Em Nome do Pai: análise do mausoléu familiar como fator de distinção dentro da arte tumular

June 12, 2017 | Autor: Clarissa Grassi | Categoria: Habitus
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EM NOME DO PAI: ANÁLISE DO MAUSOLÉU FAMILIAR

CLARISSA GRASSI** FABIO DOMINGOS BATISTA***

Resumo: partindo-se das similitudes encontradas entre a cidade dos mortos e a cidade dos vivos, o presente artigo objetiva traçar um paralelo entre a arquitetura praticada pela sociedade do Ancién Régime no séc. XVIII e as características do mausoléu da família de Carlos José Franco Oliveira de Souza, localizado no Cemitério Municipal São Francisco de Paula em Curitiba, utilizando-se a estética como fator de distinção. Palavras-chave: Arte tumular. Distinção. Arquitetura. Mausoléu.

N

o silêncio do campo santo mais antigo de Curitiba, entre múltiplas formas de construções tumulares, elementos arquitetônicos reiteram na cidade dos mortos o papel que seus ocupantes buscaram entre a sociedade dos vivos. Tal qual a cidade de Curitiba, o Cemitério São Francisco de Paula apresenta uma paisagem visualmente segmentada em bairros com características que definem períodos e materiais utilizados, assim como delimitam a área ocupada pelas famílias mais abastadas e distintas da sociedade de outrora. Essa divisão é tão acentuada, que até mesmo os terrenos que abrigam os mausoléus e esculturas importadas de países como Itália, França e Portugal, possuem um

* Recebido em: 01.07.2012. Aprovado em: 08.12.2012. ** Especialista em Marketing pela FAE Business School. Graduada em Relações Públicas pela Universidade Federal do Paraná. Presidente da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais. Autora do livro Um olhar... A arte no silêncio. E-mail: [email protected]

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*** Especialista em Estética e Filosofia das Artes pela Universidade Federal do Paraná. Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná. Mestre em Projeto e Tecnologia do Ambiente Construído pela Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: [email protected]

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DISTINÇÃO DENTRO DA ARTE TUMULAR*

ARTIGO

COMO FATO DE

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traçado totalmente diverso do restante do cemitério e encontram-se aglutinados em um espaço visualmente delimitado. É como se antigos bairros nobres, como o Batel, conhecido por ter abrigado as maiores mansões de Curitiba, tivessem sido recriados bem no centro do mapa do cemitério.

Figura 1: Foto aérea do Cemitério Municipal São Francisco de Paula Fonte: Arquivo SMCS/Cesar Brustolin.

É nesse cenário de edificações, concorrentes entre si em altura, elementos decorativos e suntuosidade, que se destaca o mausoléu da família de Carlos José Franco Oliveira de Souza, devido ao seu porte e complexidade arquitetônica. Construído em dois pavimentos, em uma área de 107m2, o mausoléu alberga uma capela em seu pavimento superior, sendo que a área de enterramentos localiza-se no pavimento inferior. A separação destes dois ambientes, assim como os acessos independentes (enquanto a capela é acessada pela entrada principal e a área de enterramentos pela entrada dos fundos), fornecem elementos para que se proceda uma leitura crítica sobre a construção dessa edificação como representação social no cemitério. Partindo-se das similitudes apontadas por autores como Coelho (1991) e Catroga (1999) entre a cidade dos mortos e a cidade dos vivos, objetiva-se traçar um paralelo entre a arquitetura praticada pela sociedade do Ancien Régime da Paris do séc. XVIII, analisada por Elias (2001) e as características do referido mausoléu da família de Carlos José Franco Oliveira de Souza, utilizando-se a questão estética, segundo aponta Bourdieu (2008) ,como fator de distinção e unificação dos iguais. NECRÓPOLE COMO ESPELHO DA POLIS A organização dos cemitérios, com seu traçado de ruas, avenidas e diferentes tipos de habitação, relações de vizinhança e, principalmente, a hierarquização do es-

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A configuração da casa da aristocracia, em se tratando da camada determinante em todas as questões de estilos de vida, também constitui o modelo para a estrutura da casa da alta burguesia (ELIAS, 2001, p. 78). Essa luta entre as tendências de economia e ostentação, segundo o autor, que servia ao mesmo tempo como símbolo do prestígio e do status, estendeu-se até nossos dias, ainda que o caráter representativo dos ornamentos tenha desaparecido. Nos cemitérios essa busca pela distinção social e individualização não foi diferente, sendo guiada pela burguesia afortunada da segunda metade do século XIX que, criando espaços de sepultamento altamente segregativos, repetia o que ocorria em suas vivendas nas cidades (MOTTA, 2008, p. 29). O túmulo torna-se um signo identitário do morto. O CEMITÉRIO MUNICIPAL SÃO FRANCISCO DE PAULA

