EFEITO DE DIFERENTES DENSIDADES DE ESTOCAGEM E N��VEIS DE ARRA��OAMENTO NO DESEMPENHO DE PIRACANJUBAS (Brycon orbignyanus) NA FASE JUVENIL

June 3, 2017 | Autor: Marcelo Polo | Categoria: Weight Gain
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EFEITO DE DIFERENTES DENSIDADES DE ESTOCAGEM E NÍVEIS DE ARRAÇOAMENTO NO DESEMPENHO DE PIRACANJUBAS (Brycon orbignyanus) NA FASE JUVENIL* VERA APARECIDA LAGE(**) MARIA EMILIA DE SOUZA GOMES PIMENTA(***) MARCELO POLO(***) LÚCIA HELENA SIPAÚBA TAVARES(****)

RESUMO Este trabalho foi desenvolvido na Universidade de Alfenas-MG com o objetivo de estudar o crescimento e o ganho de peso em diferentes densidades de estocagem e níveis de arraçoamento em piracanjubas (Brycon orbignyanus) na fase juvenil. Os tratamentos foram constituídos de duas densidades de estocagem (0,5 peixe/m2 e 1 peixe/m2) e três níveis de consumo (2 %, 3,5 % e “ad libitum”). Os resultados do ganho de peso e o crescimento inicial e final foram respectivamente: 149,00 ± 130,29 g e

28,75 ± 2,32 cm; 176,42 ± 145,35 g e 32,23 ± 1,3 cm. Para o ganho de peso não houve diferença entre as densidades e quantidades de arraçoamento. O crescimento foi influenciado pelas condições limnológicas dos viveiros.

DESCRITORES: Brycon orbignyanus, crescimento, ganho de peso, densidade de estocagem e nível de arraçoamento.

SUMMARY EFFECT OF DIFFERENT STOCK DENSITIES AND RATION IN THE OF PIRACANJUBA FISH (Brycon orbignyanus) EM THE JUVENILE PHASE These study was carried out at University of Alfenas, Minas Gerais, to purpose evaluate the growth and weight gain of target piracanjuba fish (Brycon orbignyanus) in different stock densities and ration levels supply. The treatments was two densities (0.5 fish / m2 and 1.0 fish / m2) and three ration levels supply (2 %, 3,5 % and “ ad libitum”). The results in weight gain and initial and final growth were, respectively, 149.00 ± 130.29 g and 28.75 ± 2.32 cm; 176.42 ± 145.35 g and 32.23 ± 1.3 cm. There were, no difference in the weight gain between the densities and ration levels supply. Growth was influenced only by the limnologic conditions of the fishponds. KEY WORDS: Brycon orbignyanus, growth, weight gain, densities stock and ration level.

1. INTRODUÇÃO A piracanjuba tornou-se uma espécie em extinção nos rios Grande, Mogi e Pardo, locais onde eram possíveis as capturas de muitos exemplares na década dos anos quarenta, isto ocorreu devido ao desmatamento ciliar, às construções de barragens hidrelétricas, à poluição e ao uso indiscriminado de agrotóxicos (Conte, Bozano, Ferraz de Lima, 1995). Raros são os trabalhos científicos existentes sobre a piracanjuba, são poucas as informações sobre o seu desempenho em cativeiro. Sabe-se, entretanto, que a densidade de estocagem é extremamente importante, sendo que a quantidade de peixes colocados em um viveiro dependerá de vários fatores como: o tipo de viveiro (alevinagem ou engorda); o tamanho do viveiro; tipo de sistema de produção (monocultivo ou policultivo); tempo que se pretende concluir o cultivo; a qualidade e a quantidade de água disponível e o tamanho exigido pelo mercado. Peixes criados em altas densidades terão problemas para crescer, em função da falta de alimento. Se não houver um arraçoamento adequado,

ocorrerá o estresse, facilitando o aparecimento de doenças, podendo levá-los à morte (Souza, 1996). Além da densidade de estocagem, é importante o conhecimento da alimentação. A quantidade de alimento ingerido pelos peixes varia com a idade e o estado fisiológico. Peixes sadios consomem mais alimentos que peixes estressados e doentes (Ono, 1998). O excesso de arraçoamento prejudica também, reduzindo a qualidade da água e consequentemente provocando uma baixa produção (Dias, 1998).

