Educação Online: uma experiência no Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro

May 28, 2017 | Autor: Keite Melo | Categoria: Teaching and Learning, Social Interaction, Virtual Learning Environments
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Volume 9 - No 2 – Maio/Agosto de 2015

Educação Online: uma experiência no Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro

Andréa Villela Mafra da Silva Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro Universidade do Estado do Rio de Janeiro [email protected]

Keite Silva de Melo Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro [email protected]

Resumo Este trabalho apresenta o ambiente virtual de aprendizagem do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ) hospedado no Moodle. Criado pelo grupo de pesquisa FORPROTEC/CNPq, em 2013, o ambiente virtual de aprendizagem do ISERJ dispõe de salas de aula divididas por segmentos de ensino, a saber, o ensino superior, o ensino médio, o ensino fundamental, a educação infantil, a educação especial e os serviços de apoio e orientação aos alunos. O objetivo do grupo de pesquisa é investigar as competências necessárias ao professor para o uso das tecnologias de informação e comunicação no processo de ensino e aprendizagem. O pressuposto teórico é o paradigma sócio construtivista focado na análise de Lev Vygotsky. A metodologia de coleta e análise dos dados, nesse trabalho, identifica-se com a pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, a partir de análise bibliográfica e documental. Conclui-se que os profissionais de educação do ISERJ 112 Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ

Volume 9 - No 2 – Maio/Agosto de 2015 estão trabalhando para aprimorar o uso das tecnologias de informação e comunicação no processo de ensino e aprendizagem com o objetivo de reforçar as competências

da

sociedade

da

informação

e,

especialmente,

garantir

a

democratização do saber. Palavras Chave: Ambiente virtual de aprendizagem, interatividade, ensino e aprendizagem.

Online education: an experiment at the Institute of Rio de Janeiro Education

Abstract This work presents the virtual learning environment of the Institute of Education of Rio de Janeiro / ISERJ hosted by Moodle platform. Created by FORPROTEC/CNPq research group in 2013, virtual environment ISERJ learning has classrooms divided by educational segments, namely, higher education, secondary education, elementary education, early childhood education, special education and support services and guidance to students. The goal of the research group is to investigate the skills needed for the teacher to the use of information and communication technologies in teaching and learning. The theoretical assumption is Constructivist social paradigm focused on Lev Vygotsky analysis. The methodology of collecting and analyzing data in this work is based on descriptive research with qualitative approach, through bibliographical and documentary analysis. It concludes that the ISERJ education professionals are working to improve the use of information and communication technologies in teaching and learning in order to strengthen the capabilities of the information society and in particular to ensure the democratization of knowledge. Keywords: virtual learning environment, interaction, teaching and learning.

113 Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ

Volume 9 - No 2 – Maio/Agosto de 2015

Introdução Este trabalho trata do ambiente virtual de aprendizagem (AVA) do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ). Criado pelo grupo de pesquisa FORPROTEC/CNPq, em 2013, o ambiente virtual de aprendizagem do ISERJ dispõe de salas de aula divididas por segmentos de ensino, a saber, o ensino superior, o ensino médio, o ensino fundamental, a educação infantil, a educação especial e os serviços de apoio e orientação aos alunos. O objetivo do grupo de pesquisa é investigar as competências necessárias ao professor para o uso das tecnologias de informação e comunicação no processo de ensino e aprendizagem. Nesse

