Elementos de língua copta (dialeto saídico).

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ENNIO SANZI

ELEMENTOS DE LÍNGUA COPTA (DIALETO SAÍDICO) NOCÕES ESSENCIAIS DE GRAMÁTICA E SINTAXE CRESTOMATIA TÁBUAS BIBLIOGRAFIA ÍNDICES

TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS: SILVIA M. A. SIQUEIRA

FORTALEZA 2011

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S238e

Sanzi, Ennio Elementos de língua copta (Dialeto saídico) : noções essenciais de gramática e sintaxe crestomatia tábuas bibliografia índices / Ennio Sanzi ; tradução para o português : Silvia M. A. Siqueira. – – Fortaleza, Expressão Gráfica, 2011. 106p.;il. ISBN: 978-85-7563-803-3 1.Língua copta. 2.Textos biblicos.f 3.Magia Copta. 4.Gnosticismo. I. Siqueira, Silvia M.A. –Trad.II.Título. CDD:200.9

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Prefácio

Hugoni Bianchi et Ioanni Carolo Montesi magistris carissimis sacrum

As páginas que seguem nasceram de uma idéia da Professora Giulia Sfameni Gasparro e de uma afortunada convergência de situações e diversas oportunidades. A primeira foi aquela de poder usufruir de uma bolsa de estudos como colaborador na pesquisa “Para a história religiosa do mundo tardo-antigo: gnosticismo e magia”, no âmbito do programa de pesquisa “História religiosa no mundo circum-mediterrâneo no período helenístico romano”, área científica-disciplinar n. 11, setor MSTO/06 História das religiões (D.R. n. 213, dia 8-05-01) do ano acadêmico 2002/2003 até o ano acadêmico 2005/2006. No desenvolvimento dessa pesquisa, a necessidade de comparar com os textos redigidos em língua copta nos obrigou a aprender ao menos os elementos essenciais de tal língua. E assim, “providencialmente”, iniciamos a freqüentar o curso de língua copta oferecido pelo professor Philippe Luisier no Pontificium Institutum Biblicum de Roma. A sistematicidade e a amabilidade de tais aulas nos impulsionou a não parar no curso básico, e naturalmente nos convidou a continuar. Temos continuado o que permitiu atingir resultados inimagináveis, desde então. Nesse ponto pareceu útil colocar à disposição dos estudantes da Facoltà di Lettere e Filosofia dell’Università di Messina o que estávamos aprendendo. E assim, graças ao apoio dos professores Giulia Sfameni Gasparro, Matteo Durante e Cesare Magazzù (os últimos dois na qualidade de coordenadores, respectivamente, do Curso de Láurea em Letras e do Curso de Láurea em História), foram organizados os seminários livres “Elementi di lingua (dialetto saidico)” e “Esercitazioni di traduzioni di testi redatti in copto” nos anos acadêmicos 2004/2005 e 2005/2006. Agradeçemos-os verdadeiramente de todo coração; e do mesmo modo lembramos o amigável dever de agradecer também a Professora Concetta Giuffré Scibona. Foi graças á ela que no ano acadêmico 2007-2008, ainda na mesma faculdade, foi organizado um seminário livre “Giuda o della necessità del tradimento. Il Vangelo di Giuda tra tradizione canonica, conzioni gnostiche e manipolazioni mediatiche”. Este fascículo é fruto de todas as nossas lições. Esso é nada mais do que um cotejo de simples apontamentos colocados à disposição dos estudantes presentes com o objetivo de fornecer uma recapitulação essencial das normas morfológicas e sintáticas da língua copta contemporaneamente a uma bibliografia essencial e indispensável, a uma crestomatia dos textos extraídos do Velho e do Novo Testamento, da Biblioteca gnóstica de Nag Hammadi, dos Papiros mágicos coptos e outros, também as tábuas de resumo que poderão revelar-se úteis como prómemória (dessas últimas a carta do Egito romano e copto é uma reprodução daquela de The Coptic

4 Encyclopedia; aquela dos bispados, monastérios e lugares de peregrinação coptas é uma reprodução daquela da tradução italiana de C. Cannuyer, Les coptes [Fils d’Abraham], Turnhout 1990; as tábuas IV, VII, VIII, IX representam aquelas distribuídas durante os cursos de língua copta de Philippe Luisier; o glossário tem em conta a gramática do A Shisha-Halevy (Leuven 1988) e foi elaborado especificamente para este fascículo. Pareceu justo iniciar nosso fascículo com a republicação parcial de uma conferência proferida pelo próprio Professor Philippe Luisier e publicada em «Ecumenismo e Dialogo» Quaderni, 6, Torino 2002, 9-18. E por isso também o agradecemos, assim como por ter-nos autorizado a reproduzir um texto que conserva plenamente o “estilo” das suas aulas, nas quais a gramática e a sintaxe se fundem com a história, porque “não há língua sem história”. Esperamos que não surpreenda muito a escolha dos textos analisados no curso das aulas e recolhidos segundo as dificuldades morfo-sintáticas que apresentam, assim como as temáticas histórico-religiosas, as quais reconduzem (em particular a magia e o gnosticismo). Afinal de contas nós estudamos História das religiões, e o fazemos segundo o método histórico-comparativo eficazmente sistematizado e exemplificado por Ugo Bianchi tanto no curso de longo e profícuo exercício do “ofício de professor” que na qualidade de “primeiro embaixador” da História das Religiões na Itália e no mundo. Particularmente, Ugo Bianchi, há muitos anos, organizou na Università di Messina cursos de língua copta confiando ao Professor Mario Erbetta e Hans J. Quecke; si parvissima licet componere magnis, nos sentimos reconfortados por termos contribuído, mais uma vez, ao propor na mesma universidade uma disciplina considerada como importante para aqueles que a ofereceram para a História das religiões nesse Ateneu. Com absoluta convicção que o estudo das línguas antigas se revele sempre um caminho privilegiado para entrar em contato com lógicas diferentes e com diversas Weltanschauungen, e que tudo isso se resolva numa constante melhora de si mesmos e numa continua defesa da tolerância e da fraternidade, pensamos de envolver no estudo da língua copta também os estudantes do liceu clássico de Segni (Roma) no ano escolástico 2010-2011. Na realidade, são os estudantes, e especialmente aqueles do liceu clássico, que representam o futuro do mundo, no mesmo momento que o futuro do mundo avidamente necessita deles. Assim è para Ugo Bianchi e Giancarlo Montesi, magistri classico more durante nossas aulas universitárias e liceais, que oferecemos todos os sentimentos assim como um devotado reconhecimento filial cada vez que entramos em sala de aula durante todos os ciclos de lições. Sem dúvida os estudantes presentes com a sensibilidade aguda e afiada, specimen irredutível da sua idade, advertiram como a nossa voz de repente tornou evanescente, e ai intuíram o motivo. Aos nossos Mestres e aos estudantes, não apenas aqueles que freqüentaram as nossas lições com autêntica cordialidade e vivo interesse em relação aos confrontos dos quais permaneceremos sempre devedores, mas simplesmente a todos aqueles estudantes de todos os tempos e de todos os lugares são dedicadas essas poucas, modestas páginas. E ainda, há cinco anos de distância, sem nenhuma mudança no nosso espírito em relação àqueles que aguardam um curso estamos orgulhosos e ao mesmo tempo emocionados de poder compartilhar estas reflexões lingüísticas (mas não apenas lingüísticas) com os professores e os

5 estudantes da Universidade Estadual do Ceará e da Universidade Federal do Ceará. Todos eles, enquanto brasileiros, apresentam-se ao nosso coração como embaixadores de uma sensibilidade e de uma amabilidade que não há igual e, em um momento como este, também como protagonistas de um desenvolvimento geral até há poucos anos difícil de imaginar e, desejamos de todo o coração, prenúncio de um agathe elpis modelada não apenas segundo os cânones da espiritualidade antiga mas também, e sobretudo, segundo uma maneira de ler o mundo, aquele é o assim conhecido “jeitinho brasileiro”. Antes de colocar à disposição as páginas seguintes sentimos o dever de agradecer com todo o coração os organizadores do I Encontro Internacional de Estudos Multidisciplinares: Antiguidade e Medievalidade nos textos, isto é, os professores da Universidade Federal do Ceará e da Universidade Estadual do Ceará, e especialmente a nossa grande colega e maravilhosa amiga Silvia M.A. Siqueira que elaborou a tradução desse fascículo, incluídos o artigo de Philippe Luisier. Ela, assim como nós, acredita que o crescimento cultural de todos e de cada um é o caminho imprescindível para viver livres. È por isso que esta publicação não tem nenhuma finalidade lucrativa porque a liberdade não pode ter preço nenhum; então, com exceção das imagens e das tábuas, é permitida a divulgação do conteúdo desta publicação, desde que citada. Fortaleza, 10 agosto 2011 E. S.

S.M.A.S

N.B. As fontes utilizadas para escrever os textos em língua antiga, isto é os textos em grego e em copto, são respectivamente SuperGreek e Coptic 20 Plain. O endereço eletrônico do autor é: [email protected] O endereço eletrônico do tradutor é: [email protected]

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A igreja copta Philippe Luisier SJ

1. O Egito, Terra Santa Do Egito chamei meu filho (Os 11,1). Quando iniciamos uma viagem no mundo cristão do Egito, devemos saber que não adentramos em qualquer país, mas na única terra que, fora da Palestina e seus confins, foi visitada pelo Senhor. A fuga da Santa Família narrada no segundo capítulo do Evangelho segundo São Mateus, realiza a profecia de Oséias, citada pelo próprio Mateus (2,15). O Egito, portanto, é como uma segunda Terra Santa e o legítimo orgulho de ter hospedado Jesus, Maria e José verifica-se muito freqüentemente nas tradições do país. Já no final do quarto século se mostrava em Hermópolis – uma cidade então importantíssima, hoje em ruína, cerca de 270 km ao sul do Cairo – o templo no qual os ídolos caíram por terra com a chegada de Jesus1; se tratava da realização de uma profecia: “Eis, o Senhor está sentado sobre uma nleve e virá ao Egito. Os ídolos do Egito se abalarão diante dele” (Is 19,1 – LXX); quanto a nuvem vele, essa evidentemente é a Virgem Maria. Mas não há necessidade de ir muito longe para perceber a representação que alude esta narrativa apócrifa, isto é, não contido nos livros da Bíblia recolhido pela Igreja. Sob o arco triunfal da Santa Maria Maior em Roma se vê, entre as diversas cenas 1

Historia Monachorum in Aegypto, VIII, 1, tradução italiana da versão de Rufino: Rufino di Concórdia, Storia di monaci (Collana di testi patristici, 91), tradução, introdução e notas por G. Trettel, Roma 1991, p. 81.

representadas, o encontro da Santa Família com os chefes da cidade de Hermópolis. Os mosaicos datam do tempo do papa Sisto III (432-440) e provam que a narrativa era difusa naquela época bem além do Egito, também se as particularidades podem variar2. O cristianismo tem ainda profundas raízes e tal singularidade é rapidamente notada, ainda se hoje os cristãos não representam mais do que uns dez por cento da população; toda estatística em relação permanece conjectural e nada serve inchar as cifras. Visitar os sítios coptos, não é nada mais, para um turista atual, muito fascinante a menos que esse se maravilhe com as recentíssimas construções de cimento, freqüentemente faraônicas, construídas um pouco em todas as partes para potenciar a visibilidade de uma igreja em autodefesa. O turista apressado verá talvez o museu copto do velho Cairo e os edifícios adjacentes, ou até mesmo as ruínas de São Simeão em Assuan. Com um pouco mais de sorte, terá a oportunidade de fazer uma visita aos monastérios de Wâdi El-Natrûn. Mas tudo isso não é nada mais do que um pobre resto dos esplendores da Igreja de Alexandria, residência de um dos quatro patriarcados tradicionais que os coptos não católicos

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Cfr. O apócrifo latino chamado Evangelho do pseudo Mateus, §§ 23-24, tradução italiana: Aprocrifi del Nuovo Testamento, tradução e notas por L. Moraldi, Volume I: Vangeli, Casale Monferrato 1994, pp. 370371.

7 reconhecem canonicamente Antioquia e Constantinopla3.

com

Roma,

2. Um problema: quem são os coptos? Mas quem são os coptos? A própria palavra não é nada mais do que uma deformação em árabe – qub – do grego Aigyptios, isto é, “Egipciano”4. E do árabe, vem adotado nas línguas ocidentais para especificar os cristãos do Egito. Se hoje por “copto” entende-se também um “monofisita da Etiópia” (cfr. e.g. o Dicionário italiano Zingarelli, s.v.) e se pensa ainda na Eritréia quando se fala de “Igreja copta”, isto deriva do fato que as igrejas que utilizam como língua religiosa o gheez, isto é, o etiópico clássico, são filhas da igreja de Alexandria. Quanto a nós, reservamos a palavra “copto” para os cristãos do Egito, sem limitar-la no aspecto nacional ou racial do termo. A problemática acima mencionada é séria, porque, se hoje encontramos uma senhora ou um senhor copto, teremos diante de nós alguém que se identifica a si mesmo com a antiga população egípcia, aquela dos faraós, e que de boa vontade se dirá membro de uma igreja que não tem nenhum elo com as igrejas ortodoxas de tradição bizantina, nem 3

Cfr. C. Cannuyer, Lês Coptes (Fils d’Abraham), Turnhout 1990, p. 64; existe uma tradução italiana do livro: I Copti, Roma 1994. Para uma discussão mais detalhada, cfr. o ótimo artigo de G. Giamberardini, “Orientamenti teologici della Chiesa Copta”, «Antonianum» 47 (1972), pp. 213-294, part. pp. 261262. Para uma história geral da Igreja copta, escrita com evidnete simpatia, cfr. T. Hall Patrick, Traditional Egyptian Christianity. A History of the Coptic Orthodox Church, Greensboro 1996. 4 Ver, e.g., as reflexões de T. Orlandi em L’Egitto Cristiano. Aspetti e problemi in età tardo-antica (Studia Ephemeridis Augustinianum, 56), por A. Camplani, Roma 1997, p. 44. Cfr. também A. Camplani, s.v. Copta, Chiesa ortodossa, em Dizionario enciclopedico dell’Oriente Cristiano (= DEOC), por E.G. Farrugia, Roma 2088, pp. 186-188.

mesmo com a igreja católica. Tudo isso é justo, também se notamos que existem minorias de fieis coptos católicos, portanto de rito copto mas reunidos em Roma, e também de coptos protestantes. Mas essa identidade atual não é que o resultado de um longo processo histórico, e se queremos aceitá-la para os atuais, na verdade não é adequada para o primeiro milênio. Prefiro então falar não tanto da Igreja copta – se bem que isso seja o tipo de conferência! – , mas sobretudo da Igreja alexandrina e de seus eventos. Shenuda III, o atual chefe da Igreja copta, é chamado por alguns papa de Alexandria e patriarca da Sede de São Marcos5. Vejamos, portanto um resumo da história dessa sede. 3. Uma longa história: o início Sobre os primórdios da igreja no Egito há poucos testemunhos; o Novo Testamento não trata especificamente dela, como faz para Antioquia ou mesmo para Roma. Exceto a viagem já mencionada da Santa Família, sabemos por meio dos Atos dos Apóstolos que Apolo, grande pregador do Evangelho, foi um hebreu originário de Alexandria (At. 18, 24). A notícia é importante porquanto a cidade fundada por Alexandre o Grande não foi somente o máximo centro cultural de língua grega em época helenística – basta pensar no Museu, uma espécie de biblioteca5

Cfr. e.g., a intitulação inicial da declaração comum feita em 10 de maio de 1973 pelo papa Paulo VI e Shenuda III; o texto original em inglês do documento no L’Osservatore Romano de sexta-feira 11 maio de 1973, p. 1; tadução italiana no número de sábado 12 de maio de 1973, p. 2. Giamberardini, op. cit., n. 3, p. 262, reporta a intitulação completa de 1971: “Shenuda III, papa de Alexandria e Patriarca do Egito, da Pentapólis ocidental (Líbia), da Núbia, da Etiópia, da África meridional, da Palestina”. Quanto ao nome de Papa, é tradicional no Egito no fim da segunda metade do século III.

8 universidade com intensa atividade científica – mas também porque os primeiros Ptolomeus fizeram vir um grande número de hebreus da Palestina para povoar a cidade. Viviam em Alexandria em um bairro particular, com certa autonomia, e é provavelmente para ter um conhecimento apurado de suas leis que os Ptolomeus fizeram traduzir a Tora, ou seja, o Pentateuco, em grego. Isso constitui o começo da tradução conhecida como os Setenta, operação religiosa e cultural que marcou uma época. Um hebreu como Apolo, no primeiro século da era cristã, falava e pensava em grego. Ademais, contemporaneamente a Jesus viveu em Alexandria Fílon o hebreu, um escritor prolífico de língua grega sem conhecimento real do hebraico e um grande defensor da exegese alegórica. Esse tipo de leitura, adotada pelo helenismo, procura encontrar um senso mais profundo das palavras nos textos, e para Fílon se trata naturalmente da Sagrada Escritura em grego. No interior do Novo Testamento podemos encontrar traços de alegoria; e especialmente ela è usada na Carta aos Hebreus. Sem dúvida, o nosso Apolo deveria ser treinado em tal ciência exegética que tornará depois o estandarte de toda a escola teológica alexandrina – basta citar entre todos o famosíssimo nome de Orígenes ( 253/254) – . Da missão e da introdução do cristianismo em Alexandria não temos nenhuma notícia segura. Deve-se esperar a História Eclesiástica de Eusébio de Cesaréia (†339/340), que atinge fontes indisponíveis para nós, por ouvir falar da tradição segundo a qual São Marcos, discípulo e intérprete de São Pedro, foi mandado de Roma para Alexandria

para evangelizar a grande cidade6. Desde então tais tradições tornam-se a versão oficial dos primórdios do cristianismo no Egito e o arcebispo de Alexandria assume o título, como vimos por Shenuda III, de patriarca da Sede de São Marcos. Então resumimos a história desta sede. 4. Um pais único, que é não mais do que um gigante oásis Ora, antes de avançarmos em nosso apanhado histórico, queremos dar uma olhada na geografia do Egito, porque a configuração física do país é essencial para compreender sua originalidade7. Como aprendemos de Heródoto, o “pai da história”, o Egito é uma dádiva do Nilo8. Aonde chega uma gota de água do Nilo, há vida, de outro modo, reina o deserto, a morte: o Egito não é nada mais do que um grande oásis! O rio surge bem mais ao sul, parte na Etiópia – o Nilo azul – , parte na África central (lago Vitória) – o Nilo branco – ; e os dois confluem nos arredores de Khartum, no Sudão. Antes da construção do dique de Assuan, uma série de cataratas impedia o tráfego fluvial, constituindo assim uma espécie de fronteira natural. No vale, ao contrário, o rio é navegável até o Mediterrâneo, serpenteando entre as duas cadeias de montanhas, a arábica e a líbia, mais ou menos avizinhadas, até o grande Delta que começa no Cairo. Todo isso se assemelha a uma planta de lótus, na sua silhueta, com uma extensão de milhas quilométricas de Assuan 6

Cfr. Eusébio di Cesarea, Storia ecclesiastica/1 (Collana di testi patristici, 158), introdução por F. Migliore, tradução e notas: livros I-V por S. Borzi, V por F. Migliore, Roma 2001, p. 113 (= H.E. II,16). 7 Cfr. e.g., O. Montevecchi, La papirologia (reimpressão revisada e corrigida com Addenda Milano 1988, pp. 93 ss. 8 Herodoto, II, 5.

