Empreendimentos Criativos na Cidade do Natal/RN: Pesquisa Qualitativa e Estudo das Políticas Públicas de Fomento da Economia Criativa

May 19, 2017 | Autor: C. Rn | Categoria: Public policies, Políticas Públicas, Creative Economy, Economia Criativa, Natal/RN
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Descrição do Produto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

RODRIGO OLIVEIRA DA SILVA

EMPREENDIMENTOS CRIATIVOS NA CIDADE DO NATAL/RN: PESQUISA QUALITATIVA E ESTUDO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO DA ECONOMIA CRIATIVA

NATAL – RN 2016

RODRIGO OLIVEIRA DA SILVA

EMPREENDIMENTOS CRIATIVOS NA CIDADE DO NATAL/RN: PESQUISA QUALITATIVA E ESTUDO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO DA ECONOMIA CRIATIVA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca examinadora do Departamento de Políticas públicas, como requisito parcial para a obtenção do título de Graduação em Gestão de Políticas Públicas. Orientador: Prof. Fernando Manuel Rocha da Cruz

NATAL – RN 2016

RODRIGO OLIVEIRA DA SILVA

EMPREENDIMENTOS CRIATIVOS NA CIDADE DO NATAL/RN: PESQUISA QUALITATIVA E ESTUDO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO DA ECONOMIA CRIATIVA Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à banca examinadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para a obtenção do grau de bacharel em Gestão de Políticas Públicas. Orientador: Professor Fernando Manuel Rocha da Cruz

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA:

................................................................................................................................ Professor Doutor Fernando Manuel Rocha da Cruz (Orientador - UFRN/CCHLA/DPP)

................................................................................................................................. Msc. Valéria de Fátima Chaves Araújo (Examinadora Externa)

AGRADECIMENTOS

À minha mãe Maria das Dores de Oliveira pelas duras batalhas que teve de enfrentar ao longo de sua vida para que eu estivesse aqui hoje. É um exemplo de mulher nordestina e batalhadora que não se deixa abater pelas dificuldades. À minha avó que também é um exemplo de mulher nordestina batalhadora, por sempre estar comigo nos momentos mais difíceis da minha vida. A Karla Motta de Sousa e Miguel Josino Neto, este último não está mais entre nós, mas deixo aqui meus agradecimentos por serem pessoas tão boas e sempre terem ajudado de bom grado. Ao professor Fernando Manuel Rocha da Cruz por ser meu orientador e também por ser uma pessoa gentil, paciente e sempre disposta a ajudar e pela confiança depositada na minha capacidade. As colegas do grupo de pesquisa Eleidiana e Lígia que contribuíram de várias formas para a realização do trabalho Aos colegas e amigos do curso que tornaram essa trajetória um pouco menos árdua. Aos professores que sempre fizeram o possível para garantir o aprendizado tanto para mim quanto para meus colegas. À instituição UFRN e a todos que fazem parte dessa referência de ensino de qualidade.

LISTA DE SIGLAS IFRN

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

ITCART

Incubadora Tecnológica de Cultura e Arte

FIC

Fundo de Incentivo à Cultura

FIRJAN

Federação das Indústrias do Rio de Janeiro

FUNCARTE Fundação Capitania das Artes FUNCERN

Fundação de apoio Tecnológico do RN

à

Educação

e

ao

Desenvolvimento

FIC

Fundo de Incentivo à Cultura

MinC

Ministério da Cultura

PIB

Produto Interno Bruto

P&D

Pesquisa e Desenvolvimento

RN

Rio Grande do Norte

RMN

Região Metropolitana de Natal

SEC

Secretaria da Economia Criativa

SEBRAE

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SEFIC

Secretaria de fomento e incentivo à Cultura

SAv

Secretaria do Audiovisual

UNCTAD

Conferências das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento

LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Classificação da UNCTAD para as Indústrias Criativas ............................ 16 FIGURA 2 – Classificação dos setores criativos para a UNCTAD ................................... 17 FIGURA 3 – Escopo dos setores criativos Ministério da Cultura .................................... 19 FIGURA 4 – Princípios norteadores da Economia Criativa brasileira ............................ 20 FIGURA 5 – Fachada da Barbearia n° 33 .......................................................................... 24 FIGURA 6 – Painel pintado pelo artista plástico Marcelus Bob ...................................... 25 FIGURA 7 – Reprodução de cena do filme “O Grande Ditador” na Barbearia N° 33 .. 26 FIGURA 8 - Quadros Amanda Duarte - técnica mista (aquarela com café e vinho) no Nalva Melo Café Salão .......................................................................................................... 28 FIGURA 9 – Bar da Barbearia N° 33 .................................................................................. 29 FIGURA 10 – Local onde são oferecidos os serviços de salão no Nalva Melo Café Salão ................................................................................................................................................. 30

