Emigrante em Eça de Queiroz.docx

May 27, 2017 | Autor: Elina Baptista | Categoria: Eca de Queiroz, Emigração Portuguesa, Século XIX
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O emigrante em Eça de Queiroz:
entre Portugal e o Brasil, de português a brasileiro

Dada a presença das Américas na vida e obra de Eça de Queiroz, nomeadamente do Brasil, têm sido notadas ligações precoces a este país, desde a infância à educação, aos laços familiares e profissionais. Na vasta obra que possui, desde a jornalística, literária e correspondência consular, o escritor transmite o que observa e sente, faz retratos de Portugal, cuja finalidade é despertar o leitor, educar as consciências, para fazer dele um país melhor.
No séc. XIX, as causas da emigração traduzem a desordem interna do país, conduz os mais pobres e mais enérgicos a procurar fora da pátria o que não encontram no seu interior, afirma o escritor nos primeiros anos da década de setenta. A América do Norte é um destino bastante procurado pelos portugueses, onde todos procuram realizar o sonho de regressarem ricos à pátria, o chamado sonho americano, mas onde muitos encontram um pesadelo, apresentando-lhe S. Paulo – Brasil em Uma Campanha Alegre, na reedição d' As Farpas em 1890.
Um dos graves problemas da emigração é a falta de organização, não ser feita de forma livre e refletida e também devido à ação de intermediários como Charles Nathan, que leva para Nova Orleans todos os que o procuram.
Papá MonfortePapá Monforte Dado o encontro da realidade com a ficção, Eça de Queiroz retrata o engajador na obra literária através da personagem de Monforte, ou simplesmente o Forte, de Os Maias, tal como é conhecido em Havana. Porque o escritor é sensível ao problema da escravatura, praticada ainda nas últimas décadas da centúria, sobretudo por portugueses, algumas das suas personagens circulam entre o Velho e Novo Mundo, migram pelas mais variadas razões, faz retratos das suas movimentações, construindo uma estética sobre o país que se baseia na ética dos valores humanos que possui e na experiência que adquiriu.
Papá Monforte

Papá Monforte

Monforte é um cidadão entre o Brasil e os Estados Unidos, um brasileiro e um americano, não só devido ao tráfico, que o traz entre os dois países, mas também pela forma como se veste de grande chapéu panamá, calça de ganga, o mantelete da filha no braço, o guarda-sol entre os joelhos. Se o grande chapéu panamá e o uso de guarda-sol é uma característica dos brasileiros, já a calça de ganga é uma influência da América, marca criada por Levi Strauss em 1873, ano em que obtém a patente e assinala o início do sucesso das calças, dando-lhe rasgos semelhantes a um dos americanos que o escritor traça em Notas Contemporâneas.


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