9 ao Mediterrâneo. Há ainda duas grandes divisões: o Baixo Egito, isto é, o Delta, e o Alto Egito, ou seja, o Vale; o faraó possuía o título de Rei dos dois países, com a dupla coroa branca (Vale) e vermelha (Delta). Essa dualidade perdura ainda hoje nas grandes divisões entre a Bohaira, o vasto delta raso e bem irrigado, e o Sa’id, o longo vale, ao longo de mais de 800 quilômetros do Cairo até Assuan, onde a pronúncia do árabe é diversa, como era diverso o egípcio falado nos primeiros séculos após Cristo. Distinguimos de fato não apenas duas línguas no “copto”, o boairico do norte e o saídico do sul, mas bem diversos dialetos que sucedem ao longo do rio até a Núbia9. Mas como podemos conhecer a diversidade dos dialetos nesse contexto – o copto – que não é mais uma língua falada, mas subsiste meramente como língua litúrgica, na sua roupagem boairica? Aqui acontece um fator de máxima importância que devemos valorizar bem quando falamos da história do Egito. Sabe-se que o Nilo, antes da barragem do monte de Assuam, levava um limo muito útil para fertilizar o país durante os meses da famosa cheia, da metade de julho a metade de novembro, mais ou menos. Os vilarejos tornavam-se como ilhas em um grande lago e todo o Delta assim era irrigado. No Vale, ao contrário, apenas as terras baixas eram inundadas e o deserto, atrás das últimas casa dos vilarejos, permanecia seco. Isto significa, para toda a documentação em papiro, uma diferença tremenda: enquanto temos tantos documentos de papiros do Vale, 9

Sobre esse argumento e tantos outros, é possível ver os artigos respectivos da Coptic Encyclopedia, 8 voll., New York 1991, obra infelizmente de valor inconstante no seu desenvolvimento; aqueles consagrados à língua se encontram reunidos no volume 8.

não temos quase nada do Delta, onde também os restos arqueológicos são poucos. Graças as descobertas do arquivo sobre papiro, podemos reconstruir minuciosamente, por exemplo, os afazeres de um pequeno burgo de Faium, vasta depressão que se constitui como um apêndice do Vale a sudoeste do Cairo, mas não sabemos quase nada dos grandes centros do Delta pela ausência de documentos. É necessário sempre ter em conta este fator meramente físico – a estiagem do deserto que conserva tudo ao contrário do Vale – para valorar corretamente a documentação histórica do primeiro milênio, dependente em grande parte dos papiros. São justamente os escritos de papiro que permitem entender melhor um movimento religioso que teve uma função importante durante o segundo século depois de Cristo, até fazer crer que todo o cristianismo egípcio da época fosse de matriz herética. Quero falar do assim dito gnosticismo, um fenômeno que poderia ser entendido como a intrusão na igreja de um pensamento esotérico. Este é típico de uma idade atormentada por diversas angústias as quais se pretende responder com um conhecimento – este é o sentido especifico do termo gnosis – que salva quem a possuí. No fim dos anos 40 do vigésimo século foram descobertos por acaso numerosos códices (quase o equivalente do nosso livro encadernado), escritos em copto, com textos de origens diversas, mas na maioria relativos à gnose cristã que até então era conhecida essencialmente por meio dos grandes heresiólogos da igreja, o primeiro dentre eles Irineu de Lion (segunda metade do II séc.) A coleção recebe o nome do local da descoberta

10 “biblioteca de Nag Hammadi”10, e mais do que conceder respostas, levanta outras perguntas; todavia é possível recuperar algumas obras originais, entre outras algumas da escola de Valentino de Alexandria, cuja teosofia mistura a doutrina cristã com um mito bem articulado sobre a origem do mundo e do homem11. É de notar que os primeiros grandes teólogos, como Valentino, eram heréticos claros; estes, todavia, permitiram à doutrina cristã fazer imensos progressos, particularmente porque outros pensadores conseguiram encontrar as respostas adequadas aos quesitos levantados pelos assim ditos heréticos. Brevemente: é o conhecimento que salva, ou também é Jesus Cristo o salvador? A questão até hoje permanece central12. De qualquer modo, voltando à Igreja de Alexandria, é falso declará-la toda herética no século II. Ao contrário, é verdade que a estrutura eclesial conseguiu expandir-se mais lentamente do que alhures. De fato, apenas durante o longo episcopado de Demétrio I (189-232 ca.) ocorrem grandes mudanças, como a constituição de uma escola de estudos superiores de teologia, da qual o inigualável mestre foi o já mencionado Orígenes, e o desenvolver-se das dioceses: três no tempo de Demétrio, depois de uma vintena abaixo do seu sucessor Eracles, 41 no início do século IV, além daquelas da Cirenaica, 10

Cfr. A. Camplani, s.v. Nag Hammadi, em DEOC, op. cit., n. 4, pp. 517-518. 11 Ver, e.g., os textos reunidos, introduzidos e traduzidos por M. Simonetti, Testi gnostici in lingua greca e latina, Fondazione Lorenzo Valla, Milano 1993. 12 Para as relações entre o gnosticismo e teologia cristã de tipo alexandrino, cfr. o ensaio de M. Simonetti, Teologia e cristologia no Egito cristão, em A. Camplani, op. cit., n. 4, pp. 11-38, que coloca justamente o acento não apenas sobre a gnose, e sim sobre o platonismo cuja linha de pensamento exerceu um influxo maior sobre a teologia alexandrina.

tradicionalmente sob a jurisdição de Alexandria e de seu arcebispado. Mas além dessa lenta expansão das dioceses, há uma particularidade na administração eclesiástica do Egito que se encontra apenas para o bispo de Roma: o titular de Alexandria não tem unicamente jurisdição sobre o território de sua diocese, mas também sobre todo o Egito onde não há outras eparquias, ou seja, províncias eclesiásticas. O arcebispo de Alexandria exercita ainda um poder dirigido sobre todo o país, a Cirenaica inclusive, e quando a Etiópia e a Núbia tornaram-se cristãs por meio da Igreja Egípcia, ambas cairão sob a única autoridade de Alexandria. É apenas recentemente em 1959 que a Etiópia tornou-se independente do patriarcado copto13 (autocefalia da Eritréia em 1993). O longo titulo de Shenuda III precisamente é: “Papa e patriarca de Alexandria e de toda a pregação de São Marcos”, entenda-se: de todas as igrejas locais que nasceram da Igreja de Alexandria. 5. A era dos mártires Na metade do terceiro século e no início do quarto, os cristãos do Egito sofrem inúmeras perseguições. O número das vítimas não é, porém, tão grande como sugeririam as narrativas hagiográficas tardias. Em 311 foi justiçado o bispo de Alexandria Pedro I, conhecido como “selo dos mártires”; de fato, a paz da igreja vem em 313 e com a vitória definitiva de Constantino, o cristianismo é respeitado em todo o império romano. As trocas entre as igrejas, já muito densas durante 13

Tradução francesa do documento oficial de 25 de junho de 1959 em «Proche-Orient Chrétien» 9 (1959), pp. 261-263; para á Eritréia, cfr. «Irenikon» 67 (1994), pp. 100-101.

11 o terceiro século, se multiplicam. Uma questão delicada é a data para fixar a Páscoa. Alexandria, vigorosa da sua ciência astronômica plurissecular, sabe calcular melhor do que os outros o dia exato e Roma, por exemplo, recebe dela a data da festa. Com a intenção, provavelmente, de fixá-la para o curso dos anos, no Egito faz-se referência a uma nova era, cujo primeiro ano coincide com o advento de Diocleciano à dignidade de imperador (284 d.C.); ele que antes de ser perseguidor dos cristãos fez vários favores para o Egito. Nos séculos sucessivos, o nome de Diocleciano será pouco a pouco substituído por outro, mais consoante com a visão de uma Igreja copta erguida pelo sangue das vítimas das perseguições e até hoje os coptos conhecem apenas a denominação de “era dos mártires”14. No Egito encontramos, sob o jornal cotidiano ou mesmo em qualquer calendário, três datas para a mesma recorrência: aquela da era vulgar, aquela da era dos mártires e aquela, muçulmana, da Hégira. 6. A idade de ouro Todo o quarto século e a primeira metade do quinto constituem a idade de ouro do cristianismo no Egito e a sua igreja domina a cena no mundo cristão. Os arcebispos de Alexandria – é anacrônico falar já em patriarcas – vêm aclamados como defensores da ortodoxia. Atanásio o Grande (†373), 14

Porque se repete freqüentemente o erro histórico de atribuir ao século IV a origem dos “anos dos mártires”, no momento em que se falou ao longo apenas de “anos de Diocleciano” e depois, por séculos, seja de alguns seja de outros, remetemos aqui ao estudo de dois especialistas de papirologia: L.S.B. Mac Coull e K.A. Worp, The Era of the Martyrs, em Miscellanea papyrologica in occasione del bicentenario dell’edizione della Charta Borgiana (Papyrologica Florentina, 19), por M. Capasso, G. Messeri Savorelli, R. Pintaudi, Firenze 1990, pp. 375-408.

malgrado cinco exílios impostos por imperadores bizantinos, retorna sempre vencedor na sua sede e é ele o máximo contraditor do arianismo, heresia erguida particularmente em Alexandria, que se religa a uma cristologia do tipo origenista tornada já insuficiente. Teófilo (†412), escarnecido pelos seus adversários como faraó “litomano” – isto é, que tem a loucura de construir edifícios grandiosos – aproveita de uma lide entre monges para destituir João Crisóstomo da sede de Constantinopla. Seu neto Cirilo (†444), pertinaz opositor de Nestório, também ele um antioqueno tornado arcebispo de Constantinopla, brilha assim mesmo como defensor da Virgem Maria, que o concílio de Éfeso em 431 chama “Mãe de Deus” (Theotókos). Ao lado dos grandes prelados, o Egito oferece ao cristianismo da época um fruto já maduro que está para durar muito mais ao longo das vãs glórias humanas. Com já disse, o deserto no Vale não é distante das terras habitadas. Já na segunda metade do terceiro século, homens a procura de Deus e de uma imitação mais radical de Cristo, abandonam casa e família para retirar-se na solidão. Do termo grego que significa “só” vem a palavra monachos, monge, que se aplica bem rápido a esta gente. Três tipos de monasticismo podem ser distinguidos no Egito do quarto século, ilustrados por personagens que ficaram famosos: - o anacoretismo estreito, isto é, a vida retirada de eremita, com Antonio o Grande; - o cenobismo, isto é, a vida comunitária em convento, sob a guia de um abade, com Pacômio; - o sistema misto da laura, onde o monge vive em uma cela distinta, talvez com

12 um discípulo, mas se concentra com outros no final de semana para as funções litúrgicas e as refeições comuns; vemos instalar-se este tipo de monacato ao sul de Alexandria, nos centros da Nitria, das Celas e de Sceti, o atual Wâdi El-Natrûn; os famosos Apoftegmata dos Pais do deserto, com Macário de Alexandria e Macário do Egito, Arsênio, Poemen ecc., são as ilustrações espirituais desta realidade. Através da Vida de Antonio atribuída à Atanásio, as viagens dos peregrinos e por fim os exílios dos bispos, a fama do monacato egípcio se propaga em todo o mundo cristão. Em Vercelli, Eusébio (†370 ca.) nele se inspira. João Cassiano (†435 ca.) introduz em Marselha o que aprendeu em Sceti durante uma estadia de dez anos. Os escritos de Evágrio Pôntico – originário da Anatólia, como o seu nome indica – conduzem a um alto nível especulativo, também se não desprovido de teorias discutíveis, o ensinamento recebido na Nitria e nas Cellas. 7. A ruptura no 451 em Calcedônia É impossível medir o impacto do monacato egípcio na história da Igreja universal. A importância teológica de personagens como Atanásio ou Cirilo é óbvia, para não falar do influxo extraordinário do velho Orígenes sobre toda a trajetória do pensamento cristão. Tanto mais extraordinária mostra-se então a catástrofe do concílio de Calcedônia (451) – catástrofe, naturalmente, do nosso ponto de vista e não daquele da igreja copta – . Que aconteceu? Depois da morte de Cirilo, Dióscoro tornou-se arcebispo de Alexandria; ele retomava a cristologia ciriliana embasada sob o princípio da “única natureza encarnada de Deus Verbo”, sem saber que a fórmula, que ele acreditava

proceder de Atanásio, era na realidade de matriz não ortodoxa e, sobretudo sem dar-se conta do desenvolvimento contemporâneo da teologia, da qual era respeitável defensor o papa Leão Magno. Como freqüentemente acontece, na história da igreja interferiam também motivos políticos. De qualquer modo, no Concílio da Calcedônia venceu a cristologia das duas naturezas, defendida por Roma e Constantinopla; Alexandria foi derrotada e Dióscoro deposto. O contraste entre calcedônios e não-calcedônios assinala todas as vicissitudes da Igreja do Egito até a invasão árabe (640-646). Após 535, temos uma dupla hierarquia para a sede de Alexandria: uma calcedônia – chamada em árabe “melkita”, porque fiel à confissão do imperador – e outra não calcedônia – chamada em árabe “copta” – . Estes nomes, ainda que legítimos, são uma herança da tradição, ligando as igrejas unicamente pelo aspecto político-nacional do fenômeno. Em sua secessão, os egípcios não estavam sós; uma parte da Igreja de Antioquia seguiu o mesmo caminho e o arcebispo Severo (†538), refugiado no Delta, permanece o grande teólogo de ambas as igrejas que não devemos chamar “monofisistas”, porque a teologia de Severo não é nada mais que um monofisismo de nome, não de re. Porque o grande reorganizador das Igrejas sírias e egípcias não-calcedônias foi Giacomo Baradeo (†578), encontramos também para ambas a denominação de ‘Igrejas jacobitas”; todavia hoje seria melhor falar de “Igrejas nãocalcedônias”15.

15

Sobre tal argumento, cfr. E. Farrugia, s.v., Monofisismo, em DEOC, op. cit., n. 4 pp. 512-513 (com remissões e bibliografia).

13 8. Problemas de historiografia A partir do momento em que os partidos são estabelecidos, é evidente que a historiografia de cada um será diversa. De fato, a história tradicional da Igreja copta nãocalcedônia, assim como a podemos encontrar, em árabe, na coletânea conhecida como História dos Patriarcas de Alexandria, suscita muitas perplexidades ao crítico moderno. Pode-se dizer o mesmo de toda a produção hagiográfica e homilética de língua copta, passada, portanto em árabe e em etíope e também em siríaco. Isso que transparece e majoritariamente surpreende é a tendência “nacionalista” desses escritos (se é permitido o uso de um conceito moderno). Através dos séculos, alimentada pela fantasia egípcia, fezse uma releitura tendenciosa das fontes, que se manifesta de modo desenfreado, por exemplo, na produção dos apócrifos: o mais belo e famoso de todos, o conhecido Protoevangelio de Jaime que narra o nascimento de Maria, a infância dela no Templo de Jerusalém, o casamento com o velho José e o nascimento milagroso de Jesus na gruta, é originário particularmente no Egito na segunda metade do segundo século. A partir do concílio de Éfeso (431), o culto mariano conhece um notável desenvolvimento, sobretudo coligado com a visita da santa Família no Egito. Pouco a pouco, a viagem de Maria, José e do menino Jesus, junto a Salomé, se prolonga ao longo do vale do Nilo para chegar até a Assiut e ainda mais ao sul; narrativas maravilhosas de árvores que se inclinam, de água que emerge milagrosamente, de rochas que se aplainam para acolher os viajantes, abundam ao longo o

percurso16. A santa Família, portanto, toma posse de todo o Egito, santifica com a sua permanência todo o país. Este toque nacionalista copto desembocará até mesmo fazer de Diocleciano, o odiado perseguidor, um abjeto Egípcio que renegou a sua fé cristã17. Trouxe esses exemplos extremos para dizer com quanta cautela devemos afrontar os vários contos sobre a história dos coptos. Também a meritória Coptic Encyclopedia, publicada em 1991, não é completamente privada de tais excessos, também ela oferece artigos inopinados, como aquele sobre Barsanufio. Este monge recluso, de nome tipicamente egípcio – significa “o bom guardião” – que se isola no silêncio total em torno dos anos 543/54418, deixou uma correspondência epistolar com perguntas e respostas que é uma verdadeira summa de ensinamento dos Pais do deserto. Ele viveu próximo de Gaza, e, apesar de que a sua língua mãe era copta, o monge teve fé calcedônia; as suas cartas são escritas em grego. A Igreja copta não calcedônia ignora totalmente esse delicioso fruto da espiritualidade egípcia. Já este dado faz entender como é falso identificar em bloco a língua copta com a nação copta e a Igreja não calcedônia. Se se procurasse outra prova, bastaria estudar a carta pascoal do patriarca não calcedônio Alexandre II (†730) guardada 16

Cfr. G. Giamberardini, Il culto mariano in Egitto, 3 voll., Jerusalém 1974-1978. 17 Cfr. J. Schwartz, Dioclètien dans la littérature copte, «Bulletin de La Societé d’Archéologie Copte» 15 (1958-1960), pp. 151-166. 18 Cfr. p. 33 da introdução por F. Neyt, P. De AngelisNoah, L. Regnault: Barsanuphe et Jean de Gaza, Correspondance (Sources Chrétiennes, 426), Volume I, tome 1, Parigi, 1997; existe uma versão italiana da obra: Barsanulfio e Giovanni di Gaza, Epistolario (Collana di testi patristici, 93), tradução, introdução e notas por M.F.T. Lovato e L. Mortari, Roma 1991.

14 em um papiro descoberto no Monastério Branco nos arredores Sohag no Alto-Egito (450 km ao sul do Cairo), que reflete uma teologia Cirilo-severiana típica dos Coptos, mas ainda escrita em “bom grego”!19 Havia ainda, no coração do Vale, os monges que entendiam o grego e o patriarca de Alexandria se exprimia ainda na língua de Orígenes, Atanásio e Cirilo, a mais de sessenta anos da invasão árabe. 9. Sob os Árabes Mas os árabes – isto é, a dinastia dos Omayyadi – , impuseram a língua do Alcorão na administração, já em 706. Depois em um processo lento e sem obrigatoriedade, se não aquela sociedade financeira da capitalização, o Islã se infiltra no Egito até tornar-se a religião majoritária. Alguma veleidade de rebelião indubitavelmente se verifica, a última e a mais violenta sendo reprimida no sangue nos anos 829-830. Mas agora com os Abássidas, a capital árabe passou de Damasco para Bagdá e os diversos governadores estrangeiros pensam freqüentemente mais em seu enriquecimento pessoal que no bem do país. Alguns chegaram a ter alguma autonomia, mas é somente com o califado heterodoxo dos Fatímidas que o Egito reencontra a sua independência e o seu prestígio. Xiitas e não sunitas, os fatímidas são geralmente benévolos em relação aos cristãos, seja melquitas seja coptos, vale dizer calcedônios e não-calcedônios. O próprio alHakim, que incendeia as igrejas de todo o seu reino, de Jerusalém ao Egito, se arrepende no

final de sua vida (morre em 1021) e concede favores a um monastério melquita vizinho ao Cairo, cidade fundada em 969 depois da vitória das tropas fatimidas no Egito. Em 1099, os Cruzados tiram Jerusalém dos Fatímidas, cujo poder se enfraquece sempre mais. Em 1171, o curdo Saladino torna-se sultão do Egito e restabelece a ortodoxia sunita. O século XIII torna-se a idade de ouro da literatura árabe-cristã dos coptos, já que então a língua indígena não é mais do que matéria de estudo para especialistas. Quando o Egito passa para o poder anárquico dos mamelucos (1250-1517), a situação de todas as minorias coptas, melquitas, hebreus piora notavelmente. Esses governantes, que se sucedem a um ritmo freqüentemente dramático, estão interessados apenas no dinheiro. Sob tais mudanças de mestres, que por outro lado deixaram uma entre as mais belas arquiteturas de todos os tempos, a história da Igreja copta se reduz a uma rima de lamentos. É particularmente naquele momento, no tempo do patriarca João XI, que a Igreja de Roma decide ter contato com os coptos; estamos na época do concílio de Florença. 10. O declínio da Igreja do Egito Antes de detalhar sobre o significado do encontro oficial entre latinos e coptos depois de séculos de distanciamento, queria deter-me um pouco sobre os sinais da decadência do cristianismo no Egito, e também sobre as razões da sua capacidade de resistir, melhor do que outras, a pressão da islamização20.