sentido,

o

professor

é

o

centro

de

atenção

da

pesquisa

do

FORPROTEC/CNPq e está envolvido indissoluvelmente nas relações deste processo educativo online de que trata este artigo. Nessa complexidade, é interessante contextualizar o ISERJ - lócus da pesquisa - tendo em vista que foi a primeira escola de formação de professores criada no Estado do Rio de Janeiro, inicialmente com o nome de Escola Normal da Corte. O ISERJ foi inaugurado em 05 de abril de 1880 e passou a funcionar no Imperial Colégio Pedro II. Em 1932, sendo Anísio Teixeira Diretor Geral do Departamento de Educação do Distrito Federal, obteve do então prefeito Pedro Ernesto, através do Decreto 3.810, de 19/03/1932 a transformação da antiga Escola Normal em Instituto de Educação, abrangendo todos os graus de ensino, desde o pré-escolar até o superior, tendo como objetivo prioritário a melhoria da qualidade de formação do magistério primário (MARTINS, 1996). Nos dias atuais, o ISERJ está subordinado à Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC), vinculada à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (SECT-RJ) e atua com todos os segmentos e modalidades da escola básica e com a formação de professores no ensino superior. Com os estudos do grupo de pesquisa Formação de Professores e Tecnologias Educacionais (FORPROTEC/CNPq), buscou-se perceber de que maneira o conhecimento pedagógico - enquanto afirmação de um corpo de conhecimentos teóricos necessários ao desempenho da profissão docente – 114 Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ

Volume 9 - No 2 – Maio/Agosto de 2015 desempenha um papel crucial na circulação e na produção de saberes no âmbito da educação online. As formas de atuação dos professores no ambiente virtual de aprendizagem podem comprometer o estabelecimento de um processo educativo que permita, por exemplo, a adaptação às condições de usabilidade dos alunos, bem como contrariar o princípio da autonomia tão requerido pela educação online. Uma vez que a proposta do FORPROTEC/CNPq é pesquisar, dentre outros temas, o potencial do AVA na formação inicial de professores optamos por hospedar no servidor do ISERJ - a Plataforma Moodle - como lócus privilegiado para investigar as competências necessárias ao professor, no que se refere ao estabelecimento de um processo educativo online de qualidade. A escolha pela plataforma Moodle justifica-se por ser um software livre e gratuito que permite alterar, ampliar e modificar seus módulos personalizando os usos a que lhes são atribuídos. Em decorrência, foi criado em 2013 o ambiente virtual de aprendizagem do ISERJ com salas de aula divididas por segmentos de ensino. Estas salas de aula possibilitam a interação entre professores e alunos dos segmentos de ensino presentes no ambiente online promovendo aprendizagem colaborativa com base na pedagogia sócio construtivista. Esta concepção do conhecimento tem como base a teoria de Lev Vygotsky, que parte da ideia de que o sujeito não é passivo sob a influência do meio, ou seja, responde aos estímulos externos e age sobre eles construindo e organizando o seu próprio conhecimento em níveis cada vez mais elaborados. Tendo em conta que os ambientes virtuais de aprendizagem têm potencial para desempenhar um importante papel na maneira de ensinar e aprender é possível o estabelecimento de relações de estudo com base na pedagogia sócio construtivista orientadas pela democratização do acesso ao conhecimento.

Revisão Teórica As tecnologias digitais na formação docente Tornar o profissional da educação protagonista e efetivamente reflexivo na perspectiva de Zeichener (2008) diante das demandas do nosso tempo inclui a sua 115 Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ

Volume 9 - No 2 – Maio/Agosto de 2015 literacidade diante das mídias. Será o letramento digital do docente que poderá propiciar/estimular/despertar o letramento do discente. E para isso, é exigência reconhecer os professores como “herdeiros, intérpretes e críticos da cultura”, além de autores e agentes sociais com crenças próprias quanto ao seu papel na transformação da sociedade (MELLOWKI e GAUTHIER, 2004, p. 543). As demandas do nosso tempo incluem a incorporação das Tecnologias da Informação e Comunicação com seus artefatos culturais, para acrescentar a forma como nos comunicamos, as novas formas de produção e divulgação de conhecimentos. Se desejarmos que o ciberespaço otimize cada vez mais novas reestruturações cognitivas, democratização dos saberes, de autoria, de ativismo através de novos canais de protesto contra injustiças (alguns dos quais têm conquistado mudanças pontuais no atual cenário político) e novas formas de aprendizagem através de instigantes comunidades virtuais de aprendizagem - a educação não pode se isentar de posicionamento. Compreender o empoderamento dos sujeitos e das instituições através do ciberespaço é uma necessidade para educação. Assim como, faz-se urgente analisar criticamente as diversas mídias e tecnologias, buscando instrumentalizar-se quando pertinente, para inclusão das TIC no seu agir pedagógico. Este é um dos pilares do FORPROTEC/CNPq - o empoderamento do professor no uso das TIC - que nos termos de Mellowki e Gauthier (2004, p. 545), possui papel de intelectual, de produtor e de divulgador de conhecimentos, técnicas e procedimentos pedagógicos. Entendemos que o professor produz conhecimento para e com os seus alunos. Um dos fundamentos da formação de professores é a ética do compartilhamento, da divulgação dos saberes construídos no coletivo para o coletivo. Esta ética encontra nas mídias digitais, os canais e interfaces para ser propagada, mas para isso, o letramento digital é exigência anterior. Buzato, ao tratar do tema letramento digital e formação de professores, aponta os principais aspectos que desejamos incluir nesta referida formação:

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Volume 9 - No 2 – Maio/Agosto de 2015 Queremos que professores e alunos continuem sabendo quem são os autores relevantes e como têm sido interpretados, mas também que saibam encontrar esses e outros conteúdos em outros códigos, culturas e formatos midiáticos, bem como em arranjos complexos de meios e modalidades. Queremos que saibam avaliar a credibilidade, determinar a aplicabilidade e a relevância dos conteúdos e das ferramentas digitais, mas também queremos que isso sirva para intervirem crítica e criativamente naqueles códigos e formatos que ainda contam para a sua inclusão social, acadêmica, profissional (BUZATO, 2006, p. 11-12).

O autor de forma clara e objetiva fundamenta as pesquisas em torno da formação docente para adoção crítica das tecnologias. Reconhecendo a necessidade de pesquisas no campo da formação de professores e tecnologias educacionais o grupo de pesquisa FORPROTEC/CNPq criou o ambiente virtual de aprendizagem para os alunos e professores do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro. Desde a sua criação, cabe ao FORPROTEC/CNPq a tarefa de administrar o ambiente para o Ensino Superior, na plataforma Moodle, excluindo a missão de coordenar e orientar pedagogicamente as ações realizadas pelos professores. Cabe a coordenação do ensino superior do ISERJ a tarefa de acompanhar as atividades pedagógicas desenvolvidas no Moodle/ISERJ.

Metodologia e Desenvolvimento A plataforma Moodle O Moodle - Modular Object Oriented Dynamic Learning Environment - é um sistema de administração de atividades educacionais destinado à criação de comunidades online, em ambientes virtuais voltados ao ensino e aprendizagem. Esta plataforma de ensino foi criada por Martin Dougiamas, que com a sua formação tanto em educação como em computação, conseguiu desenvolver uma ferramenta com características tecnológicas e pedagógicas satisfatórias (PULINO FILHO, 2007). Martin Dougiamas adota o Construcionismo Social como uma estrutura pedagógica, que se baseia na ideia de que os indivíduos aprendem melhor quando 117 Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ

Volume 9 - No 2 – Maio/Agosto de 2015 engajados em um processo social de construção do conhecimento. Totalmente baseado em ferramentas da WEB, o Moodle requer do usuário um computador conectado à Internet e a disponibilidade de um navegador, a exemplo do Google Chrome, Firefox e do Internet Explorer. Os usuários do sistema são o administrador, que se ocupa do desenvolvimento do sistema em si; o professor, que é o mediador do processo de ensino e aprendizagem; e o aluno. Contando com diversos recursos o Moodle disponibiliza materiais didáticos dos cursos, através de páginas de texto simples, páginas da web e links que dão acesso a materiais disponíveis na internet. A plataforma Moodle coloca as ferramentas de ensino em uma interface que faz da aprendizagem a tarefa central, através do compartilhamento de informações e do acesso simultâneo de diversos usuários. Aprendizagem ativa, fóruns e chats são estratégias de ensino presentes na plataforma que potencializam a eficiência dos processos de ensino e aprendizagem. Estes ambientes permitem não só a utilização de tecnologias para uma simples disponibilização de conteúdo, como também a comunicação síncrona e assíncrona. A comunicação síncrona ocorre em tempo real (online) e exige a participação dos professores e alunos em eventos com horários previamente estabelecidos, como exemplos temos o chat, a videoconferência, audioconferência e a teleconferência (LINS, MOITA, 2009).

