EDUCAÇÃO NO BRASIL - CAMINHOS E DESCAMINHOS: luzes e lições a partir de Auschwitz

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EDUCAÇÃO NO BRASIL CAMINHOS E DESCAMINHOS Luzes e Lições a Partir de Auschwitz na Visão de Adorno Os Campos de Concentração Estão entre nós, Talvez não percebidos, Porque desenvolvemos a indiferença Ao sofrimento e à injustiça.

Introdução Entender-se. Situar-se. Integra-se. São impulsos fundamentais do homem que busca o significado da existência procurando interagir e integrar-se com o mundo e as pessoas que o rodeiam. Nesta perspectiva cada escola filosófica oferece uma chave explicativa do universo e da vida que faz com que também se assuma na construção da História diferentes orientações. Adorno, ao construir sua crítica da sociedade contemporânea, como alemão e judeu, deu sua chave explicativa do holocausto como um reflexo da barbárie, fruto da deseducação dos seus protagonistas, fato este que pode se repetir caso persistam as condições que permitiram que isso acontecesse. Pode-se tirar lições de Auschwitz para a Educação das futuras gerações. Qual a incidência do texto “Para que Auschwitz não se repita” para nossa realidade brasileira, considerando que o mesmo nasceu a partir de uma Europa fragmentada e em guerra e que foi capaz de produzir o holocausto? Nossa história nos fez filhos da colonização portuguesa com percepções diferenciadas daquelas vividas pela Alemanha nazista. O pensamento filosófico nasce da História, quando pensadores respondem a experiências pessoais, sociais e circunstanciais. A transposição de visões de mundo só é bem sucedida quando seus autores criam um pensamento que transcenda o tempo, o lugar e a cultura em que viveram. Ao estudar seus pensamentos devemos contextualizálos no tempo em que tal pensamento foi elaborado, sob pena de não apreendermos o seu sentido pleno. Todo pensamento engendrado fora de nosso círculo existencial deve ser acolhido com reservas, pois, não é, ipso facto, resposta imediata para nossas Prof. Dr. Dilson Passos Júnior – [email protected]

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2 necessidades. Tal pensamento só terá atualidade na medida em que no nosso meio se recriarem as condições que o fizeram existir no seu lugar de origem. O pensamento de Marx, por exemplo, foi resposta para a industrialização inglesa. Esses conceitos político-econômicos nada tinham haver com nossa realidade de um Brasil agrário. Com a industrialização, porém, recriaram-se no nosso país condições semelhantes à da classe operária inglesa com o sistema de exploração e a dicotomia entre exploradores e oprimidos. O pensamento marxista ganhou, então, atualidade porque aqui se criaram as condições para entendê-lo. A produção de Adorno foi resposta a situações concretas numa cultura e numa mentalidade. Este pensamento não dizia, na sua elaboração original respeito à nossa realidade, a não ser no momento em que, também aqui, se criaram as condições para as quais o pensamento dele era resposta. Nossa educação esteve apoiada nas grandes tradições filosóficas da Grécia clássica e na religião então renovada pelo Tridentino1. As elites locais de então tinham por modelo a nobreza européia. A esta “Europa transplantada” some-se a cultura africana e ameríndia com suas visões de mundo e práticas sociais. Mesmo a religiosidade tridentina com seus rígidos cânones morais, disciplinares e litúrgicos, não resistiu ao catolicismo popular africanizado. O Brasil vai se configurando de uma forma muito diferente dos ideais dos colonizadores que, nos trópicos, com suas inadequadas roupas e costumes tiveram que aprender a construir um novo estilo de vida. A Educação ministrada pela Igreja, tendo rígidas matrizes filosóficas e católicas, não impediu uma forma diferente de viver. É preciso entender nossas origens educacionais para verificarmos como este modo de educar tornou-se inadequado para as atuais gerações e como Adorno acaba por elaborar uma resposta para nossa realidade, na medida em que cessam “aquelas condições iniciais” suplantadas por outras. Poderíamos eleger diversos autores para dialogar com essa realidade apresentada por Adorno. Optamos por Gilberto Freire2 que não minimiza a violência3 de nossa cultura e sociedade, que é distante, porém, da crueldade programada dos campos de extermínio. Até que ponto a barbárie denunciada por Adorno sensibiliza o homem brasileiro que a não experienciou? A educação de nossas elites esteve apoiada na filosofia grega e tomista4 a partir das práticas educacionais dos jesuítas e dos seminários5. O Iluminismo, o Positivismo e

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-O Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563, foi o 19º concílio ecuménico. É considerado um dos três concílios "fundadores" da Igreja Católica. Foi convocado pelo Papa Paulo III para assegurar a unidade da fé (sagrada escritura histórica) e a disciplina eclesiástica, no contexto da reacção da Igreja Católica à divisão então vivida na Europa quanto à apreciação da Reforma Protestante, razão pela qual é denominado como Concílio da Contra-Reforma. pt.wikipedia.org/wiki/Concílio_de_Trento . 2