19

Cfr. L.S.B. MAC COULL, The Paschal Letter of Alexander II, Patriarch of Alexandria: A Greek Defense of Coptic Theology under Arab Rule, «Dumbarton Oaks Papers» 44 (1990), pp. 27-40.

20

Cfr. o mérito dos estudos de M. Martin, agudo observador dos fenômenos que se deixam entrever nas fontes coptas, e.g. Une lecture de l’Histoire des

15 Não quero alongar-me sobre a morte do copto como língua falada, porque o dano desferido à memória vem, nesse caso, compensado pela participação em uma cultura de dimensão internacional; todas as obras literárias para eles mas significativas foram traduzidas em árabe e estamos ainda bem longe de conhecer todas as riquezas de tal patrimônio. Os enredos do patriarcado me parece mostrar melhor o acontecido. Quando se apossam de Alexandria, os árabes permitem a Benjamin, o patriarca não calcedônio condenado a viver fora da cidade, reentrar nela (a.D. 644). Bem cedo, o patriarca é reconhecido pelo poder muçulmano como chefe da sua “nação”, responsável pelos dhimmi de confissão cristã não calcedônia, isto é, desta franja da população que o islã aceita em seu território e pretende proteger (é este o significado da palavra árabe), acordando também um direito privado particular, impondo porém, ao mesmo tempo, um tratamento fiscal especial. O mesmo estatuto foi aplicado aos melquitas e aos hebreus. Em poucos decênios, o peso financeiro aumenta consideravelmente e para suportá-lo o patriarca teve de apoiar-se em ricos notáveis, o que significa uma perda substancial da sua independência. Termina assim a gloria faraônica do arcebispo de Alexandria, primeiro no medo e na vergonha de ser aprisionado, como acontece em 747 ao patriarca Miguel I, ou completamente chicoteado, no tempo dos mamelucos. A simonia, praga ancestral do clero egípcio, se generaliza, por mera necessidade de sobrevivência. Mas o pior se verifica quando Patriarches d”Alexandrie, «Proche Orient Chrétien» 35 (1985), pp. 15-36, e ainda Le Delta chrétien à la fin du XII siècle, «Orientalia Christiana Periodica» 63 (1997), pp. 181-199.

o patriarca, no tempo de Marcos III, inicia um longo vagar, abandonando Alexandria. A capital havia iniciado a sua decadência quando os árabes transferiram o seu centro de poder para Fustat, já campo militar, que se torna uma verdadeira cidade, limítrofe com a antiga Babilônia do Egito (o conhecido Velho Cairo), destinada a formar com ela o atual Cairo, sob o domínio dos fatimitas. Encontramos o patriarca em diversos lugares do Delta, depois finalmente no próprio Cairo; a atual sede é a Amba Ruweiss no quarteirão de Abbassya e remonta aos anos quarenta do século XX, enquanto a catedral foi inaugurada em 1968. Um outro sinal de desdobramento da comunidade copta, se nota no fechamento de grandes monastérios como aquele de Jeremias em Saqqara, de Apollo em Bawit, da Nitria e das Celas ao sul de Alexandria. Resistem os centros mais periféricos, como aqueles de Wâdi- el-Natrûn, de Santo Antonio e São Paulo no Mar Vermelho. A transferência das relíquias, documentada ao longo dos séculos é indicador também de uma situação de clara emergência. Existe, porém uma zona que pode parecer privilegiada e é até hoje aquela onde a concentração de cristãos permanece mais alta, com vilarejos inteiramente coptos: se estende no Alto Egito da Minia ad Akhmîm, como no meio da cidade de Assiut, próximo da qual encontramos ao norte o vasto monastério Dayr al-Moharraq e ao sul a peregrinação de Dayr Dronka. Existe naturalmente um fator geográfico que explica a coisa: estamos ao longo do vale do Nilo, onde o controle exercido pelo poder central é mais difícil que no Delta; alguns vilarejos como Abu Hinnis são acessíveis apenas por meio de uma balsa e puderam resistir como

16 fortalezas à pressão do islã. Mas há também outra coisa que me perece decisiva: é particularmente em direção á Assiut que desemboca o caminho das caravanas que leva da Núbia meridional ao Vale do Nilo através do oásis de Kharga; fato sem importância se não fosse que os nubianos eram cristãos. 11. O apogeu do sul cristão Até aqui omiti um episódio essencial da história eclesiástica do Egito, isto é, a atividade missionária. É bom ter em consideração a existência de assentamentos cristãos não apenas no vale do Nilo povoado pelos egípcios, mas também mais próximo à montanha, na Núbia que se estende até a capital atual do Sudão, Khartum, e no reino de Aksum que é intermediário entre o mar Vermelho e o Sudão. Em outras palavras: atrás de si mesmo, o Egito cristão tinha antecedentes cristãos, cuja potência, real ou imaginária – o controle das águas do Nilo! – contava alguma coisa aos olhos dos muçulmanos. O reino de Aksum torna-se cristão já na metade do século IV e é o mesmo Atanásio que ordena o primeiro bispo enviado ao rei aksumita Ezana (em 346 ca.); a coisa é confirmada por recentes descobertas arqueológicas. A cristianização da Núbia é mais controversa, e ainda uma vez, são as escavações recentes que modificam nossos conhecimentos. Parece que já cerca da metade do V século havia cristãos na Núbia; cem anos depois, o país foi objetivo das missões bem documentadas de Longuinho, um bispo não-calcedônio. Quando os árabes invadiram o Egito, enviaram tropas até a Núbia, mas elas foram repelidas e um pacto foi feito entre as partes, com um imposto para os muçulmanos.

A Núbia ainda permanecia independente e podia funcionar como protetora dos cristãos do Egito. Sabemos, por exemplo, que o rei Ciriaco obrigou as autoridades muçulmanas a libertar o patriarca Miguel I que foi aprisionado (a.D. 747). Enquanto a Núbia se tornará sempre mais frágil até o século XIII, os coptos tiveram a ventura de ver a ascensão da Etiópia enquanto potência de categoria internacional sob a dinastia Zaguè, feita famosa por Lalibela, o negus construtor das igrejas rupestres na cidade que leva o seu nome († depois 1235). No tempo de João XI e do Concílio de Florença, o negus da Etiópia é Zara Yacob e, antes da chegada dos latinos (verão de 1440), ele já se declarara protetor dos cristãos do Egito, o que ele demonstrará ainda melhor nos anos seguintes. Devemos entender essa situação política para medir o valor dos atos do patriarca João em relação à legação do Papa Eugênio IV21. 12. Egito em Roma A Biblioteca Laurenziana de Florença conserva a carta de João XI, com 5 metros e meio de comprimento, na qual ele agradece o Papa pelo envio de uma legação e para os presentes recebidos; apenas em um adendo quase um borrão, lê-se que João teria mandado participar do Concílio uma delegação sua liderada pelo abade André do Monastério de Santo Antonio. A comitiva dos coptos impressionou primeiro em Florença e depois em Roma, onde eles permaneceram em 21

Cfr. o nosso ensaio sobre João XI em «Orientalia Christiana Periodica» 60 (1994), part. pp. 541-562. Se corrige a nota 128, p. 549, a última linha: Dayr – alMaghtis estava situado a cerca de 15 quilômetros de Dayr Sitt Damiana (cfr. R.G. Coquin, M.P. Martin, s.v. Dayr Sitt Dimy’nah: History, em Coptic Enciclopedia, vol. 2 p. 871b), não a três dias do caminho!

17 peregrinação (pode-se ver a propósito o baixo-relevo do Filarete sobre a porta central da basílica de São Pedro) Em 4 de fevereiro de 1442, a bula Cantate Domino celebra a união da Igreja Copta com a Igreja Latina. Uma carta do patriarca João ao sucessor de Eugênio, papa Nicola V, demonstra que tal união é recebida também em Alexandria. É falso dizer, portanto, que a união não aconteceu, mas, ao que parece, não sobreviveu ao patriarca João e, de qualquer modo, o termo “união” não tinha o mesmo significado em Roma e em Alexandria: não era imaginável um primado de jurisdição exercido pela Sede de Pedro sobre aquela de Marcos! Em todo caso, daí em diante, os contatos entre as duas sedes sucedem-se. Em 1479, Sisto IV oferece aos coptos um lugar de culto sobre a colina do Vaticano, com hospedagem para os peregrinos; a igreja é tutora, e é confiada aos etíopes católicos: trata-se de S. Stefano dos abissínios. Quando o Egito passa a fazer parte do império otomano (1517), as coisas não mudam. Roma continua a enviar legados para a pesquisa da união e recebe também as propostas, que se revelam insensatas, por parte dos “aventureiros do ecumenismo”. No século XVII, os Franciscanos iniciam as suas missões no Egito, não apenas no Cairo, mas sobretudo, no Vale onde o poder dos otomanos deixa quase uma autonomia à pequenos emires. Ali se verificam as conversões e em 1724, um jovem copto do Alto Egito, Raffaele Tukhi, entra no Colégio da Propaganda em Roma; será curador de numerosas edições de textos bíblicos e litúrgicos. O ano de 1741 vê a instituição de uma hierarquia própria que terá diversas

vicissitudes; papa leão XIII dará finalmente aos coptos católicos um patriarca (1899); hoje em dia o titular é a Sua Beatitude Stefanos II Ghattas22. 13. Diante á modernidade A Igreja Copta não-calcedonense parecia, assim como de outro lado, todo o Egito sob o jogo otomano, adormecida. Um certo despertar verifica-se com a chegada dos franceses de Bonaparte e a tomada do poder por parte de um oficial turco de origem albanesa, Mehmet Ali que se torna paxá em 1805 e que funda uma verdadeira dinastia; o Egito não é mais do que nominalmente membro do império otomano. A sua dissociação formal, depois da Primeira Guerra Mundial, Fuad do Egito assume o titulo de rei (1922). Os coptos tem parte importante no despertar do país, encontrando-se empenhados em todos os campos. O patriarca Cirilo IV (1854-1861) passa por um verdadeiro reformador que abre a igreja para a modernidade, especialmente através da formação intelectual de todos os níveis. Mas a hierarquia não é sempre alienada com os notáveis da comunidade e em 1954, sob o novo regime revolucionário, o patriarca Yussab II deve fazer os cálculos com uma oposição aberta, até ser um dia subtraído por alguns exasperados23. Depois da sua morte em 1956, a Sede permanece vacante por dois anos, até que em 19 de abril de 1959 vem eleito Cirilo VI. Tudo muda com o advento daquele monge, celebrado como taumaturgo, de intenso olhar que impressionava até 22

Cfr. R. Roberson, s.v. Copta, Chiesa cattolica, em DEOC, op. cit., n. 4, pp. 185-186. 23 Cfr. a crônica em «Proche Orient Chrétien» 4 (1954), pp. 253-257, bem como Patrick, op. cit., n. 3, p. 156.

18 Nasser. A virada torna-se evidente no lugar, sobretudo através de grandes construções, e em 1968 Paulo VI concede à Igreja de Alexandria uma parte das relíquias de São Marcos subtraída dos venezianos no início do século IX. Depois da morte de Cirilo, em 1971 vem eleito Shenuda III que ainda acentua a visibilidade da Igreja Copta. Ele encontra, em 1973, Paulo VI em Roma e os dois firmam uma profissão de fé que parece desembaraçar as igrejas da suspeita cristológica em relação a uma ou duas naturezas. Sabe-se que o dia do atentado contra Sadt (06.10.1981), Shenuda havia recentemente partido para o exílio em seu monastério de Amba Bishoy. Com Mubarak no poder, pôde retornar ao Cairo, porém em 1985. O impacto do intrépido patriarca sobre a juventude é imenso; inumeráveis são as suas viagens ao exterior, especialmente para diáspora copta dos Estados Unidos24. Mas as discussões teológicas oficiais entre a Igreja católica e a Igreja Copta, iniciadas em 1974, são suspensas por quase dez anos. A situação ecumênica no Egito é tensa e a atitude de Shenuda III durante a visita de João Paulo II no Cairo no ano passado foi criticada abertamente por parte de alguns coptos nãocalcedônios25. Esperamos dias melhores. Mas quais são os pontos de divergência entre a Igreja latina e a Igreja do papa Shenuda? Vale dizer a verdade, não há nada de substancial, ou quanto menos de 24

Para a Europa, mencionamos especialmente aquela de 1990 na Alemanha; em 17 de novembro, recebeu o doutorado honoris causa da faculdade de teologia católica de Bonn; cfr. «Proche-Orient Chrétien» 40 (1990), p. 299. Em 1998, de 23 a 29 de abril, foi acolhido na Áustria onde encontrou os cardeais König e Schönborn, cfr. «Proche-Orient Chrétien» 48 (1998), p. 382. 25 Cfr. a crônica em «Proche-Orient Chrétien» 50 (2000), pp. 157-159.

insuperável; como já vimos, também a questão cristológica sobre natureza em Cristo gira mais em torno da pesquisa dos conceitos que não à substância da fé. Deveremos ao contrário ter em conta daquele que o P. Congar chamava o estrangement das igrejas, isto é, o distanciamento de uma vida eclesial em relação a uma outra. A partir do século VII, o cristianismo do Egito, como aquele da Síria, do Iraque etc. é submetido a um poder muçulmano; então, a luta pela sobrevivência tem mais uma vez prevalecido em perspectiva ecumênica, no sentido da igreja universal. Quem poderia fazer reprovações aos cristãos orientais? A autodefesa, o dobrar-se sobre si mesmo para exaltar diante do islã os próprios valores, a própria identidade, são atitudes muito difusas no Oriente cristão e facilmente compreensíveis. Quando um São Miguel arcanjo guerreiro, ou mesmo um São Jorge que transpassa o dragão, se substituem aos santos mais brandos e terminam, com o culto onipresente da Virgem Maria, a oprimir tantos outros cultos, nós descobrimos nos bastidores a busca de proteção do alto, já que no cotidiano predominam medos, submissão ou fatalismo. De outro lado, vemos o influxo do cristianismo e, através disso, dos antigos costumes faraônicos, sobre o mesmo islã egípcio: não é difícil encontrar santuários muçulmanos onde um sheik venerado é o substituto de um monge santo que, por sua vez, foi a expressão da cristianização de um culto pagão. Profundamente radicada na mente egípcia é a paixão pelo sobrenatural e por isso, as mesmas histórias de milagres e maravilhas se encontram sobre a boca de um sacerdote como sobre aquela de um imame; apenas o aspecto superficial muda. Há, portanto, em nível geralmente inconsciente,

19 uma comunhão de fundo que, para eu, é sinal de real e positiva convivência entre as comunidades. 14. Mais semelhanças que divergências A atitude de autodefesa é verificada também nas relações com outras confissões cristãs. Acenei os desvios históricos que os coptos, infelizmente, freqüentemente adotaram contra os não-calcedônios, primeiramente os melquitas. O encontro com os missionários católicos produziu também uma reação em nível teológico e hoje nós somos seus herdeiros. Mas é curioso ver que alguns pontos de atrito não provém da doutrina tradicional da Igreja copta quanto da polêmica entre católicos e protestantes. A questão do purgatório, por exemplo, que há alguns anos foi o centro do debate, eram fonte de argumento pelos coptos mais do ponto de vista da Reforma que daquele da tradição copta, a qual conserva, na liturgia para os defuntos, pregações certamente pensadas como eficientes para a salvação das almas. O uso no estudo da teologia, de manuais ocidentais de molde anglicano ou protestante, constitui provavelmente uma das causas de tal confronto. A procissão do Espírito Santo, uma crux do diálogo entre católicos e ortodoxos, também é recebida pelos coptos como argumento anti-católico, no momento em que nada, na sua história, fornece um fundamento26 . Se entramos em uma igreja copta, não nos sentiremos desorientados, exceto pela

presença de uma tela de madeira entre os fiéis e o altar. Contrariamente as igrejas bizantinas, há bancos, e podemos encontrar um púlpito marmóreo. Estranho ao contrário, aparecerá o canto acompanhado de címbalos, porque utiliza quartos de tom. O povo participa ativamente da liturgia que não é apenas competência do sacerdote e do coro. A liturgia eucarística segue quase o mesmo esquema da nossa, é mais longa e dura muito mais, as pregações e as leituras são prolongadas, e a extensão de um “amém” ou das invocações depende da discrição do diácono e do coro. A substância é porém a mesma: os sacramentos são sete, o culto mariano e dos santos é muito desenvolvido, o ano litúrgico que segue o velho calendário egípcio é rico de memórias e de festas; as mais importantes são comuns às nossas. A fé na presença real de Cristo na eucaristia se apóia sob numerosos milagres que convenceram os incrédulos. Educado pelo monasticismo e encorajados a imitar os muçulmanos, o cristianismo copto insiste nos jejuns que cadenciam todas as estações e as donas-de-casa sabem bem o que cozinhar no momento certo27; os dias de abstinência no decorrer do ano chegam a 250. Se houvesse um ponto sobre o qual os coptos quisessem se distinguir, seria particularmente este toque ascético. Os monges são muito venerados e apreciados no papel de pais espirituais. 15. Em direção ao futuro Para concluir, os coptos formam uma igreja que tutora vive e se desenvolve – a

26

Sobre todo o argumento do diálogo entre Igreja católica e Igreja Copta, cfr. o estudo de D.W. Winkler, Koptische Kirche und Reichskirche. Altes Schisma und neuer Dialog (IThS 48), Innsbruck 1997. O primeiro encontro oficial ocorreu em 1974, o oitavo e último em 1992.

27

Um belo livro sobre esse assunto, repleto de informações, foi escrito por uma mulher copta: C. Wissa Wassef, Pratiques rituelles et alimentaires dês Coptes, Cairo 1971.

20 dimensão missionária foi recuperada há trinta anos, com missões na África Negra – , orgulhosa de sua história feita por meio da resistência aos pagãos (os mártires) e de resistência ao islã (os neo-mártires). Mas em tal leitura histórica reside precisamente um grave perigo: a força de exaltar a coragem dos cristãos diante do opressor e de satisfazer no relato das injustiças, a Igreja copta nãocalcedônia arrisca de construir ao seu redor um baluarte, ao contrário de apontar para um verdadeiro crescimento da pessoa humana chamada para a liberdade evangélica. Alguns

julgarão de bom augúrio o preenchimento dos monastérios, graças ao afluxo de uma juventude que sai freqüentemente das Universidades. Mas a fuga para o deserto, como toda vocação cristã, requer o discernimento de um coração livre; não basta seguir o líder do momento para construir o futuro. E apenas o futuro será árbitro da validade de todas as nossas escolhas.

Torino, 13 de outubro 2001.