A comunicação

assíncrona independe de tempo e lugar. Tem como exemplo o e-mail, fórum, Webblogs ou Blogs (LINS, MOITA, 2009). Os segmentos de ensino presentes no Ambiente Virtual de Aprendizagem do ISERJ são o Ensino Superior, o Ensino Médio, o Ensino Fundamental, a Educação Infantil, Educação Especial e os Serviços de Apoio (SEI, SOE e SOP). Cada segmento possui uma sala virtual onde se estabelecem as interações entre professores e alunos. O Ensino Superior dispõe, além das salas individualizadas para cada professor, espaços online para Pesquisa e Extensão e para o Grupo de Pesquisa FORPROTEC / ISERJ / FAETEC. O Ensino Médio está presente no AVA ISERJ com várias salas de aula, coordenadas por professores de diferentes áreas do conhecimento, e com propostas de ensino voltadas para o ENEM. O Espaço de

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Volume 9 - No 2 – Maio/Agosto de 2015 Inclusão – SEI contribui para a formação continuada dos professores do ISERJ oferecendo um curso de extensão online na área da educação inclusiva. Oficinas de formação para o uso do Moodle foram oferecidas pelos integrantes do FORPROTEC para os coordenadores, para os alunos e para os professores do ISERJ que atuam na primeira turma do curso de Licenciatura em Pedagogia pelo PARFOR - Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica. Estes professores também atuam no curso de Pedagogia regular e nos cursos de pósgraduação lato sensu, e os saberes adquiridos nestas formações, bem como o acompanhamento que o FORPROTEC realizou no segundo semestre de 2014 tinha por intenção, apresentar o potencial do AVA, familiarizando os docentes para adoção nos demais cursos. Importante destacar que o AVA ISERJ predispõe de competências e práticas pedagógicas diferenciadas do ensino presencial tradicional de formação. De fato, impõe que estas competências sejam claramente definidas na mediação pedagógica, na medida em que exigem novas metodologias e abordagens formativas diferenciadas do ensino presencial. Desse modo, o AVA ISERJ é utilizado como complemento às aulas presenciais, servindo de suporte aos cursos e disciplinas. É utilizado como repositório, particularmente, disponibilizando material didático para os alunos do ISERJ, discussões virtuais, continuidade da orientação de Trabalhos de conclusão de curso (TCC) e como local de oferta para cursos de extensão. A proposta pedagógica do AVA ISERJ apresenta como pressuposto: (a) contemplar e integrar os fundamentos teóricos e princípios básicos dos campos de conhecimento; (b) O desenvolvimento de aptidões sociais ligadas ao convívio ético e responsável; (c) O estímulo ao desenvolvimento do pensamento autônomo e da criatividade dos alunos do ISERJ. Apoiada em leituras de autores que vêm discutindo a inserção das tecnologias na educação e a formação de professores (BARRETO, 2004; MELLOUKI, GAUTHIER, 2004; ZEICHENER, 2008) apresentamos, a seguir, algumas questões norteadoras deste estudo: a) Como o curso de Pedagogia do ISERJ possibilita ao futuro professor oportunidades práticas de uso das TIC? De que maneira, as TIC são 119 Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ

Volume 9 - No 2 – Maio/Agosto de 2015 percepcionadas

como

elemento

facilitador

no

processo

de

construção

e

reelaboração do conhecimento escolar? b) Como os fenômenos educacionais analisados no AVA ISERJ favorecem, através de suas interpretações, uma compreensão das práticas nas salas de aula de formação de professores? c) De que forma as novas tecnologias da informação e comunicação estão adentrando no espaço educacional do ISERJ nos diferentes segmentos de ensino? De que maneira as TIC revelam no campo da educação online concepções e práticas no âmbito da formação de professores do curso de Pedagogia do ISERJ? Os segmentos de ensino presentes no Ambiente Virtual de Aprendizagem do ISERJ requerem do professor responsável pela sala de aula online a tarefa de orientar, monitorar, dinamizar e avaliar, quando for o caso, as aprendizagens dos alunos. Ademais, este professor deve sugerir leituras ou atividades complementares, organizar as atividades de estudo, dentre outras tarefas.