2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Universidade de Alfenas – MG, no período de fevereiro a maio de 1999. Foram utilizados três viveiros com as seguintes dimensões: Viveiro 1 = 19,30 x 12 x 1 m; Viveiro 2 = 22,20 x 12,30 x 1 m; Viveiro 3 = 23,60 x 13,10 x 1 m;

*Parte da dissertação de Mestrado da primeira autora ** Zootecnista ***Prof. do ICA UNIFENAS, Rod. MG 179 KM 0 C.P. 21 CEP 37130-000 Alfenas-MG **** Centro de Aquicultura Universidade Estadual Paulista Câmpus Jaboticabal

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V. A. LAGE et al. O sorteio das parcelas foi aleatório:

zas. A entrada de água realizou-se através de um cano de PVC de 100 mm com comprimento correspondente ao comprimento de cada viveiro. A distribuição da água em cada parcela foi feita por um cano de 40 mm, com vazão de 0,5 L/seg. A água de abastecimento foi obtida em um açude com nascente localizada na área da Universidade. O abastecimento dos viveiros foi feito por gravidade e o deságüe por sistema de cachimbo. Foram utilizados 612 piracanjubas juvenis, com densidade de estocagem e nível de arraçoamento em cada parcela estão representados na Tabela 1.

1 2 2 4 6 3 3 4 1 3 5 1 5 6 6 5 4 2 V iv eiro 1 V iv eiro 1 V iv eiro 1 Cada viveiro foi dividido em 6 parcelas com tela plástica resistente de 20 mm de malha mais tela tipo sombrite de 50 cm de largura junto da tela divisória para controlar o consumo de alimento. Nas caixas de entrada de água de cada viveiro foram colocadas britas e telas para reter as impure-

Tabela 1. Densidade de estocagem e nível de arraçoamento Parcelas 1

2

3

4

5

6

Densidade de estocagem (nº de peixe/m2)

1

0,5

0,5

1

1

0,5

Nível de arraçoamento (%)

3,5

2

3,5

“ad libitum”

O monitoramento dos viveiros e da água de abastecimento foi realizado através de médias diárias de temperatura e oxigênio dissolvido pelo aparelho YSI 55 Bernauer e semanais de transparência pelo disco de Secchi, de condutividade elétrica por condutivímetro F1000 Bernauer e pH medido com pHmetro F1002 Bernauer ao longo de 90 dias. Nos dias 03/03 e 03/04/99 foram feitas as análises de alcalinidade total por acidimetria, dureza total por titulometria pelo método EDTA, nitrato e nitrito por espectrofotômetria com ondas de 4000 a 220 nm e 4000 a 507 nm, respectivamente, pelo Método de Azotização (Federal Register, 1979). A ração extrusada Bio Truta, fase final (42 % PB) foi fornecida diariamente às 10 h 20 min. e 16 h 00 min, nas quantidades, em relação à biomassa de 2 %, 3,5 % e “ad libitum”. Foram realizadas três biometrias nos dias 01/02, 18/03 e 08/05/99 a partir das 9 h 00 min.. Em cada parcela foram retiradas amostras de 15 peixes, em jejum e anestesiados com solução de benzocaína (1g de benzocaína em 50 ml de álcool comum, misturados em 20 L de água). Após cada mensuração os peixes foram submetidos a um tratamento profilático com cloreto de sódio 5 % , para evitar a ação de microorganismos patogênicos (Furtado, 1995). O delineamento foi em blocos casualizados num esquema fatorial 2 x 3 (2 densidades de estocagem e 3 níveis de arraçoamento). Os blocos

