EFEITOS DO EXCESSO DE CRÉDITO E RISCO DA INADIMPLÊNCIA NA ECONOMIA BRASILEIRA

July 24, 2017 | Autor: R. R. de Freitas | Categoria: Finance, Banking, Economy, IMPACT OF NON PERFORMING LOANS ON BANKS PROFITABILITY
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EFEITOS DO EXCESSO DE CRÉDITO E RISCO DA INADIMPLÊNCIA NA ECONOMIA BRASILEIRA

Rodrigo Rodrigues de Freitas*

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi analisar os efeitos da elevação da relação volume de crédito/PIB sobre um grupo de variáveis escolhidas. Os dados analisados foram extraídos de janeiro de 2001 a abril de 2010, sendo o período escolhido por se tratar de época na qual vigorou uma estabilidade econômica e por minimizar mudanças metodológicas dos institutos de pesquisa em questão.

O trabalho inspirou-se na ideias de Stiglitz (2004), onde o autor dá ênfase à qualidade do crédito para equilibrar o nível da inadimplência e o aumento do volume de crédito como fator de desenvolvimento regional. Buscou-se então avaliar os efeitos da elevação do crédito sobre a inadimplência, os níveis de cobrança e a atividade econômica.

Por outro lado, a título de ilustração, buscou-se por meio de um exercício econométrico, avaliar os efeitos de curto prazo do aumento de crédito sobre as variáveis de inflação e desemprego, com o intuito de observar se a notória relação de Friedman e Phelps se confirmava. Para tanto foram simulados testes, se utilizando de sete variáveis com 102 observações e, após os testes de violação constatamos que, pelas observações, os testes somente se revelaram conclusivos no curto prazo para 15 observações. Vale ressaltar que as conclusões deste trabalho, até pelo tratamento dos dados, se limitam ao contexto do exercício econométrico, e buscam tão somente indicar relações que possam ser aprofundadas em futuras contribuições.

Palavras–chaves: Volume de crédito; Cobrança; Desemprego e Inflação. 1

ABSTRACT

The aim of this study was to examine the effects of the higher ratio of credit volume / GDP on a selected group of variables. Data were extracted from January 2001 to April 2010 and the period was chosen, because of it´s economic stability and in order to minimize changes in methodology of the research institutes concerned. The work was inspired by the ideas of Stiglitz (2004), where the author emphasizes the quality of credit to balance the level of defaults and the rising volume of credit as a factor for regional development. The work attempted to evaluate the effects of the rising credit on defaults and economic activity. Moreover, as an illustration, we sought through an econometric exercise to evaluate the effects of short-term credit enhancement on the variables inflation and unemployment, in order to observe whether the notorious Friedman and Phelps hypothesis was confirmed. Tests were simulated by analyzing seven variables with 102 observations and the results only were conclusive in the short term for 15 observations. It is noteworthy that the conclusions of this work, as result of the data treatment, are limited to the context of the econometric exercise, and seek solely to indicate relationships that could be deepened in future contributions.

Key-words: Credit; Default; Unemployment and Inflation.

* Mestre em Economia Empresarial (Escola de Economia - Universidade Cândido Mendes), Graduado em Administração de Empresas (Universidade da Cidade),. Experiência profissional: Nas áreas de Risco financeiro, específico em crédito e cobrança, em atividades de consultoria em finanças e projetos financeiros, projeção de dados econométricos e análises macroeconômica. Atividades militares como Oficial de Engenharia do Exército Brasileiro. Professor universitário de diversas disciplinas nas áreas de ciências sociais aplicada especifica nas áreas de gestão empresarial, finanças, investimento e economia. Membro do NDE - Núcleo Docente estruturante da Faculdade de Belford Roxo. Professor Substituto da Universidade Federal do Rio de Janeiro - Macaé. Professor da Faculdade Cenecista de Rio das Ostras e Professor da Faculdade de Belford Roxo.

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1.

INTRODUÇÃO

1.1

Contextualizações do crédito, cobrança e risco

Percebemos que a concessão de credito, assim como a cobrança, estabelece estratégias de trabalho a serem adotadas para estabilidade da inadimplência. Quando acontece a análise de crédito, as financeiras passam a calcular a probabilidade de inadimplência para determinado bem, chamado de risco de crédito. Segundo JORION (1997), o não cumprimento das obrigações contratuais é chamado de inadimplência, o risco em financiar pressupõe uma relação de confiança entre a financeira e o financiado. As operações de crédito e de cobrança apresentam um nível de inadimplência esperada. O risco de crédito ocorre por falta de informação do mercado onde a financeira atua ou na conjuntura econômica, pois muitas das vezes as centrais de crédito generalizam o financiado para na concessão de crédito, sem criar parâmetros em épocas de contração ou expansão econômica. Segundo SAUNDERS (1996), o erro é classificado em dois tipos. O primeiro chamado de crédito específico é quando apenas um agente ou um grupo não paga suas despesas de forma isolada. O segundo chamado de risco sistemático está voltado para análise conjuntural e estrutural da economia, pois as instituições não são afetadas apenas por um grupo de financiado, e sim, por todo mercado ou grande parte dele. Apesar da necessidade de um novo modelo, segundo CAOUETTE, ALTMAN e NARAYANAN (1998) observou-se que os agentes financeiros não se preocupavam em criar modelos ou metodologias eficazes de combate a inadimplência. Os agentes preocuparam-se somente com a consolidação das informações de clientes mais confiáveis para ofertar mais créditos, porém com crescimento da economia e inclusão de pessoas em condições de obtenção de crédito, porém sem um histórico de bons pagadores, fizeram com que as instituições financeiras ofertassem novos serviços para atrair essa nova massa de clientes em potencial.

