EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA: UMA REFLEXÃO SOBRE AS ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS EM ATIVIDADE DE CONTRATURNO

June 23, 2017 | Autor: F. Meglhioratti | Categoria: Educação Ambiental
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA: UMA REFLEXÃO SOBRE AS ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS EM ATIVIDADE DE CONTRATURNO Mariana Bolake Cavalli1, Karolliny Nardino Gomes2, Juliana Alves da Silva Ubinski3, Fernanda Aparecida Meglhioratti4

INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental (EA), no contexto escolar, tem como um dos seus objetivos conscientizar sobre as diferentes relações que ocorrem no cotidiano dos alunos, incluindo a compreensão de fenômenos naturais e a análise crítica dos aspectos sociais e dos modelos de desenvolvimento econômico adotados na contemporaneidade. Dessa forma, é fundamental que o aluno possa refletir sobre suas ações em relação às questões socioambientais bem como perceber-se como integrante da natureza, o que justifica a importância da inserção da Educação Ambiental nas escolas de Educação Básica. A Educação Ambiental é um conteúdo interdisciplinar previsto nos documentos curriculares, como as Diretrizes Curriculares da Educação Básica da disciplina de Ciências (PARANÁ, 2008) e nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1997). No entanto, Marpica e Logarezzi (2010) destacam que, na maioria das vezes, a forma com que a Educação Ambiental é desenvolvida acaba ressaltando visões antropocêntricas do ambiente, que separam o ser humano de outros seres vivos e do seu entorno. Considerando às dificuldades das discussões socioambientais, a inclusão da Educação Ambiental como possível temática a ser abordada em atividades em contraturno

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Mestranda em Educação/ Unioeste – Campus Cascavel. E-mail: [email protected] Mestranda em Educação/ Unioeste – Campus Cascavel. E-mail: [email protected] 3 Mestranda em Educação na Unioeste – Campus Cascavel. Bolsista da CAPES/DS. E-mail: [email protected] 4 Orientadora. Professora da UNIOESTE. Doutora em Educação para a Ciência pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP. E-mail: [email protected] 2

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é bem vista, pois pode complementar a formação dos alunos e as discussões que ocorrem na matriz curricular regular das escolas. Desse modo, o trabalho apresentado investiga o desenvolvimento de atividades extracurriculares em escolas do município de Cascavel – PR, na área de Educação Ambiental, com a temática Horta, buscando compreender as estratégias metodológicas utilizadas. Para que seja possível compreender as bases legais das atividades extracurriculares avaliadas são apresentados na sequência os programas que contemplam essas atividades, em específico na área de Educação Ambiental.

PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS QUE CONTEMPLAM ATIVIDADES NA ÁREA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O Mais Educação é um programa do Governo Federal sob regulamentação do Ministério da Educação. Este programa visa à ampliação da jornada escolar através da realização de projetos educacionais em contraturno para alunos do Ensino Fundamental. Os projetos ofertados pelas escolas participantes devem ser de acordo com a demanda dos alunos dentro dos macrocampos previstos, que são: acompanhamento pedagógico; educação ambiental; esporte e lazer; direitos humanos em educação; cultura e artes; cultura digital; promoção da saúde; comunicação e uso de mídias; investigação no campo das ciências da natureza e educação econômica (BRASIL, 2014). As atividades socioambientais podem permear, devido a seu caráter interdisciplinar, diferentes macrocampos, sendo previstas no Programa atividades, tais como: horta escolar e/ou comunitária; jardinagem escolar; e economia solidária e criativa. O programa estadual de Atividades de Complementação Curricular em Contraturno (ACCC) no Paraná funciona através da ampliação da jornada escolar com acréscimo de pelo menos 4 horas/aula semanais e visa melhorar a qualidade do ensino, atendendo às necessidades educacionais dos alunos.