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Criados no Brasil a partir do século XIX, seguindo medidas higienistas já aplicadas aos países europeus, os cemitérios extra-muros – que passam a substituir o enterro ad sanctos (dentro das igrejas) – desempenham uma espécie de eficácia simbólica da conservação da memória ao materializar monumentos arquitetônicos de jazigos individualizados, em torno dos quais se desenvolvem práticas, cultos e produções de natureza simbólica diversa. É o chamado período áureo da arte tumular, que no Brasil acontece entre 1860 e 1930 (ARIÈS, 2003; VOVELLE, 1997; MOTTA, 2008).

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paço, segundo Coelho (1991, p. 8) obedece a critérios semelhantes à cidade dos vivos. Nesse sentido, tais espaços podem ser trabalhados como micro-espaços a partir da conceituação que Argan (2010) dá à cidade, como um “grande espaço composto por vários outros micro-espaços e micro-lugares que adquirem significações que se adéquam aos usos que lhes é dado”. Como necrópoles, os cemitérios ao contrário de serem feitos para os mortos, são, sobretudo, feitos para os vivos, espelhando as cidades que os produzem. Reproduzindo em sua topografia a sociedade global, como um mapa reproduz um relevo ou uma paisagem, o cemitério reúne a todos em um mesmo recinto, segundo Ariès (1982, p. 547). Para o autor, família real, eclesiásticos, assim como categorias de distinção conforme o nascimento, ricos e pobres, ocupa cada um seu lugar devido, já que a finalidade do cemitério é representar um resumo simbólico da sociedade. A sociedade do Ancien Régime da Paris do séc. XVIII ornamentava suas casas pelo prestígio e representação, para realçar a posição social. Elias (2001), em seu livro Sociedade de Corte, ao analisar as estruturas de habitação como indicadores sociais, apontam de que forma as diversas funções sociais correspondem aos modos arquitetônicos de construir as casas. Essa preocupação atinge não somente as camadas superiores da sociedade, como corte e burguesia, mas também as camadas mais baixas. Nível social e configuração visual testemunham e expressam a situação social. A França, segundo Elias (1993, p. 17) foi a mais influente das sociedades de corte, gerando, a partir de Paris, códigos de conduta, maneiras, gosto e linguagens que se difundiram, em variados períodos, por todas as cortes europeias. Nesse contexto fica premente a obrigação dos indivíduos de se mostrarem de acordo com a posição, manifestando através da casa a que nível social o proprietário pertence. Nessas moradias o valor do prestígio encobre o valor meramente utilitário.

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Campo santo mais antigo de Curitiba, com 157 anos desde sua fundação em 1854 (CAROLLO, 1995, p.63), o Cemitério Municipal São Francisco de Paula reúne, entre seus 5.792 túmulos, grande parte dos personagens da história curitibana e paranaense. Entre mausoléus e esculturas muitas vezes importadas da Europa, famílias imprimiram através da arte tumular o sentido que a morte passou a adquirir depois do século XIX, a morte burguesa. Em seus 51.414 m2, o Cemitério Municipal São Francisco de Paula, segundo Imaguire (apud GRASSI, 2006), ocupa um terreno alongado, acomodado ao traço das ruas por formas de trapézio, possuindo uma rua principal cortada por ruelas transversais, estreitas, que fazem o acesso a todos os jazigos. Para Carollo (1995, p. 92) no espaço desse cemitério é possível identificar pelo menos 4 “bairros” delimitados pelas diferentes formas de construção dos túmulos. O primeiro, com a predominância de túmulos verticalizados em estelas onde o mármore é o material mais utilizado, compreende a área da entrada principal do cemitério até a localização da antiga capela, demolida na década de 1960 e onde hoje encontra-se uma praça. O segundo vem em seguida, formado por capelas e mausoléus cuja característica marcante é a monumentalidade das construções albergadas em terrenos com dimensões maiores. O traçado das quadras é totalmente diferente do padrão geral do cemitério. O terceiro “bairro” está localizado na subida para o cruzeiro, caracterizado pela predominância de jazigos cuja verticalidade é retomada, mas que, ao lugar de estelas funerárias, gavetas se sobrepõem formando um tipo de “predinho”, recoberto de materiais como o azulejo. Do cruzeiro para frente, encontra-se o quarto e último bairro, formado por túmulos mais simples, destituídos de estatuária ou maiores elementos decorativos.