Respeitado intérprete de nossa mentalidade, sobretudo porque sua obra, Casa Grande e Senzala foi publicada em 1933 quando regimes totalitários se consolidavam na Europa e ascendiam ao poder. 3 -cf. - Darcy RIBEIRO, In Gilberto FREIRE. Casa Grande e Senzala, Rio de Janeiro, Editora Record, 2001. p. 17 4 - Cf. Manoel Isaú Souza Ponciano dos SANTOS. Luz e Sombras, Internatos no Brasil. São Paulo, Editora Salesiana, 2000. pp. 83-92 5 - No Brasil os seminários tiveram significativa importância quase como único meio de acesso a uma cultura sistemática e foi caminho de ascensão social. Prof. Dr. Dilson Passos Júnior – [email protected]

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3 Marxismo deixaram suas marcas na nossa história educacional6. Será com a industrialização e com o aperfeiçoamento dos meios de comunicação que a mentalidade contemporânea começará a se opor ao pensamento humanista de nossa educação. O pensamento adorniano ganha sentido com a industrialização e a urbanização quando vai se formando uma cultura de massa incrementada pelos meios de comunicação que impõem de forma planificada e global “valores” com base nos princípios de mercado. A violência simbólica, a coisificação e tecnificação do homem são resultado da globalização que, pelos Meios de Comunicação Social, levam ao consumo de produtos culturais transnacionais, violentando nossa cultura, enfraquecendo ou anulando nossas tradições e modo de ser. À luz do pensamento de Adorno essa cultura transplantada que coisifica o homem cria as mesmas condições que deram suporte a Auschwitz, pressuposto para novas formas de barbárie. Há predominância da frieza sobre o amor sinalizando o autor que o cristianismo falhou na sua proposição de criar uma sociedade fraterna. Freire, ao contrário, de forma menos contundente, afirma existir em nossa cultura certa “doçura” nascida da mistura de sentimentos cristãos com a cultura moura, fazendo que a dureza da escravidão, em tudo aquilo que representa de barbárie, fosse, figurativamente, “adocicada” pelos tachos de doces nas cozinhas, pelo mel da cana purgado nos engenhos e pelos conluios amorosos nos canaviais. Barbaries descritas de lugares e com olhares diferentes, aquela cruel e fria, esta cheia de paixões e envolvimentos emocionais. Seria o Brasil, a partir do seu “passado mais doce”, capaz de gerar algo semelhante à barbárie de Auschwitz? Teríamos a capacidade de uma barbárie programada? Isto não estaria diametralmente oposto à nossa índole e à nossa mentalidade? São questões em torno das quais queremos realizar algumas reflexões para discutirmos se há incidência efetiva do pensamento de Adorno em nossa realidade?

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- José Claudinei LOMBARDI. Público e Privado como categorias de Análise da Educação? Uma reflexão desde o Marxismo. IN. O Publico e o Privado na História da Educação Brasileira. Campinas, Autores Associados, 2005. pp. 87-94 Prof. Dr. Dilson Passos Júnior – [email protected]

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As Matrizes educacionais no Brasil Não é possível resumir numa simples “equação” os complexos sucederes históricosociais sem se cair em equívocos e reducionismos. Todo interprete traz consigo suas concepções políticas, econômicas, religiosas e filosóficas que inclinam seu pensamento para determinada linha. Aos estudiosos cabe filtrar estas percepções, porque, via de regra, ainda que sejam intuições com aplicação universal, acabam por ter abordagens que tendem à radicalidade e à dramatização. Nenhum pensador terá dito a ultima e definitiva palavra sobre algum tema. Sem absolutizar o pensamento de Marx, não se pode, porém, negar que sua chave de interpretação da história estabelece uma relação conflitiva entre opressores e oprimidos e que, o modo de produção influi (não necessariamente determina) a superestrutura social. A Educação oficial é produto das classes detentoras do poder7 enquanto que as classes subjugadas (oprimidas) buscam derrubar o poder constituído para se apossarem dele. Várias correntes educacionais se confrontam no Brasil com suas diferentes visões de mundo. Para contextualizar a desumanização e a coisificação do homem que aos poucos vai adentrando na cultura brasileira, devemos sinalizar, antes, com que matrizes se organizaram a educação no Brasil, hoje ameaçada por novas concepções filosóficas. A Igreja foi presença educadora pelas escolas católicas que tiveram como suporte teórico o tomismo a partir dos pressupostos da Filosofia clássica “cristianizada”, especialmente a aristotélica, sendo que seus conceitos foram instrumentalizados a serviço da fé. A base teórica da Educação Católica, sobretudo após a Reforma, apoiavase na mundividência aristotélico-tomista como chave de explicação do cosmos e do homem enquadrados nos estreitos espaços do dogma cristão. Mesmo a reforma de Pombal e as Escolas Régias não conseguiram suplantar esta visão. A arquitetura filosófica deste pensamento educacional tem seus fundamentos na racionalidade grega. Os pré-socráticos haviam buscado entender o cosmo procurando a essência, fonte de toda ciência. Sócrates sinalizou a construção do homem na sua dimensão ética e política. Platão e Aristóteles fundiram preocupações éticas e políticas, aquele idealizando uma cidade perfeita e este apresentando um projeto mais factível de urbe. O Cristianismo, entendido por seus adeptos como religião revelada, não se furtou ao diálogo com a racionalidade grega, seja, inicialmente, através de Agostinho com sua ótica platônica, seja, enfim, com um Tomás Aquino com seu viés aristotélico8. Esta visão clássica de mundo foi sedimentada na educação católica que via na verdade racional um afluente que alimentaria, posteriormente, as correntes da Revelação9. Tomás de Aquino, melhor do que ninguém conseguira instrumentalizar o conhecimento filosófico em favor da Teologia fornecendo uma base teórica de sustentação racional aos postulados da fé e do dogma10. Ainda que essa primeira investida do aristotelismo 7