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A escola, através deste programa, pode propor até cinco atividades de complementação em diferentes eixos. Cada atividade aprovada tem carga horária de 4 horas/aula semanais sendo, preferencialmente, realizada em dois dias (PARANÁ, 2011). O documento orientador das atividades em contraturno do estado do Paraná, (PARANÁ, 2011) contempla a EA no macrocampo denominado “ambiente”, contudo, não deixa claro os objetivos e as abordagens adotadas para que os resultados almejados sejam atingidos. No entanto, o documento traz três sugestões de atividades e temáticas a serem trabalhadas, tais como: agenda 21, educação para a sustentabilidade e horta orgânica.

A IMPORTÂNCIA DA DIVERSIFICAÇÃO METODOLÓGICA NAS SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Em uma abordagem metodológica é fundamental a aproximação do conteúdo com a realidade do aluno para que este se perceba como sujeito ativo no processo de ensino aprendizagem. Ainda é necessário diversificar as metodologias, estratégias e recursos didáticos. Nesse sentido, Laburú, Arruda e Nardi (2003) defendem a diversificação de metodologias sob o argumento que o método único é limitado e está sujeito a complementação. Corroborando essa ideia, Gaspar (2002) acredita que o avanço cognitivo deve estar atrelado tanto a demonstrações experimentais em sala de aula como a diferentes formas de aprendizagem e troca de saberes. As diversas metodologias de ensino se constituem na articulação dos diferentes elementos didáticos: conteúdos, técnicas de ensino ou modalidades didáticas, recursos didáticos e processos avaliativos pautados por compreensões teóricas sobre o ensino e aprendizagem, princípios políticos e ideológicos e objetivos educacionais que se

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concretizam por escolhas e ações dos professores como produção social nos contextos reais da educação escolar (AMARAL, 2006). Os caminhos que o professor adota na organização e sequenciamento desses conteúdos por meio de diversas estratégias didáticas constituem os métodos de ensino, por exemplo, a organização do plano de trabalho do professor evidencia determinados objetivos educacionais. O professor, na sua abordagem metodológica, pode utilizar diferentes técnicas de ensino (VEIGA, 1996), também denominadas modalidades didáticas por Krasilchick (2008), as quais constituem estratégias utilizadas para se chegar a determinados objetivos. As técnicas de ensino ou modalidades didáticas compreendem: aulas expositivas, aulas expositiva-dialogadas, debates, seminários, demonstrações, aulas práticas, estudos do meio, excursões, simulações. A escolha de uma modalidade didática, como afirma Krasilchik (2008), depende do conteúdo, dos objetivos selecionados, da classe, do tempo, dos recursos disponíveis e dos valores e convicções do professor. A forma que o professor seleciona as técnicas de ensino que serão utilizadas e como as organiza no tempo escolar em sequências didáticas evidencia como o professor entende o processo de ensino e aprendizagem. O olhar isolado para a utilização de uma técnica de ensino não permite perceber a concepção implícita de ensino do professor. Para isso, é necessário olhar o planejamento de suas sequências didáticas para verificar o papel que as técnicas assumem nesse processo. Em cada uma das técnicas/modalidades citadas podem ser utilizados os recursos didáticos que se adéquem ao objetivo da aula, tais como: giz, lousa, livros didáticos, filmes, jogos, paródias, músicas, analogias, revistas, fotos, gravuras, jornais, modelos anatômicos, kits didáticos, mapas conceituais, materiais de laboratório, computador, textos históricos, panfletos e TV. Nas atividades extracurriculares há uma grande oportunidade de diversificação metodológica e para a utilização de diferentes modalidades e recursos didáticos. Assim,

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parece ser pertinente a análise da metodologia prevista nas propostas de Educação Ambiental em vigor nas atividades extracurriculares no município de Cascavel-PR.