No período, a classe média cresceu 15 pontos porcentuais. Em 1992, 32,52% da população se enquadravam na classe média e esse contingente chegou a 47,06% em 2007. Nos quatro anos finais do período, o crescimento foi mais acentuado, de 37,06% para 47,06%. Só em 2007, 1,5 milhão de pessoas saiu da linha de pobreza (AGÊNCIA BRASIL – divulgado pela Fundação Getúlio Vargas, 20/09/2008).

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O grande desafio das instituições, em épocas de crise, seria manter o nível de empréstimo e controlar o índice de inadimplência, pois as dificuldades de manter o volume de negócio com a desconfiança do consumidor, e atrair maus pagadores, é muito grande em épocas de baixo volume de negocio e escassez de crédito no mercado. A tendência é retração dos mercados privados e expansão dos investimentos governamentais, aumentando as contas e o endividamento do governo ao praticar políticas fiscais expansionistas.

2.

EFEITOS DE UMA EXPANSÃO MONETÁRIA

Devemos observar que há várias causas que afetam a taxa de inflação. Inflação de custo que é afetada pelo aumento dos insumos de produção, negociações sindicais causando rigidez de preços e salários ou até mesmo tabelamento forçado dos preços, porém a mais tradicional seria a inflação de demanda, causada principalmente pelo aumento do consumo se não acompanhamento do crescimento da oferta. O crédito é visto como uma ou a principal variável que afeta o consumo e, desta forma, afetando a inflação de demanda. O maistream econômico associa a inflação de demanda ao aumento do volume de moeda em circulação na economia. Com origem nos pensadores da escola austríaca, a idéia básica é que a oferta de moeda é exógena e determinada pela autoridade monetária. Assim ao elevar a oferta de moeda (via aumento da base monetária), dá aos bancos mais recursos monetários, expandindo a capacidade de emprestar dos agentes financeiros e a disponibilidade de dinheiro aos tomadores de empréstimos, implicando um aumento de demanda O BACEN é o responsável pelo controle do volume monetário e da estabilidade da taxa de inflação na economia brasileira, e seus técnicos tomam decisões baseadas e situações reais e instantâneas na economia. Segundo Carvalho et al (2007). A moeda numa economia são composta por um conjunto de meios de pagamentos (MP), transformados em ativos para serem usados de forma à vista ou futura. Os meios de pagamentos são formados pelo papel moeda em poder do publico (PMPP) e os depósitos à vista (DVBC) nos bancos

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comerciais. O PMPP também chamado de moeda manual e os depósitos à vista nos bancos comerciais também chamados de moeda escritural. Desta forma podemos determinar que:

MP = PMPP + DVBC MP = Moeda Manual + Moeda Escritural

Ainda segunda Carvalho et al (2007). o papel moeda emitido (PME), não necessariamente transforma-se em PMPP, pois existem regras de liquidez que obrigam os bancos comercias a manterem mínimo de caixa em tesouraria (CBC), na qual, o PME menos o CBC é igual ao montante de papel-moeda em circulação (PMC), ou meio circulante. Os bancos ainda por meio de legislação precisam obter uma porcentagem do PMC como encaixe técnico (Et), logo PMC menos Et) é igual ao PMPP. PME – CBC = PMC PMC – Et = PMPP Logo: PME = CBC + Et + PMPP

Os saldos de cartão de crédito não são considerados meios de pagamento porque são tidos apenas como meio de se obter crédito, que deverá ser honrado com moeda escritural ou manual em uma data futura. Como visto, nem toda criação de crédito significa criação de moeda – e o pagamento feito através do uso do cartão de crédito significa tão somente a obtenção de crédito sem qualquer criação de moeda. (ECONOMIA MONETÁRIA E FINANCEIRA, FERNANDO J. CARDIM DE CARVALHO ET AL. PAG. 4, 2007) Como mencionado por Carvalho et al (2007), nem toda criação de crédito pode expandir o meio de pagamento, porém toda forma de crédito pode ter implicações inflacionárias, principalmente a moeda escritural vindo dos DVBC, pois os bancos tendem a negociar os recursos depositados sob sua responsabilidade, assumindo o risco dos ativos de terceiros, provocando a criação de moeda escritural que pode multiplicar o 5