- Este poder deve ser entendido não apenas como econômico. Pode ser cultural, ideológico, religioso, moral. Neste contexto entende-se quem possui o controle de determinada situação. 8 Cf. Tiago Adão LARA. A Filosofia nos Tempos e Contratempos da Cristandade Ocidental. Petrópolis, Vozes, 1999. pp. 112-118 9 - Cf. Alípio CASALI. Elite Intelectual e a Restauração da Igreja. Petrópolis, Vozes, 1995. 10 - cf. Carlos JOSAPHAT. Tomás de Aquino e a Nova Era do Espírito. São Paulo, Loyola, 1998. pp. 2124 Prof. Dr. Dilson Passos Júnior – [email protected]

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5 tenha sido rechaçada inicialmente pela igreja11, então impregnada do pensamento e da lógica platônica via Agostinho de Hipona, a Reforma Protestante ao ser combatida através do Concilio de Trento, permitiu também que a racionalidade cristã obtivesse no tomismo um ferramental contra aquelas posições religiosas que se denominavam de heresias. A Educação católica que atingiu boa parte da elite intelectual do Brasil12 esteve neste lastro até, praticamente, o Vaticano II. A passagem do mundo medieval para o moderno, urbano e burguês acrescentou novos ingredientes a essa reflexão. A sociedade simples dos séculos antecedentes vai se tornando mais complexa pelas práticas comerciais e por uma lógica onde a produção passa a ser vista, não como um meio de atender as necessidades de um consumo imediato, mas como forma de acúmulo de riqueza. No lastro destas mudanças socialeconômicas novos pensadores refletem sobre o lugar do homem nesta sociedade, cada vez mais centrada no econômico. Até então o homem fora entendido à luz do cristianismo de forma razoavelmente unitária. A mundividência cristã, apesar de suas oscilações entre o misticismo e racionalismo, configurava o ser humano como objeto de um destino que era a eternidade feliz ou desgraçada, resultado de suas opções religiosas e morais nesta vida. O homem religioso, vivendo na terra, olhava para o céu. O Humanismo moderno, sem ser uma explicita contestação aos ancestrais valores da religião, configurava-se agora mais “homem”. No Renascimento o religioso é envolvido pelo homem, senão como objeto primeiro da arte, certamente como seu ator principal, reflexo de uma emergente e próspera burguesia comercial. A iconografia religiosa assume formas que traduzem o modelo de beleza física grega. A temática religiosa é colocada, discretamente, como pano de fundo. Emerge o homem... Davi, Moisés, a Criação do homem na capela Sistina e a Pietá podem ser citadas como obras que traduzem o ser humano na sua corporeidade e naquilo que ele tem de mais humano. Proliferam nas igrejas européias muitas “madonas” com seus seios expostos por decotes que fazem transparecer a mãe, a mulher e a santa. A Mona lisa “deixa ver” sua alma com seu olhar e sorriso que esconde e faz transparecer num lusco fusco enigmático seus pensamentos ocultos. Aliás, a alma humana é explicitamente retratada no cavaleiro da triste figura Dom Quixote de La Mancha, o anti herói com seu ridículo escudeiro Sancho Pança e sua gorducha musa Dorotéia Dotoboso. Perdido nos seus delírios é, paradoxalmente, homem comum que tem algo a haver com os outros homens comuns que até então não tinha sido objeto da arte e da literatura. Mais adiante Maquiavel perceberá na alma humana a capacidade da ardilosidade, Hobbes o verá como homo lupus homini enquanto Rosseau o verá como Le beau sauvage... Entender o homem: Eis o objetivo do pensamento moderno para poder situá-lo na organização do Estado Moderno, capitalista e cosmopolita. Com a Revolução industrial a produção vai se sobrepondo ao homem. Na idade média, ainda que Deus fosse o centro, o homem tinha o papel de coadjuvante como sua imagem e semelhança. O Renascimento voltara-se para o homem e o Iluminismo destacara sua racionalidade. O Positivismo, ainda que enfoque a Ciência, verá no homem o seu mentor. A industrialização vai, paulatinamente, “empalidecendo” o homem e sua humanidade. A busca de mercados para dar vazão à produção começa a polarizar a sociedade entre os detentores dos meios de produção e da riqueza e os 11

