EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ZONA COSTEIRA AMAZÔNICA

June 30, 2017 | Autor: C. Henrique do Na... | Categoria: Educação Ambiental, Meio Ambiente
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ZONA COSTEIRA AMAZÔNICA
Carlos Henrique do Nascimento Carvalho¹; Raqueline Cristina Pereira
Monteiro²; Marcos Vinicius Barros da Silva³.
¹ Discente de Oceanografia; Bolsista PIBEX (PROEX-UFPA), Universidade
Federal do Pará. E-mail: [email protected]
² Discente de Oceanografia; Bolsista PIBEX (PROEX-UFPA), Universidade
Federal do Pará. E-mail: [email protected]
³ Bacharel em Oceanografia pela Universidade Federal do Pará, Turma 2007.
E-mail: [email protected]

ÁREA TEMÁTICA: MEIO AMBIENTE
RESUMO
A Zona Costeira Amazônica é uma região muito peculiar não só no que tange
as características hidrogeográficas, mas também no que remete a população
local. O Programa de Proteção à Zona Costeira Amazônica – PPZCA têm por
objetivo levar informação sobre consciência ambiental e sustentabilidade a
comunidades costeiras e ribeirinhas, que carecem desse tipo de informação.
Os projetos "Esse Rio é Minha Rua" e "Praia Limpa" pertencem ao PPZCA,
tratando basicamente sobre o escalpelamento e o consumo e descarte
inadequado de resíduos sólidos nas regiões costeiras. Com enfoque no
público infanto-juvenil apresentado atividades teóricas, práticas e
lúdicas. Com o intuito de sensibilizar a comunidade para a difusão desse
conhecimento para o melhoramento da qualidade de vida local, a fim de torna-
se um hábito. As ações realizadas na praia de Ajuruteua - Bragança, sendo
atendidas em média 320 pessoas e com as comunidades de Tamatateua e do
Treme, em média 70 pessoas, no mês de julho no ano de 2013, entre crianças,
jovens e adultos. Foi notória a falta de conhecimento ou pouca clareza
conceitual em relação à educação ambiental. Sendo assim de suma importância
a realização de mais atividades de cunho ambiental para a consolidação do
conhecimento de preservação e conservação do meio ambiente.
Palavras-chave: Resíduos sólidos, reutilização, Amazônia.

I. INTRODUÇÃO
A Zona Costeira amazônica possui tanto uma diversidade cultural quanto
socioambiental. A falta de acessibilidade a informações sobre consistência
ambiental e sustentabilidade dos bens naturais, faz com que a população
amazônida degrade (in) conscientemente esta região.
Os rios amazônicos ainda possuem a função de via de transporte para as
comunidades ribeirinhas e o comércio. No entanto, devido à ineficiência da
fiscalização das embarcações, podem provocar acidentes, como escalpelamento
(arranque brusco do couro cabeludo), devido a falta de proteção do eixo do
motor. A falta de infraestrutura e uma boa gestão para as comunidades
costeiras e ribeirinhas impactam o meio-ambiente, a partir do descarte
inadequado de resíduos sólidos que podem ser carreados aos cursos d'água
impactando a biota aquática e a própria população.
O Programa de Proteção à Zona Costeira Amazônica (PPZCA) foi idealizado
em 2011 com base nestas problemáticas e desenvolveu projetos direcionados
que visam minimizar por meio da formação de agentes multiplicadores do
conhecimento, a partir do projeto "Esse Rio é Minha Rua", tem por
finalidade a instrução da população ribeirinha no que concernem as
temáticas do escalpelamento e da preservação da sinalização náutica. Estes
dois temas são selecionados devido, no caso do escalpelamento, ao alto
índice do mesmo na região pela falta de proteção do eixo do motor das
embarcações e pela depredação da sinalização náutica oriunda muitas vezes
pelos próprios habitantes ribeirinhos. O projeto "Praia Limpa" que aborda o
consumo e descarte inadequado de resíduos sólidos nas regiões costeiras e
como esses materiais impactam a sociedade, principalmente a local e a biota
aquática, mostrando soluções que mitiguem esse problema a curto e em longo
prazo. Além de tratar outros temas importantes como a ocupação desordenada
e consequentemente a destruição de ambientes costeiros.
Atualmente, o PPZCA possui enfoque no público infanto-juvenil, sendo
difundido o conceito de educação ambiental a partir da problemática local,
na qual são realizadas as oficinas de reutilização de materiais
recicláveis, principalmente garrafas plásticas, palestras e mesa redonda,
exposição de organismos marinhos, dinâmicas e peça teatral. Com o intuito
de sensibilizar a comunidade para a difusão desse conhecimento para o
melhoramento da qualidade de vida local, a fim de torna-se um hábito.