uso da moeda na economia. Podemos observar que o papel moeda emitido está diretamente ligado a volume de moeda na sociedade e seu equilíbrio depende da capacidade da renda agregada e do volume de emprego gerado na economia. Os meios de pagamento definem o grau de liquidez que o BACEN disponibiliza na economia para manter a economia em equilíbrio. O gráfico 2.1 ilustra, de acordo com o modelo IS/LM, as implicações nas alterações dos meios de pagamento e sua relação como a taxa de juros do sistema (SELIC) representada por r, e renda agregada representada em y, pois no 1ª momento, observamos que com a expansão da base monetária a curva LM0 se desloca para LM1 aumentando a oferta de moeda na economia, que por sua vez, reduz a taxa de juros sobre empréstimos facilitando o aumento de demanda por investimentos. Supondo que haja um aumento exógeno no desejo de investir, representado pelo deslocamento da curva IS para IS , o 0 1 aumento da demanda por crédito provoca um novo equilíbrio da taxa de juros em r2a, acima da taxa anterior r0. Observamos que a tentativa do BACEN de acelerar a economia com a expansão da base monetária acarreta, neste exemplo, um aumento da taxa SELIC para manter o equilíbrio da economia, pelo menos no curto prazo. Gráfico 2.1 Taxa de juros (r) x Produto agregado (y).

r

LM0 = LM2

LM1

2ª momento

r2b b r2a y2c = r0 r1

1ª momento IS1 IS0 = IS2

y2c = y0

y2b

y1

y2a

y

Fonte: elaboração própria. 6

2.1.

Variação do crédito e crescimento econômico.

Percebemos que a variação do crédito na economia provoca variações nos índices de inflação e de emprego. O volume de crédito na economia entre o período que compreende o mês de dezembro de 2008 e fevereiro de 2010 ficou entre 40,8 a 44,9 do PIB respectivamente, de acordo com BACEN, esse índice variou entre o pico de 45,0% em novembro e dezembro de 2009. Podemos reaver as condições fazendo um panorama junto aos dados de geração de emprego formal no Brasil, nos mesmos meses a variação de emprego foram 1,32% em outubro, 1,68% em novembro e 1,59% em dezembro 2009. Esses dados estão sofrendo efeitos de sazonalidade do período de final de ano, pois por cultura no Brasil, há uma tendência do aumento do volume de vendas e de geração de empregos temporários. Porém a variação em 12 meses do período que compreende de janeiro a dezembro de 2009 em nível de emprego, a variação foi de 7,47%, se confrontarmos com dados de 2005, 2006 e 2007, os dados variaram respectivamente em 8,26%, 7,31% e 12,94%, e o volume de crédito estacionou em 40,8% em dezembro de 2007. Se criarmos um paralelo com aumento do volume de crédito com geração de emprego formal no Brasil, não necessariamente poderemos afirma que as duas situações servem de parâmetros de crescimento, pois o aumento de crédito e o aumento de demanda estão diretamente ligados ao aumento das importações nesse mesmo período. Podemos verificar que nos anos de 2005, 2006, 2007 e 2008 a variação das exportações foram 22,6%, 16,3%, 16,6% e 23,2%. As importações foram 17,1%, 24,1%, 32,0% e 43,4%. A princípio, houve um grande crescimento, porém a variação do saldo da balança de pagamento nos períodos de 2006, 2007 e 2008 com seus anos anteriores, houve variações de 3,40%, -13,83% e -37,66%. Os dados demonstram um grande crescimento das importações, pois os impactos estão justamente em produtos de alta tecnologia que o Brasil não possui indústrias e tecnologia avançada de desenvolvimento em alguns setores como motores automotivos, aeronauta e naval, energia nuclear, farmacêutico e de telecomunicação. Os gargalos que impactam o crescimento estão na geração de energia sustentável constante, infraestrutura, saúde e educação. A agência de classificação de risco Fitch, avaliou que em 2008, o Brasil teria problemas de energia caso o Brasil cresça 5% ao 7

ano. “O principal desafio do governo para os próximos cinco anos é tornar viável a expansão da matriz energética"1 (Agência de classificação de risco Fitch, 2008).

2.1.2.

Variação do crédito e inadimplência.

Se o índice de inadimplência no mercado está em baixa, flexibiliza-se a tomada de crédito, se em alta, criam-se critérios mais aprimorados de analise para canalizar o crédito para os financiados com menor taxa de propensão à inadimplência. Segundo STIGLITZ (2004) os bancos ficam mais competitivos em expansão monetária e alta do ciclo econômico, esse efeito ocorre quando a economia apresenta liquidez nos mercados e aumento da demanda por crédito. Parte-se do princípio que a economia não vai mudar ou que os financiados não ficaram inadimplentes, pois bem, os bancos tendem a absolver ou atrair financiados de alto risco de inadimplência e com histórico de cobrança ruim. Em períodos de escassez de crédito como ocorreu em novembro de 2008 com a crise do subprime, o índice de inadimplência se elevou, levando as financeiras a retrair o crédito. A gráfico 2.2 exemplifica justamente a expectativa do consumidor em relação à demanda por crédito, pois houve pequenas variações nos meses que antecederam um período de escassez de crédito que compreende o período de janeiro de 2007 até setembro de 2008, logo depois, a demanda por crédito reduziu para taxas abaixo da média nacional neste período. Devemos observar que a validação dos dados está diretamente relacionada à atividade industrial no mesmo período, gráfico 2.3. Entre janeiro de 2008 e setembro de 2008 houve um crescimento. Com o desencadeamento da crise chegou ao menor patamar em fevereiro de 2009.