- Carlos Bento MATHEUS. A Grande Crise de 1277 da Universidade de Paris. IN. Revista da Ciência da Educação, Lorena, Editora Stiliano, 1999, pp. 43ss 12 - Cf. Alípio CASALI. Elite Intelectual e a Restauração da Igreja. Petrópolis, Vozes, 1995. p. 119 Prof. Dr. Dilson Passos Júnior – [email protected]

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6 desprovidos de bens materiais. A preocupação com a produção faz do homem mero figurante neste processo. O socialismo utópico havia tentado dar uma “solução humana” a este processo. O Marxismo substitui o conceito de indivíduo pelo de classe, quando o homem enquanto indivíduo vai tendo sua imagem desfocada. A lógica da produção e do mercado presidirá as duas guerras mundiais, os Estados totalitários no entre guerras terão como lógica a produção. Mesmo o lenilismo e o estalinismo com a exaltação do Estado e dos princípios marxistas não terão dúvidas em matar milhares de homens que não se enquadrem no sistema. A força e a lógica da produção vão fazendo o homem perder paulatinamente seu espaço e dignidade, em uma palavra, sua humanidade. Poderíamos neste ensaio abstrair todas as reflexões filosóficas e antropológicas nas quais nos detivemos até agora. É importante trazê-las, porém, porque Auschwitz foi o desmonte de todas estas concepções que foram, ao menos teoricamente, as bases da civilização e da educação européia. A barbárie então perpetrada foi a negação de todo um passado cultural tecido ao longo de séculos que tinha se materializado em catedrais e universidades. Que tais acontecimentos tivessem ocorrido em povos “bárbaros” da África teria “algum sentido” para a “refinada” mentalidade européia que sempre se auto-entendeu como o ápice da civilização e da civilidade. Como foi, porém, possível o desmonte de toda esta “civilização humanista” que acreditava ter tido sólidas bases filosóficas e religiosas e que expressavam nas mais refinadas músicas, no teatro, na literatura, na arte, enfim? Os Campos de extermínio foram a negação de um humanismo construído ao longo dos séculos quando se foi insensível ao sofrimento físico e moral de milhões de pessoas reduzidas a coisa. Esta ação engendrada com tanta desumanidade e frieza contrastava-se com as visões político-sociais e filosóficas que afirmavam a dignidade do ser humano. Nos campos de extermínio há a diluição integral do homem-pessoa reduzido ao nível de coisa. Posteriormente, a Guerra Fria com suas ogivas nucleares consolidou a idéia de que o poder econômico é o norteador das ações governamentais que buscam salvaguardar o econômico não tendo o homem como preocupação primeira, mas sim os resultados contificados em maior ou menor poder econômico e político. O ser humano passa a ser efetivamente coisa... Uma ressalva poderia ser feita: atos de barbárie sempre foram praticados em toda a história da humanidade. Mesmo no cristianismo existiram atos de desrespeito à vida e ao homem. Tais ações, porém, passadas pelo crivo dos princípios e valores cristãos foram objeto de censura e condenação. O problema do capitalismo é que nos seus princípios está a negação da pessoa humana enquanto afirma a supremacia da matéria e do lucro. Não existe, na sua lógica, um fórum de apelação moral. A barbárie que atenta contra a pessoa é sempre barbárie. Os Campos de concentração foram “eficientes” no assassinar, “apenas” porque dominavam uma tecnologia mais avançada. A questão se coloca no campo dos princípios onde mesmo um número reduzido de vítimas não indica maior ou menor barbárie. Ela é, em sua essência, uma deficiência de Princípios, que, aterroriza mais, quando se imolam milhões de pessoas.

