Educação na Ditadura Militar

May 30, 2017 | Autor: Silas Carmo Teixeira | Categoria: Historia, Educação, Ditadura Militar, Historia da Educação, Ditadura Brasileira
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Educação na Ditadura Militar
Silas Carmo Teixeira
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Resumo:
O presente trabalho tem como finalidade tratar das mudanças ocorridas no ensino médio durante a ditadura militar (1964 – 1985), analisando as leis e mudanças propostas nessa época voltadas a educação, e como o governo teve a tentativa por meios de instrumentos de difusão (especificamente o cinema) de espalhar essas "novas ideias" de educação, irei usar os curtas "Sujismundo 1971 - 1972" e "Um rei fabuloso 1965". Irei analisar Também o artigo Educação nos tempos de chumbo: uma visão do pensamento conservador católico através das páginas do jornal "O Arquidiocesano" de Rosana Areal de Carvalho e Gabriela Pereira da Cunha Lima mostrando como as instituições católicas de ensino (Arquidiocesano) contribuía para manter o pensamento conservador e tradicional que a ditadura militar pregava.

Palavras chave: Ditadura, Militar, Educação.

O Ensino na Ditadura Militar
A organização do ensino médio já havia sofrido grandes mudanças dês da proclamação da república e até antes na colônia, mas foi além do estado novo; na ditadura militar que essas mudanças foram sentidas de forma mais intensa. A mudança do sistema escolar no regime militar tinha o objetivo de legitima-lo, controlar as massas, o desenvolvimento econômico além de reforça o nacionalismo. Devido a ditadura militar foi implantado o ensino tecnicista nas escolas, além da adoção da disciplina de moral e cívica nos currículos escolares para o primeiro e segundo grau (ensino médio e fundamental) que implementava como obrigatória o ensino moral "Civilizador" além da educação física.
O ensino tecnicista veio como tentativa de produzir mão de obra nacional de forma rápida, esse ensino adotava o modelo empresarial, com o objetivo de adequar a educação as exigências da sociedade industrial e tecnológica, criando indivíduos com competência para o mercado de trabalho, ajudando para o desenvolvimento do pais, produzindo mão de obra rápida e barata nacional, evitando a importação de mão de obra estrangeira. Para que esse ensino fosse implantado de forma mais eficaz, em 1971 foi aprovada a lei n° 5.692 que integrava o ensino profissionalizante (técnico) ao segundo grau (ensino médio) obrigatoriamente, porem com a falta de interesses das escolas particulares de cumprirem a lei, além da falta de investimento e recursos que as escolas públicas tinham para cumpri-las, em 1982 foi promulgada a lei n° 7.044 que desobrigava as instituições de ensino público e privadas de ensinar o ensino profissionalizante obrigatoriamente, deixando a critério das instituições, escolherem adotar ou não o ensino técnico juntamente com o médio. Podemos notar a tentativa e insistência do governo de promover o ensino técnico nas escolas através de propagandas, muito delas mostrando a importância do ensino profissionalizante para o desenvolvimento do pais além de reforça a ideia de que "no Brasil tem riquezas a serem exploradas, mas o que falta e mão de obra nacional" podemos analisar isto no curta animado "O rei fabuloso" de 1965 em que o governo por meio do cinema tenta passar a importância e a riqueza dos nosso recursos naturais (especificamente o petróleo) e a importância da exploração deles por nós para o desenvolvimento nacional, no final do curta o locutor fala exatamente a mensagem que o governo quer passar "Sua presença no subsolo do pais não é por si só um fator de desenvolvimento e progresso, para que ele seja a verdadeira fonte de riqueza, é necessário que esse pais explore seu benefício..." (O Rei Fabuloso, 09:00). O Rei Fabuloso foi produzido por Jean Manzon criador do Jean Manzon filmes que Trabalhou como diretor de fotografia e cinema no Departamento de Imprensa e Propaganda do governo da ditadura de Getúlio Vargas e mais na ditadura militar a serviço do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), esses curtas, documentários e animações "Propaganda do governo" eram obrigatórios de serem passados, e eram passados em cinemas antes do filme principal e em escolas.