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ELEMENTOS DE LÍNGUA COPTA (DIALETO SAÍDICO) NOCÕES ESSENCIAIS DE GRAMÁTICA E SINTAXE

figura 3

22 1. Noções introdutórias Como é sabido a língua copta representa o último estágio da língua egípcia. Tem seu início no IIIIV século d.C. até o séc. XII, quando será definitivamente suplantada pelo árabe. De fato o nascimento do copto coincide com a difusão sistemática do Cristianismo no Egito. Também se o dialeto da liturgia é o boairico, na realidade a maior parte dos textos conservados é redigida em saídico. Outros dialetos relevantes são o fayumico e o licopolitano. O total de dialetos são doze. Os estudiosos não concordam sobre as motivações que seriam a base do nascimento da língua copta: para alguns o copto seria apenas uma língua literária utilizada, sobretudo para a tradução do grego dos textos sacros; para outros, ao contrário, seria uma língua autêntica e efetivamente falada. No nível lingüístico o Egito se divide entre o Alto Egito e o Baixo Egito. Essa idéia já existia no tempo dos faraós desde o momento em que eles foram proclamados “os senhores do Alto e do baixo Egito”. Se o delta se apresenta como um lugar de fácil intercâmbio, o vale se caracteriza pela presença de assentamentos diversos e as vezes distantes entre eles. Conseqüentemente, do ponto de vista lingüístico o delta se apresenta como um lugar no qual se fala uma língua comum substancialmente homogênea, isto é, o boairico; o vale, ao contrário, deixa espaço para comunidades distintas e distantes, com a conseqüente formação de dialetos diversos. A língua da liturgia é de qualquer modo o boairico, desde o momento de conquista de Alexandria do Egito por parte dos Árabes o patriarcado se desloca para o sul e leva consigo a língua litúrgica oficial que é precisamente o dialeto boairico. E assim se pode dizer que “ no sul do Egito se fala em saídico e se reza em boairico”. 2. O alfabeto Para a escrita o copto recorre ao uncial grego do IV século d.C. O alfabeto é composto pelas 24 letras gregas as quais se acrescentam 5 letras derivadas da estilização dos caracteres hieróglifos mais um caractere que tem valor silábico. Fornecemos em seguida o elenco dessas letras (excluindo aquelas emprestadas do alfabeto) com relativa denominação e pronúncia. Para o alfabeto se remete à tábua II Letra

Denominação

Pronúncia

S

shai

sh

F

fai

f

H

hori

h

J

djandja

dj

G

chima

ch

T

ti

ti

23 Atenção! ● Shai se pronuncia como o inglês ship, hori como o inglês house, djandja como o inglês jam, chima como o inglês chalk ou bookyear ● T è uma sílaba obtida da combinação da dental surda com a vocal i

3. Os modos dos nomes O copto è uma língua aglutinante, portanto è possível encontrar uma palavra em diversos modos; os modos são quatro e tem o nome de: §

a) modo absoluto (indicado convencionalmente com o caractere ) b) modo pré-pronominal ou pré-sufixal (indicado convencionalmente com o caractere #) c) modo pré-nominal (indicado convencionalmente com o caractere - ) †

d) modo estático ou qualitativo (indicado convencionalmente com o caractere )

4. Os determinantes São as partes do discurso utilizadas para determinar um nome. 4.1. Artigo O copto apresenta dois gêneros, isto é, o masculino e o feminino, e dois números, ou seja, o singular e o plural. Não há o gênero neutro e o número dual. No artigo definido conserva-se as raízes dos dêiticos egípcios: pn (masc. sing.), tn (fem. sing.), nn (masc. e fem. plur.). 4.2. Artigo definido masc. sing. pfem. sing. tp-rwme (trad. o homem) te-sHime (trad. a mulher) n-rwme (trad. os homens)

masc. e fem& plur. n-

24 Atenção! ● Se o artigo está ligado: a) a uma palavra iniciada com dupla consoante b) a uma palavra iniciada com o / ou c) a uma “expressão do tempo” este apresenta-se em scriptio plena (tratamos de scriptio plena quando a consoante do artigo liga-se a vogal e:  pe-, te-, ne-) 4.3. Artigo indefinido masc. e fem. sing. ou-

masch. e fem. plur. Hen-

ou -rwme (trad. um homem) Hen -rwme (trad. uns homens) Atenção! ● No artigo indefinido o copto não faz diferença entre o gênero masculino e feminino 4.4. Artigo demonstrativo de proximidade Trata-se de uma expansão do artigo que resolve tanto pronome quanto o adjetivo demonstrativo de proximidade. 4.4.1. Artigo demonstrativo de proximidade com função de pronome §

sing. masc. pai

§

plur. masc. e fem. nai §

sing. fem. tai pai (trad. este) tai (trad. esta) nai (trad. estes e estas)

25 4.4.2. Artigo demonstrativo de proximidade com função de adjetivo sing. Masc. peiplur. masc. e fem. neising. fem. teipei-rwme (trad. este homem) tei-sHime (trad. esta mulher) nei-rwme (trad. estes homens) 4.5. Artigo demonstrativo de distância Trata-se de uma expansão do artigo que resolve tanto o pronome, quanto o adjetivo demonstrativo de distância. 4.5.1. Artigo demonstrativo de distância com função de pronome §

sing. masc. ph

§

plur. masc. e fem. nh §

sing. fem. th ph (trad. aquele) th (trad. aquela) ne (trad. aqueles e aquelas)

4.5.2. Artigo demonstrativo de distância com função de adjetivo sing. masc. piplur. masc. e fem. nising. fem. tipi-rwme (trad. aquele homem) ti-sHime (trad. aquela mulher) ni-rwme (trad. aqueles homens)

26 4.6. Artigo possessivo Em copto, o artigo possessivo considera tanto o gênero e o número do nome quanto da pessoa entendida como possuidora; portanto, os artigos possessivos se apresentam como expansões do artigo definido que aglutinam também o pronome pessoal referente ao possuidor. 4.6.1. Artigo possessivo com função de pronome Possuidor

Masculino

Feminino

§

§

1 sing. (masc. e fem.)

pwi

2 sing masc.

pwk

2 sing fem.

pw

3 sing masc.

pwF

3 sing fem.

pws

1 plur. (masc. e fem.)

pwn

2 plur. (masc. e fem.)

pwtn

3 plur. (masc. e fem.)

pwou

§

twi

§

noui

§

twk

§

tw

§

§ §

§

§

twn

§

§ §

twtn

§

§

twou

4.6.2. Segunda forma do artigo possessivo com função de pronome pa- + art. + substantivo na- + art. + substantivo pa-p-noute (trad. aquele de deus)

figura 4

§

nouF

tws

§

§

nouk nou

twF

§

Plural (masc. + fem.)

nous

§ §

nounnoun noutn

§

nouou

§

27 4.6.3. Artigo possessivo com função de adjetivo Possuidor

Masculino

Feminino

Plural (masc. + fem.)

1 sing. (masc. e fem.)

pa-

ta-

na-

2 sing masc.

pek-

tek-

nek-

2 sing fem.

pou-

tou-

nou-

3 sing masc.

peF-

teF-

neF-

3 sing fem.

pes-

tes-

nes-

1 plur. (masc. e fem.)

pen-

ten-

nen-

2 plur. (masc. e fem.)

petn-

tetn-

netn-

3 plur. (masc. e fem.)

peu-

teu-

neu-

peF-emou (trad. o seu gato) 4.7. Pronomes pessoais Em copto os pronomes pessoais são muito importantes porque são usados em todas as conjugações: a conjugação com bases, a conjugação durativa, a frase nominal; ademais, quando os pronomes estão unidos à preposições no modo pré-sufixial resolvem os complementos no modo pronominal. 4.7.1. Pronomes pessoais absolutos ou independentes §

1 sing. (masc. e fem.)

anok

2 sing. masc.

ntok

§

§

2 sing. fem

nto

3 sing. masc.

ntoF

3 sing. fem.

ntos

1 plur. (masc. e fem.)

anon

2 plur. (masc. e fem.)

ntwtn

3 plur. (masc. e fem.)

ntoou

§ §

§ §

§

28 4.7.2. Pronomes sujeito Usam-se na frase nominal e assumem o valor de subiectum cum copula 1 sing. (masc. e fem.)

ang-, ank-

2 sing. masc.

ntk-

2 sing. fem.

nto-

3 sing. masc.

-pe

3 sing. fem.

-te

1 plur. (masc. e fem.)

an(n)-, anon-

2 plur. (masc. e fem.)

ntetn-

3 plur. (masc. e fem.)

-ne

4.7.3. Pronomes sufixos Usam-se como: a) sujeitos na conjugação com bases b) complemento do objeto após o infinitivo (eles são ligados diretamente ao verbo) c) após as preposições (eles são ligados diretamente as preposições) d) nas “formas sintáticas de conjugação com sujeito sufixo” no modo pronominal

1 sing. (masc. e fem.)

-i(-), -t

2 sing. masc.

-k(-)

2 sing. fem.

-Ø(-), -e, -te

3 sing. masc.

-F(-)

3 sing. fem.

-s(-)

1 plur. (masc. e fem.)

-n(-)

2 plur. (masc. e fem.)

-tn(-), -tetn(-), -thutn

3 plur. (masc. e fem.)

-ou(-), -u(-)

29 4.7.4. Pronomes prefixos Usam-se como sujeitos na conjugação durativa 1 sing. (masc. e fem.)

T-

2 sing. masc.

kte-

2 sing. fem 3 sing. masc.

F-

3 sing. fem.

s-

1 plur. (masc. e fem.)

tn-

2 plur. (masc. e fem.)

tetn-

3 plur. (masc. e fem.)

se-

5. Relações dos nomes entre eles Dois nomes em copto podem estar ligados entre eles segundo uma relação de atribuição, posse e aposição. 5.1. Atribuição Corresponde aproximadamente a conexão nome + adjetivo; pode ser reconduzida ao seguinte esquema: palavra + n- + Ø palavra (onde Ø simboliza a ausência do artigo) ou-rwme n-agaqos (trad. um homem bom)

figura 5

30

5.2. Posse Corresponde aproximadamente a conexão substantivo + complemento de posse (i.e. genitivo possessivo) e pode ser conduzido ao seguinte esquema: a) palavra + n- + art. determ. ou indeterm. + palavra b) palavra + nte- + art. determ. ou indeterm. + palavra c) palavra + nta# + pron. suf. pemou n-pe-profhths (trad. o gato do profeta) pemou nta#F (trad. o gato dele) 5.3. Aposição As duas palavras interessadas não estão relacionadas a nenhuma marca (corresponde ao duplo nominativo). abel pdikaios (trad. Abel o justo)

6. Nexos entre nomes e proposições 6.1. A coordenação §

a) auw (associativo) b) mn- nmma# (comitativo) c) Hi- Hiww# (comitativo) 6.2. A disjunção §

(h)

h

§

§ §

oude

oude

§

§

oute

oute

§

§

eite

eite

§

= o

o

= nem

nem

= nem

nem

= seja

seja

31 7. A frase nominal Exprime a ação em sua duração. Relaciona o sujeito (S) e o predicado (P). Corresponde aproximadamente ao predicado nominal. 7.1. A frase nominal interlocutiva S

P

Pronome sujeito

Predicado

ank ou-agaqos (trad. eu sou bom) A propósito do predicado: a) se expresso por adjetivo ou substantivo tem sempre artigo indefinido b) se expresso por nim- é interrogativo e porta o acento na leitura c) pa-, pw# 7.1.1. Negação da frase nominal interlocutiva (n-) S

P -an

(n-)ntk Hen-agaqos-an (trad. vocês não são bons) 7.1.2. Frase interlocutiva com sujeito “topicalizado” Pronome independente, pronome sujeito, P anok ank ou-agaqos (trad. eu próprio sou bom) 7.2. A frase nominal delocutiva P Predicado

S Sujeito



se implícito: -pe, -te, -ne (i.e. subiectum cum copula)



se é explícito: -pe, -te, -ne tem apenas a função de copula

ou-agaqos pe (trad. ele è bom)

32 7.2.1. Negação da frase nominal delocutiva (n-) P -an

S

(n-)ou-agaqos-an pe (trad. ele não è bom) 7.2.2. Frase delocutiva com sujeito “topicalizado” elemento “topicalizado”

S

P

neF-SaJe Hen-agaqos ne (trad. as suas palavras são boas) 7.2.3. Frase delocutiva com sujeito “expandido” Na frase nominal delocutiva o sujeito pode ser especificado por uma aposição. A aposição segue a copula.

P

S

elemento “expandido”

ou-agaqos pe p-rwme (trad. é bom o homem) 7.2.4. Negação do sujeito “expandido”

(n-) P -an

S

(n-)ou-agaqos-an pe p-rwme (trad. não é bom o homem) 7.3. Frase nominal do III tipo S -pe P Com copula -pe (-te) Este -pe tornou-se uma simples marca que indica a copula; permanece sobretudo -pe também se o sujeito é feminino ou plural. Em geral o sujeito pode estar ligado ao contexto e ele está em relação a um quid já mencionado. Usa-se para comentar. Atenção! ● Algumas vezes pode-se usar -te para o feminino

33 8. As conversões Fenômeno morfo-sintático que consiste em modificar a função sintática básica de uma frase. Recorre-se a um conjunto de morfemas prefixos. Existem 4 tipos de conversão: a) circunstancial (mais ou menos como cum e o conjuntivo latino) b) relativa (mais ou menos uma proposição relativa) c) tempo segundo (focaliza um elemento da frase verbal que não é o verbo) d) pretérito (como o imperfeito latino, ou o pretérito imperfeito brasileiro) 8.1. As conversões na frase nominal Na frase nominal registram-se apenas as conversões a), b), d). 8.1.1. Frase nominal I tipo ou interlocutiva a) C. circunstancial: ed) C. pretérito:

= e-

S + P

ne- = ne- S + P

8.1.2. Frase nominal II tipo ou delocutiva a) C. circunstacial:

e-

= e- P + S

c) C. relativa:

ete-/e- = ete- / e- P + S

d) C. praeteritum:

ne-

= ne- P + S

Atenção! ● Se o antecedente é indeterminado ou também se o sujeito da frase nominal não coincide com o antecedente deve-se usar a conversão relativa e- e não ete-

figura 6

34 9. Conjugação com bases (ou tripartida) Conjuga um enunciado verbal que consiste em: uma base de conjugação + sujeito (constituído por um substantivo ou por um pronome sufixo) + infinitivo. Polotsky chamou esta conjugação “conjugação tripartida”; Shisha-Halevy introduziu a definição de “conjugação com bases”. O esquema geral da conjugação com bases pode ser assim representado: base de conj. + sujeito ( = substantivo ou pronome sufixo ) + infinitivo Atenção! ● O copto pode repetir o sujeito antes ou depois do verbo e neste caso trata-se de focalização do sujeito. Todavia, o verbo sempre será acompanhado pelo pronome sufixo com função de sujeito porque em copto não existe verbo sem sujeito ● Apenas na conjugação com bases usam-se as formas fracas do verbo 9.1. Conjugação com bases na proposição principal a) frases independentes b) todas mais ou menos conversíveis segundo as 4 possibilidades (com exceção do optativo ou futuro III) c) para a negação recorrem a uma base de conjugação própria

9.2. Os modos da conjugação com bases na proposição principal Na conjugação com bases na proposição principal distinguem-se os seguintes modos: 9.2.1. Perfeito Resolve aproximadamente o perfeito latino e/ou o passado simples /present perfect inglês Perfeito afirmativo: a

+ sujeito + verbo

Perfeito negativo: mp(e) + sujeito + verbo a#F-swtm (trad. ele escutou) mpe#F-swtm (trad. ele não escutou)

35 9.2.2. As conversões com o perfeito a) circunstancial:

e-

b) relativa:

afirmativa = (e)nt negativa = eteafirmativa = ent-/nt-

c) tempo segundo:

negativa =

ete-

ne-

d) pretérito:

Atenção! ● A conversão relativa do perfeito tem uma forma especial 9.2.3. Consuetudinalis Resolve uma frase que indica habitualidade: ter o hábito de fazer uma coisa. No negativo pode significar também: não ter o hábito de fazer uma coisa”. Consuetudinalis afirmativo: Sa# Sare- + sujeito + verbo Consuetudinalis negativo: me# mere- + sujeito + verbo Sa#F-swtm (trad. ele tem o hábito de escutar) me#F-swtm (trad. ele não ter o hábito de escutar) 9.2.4. “Ainda nao” Resolve uma frase que indica uma ação que ainda não foi terminada mpat# mpate- + sujeito + verbo mpat#F-swtm (trad. ainda não escutou)

figura 7

36 9.2.5. Optativo ou futuro III Resolve um futuro. Trata-se sobretudo de uma modalidade; exprime um desejo sob diversas nuances: I pessoa = desejo I pessoa = pergunta, proibição, injunção III pessoa = desejo, oração Optativo afirmativo status praesuffixalis: e# + pron. suf. e- + verbo Optativo afirmativo status praenominalis: ere- + sujeito + verbo Optativo negativo: nne + sujeito + verbo e#F-e-swtm (trad. que ele possa escutar) nne#F-swtm (trad. que ele não possa escutar) Atenção! ● A primeira pessoa do singular do optativo resolve-se em nna● O optativo ou futuro III não interessou ao fenômeno das conversões, com a exceção do optativo ou futuro III negativo que se pode apresentar somente para conversão circunstancial ● Se precedido por Je# Jekas- o optativo ou futuro III resolve a finalis

10. A conjugação com bases na proposição dependente a) são todas as frases dependentes b) não são conversíveis c) para a forma negativa se utiliza o “negativ infix” -tm- que precede o infinitivo

11. Os modos na conjugação com bases na proposição dependente Na conjugação com bases na proposição dependente distinguem-se os seguintes modos:

37 11.1. “Até a”, “até quando” ou limitativo Sant# Sante- + sujeito + verbo Sant#F-swtm (até quando ele escutará) Atenção! ● A primeira pessoa pode apresentar-se tanto na forma SanT- quanto na forma Santa11.2. Temporal/causal Normalmente exprime uma proposição temporal; onde esta última assume valor de anterioridade a mesma construção pode ter valor causal ntere + sujeito + verbo ntere#F-swtm (trad. depois que ele escutou; porque ele escutou) ntere#F-tm-swtm (trad. depois que ele não escutou; porque ele não escutou) Atenção! ● A respeito do status praesuffixalis ntere perde o e final diante de um pronome vocálico 11.3. Condicional Exprime a possibilidade, a eventualidade; corresponde mais ou menos ao eventualis grego e pode ser introduzido por kan (kaiv + a[n), Hotan, eSwpe. O condicional pode se encontrar na prótase se na apódose temos o consuetudinalis. Condicional afirmativo status praesuffixalis: e# pronome sufixo San- + verbo Condicional afirmativo status praenominalis: erSan- substantivo + verbo Nega-se o condicional inserindo -tm- entre San e o verbo e#F-San-swtm (trad. no caso que ele escute) e#F-San-tm-swtm (trad. no caso que ele não escute)

38 Atenção! ● Na presença de -tm- pode-se verificar a queda de San ● O condicional freqüentemente encontra-se na prótase se na apódose temos o consuetudinalis 11.4. Conjuntivo Trata-se de uma forma verbal que continua aquela da frase precedente em uma espécie de estreita coordenação (= e) ou de disjunção (= ou) e propõe mais uma vez substancialmente a mesma nuance verbal. n# nte- + sujeito + verbo a#F-twoun n#F-repikalei n#F-bwk ebol (trad. ele levantou-se, orou e partiu) Atenção! ● I sing.: nta-; II sing. masc. ng-; 3 plur. nsa-

12. Imperativo É o modo da ordem, da injunção, do comando. Existe apenas na II pessoa do singular e plural. Para as outras pessoas o copto recorre ao imperativo causativo. Afirmativo: è igual ao infinitivo absoluto, isto é, privado do sujeito Negativo: é formado com mpr- + infinitivo swtm (trad. escuta!) mpr-swtm (trad. não escutar!) Atenção! ● Existem formas de imperativo que recorrem a um tipo a- pré-formativo: a-mou (imperativo de ei) a-Jis (imperativo de Jw) a-nau (imperativo de nau) a-ri (imperativo de eire)

39 13. Conjugação causativa É uma forma verbal que enuncia uma ação feita seguida pelo sujeito mas não terminada por ele. Para a conjugação causativa o copto usa a construção t (de T = dar) + re (de eire = fazer). 13.1. Infinito causativo Indica uma ação desempenhada por alguém que não é o sujeito do verbo regente tre