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Auschwitz – um paradigma atemporal A Escola de Frankfurt e, nela, Adorno13, a partir de uma visão humanista, busca uma análise crítica da sociedade industrial e pós-industrial. Os conceitos de Indústria Cultural e Violência Simbólica explicitam a coisificação do ser humano, subordinado aos interesses do mercado. Em 1965 ao divulgar na rádio de Essen o texto, Educação após Auschwitz Adorno já tinha podido visualizar o poder de Estados totalitários com sua lógica destrutiva tendo como referência do seu pensamento não só reflexões filosóficas, mas sua própria experiência e de seus companheiros frente ao terror engendrado por uma política totalitária. Longe de ter uma visão derrotista, ao descrever e denunciar estas barbáries demonstra a crença na possibilidade de mudança, utilizando-se para isto um conjunto de reflexões históricas, sociais, política, psicológicas, religiosas e psicanalíticas que levem ao esclarecimento. Neste programa de rádio – sem as exigências do rigor acadêmico inerentes ao próprio veículo de comunicação – tem por objetivo passar um conjunto de idéias a um público heterogêneo sendo um pensamento afinado com ideais da Escola de Frankfurt e a explicitação lógica de seus pressupostos. Sem a metodologia da academia seu artigo nasce com uma frase primeira que seria, num plano lógico, a última, resultado de arrazoados que desembocariam nela: que Auschwitz não se repita14. Este brado final, posto, “passionalmente” no inicio como um princípio pétreo inegociável tem um sentido de urgência. Adorno se reveste duma postura “messiânica” quando impõe o dogma para só depois explicitar o porquê dele. Esta sua postura, se de um lado se justifica porque feita num veículo de comunicação popular, de outro, porém, indica que percebe na sociedade em que vive as condições que geraram o extermínio em massa de forma planejada. O holocausto, longe de ser um ato localizado, está como possibilidade na alma humana por inumeráveis fatos que cita como o massacre realizado pelos turcos até a Bomba Atômica de Hieroxima. Adorno não viveu o suficiente para ver que no século XXI Auschwitz não foi um episódio isolado, mas uma atitude que se repetiria nas diversas limpezas étnicas na África, Europa e Ásia. O primeiro ataque dos Estados Unidos a Bagdá foi reduzido a um simples espetáculo assistido por pessoas confortavelmente instaladas nas suas poltronas que, aliás, passa a ser um lugar de “ver” a realidade de forma asséptica. As torturas perpetradas pelos americanos que se entendem como o ápice da civilização, no Iraque, no Afaguenistão em Guantánamo, assim como os homens-bomba, o Word Trade Center e tantos episódios recentes demonstram que a barbárie parece aumentar quanto maior o nível de “civilização” em que vivemos. O número de mortes está ligado muito mais à maior ou menor eficiência das técnicas no matar do que numa “escolha ética” de quem deve morrer.

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Alguns conceitos foram elaborados e que servem como chave interpretativa da realidade industrial e pós-industrial como Dialética do Esclarecimento, Crítica da Razão instrumental, Teoria Critica da Sociedade, industrial cultural e cultura de massa tronaram-se referencias teóricos para o entendimento e a interpretação da sociedade moderna. 14 - Theodor W. ADORNO. Educação e Emancipação. São Paulo, Paz e Terra, 2006. .119 Prof. Dr. Dilson Passos Júnior – [email protected]

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8 Como foi possível isto? Por que se chegou a tal barbárie? Que caminhos assumir para que isto não se repita? Questiona Adorno, então sobre Auschwitz. Ele próprio faz algumas constatações: prevaleceu o coletivo quando as pessoas perderam sua identidade acreditando que autoridades seriam o referencial dos caminhos que se deveriam seguir e quando a educação foi entendida como fidelidade a normas. As pessoas ao se rebaixarem ao nível de coisas trataram outras pessoas também como coisa. A técnica ganhou vida própria impondo-se por sua eficiência desconectada de lastros morais. A supremacia do Estado-Nação fez que perseguições, torturas e assassinatos ganhassem neste contexto “sentido” sobrepondo-se ao respeito pela pessoa. Feitas estas constatações ele parte para a sinalização de soluções. Frente à violência programada e à barbárie acredita que há uma forma de resistência: a Educação 15. Novas situações se colocarão ao longo da história a partir de assassinos de gabinete e ideólogos16. A base de resistência está na Educação que leve à conscientização. Os que perpetraram essas barbaridades eram desprovidos de consciência. Mostrar os horrores de forma explicita e despertar a consciência e a auto-reflexão crítica é o caminho para que isto não se repita, e, é, sobretudo na infância, quando começam a se sedimentar os princípios que nortearão a vida do adulto que essa educação mais cala, já que em nossa sociedade, através de rituais de iniciação violentos se predispõe as pessoas também para a violência, pois se busca enquadrar os indivíduos em ações violentas que começam a massificá-los, fazendo prevalecer o coletivo sobre o indivíduo. Pessoas coisificadas se submetem à técnica perdendo o referencial do outro como pessoa com relações frias que as predispõem a se tornarem capazes da barbárie. É necessário conscientizar as pessoas do que aconteceu e os mecanismos objetivos e subjetivos que geram a barbárie. O Esclarecimento permitirá consciência crítica fazendo com que se parta da heteronomia para a autonomia. Educação, Conscientização, Autonomia e Esclarecimento serão antídotos contra a coisificação do homem, a tecnificação, a violência programada e a barbárie. São pressupostos básicos para que Auschwitz não se repita.