1

. Matriz energética é toda a energia disponibilizada para ser transformada, distribuída e consumida numa

cadeia de distribuição.

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Gráfico 2.2

Fonte: Serasa Experian abril de 2010. * 99% média nacional de todas as regiões.

Os dados são apenas para ilustrar a relação de consumo com atividade industrial e não necessariamente a geração de emprego formal, pois o simples aumento da liquidez na economia, por mais que não seja a única variável de análise, é capaz de mudar o cenário econômico. Duas situações estão relacionadas ao nosso trabalho: manutenção da atividade econômica (e geração de empregos) e controle da inflação, utilizando o grau de liquidez e a disponibilidade de crédito. Gráfico 2.3

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria *Série com ajuste sazonal ** Média corresponde a 124,88 do período.

O gráfico 2.4 relaciona-se aos dois gráficos acima, pois a atividade industrial e o desejo da população por crédito estão associados aos índices de inadimplência da 9

economia. Percebemos que foi no mês de novembro de 2008 onde se iniciou a escassez de crédito. Os segmentos de pessoa física e pessoa jurídica possuíam até então uma variabilidade dispersa, pois justamente no mês de dezembro de 2008, o segmento de pessoa jurídica cresceu a taxas maiores que pessoa física, coincidentemente, neste período, o governo passou a oferecer 1 ou 2 meses de auxilio do seguro desemprego adicionais para auxiliar a manter a atividade econômica e o emprego. É nítido que o segmento de pessoa física não houve um crescimento acelerado como de pessoa jurídica, até pelos efeitos sazonais de festas natalinas. Contudo a atividade econômica oriunda do consumo não conseguiu evitar os efeitos da redução de crédito, porém a menos conseguiu amenizar esse efeito a partir do mês de maio. Os dados em sua grande parte estão postados a partir de 2005 – para traçar a média - justamente para priorizar os efeitos da época de escassez na economia.

Gráfico 2.4

Fonte: Serasa Experian abril de 2010.

Lembrando que o volume de crédito em ralação ao PIB em 2007 e 2008 era em média 40,8 % do PIB, o governo passou a aumentar a liquidez na economia por meio de políticas monetária (incentivos aos bancos a oferecer crédito), política fiscal (criação de programas de obras em infraestrutura) e política comercial (redução de impostos para incentivar o consumo e manutenção do ciclo virtuoso da economia). Essas políticas fizeram aumentar o consumo interno, amenizando as perdas das exportações nas indústrias. Como mostra a gráfico 2.4 à atividade industrial retomou o crescimento, logo após os 10

incentivos de consumo para o mercado interno. O volume de crédito em relação ao PIB chegou a 45% do PIB com expectativa de 50,0% no final de 2010.

O Acordo da Basiléia foi implantado no Brasil em agosto de 1994, com a divulgação da Resolução nº. 2.099 pelo Banco Central do Brasil, o desenvolvimento foi progressivo e começou com o estabelecendo que as instituições financeiras no Brasil calculassem o capital exigível (PLE), considerando a razão capital-ativo igual a 0,08 (alavancagem de 12,5), alterando de forma progressiva em junho de 1997, Resolução número 2.399, para 0,10 e, posteriormente para 0,11, através da Circular no 2.784, de novembro de 1997. (SOARES, 2001). No primeiro momento o acordo de Basiléia previa evitar o risco sistêmico do mercado global, levando em consideração, que a troca de moeda entre instituições financeiras, principalmente para o crédito era crescente, entre instituições diferentes por empréstimos a logo prazo ou por aporte de capital entre instituições globalizadas. O acordo de Basiléia II, evento ocorrido em 2004, substituiu o primeiro acordo e estabeleceu três pilares e 25 princípios básicos sobre contabilidade e supervisão bancária. Os três pilares são: Capital (guardar), Supervisão (fiscalizar), e transparência e disciplina (divulgação de dados). O objetivo principal foi: Estabelecer um maior controle do capital emprestado, pois a única exigência era o enquadramento em 8% de segurança para o patrimônio líquido, sem se preocupar com a sustentabilidade do crédito dado ou para que fim. As organizações com medidas extremas na tomada de crédito se preocupavam com o retorno, podendo diminuir risco do crédito ao até mesmo aumentar o risco, não estabelecendo um controle para o sistema financeiro como um todo. No Comunicado 12.746 de 09 de dezembro de 2004, o BACEN procurou enquadrar as instituições de crédito e investimento às estratégias de investimento das instituições financeiras. O volume de crédito desde janeiro de 2001 cresceu 65% em 9 anos (27,4% em janeiro de 2001 a 45,2 em abril de 2010.) e o nível de cobrança ficou estável em 4% em média. Na série histórica analisada a variável volume de crédito não estabelece mais relação com o nível de cobrança, uma vez que, o aumento do volume de crédito – PIB não aumentou o 11

nível de cobrança. Esse fator deve-se principalmente a implantação de restrições por parte do BACEN para disciplinar as instituições de fomento. O critério que limita a atividade dos bancos no meio econômico vem estabelecendo o controle da concessão de crédito e do volume da moeda. Devemos lembrar que a função principal do BACEN é o controle da inflação dentro das metas estabelecidas pelo governo e manutenção da atividade economia.