II. METODOLOGIA
As ações realizadas tendem a se aproximar à realidade vivenciada, pois
a percepção dos problemas da comunidade é o primeiro passo para a melhoria
dos hábitos de cada um e para estimular essa percepção quanto à
problemática ambiental são realizadas atividades teóricas, práticas e
lúdicas criadas e desenvolvidas pelos próprios integrantes do programa. As
ações realizadas até o presente momento foram na praia de Ajuruteua,
comunidades de Tamatateua e Treme localizados em Bragança no período de 20
a 27 de Julho de 2013.
Na ação em Ajuruteua foram fixadas duas tendas e uma bandeira para
chamar a atenção dos banhistas, sendo realizadas atividades lúdicas e
teóricas, sendo as lúdicas referentes às dinâmicas: "Jogo das Caixas" e
"Tempo de Decomposição", com intuito de informatizar e esclarecer
envolvendo conceitos de educação ambiental como a ação antrópica pode
impactar o meio ambiente. Como atividade teórica foram expostos organismos
marinhos com auxílio de lupa, pertencentes à coleção do Laboratório de
Oceanografia Biológica, com o objetivo de apresentar a diversidade da fauna
costeira e marinha, caracterizando a biologia e as suas interações com o
meio físico correlacionando ao ambiente costeiro.
A ação com as comunidades de Tamatateua e do Treme ocorreu na Escola
Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Brasiliano Felício da Silva a
convite da secretaria de pesca do estado em comemoração ao Dia Mundial de
Proteção aos Manguezais (26/07). Foram realizados os três tipos de
atividades, sendo as atividades práticas representadas pelas oficinas de
reutilização de resíduos sólidos (garrafas plásticas), para a confecção de
brinquedos como carrinhos e flores PET informando o público como o "lixo"
descartado em nossas casas pode ser transformado em objetos e brinquedos,
informando quanto à geração de renda desses produtos. Enquanto a atividade
lúdica foi apresentada a peça de nome "O Sonho da Água", escrita por uma
integrante do programa, que trata sobre a temática poluição das águas, de
uma forma divertida com a finalidade de informatizar sobre os impactos
gerados pelo descarte inadequado de resíduos sólidos nos corpos d'água para
a sociedade e meio ambiente.



III. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir das atividades realizadas, foram atendidas em média 320
pessoas, sendo 250 pessoas na praia de Ajuruteua e 70 pessoas nas
comunidades de Tamatateua e do Treme, entre crianças, jovens e adultos. De
uma forma geral, foi percebida a falta de conhecimento ou pouca clareza
conceitual em relação à educação ambiental, que diante dos problemas
ambientais na comunidade, os hábitos e ações refletem na perda de qualidade
de vida como afirma Dias (2004).
A ação foi embasada e reelaborada devido à execução relativamente
ineficiente do projeto "Praia Limpa" em experiências passadas.
Neste ano a ação na praia de Ajuruteua foi desenvolvida com mudança na
metodologia de abordagem aos visitantes locais. Com a armação de duas
tendas (Fig.01-a) e a fixação de uma bandeira foi montado um esquema para
os banhistas serem atraídos pela curiosidade a visitar o espaço, com a
exposição de organismos marinhos (Fig.01-b) em frascos e na lupa. Realizou-
se exposição de material reutilizado, como carrinhos e flores de pet
(Fig.01-c e 01-d). Dinâmicas envolvendo o tempo de decomposição dos
principais materiais descartados e a cerca da degradação ambiental causada
pelo homem também foram executadas com os veranistas.
Com as mudanças na abordagem aos banhistas, foi notória a eficácia da
ação, devido o interesse do público. No que se refere à exposição dos
organismos marinhos teve uma boa recepção dos visitantes, já que tiveram a
oportunidade de conhecer um pouco mais sobre os invertebrados de ambientes
costeiros em relação aos seus hábitos e habitat, e como a intervenção
humana pode prejudicar a fauna. Além disso, devido esta praia ser habitat
de algumas espécies de água-viva (cnidário), foi alertado sobre o perigo de
acidentes com esses animais, que em alguns casos podem provocar queimaduras
graves durante o banho.
As atividades lúdicas "Tempo de Decomposição" (Fig.01-e) e "Jogo das
Caixas" (Fig. 01-f) foram também muito apreciadas pelo público. O jogo
"Tempo de Decomposição" foi o mais visitado provavelmente devido à
curiosidade das pessoas para conhecer a durabilidade de cada material.
Entretanto, o impacto causado ao saber a idade de decomposição de cada tipo
de material foi percebido em todos os visitantes, sendo instigados a
repensar em algumas atitudes. Enquanto, o "Jogo das Caixas" ilustrava as
possíveis etapas que um ambiente costeiro poderia se transformar pela ação
antrópica poluindo indiscriminadamente o ambiente em que vive degradando o
mesmo. A brincadeira instigou os visitantes à reflexão quanto à preservação
e conservação do meio.
A ação na escola Brasiliano Felício da Silva foi bem sucedida,
principalmente devido às oficinas que foram o ápice da ação devido ao
interesse na confecção dos brinquedos (carrinhos, jogo cai-não-cai e a flor
PET) contando com a participação de pais, alunos e professores (Fig. 02-a).
Antes de iniciar as atividades foi realizado um debate explicando a
importância das atividades sustentáveis, como a reciclagem e a reutilização
dos materiais, focando na geração de renda a partir da venda desses
objetos. Foi observado o interesse pelo assunto, incentivando-os à melhor
aprendizagem nas oficinas. No momento seguinte, foi ensinado o passo-a-
passo do processo de confecção, reforçando que outros materiais também
poderiam ser utilizados no processo, para aguçar a criatividade dos
comunitários (Fig. 02-b e 02-c). No final da oficina, cada pessoa ficou com
o objeto. Dias (2004), afirma que aprender educação ambiental através da
prática de ações sustentáveis, a sensibilização do indivíduo é mais
facilmente obtida, sendo comprovado também por Santana Neto et al. (2011).
A exposição de organismos marinhos também foi bem recebida pelo
público, principalmente pelos adultos, na qual havia pouco conhecimento
sobre a diversidade da fauna costeira e oceânica (Fig. 02-d e 02-e). Alguns
organismos despertaram muita curiosidade, como a barata-do-mar (isópoda) e
a estrela-do-mar (equinoderma), e a partir desse interesse era discutido
como a poluição pode prejudicar a fauna, dando ênfase aos organismos de
manguezais.
A peça "O Sonho da Água" foi um ponto positivo, pois incentivou a
atenção do público para o tema exposto, a poluição das águas de uma forma
divertida, assim como a inserção dos elementos regionais da comunidade,
como o catador de caranguejo e o mangue, para a identificação dos
comunitários à peça (Fig. 02-f). A aplicação de peças teatrais, tanto
encenação quanto fantoches, no ensinamento da educação sempre apresentam
bons resultados quanto à disseminação e consolidação da consciência
ambiental (GUERRA; GUSMÃO; SIBRÃO, 2004).

IV.CONCLUSÃO
A educação ambiental é fundamental na construção e transformação dos
hábitos da sociedade. Entretanto, foi perceptível a falta de conhecimento e
clareza de muitas pessoas, contudo, o interesse pelas atividades
principalmente as lúdicas, foi o método mais eficaz para a transmissão do
conhecimento de preservação e conservação do meio ambiente.

V. REFERÊNCIAS
DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 9º edição. São
Paulo: Gaia, 2004.
GUERRA, R. A. T.; GUSMÃO, C. R. C; SIBRÃO, E. R. Teatro de fantoches: uma
estratégia em Educação Ambiental. Discursos (Coimbra), Lisboa, v. espc., p.
329-346, 2004.
SANTANA NETO, S. P. et al. Sensibilizando estudantes do ensino fundamental
I quanto à poluição por lixo marinho. Revista Eletrônica do Mestrado em
Educação Ambiental, Rio Grande, v. 26, jan-jul. 2011.
MARTINS E. M. O. Segurança da Navegação Marítima: Sistemas de Comunicação e
Sinalização Náutica. , 2007.
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Figura 01: a) Integrantes do PPZCA em Ajuruteua; b) Exposição de organismos
marinhos; c) Carrinhos de garrafa PET; d) Flores feitas de garrafa PET; e)
Veranista participando do jogo "Tempo de Decomposição" e f) "Jogo das
Caixas".





Figura 02: a) Local da ação; b) Oficinas de carrinhos; c) Confecção de
flores PET; d) Curiosidade do público quanto à exposição dos organismos
marinhos; e) Visão de um bivalve em lupa e f) Integrantes do PPZCA após o
término da peça.
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