Resultados AVA do ISERJ no segmento de ensino superior Sala virtual - Produtores de conhecimento – Aprender em liberdade: Em 2013 foi inaugurada a sala “Produtores de conhecimento – Aprender em liberdade” por uma professora que tinha por intenção reunir todas as suas turmas na mesma sala para discutir conceitos gerais sobre educação escolar. Foi a primeira sala virtual criada no AVA do ISERJ. A ideia era criar um espaço de múltiplas interações e partilha do conhecimento, sem que para tal houvessem regras ou algum tipo de avaliação formal. Importante assinalar que a proposta desta sala virtual era estimular a autonomia dos alunos combinando criatividade e automotivação dos participantes. Foram cem alunos inscritos do curso de Pedagogia que estavam matriculados nas disciplinas de Didática do Ensino Fundamental I, Didática do Ensino Fundamental II e Informática Educativa. As discussões propostas possuíam adesão espontânea e 120 Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ

Volume 9 - No 2 – Maio/Agosto de 2015 buscavam convergências entre as turmas, com alunos de diversos períodos cadastrados. Foi implementado apenas um fórum de discussão de caráter interdisciplinar - o “Canteiro de ideias” - e como a adesão era voluntária e os alunos do curso fazem por volta de dez disciplinas por semestre, muitos deles ocupando dois turnos para contemplar as exigências do curso, a professora que intencionava discutir assuntos pertinentes às três disciplinas e divulgar eventos e acontecimentos da área, não obteve o retorno condizente com sua expectativa. Cabe sublinhar que mesmo tendo passado por aulas de formação para o uso da plataforma Moodle os alunos tiveram dificuldades em localizar no ambiente a sala virtual e o espaço do fórum. Outro dado que pode ter contribuído para a baixa participação dos alunos no ambiente virtual se deve ao fato de que o laboratório de informática (no ano de 2013) ainda não estava estruturado para receber as turmas do ensino superior. Diante disso, os alunos necessariamente deveriam acessar o ambiente virtual em outros locais fora do ISERJ o que ocasionava impedimentos de ordens diversas. Ademais, alguns alunos indicaram que a baixa participação nas discussões do fórum foi em razão da ausência de nota, tendo em vista que a sala virtual Produtores de conhecimento – Aprender em liberdade não tinha caráter avaliativo. Era um ambiente de compartilhamento de informações desvinculado da atividade avaliativa formal das disciplinas que estavam sendo oferecidas pela professora. De certa forma, acostumados a uma vivência pedagógica sob enfoque tradicional, as poucas contribuições dos alunos nas discussões do fórum não alcançaram o resultado desejado pela professora. A sala virtual Produtores de conhecimento – Aprender em liberdade manteve-se ativa somente no ano de 2013. A seguir o relato de uma experiência semelhante, porém com caráter avaliativo, ocorreu no ano seguinte, em 2014, sob a coordenação de outra professora do ensino superior do ISERJ.

Sala virtual - Informática Educativa, Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC) e Pesquisa III: Em 2014, uma professora que atuava com as disciplinas Informática Educativa, Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC) e Pesquisa III (disciplina onde os alunos constroem o projeto para o TCC), 121 Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ

Volume 9 - No 2 – Maio/Agosto de 2015 cadastrou os alunos de suas turmas e, para as disciplinas que incluíam tecnologias propôs atividades avaliativas. Esta sala conta com cento e cinquenta e quatro alunos inscritos, considerando as cinco turmas encerradas e a turma vigente. Com este aspecto contemplado, reconhecendo a complexidade da obrigatoriedade que é algo por si só polêmico, uma mudança de cultura pôde ser iniciada, e o potencial do AVA pôde ser apresentado aos alunos, já que todos precisariam acessá-lo e interagir em pelo menos uma discussão após leitura de textos e vídeos. O AVA também contemplou a função de repositório, já que a professora compartilhou diversos textos e links que poderiam enriquecer as aulas presenciais.