ANÁLISE E DISCUSSÃO

Compreendendo a relevância da Educação Ambiental na formação de cidadãos ativos e críticos, foram escolhidos para a análise quatro projetos de atividades extracurriculares na área de Educação Ambiental, que trabalhavam com a temática horta na cidade de Cascavel-PR em 2014. Dentre as quatro escolas participantes da pesquisa, três são da zona norte da cidade e outra da zona sul. As escolas são denominadas de E01, E02, E03 e E04, sendo as duas primeiras vinculadas ao Programa Mais Educação e as outras duas vinculadas ao Programa ACCC. Em relação à metodologia utilizada nas propostas das atividades foi possível perceber diversificação, às quais se destacam em: E01 - Entrevistas, pesquisa na internet, manejo da horta, realização de oficinas e confecção de murais; E02 - visitas, debates, participação na confecção da horta e jardins, com o intuito de sensibilizar os alunos para a redução da produção de lixo, diminuição da incidência de depredações e diminuição do desperdício de água e recursos naturais; E03 - investigação do conhecimento prévio dos alunos, construção de horta; E04 - Aulas expositivas e dialogadas, realização de experimentos científicos no laboratório de ciências e biologia, pesquisa no laboratório de informática. Nas informações supracitadas, é possível perceber a utilização de diferentes abordagens metodológicas, tais como: pesquisas de campo, investigação, demonstração, leituras e oficinas. Os resultados dessas atividades também são apresentados de diferentes formas pelos alunos: elaboração de folders, construção de murais, elaboração de livros de receitas. Em E01 e E03, a utilização de conhecimentos prévios está previsto na

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metodologia proposta. Seja através de entrevistas com a comunidade ou a investigação dos conhecimentos que os alunos possuem CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mesmo tendo o conhecimento que atividades em contraturno não são garantia da melhoria da aprendizagem do aluno e da desigualdade educacional, a inclusão de atividades de educação ambiental na escola contribui para a formação para a cidadania. O trabalho com educação ambiental na escola contribui para a transformação do pensamento do aprendiz que passa a compreender a importância de refletir sobre suas atitudes. Contudo, se faz necessária atenção para estas atividades, pois além da escola oferecer atividades em contraturno, é preciso refletir se as atividades ocorrem de forma coerente com o objetivo dos programas governamentais e quais concepções de Educação Ambiental estão sendo disseminadas pelo desenvolvimento dessas atividades. A análise inicial das propostas de atividades extracurriculares em Educação Ambiental no município de Cascavel – PR indicou a diversificação metodológica, o que facilita o processo de ensino e aprendizagem, porém, são necessários estudos que acompanhem o desenvolvimento dessas atividades para uma visão mais aprofundada das mesmas.

REFERÊNCIAS AMARAL, I. AM. do. Metodologia do ensino de ciências como produção social, 2006. Disponível em:. Acesso em 28 de abril de 2015. BRASIL. Casa Civil. Política Nacional de Educação Ambiental. Lei 9.795. 27 de Abril de 1999. Disponível em: . Acesso em: 29 de abr. 2015.

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______. Ministério da Educação. Programa Mais Educação. Ano 2014a. Disponível em: Acesso em: 30 de jul. 2014. ______. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília : MEC/SEF, 1997. GASPAR, A. A educação formal e a educação informal em ciências. In: MASSARANI, L ; MOREIRA, I. C; E FATIMA BRITO, F. (Org). Ciência e público: caminhos da divulgação científica no Brasil. Centro Cultural de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fórum de Ciência e Cultura, 2002. LABURÚ, C. E.; ARRUDA, S. M.; NARDI, R. Pluralismo metodológico no Ensino de ciências. Ciência & Educação, V. 9, n. 2, p. 247-260, 2003. MARPICA, N. S.; LOGAREZZI, A. J. M. Um panorama das pesquisas sobre livro didático e educação ambiental. Ciência & Educação, v. 16, n. 1, p. 115-130, 2010. KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. 6. ed. São Paulo: Edusp, 2008. PARANÁ. Secretaria de Estadual de Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Ciências. Paraná. 2008. Disponível em . Acesso em maio de 2015. ______. Secretaria de Estadual de Educação. Programa de Atividades Complementares Curriculares em Contraturno na Educação Básica na Rede Estadual de Ensino. Resolução 1690 - 27 de Abril de 2011. Publicado no Diário Oficial nº. 8472 de 24 de Maio de 2011. VEIGA, I. P. A. Técnicas de ensino: por que não? São Paulo: PAPIRUS, 1996.

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