Luzes de Auschwitz para a Educação no Brasil A reflexão elaborada por Adorno poderia parecer, num primeiro momento, desencarnada de nossa realidade brasileira. Vale a pena sintetizar o que afirmamos até agora. Nossa Educação esteve marcada por correntes filosóficas e religiosas de cunho humanístico. O pensamento de Adorno e da escola de Fankfurt passa a ter eco em nossa realidade na medida em que em nosso país inicialmente se industrializa, e, posteriormente, entra na ciranda da globalização, quando se apresentam situações que coisificam o homem com uma indústria cultural que tem nas leis de mercado o único referencial, tendo o lucro como seu escopo maior. Ao ler a Educação após Auschwitz tem-se a oportunidade de se vislumbrar a mentalidade dos líderes da Alemanha nazista. Qual a aplicabilidade das reflexões de Adorno para nossa realidade? Que lição se pode transpor para nós? Em que sentido se pode tirar aplicações e lições para nossa realidade, já que muitas de suas considerações, 15 16

- Cf. Ibdem – p. 123 - Cf. Ibdem – p. 137

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9 se naquilo que possuem de negativo, se consolidaram com o avanço tecnológico desta nova era da Informação, onde o global se sobrepõe ao nacional e onde o lucro está acima do indivíduo? O texto de Adorno transcende o momento do terceiro Reich, pois com suas intuições, percepções e reflexões aborda algo de universal: o valor do homem. A religião e o idioma foram elementos aglutinadores que conferiram certa unidade ao nosso país, o que não impediu diversificadas formas de violência explicita ou velada. A história, da Europa, porém, é mais densa de antigos conflitos com delimitações territoriais e culturais inconstantes. Para além destas questões políticas deve-se considerar que o ser humano possui impulsos para a solidariedade e para o egoísmo, sendo imponderável nas suas reações que podem se manifestar desde a ternura até a crueldade sob influência de situações históricas, sociais e políticas. Na Europa as sementes da barbárie se desenvolveram quando a indústria e os mercados definiram a economia como valor maior em detrimento da pessoa. No Brasil, sobretudo pela globalização, estas condições para a barbárie se repetem como na Europa, quando o humanismo filosófico-cristão é substituído pela lógica do mercado com sua frieza na busca de resultados. Transplanta-se para nossa cultura a lógica do materialismo mercantil, empalidecendo-se os elementos do humanismo que marcaram nossas primeiras práticas educacionais. A educação hoje busca atender às necessidades do mercado, sendo ela mesma uma mercadoria, quando inexiste a preocupação com a formação humana e humanística dos educandos. É neste contexto que o pensamento de Adorno é atual porque ao sermos tragados pela lógica do capitalismo recriaram-se aquelas mesmas condições que ensejaram as práticas de barbárie de Auschwitz. As percepções e reações frente aos fatos são diferenciadas a partir de cada cultura17. Para se construir a história tanto do Brasil como da Europa não se pode ignorar guerras, ações políticas, produções literárias, artísticas e mesmo elementos climáticos. Os pintores do período colonial, entre eles, Debret, no Brasil alteraram suas formas de retratar a natureza. Na Europa seus quadros possuíam tons sombrios de dias nublados. Nos trópicos, a efusão de luz e de cores, fez com que alterassem suas produções que contrastavam com as obras realizadas no velho continente. O ambiente era outro e as reações artísticas eram o resultado deste novo angulo de ver as coisas. Os mesmos artistas reagiram de forma diferenciada a ambientes diferenciados. O pensamento de Adorno e da escola de Frankfurt é “nublado” enquanto emerge de experiências dolorosas e traumáticas: guerra, holocausto, exílio... Sob a ameaça do regime totalitário nazi-fascista, como parte de uma minoria dizimada, como judeus vivem a Guerra, tornam-se estrangeiros na América numa cultura marcada pelo individualismo, materialismo, capitalismo, consumismo e pelas formas de violência visível e simbólica. Refugiados nos Estados Unidos, como indivíduos e como escola, amarguram o exílio por não estarem na sua terra e no seu habitat. Ainda que cosmopolitas, efetivamente, são estrangeiros. Nossa configuração histórica é diferente. A vida dos colonizadores foi dura, o ambiente hostil, a luta pela sobrevivência marcada por diversas formas de exploração do homem, desde os canaviais nordestinos, passando pela corrida do ouro até a exploração do café e da borracha. O cristianismo lusitano imprimiu na alma do brasileiro a solidariedade, 17

- Isto se aplica à Alemanha especificamente neste caso. Também não podemos esquecer o olhar judaico da história a partir de sua crença como um povo eleito por Deus e vivendo a diáspora. Prof. Dr. Dilson Passos Júnior – [email protected]

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10 ainda hoje bem visível no campesino e no interiorano que ajudam os vizinhos com solicitude. Estes valores e a solidariedade são um modo próprio de ser de nossa cultura. Para Freire18 a miscigenação física e cultural com outros povos, especialmente os mouros, moldou um perfil do português, que, se no campo religioso jamais se integrou com o mulçumano, se confraternizou com ele, porém, em todos os outros aspectos da vida. Não poucas vezes Freire utiliza o termo “amolecimento” e “amaciamento” para indicar que a convivência no dia a dia foi moldando um tipo de homem plástico e maleável. Impregnou-se na cultura portuguesa a doçura no tratamento dos escravos, o ideal da mulher gorda, o gosto pelos banhos, o abuso do açúcar e dos condimentos fortes, da limpeza, da claridade, das casas caiadas e ajardinadas, do uso do azulejo. No campo ético a rígida moral cristã foi “adocicada” por uma sensualidade contrária ao ascetismo e a rígidas penitências. Nenhum cristianismo mais humano e lírico que o português19.