2.2. Taxa de juros e o mercado de crédito

As variações da taxa de juros são avaliadas sobre vários aspectos. As observações podem ser através da demanda por crédito, por volume de moeda, por modalidade do crédito etc., contudo iremos analisar sobe a ótica do risco e da informação do negócio onde STIGLITZ afirma que o crédito se baseia na informação e o ato de prover crédito exige risco e não existe relação simples entre os custos econômicos e a quantidade de crédito concedido.

O capital físico com o qual nós produzimos em nossas fábricas e campos podem ser apenas ligeiramente afetados por perturbações externas – chuva pode provocar ferrugem – mas somente grandes cataclismos, tais como guerra, podem ter efeito significativo no curto prazo. No entanto, o capital da informação pode ser perdido ou tornado obsoleto muito mais facilmente. Mudanças nos preços relativos, por exemplo, exigem uma reavaliação do mérito do crédito das pessoas e das empresas. (JOSEPH STIGLITZ, RUMO A UM NOVO PARADIGMA EM ECONOMIA MONETÁRIA, p. 57, 2004) A taxa de juros não pode ser determinada simplesmente por efeitos de oferta e demanda por crédito. O risco e a informação são as maiores variáveis na análise do credito. Segundo STIGLITZ (1981) o crédito é uma promessa a ser paga no futuro e promessas frequentemente são descumpridas. Muitas das vezes os bancos se utilizam do mecanismo de aumento da taxa de juros para obter maior retorno. O aumento da taxa de juros acaba criando um processo de seleção de candidatos. Quanto maior é a taxa de juros, maior é a probabilidade de absolver candidatos de qualidade inferior (seleção adversa), pois os candidatos assumem riscos maiores para obtenção do crédito (efeito do risco moral ou 12

incentivo adverso). O efeito adverso é enorme para os bancos, pois o aumento da taxa de juros aumenta a probabilidade de aumentar a inadimplência e reduzir o retorno sobre o crédito. A figura 2.2 demonstra bem essa relação, pois o r* seria a maximização do retorno e o aumento da taxa de juros poderá aumentar a inadimplência causando uma redução do retorno da carteira de crédito. “As taxas de juros não são como os preços convencionais e o mercado de capitais não é como um mercado walrasiano2”. (STIGLITZ, p. 58, 2004).

Retorno esperado para o banco

r*

Taxa de juros cobrada

Figura 2.2 Fonte: Joseph Stiglitz, Rumo a um novo paradigma em economia monetária, p. 58, 2004

2

Leon Walras: responsável pela teoria geral do equilíbrio walrasiano onde ocorre à noção de

equilíbrio na qual há igualdade entre oferta agregada e demanda agregada nos mercados de bens e de fatores. Esse equilíbrio é permitido através da variável preço onde permite o equilíbrio de igualdade.

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O efeito da redução da taxa de juros para aumentar a carteira de crédito também poderá trazer problemas para composição de uma carteira de qualidade, pois o efeito é o mesmo. Uma taxa abaixo da taxa de equilíbrio de mercado poderá absolver um público com pouco histórico de crédito propício a inadimplência, esse grupo de pessoas geralmente são atraídas quando o mercado de clientes está em equilíbrio (melhores financiados já possuem produtos de crédito). Porém esse artifício é pouco usado, pois as financeiras não estão dispostas a abaixar a taxa de juros (redução do retorno) para aumentar o volume de crédito. As empresas de crédito querem emprestar a taxa de juros maiores para obter um maior retorno, o problema que quanto maior é a taxa de juros, maior é a probabilidade de atrair investidores propensos ao risco e aceitando altas taxas para financiar os seus projetos. A figura 2.3 foi utilizada por STIGLITZ para caracterizar o ponto de equilíbrio da taxa de juros r*, pois a curva de demanda e oferta demonstra que o equilíbrio está acima de r*, porém os emprestadores não possuem incentivos a emprestar com taxas maiores – até alcançar o ponto de equilíbrio – pois podem aumentar o índice de inadimplência e redução do retorno da carteira.

Retorno esperado para o banco / custo para o tomador de empréstimo

r*

Retorno esperado para o banco

Figura 2.3 Fonte: Joseph Stiglitz, rumo a um novo paradigma em economia monetária, p. 58, 2004

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Segundo STIGLITZ (2004) a taxa de juros varia de acordo com a demanda e pela oferta racionada do crédito, porém tem um limite aceitável para não ultrapassar a fronteira da maximização do retorno. O retorno sobre o crédito está diretamente ligado à atividade econômica e não necessariamente pelo aumento da taxa de juros. Contudo os bancos podem recusar crédito de pessoas que estão mais propensas a pagar taxas de juros mais altas, e justamente neste ponto que os bancos se utilizam das ferramentas de analise de crédito para concessão aos clientes. A escolha do cliente não está ligada a aqueles que estão dispostos a pagarem taxas de juros mais altas, e sim, aqueles que possuem a melhor capacidade de pagamento, e essa variação está associada à atividade econômica. Essa variação da taxa de juros ocorre de forma constante, porém não de forma isolada. Depende diretamente de índices de atividade econômica, inadimplência, demanda por crédito, desemprego etc., formado uma taxa máxima e mínima para cada momento da economia.