Outra animação que promovia a importância de outro ensino na ditadura militar (ensino cívico e moral) através do cinema, era o "Sujismundo" 1971 – 1972, essa animação foi criada pelo animador Ruy Perotti Barbosa um dos pioneiros da animação no Brasil, "Sujismundo: ensina a criança a ser limpa" é uma de quatro animações para a campanha de educação higiênica promovidas pelo governo militar, mostrando que na época as escolas se preocupavam em educar os alunos a serem "civilizados" terem bons modos "moral" além do ensino pedagógico; no final da animação e importante reparar a frase do locutor "Na escola a gente aprende, que povo desenvolvido é povo limpo" (Sujismundo: ensina a criança a ser limpa, 00:55), reforçando essa ideia e preocupação do governo com a moral e desenvolvimento do povo brasileiro.
A Instituição Católica de Ensino na Ditadura Militar
A moral e cívica era um fator importante na educação durante o regime militar, essa disciplina ajudava a centralizar e legitima a ditadura militar além de fortalecer a importância da "ordem" e da presença dos mesmos no poder. Muitas escolas, principalmente as escolas católicas que tinham pensamentos conservadores apoiavam essa visão. Instituições de ensino católicos apoiavam a ditadura pelo fato de ambos terem visões iguais sobre a civilização e "moral" do povo, a instituição Arquidiocesano mostra em seu jornal "O Arquidiocesano" a importância desse ensino e como ele ajudaria a um desenvolvimento nacional.
O jornal O Arquidiocesano era produzido pela arquidiocese de Mariana e tinha influência sobre o Colégio Providência e a Arquidiocese de Mariana, o jornal impunha modelos educacionais para pais e professores além de publicar notícias de tecnologias e receitas para donas de casa, espalhando o modelo de educação zelado pelos católicos e militares, pois eles acreditavam que o desenvolvimento do pais só seria possível com a civilização do povo "Sem um povo educado, jamais teremos o Brasil que sonhamos; industrializado, reformado estruturadamente, ouvido e acatado no concerto das grandes nações" (O Arquidiocesano, 1971 pág. 03). O mesmo jornal reproduzia o discurso que o governo militar também reproduzia, ligando a família a pátria dizendo que a família era tida também além dos professores como principal responsável pela educação de seus filhos. Eles também sempre deixavam claro que a educação tem um poder moralizante e que as instituições família, estado e igreja devem ser responsáveis por esse papel, mostrando o papel das escolas católicas que nem sempre se preocupavam com a organização de aspectos pedagógicos da escola, e sim pelo papel moralizador.
As influencias das instituições de ensino privado católico se expandiam também para as escolas de ensino público, pois havia diretores padres, entre outros membros da igreja que tinham cargos nessas escolas que eram para ser consideradas laicas. A instituição católica e os militares se ajudavam, os militares conseguiam manter o caráter conservador de ensino com a ajuda das escolas católicas e seu controle frente a família (povo); e as instituições católicas conseguiam manter sua influência na educação frente a ameaça da laicização.
Bibliografia:
LIMA, Gabriela. Educação nos tempos de chumbo;
Isa Cristina Barbosa Antunes, Rafael Oliveira da Silva, Tainá da Silva Bandeira. A REFORMA UNIVERSITÁRIA DE 1968 E AS TRANSFORMAÇÕES NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR. Departamento de História – UFRN;
AMARILIO FERREIRA JR., MARISA BITTAR. Educação e ideologia tecnocrática na ditadura militar;
Sujismundo: ensina a criança a ser limpa.
https://www.youtube.com/watch?v=wl3Wah-uuXo
O Rei Fabuloso. https://www.youtube.com/watch?v=SyyTMq9btrQ

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