+ sujeito + verbo

Negazione -tma#F-ouwS e-tre#k-swtm (trad. ele gostou pelo fato que você ouviu) a#F-ouwS e-tre#k-tm-swtm (trad. ele gostou pelo fato que você ouviu que você não ouviu) Atenção! ● A I pes. sing. = traO infinitivo causativo frequentemente encontra-se depois das seguintes preposições: e-tre

Porque

mnnsa-tre

Depois que

anti-tre

Antes que, ao contrário de

nsa-tre

Salvo que, exceto que

xwris-tre

Sem que

n-tre

De fato que

Atenção! ● O infinitivo causativo pode ser nomeado quando precedido pelo artigo.

figura 8

40 13.2. Imperativo causativo Resolve o imperativo na I e na III pessoa singular e plural Afirmativo

Negativo:

mar(e)#

mpr-tre

maremare#F-swtm (trad. escute ele!) mpr-tre#F-swtm (trad. ele não escute!) 13.3. Conjuntivo futuro Conhecido também como conjuntivo causativo conseqüencial, conjuntivo finalis, conjuntivo progressivo tar(e)# tareNão existe a forma negativa. I pessoa singular e plural exprimem uma pergunta deliberativa II, III pessoa singular e plural exprimem um resultado desejável se não garantido Twoun tar#ou-swtm (trad. levantem vocês e eles escutarão) Atenção! ●A I pessoa do singular è igual a primeira pessoa do singular do conjuntivo: ta-

figura 9

41 14. A frase existencial Resolve a expressão tem, não tem; existe, não existe. Quando aquilo do qual se afirma a existência não é determinado, isto será introduzido ou por um artigo indefinido ou por um Ø artigo. Afirmativa

Negativa

oun-

(m)mn-

oun-Hen-emou (trad. os gatos existem ou há gatos) mmn-Hen-polis (trad. não existem cidades ou não há cidades)

15. Os “Verboidi” “haver, ter”, “não haver, não ter” Em composição com a preposição nta#, nte-, as fases da existência oun- e (m)mn- originam os “verboidi” “haver, ter”, “não haver, não ter” oun-nta#F (trad. ele tem) (m)mn-nta#F (trad. ele não tem)

16. Conjugação durativa (ou bipartida) Associa um nome próprio, um nome indeterminado ou um pronome perssoal prefixo a um predicado. O sujeito não pode ser um nome indeterminado. O complemento objeto direto deve ser sempre introduzido por n-, mmo# S

P

Nome próprio

Infinitivo autônomo ou durativo

Nome definido (com artigo definido)

Estático ou qualitativo

Pronome prefixo

-naFrase adverbial

42 16.1. O predicado da conjugação durativa Pode ser constituído por: a) um infinitivo; este não estará presente no estado pré-sufixal ou pré-nominal b) o estático ou qualitativo (trata-se de uma forma especial do verbo que resolve o predicado e que exprime um estado passivo do transitivo; indica-se com uma crux = †) c) a forma -na- (trata-se de um verbo que se encontra apenas nesta forma determinada de futuro) d) um advérbio ou de uma locução adverbial completa 16.2. A negação da frase durativa (n-) . . . . . . . . . . . an

17. Os tempos na conjugação durativa Na conjugação durativa confluem os seguintes tempos 17.1. Presente Corresponde ao nosso presente. I pessoa do singular: T-; I plural: tn-; III plural: seNo status nominalis não apresenta nenhum tipo de marca F-swtm (trad. ele escuta) (n-)F-swtm an (trad. ele não escuta) 17.2. Futuro Se forma inserindo -na- entre o sujeito (nominal e pronominal) e o predicado S

-na- P

F-na-swtm (trad. ele escutará) (n-)F-na-swtm an (trad. ele não escutará) Atenção! ● Se convertido para o pretérito dá origem ao futuro imperfeito

43 17.3. Exemplos de estático ou qualitativo e de locução adverbial †

F-sotp (trad. ele è escolhido) †

(n-)F-sotp -an (trad. ele não è escolhido) F-Hm-pei-ma (trad. ele está neste lugar) (n-)F-Hm-pei-ma an (trad. ele não está neste lugar)

18. As conversões na conjugação durativa circunstancial

e(re)-

relativa

et- / ete(re)

tempo II

e(re)-

pretérito

ne(re)-

19. Frase de apresentação eis- + nome §

eis Hhhte + frase eis- + expressão do tempo eis-p-rwme eis o homem

figura 10

44 20. Formas sintáticas de conjugação com o sujeito sufixo Encontram-se no tempo presente exceto o passado da narração. São particularmente as formas de conjugação da antiga língua egípcia. O sujeito vem após a expressão verbal. a) verbos adjetivos ou adjetivos conjugados (negam-se com -an) 1) nanou

Ser bom

2) naSe-

Ser numeroso Ser numeroso

naSw# 3) naanaaa# 4) nese-

Ser grande Ser grande

nesw#

Ser belo Ser belo

5) nesw#

Ser feio

6) nesbww#

Ser sábio

7) neFr

Ser belo

naiat#

bendito

b)

Atenção! ● aparece apenas nesta forma; se há um sujeito nominal se utiliza nGi + sujeito nominal c) eHne(e)Hna#

ter vontade, desejar

Atenção! ●Se a frase não está no tempo presente recorre-se a r Hne-, r Hna#

45 d) meSa#

não saber

Atenção! ● Aparece frequentemente em 2sing. masc. e se traduz com “talvez” e) peJe-

ter dito

peJa#

Atenção! ● Não utiliza-se no presente. Frequentemente tem um complemento objeto direto mmo#s Je que se traduz com os dois pontos

21. Expressões especiais §

a) ouoei n-, na# ai! ouoei na#F (trad. ai dele!) §

b) peoou n-, na# glória a peoou n-p-noute (glória a Deus)

figura 11

46 22. Cleft Sentence É uma expressão que indica uma frase típica da língua copta que corresponde aproximadamente ao inglês it is e ao francês c’est. É um modo de focalizar (neste sentido a cleft sentence é muito próxima dos tempos segundos). No modo formal lembra concomitantemente uma frase nominal e uma frase relativa. A cleft sentence está particularmente presente na proposição interrogativa.

23. Período hipotético

realis

na prótase eSJe

na apódose eie

eventualis

erSan

fut. I, imperat., consuet., ottat.

irrealis (presente)

ene (conv. circunst. + conv. pret.)

imperf. fut. (+ pe)

irrealis (passato)

eSuepe + perf. I

ene + perf. II

figura 12

47

ELEMENTOS DE LÍNGUA COPTA (DIALETO SAÍDICO) CRESTOMATIA

figura 13

48 J.E. Goehring (ed.), The Crosby-Schøyen Codex MS 193 in the Schøyen Collection, Corpus scriptorum christianorum orientalium, Subsidia 85, Lovanii 1990, 224 ss. pSaJe mpJaIs aFSwpe SaIwnas pShere namaqei eFJw mmos Je twoun ngbwk eHraI enineuh tnoG mpolis ngtaSeoeiS HraI nHhts Je p`eræ{r}oou nteskakia aFi eHraI SaroI Iwnas aFtwoun aFpwt eHraI eqarsis Hafo mpJoeis aFi eHraI eeiopph aFGn ouJoei eFnabwk eqarsis aFT teFHhme aFtalo eroF atreFsGhr mmau eqarsis Hafo mpJoeis auw pJoeis aFtounos ounoG nthu eqalassa ounoG nHoeim aFSwpe Hn qalassa pJoei aFStortr etreFtako auw nneeF aurHote poua poua aFwS eHrai epeFnoute aunouJe ebol eqalassa nnskeuos etHnpJoei etreFasai eroou Iwnas de aFbwk eHraI epount mpJoI aFnkotk aFHrHr pneeF de etHiHh aFbwk apesht aFT peFouoeie eroF peJaF naF Je aHro kHrHr twoun ngrepikalei mpeknoute Je : eFetnHon ntmtnbwk p-SaJe m-p-JaIs a#F-Swpe Sa-Iwnas p-Shere n-amaqei e#F-Jw mmo#s Je twoun ng-bwk eHraI e-nineuh t-noG m-polis ng-taSeoeiS HraI nHht#s Je pe-Hroou n-tes-kakia a#F-i eHraI Saro#I Iwnas a#F-twoun a#F-pwt eHraI e-qarsis Ha-fo [Hafo → Ha-p-Ho] m-p-Joeis a#F-i eHraI e-eiopph a#F-Gn-ou-Joei

e-F-na-bwk

e-qarsis

a#F-T-teF-Hhme

a#F-talo

a-tre#F-sGhr mma#u e-qarsis Hafo [Hafo → Ha-p-Ho] m-p-Joeis

ero#F auw

p-Joeis a#F-tounos-ou-noG n-thu e-qalassa ou-noG n-Hoeim a#F-Swpe Hn-qalassa p-Joei a#F-Stortr e-tre#F-tako

auw

n-neeF

a#u-rHote

poua poua a#F-wS eHraI e-peF-noute a#u-nouJe ebol e-qalassa nn-skeuos et-Hn-p-Joei e-tre#F-asai ero#ou Iwnas de e-p-ount m-p-JoI a#F-nkotk a#F-HrHr

p-neeF

de

a#F-bwk eHraI

et-Hi-Hh

a#F-bwk

a-p-esht [= e-p-esht] a#F-T peF-ouoeie ero#F peJa#F na#F Je aHro k-HrHr twoun ng-repikalei m-pek-noute Je eFe-tnHo#n n-tm-tn-bwk p-SaJe art. def. ms., subst. m-p-JaIs n poss., art. def. ms a#F-Swpe pf. af. 3sm Sa-Iwnas prep. (Sa- Saro#), nome próprio de pessoa p-Shere art. def. ms., subst. n-amaqei n poss., nome próprio de pessoa e#F-Jw conv. circ. do presente I 3sm mmo#s Je equivale ao comp. obj. dir. int. seguido por dois pontos

49 twoun imperativo afirmativo ng-bwk eHraI conj. 2sm + eHraI e-nineuh prep. (e- ero#) nome proprio de cidade t-noG art. def. fs., adjetivo (primeira parte da aposição) m-polis n attr., subst. ng-taSeoeiS HraI conj. 2sm + HraI nHht#s prep. (Hn- nHht#), pron. suf. 3fs Je equivale aos dois pontos pe-Hroou art. def. ms (scriptio plena), subst. n-tes-kakia n poss., art. poss. (subst.: f; poss.: 3fs), subst. a#F-i eHrai pf. aff. 3sm + eHrai Saro#I prep. (Sa- Saro#), pron. suf. 1 s. Iwnas nome próprio de pessoa a#F-twoun pf. af. 3sm a#F-pwt eHraI pf. af. 3sm + eHraI e-qarsis prep. (e- ero#), nome próprio de cidade Ha-fo [Ha-fo → Ha-p-Ho] prep. (Ha-, Haro#), art. def. ms, subst. m-p-Joeis n poss. art. def. ms., subst. a#F-i eHraI pf. aff. 3sm. + eHraI e-eiopph prep. (e- ero#), nome próprio de cidade a#F-Gn pf. af. 3sm. ou-Joei art. ind. s., subst. e#F-na-bwk conv. circ. (= relat.) del fut. I 3sm e-qarsis prep. (e- ero#), nome próprio de cidade a#F-T pf. af. 3sm teF-sHhme art. poss. (subst.: f.; poss.: 3ms), subst. a#F-talo pf. af. 3sm ero#F prep. (e- ero#), pron. suf. 3ms a-tre#F-sGhr [= e-tre#F-sGhr] e- introduz a finalis, infin. caus. 3sm., verbo nmma#u prep. (mn- nmma#), pron. suf. 3p e-qarsis prep. (e- ero#), nome próprio de cidade Hafo [Ha-fo → Ha-p-Ho] prep. (Ha- Haro#), art. ms., subst. m-p-Joeis n poss., art. def. ms., subst. auw conjunç. p-Joeis art. def. ms., subst.

50 a#F-tounos pf. af. 3sm. ou-noG art. ind. s., subst. n-thu n attr., subst. e-qalassa prep. (e- ero#), subst. ou-noG art. ind. s., subst. n-Hoeim n attr., subst. a#F-Swpe pf. af. 3sm Hn-qalassa prep. (Hn- nHht#), subst. p-Joei art. def. ms., subst. a#F-Stortr pf. af. 3sm e-tre#F-tako e- introduz a finalis, infin. caus. 3sm. auw conjunç. n-neeF art. def. p., subst. a#u-rHote pf. af. 3p. poua poua distributivo a#F-wS eHraI pf. af. 3sm. e-peF-noute prep. (e- ero#), art. poss. (subst.: ms.; poss.: 3sm), subst. a#u-nouJe ebol pf. af. 3p e-qalassa prep. (e- ero#), subst. n-n-skeuos n compl. obj. dir. (n-, mmo#), art. def. p., subst. et-Hn-p-Joei conv. rel. da frase adverbial composta pela prep. (Hn- nHht#), art. def. ms., subst. e-tre#F-asai e- introduz a finalis, infin. caus. 3sm. ero#ou prep. (e- ero#), pron. suf. 3p. Iwnas de nome próprio de pessoa, particula a#F-bwk eHraI pf. af. 3sm. + eHraI e-p-ount prep. (e- ero#), art. def. ms., subst. m-p-JoI n poss., art. def. ms., subst. a#F-nkotk pf. af. 3sm a#F-HrHr pf. af. 3sm p-neeF de art. def. ms., subst., particula et-Hi-Hh conv. rel. da frase adverbial composta pela prep. Hi- Hiww#, subst. a#F-bwk pf. af. 3sm. a-p-esht [= e-p-esht] prep. (e- ero#), art. def. ms., subst. a#F-T pf. af. 3sm.

51 peF-ouoeie art. poss. (subst.: ms., poss.: 3ms.), subst. ero#F prep. (e- ero#), pron. suf. 3sm. peJa#F na#F passado da narração 3sm., prep. (n- na#), pron suf. 3sm. Je equivale aos dois pontos aHro introduz a interrogativa direta k-HrHr pron. pref. 2ms., verbo twoun imperativo ng-repikalei cong. 2sm., verbo m-pek-noute prep. (n- na#), art. poss. (subst.: ms, poss.: 2sm), subst. Je prep. (Je- Jekas#) eFe-tnHo#n optativo 3sm., verbo, pron. suf. 1p. n-tm-tn-bwk cong. 3p. (a inserção de -tm- entre n e tn resolve a forma negativa) A palavra do Senhor veio para Jonas, filho de Amati dizendo: “Levanta-te e vai à Ninive, a grande cidade, e nela proclama que a voz da sua maldade chegou a mim”. Jonas se levantou e procurou refúgio em Társis para longe da face do Senhor Senhor. Desceu a Jope, encontrou um barco que saía para Tarso, pagou seu bilhete e subiu no barco para navegar com aqueles para Társis, para longe da face do Senhor. E o Senhor fez levantar um grande vento sobre o mar e fez-se uma grande onda no mar. O barco chacoalhou até quase afundar. Os marinheiros se assustaram, e um por um gritou para o seu deus, e jogaram fora no mar os objetos que estavam no barco para que se tornasse leve para eles. Jonas, ao contrário, desceu até o ventre do barco e dormiu e roncou. O marinheiro que estava na parte anterior foi na direção da parte inferior (i.e. desceu), deu o seu impulso em direção dele e disse: “Por que roncas? Levanta-te e invoca o teu deus para que nos salve e não afundemos”.

figura 14

52 A Samaritana (Jo 4, 5-9) 5 aFei Ge eupolis nte tsamaria epesran pe suxar Hatm pGom entaiakwb taaF niwshf peFShre 6 neoun ouphgh de mmau nte iakwb is Ge nterFHise eFmooSe Hi teHih aFmoos nteiHe eHrai eJn tphgh nepnau nJpso pe 7 ausHime ei ebol Hn tsamaria emeH moou peJe is nas Je aueis tasw 8 neFmaqhths gar neaubwk eHrai etpolis eSwp nau mpetounaouomF 9 peJas naF nGi tesHime nsamariths Je ntok ntk ouioudai naS nJe koueS sw ebol Hitoot eang ousHime nsamariths mereioudai gar twH mn samariths 5 a#F-ei Ge Ele foi e-u-polis para uma cidade nte t-samaria da Samaria e-pes-ran pe suxar sendo o seu nome Sicar Hatm-p-Gom perto do terreno ent-a#iakwb taa#F n-iwshf que Jacó deu a José peF-Shre seu filho. 6 ne-oun ou-phgh de mmau nte iakwb havia um poço ali de Jacó is Ge nter#F-Hise Jesus, uma vez, porque estava cansado e#F-mooSe Hi te-Hih caminhando no percurso (i.e. pelo caminho percorrido) a#F-moos n-tei-He sentou-se desta maneira eHrai eJn t-phgh sobre o poço. ne-p-nau n-Jpso pe Era o tempo da hora sexta (i.é.: era a hora sexta). 7 a#u-sHime ei ebol Hn-t-samaria Uma mulher veio da Samaria e-meH-moou para tirar água. peJe is na#s Je Disse Jesus a ela: aueis ta-sw “Traz aqui dá-me de beber”. 8 neF-maqhths gar Os seus discípulos, de fato, ne-a#u-bwk eHrai e-t-polis tinham ido na cidade e-Swp na#u para comprar, para eles, m-p-et#ou-na-ouom#F aquilo que teriam comido

53 9 peJa#s na#F nGi te-sHime n-samariths Je Disse a ele a mulher samaritana: ntok ntk ou-ioudai “Tu, tu és judeu naS nJe k-oueS sw ebol Hitoo#t como queres beber de mim e-ang ou-sHime n-samariths sendo eu uma mulher samaritana? mere-ioudai gar twH mn samariths Os judeus, de fato, não costumam misturar-se com os Samaritanos” 5 e[rcetai ou\n eij" povlin th'" Samareiva" legomevnhn Sucavr, plhvsion tou' cwrivou o]

e]dwken jIakw;b jIwsh;f tw/' uiJw'/ aujtou': 6 h\n de; ejkei' phgh; tou' jIakwb. oJ ou\n jIhsou'ı kekopiakw;ı ejk th'ı oJdoiporivaı ejkaqevzeto ou{twı ejpi; th/' phgh/': w{ra h\n wJı e{kte. 7 e[rcetai gunh; ejk th'ı Samareivaı ajntlh'sai u{dwr. levgei aujth/' oJ jIhsou'ı: dovı moi piei'n. 8 oiJ ga;r maqhtai; aujtou' ajpelhluvqeisan eijı th;n povlin, i{na trofa;ı ajgoravswsin. 9 levgei ou\n aujtw/' hJ gunh; hJ Samari'tiı: pw'ı su; jIoudai'oı w]n parV ejmou' piei'n aijtei'ı gunaiko;ı Samarivtidoı ou[shı… ouJ ga;r sugcrw'ntai jIoudai'oi Samarivtaiı. 5 Ele foi para uma cidade da Samaria sendo o seu nome Sicar perto do terreno que Jacó deu a José seu filho. 6 Havia um poço ali de Jacó. Jesus, uma vez, porque estava cansado caminhando no percurso (i.e. pelo caminho percorrido) sentou-se desta maneira sobre o poço. Era o tempo da hora sexta (i. é.: era a hora sexta). 7 Uma mulher veio da Samaria para tirar água. Disse Jesus a ela: “Traz aqui dá-me de beber”. 8 Os seus discípulos, de fato, tinham ido na cidade para comprar, para eles, aquilo que teriam comido. 9. Disse a ele a mulher samaritana: “Tu, tu és judeu como queres beber de mim sendo eu uma mulher samaritana? Os judeus, de fato, não costumam misturar-se com os Samaritanos”

figura 15

54 H.J. Quecke, Zwei koptische Amulette der Papyrussamlung der Universität Heidelberg (Inv. Nr. 544b und 564a), «Le Muséon» 76, 3-4 (1963), 247 ss. babouxa [+/- 4] akrama xa]mari ablanaqana[3] ] |¯ ¯| o |¯ ¯| [+/- 8] rankme dwme dwm dw d alfa leon 5

fwnh anhr aehiouw mixahl gabrihl Hrafahl hl sourihl zaraqihl zedeki anahl uwhl tshl aehiouw Tsops

10

auw Tparakali moot[n] Jekas eteeine ebol mpiaroS mnpika n saHte mn nierboon[e] mn Tmania mn pi

15

rime esabol e aHmht pShre mmariam Hn t eunou eteFna[a] fori mmotn

20

aio aia taxh taxh

figura 16

55 voces magicae T-sops: 10

eu peço auw Tparakali moot[n] e eu Jekas

invoco vocês ete-eine ebol

a fim de que

levem embora [ete-eine > etetne-eine]

m-pi-aroS mn-pi-ka no frio e o outro saHte mn ni-erboon[e] fogo e os mal-olhados mn T-mania mn pi15

e a loucura e o rime esabol echoro fora de aHmht p-Shre Aqmet o filho m-mariam Hn tde Maria

não

eunou ete#F-na[a]apenas fori 20

que ele mmo#tn

portará vocês aio aia taxh sim sim rápido taxh rápido

Tradução do editor: voces magicae ich bitte und rufe euch an, dass ihr herausbringt das kalte Fieber und das «kleine Feuer» und die bösen Augen und die Tollheit und das Weinen aus Acmed, dem Sohn der Maria, in der Stunde, in derer euch tragen wird. Auf auf! Schnell, schnell!

