Em rota de colisão: atropelamentos de morcegos no Brasil

August 8, 2017 | Autor: R. Novaes | Categoria: Bats (Mammalogy), Road Ecology
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7º Congresso Brasileiro de Mastozoologia 22 a 26 de setembro de 2014 Gramado/RS

1543 - EM ROTA DE COLISÃO: ATROPELAMENTOS DE MORCEGOS NO BRASIL Cecília Bueno Universidade Veiga de Almeida Roberto Leonan Morim Novaes Fundação Oswaldo Cruz Rubem Augusto da Paixão Dornas Amplo Engenharia e Gestão de Projetos Ltda. Carlos Eduardo Lustosa Esbérard Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro TEMA Quirópteros PALAVRAS_CHAVE Morcegos; monitoramento; atropelamento; Brasil. OBJETIVO O objetivo deste trabalho é apresentar uma compilação dos registros de atropelamentos de morcegos no Brasil. METODOLOGIA Três fontes foram utilizadas no levantamento das espécies de morcegos e o impacto das rodovias: (i) fontes bibliográficas, (ii) consulta a coleções zoológicas (Museu Nacional do Rio de Janeiro, Coleção Adriano Lúcio Peracchi da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e a coleção do Laboratório de Diversidade de Morcegos da UFRRJ) e (iii) relatos anedóticos dos autores coligidos durante consultorias e monitoramentos. RESULTADOS Registramos 89 óbitos em 16 diferentes estradas, pavimentadas ou em leito natural em todas as regiões brasileiras. Obtivemos 21 espécies distribuídas em quatro diferentes famílias, sendo Phyllostomidae a mais representativa, com 63 registros (71,5%), dos quais o gênero Artibeus corresponde a 18 (22,7%). Não foi observada relação entre a biomassa média das espécies e o número de registros (r2=0,066, F=1,273, p=0,274, N=20),

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7º Congresso Brasileiro de Mastozoologia 22 a 26 de setembro de 2014 Gramado/RS demonstrando que a vulnerabilidade aos atropelamentos independe do tamanho da espécie. A predominância de Artibeus lituratus não surpreende, uma vez que esta espécie é muito comum em inventários do sudeste do Brasil, de onde é proveniente a maior parte dos registros. Além disto, esta espécie apresenta-se como a que mais se desloca entre ambientes florestais e urbanos, sendo abundante em áreas antropizadas. Além de A. lituratus, C. perspicillata e S. lillium também foram espécies frequentes. Os morcegos frugívoros foram os mais vitimados que as demais guildas tróficas (30,3%) e os atropelamentos mostraram-se mais frequente em trechos de vias que separam fragmentos florestais. Morcegos insetívoros, apesar de abundantes em ambientes alterados, podem apresentar altitudes de voo maiores que a altura dos veículos e por isso são vítimas menos frequentes. No Brasil artigos científicos sobre atropelamentos ainda são recentes e geralmente se restringem a listas de espécies encontradas em algum trecho de rodovia. Para mamíferos, a maior importância tem sido dada às espécies de médio e grande porte, sugerindo que espécies menores sejam menos impactadas por atropelamentos. Contudo, a colisão de morcegos é fator de alta mortalidade na Europa e tem recebido atenção de pesquisadores. Segundo a literatura, os morcegos representam uma pequena parcela dentre os mamíferos atropelados. No entanto, estes números podem representar uma subestimativa, pois as carcaças de animais menores são mais facilmente removidas por carniceiros e podem ser arremessadas a maiores distâncias, dificultando seu encontro pelos pesquisadores. Logo, a dificuldade de se encontrar registros de morcegos atropelados

pode

estar relacionada

à

metodologia

aplicada

no

monitoramento,

frequentemente realizados com auxílio de veículos. CONCLUSÃO Para morcegos é mais indicado o monitoramento a pé ou de bicicleta, pois facilita a visualização de vitimas de menor porte. Uma estimativa mais acurada da mortalidade de morcegos em estradas só poderá ser obtida com uma metodologia mais apropriada (e.g. radiotelemetria, detectores de ultrassom), e com maior importância aos trechos providos de vegetação marginal. Apesar do ainda reduzido número de registros, nota-se que 21 espécies já estão representadas nas colisões com veículos, representando 12% das espécies brasileiras. Isso demonstra a importância que os pesquisadores que atuam no monitoramento de espécies atropeladas incluam morcegos em seus trabalhos para tornar mais precisa a estimativa deste tipo de impacto.

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