2.2.1.

Racionamento de Crédito

O mercado de crédito em época de escassez de moeda sofre interferência e transformações em relação aos financiados. Segundo STIGLITZ (2004) o mercado de crédito não é determinado apenas pelos efeitos da oferta e demanda. Existe um fator confiabilidade que pode variar a taxa de juros para determinado grupo de tomadores de empréstimo, pois se trata de pagamento futuro, onde mudanças estruturais podem ocorrer em longo do tempo. Ainda segundo STIGLITZ e JAFFE apud MAIA (2009) existem dois resultados possíveis em caso de incerteza para crédito em projetos. Retorno bom Xb e retorno ruim Xr, sendo a probabilidade dado por Pb e Pr (Pb + Pr = 1), logo o retorno esperado é dado por Xe = PbXb + PrXr. O montante dos recursos emprestados B e a taxa de juros J, na qual, a promessa de pagamento e dado como constante representado em (1+J)B. O comprimento do contrato ocorre quando o retorno do contrato X é maior que o montante devido em (1+J)B. O calote (default) ocorre quando X é menor que o montante devido. Por hipótese, STIGLITZ saliente que a possibilidade de falência cria um conflito em potencial

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entre ofertantes e demandantes, admite-se neste caso que o credor receberá apenas o valor efetivo do projeto em caso de calote. Três cenários são traçados: o montante devido do financiado é menor que o retorno ruim Xr, então a financeira recebe o valor devido. Segundo, o valor devido é maior que o retorno bom Xb, logo o financiado vai à falência e a financeira recebe o valor efetivo do projeto. O terceiro ocorre quando o montante devido está entre o resultado ruim e o resultado bom [Xr < (1+J)B < Xb]. Contudo a financeira espera receber, quando o resultado bom, o valor total contratado, ou quando resultado ruim, espera receber a menos o valor do projeto. Formulada assim: Xe = Pb(1+J)B + PrXr. O risco pode ser atenuado, incentivando o crédito para clientes com bons cadastros em épocas de escassez. Porém devemos lembrar que o crédito quando analisado de forma subjetiva (por analista) pode incorre na exclusão de tomadores de empréstimos que estão dispostos a pagar a taxa de juros vigente ou novos e potenciais pagadores, causando o desequilíbrio entre a oferta e demanda por crédito.

Uma vez que o risco seja avaliado, o banco pode fixar a taxa de juros e conceder o crédito. Sendo a classificação do credor em potencial determinante da taxa de juros, é lógico que a própria alocação dos recursos da economia seja dependente da acurácia desse sistema. Se o mercado de crédito fosse competitivo, a concorrência entre os ofertantes de recursos tenderia a eliminar os erros do sistema de avaliação. Contudo, em função da natureza intrinsecamente subjetiva do processo de avaliação, esse mercado não se comporta de forma competitiva. (GUILHERME B. DA S. MAIA – REVISTA DO BNDES, RIO DE JANEIRO, V. 16, N. 31, P. 61-84, JUN. 2009)

Em escassez de crédito o mercado tende a direcionar o risco para mercados mais seguros onde posse obter um maior retorno. Segundo STIGLITZ (1985) apud MAIA (2009) existe algumas particularidades, entre as quais se destacavam as seguintes:  Os bancos tendem a concentrar seus empréstimos a clientes com histórico de bons pagamentos, esse método é utilizado pelo analista de crédito de acordo com beharvior score, pois a financeira já conhece o comportamento de pagamento do cliente, verifica se enquadra nos métodos de analise e concede o crédito. Esse 16

método pode concentrar a distribuição de crédito, que em épocas de crise pode ocorrer um elevado risco sistêmico, pois se pode concentrar o crédito em um determinado grupo de bons pagadores, que por ventura, poderá está com risco de negócio elevado em determinado momento, levando em consideração que os pagamentos ocorrem no futuro;  Os bancos tendem a assumir maiores risco do crédito, pois esses apresentam maiores retorno. Porém os financiados que possuem projetos de maiores risco, que estão dispostos a aceitar o crédito com taxas mais elevadas. Existe uma incongruência em relação ao financiado que está disposto a obter o crédito com uma taxa de juros menor, logo a financeira está disposto a conceder o crédito para projetos de maior retorno – maior risco. As relações contratuais permitem mitigar essa relação entre o financiado e a financeira;  Os bancos tendem utilizar informações passadas para produzir efeitos no futuro, exemplo seria o behavior score, o histórico de pagamento do financiado é fundamental na concessão de crédito no futuro. O sistema é alimentando com dados gerados no passado, principalmente em se tratando do risco de inadimplência, para tomada de decisão no futuro;  Os bancos se limitam as relações exclusivas, principalmente para grandes empreendimentos, pois a concentração de crédito pode aumentar o risco em épocas de crise, logo os bancos diversificam suas carteiras de crédito para mercados onde a correlação demonstra confiabilidade e segurança nos negócios.