Figura 2: Planta baixa do Cemitério Municipal São Francisco de Paula Nota: acervo MASE.

MAUSOLÉU FAMÍLIA DE CARLOS JOSÉ FRANCO OLIVEIRA DE SOUZA Dentre as construções existentes no Cemitério São Francisco de Paula, destaca-se na paisagem a edificação funerária da Família Carlos José de Oliveira e Souza devido ao seu porte e complexidade arquitetônica. O edifício foi implantado na área aparentemente mais nobre do cemitério, tendo como entorno a maior concentração de mausoléus. O grande edifício é valorizado pela inserção de uma cúpula central, sobre o volume retangular onde estão inseridas a capela e a área destinada aos sepultamentos.

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Localizado no entroncamento da Rua 1 com a 4ª. Paralela, na Quadra 22, a construção foi feita sobre um dos maiores terrenos do cemitério, medindo 107m2 de área. A datação aproximada de aquisição do terreno é do início do século XX, quando em 1906 foi enterrado o corpo de José Carlos, uma criança de três meses de idade. Nessa época, a construção existente era a de uma carneira simples, conforme registro apontado no livro de sepultamentos. Somente em 1924, quando do enterro de uma criança de 12 anos, de nome Plínio, é que o status da construção constante no livro passa de carneira para capela. Essa construção ocorre quando 14 membros da família, incluindo o patriarca, sua esposa e um de seus oito filhos já haviam sido ali enterrados. Somando as inumações até a construção da capela, constavam 5 adultos e 8 crianças.

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Figura 4: Vista a partir da entrada do mausoléu Nota: acervo pessoal Clarissa Grassi.

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Figura 3: Fachada do mausoléu Família Carlos José Franco Oliveira de Souza Nota: acervo pessoal Clarissa Grassi.

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Trata-se de uma edificação com fortes influências ecléticas. O programa é simples, possuindo originalmente dois espaços distintos, a área destinada à capela, que ocupa o nível superior da construção, devido a importância do uso, e a área da cripta que ocupa a parte inferior do edifício, com piso abaixo do nível do terreno. O edifício foi planejado um pouco afastado do alinhamento da rua, possibilitando assim a implantação de um jardim frontal, em cujo canteiro central, segundo familiares, encontra-se delimitado o mapa do Paraná. Sob um pé de camélia plantado no centro do canteiro, segundo relatos, estaria sepultado o corpo de uma empregada da família, cujo registro não pode ser verificado pela ausência de placa de sepultamento.

Figura 5: Canteiro em formato do mapa do Paraná Nota: acervo pessoal Clarissa Grassi.

O terreno é cercado por uma grade metálica ao modo da arquitetura residencial da época. Há dois acessos, sendo que o principal que liga a frente da edificação à capela é resolvido por uma elegante escada curva com dois lances simétricos, revestida com mármore branco e o acesso secundário, que está localizado nos fundos da edificação, possibilita entrada ao espaço destinado às sepulturas. O edifício tem área total de 78m2, sendo a capela com 36m2 e a parte de enterramentos com 42m2. O prédio é formado por um volume quadrado em cujo centro foi implantada a cúpula de planta redonda e um pequeno abside aos fundos. Esta solução volumétrica causa a descentralidade da cúpula, que só pode ser percebida internamente. Para a inserção da cúpula redonda em uma base quadrada foi utilizado o recurso conhecido como pendentes, ou seja, a criação de elementos angulares de junção entre o plano quadrado e o plano redondo. Tais elementos são comuns na arquitetura sacra, onde geralmente figuram internamente as imagens dos quatro evangelistas, como é o caso da Basílica de São Pedro em Roma.