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2

“ad libitum”

foram os viveiros experimentais. Foi utilizado o pacote computacional SAEG segundo Euclydes (1982) e o teste de Tukey para comparação das médias dos tratamentos. Foi aplicado o modelo estatístico: X=µ+Ti+bj+Eij, onde µ = média geral; Ti = efeito do tratamento; bj = efeito do bloco; E ij = efeito do erro experimental.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Verificou-se que até a 4ª semana do experimento, houve queda no teor de oxigênio dissolvido na água de abastecimento nos viveiros 2 e 3. No viveiro 1 a queda ocorreu até a 6ª semana, devido às chuvas constantes neste período. Outros fatores também contribuíram para a diminuição no teor de oxigênio dissolvido no viveiro 1, como: o efeito da decomposição da ração, as quais não foram removidas totalmente; o tempo de residência da água e a elevada quantidade de algas verdes do tipo Nitella, a retirada com ancinho diariamente fazia com que houvesse uma maior movimentação de materiais sedimentados. Os valores de oxigênio dissolvido nos viveiros variaram consideravelmente. No viveiro 1 manteve-se abaixo de 5 mg/L e nos viveiros 2 e 3 o teor foi mais elevado (Tabela 2).

EFEITO DE DIFERENTES DENSIDADES DE ESTOCAGEM E NÍVEIS DE...

Blocos Período

1

2

3

CV%

1

2,7833 B* 5,3333 A 5,7000 A

7,62

2

4,1500 B 5,9333 A 5,6833 A

9,87

*Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). Dados médios de 45 análises O viveiro 1, apresentou valores inferiores de oxigênio dissolvido (P < 0,05) abaixo do teor recomendado para peixes reofílicos, em relação aos demais viveiros. Os níveis de tolerância, das espécies, em relação ao baixo teor de oxigênio dissolvido variam muito. Segundo Saint-Paul (1989), o tambaqui (Colossoma macropomum) sobrevive em concentrações de oxigênio dissolvido abaixo de 0,5 mg/L. Menezes (1996) cita que o teor de oxigênio para peixes herbívoros é de 3 mg/L ou mais, eles conseguem sobreviver temporariamente com apenas 1 mg/L, mas o crescimento é menor, tornam-se menos resistentes às doenças, à poluição e ao manuseio, diminuindo consideravelmente o consumo de alimento. Sample (1994) relata que os níveis de oxigênio dissolvido inferior a 5 mg/L são indesejáveis na piscicultura, causando prejuízos no crescimento dos peixes. Kubitza (1998) também relata que baixo teor de oxigênio, além do atraso no crescimento, reduz o consumo de alimento, aumentando a incidência de doenças e a mortalidade. Foi verificado que as piracanjubas tiveram um baixo consumo de alimento, devido às sobras das rações nos viveiros e o índice de sobrevivência foi de 100 % durante a fase experimental.. A menor concentração do teor de oxigênio dissolvido encontrado foi no viveiro 1, na 6ª semana do experimento, sendo de 2,09 mg/L. A vazão e o tempo de residência da água influenciam a oxigenação. A vazão de abastecimento da água foi de 4,5 L/s e, nos viveiros, 0,5 L/s. Segundo Galli e Torloni (1989) a vazão ideal é de 10 a 15 L/segundo/ha. De acordo com os dados dos autores, os viveiros 1, 2 e 3 necessitariam de uma vazão média de 0,28 L/s, 0,34 L/s e 0,38 L/s, respectivamente. Portanto, a vazão em cada viveiro manteve-se acima da recomendada.