Em épocas de escassez de crédito podem ocorrem canalização da oferta de crédito para setores com menor risco. Entretanto segundo MAIA (2009) essa relação limita mais não elimina, a competição entre no mercado de crédito. O próprio padrão de concorrência entre as instituições financeiras muda de acordo com a atividade econômica e entrada de novos agentes.

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3.

CONCLUSÃO

As instituições financeiras são muito sensíveis às variações da atividade econômica e do desemprego. No Brasil as instituições financeiras trabalham reguladas e fiscalizadas pelo BACEN, que disciplina o volume de crédito, o risco e a qualidade da análise. Em geral, estas instituições trabalham se utilizando de ferramentas de mensuração de risco de acordo com variações da taxa de inadimplência por segmento nos últimos 6 meses. Elas alimentam seus modelos de escoragem para analisar o risco iminente do financiado com a inadimplência. Quanto menor o risco apresentada na ficha, o analista tende a flexibilizar procedimentos de concessão de crédito. Logo, os bancos trabalham se utilizando do nível de cobrança, o risco do crédito e o histórico do financiado no mercado. Conforme mencionado por STIGLITZ, a concessão de crédito está mais relacionada à análise e não necessariamente a variações da taxa de juros, pois a procura por crédito aumenta com o aumento da atividade econômica e não pela redução da taxa de juros. Obvio que a redução da taxa de juros aumenta a procura por crédito, porém a sua variação tende a ser menor que a ocorrida com a variação da atividade econômica e do desemprego. O aumento da taxa de juros acaba afastando os melhores financiados (pagam em dia) e atrai aqueles que são propensos ao risco para financiar seus projetos. Essa explicação está exposta na figura 2.2 onde quanto maior os juros, maior é o risco de inadimplência.

Os termos em que o crédito é disponibilizado e o seu montante é determinado, em larga medida, pelos bancos; sua habilidade e disposição em conceder empréstimos são afetadas pela taxa de juros dos títulos públicos de curto prazo (T-bills), porém, de maneira que, dependem das condições econômicas, variações nas taxas de juros afetam o patrimônio líquido das empresas, e o patrimônio líquido e o conjunto de oportunidades de bancos. Grandes variações nas taxas de juros podem afetar o grau de incerteza dos emprestadores em relação ao merecimento de crédito dos tomadores de empréstimo. (JOSEPH STIGLITZ, RUMO A UM NOVO PARADIGMA EM ECONOMIA MONETÁRIA, p. 217, 2004)

No entanto, em condições de normalidade, o crédito é uma importante ferramenta de promoção do crescimento econômico, O sistema de crédito no Brasil cresceu a taxas de nações desenvolvidas, porém está muito aquém do volume de crédito em relação ao PIB ideal para o desenvolvimento. Ao fazer uma comparação com outros países, o Brasil 18

possui apenas 3% do seu crédito investidos no mercado imobiliário. Esse efeito deve-se aos índices históricos de altas taxa de inflação que impediam o acesso ao crédito de longo prazo. Essa diferença tende a mudar ao longo dos anos, pois o crédito imobiliário corresponde, por exemplo, a 65% do crédito americano. Essa modalidade aumenta a atividade econômica, gera emprego em todas as camadas e possui uma garantia que não se deprecia com a velocidade de automóveis ou bens domésticos. Observando o crescimento do crédito no Brasil e a grande margem para alcançar o índice de países desenvolvidos, foram discutidas duas hipóteses relevantes para mensurar a sensibilidade do aumento deste na economia sem prejudicar a estabilidade da inflação e do nível de emprego.

i) Relação entre crédito e inadimplência (cobrança); ii) Relação entre volume de crédito, inflação e desemprego;

A diferença entre as hipóteses demonstra a importância do crédito para o desenvolvimento da economia, porém apresenta limites de utilização e críticas ao empregar esse único fator para acelerar a atividade econômica.

3.1. Relações entre crédito e inadimplência (cobrança)

A o longo dos anos, percebe-se que o aumento do nível de crédito não necessariamente provocou o aumento do nível da cobrança. Essa relação é possível graças ao nível de qualidade na análise de crédito entre as financeiras brasileiras. A Serasa Experian mensura o nível de qualidade na análise de crédito das pessoas físicas e jurídicas, onde quanto mais próximo de 100 pontos aumenta a excelência. O Brasil sempre esteve acima de 80 pontos. O coeficiente de determinação onde demonstra a sensibilidade da variação entre duas variáveis, não aponta grande variação para o aumento do crédito ao longo do tempo analisado, pois o nível de cobrança está mais relacionado à qualidade da análise. A manutenção dos padrões de análise, a nível microeconômico, e a instituição a partir de 1999 de regras macroprudenciais do setor bancário, garantiram a solidez do