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O espaço interno da capela é dividido entre a nave e o altar. A nave, que possui o espaço mais nobre do edifício, é coroada com o espaço interno da cúpula, adornada com pigmentação azul e estrelas douradas, representando assim o céu. O altar, confeccionado em mármore, ladeado pelos retratos em preto e branco do Coronel Carlos José de Oliveira e Souza e de sua esposa Ritta, foi implantado na abside da capela, delimitado por um arco pleno apoiado sobre colunatas jônicas. Em suas laterais, seis placas de mármore parafusadas de cada lado fazem a vez de epitáfios de lóculos para ossadas. O teto do altar é arredondado e também é decorado com pinturas representando o céu. As paredes laterais da nave possuem janelas com arco ogival e as paredes laterais do altar possuem janelas quadrifólicas, lembrando uma espécie de óculo, comum em alguns frontões de igrejas. Para se ter acesso à área de enterramentos é necessário sair pela entrada principal e contornar o edifício em direção à entrada lateral, já que os dois ambientes não possuem qualquer tipo de comunicação entre si. A cripta, ou área de sepultamento, consiste em um espaço simples, ocupando o embasamento do edifício. Seu acesso é secundário, localizado aos fundos, não podendo ser visualizado no conjunto da edificação. Possui apenas uma porta de batente baixo, com três degraus para o acesso à cripta, em cujo beiral externo encontra-se uma placa em homenagem a Herculano, benemérito fundador da Sociedade de Socorro aos Necessitados. Outra placa trabalhada como baixo-relevo em mármore, foi fixada perto da entrada. Possui a imagem com uma coroa de flores em torno da cruz, mas a família não sabe precisar sua origem. O acesso de luz ao ambiente é feito por essa porta de entrada e por uma janela quadrifólica fixa, com a mesma configuração das do altar, implantada aos fundos da cripta, coincidindo externamente com a base do patamar da escadaria.

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Figuras 6 e 7: Interior da capela com detalhe para a cúpula Nota: acervo pessoal Clarissa Grassi.

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Figuras 8 e 9: Porta de entrada da cripta e vista geral do ambiente Fonte: Acervo pessoal Clarissa Grassi.

O espaço em formato retangular possui pé direito baixo e seu teto é trabalhado em cavetos contínuos, padrão também presente nos nichos de enterramento e ossários. Nas paredes laterais, próximo à entrada, encontram-se 3 conjuntos de portinholas de metal em ambos os lados, cada uma dividida em duas folhas, para ossários, totalizando 12 nichos individuais numerados. Em seguida, 6 nichos de cada lado da cripta formam um conjunto de 12 sepulturas. Ao final da área existe um prolongamento, referente ao patamar externo da escadaria, onde mais 6 nichos, divididos em 3 de cada lado, possuem dimensões intermediárias às do ossários e nichos, destinados ao enterro de crianças. Através da localização de placas e consulta no registro de sepultamentos, além de entrevista com familiares, foi comprovado de que se trata de uma área para enterramento de infantes, totalizando seis crianças sepultadas. Somando-se todos os espaços inicialmente projetados na cripta, o mausoléu teria capacidade para receber 6 corpos de crianças, 12 de adultos e mais 12 ossadas. Vários objetos decoram o ambiente, sendo três esculturas “encontradas no cemitério”, assim como epitáfios trabalhados em louça, mármore e bronze, além de diversas fotografias. Flores artificiais também estão presentes em vasos distribuídos sobre os túmulos. Originalmente não haviam carneiras no solo da cripta. Tanto a capela quanto a área da cripta sofreram alterações ao longo do tempo, que serão comentadas mais à frente. 248

É visível a hierarquia dos usos, ou seja, o espaço destinado à capela tanto internamente quanto externamente é mais nobre, enquanto o espaço destinado à cripta, função principal do edifício, é quase escondido e visivelmente menos importante. A entrada para a área de enterramentos, com seu acesso pelos fundos da construção, assim como a configuração da porta, batente baixo, remetem às características de uma entrada de serviço. É nesse ponto que as semelhanças entre a arquitetura do Ancién Régime apontadas por Elias e as características desse mausoléu ficam mais próximas. Quando pensamos assim o campo doméstico dos grandes senhores e damas do Ancién Régime, vemos ao mesmo tempo, em sua construção, a partir de um ângulo determinado, a natureza da rede de relações na qual ele está entrelaçado. [...] Por fim, o modo de sua inserção na sociedade, ou ‘society’, acha-se representado na disposição das salas de recepção. O fato de os salões ocuparem a parte principal e central do primeiro andar é, além disso, um espaço maior do que o dos dois appartaments privés juntos, já é por si só um símbolo da importância que a relação com a sociedade tem na vida dos indivíduos em questão. Aí se localiza o centro de gravidade de suas existências (ELIAS, 2001, p. 73). De acordo com familiares, a capela do mausoléu era um espaço utilizado pela família para a realização de missas, onde familiares e amigos dos mortos eram convidados a fazer parte da celebração. Essa prática essa foi abandonada ao longo do tempo e o genuflexório que ficava defronte ao altar da capela foi retirado após ser constatado que se encontrava infestado por cupins. EM NOME DO PAI, A DESCENDÊNCIA

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Carlos José Franco de Oliveira e Souza nasceu em Curitiba, em 1830. Empresário, exercia atividades comerciais em Campo Largo, onde possuía um engenho de erva-mate. Posteriormente transferiu-se para a cidade de São João do Triunfo, sendo um dos fundadores da comarca, onde ocupou o cargo de primeiro prefeito. Deu con-

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Figuras 10, 11 e 12: Vista dos ossários, seguida de nichos de enterramento e área destinada para inumação de crianças Fonte: Acervo pessoal Clarissa Grassi.