Dissolução de Nossa Identidade e Valores Frente à Globalização A vida campestre e interiorana ofereceu ao homem brasileiro um espaço vital amplo onde pôde, lutando por sua sobrevivência, experimentar também significativos sinais de solidariedade até como forma de sobrevivência. Estes aspectos são tangíveis, como afirmamos anteriormente, nas pequenas sociedades e se espraia nas cidades médias. Existiram conflitos e não poderíamos ignorar o extermínio dos indígenas, ainda que não o tenhamos conhecido na forma programada como na Alemanha nazista. Esta configuração do brasileiro, que pretendemos não seja idílica, começou a se transformar quando a indústria e a cultura industrial foram transplantadas para o Brasil. Transferiam-se não só as técnicas da produção, mas também a “cultura” industrial, com o consumismo de um lado e as questões sociais, de outro. A estrutura industrial visa o lucro, possivelmente ampliado pela mais valia. A lógica do acúmulo de capital dá sentido ao sistema onde a produção não visa ao atendimento de necessidades, mas formação de um excedente a ser reaplicado. Já no início do século XX surgem os primeiros conflitos de interesses de classe20 com as grandes greves de 1905 e 1917, processo este que vai se ampliando com a transferência de populações do campo para o meio urbano. No segmento da implantação e consolidação do modo de produção fabril vão se configurando os meios de comunicação social, especialmente a televisão, que introjeta na coletividade uma cultura de massa tendo por escopo ampliar o consumo de bens industriais. A Globalização, no topo desta cadeia industrial, implanta uma visão de mundo em nível planetário onde a manipulação do homem procura torná-lo consumidor de bens, muitas vezes supérfluos, fazendo com que as culturas locais sejam empalidecidas, quando não dissolvidas. A urbanização, cada vez mais desintegrada e

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- Este parágrafo é uma transcrição Ipse literis de um trabalho acadêmico produzido por mim sob o título A Mentalidade dos Colonizadores Português no Brasil. 19

- Gilberto FREIRE. Casa Grande & Senzala. Rio de Janeiro, Editora Record, 2001. p. 287 - cf. Lincoln de Abreu PENNA. República Brasileira. República Brasileira. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1999. pp. 125-127 20

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11 caótica, vai quebrando os laços de solidariedade21, prevalecendo o sistema capitalista onde o homem é avaliado pelo seu poder de consumo e onde os laços de solidariedade cedem espaço para interesses imediatos e individualistas, sendo o valor das pessoas aquilatado a partir do seu poder de compra e de produção, enquanto os veículos de comunicação de massa manipulam impedindo a reflexão crítica. Existe, é verdade, a busca de conscientização por meio de movimentos sociais. O eco, porém, destas organizações, nem sempre é ouvido, já que os grandes veículos de comunicação são financiados e controlados pelos interesses deste sistema econômico. Aqui está a chave da atualidade do texto de Adorno Para que Auschwitz não se Repita. O Brasil teve em sua formação cultural uma educação apoiada numa visão clássica greco-romana e religiosa. Este projeto educacional foi se esvaindo com o sistema capitalista que impôs sua lógica de maximizar o lucro e minimizar o homem. Há reificação do homem não apenas nas práticas produtivas e comerciais, mas perpassa como lógica a negação do homem através de uma educação que o adestra e domestica não lhe dando autonomia para construir a autoconsciência e com ela o espírito crítico. As favelas não deixam de serem campos de concentração onde a seres humanos é negada a dignidade e os cotidianos tiroteios em nada ficam a dever a ações de guerra que ceifam vidas inocentes, e, espantosamente, não nos assustamos com isto, mantendonos frios e, sobretudo, distantes desta realidade. A violência urbana, o desprezo pela vida, o sucateamento da saúde e educação, a indiferença dos políticos frente ao sofrimento da comunidade e a corrupção são sinais de frieza, sobretudo nos grandes conglomerados urbanos onde falta uma educação para autoconsciência e autonomia o que vai gerando pessoas alienadas que, se são vitimas, são também, potencialmente, algozes. Os campos de concentração estão entre nós, talvez não percebidos, porque desenvolvemos indiferença ao sofrimento e às injustiças. O sucateamento da Educação pública e da saúde são formas visíveis de uma violência se, não especificamente programada, certamente, porém, sustentada e consentida pela ineficiência e sordidez de muitos segmentos políticos preocupados na defesa de seus interesses corporativos. Há o mesmo “silêncio” dos campos de concentração do não denunciar. A lama que rola por baixo dos poderes públicos é imensa. Muitas favelas tornaram-se um estado dentro do Estado com leis próprias e sistemas de repressão violentos não diferentes dos utilizados pela força pública. As formas de violência e de frieza faz com que novas gerações se eduquem nestes pseudo-valores e o reproduzam. Adorno acredita que a violência seria enfrentada na educação das crianças, porém, tais menores armados, “educados” neste sistema perdem o amor e são tomados de frieza não diferente dos algozes de Auschwitz. A falta de oportunidades e de horizontes sociais faz com que medrem a margem da sociedade organizada modos de vida violentos. Tem-se uma ciranda de violência desde