Neste ano de 2015, o

ambiente continua aberto para consulta de todos os ex-alunos que estão ali cadastrados e está ativa uma nova turma de TIC. Há um fórum de discussão em andamento, que compõe parte da avaliação formal, já que uma das unidades do programa desta disciplina é a educação a distância. Para compreender a modalidade de educação a distância, adotamos parte dos recursos disponíveis, experimentando uma sala virtual de aprendizagem.

Sala virtual - Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica/ PARFOR: Como citado anteriormente, o ISERJ aderiu ao Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR) oferecendo a licenciatura em Pedagogia aos professores em exercício na rede pública de ensino. O PARFOR, na modalidade presencial é um programa emergencial instituído para atender o disposto no artigo 11, inciso III do Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009 e implantado em regime de colaboração entre a CAPES, os estados, municípios o Distrito Federal e as Instituições de Educação Superior (IES). O objetivo do PARFOR é fomentar a oferta de educação superior para professores em exercício na rede pública de educação básica, para que estes profissionais possam obter a formação exigida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (CAPES, 2010). Para o PARFOR foi proposto pelo Colegiado de professores do ISERJ que nele atuavam em 2014, uma estratégia que trouxesse uma diferença ao projeto político-pedagógico do curso, permitindo aos professores122 Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ

Volume 9 - No 2 – Maio/Agosto de 2015 cursistas (alunos do PARFOR), a flexibilização de parte da carga horária presencial, através do AVA do ISERJ. Após decisão do Colegiado, o FORPROTEC foi acionado para auxiliar alunos e professores do PARFOR a adotar esta estratégia instrumentalizando-os rumo à crescente autonomia e destreza com os recursos tecnológicos do AVA. Realizada uma primeira oficina, o FORPROTEC ficou à disposição de professores e alunos, com plantões em distintos horários, com o objetivo de sanar dúvidas para acesso e utilização das tecnologias ali dispostas. As salas virtuais criadas para os alunos do PARFOR dispunham das seguintes disciplinas: Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos; Eletiva - A cultura do/no corpo. O corpo da/na cultura; Eletiva - Música e Filosofia; Prática Pedagógica III; Matemática I; Didática do Ensino Fundamental I; Língua Portuguesa e Literatura Brasileira II; Ciências e Saúde I; História I; Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem; e Geografia I. Esta estratégia implementada para as turmas do PARFOR ainda está em processo de avaliação pelo FORPROTEC e pelo Colegiado de professores do Programa. Percebemos que pensar coletivamente as ações, avaliando as escolhas e o planejamento, e sobretudo, tendo em vista as considerações dos alunos acerca das estratégias de ensino dos professores, possibilitam manter a qualidade das interações e do compartilhamento de informações através do uso das tecnologias.

Sala virtual do Curso de Pós-Graduação lato sensu em Tecnologias da Informação e Comunicação Aplicadas à Educação: A disciplina Práticas Pedagógicas Inovadoras compõe a grade curricular do curso de Pós-Graduação lato sensu Tecnologias da Informação e Comunicação Aplicadas à Educação. O curso tem como propósito formar profissionais capazes de refletir sobre as mudanças culturais, políticas e comportamentais suscitadas pela proliferação do uso das plataformas digitais, e de aplicar os conceitos, as técnicas, os métodos e as ferramentas da Tecnologia da Informação e da Comunicação em projetos voltados à área de Educação (FAETERJ-RIO, s/d). De modo geral, a Pós-Graduação lato sensu em Tecnologias da Informação e Comunicação Aplicadas à Educação 123 Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ

Volume 9 - No 2 – Maio/Agosto de 2015 intenciona que o aluno matriculado no curso conheça as tecnologias e os sistemas que podem apoiar projetos educacionais. Um dos encontros desta disciplina foi assumido pelas professoras do grupo de pesquisa FORPROTEC. Tendo como foco o planejamento pedagógico no campo da educação online e a reflexão sobre a EaD foi oferecido aos alunos uma atividade prática no AVA do ISERJ simulando a construção e implementação de atividades para um curso online. Aos alunos deste curso, após debate coletivo e apresentação de variados ambientes virtuais de aprendizagem de outras instituições, puderam em duplas, com a permissão de edição no Moodle, criar recursos, atividades e ainda mediar seus próprios fóruns, colocando-se no lugar de docentes online.