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tinuidade aos seus negócios com erva-mate na cidade onde também exerceu o cargo de delegado de polícia. Coronel da Guarda Nacional, Carlos desempenhou o cargo de deputado estadual no biênio 1895/1896, onde foi presidente da casa. Era casado com Ritta de Azevedo Souza, com quem teve oito filhos. Filho de Carlos José, Herculano Carlos de Souza nasceu em Campo Largo, em 1871. Foi casado em primeiras núpcias com Francisca Macedo de Souza, falecida em 1913, com quem teve oito filhos e, em segundas núpcias, com Maria da Conceição Correia Reinhardt de Souza, falecida em 1942, com quem teve mais dois filhos. Herculano também seguiu no ramo de negócios da erva-mate. Comerciante ativo fez parte da Junta Comercial do Paraná. Foi o fundador da Sociedade Socorro aos Necessitados, entidade que se dedicava ao atendimento da população carente e cuja inauguração ocorreu em 21/9/1921. Contando com o apoio de diversos empresários da época, Herculano inaugurou em 1923 a “Vila 1”, um conjunto de 12 casas de madeira que atendiam cerca de 60 pessoas em situação de risco. Posteriormente novas instalações foram inauguradas, incluindo um ambulatório médico, dispensa e cozinha. Outras construções foram feitas e, hoje, a Sociedade Socorro aos Necessitados é uma ONG mantenedora do Centro de Educação Infantil Meu Pequeno Reino, Lar dos Idosos Recanto Tarumã e mantém parceria técnica com a Escola Maternal Annete Macedo. Apesar de somente José Carlos e Herculano terem sido figuras de relevância pública, suas famílias já eram consideradas influentes na sociedade paulista e paranaense. A primeira inumação neste terreno, constante nos registros do cemitério, ocorreu em 11/12/1906. Era de uma criança com três meses de idade, filho de Herculano, responsável pelo pagamento de 5 mil réis de emolumentos, que, por esse preço na época, equivaliam ao enterro em uma carneira, sem o título de concessão perpétua. Como as concessões de terrenos só foram formalizadas em 1965, não é possível indicar se a compra do terreno ocorreu antes do primeiro sepultamento. Apesar de Herculano ter arcado com o custo dessa inumação, o que automaticamente o faria concessionário do terreno, a concessão da área, quando regularizada em 21/08/1965, saiu em nome da Família Carlos José de Oliveira e Souza. Herculano possui outro título de concessão no Cemitério Municipal São Francisco de Paula, local onde provavelmente estão enterrados seus outros filhos, já que no mausoléu encontram-se apenas o já citado José Carlos e Adyr, filho de seu segundo casamento, morto logo após nascer, além de suas duas esposas. Analisando-se a lista de inumações no mausoléu, através dos registros de placas de sepultamento, percebe-se que os primeiros enterramentos ocorridos após a construção do mausoléu foram dos filhos do patriarca Carlos José, assim como de seus primeiros netos. Esse processo de reagrupamento da família em torno do túmulo é segundo Motta (2008) a ideia do todo sobre as partes, buscando fortalecer laços entre os membros da família. São os túmulos de família edificados em torno do nome do pai, inscrevendo o indivíduo em um passado comum, unindo-o a uma cadeia de gerações. O que se vê nas versões mais elaboradas desses túmulos é o desejo de unidade e continuidade que se impõe face à segmentação e dispersão depois da morte, com isso, evitando que os sepultamentos fossem realizados separadamente. Neles não importa o indivíduo isolado do seu grupo de filiação, mas o sujeito social genérico, constituído a partir da referência a um antepassado ou herança comum à qual se liga através de relações com seus ascendentes e descendentes (MOTTA, 2008, p. 111).

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Figura 13: Detalhe para a placa de identificação do mausoléu Nota: acervo pessoal Clarissa Grassi.