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- Como uma referência cito a questão de Angola um país que até recentemente tem vivido valores tribais seculares. Como exemplo, podemos citar a solidariedade entre as pessoas e o cuidado especial com as crianças. Elas são entendidas como bem da comunidade onde todos zelam por ela. O Petróleo e o diamante, após a independência, passaram a ser disputados por grandes potências econômicas. Isso favoreceu o prolongamento da Guerra civil que durou mais de vinte anos. Com isto grande parte da população saiu dos campos para as cidades maiores. A competitividade pela sobrevivência e pela posse de bens de consumo ocidentais foi de tal monta que hoje essas cidades tiveram apagada a solidariedade como valor tribal. Perambula pelas grandes cidades um imenso numero de meninos de rua, delinqüindo e sendo perseguidos pela periculosidade que representam. Entrar na órbita do sistema capitalista representou para este país a dissolução de seus mais profundos valores. Prof. Dr. Dilson Passos Júnior – [email protected]

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12 o descaso de autoridades até as práticas corruptas. Perpetua-se aquela educação dual denunciada por Anísio Teixeira que mais perpetua este statuo quo. O Pensamento e o diagnóstico de Adorno ganham cada vez mais atualidade nas décadas seguintes com o aperfeiçoamento da indústria cultural massificadora em nível planetário. As condições que permitiram que Auschwitz acontecesse não só não foram superadas, mas ampliadas. A Educação está se internacionalizando como mercadoria rentável, mais preocupada nos lucros do que na sua missão específica. A frieza frente aos outros está marcada pelo individualismo no âmbito social e familiar22. O ser humano está se coisificando e coisificando os outros com uma tecnologia que se erige como totem “venerado” por uma legião de consumidores sedentos do “ultimo modelo” e do produto “ponta de linha”. Os fones de ouvido e os “amigos” virtuais fazem com que mesmo junto com outras pessoas cada um fique no seu mundo vivendo sua vida. Adorno assinala que a ruptura com este mundo acontecerá com uma Educação que tenha coragem mostrar a realidade gerando a consciência que permita à autoreflexão. A autonomia crítica é a condição primeira para este fato. O ser humano não deve ser guiado por outros, mas ser capaz de autodeterminação. É preciso superar essa consciência moral em dissolução através do Esclarecimento. No Brasil a industrialização, plenificada pela globalização, criou as condições que estão desmantelando nossa solidariedade. Esta abordagem cabe para o Brasil e cabe para o mundo em tempo de globalização. Evitar a barbárie é uma missão difícil frente ao poder da mídia cooptada pelos interesses do poder econômico. Auschwitz sempre será um fantasma a assombrar a humanidade por ter acontecido, por estar acontecendo e por ser possível de se repetir e que só será exorcizado pelo Esclarecimento, porque, em algum momento qualquer homem poderá ser convocado a ser algoz. Trata-se de criar consciências individuais que, esclarecidas, unam-se coletivamente, para dizer não. É um trabalho artesanal de educação. A lógica da globalização que se espraia em todas as partes do mundo é um fantasma que nos lembra de que, talvez, não estejamos tão distantes de novos Auschwitz se não realizarmos uma verdadeira educação calcada no esclarecimento, na autoconsciência e na autonomia das futuras gerações.

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- Impressiona como cada vez mais o americano tende a isolar-me também dos laços familiares. Mesmo nas casas as pessoas vivem em seus mundos. Esse estilo de vida aos poucos vai sendo passado para diversos países onde as relações familiares e a vivência em família tende a ser a mínima possível. Prof. Dr. Dilson Passos Júnior – [email protected]

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BIBLIOGRAFIA ADORNO, Theodor. W. Educação e Emancipação, São Paulo, Editora Paz e Terra, 2006. PUCCI, Bruno. LASTÓIA, Luis Antônio Calmon Nabuco. COSTA, Belarmino Cesar Guimarães. Tecnologia, Cultura e Formação... Ainda Auschwitz. São Paulo, 2003. ZUIN, Antônio Álvaro Soares. PUCCI, Bruno. OLIVEIRA, Newton Ramos. Adorno – O poder Educativo do Pensamento Critico. Petrópolis, Editora Vozes. 2001. PENNA, Lincoln de Abreu. República Brasileira. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira. 1999. FREIRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. Rio de Janeiro, Editora Record, 2001. p. 287.

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