Sala virtual do Curso de Especialização no ISERJ - Pós-graduação em Educação Museal: A proposta de adoção do AVA ISERJ para esta pós-graduação ainda está em fase de discussão e implementação no ambiente virtual.

Considerações Finais Como um fenômeno relativamente novo, os profissionais de educação ainda estão trabalhando para aprimorar o uso das Tecnologias de Comunicação e Informação (TIC) no processo de ensino e aprendizagem, bem como se apropriar destas ferramentas para reforçar as competências da sociedade da informação e garantir a democratização do saber. O uso intensivo das TIC nos cursos de formação dos professores do ISERJ tem como objetivo investigar as formas destas relações, os procedimentos e as modalidades de apropriação. A tecnologia da informação tem, ademais, uma função mediadora de grande importância contribuindo para alterar inclusive as relações entre os sujeitos e as relações espaços-temporais. Pode-se afirmar que as TIC têm sido investidas de sentidos múltiplos, que vão da alternativa de ultrapassagem dos limites postos pelas velhas tecnologias, representadas por quadro-de-giz e materiais impressos, à resposta para

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Volume 9 - No 2 – Maio/Agosto de 2015 os mais diversos problemas educacionais ou

até mesmo para questões

socioeconômico-políticas (BARRETO, 2004).

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Volume 9 - No 2 – Maio/Agosto de 2015 MARTINS, A M. S. Dos anos dourados aos anos de zinco: análise histórico-cultural da formação do educador no Instituto de Educação do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996. MELLOUKI, M'hammed; GAUTHIER, Clermont. O professor e seu mandato de mediador, herdeiro, intérprete e crítico. Educ. Soc., Campinas, v. 25, n. 87, p. 537571,

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Sobre as Autoras Andréa Villela Mafra da Silva Doutoranda em Educação na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, onde também cursou o Mestrado em Educação na linha de Subjetividade, Cultura e História da Educação. Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão em Educação a Distância pela Universidade Federal Fluminense. Atualmente é professora do Ensino Superior da FAETEC no Curso de Pedagogia e nas turmas do PARFOR no Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro. Desde 2006 atua como Coordenadora Adjunta e de Tutoria dos Cursos de Pós-Graduação a distância na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Coordenadora de Campo do Plano de Ações Articuladas no Estado do Rio de Janeiro - MEC / FNDE (2009 - 2011). Líder do grupo de pesquisa Formação de Professores e Tecnologias Educacionais/FAETEC/CNPq. Pesquisadora do grupo de pesquisa Educação e Comunicação/UERJ/CNPq. Pesquisadora do grupo de pesquisa LOGOS/UNIRIO/CNPq. Keite Silva de Melo Doutoranda em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Mestre em Educação pela Universidade Estácio de Sá. Especialista em Mediação Pedagógica em EaD e em Supervisão Educacional. Graduada em Pedagogia pela Educação na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente é professora no Curso de Pedagogia no Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro e Coordenadora de Tutoria do Curso de PósGraduação a distância Planejamento, Implementação e Gestão em Educação a Distância pela Universidade Federal Fluminense. Membro do grupo de pesquisa Formação de Professores e Tecnologias Educacionais/FAETEC/CNPq. Participante do grupo de pesquisa Cooperação e Avaliação em EaD (CCEAD/PUC-Rio). o

Revista EducaOnline, Volume 9, N 2, Maio/Agosto de 2015. ISSN: 1983-2664. Este artigo foi submetido para avaliação em 12/1/2015 e aprovado para publicação em 05/05/2015.

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