O tempo de residência da água nos viveiros 1, 2 e 3 foi de 5 dias e 9 horas; 6 dias e 8 horas e 7 dias e 4 horas, respectivamente. Segundo Sipaúba - Tavares (1995) a residência da água é o tempo que a água leva para entrar no sistema, sofrer todos os processos e sair. Se a água flui rapidamente, poderá haver uma perda dos fertilizantes antes de agirem. Sipaúba-Tavares e Colus (1995) indicaram que o contínuo fluxo formado pela corrente de entrada e saída de água evita a morte dos peixes. O pequeno aumento na concentração de oxigênio entre os dois períodos, do viveiro 1, (2,7 e 4,1 mg/L, respectivamente) foi devido ao aumento da vazão e do escoamento, fazendo com que o tempo de residência da água fosse menor, medida adotada para manter a altura da queda da água igual aos demais viveiros. A temperatura manteve-se dentro da faixa considerada ideal, que de acordo com Melo (1998) varia de 20 a 28 ºC. Os valores de pH variaram de 5,26 – 6,93, transparência 41- 80 cm, condutividade elétrica 34,8 – 52,4 µS/cm, alcalinidade total 32-35 mg/L, dureza total 24 –36 mg/L, cálcio 10-18 mg/L, magnésio 12 – 18 mg/L, nitrogênio amoniacal 0,001– 0,355 mg/L, nitrato traços e nitrito 0,001 – 0,009 mg/L apresentaram resultados considerados satisfatórios para a piscicultura. 3.1 Desempenho Produtivo das Piracanjubas As médias de peso corporal (Figura 1) variaram durante o período experimental. Provavelmente a diminuição da média do peso corporal dos peixes está relacionada com baixo teor de oxigênio dissolvido na água. Essa condução ambiente faz que os peixes não se alimentem e, conseqüentemente, percam peso. Os peixes do viveiro 1 apresentaram uma pequena elevação no ganho de peso após o teor de oxigênio dissolvido ter aumentado. Peixes criados em baixas concentrações de oxigênio dissolvido não se alimentam, Kubitza (1998). V1

V2

V3

320

(Gramas)

TABELA 2. Valores de oxigênio dissolvido, em mg/L, nos viveiros, nos primeiros 45 dias (1) e nos 45 dias finais (2).

175

319,5

291,5

290

272,2

260

278,4

254,3 252,0

244,9

249,3

230

(dias)

204,9

200 0

45

90

FIGURA 1: Valores médios dos pesos (g) dos peixes nos viveiros durante o período experimental.

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V. A. LAGE et al.

Os valores médios do comprimento dos peixes estão representados na (Figura 2).

(cm)

V1

V2

V3

33 32 31 30 29 28 27 26 25

Tabela 5: Ganho em peso (g) e em comprimento (cm) de Juvenis de piracanjuba (Brycon orbignyanus) em diferentes níveis de arraçoamento Níveis de Arraçoamento Parâmetros 2% 3,5% Ad libitum CV (%) * GP (g) 35,15 A 24,20 A 32,71 A 30,35 C (cm) 4,0917 A 3,0565 A 3,3590 A 26,14

0

45

90

(dias)

Figura 2: Valores médios dos comprimentos (cm) dos peixes nos viveiros durante o período experimental. O presente estudo, que ocorreu durante o período final do verão e início do outono, quando as temperaturas máximas e mínimas médias ainda eram altas, o metabolismo dos peixes ainda era alto, conforme afirma Brett (1979), o que pode ter proporcionado um maior consumo de alimento e a conseqüente deposição de tecidos corporais, favorecendo o crescimento (Ricker, 1979). O crescimento na fase de alevinagem é mais rápido devido à maior conversão alimentar, como afirma Ferraz de Lima, Ferrari, Colares de Melo, et al. (1988). Os resultados de ganho de peso (g) e comprimento (cm) para os diferentes blocos (viveiros), densidades de estocagem e níveis de arraçoamento são representados nas Tabelas 3 a 5. Tabela 3. Ganho em peso (g) e em comprimento (cm) de juvenis de piracanjuba (Brycon orbignyanus) em diferentes viveiros. Blocos Parâmetros 1 2 3 CV% * GP (g) 28,033 A 26,4167 A 40,000 A 30,35 C (cm) 1,6518 B 2,0797 A 2,0468 A 26,14 *Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05).

Tabela 4. Ganho em peso (g) e em comprimento (cm) de juvenis de piracanjuba (Brycon orbignyanus) criados em diferentes densidades de estocagem. Densidades de Estocagem Parâmetros 1 2 CV (%) GP (g) 34,74 A* 26,65 A 30,35 C (cm) 3,4591A 5,9333 A 26,14 *Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05).

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*Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05).