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sistema ao aumento do crédito. A despeito de variações em alguns setores da economia, de sua forma agregada, os dados se apresentaram estáveis ao longo do tempo. O gráfico 4.4 demonstra uma relação interessante entre o aumento do crédito relacionada à produção física industrial, pois o aumento do crédito não necessariamente aumenta de forma linear a produção industrial. A variação na produção física industrial é maior do que a variação do aumento do crédito na economia, por esse motivo essa relação não foi utilizada, pois incorreria na violação de Heterocedasticidade. No intervalo entre 2008 e 2009 ocorreu um período de escassez de moeda para crédito na economia provocada pela crise do subprime. As empresas avessas ao risco momentâneo acumularam moeda, aumentando a liquidez para honrar seus compromissos. Logo, mesmo com o aumento da relação volume de crédito – PIB na economia, o índice de produção física industrial contraiu. O BACEN interveio através dos instrumentos de política monetária reduzindo o compulsório, obrigando os bancos a dedicarem certa porcentagem para o crédito. O governo central reduziu alguns impostos para aumentar a atividade econômica e manutenção do emprego. A intervenção do governo, em parte, foi responsável para manter o ciclo virtuoso e manutenção da atividade econômica. Esse efeito foi alcançado, graças o aumento da liquidez da economia através do crédito e/ou redução de impostos.

3.2. Relação entre volume de crédito, inflação e desemprego

O compromisso de utilizar o crédito como aumento da atividade econômica ocorre concomitante com a manutenção da inflação e a busca do pleno emprego. O aumento da liquidez implicaria no aumento da inflação se todos os fatores de produção permanecessem constantes (ceteres paribus). A curva de Phillips descreve que o aumento da inflação, contrai o desemprego fazendo movimentos opostos. O que foi constatado no trabalho que em os resultados do exercício utilizados para longo prazo (com 102 observações) o coeficiente de determinação estava acima de 70%, porém ocorreram violações que não poderiam validar a regressão. Simulei com varias observações e constatei que a regressão para o aumento do volume de crédito, inflação e desemprego tornou-se válida a partir de com 15 observações. O trade-

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off inflação e desemprego somente existiria no curto prazo, pois no longo prazo o aumento do volume de moeda não demonstra relação direta com desemprego.

4.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O aumento da inadimplência, representada pelo aumento do nível de cobrança, não esteve, no período recente, diretamente ligado ao aumento do crédito. A hipótese aqui é que, a despeito do comportamento pró-ciclico dos bancos privados, as reformas macroprudenciais instituídas a partir de 1999, garantiram a estabilidade do sistema e valorizaram a qualidade do crédito.1 Os testes realizados neste trabalho, concluem que os dados deveriam ser analisados de acordo com a qualidade da concessão de crédito, pois essa variável tem forte correlação com o nível de cobrança. Percebemos que o nível de cobrança não aumenta com o aumento do nível de crédito se for mantida a qualidade do crédito. Pois o aumento da atividade econômica, por conseguinte, aumentaria a demanda por crédito per si . Na visão macroeconômica do crédito, deve-se atentar para o limite do aumento do nível de crédito, pois existem barreiras para o aproveitamento do desenvolvimento. O aumento indefinido do crédito não necessariamente aumenta indefinidamente à atividade econômica, assim como não é uma solução mágica para redução do desemprego. É necessário estar atento ao comportamento da oferta agregada e ao índice de inflação. O ponto principal seria encontrar a posição ideal do volume de crédito para estabilizar a inflação, aumentar a atividade econômica e equilibrar o índice de desemprego em taxas desejadas pela sociedade.

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Trabalhei dois anos no departamento de cobrança e um ano no departamento de crédito e análise de veículos do Banco Santander Brasil (GSB). Por várias vezes ocorreram reuniões que constataram que o aumento do índice de inadimplência estava diretamente ligado à qualidade da análise do financiado. Em épocas do aumento da atividade econômica, o banco flexibilizava a análise concedendo crédito, absorvendo uma fatia que antes não tinha acesso ao crédito. Em épocas de baixa atividade econômica o banco dificultava o crédito. Porém essas mudanças aconteciam observando as mudanças do volume de cobrança do próprio banco que aumentavam por causa da flexibilização dos métodos de analise. Incorrendo em grandes custos para redução da inadimplência como descontos em parcelas atrasadas, custos jurídicos, mão-de-obra e alocação do espaço físico.

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AGRADECIMENTOS

À secretária do mestrado em economia empresarial pela dedicação para com os alunos na formação e orientação para dos seus trabalhos;

Ao professor orientador, Dr. Guilherme Maia pela aceitação do tema e do trabalho escolhido, pois as dificuldades do cotidiano, não o impediu de se dedicar a leitura e orientação do trabalho;

Ao professor Dr. Gabriel Caldas Montes pela contribuição, ensinamentos e dedicação ao trabalho.

À família com dedicação pelo apoio nos momentos difíceis de dificuldade extrema e pelo carinho a minha causa, apesar de pouco conhece - lá.

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