A memória como instância supletiva de imortalização e a necessidade de se negar a morte do outro dentro das necrópoles oitocentistas, deram origem, segundo Catroga (1999) a uma cenografia e a um novo culto dos mortos, assim como o ressurgimento de qualificações da morte como “morte-sono”. Isso explica que a morada do morto se tenha arquitectonicamente elevado, não só a sucessora e sucedânea do “tecto eclesiástico” (o jazigo-capela), mas também a “casa”, e que a sepultura, tal como a casa da família (dos pais, dos avós), tenha passado a ser outro centro privilegiado de identificação e de filiação de gerações. E todas essas necessidades simbólicas fizeram da necrópole um analogon da cidade dos vivos (CATROGA, 1999, p.16). As divisões espaciais do mausoléu da família Carlos José transitam entre a função de teto eclesiástico, conforme aponta Catroga, e casa da família, mesclando elementos que ora rementem a uma como é o caso do altar de mármore com símbolos cristãos e santos na capela, oura em outra, como os porta-retratos colocados sobre as sepulturas na cripta e as fotografias dos patriarcas ladeando o altar. As divisões de entrada principal e de serviço também remetem a um conceito de casa. USO E DESCARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO

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Inicialmente projetado com uma capacidade para receber quarenta e duas inumações (entre enterramentos comuns, de crianças e ossadas), número considerável para uso, o mausoléu teria todos os elementos para atender às demandas de sepulta-

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É na fachada do mausoléu, sobre a porta de entrada, que consta a placa “Família Carlos José Franco Oliveira de Souza”.

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mento da família sem que suas características arquitetônicas sofressem alterações ao longo do tempo. Como foi construído quando 14 membros da família de Carlos José de Oliveira e Souza já haviam sido enterrados na antiga carneira, os primeiros espaços do mausoléu a serem ocupados foram os nichos do ossário localizado nas laterais do altar da capela. Pela importância do espaço, os ossos do patriarca, sua esposa e dois filhos adultos foram ali depositados. Os ossos de sete crianças foram aglutinados em um único nicho. Posteriormente também foram depositados nestes nichos os ossos de outro filho do casal e de um neto.

Figuras 14 e 15: Ossários localizados nas laterais do altar Nota: acervo pessoal Clarissa Grassi.

As inumações na cripta, cujos nichos em caveto ofereciam a capacidade para 12 enterramentos, chegaram ao limite em 1940, quando foi constatada uma característica peculiar deste mausoléu: os cadáveres ali enterrados não se decompõem completamente. Segundo relato de uma das familiares que possui as chaves do mausoléu, entre os membros da família costuma-se comentar que possuem “o corpo seco”. Diante da impossibilidade de exumação dos corpos “secos”, que segundo relato ocorreram várias vezes, os familiares optaram por erigir mais carneiras no espaço livre da cripta. As primeiras carneiras extras foram feitas na área ao lado dos nichos. Pelos registros de sepultamento, conclui-se que foram construídas a partir da década de 1940 somando ao total 6 unidades, que, por terem sido construídas junto aos nichos laterais, impossibilitam o uso de seis dos antigos nichos. É interessante notar que a família não optou por fazer todas as carneiras de uma só vez. Observando-se cada uma delas é possível perceber as diferenças no alinhamento e dimensões, caracterizando edificações construídas uma a uma.

Figuras 16 e 17: Detalhes das novas carneiras construídas a partir de 1960 Nota: acervo pessoal Clarissa Grassi.

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A partir da década de 1960, como ainda ocorriam tentativas de exumações em que os cadáveres não haviam se decomposto, começou-se a construir carneiras nas laterais da capela. Em função da área da capela ser grande, as edificações foram feitas usando o alinhamento das colunatas que sustentam o arco do altar, sem prejudicar a vista do mesmo, em cujas alterais encontram-se as fotos dos patriarcas penduradas na parede. O piso da capela que era feito de mármore foi modificado, recebendo a cobertura de um azulejo decorativo, restando somente o patamar de entrada e o altar da capela ainda com o revestimento original. As janelas laterais foram encobertas com placas metálicas para que o acabamento dos túmulos não ficasse visível externamente. Atualmente o local comporta 14 carneiras, sendo divididas em 7 de cada lado. Totalizando o número de sepultamentos registrados, o mausoléu da Família Carlos José Franco Oliveira de Souza acomoda 59 enterramentos, sendo alguns de cinzas provindas do processo de cremação.

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Figura 13: Detalhe para a placa de identificação do mausoléu Nota: acervo pessoal Clarissa Grassi.