56 W.H. Worrel, Coptic Magical and Medical Texts, «Orientalia» IV, 2 (1935), 184 ss. X pneH pneH pneH . pneH etouaab pneH etHate ebol Ha peqronos niaw sabawq . pneH nta hse taHsF nke es neusir . Tmoute erok pneH . prh m pooH moute erok . nsiou ntpe moute 5

erok . nreFpwSn mprh moute erok TouwS eJoouk ekebwk . tantk ng eine dd erat anok dd ngtre pamh S[wpe] Hm pesHht nte pws Swpe Hm pwi

10

[nqe] nouswn mn ouswne . mn oulaboi [Tou]wS eTJi nesShre . aio aio T [para]ka mmok petere JwF Hn tpe ere ratF Hm pnoun ere Hh mmoF on Ha nesoou ere paHou mmoF on Ha drakw… TnaporkF oupenine TnabolF Xebol : mpwr paJoeis mprtaat et[oo]tF ndimelouxs petHrai eJn tkrisis : alla TouwS et

5

rekbwk epesht eamnte ngpw rk nmmeeue throu mpdiabolos eHrai eJn meSe nim pdd ngtre pame Swpe Hm pes[Hht] nte pws Swpe Hm pwI Je an[ok]

10

[pe]tmoute ntok petere pouwS X p-neH p-neH p-neH. p-neH et-ouaab Óleo óleo óleo óleo que (é) santo p-neH et-Hate ebol Ha pe-qronos n-iaw [Ha > Hn] oléo que verte fora de o sabawq . p-neH nt-a-hse

trono de Iahwé taHsF n-ke [taHsF > twHs]

Sabaoth óleo com o qual Ísis ungiu os ossos es n-eusir . T-moute ero#k p-neH . p-rh m [m > mn] de Osíris. Eu invoco- te óleo. O sol e p-ooH moute ero#k. n-siou n-t-pe moute 5

a lua invocam-te. As estrelas de o céu invocamero#k . n-reFpwSn m-p-rh moute ero#k te

. Os oficiantes

de o sol invocam- te

57 T-ouwS e-Joou#k eke-bwk . ta-nt#k ngEu quero

enviar- te

que tu possas andar que eu possa levar-te [nt- status praesuffix. de

eine] que tu possas eine dd era#t

anok dd ng-tre pa-mh [mh > me]

levar a tal filha da tal aos meus pés. eu, o tal filho da tal, tu possas fazer o meu amor S[wpe] Hm pes-Hht nte-pw#s-Swpe Hm pw#i 10

estar no seu coração possa o seu fazer no meu [nqe] n-ou-swn mn ou-swne . mn ou-laboi como um irmão e [T-ou]wS e-TJi eu quero

uma irmã e uma ursa nes-Shre . aio aio T

amamentar os seus filhos sim, sim, eu [se reconstruirmos e-s-ou > que

quer] [para]ka mmo#k p-etere-Jw#F Hn t-pe invocote o que a cabeça sua (está) em o céu ere-rat#F Hm p-noun ere-Hh mmo#F on Ha os pés seus em o abismo a parte anterior sua ainda sob nesoou ere paHou mmo#F on Ha drakw… os seis,

atrás dele

ainda sob o dragão…

Tradução do editor: “Oil, oil, oil, holy oil, oil that flows from under the throne of Iao Sabaoth, oil with which Isis annointed the bones of Osiris, I cry to thee, oil, the sun and the moon cry to thee, the stars of heaven cry to thee, the consecrators of the sun cry to thee. I desire to send thee. Mayest thou come, and let me bring thee, and mayest thou bring so –and-so to me, me, so-and-so, and make my love arise in her heart, and hers in mine, in the manner of a brother and a sister and a bear [the following words «and a bear», are evidently for kai; ga;r a[rkto", from kai; ga;r ou{tw"…] I desire to beget her children. Truly truly, I adjure thee, the one whose head is in the heaven, his foot being in the abyss, in front of him being (what is) under the Sheep, behind him being (what is) under Draco”

figura 17

58 T-na-pork#F

ou-penine

T-na-bol#F

eu estirparei aquele (com) um ferro eu dissolverei aquele Xebol mpwr pa-Joeis mprtaa#t ou não meu senhor não dar- me e-t[oo]t#F n-dimelouxs p-et-Hrai nas mãos de Dimeluco o que (está) eJn t-krisis alla T-ouwS e-t 5

sob o juramento mas eu quero rek-bwk epesht e-amnte ng-pw que tu vá para baixo no inferno e que tu rk n-mmeeue thr#ou m-p-diabolos divida os pensamentos todos de o diabo eHrai eJn meSe nim pdd respeito a cada qual

filho da tal

ng-tre pa-me Swpe

Hm pes-[Hht]

e quero que o meu coração (esteja) em o seu coração nte pw#s Swpe Hm pw#i Je an[ok] 10

como o seu esteja em o meu, proprio eu [p-e]t-moute ntok p-etere p-ouwS o

que

chamo; próprio você o que (cumpre) o desejo

Tradução do editor: I shall tear it out with an iron, I shall dissolve it. Nay, my Lord, do not give me into the hand of Dimelouchos, who (presides) over the Judgement. Rather do I desire thee to go down to Hell, and tear out all the thoughts of the Devils with reference to anyone, so-and-so, and make my love arise in her heart and hers in mine: it is I who cry, it is thou who executest the wish.

figura 18

59 M. Kropp, Ausgewählte koptische Zaubertexte, 3 voll., Bruxelles 1930-1931, I, 11 ss. X swtm eHwr eFrime : swtm eHwr / eFaSaHom Je aiHise ouoq esaSFe n/nouse Jin epSomte mpeHoou Sa Jp/Fto nteuSh mpe ouei mmoou Hinhb // 5

mpeI ouei mmoou Jirekrike : a hse teF/mmau rouw naF nHoun eprpe nHabin / ere pesHo ket eHoun eJn saSFe nouse / ere saSFe nouse kht eHoun eJm pes/Ho Je Hwr aHrok ekrime Hwr aHrok ek//aSaHom

10

Je nteouwS etarime an nte/ouwS taaSaHom an Jin epSomte / mpeHoou Sa JpFto nteuSh : eiouwq / esaSFe nouse mpe ouei mmoou HinhF / mpe ouei mmou Jirekrike : kaei mpe[kGnt] //

15

mpekGine mparan : . Ji nak nouapo[t Hi] / ouShm moou : . eie ouko[ui nni]/be eie nnibe nrwk ei[e] nniFe n[Santk] / ngmoute epesht eJwou Je pkexp[….] / paggelos snau ntauouwH etootou

20

au[Hi] //nhF eJn aFtimelex nSbe snoos en[rompe] / ouwH etootthutn eHrai eJm dd

60 ntet[n]/HroS eJn tFape nqe noukot nsike eJn nF/bal nqe nouGooune nSw SanTJwk ebol / mpahthma taeire mpouwS mpaHht // 20

eti eti taxh taxh

figura 19

61 Tradução em portugues: Escutais Hórus que chora Escutais Hórus que suspira “Eu sofri, desejando (?) sete jovens mulheres da terceira hora do dia a quarta hora da noite. Nenhuma delas dormiu Nenhuma delas cochilou” Ísis sua mãe respondeu à ele de dentro do templo de Abido, enquanto o seu vulto voltava-se para as sete jovens mulheres enquanto as sete jovens mulheres voltavam-se em direção ao seu vulto: “Hórus, por que choras? Hórus, por que suspiras?” “Tu queres que eu não chore tu queres, que eu não suspire da terceira hora do dia à quarta hora da noite, desejando (?) sete jovens mulheres, nenhuma delas dormiu nenhuma delas cochilou?” “Se tu não me encontraste, se tu não encontraste o meu nome, pega para ti uma taça com pouca água, seja um sopro leve, seja da tua boca, seja do teu nariz, e recita acima deles: «pkechp [. . . .]». Vós dois anjos que fizeram sono em Abimelech por setenta e dois anos, repitam (o) sobre de tal da tal pesantemente sobre sua cabeça como uma roda de moinho, sobre seus olhos como um saco de areia, até que não (eu) tenha realizado o meu desejo e não tenha seguido a vontade do meu coração. Agora, agora! Rápido, rápido!

62 Tradução do editor (II, 3 ss.) Höret den Horus, der da weint, höret den Horus, der da seufzt! “Ich habe gelitten, indem ich begehre (?) nach sieben Jungfrauen seit der dritten Stunde des Tages bis zur vierten Stunde der Nacht. Keine von ihnen schlief, keine von ihnen schlummerte”. Seine Mutter Isis antwortete ihm drinnen in Tempel von Habin, während ihr Gesicht gewandt war gegen sieben Jungfrauen, während sieben Jungfrauen gewandt waren gegen ihr Gesicht: “Was ist dir, Horus, daß du weinst, was ist dir, Horus, daß du seufzest?” “Du willst, daß ich nicht weine, du willst, daß ich nicht seufze, von der dritten Stunde des Tages bis zur vierten Stunde der Nacht, da ich begehre (?) nach sieben Jungfrauen, keine von ihnen schlief, keine von ihnen schlummerte?” “Wenn du [mich] auch nicht [gefunden] hast, wenn du auch meinen Namen nicht gefunden hast, so nimm dir doch einen Becher mit ein wenig Wasser! Sei es ein kleiner Hauch, sei es vom Hauch deines Mundes, sei es vom Hauch deiner Nase! Du sollst darüber anrufen: ‘pkechp......” Ihr beiden Engel, die ohn’Unterlaß Schlaf sandten auf Aftimelech für zweinundsiebenzig Jahre, lastet ohn’ Unterlaß schwer auf NN, auf seinem Haupte wie ein Mühlrad, auf seinem Augen wie ein Sandsack, bis ich meine Begier befriedige, den Wunsch meines Herzens erfülle! Bald, bald! Schnell, schnell!

63 G. Wurst, Psalm Book, Part II, Fasc. 1, Die Bema Psalmen, Turnhout 1996, 36 ss. 0

[m]ar#n-ouwSt m-p-pna m-p-paraklhtos

1

[ma]r#n-smame m-pn-JaIs ihs p-et-a#F-tnnau ne#[n] m-p-pna nte t-mhe a#F-ei a#F-parJ#n a-t-planh m-p-kosmos a#F-eine ne#n n-ou-Iel a#n-GwSt a#nneu a-p-thr#F nHht#s

2

ntare#F-ei nJi p-pna et-ouabe: a#F-Gwlp ne#n abal Ha-p-maIt n-t-mhe a#F-tama#n Je fusis snte n-et-Soop ta p-ouaIne mn ta p-keke [e-u-] [par]J a-neu-erhu Jn nqouIte [→ n-t-HouIte]

3

t-mntrro men m-p-ouaIne ne-s-Soop Hn T[e m-] mnt-naG ete ntaF pe pIwt mn peF-mntsnaus n-aiwn mn n-aiwn nte n-aiwn : p-ahr et-anH p-kaH m-p-ouaIne ere p-naG m-pna niFe nHh t#ou e#F-saneS mma#u Hn peF-ouaIne

4

t-mntrro Hws m-p-keke e#s-Soop Hn Tou n-ta mion ete ntaF pe p-kapnos mn t-set[e] mn p-thu mn p-mau mn p-keke ere pou-saJne Slh nHht#ou e#F-kim ara#u e#F-neH[s]e mma#u atr#ou-rpolemos mn neu-erhu

5

e#u-rpolemos oun mn neu-erhu a#u-rtolma aHou toot#ou a-p-kaH m-p-ouaIne e#u-mmeu ne#u Je eua-SGro [= futuro III] ara#F se-saune rw ntau en Je p-et-a#umeeu ara#F se-na-nt#F aHrhI aJw#ou

6

[ne]-oun ou-mhSe de n-aggelos Hn p-kaH m-p-ouaI [ne e]un Gam mma#u aei abal Je eua-qbIo [= futuro III] p-JaJe [nt]e pIwt p-et-a#s-rHne#F Je Hn peF-s[e]Je et# [F-tn]nau#F eFa-qbio [= futuro III] n-n-beceue n-et-a#u-souwS [Jest#o]u aJn p-et-Jase ara#u

64 Tradução substancialmente literal: 0. Adoramos o espírito do Paráclito 1. Abençoamos o nosso Senhor Jesus aquele que enviou a nós o espírito da verdade, chegou, separou-nos do erro do cosmo, trouxe-nos um espelho, nós olhamos e enxergamos o tudo nele 2. Depois que chegou o Espírito Santo revelou a nós o caminho da verdade, fez-nos conhecer duas naturezas, isto é, aquela da luz e aquela da treva sendo separadas uma da outra do início 3. O reino da luz estava em cinco grandezas que são isto (trad. isto é) o pai com seus doze éons com os éons dos éons, o ar vivo, a terra da luz. O grande espírito soprando sobre eles vivificando-os com a sua luz 4. O mesmo reino da treva está em cinco quartos, isto é a fumaça e o fogo e o vento e a água e a treva. A ordem deles inflitrando-se neles, movendo-os, despertando-os para fazer guerra uns com os outros 5. Fazendo guerra uns contra os outros ousaram colocar suas mãos (trad. agredir) na terra da luz pensando que para eles poderiam ser mais fortes que ela. Eles ainda não sabem que aquele que pensaram o entregarão sobre eles 6. Havia uma grande quantidade (trad. uma multidão) de anjos na terra da luz e havia um poder neles (trad. e eles tinham o poder) de sair para humilhar o inimigo do pai cujo prazer foi (trad. a quem agradou) com a sua palavra que enviou, aquele de humilhar os rebeldes que queriam levantarse sobre quem é mais elevado que eles

Tradução do editor: 0. Laßt uns den Geist des parakliten anbeten! 1. Laßt uns unseren Herrn Jesus preisen, der uns den Geist der Wahrheit geschickt hat. Er kam und trennte uns von der Verirrung der Welt. Er brache uns einen Spiegel, wir schauten (hinein) und sahen das All darin 2. Als der heilige Geist gekommen war, offenbarte er uns den Weg der Wahrheit. Er lehrte uns, daß es zwei Naturen sind, die existieren, die des Lichts und die der Finsternis, von Anbeginn an voneinander getrennt

65 3. Das Königreich del Lichts, es bestand aus fünf Größen, nämlich dem Vater und seinen zwölf Äonen und den Äonen der Äonen, der lebendingen Luft und dem Lichtland; und der Große Geist durchwehte sie alle und nährte sie mit seinem Lichte. 4. Das Königreich der Finsternis aber besteht auf fünf Kammern, nämlich dem Rauch und dem Feuer und Dem Wind und dem Wasser und der Finsternis; und ihr (böser) Ratschluß Kriecht in ihnen herum, erregt sie und stachelt sie an, gegeneinander Krieg zu führen. 5. Während sie sich nun gegenseitig bekriegten, wagten sie es (einmal), ihre Hand gegen das Lichtland zu erheben, da sie bei sich dachten, daß sie es (wohl) besigen könnten. Doch wissen sie nicht, daß sie über sich selbst bringen werden, was sie ersonnen 6. Es gab nämlich viele Engel im Lande des Lichts, die imstande waren auszuziehen, um den Feind des vaters zu demütigen, dessen Wille es war, durch sein Wort, das er aussenden wollte, die Feinde zu demütigen, die sich erheben wollten über den, der erhabener als sie.

figura 20

66 J. Drescher, A Coptic Amulet, in AA. VV., Coptic Studies in Honor of Walter Ewing Crum, Boston [MA] 1950, 265 ss. [+/- 8] etouaab aiw sabawq adwnai [+/-13] araq miqras [F pesmou ntwdh] ndaueit petou [hH Ha tbohqia mpetJose Fna]Swpe Ha 5

[qaibes mpnoute ntp]e eFnaJoos (sic) mpJoeis [Je ntk pareFSwpt erok auw] pamampwt pa [noute einanaHte e]rok (sic) pJwwm[e mpe] [Jpo nis pexs p]Shre ndaueit pShre nabraHam Hn teHoueite neFSoop nGi

10

pSaJe auw pSaJe nneFSoop nnaHrm pnoute epidhpe[r a H]aH Hitootou tarxh mpeuaggelion nis pexs Ttarko mmwtn netnGom (sic) mnetnran (sic) mnetndunamis (sic) etouaab Ttarko m

15

mwtn norfamihl pnoG nthbe mpiwt Ttarko mmwtn mpeqrono (sic) mpiwt Ttarko mmwtn norfa pswma thrF mpnoute Ttarko mmwtn nnHarma mprh Ttarko mmwtn ntestratia

20

thrs nnaggelos mpJise Ttarko m mwtn mpsaSF nkatapetasma et [s]hk efo mpnoute Ttarko mmwtn mpsaSF nxairoubin etsobne eHoun [eJ]m fo mpnoute Ttarko mmwtn

25

mpinoG nxairoubin nkwHt ete mn laau sooun mpeFran Ttarko mmwtn mpnoG nran mpnoute ete mn laau sooun mpeFran emhti pGamoul Ttarko mmwtn mpsaSF narxhaggelos Ttar

30

ko mmwtn nteiSomte nfwnh nta is Joou Hi pests elwI elwI elema sabakqani ete pai pe pnoute panoute etbe ou akkaat nswk Jekas rwme nim

67 etnafori mpeifulakthrio[n] etetne 35

roies eroF Habol mpe[qoou] nim mn ponhria nim mn farmagia nim mn trpnsiou nim mn demonion nim mn Hwb nim mpanti ki[menos] nJaJe Jekas etetnefulasse mpswma mfilocinh pSe neufumia