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9

1 ECONOMIA CRIATIVA E MARCOS LEGAIS ........................................................... 13

2 EMPREENDIMENTOS CRIATIVOS NA CIDADE DO NATAL ............................... 22

2.1 O OLHAR DO GESTOR ................................................................................................ 32

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 39

APÊNDICES ......................................................................................................................... 42

ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS EMPREENDEDORES ................................... 42

ROTEIRO DE ENTREVISTA COM O GESTOR ............................................................ 43

RESUMO O presente trabalho ilustra como os empreendimentos de um ramo tradicional na cidade do Natal, inserem elementos culturais e ou artísticos como forma de agregar valor à prestação de seus serviços bem como para apoiar a área cultural e artística da cidade. O trabalho tem por objetivo salientar a importância desses elementos como alternativa para a viabilidade do negócio dos empresários e com isso, o surgimento de uma nova proposta de empreendimento criativo, tendo como fundo as Políticas Públicas de fomento da Economia Criativa. Para tal pesquisa, adotamos a metodologia qualitativa, a qual possibilita o aprofundamento do conhecimento sobre o objeto empírico, usando as técnicas de observação, de entrevista e de fotografia. A partir desse estudo percebemos o quanto essas novas propostas de empreendimento criativo, podem contribuir para resolver problemáticas relativas ao setor cultural e artístico bem como uma nova alternativa para os empresários, colocando, todavia, em evidência, a ausência de políticas locais de fomento da economia criativa.

Palavras-chave: Economia Criativa; Empreendimentos Criativos; Natal/RN; Políticas Públicas.

ABSTRACT

The following academic work illustrates how enterprises from a traditional branch in the City of Natal insert cultural and/or artistic elements as a way of aggregating value to their offered services, as well as to support the cultural and artistic area from the city. The academic work objectives to accentuate the importance of those elements as an alternative to the viability of the enterprises, business and, as consequence, the emerging of a new creative enterprising proposal, having as a background promoter public policies for creative economy. For such research, we adopted the qualitative methodology, which gives us the possibility of deepening the empirical object, using technics of observation, interviewing and photographing. From this study, we realized how much those news creative enterprise proposals can contribute to solve the problems relative to the cultural and artistic sector, as well as to create a new alternative to enterprises, placing in evidence, however, the absence of local creative economy promoter policies

Key Words: Creative Economy; Creative Enterprises; Natal/RN; Public Policies.

9 INTRODUÇÃO

A criação da Secretaria da Economia Criativa (SEC), em 2012, pelo Ministério da Cultura brasileiro (Minc) e posterior aprovação do “Plano da Secretaria da Economia Criativa: políticas, diretrizes e ações 2011 a 2014” (BRASIL, 2012), trouxe para a agenda política a inclusão dos elementos culturais e artísticos na prestação de serviços e produção de bens. Com o apoio do poder público para com esses setores comerciais, industriais e de serviços, torna-se necessário estudar todo o ciclo econômico dos setores criativos, para entendermos todo o processo desde a produção até à comercialização dos produtos e serviços culturais e artísticos. Segundo Cruz: A filosofia da política pública de fomento da economia criativa aprovada em 2012 vem propor algumas alternativas a esses profissionais e grupos que atuam em setores culturais e criativos [...]. Desse modo, a atividade profissional desses profissionais e grupos tem que ser vista em todo o ciclo econômico, ou seja, nas fases de criação, produção, distribuição e mercado. Não é possível, olhar apenas para o momento de criação. O sucesso desses profissionais depende do apoio e da atenção às outras fases econômicas. Assim, as novas tecnologias de informação e comunicação, mas também noções de economia e gestão são fundamentais para que esses profissionais tenham sucesso numa lógica de mercado [...] (CRUZ, 2014, p. 02).

No entanto, tanto em âmbito nacional como municipal, não há muitos estudos sobre a inclusão de elementos culturais e artísticos como forma de valorizar a prestação de serviços ou a produção de bens econômicos. Para que haja políticas públicas para essa área é necessário o estudo detalhado desses conteúdos para que se tenha um entendimento mais amplo sobre eles. Há que colocar na discussão da agenda política a importância da criação de políticas públicas nessa área. Salientar a importância dessa área para o desenvolvimento econômico, social, político e educacional é fundamental. A cultura pode ser entendida como um conjunto de ideias e comportamentos propagados por determinado grupo, e não somente o resultado dos artefatos produzidos por uma determinada sociedade. Desse modo, a cultura serve como elemento transformador de comportamentos sociais. Por isso, devemos apostar mais na política cultural como uma política pública transformadora. Nesse sentido, o agente cultural tem um papel fundamental, uma vez que, além de agente cultural é um agente transformador da sociedade. Com o atual cenário econômico brasileiro em crise torna-se essencial o estudo desta nova proposta econômica. Daí que, o presente trabalho pretenda demonstrar como as políticas de fomento da economia criativa podem ajudar a solucionar problemáticas relativas à cultura