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Em uma análise mais aprofundada, pode-se afirmar que esta tipologia de edifício ainda não assume plenamente a função para qual foi destinada, ou seja, os elementos e espaços elencados para a configuração da edificação funerária transitam entre a edificação religiosa e residencial, visto o uso de elementos comuns em edificações sacras, como a cúpula, janelas e óculo, juntamente com a utilização de escadaria, jardins, grades metálicas comuns na arquitetura residencial do período. Esta observação demonstra as dificuldades da arquitetura absorver este novo programa, entendê-lo e materializá-lo de forma singular, como é percebido em outras edificações mais contemporâneas presentes no cemitério São Francisco de Paula. São esses mausoléus e obras de arte presentes no “bairro nobre”, que criam a diferenciação entre classes e é por meio desses artefatos tumulares, que outros sentidos estavam sendo construídos, a partir da individualização do lugar de sepultamento Batista (2008). Em seu livro Distinção, Bourdieu (2010) discorre sobre a utilização da estética como fator de distinção e unificação dos iguais. Segundo o autor, Sabendo que a maneira é uma manifestação simbólica, cujo sentido e valor dependem tanto daqueles que a percebem quanto daquele que a produz, compreende-se que a maneira de usar bens simbólicos e, em particular, daqueles que são considerados como atributos de excelência, constitui um dos marcadores privilegiados da “classe”, ao mesmo tempo que o instrumento por excelência das estratégias de distinção, ou seja, na linguagem de Proust, da “arte infinitamente variada de marcar distâncias” (BOURDIEU, 2008, p. 65). Ainda segundo Bourdieu (2010, p. 7), o poder simbólico “só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhes estão sujeitos ou mesmo que o exercem”. A produção escultórica e simbológica que é profusamente aplicada aos cemitérios – durante o que Vovelle (1997) chama de “período áureo da arte tumular”, que perdura na Europa entre os anos de 1860 a 1930, e que, no Brasil segundo Borges (2002), ocorre de forma similar – poderia ser tomada como uma forma de distinção dentro do conceito de habitus da sociedade, exercido dentro do cemitério enquanto campo. Assim, os cemitérios passam a ser um lugar de reprodução simbólica do universo social, e, nessa condição, tornam-se campo privilegiado para a análise do processo de implantação e consolidação dos valores burgueses na sociedade do século passado. É nesse contexto que os cemitérios refletem sem acanhamento a alma da sociedade a que servem. Segundo Borges (2004), “a arte funerária, embora seja considerada por muitos como documento “indireto”, possui, sem dúvida, um discurso simbólico, metafórico de grande valia para compreensão da morte”. CONCLUSÃO O processo de aquisição e construção do mausoléu da Família Carlos José Franco Oliveira de Souza traz algumas peculiaridades interessantes para sua leitura. A aquisição do terreno, um dos maiores do Cemitério Municipal São Francisco de Paula, segundo documentação disponível, foi feita por um dos filhos do patriarca, Herculano Carlos, um ano antes de seu pai falecer. No intervalo entre a aquisição da área e a construção do mausoléu, treze anos se passaram. O patriarca, sua esposa, um dos filhos, a primeira esposa de Herculano, assim como várias crianças já se encontravam