40

Habol nnai throu Hagios Hagios Hagios Hamhn Hamhn Hamhn

figura 21

68 Tradução do editor: .... holy .............. Iao, Sabaoth, Adonai ............................. arath, MIthras XC The praise of the song of David. Who dwelleth in the help of the Most High shall abide in the shadow of the God of heaven. He shall say to the Lord: «Thou art my protector and my refuge. My God, I shall trust in Thee». The book of the generation of Jesus Christ, the son of David, the son of Abraham. In the beginning was the Word and the Word was with God. Forasmuch as many have taken in hand. The beginning of the Gospel of Jesus Christ. I adjure you by your powers and your names and your blessed virtues (?), I adjure you by Orphamiel, the great finger of the Father, I adjure you by the throne of the Father. I adjure you by Orpha, the whole body of God, I adjure you by by the chariots of the sun, I adjure you by the whole host of angels on high, I adjure you by the seven curtains that are drawn over the face of God I adjure you by the seven Cherubin who fan the face of God, I adjure you by great Cherubin of fire whose name no one knows, I adjure you by the great name of God whose name no one knows except the camel I adjure you by the seven archangels I adjure you by the three words which Jesus spoke on the cross: Eloi Eloi elema sabakthani, which is: «O God, my God, why hast Thou forsaken me?» that, whosoever wears this amulet, you keep him from all harm and all evil and all witchcraft and all star-blight and all evil spirits and all the works of the ruthless Adversary

69 that you guard the body of Philoxenus (?) the son of Euphemia, from all these things. Holy Holy holy Amen Amen Amen

figura 22

70 C. Schmidt, V. MacDermot (edd.), Pistis Sophia, Leiden 1978, 740 ss. aFwS ebol nteIHe eFJw mmos Je swtm : eroI paeiwt : peiwt mmnteiwt nim paperanton nouein : Iaw : Iouw : Iaw : awI : wIa yinwqer : qerwyin : wyiper : nefqomawq : nefiomawq : maraxaxqa : marmaraxqa : ihana menaman : ananhI tou ouranou : IsraI Hamhn Hamhn : soubaIbaI : appaap : Hamhn : Hamhn : deraaraI Ha paHou Hamhn Hamhn : sarsarsartou Hamhn Hamhn : koukiamin miaI : Hamhn Hamhn : IaI : IaI : touap Hamhn Hamhn Hamhn : maIn mari : marih : marei : Hamhn Hamhn Hamhn swtm eroI paeiwt peiwt nmmnteiwt nreFkaqarize

nim

:

Tepikalei

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ebol

Hwtthutn nnnobe

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entaououaHou nswI auw ntetnkaqarize nneuanomia : ntetntreumpSa nwp

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peiwt

mpeqhsauros

mpouein

Je

auouaHou nswI auw auHareH enaentolh : tenou Ge paeiwt peiwt mmnteiwt nim mareuei nGi nreFka-nobe ebol : ete neuran ne naI : sifireynixieu : zenei : berimou : soxabrixhr : euqari : nanaI : deisbalmhrix : meunipos : xirie : entaIr : mouqiour : smour : peuxhr : oousxous : minionor : Isoxoborqa : Tradução em português: Ele levantou a voz dizendo: “Escuta-me, Pai! Tu, pai de cada paternidade, tu, luz infinita, voces magicae Escuta-me, Pai! Tu pai de cada paternidade. Invoco também vós que perdais os pecados, vós que purificais as iniquidades. Perdoais os pecados destes discípulos que me seguiram, purificais-os de suas iniquidades, e rendais-os dignos de serem aceitos no reino do meu Pai, do pai do tesouro da luz. Eles realmente me seguiram e observaram os meus mandamentos. Então, Pai, tu pai de cada paternidade, alcancem aqueles que perdoam os pecados! Seus nomes são: voces magicae”.

figura 23

71 A. Böhlig, F. Wisse, P. Labib (edd.), The Gospel of the Egyptians, Nag Hammadi Codices III, 2 and IV, 2, Leiden 1975, 155 ss. Iesseos [oh]w houw wua Hn oumn [tm]e name Iesseos masareos [Iess]edekeos pimoou etonH [p]al[o]u nte palou : p[i]ran pran eqaeoou alhqws alhqws aiwnown iiii hhhh eeee oo oo uuuu wwww aaaa{a} a leqhes alethws hi aaaa ww ww petSoop etnau enaiwn alhqes alhqws aee hhh iiii uuuuuu w w w w w w w w petSoop nSa anhHe neneH alhqes alhqws iha aiw Hm fht petSoop uaei eisaei eioei eiosei Tradução do editor: Yesseus [oh]w houw wua, really truly, O Yesseus Mazareus [Yess]edekeus, O living water, [O child] of the child, [O] name, O glorious name, really truly aijw;n oJ w[n iiii hhhh eeee oo oo uuuu wwww aaaa{a} really truly hi aaaa ww ww, o existing one who sees the aeons! Really truly aee hhh iiii uuuuuu w w w w w w w w who is eternally eternal, really truly iha aiw in the heart, who exists u ajei; eij" ajeiv,

ei\ o} ei\, ei\ o}" ei\!28 28

Depois da certeza da salvação e da liberação do destino de morte, segue uma explosão de alegria da parte do iniciado que se manifesta em forma de um hino no qual prevalece a glossolalia. Pensa-se que este hino fosse recitado por ocasião de uma liturgia batismal.

72 A. Böhlig, F. Wisse, P. Labib (edd.), The Gospel of the Egyptians, Nag Hammadi Codices III, 2 and IV, 2, Leiden 1975, pp. 164 ss.

figura 24

neHmnteFnoGnsuzugos

tikosHmpepnaHntsarc

nafqartosmntafqartosn

parenpegoggessosmnna

sofiamntbarbhlonmnouplh

SbrouoeinHnoufqarsia

rwmathrFHnoumntSaeneH

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Hamhn

pswthrixqusqeografos

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tbiblostHierampnoGnaHo

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ratonmpnaHamhn

raetHhptexaristsunHesis

tbiblostHierampnoG

tesqhsistefronhsismnpe

naHoratonmpneu

rsHhtseugnwstospagaph

maHamhn

73 neH mn teFnoG nsuzugos nafqartos mn tafqartos n sofia mn tbarbhlon mn ouplh rwma thrF Hn oumntSa eneH : Hamhn peuaggelion nrmkhme tbiblos nsHaI nnoute tHie ra etHhp texaris tsunHesis tesqhsis tefronhsis mn pe rsHhts : eugnwstos pagaph tikos Hm pepna Hn tsarc : paren pe gogges`sæos mn na Sbrouoein Hn oufqarsia is pexs pShre mpnoute pswthr ixqus qeografos tbiblos tHiera mpnoG naHo raton mpna Hamhn tbiblos tHiera mpnoG naHoraton mpneu ma Hamhn

Tradução dos editores: And his great, incorruptible consort, and the incorruptible Sophia, and the Barbelon, and the whole pleroma in eternity. Amen. The Gospel of Egyptians. The God-written, holy, secret book. Grace, understanding, perception, prudence (be) with him who has written it, Eugnostos the beloved in the Spirit – in the flesh my name is Gongessos – and my fellow lights in incorruptibility, Jesus Christ, Son of God, Savior, ixqus. God-written (is) the holy book of the great, invisible Sprit. Amen. The holy book of the great, invisible Spirit. Amen

figura 25

74 B. Layton (ed.), Gospel According to Thomas, Nag Hammadi Codex II, 2-7, Leiden – New York – Copenhagen – Köln 1989, 53 ss.

figura 26

naei ne n-SaJe-eqhp ent-is et-onH Joo#u auw a#FsHaIs#ou nGi didumos Ioudas qwmas 1) auw peJa#F Je p-et-aHe e-qermhneia n-neei-SaJe F-na-Ji-T-pe an m-p-mou 2) peJe-is mn-tre#F-lo nGi p-et-Sine e#F-Sine Sante#F-Gine auw Hotan e#F-San-Gine

F-na-Stortr

auw

e#F-San-Stortr

F-na-r-Sphre

auw

F-na-r-rro eJm-p-thr#F 3) peJe-is

Je

e#u-Sa-Joo#s

nh#tn nGi

n-et-swk

Hht#thutn

Je

eis-Hhhte e-t-mntero Hn-t-pe eeie n-Halht-na-r-Swrp erw#tn nte-t-pe e#u-San-Joo#s nh#tn Je s-Hn-qalassa eeie n-tbt-na-r-Swrp erw#tn alla

t-mntero

s-m-petn-Houn

auw

s-m-petn-bal

Hotan

e#tetn-San-souwn-thutn tote se-na-souw(n) thne auw tetn-na-eime Je ntwtn pe n-Shre m-p-eiwt et-onH eSwpe de tetn-na-souwn-thutn an eeie tetn-Soop Hn-ou-mntHhke auw ntwtn pe t-mnt-Hhke

75 4) peJe-is

F-na-Jnau

e-Jne-ou-kouei

an

nGi

n-Shre-Shm

p-rwme

n-Hllo

Hn-neF-Hoou

e#F-Hn-saSF

n-Hoou

etbe-p-topos

m-p-wnH auw F-na-wnH Je oun-HaH-n-Swrp-na-Hae auw nse-Swpe oua ouwt 5) peJe-is

souwn-p-et-m-p-mto

[ p-et-Hhp]

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e-F-na-ouwnH ebol an 6) a#u-Jnou#F e-tr#n-r-nhsteue

nGi

neF-maqhths auw

eS

peJa#u te

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na#F [ t-He]

Je

k-ouwS e-na-Slhl

e-na-T-elehmosuhn auw ena-r-parathrei e-ou nGi ouwn peJe-is Je mpr-Je-Gol auw p-ete-tetm-moste mmo#F mpr-aa#F Je se-Golp thr#ou ebol m-pe-mto ebol n-t-pe mn-laau gar e-F-Hhp e-F-na-ouwnH ebol an auw mn-laau e#F-Hobs e-u-na-Gw oueSn-Golp#F

figura 27

76 Tradução dos editores: These are the secret sayings which the living Jesus spoke and which Didymus Judas Thomas wrote down. 1) And he said: Whoever finds the interpretation of these sayings will not experience death. 2) Jesus said: Let him who seeks continue seeking until he finds. When he finds, he will become troubled. When he becomes troubled, he will be astonished, and he will rule over the all. 3) Jesus said: If those who lead you say to you: See, the kingdom is in the sky! Then the birds of the sky will precede you. If they say to you: It is in the sea! Then the fish will precede you. Rather, the kingdom is inside of you, and it is outside of you. When you come to know yourselves, then you will become known and you will realize that it is you who are the sons of the living father. But if you will not know yourselves, you dwell in poverty and it is you who are that poverty. 4) Jesus said: The man old in days will not hesitate to ask a small child seven days old about the place of life, and he will live. For many who are first will become last, and they will become one and the same. 5) Jesus said: Recognize what is in your (sg.) sight, and that which is hidden from you (sg.) will become plain to you (sg.).For there is nothing hidden which will not become manifest. 6) His disciples questioned him and said to him: Do you wants us to fast? How shall we pray? Shall we give alms? What diet shall we observe? Jesus said: Do not tell lies, and do not do what you hate, for all things are plain in the sight of heaven. For nothing hidden will not become manifest, and nothing covered will remain without being uncovered. Tradução em português: Estes são os ditos secretos pronunciados por Jesus, o Vivente, e escritos por Didimo Judas Tomás. 1) Ele disse: Aquele que descobre a interpretação destas palavras não saboreará a morte. 2) Jesus disse: Aquele que procura que não desista de procurar até quando não encontrar; quando conseguir encontrar se surpreenderá. Quando estiver supreso, quando estiver admirado, se pertubará e dominará sobre tudo. 3) Jesus disse: Se aqueles que os guiam dizem a vocês: Eis o Reino (de Deus) è um céu! Então os pássaros do céu os precederão. Se dizem a vocês: Está no mar! Então os peixes do mar precederão. O Reino está, ao contrário, dentro de vocês e fora de vocês. Quando vocês se conhecerem, então serão conhecidos e saberão que vocês são os filhos do pai que vive. Mas se vocês não conhecerem, então demorareis na pobreza e serão a pobreza. 4) Jesus disse: Um velho que em seus dias não hesitará em interrogar um menino de sete dias sobre o lugar da vida, viverà. Já que muitos dos primeiros serão os últimos, e tornarão-se um só. 5) Jesus disse: Você conhece aquelo que está a frente, e se manifestará a você aquilo que está escondido. Já que não há nada que está escondido que não será manifesto. 6) Os seus discípulos o interrogaram e disseram-lhe: Queres tu que jejuemos? Como rezaremos e daremos esmola? E que norma seguiremos em relação ao alimento? Jesus disse: Não mintas e não faças aquilo que é odioso, pois que tudo manifesta-se diante do céu. Não há nada, de fato, escondido que não venha manifestado, nada de velado que não venha revelado.

77 O Pater noster (Mt 6, 9-13) peneiwt

etHnmphue

marepekran

ouop

tekmntrro

maresei

pekouwS

mareFSwpe nqe etFHn tpe nFSwpe on HiJm pkaH penoeik etnhu ngT mmoF nan mpoou ngkw nan ebol nneteron nqe Hwwn on etnkw ebol nnete ountan eroou ngtmJitn eHoun epeirasmos alla ngnaHmn ebol HitootF mponhros Je twk te tGom mn peoou Sa nieneH Hamen

Pregação de João Batista (Mc 1, 1-6) 1. markos tarxh mpeauggelion nis pexs 2. kata petshH Hn hsaIas peprofhths Je eis Hhhte TnaJeupaaggelos HiHh mmok nFsbtetekHih 3. peHroou

mpetwS

ebol

Hn

terhmos

Je

soutnteHih

mpJoeis

ntetnsoutnneFmoIt 4. aFSwpe de nGi IwHannhs eFTbaptisma mpJaIe eFkhrusse noubaptisma mmetanoia epkw ebol nnnobe 5. auw asbwk naF nGi texwra thrs nToudaia nm naqierosoluma throu auJibaptisma ntootF Hm piordanhs piero euecomologi nneunobe 6. auw IwHannhs nereHenFw nGamoul to HiwwF ereoumoJ nSaar mhr eteFTpe eFouemSJe Hi ebiw nHoout

figura 28

78 A anunciação (Lc 1, 26-31) 26. Hm pmeH soou de nebot auJoou ngabrihl paggelos ebol Hitm pnoute eupolis

nte

tgalilaia

epesran

pe

nazaret

27.

Sa

ouparqenos

eauSptoots nouHaI epeFran pe Iwsef ebol Hm phi ndaueid auw pran ntparqenos pe maria. 28. auw ntereFbwk nas eHoun peJaF nas Je xaire tentasGn Hmot pJoeis nmme 29. ntos de asStortr eJm pSaJe auw nesmokmek mmos Je ouaS mmine pe peiaspasmos 30. peJe paggelos nas Je mprrHote maria arGine gar nouHmot nnaHren pnoute 31. Auw eis Hhhte tenaw nteJpo nouShre ntemoute epesran Je is

Prólogo do Evagelho de João (Jo 1, 1-8) 1. Hn teHoueite neFSoop nGi pSaJe auw pSaJe neFSoop nnaHrn pnoute 2. pai Hn teHoueite neFSoop Hatm pnoute 3. ntaptherF Swpe ebol HitootF auw aJntF mpelaau Swpe pentaFSwpe 4. HraI nHhtF pe pwnH auw pwnH pe pouoIn nrrwme 5. auw pouoIn FrouoIn Hm pkake auw mpepkake taHoF 6. aFSwpe nGi ourwme eautnnoouF ebol Hitm pnoute epeFran pe IwHannhs 7. paI aFei eumntmntre Je eFermntre etbe pouoein Jekas ereouon nim pisteue ebol HitootF 8. nepetmmau an pe pouoIn alla Jekas ntoF eFermntre etbe pouoIn

figura 29

79 Fr. Bilabel, A. Grohmann (edd.), Griechische, Koptische und Arabische Texte zur Religion und religiösen Literatur in Ägyptens Speitzeit, Heidelberg 1934, 65 ss. fol. 53r, col. I

fol. 53r, col. II

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pexs : marou

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ntetnnaeS HotHet an : n sa nemusteri on ntetia n teteuenergia nFeime eroou ntaHe

80 fol. 53v, col. I

fol. 53v col. II

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rianos : pen

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qenos : aier

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an Hm page

auw [

nos

n[

figura 30

81

ELEMENTOS DE LÍNGUA COPTA (DIALETO SAÍDICO) TÁBUAS BIBLIOGRAFIA ÍNDICES

figura 31

82 I. O Egito romano e copto

83 II. Bispados, monastérios e rotas de peregrinações coptas

84 III. O alfabeto copto Letras

denominação

pronúncia

a

alfa

a

b

beta

b

g

gamma

gh

d

dalda

d

e

ei

e

z

zeta

z

h

heta

e

q

theta

th

i

iota

i

k

kappa

k

l

lamdada, lola

l

m

mi

m

n

ni

n

c

csi

csi

o

ou

o

p

pi

p

r

ro

r

s

sigma

s

t

tau

t

u, ou

he

ü

f

phi

f

x

chi

ch

y

psi

ps

w

o

o

S

shai

sh

F

fai

f

H

hori

h

J

djandja

dj

G

chima

ch

T

ti

ti

85 IV. Os números cardinais em saídico

86 V. As conversões

circunstancial

relativa

tempo II

pretérito

Frase nominal

e-

ete-



ne-

Perfeito afirmativo.

e-

(e)nt-

(e)nt-

ne-

Perfeito negativo

(e-)

ete -

ete-

ne-

Consuetudinalis afirmativo

e-

e- / ete-

(e)nt-

ne-

Consuetudinalis negativo

e-

e- / ete-

e-

ne-

“Ainda não”

(e-)

ete-



ne-

Optativo afirmativo









Optativo negativo

e-







Conjugação durativa

e(re)-

et- / ete(re)-

e(re)-

ne(re-)

Frase existencial

e- / (e-)

ete-

e-

ne-

“Verboidi” “ter, haver”,

e- / (e-)

ete-

e-

ne-

e-

et- / ete-

e-

ne-

“não ter, não haver” Verbos adjetivos

figura 32

87 VI. A frase nominal 1. Interlocutiva Concerne a I e a II pessoa singular e plural S P Pronome sujeito a) se adjetivo ou substantivo: art. ind. b) nim c) pa- pw# ang ou-agaqos Negação (n-) S

P an

Conversões: a) circunstâncial (e-) d) pretérito (ne-) Atenção! O sujeito pode ser “topicalizado” recorrendo ao pronome absoluto 2. Interlocutiva Concerne a III pessoa singular e plural P

S a) subiectum cum copula (-pe, -te, -ne) b) copula simpliciter (-pe, -te, -ne)

ouagaqos pe Negação (n-) P

an S

n-ou-agaqos an pe Conversões: a) circunstâncial (e-) b) relativa (ete-) d) pretérito (ne-) Atenção! O sujeito pode ser especificado por uma aposição; o sujeito pode ser “topicalizado”

88 3. Com cópula -pe (-te) -pe tornou-se uma simples marca que resolve a copula S -pe P

figura 33

89

VII. 1 A conjugação com bases na proposição independente

VII. 2 A conjugação com bases na proposição dependente

90

VII. 3 A conjugação causativa

VIII. Verboidi “ter, haver” e “não ter, não haver”

IX. A conjugação durativa

91 X. Glossário Este glossário contém somente alguns elementos essenciais da morfologia copta. Sem nenhuma pretensão de ser exaustivo, ele foi concebido para ajudar os estudantes durante as aulas sobre os textos recolhidos na crestomatia. alla

porém

…an, a-…an

negação da frase não verbal

an-, ann-

sujeito pronominal na frase nominal (1 plur.)

ang-

sujeito pronominal na frase nominal (1 sing.)

anok

pronome pessoal 1 sing.

anon

pronome pessoal 1 plur.

anti

contra, em lugar de

ara

particula que introduz a pergunta retórica

at-

prefixo privativo

auw

e

aS

pronome interrogativo

aJn- eJn-, aJnt#

sem

…gar

particula causal explicativa

…de

particula debilmente adversativa

e-

conversão circunstancial

e-

conversão do tempo segundo

e-, ero# ebol

a, para (evidência o objeto dos verbos de percepção; introduz o infinitivo fora

ent(a-), nt(a-)

conversão relativa no perfeito afirmativo

ent(a-), nt(a-)

conversão do tempo segundo no perfeito afirmativo

enHoson, nHoson

enquanto

et-, ete-

conversão relativa

ete-

conversão do tempo segundo

etbe-, etbhht#

cerca, por causa de, por que

etbeou

por que?

etn-, etoot#

por

eS-

ter a capacidade de, ter a possibilidade de (com o infinitivo)

eSwpe

introduz a frase condicional

eHoun

dentro

eHrn-, eHra#

a despeito de, em frente a

92 eHrai

em cima, embaixo (no sentido do movimento)

eJn-, eJw#

sobre

eJn-, eJnt#

sem

h, he

conjunção disjuntiva

qe (t-He)

assim como

-i-, -ei-, -i, -ei

pronome sufixo (1 sing.)

eie-

então (introduz a apódose)

eis-, eisHhhte

eis

k-

pronome sufixo e prefixo (2 sing. masc.)

ke, Ge-

um outro (plur. Hooue)

kaigar

com certeza

kata-, kataro#

conforme a

laau

alguma coisa, qualquer coisa

mh, mhti

introduz a pergunta retórica

mmn-, mn-

marca da não existência

mn-, nmma#

com

…men, mn

aliás

mnnsa-, mnnsw#

depois de

mnt-

prefixo para a abstração de realidades concretas

mhpote

menos

n-

nota relations

n-, mmo#

introduz o complemento do objeto direito

n-, na#

introduz o complemento do objeto indireito

n-, ne-

artigo definido masc. e fem. plur.

n-…an

negação em frases não verbais

-n-, n-

pronome sufixo (1 plur.)

ne-

conversão do pretérito

nblla#

exceto, do resto

nim nsa-, nsw#

pronome interrogativo (1 posição) e indefinido (2 posição) relativo a uma pessoa depois

nt(a), ent(a-)

conversão do perfeito segundo

nt(a), ent(a-)

conversão relativa do perfeito afirmativo

nte-, nta#

para indicar possessão e/ou pertença

nto

pronome pessoal 2 fem. sing.

nto#

enquanto a

93 ntok

pronome pessoal 2 masc. sing.

ntk

subiectum cum copula na frase nominal, 2 sing. masc.

ntn-, ntot#

nas mãos de

ntos

pronome pessoal 3 fem. sing.

ntetn-

subiectum cum copula na frase nominal, 2 plur.

ntwtn

pronome pessoal 2 plur.

ntoou

pronome pessoal 3 plur.

ntoF

pronome pessoal 3 masc. sing.