Os valores de ganho de peso (g) nos viveiros não diferem estatisticamente para blocos (viveiros), densidades de estocagem e níveis de arraçoamento. Os peixes do viveiro 3 apresentaram uma tendência ao ganho de peso e os peixes do viveiro 2 também apresentaram uma tendência ao crescimento em relação aos demais viveiros. Provavelmente a concentração de oxigênio, (maiores nos viveiros 2 e 3 (Tabela 2) influenciou o ganho em peso e o crescimento dos peixes. Segundo Sipaúba-Tavares, Durigan e Ligeiro (1994) para que ocorram crescimento e conversão alimentar adequados, as concentrações de oxigênio dissolvido precisam estar entre os limites aceitáveis, mesmo que alguns peixes possam sobreviver em concentrações baixas de oxigênio). As piracanjubas utilizadas tinham cerca de 1 ano e 3 meses de idade com peso médio inicial de 149,0 ± 130,2 g e 28,7 ± 2,3 cm de comprimento e ao final do experimento, tinham cerca de 176,4 ± 145,3 g de peso e 32,2 ± 1,3 cm de comprimento. Conforme afirmam Mendonça, Senhorine e Cantelmo (1996) a piracanjuba criada no período de inverno, em Pirassununga - SP (julho - setembro) com uma variação de oxigênio de 7,3 a 8,0 mg/L e temperatura de 19 a 23 ºC, o peso final foi a proximadamente três vezes maior que o peso inicial. No presente trabalho pode ser verificado que o teor de oxigênio dissolvido influenciou mais no ganho de peso, do que a temperatura, a qual manteve-se a uma média de 24 ºC. Provavelmente este baixo desenvolvimento apresentado pelas piracanjubas, além da influência do teor do oxigênio, também os efeitos de territorialismo e de estresse podem ter influenciado. Não foi encontrada na literatura, qualquer menção ao efeito do territorialismo apresentado pela piracanjuba. Os valores de ganho em comprimento dos peixes (cm) nos viveiros diferem estatisticamente, mas não há diferença significativa para as diferentes densidades de estocagem e os níveis de arraçoamento. Estudos feitos com pacu (Piaractus mesopotamicus) em cultivo intensivo, em altas

EFEITO DE DIFERENTES DENSIDADES DE ESTOCAGEM E NÍVEIS DE... densidades de estocagem, com pouca disponibilidade de espaço, exigiram alimentação com altos níveis de proteína bruta, a fim de que o desenvolvimento da espécie fosse satisfatório (Ferraz de Lima, Ferraz de Lima, Barbieri, 1984). No presente trabalho a densidade de estocagem não influenciou no ganho de peso e no crescimento (P < 0,05), mesmo sendo a espécie estudada, alimentada com alto teor protéico (42 % PB). Lovell (1989), Zaniboni Filho, Barbosa e Torquato (1993) relatam que a densidade de estocagem está relacionada principalmente com a qualidade e quantidade de água e do alimento. Como discutido anteriormente, a quantidade de água suprida foi satisfatória nos três viveiros. Zonneveld e Fadholi (1991) observaram que, enquanto a produção máxima é atingida em maiores densidades, o crescimento individual é maior para densidades menores. Para as densidades de estocagem utilizadas no presente trabalho, o crescimento apresentou-se ligeiramente maior em densidade menor, não sendo, entretanto, significativo (P < 0,05). A densidade de uma piracanjuba/m 2 apresentou ganho de peso médio de 34,7 g em relação a 0,5 piracanjuba/m2 de 26,6 g, apesar de não ser significativa à diferença (P < 0,05).

4. CONCLUSÃO - O ganho de peso em gramas não foi influenciado pelos blocos (viveiros), densidade de estocagem e nem pelos níveis de alimentação; - O menor crescimento, em centímetros, no viveiro 1 foi influenciado pelo baixo teor de oxigênio dissolvido; - O crescimento não sofreu influência da densidade de estocagem e do nível de alimentação; - A qualidade da água manteve-se dentro dos padrões normais, exceto o teor de oxigênio dissolvido que, para o desenvolvimento da piracanjuba, necessita ser mais elevado; - A concentração de oxigênio dissolvido influenciou o crescimento dos peixes, demonstrando a importância da continuidade deste estudo, o que permitirá a indicação do nível de oxigênio dissolvido recomendado para juvenis de piracanjuba. - Também deve ser testados novos índices de arraçoamento e densidades de estocagem.

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