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ali enterrados quando da construção. O desejo de reagrupamento da família no mausoléu sob o nome do patriarca parte dos filhos, que ao utilizarem o nome de Carlos José para nominar o mausoléu, buscam o reconhecimento e a distinção através da trajetória de vida do pai. Todos os filhos homens de Carlos José, 5 ao total, receberam como segundo nome o primeiro nome do pai. Não se trata de um nome comum à ascendência de Carlos José, o que reitera a opção do patriarca em “imprimir” seu nome aos descendentes. Talvez Carlos José nunca tenha imaginado construir um mausoléu para albergar seus descendentes, mas em compensação marcou a origem de seus filhos através do uso de seu próprio nome. O uso do espaço fica restrito ao reagrupamento dos descendentes diretos de Carlos José e alguns de seus filhos, como o próprio Herculano, adquirem outros terrenos de concessão para o enterramento de seus descendentes. No mausoléu, a segunda geração de Carlos José abrigada, se resume em sua maioria, a crianças e jovens mortos precocemente. Hoje, ainda que o enterramento nesse mausoléu possa significar uma lotação efetiva do espaço (em função da ocorrência dos “corpos secos”) ainda assim, descendentes ainda buscam a distinção junto àquele que foi o membro mais ilustre da família. A homenagem ao segundo membro distinto da família, Herculano, não pode ocupar a frente do mausoléu, então foi colocada sob a entrada da cripta, aos fundos da construção. Outro filho do Coronel Carlos José, Agostinho Carlos também recebeu uma homenagem da esposa e filhos, um baixo-relevo forjado em bronze, mas que acabou sendo fixado sobre a parede do nicho onde encontra-se inumado. Outros epitáfios em louça e mármore também foram produzidos, mas ocupam locais próximos aos da inumação de seus corpos, na parte interna da cripta e capela. É como se toda a memória dessa família ficasse condicionada ao seu patriarca. Herculano pôde receber sua homenagem, mas secundariamente, sem interferir na onomástica tumular de seu pai. Assim como os aristocratas e burgueses do Ancièn Règime, o mausoléu da família do patriarca Carlos José prioriza em sua divisão espacial a área de capela, local onde a família mandava rezar missas frequentadas por parentes e amigos. Nessa divisão entre capela e local de enterramentos, onde ambos ambientes são completamente separados em acesso e uso, a primeira desempenha o papel de acolher aos visitantes, podendo ser comparada a uma sala de recepção. Um ambiente amplo como este, com os retratos de seus patriarcas adorando o símbolo de reiteração da fé, o altar, remete ao ambiente de casa, mais que ao de igreja. O suposto enterro da empregada no jardim, caso confirmado, também seria outro elemento para reiterar a configuração de casa e não de sepultura, onde serviçais, “em sua devida posição” coabitam junto de seus patrões. Os diversos porta-retratos, fotografias em porcelana e placas presentes na cripta carregam um discurso de individualização, ainda que de forma velada, já que somente a família tem acesso ao local, onde buscam marcar e reiterar a identidade daqueles que foram acolhidos somente sobre o nome do patriarca da família. É muito interessante o fato de a família ter se preocupado com a disponibilização de um local específico para a inumação de crianças. Ainda que a morte dos inocentes fosse algo relativamente comum no início do século, a destinação e sepultamento de crianças nesse nicho dá um caráter especial à sua divisão interna. A dificuldade na decomposição dos cadáveres ali enterrados, que poderia ser um impedimento para o uso da estrutura, em função da lotação das carneiras disponíveis, não foi um entrave para a inumação de outros cadáveres.

Sendo uma família tradicional na sociedade paranaense, a questão financeira não seria um entrave para a aquisição de outros túmulos neste mesmo cemitério ou em outro. No momento em que decide alterar completamente o uso da capela para continuar usufruindo de sua estrutura, a família assume uma necessidade de ocupação do espaço junto àqueles que concederam ainda mais distinção ao sobrenome que herdaram. O mausoléu da Família Carlos José Franco de Oliveira e Souza é único dentro do Cemitério Municipal São Francisco de Paula e suas características merecem ser abordadas em estudos posteriores com maior profundidade em diferentes enfoques. Os cemitérios enquanto campo reiteram através do habitus da arte tumular, uma gama de representações simbólicas, mas especialmente distinção diante da sociedade.

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IN NAME OF THE FATHER: FAMILY’S MAUSOLEUM ANALYSIS AS A DISTINCTION FACTOR WITHIN TOMB ART Abstract: based on the similarities found between the city of dead and the city of living, this article seeks to draw a parallel between the architecture practiced by the society of Ancién Régime during the eighteenth century and the characteristics of Jose Carlos Oliveira de Franco Souza’s family mausoleum, placed in the Cemitério Municipal São Francisco de Paula in Curitiba, using aesthetics as a distinction feature. Keywords: Tomb art. Distinction. Architecture. Mausoleum. Referências ARGAN, Giulio Carlo. História da arte como história da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2005. ARIÈS, Phillippe. O homem diante da morte. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989. V. I. ______ O homem diante da morte. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982. V. II. BATISTA, Henrique Sérgio de Araújo. Jardim regado com lágrimas de saudade – Morte e cultura visual na Venerável Ordem Terceira dos Mínimos de São Francisco de Paula (Século XIX). Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. BORGES, Maria Elizia. Arte funerária no Brasil (1890-1930) ofício de marmoristas italianos em Ribeirão Preto. Belo Horizonte: Editora C/ Arte, 2002. BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. Porto Alegre: Editora ZOUK; São Paulo: Edusp, 2008. ______. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. CAROLLO, Cassiana Licia de Lacerda. Cemitério Municipal São Francisco de Paula: monumento e documento. Curitiba: Boletim Informativo da Casa Romário Martins, Fundação Cultural de Curitiba, 1995. CATROGA, Fernando. O céu da memória – Cemitério romântico e culto cívico dos

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