… ntoF

por outro lado

(n)naHrn-, (n)naHra#

antes de, em presença de

nHoson, enHoson

enquanto

nGi-

introduz a especificação nominal do sujeito em terceira pessoa

on

ainda, de novo, mais uma vez

p- (pe-)

artigo definido masc. sing.

pa-

artigo possessivo com função de pronome masc. sing. = “aquele de mim”, meu subiectum cum copula o simples copula na frase nominal delocutiva

… pe pe# pa# pai

artigo possessivo com função de adjetivo masc. sing., seguido por um pronome pessoal sufixo que indica a pessoa que possui artigo possessivo com função de adjetivo 1 masch. sing.

ph

artigo demonstrativo de proximidade com função de pronome masc. sing. artigo demonstrativo de proximidade masc. sing. com função de adjetivo artigo demonstrativo de distância masc. sing. com função de pronome

pi-

artigo demonstrativo de distância masc. sing. com função de adjetivo

pou-

para-

artigo possessivo com função de adjetivo, se refere a uma possuidora 2 sing. fem. artigo possessivo com função de pronome possessivo, seguido por um pronome pessoal sufixo que se refere á a pessoa que possui ao lado de, contra

pros-

para (por uma temporada)

r-

junto a um nome determina o verbo da ação relativa ao nome

rw

de fato

reF-

seguido por um infinitivo forma o assim dito nomen agentis

s-

pronome prefixo e sufixo 3 sing. fem.

se

sim

se-

pronome prefixo 3 plur. na conjugação durativa

pei-

pw#

94 t- (te-)

artigo definido fem. sing.

-t

pronome sufixo 1 sing.

ta# ta-

artigo possessivo com função de pronome possessivo fem. sing. = “aquela de mim”, minha pronome possessivo fem. sing. = aquela de

…te

subiectum cum copula o simples copula na frase nominal delocutiva

te-

pronome prefixo 2 fem. sing. na conjugação durativa

te#

th

artigo possessivo fem. sing. com função de adjetivo, seguido para um pronome pessoal sufixo que indica a pessoa que possui artigo demonstrativo de proximidade fem. sing. com função de pronome artigo demonstrativo de proximidade fem. sing. com função de adjetivo artigo demonstrativo de distância fem. sing. com função de pronome

T-, ti

artigo demonstrativo de distância fem. sing. com função de adjetivo

T-

pronome sufixo 1 sing. na conjugação durativa

tou-

tn-

artigo possessivo com função de adjetivo, se refere a uma possuidora 2 fem. sing. artigo possessivo com função de pronome, seguido por um pronome pessoal sufixo que indica a pessoa que possui pronome pessoal prefixo, 1 plur.

-tn, -tn-

pronome pessoal sufixo, 2 plur.

… thr# -thutn-

totalidade de, seguido por um pronome pessoal sufixo que indica a que pertence esta totalidade pronome pessoal sufixo 2 plur.

tetn-

pronome pessoal prefixo 2 plur.

ou ou-

pronome interrogativo (1 posição) e indefinido (2 posição) relativo a uma coisa artigo indefinido masc. e fem. sing.

-ou-, -u-

pronome sufixo 3 plur.

oua

um

ouei

uma

oube-, oubh#

contra, de encontro

oude

nem

oukoun

sem dúvida, conseqüentemente

oumonon

não somente

oun-

marca da existência

ouon

alguém, algo, qualquer coisa

tai tei-

tw#

95 ouhr

quanto? quantos? quanto (grande)?

oute

nem

oute-, outw#

entre

S-, eS-

ter a capacidade de, seguido pelo infinitivo

Sa-, Saro#

a, até a, para

SSe

está bom

xwris-

sem

F-

pronome pessoal prefixo 3 masc sing. na conjugação durativa

-F, -F-

pronome pessoal sufixo 3 masc. sing

Ha-, Haro#

debaixo

Hi-, Hiww# Hww#

em cima, com; entre dois nomes sim artigo tem função de conjunção comitativa enfatiza o pronome sufixo

Hen-, Hn-

artigo indefinido masc. e fem. plur.

Hn-, nHht#

em

Hoine, Hoeine

alguns

Hws-

assim, como

Hwste

assim que

Hitn-

para

Hotan

quando

… HwwF

porém, sobre tudo

HaH

muitos, muitas

HaHtn-, (H)aHth#

com

HiJn-, HiJW#

em cima

Je

assim; introduz ainda o discurso direto

Jeka(a)s

para que, a fim de que

Jin(n)-

desde

Jn-

ou

… Ge

então, conseqüentemente

96 Bibliografia

Gramática: Layton B., A Coptic Grammar. With Chrestomathy and Glossary. Sahidic Dialect, Porta Linguarum Orientalium, 20, Wiebaden 2000 Mallon A., Grammaire copte. Bibliographie, chrestomathie et vocabulaire, (quarta edição revisada por M. Malinine), Beyrouth 1956 Polotsky H.J., The Coptic Conjugation System, «Orientalia» 29 (1960), 392-422 Polotsky H.J., Collected Papers, Jerusalem 1971 Shisha-Halevy A., Coptic Grammatical Chrestomathy. A Corse for Academic and Private Study, Leuven 1988 Stern L., Koptische Grammatik, Leipzig 1880 Till, W.C., Koptische Dialektgrammatik. Mit Lesenstücken und Wörterbuch, segunda edição, München 1961

Dialetologia: A.S. Atiya (ed.), The Coptic Encyclopedia, New York 1991, vol. VIII (numerose voci) R. Kasser, Prolégomènes à un essai de classification systématique des dialects et subdialects coptes selon les critères de la phonétique = trata-se de 3 artigos com o mesmo título e numerados progressivamente, foram publicados respectivamente em «Le Muséon» 93 (1980), 53-112, 237-297; «Le Muséon» 94 (1981), 91-152

Dicionários: W.E. Crum, A Coptic Dictionary, Oxford 1939 (= www.copticbook.net/books/ocdpreview.pdf) R. Kasser, Compléments au dictionnaire copte de Crum, Il Cairo 1967

97 R. Smith, A Coincise Coptic English Lexicon, Grand-Rapids 1983 www.coptica.ch/Cherix-Lexicopte10.2.pdf

Dicionarios etimológicos: J. Cerny, Etymological Dictionary, Cambridge 1976 W. Vycichl, Dictionnaire étymologique de la langue copte, Leuwen 1983

Civilização e Cultura copta: AA.VV., Begegnung von Heidentum und Christentum im spätantiken Ägypten, Riggisberger Berichte 1 (1993) A.S. Atiya (ed.), The Coptic Encyclopedia, 8 voll., New York 1991 A. Camplani (ed.), L’Egitto cristiano. Aspetti e problemi in età tardo-antica, Studia Ephemeridis Augustinianum 56, Roma 1997 C. Cannuyer, Les coptes (Fils d’Abraham), Turnhout 1990 (trad. It. Roma 1994) R.G. Coquin, Langue et littérature coptes, in Albert M., Beylot R., Coquin R.-G., Outtier B., Renoux Ch. Christianismes oreintaux. Introduction à l’étude des langue set des littératures (Initiation au Christianisme ancien), Paris 1993, 166-217 A. Elli, Storia della Chiesa copta. L’Egitto romano-bizantino e cristiano. Vol. 1: Nascita e splendore del cristianesimo egiziano; vol. 2: L’Egitto arabo e musulmano. Il miracolo di una sopravvivenza cristiana nella terra dell’Islam; vol. 3: Appendici, bibliografia, indici, Il Cairo – Jerusalem 2003 D. Frankfurter (ed.), Pilgrimage and Holy Space in Late Antique Egypt, RGRW 134, Leiden – Boston – Köln 1998 E.R. Hardy, Christian Egypt: Church and People. Christianity and Nationalism in the Patriarchate of Alexandria, New York 1952

98 M. Krause (ed.), Ägypten in spätantik-christlicher Zeit. Einführung in die koptische Kultur, Wiesbaden 1998 T. Orlandi, La patrologia copta, in Quacquarelli A. (ed.), Complementi interdisciplinari di patrologia, Roma 1989, 457-502 T. Orlandi (ed.), VII. Testi patristici in lingua copta, in Di Berardino A. (ed.), Patrologia. V: Dal Concilio di Calcedonia (451) a Giovanni Damasceno († 750), Genova 2000, 496-573 Th.H. Partrick, Traditional Egyptian Christianity. A History of Coptic Orthodox Church, Greensboro 1996 E. Wipszycka, Études sur le christianisme dans l’Égypte de l’Antiquité tardive, Roma 1996

figura 34

99

Índice

Figuras

100

Elementos de língua copta (dialeto saídico) Noções essenciais de gramática e sintaxe

102

Elementos de língua copta (dialeto saídico) Crestomatia

105

Elementos de língua copta (dialeto saídico) Tábuas Bibliografia Índices

106

figura 35

100 Figuras Figura 1: Teodosia entre São Colluto e Santa Maria

capa

Figura 2: Virgo lactans e santos

20

Figura 3: Hórus e cruz

21

Figura 4: selos mágico-gnósticos

26

Figura 5: “arcanjo mágico”

29

Figura 6: Jesus derruba o demônio

33

Figura 7: Dioniso ou Noé

35

Figura 8: Arcanjo Miguel e santos; figuras mitológicas

39

Figura 9: igreja copta

40

Figura 10: Jesus com anjos, santos

43

Figura 11: Héstia

45

Figura 12: códigos da assim dita “Biblioteca de Nag Hammadi”

46

Figura 13: Apócrifo de João

47

Figura 14: papiro com o incipit do Livro de Jonas

51

Figura 15: Jesus, anjos e evangelistas

53

Figura 16: desenho mágico

54

Figura 17: Jesus-Bes

57

Figura 18: gemas mágicas

58

Figura 19: papiro mágico; Hórus transpassa um crocodilo

60

Figura 20: baixo-relevos e hieróglifos egípcios com sobreposições cristãs

65

Figura 21: papiro mágico

67

Figura 22: gemas mágicas

69

Figura 23: gemas mágicas

70

Figura 24: Evangelho dos Egípcios

72

101 Figura 25: gemas mágicas

73

Figura 26: incipit do Evangelho de Tomás (particular)

74

Figura 27: folho inicial do Evangelho de Tomás

75

Figura 28: incipit do Evangelho segundo Marcos

77

Figura 29: santos; Anunciação

78

Figura 30: embalsamação mágica; ouroboros

80

Figura 31: Davi

81

Figura 32: leão, ostrakon

86

Figura 33: decanos, imagem e inscrições mágicas

88

Figura 34: papiro mágico

98

Figura 35: São Sisinnio transpassa o demônio Alabasdria

99

Figura 36: crucificação mágica

101

Figura 37: Jesus e Apa Mena

104

Figura 38: MelaMiao

106

figura 36

102 Elementos de língua copta (dialeto saídico) Noções essenciais de gramática e sintaxe Prefácio A igreja copta (texto de Ph. Luisier) 1. Noções introdutórias 2. O alfabeto 3. Os modos do nome 4. Os determinantes 4.1. Artigo 4.2. Artigo definido 4.3. Artigo indefinido 4.4. Artigo demonstrativo de proximidade 4.4.1. Artigo demonstrativo de proximidade com função de pronome 4.4.2. Artigo demonstrativo de proximidade com função de adjetivo 4.5. Artigo demonstrativo de distância 4.5.1. Artigo demonstrativo de distância com função de pronome 4.5.2. Artigo demonstrativo de distância com função de adjetivo 4.6. Artigo possessivo 4.6.1. Artigo possessivo com função de pronome 4.6.2. Segunda forma do artigo possessivo com função de pronome 4.6.3. Artigo possessivo com função de adjetivo 4.7. Pronomes pessoais 4.7.1. Pronomes pessoais absolutos ou independentes 4.7.2. Pronomes sujeito 4.7.3. Pronomes sufixos 4.7.4. pronomes prefixos 5. Relações dos nomes entre eles 5.1. Atribuição 5.2. Posse 5.3. Aposição 6. Nexos entre nomes e proposições 6.1. A coordenação 6.2. A disjunção

3 6 22 22 23 23 23 23 23 24 24 24 25 25 25 25 26 26 27 27 27 28 28 29 29 29 30 30 30 30 30

103 7. A frase nominal 7.1. A frase nominal interlocutiva 7.1.1. Negação da frase nominal interlocutiva 7.1.2. Frase interlocutiva com sujeito “topicalizado” 7.2. A frase nominal delocutiva 7.2.1. Negação da frase nominal delocutiva 7.2.2. Frase delocutiva com sujeito “topicalizado” 7.2.3. Frase delocutiva com sujeito “expandido” 7.2.4. Negação do sujeito “expandido” 7.3. Frase nominal do III tipo 8. As conversões 8.1. As conversões na frase nominal 8.1.1. Frase nominal I tipo ou interlocutiva 8.1.2. Frase nominal II tipo ou delocutiva

31 31 31 31 31 32 32 32 32 32 33 33 33 33

9. Conjugação com base (ou tripartida) 9.1. Conjugação com bases na proposição principal 9.2. Os modos da conjugação com base na proposição principal 9.2.1. Perfeito 9.2.2, As conversões com o perfeito 9.2.3. Consuetudinalis 9.2.4. “Ainda não” 9.2.5. Optativo ou futuro III 10. A conjugação com bases na proposição dependente 11. Os modos na conjugação com base na proposição dependente 11.1. “Até a”, “até quando” ou limitativo 11.2. Temporal/causal 11.3. Condicional 11.4. Conjuntivo 12. Imperativo 13. Conjugação causativa 13.1. Infinitivo causativo 13.2. Imperativo causativo 13.3. Conjuntivo futuro 14. A frase existencial 15. Os “verboidi” “haver, ter”, “não haver, não ter” 16. Conjugação durativa (ou bipartida) 16.1. O predicado da conjugação durativa 16.2. A negação da frase durativa

34 34 34 34 35 35 35 36 36 36 37 37 37 38 38 39 39 40 40 41 41 41 42 42

104 17. Os tempos na conjugação durativa 17.1. Presente 17.2. Futuro 17.3. Exemplos de estático e de locução adverbial 18. As conversões na conjugação durativa 19. Frases de apresentação 20. Formas sintáticas de conjugação com o sujeito sufixo 21. Expressões especiais 22. Cleft Sentence 23. Período hipotético

figura 37

42 42 42 43 43 43 44 45 46 46

105 Elementos de língua copta (dialeto saídico) Crestomatia J.E. Goehring (ed.), The Crosby-Schøyen Codex MS 193 in the Schøyen Collection, Corpus scriptorum christianorum orientalium, Subsidia 85, Lovanii 1990, 224 ss.

48

A Samaritana (Jô 4, 5-9)

52

H.J. Quecke, Zwei koptische Amulette der Papyrussamlung der Universität Heidelberg (Inv. Nr. 544b und 564a), «Le Muséon» 76, 3-4 (1963), 247 ss.

54

W.H. Worrel, Coptic Magical and Medical Texts, «Orientalia» IV, 2 (1935), 184 ss.

56

M. Kropp, Ausgewählte koptische Zaubertexte, 3 voll., Bruxelles 1930-1931, I, 11 ss.

59

G. Wurst, Psalm Book, Part II, Fasc. 1, Die Bema Psalmen, Turnhout 1996, 36 ss.

63

J. Drescher, A Coptic Amulet, in AA. VV., Coptic Studies in Honor of Walter Ewing Crum, Boston [MA] 1950, 265 ss.

66

C. Schmidt, V. MacDermot (edd.), Pistis Sophia, Leiden 1978, 741 ss.

70

A. Böhlig, F. Wisse, P. Labib (edd.), The Gospel of the Egyptians, Nag Hammadi Codices III,2 and IV,2, Leiden 1975, 155 ss.

71

A. Böhlig, F. Wisse, P. Labib (edd.), The Gospel of the Egyptians, Nag Hammadi Codices III, 2 and IV, 2, Leiden 1975, pp. 164 ss.

72

B. Layton (ed.), Gospel according to Thomas, Nag hammadi Codex II, 2-7, Leiden – New York – Copenhagen – Köln 1989, 53 ss.

74

O Pater noster (Mt 6, 9-13)

77

Pregação de João Batista (Mc 1, 1-6)

77

A anunciação (Lc 1-8)

78

Prólogo do Evangelho de João (Jo 1-8)

78

Fr. Bilabel, A. Grohmann (edd.), Griechische, Koptische und Arabische Texte zur Religion und religiösen Literatur in Ägyptens Speitzeit, Heidelberg 1934, 65 ss.

79

106 Elementos de língua copta (dialeto saídico) Tábuas Bibliografia Índices Tábuas I. O Egito romano e copto II. Bispados, monastérios e rotas de peregrinações coptas III. O alfabeto copto IV. Os números cardinais em saídico V. As conversões VI. A frase nominal VII. 1 A conjugação com bases na proposição independente VII. 2 A conjugação com bases na proposição dependente VII. 3 A conjugação causativa

82 83 84 85 86 87 89 89 90

VIII. “Verboidi” “ter, haver” e “não ter, não haver” IX. A conjugação durativa X. Glossário básico

90 90 91

Bibliografia Gramática Dialetologia Dicionários Dicionários etimológicos Civilização e Cultura copta

96 96 96 97 97

figura 38

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