.20).«Carta». Bibliotecas Municipais do Porto. 30 «Macedo, Eduardo da Costa». Porbase / Biblioteca Nacional de Portugal 31 «Macedo, Eduardo da Costa». Porbase / Biblioteca Nacional de Portugal 32 «Inventários do cartório». Arquivo Distrital do Porto 33 «Notas para escrituras diversas». Arquivo Distrital do Porto 34 José Pedro de Lima Calheiros (1807). «Catálogo da Camoneana da Bibliotheca Pública Municipal do Porto» (PDF). Bibliotheca Municipal do Porto 35 J. Leite Vasconcelos (1882). «Tradições de Portugal (pág.12)». Livraria Portuense de Clavel & c.a - Editores, 119 - Rua do Almada - 123

BIOGRAFIA

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Eduardo da Costa Macedo



Folhetim publicado a «mãe» de Costa Macedo, por Trindade Coelho em 27 de Setembro de 1888, no Jornal de Santo Tirso.



Os nossos costados, (1980) Alberto Coelho de Araújo Sousa Machado36



Jornal de Santo Thyrso, (1916) 25 de maio



Semana Thyrsense, (1916) 28 de maio



Wikipédia – Eduardo da Costa Macedo



“Carvalhos de Basto”, Eugénio de Andrade da Cunha e Freitas; M. António Fernandes; Nuno Ferraz de Andrade; Francisco de Maia e Castro; A. Duarte Rebelo de Carvalho – Editora Carvalho de Bastos. Porto (1979)37



“Revista da Misericórdia”, (2001) dezembro – O nosso passado38



Revista “O Tripeiro”, 7ª Série, Ano XXII, n.º3, (2003), p. 86 e 87,



Geneall.net 39



Biblioteca Genealógica de Lisboa 40



Wikimédia – S.to Tirso e o Advento da República



“Um Ramo Transmontano de Macedo” - Os Vilar de Maçada, 2006, José Eduardo Macedo Leão 41

Books GOOGLE Biblioteca Genealógica de Lisboa 38 «Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso». Misericórdia de Santo Tirso. 2001 39 Geneall.net – Eduardo da Costa Macedo 40 Biblioteca Genealógica de Lisboa 41 Bibliotecas Municipais do PORTO 37

BIOGRAFIA

Eduardo da Costa Macedo

Ilustração 5 – Jazigo de Família de Costa Macedo – Cemitério de S.to Tirso

Ilustração 6 - Lápide da sua última morada de Dr. E da Costa Macedo

Autor 

Alberto José Faria de Oliveira da Costa Macedo (Arquiteto, Professor)

Data 

Porto, 24 de abril de 2017

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