10 e à economia e também servir de modelo para futuros empreendedores que queiram investir nesta área bem como ser um elemento a ser levado em consideração para fins acadêmicos. Este trabalho parte, por conseguinte, do seguinte questionamento: Como as Políticas Públicas de fomento da Economia Criativa podem contribuir para que os setores econômicos tradicionais agreguem em seus negócios valores culturais e artísticos, na cidade de Natal/RN? Estudar negócios que fazem uso da cultura e da arte é fundamental para entender como se desenvolvem, bem como as políticas que as subsidiam, tanto em âmbito nacional como também estadual e municipal. Por meio deste estudo procuramos salientar a importância do estudo das políticas de fomento da economia criativa. O trabalho tem como objetivo geral refletir sobre as indústrias criativas resultantes da integração de setores econômicos tradicionais com a cultura e a arte, em Natal/RN, a partir da perspectiva das Políticas Públicas de fomento da Economia Criativa. E como objetivos específicos: apresentar os principais marcos legais das Políticas Públicas de fomento da Economia Criativa; levantar exemplos de indústrias criativas resultantes da integração de setores econômicos tradicionais com a cultura e arte, em Natal/RN; realizar pesquisa qualitativa sobre duas indústrias criativas ou empreendimentos criativos na cidade de Natal/RN que tenham por base um setor econômico tradicional com a cultura e/ou arte; e finalmente, refletir a partir destes empreendimentos criativos sobre as Políticas Públicas de fomento da Economia Criativa. Quanto à metodologia, optamos pela pesquisa qualitativa que segundo Prodanov e Freitas "é descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 70). Na definição dos autores, a pesquisa qualitativa preocupa-se mais com o processo em si, de como ele acontece, como ele surge, como se dá a relação das pessoas com a realidade estudada, ficando os resultados ou hipóteses em segundo plano. A pesquisa qualitativa, muitas vezes, é usada quando não se tem a definição do que realmente o pesquisador quer estudar, qual o problema que ele deseja apresentar. Ela, muitas vezes, é usada para coletar dados da realidade estudada, e somente após ter feito isso, o pesquisador formulará uma hipótese e tentará por meio da pesquisa quantitativa comprovar essas hipóteses usando-se de números, estatísticas entre outros. Para esta pesquisa utilizaremos o método qualitativo, pois, pretendemos estudar como se dá a relação das políticas de fomento à economia criativa com setores tipicamente tradicionais. Os dados referentes à pesquisa qualitativa têm caráter descritivo, apresentando o

11 maior número possível de elementos da realidade estudada. A pesquisa qualitativa é a mais indicada para o nosso trabalho devido ao número imenso de informações que ela pode nos fornecer e que não são quantificáveis. Em relação às técnicas, optamos pelas técnicas de observação, que neste caso será a fotografia e as entrevistas semiestruturadas. A observação é uma das técnicas mais utilizadas no ramo das ciências sociais. Através da observação, o pesquisador poderá participar da realidade estudada e descrever essa realidade. Segundo Gil “pode ser considerado como o mais primitivo e, consequentemente, o mais impreciso. Mas, por outro lado, pode ser tido como um dos mais modernos, visto que possibilita o mais elevado grau de precisão nas ciências sociais” (GIL, 2008, p. 16). A técnica de observação utilizada nesta pesquisa será complementada com a fotografia que segundo Carlos Eduardo Belz: Se caracteriza pela aquisição e utilização de imagens no processo de produção científica. A ciência, como busca de entendimento da realidade, baseia seus métodos em observação e registro do que se vê ou do que pode ser medido e calculado. Nesse sentido, a fotografia surge como uma prática extremamente útil na demonstração do objeto de estudo. Seu uso é constante e em larga escala como forma de apoio às diversas esferas da pesquisa, mas a fotografia científica não se limita somente à ciência. Ela é utilizada na educação, em empresas, em operações militares, nas artes e outras (BELZ, 2011).

Portanto a fotografia consiste no registro estático de determinado espaço ou ser pela visão de um indivíduo. A fotografia pode transportar informações que não podem ser quantificadas como o sentimento, servindo ainda como um novo elemento para a análise dos objetos estudados e proporcionando outra visão do objeto. Segundo Cruz: A fotografia tem por base duas características que são nomeadamente o registro mecânico de uma realidade e o conteúdo de uma expressão através da identificação de significados. Deste modo, a fotografia cumpre três grandes funções: Documental, ao se constituir como reflexo, testemunho e representação da realidade; Artística, por procurar criar emoções; Textual, visto ser um meio de transmissão de ideologias e valores [...] (CRUZ, 2015).

A outra técnica que utilizaremos é a entrevista semiestruturada que difere do questionário por ser feita “cara a cara” com o entrevistado, sendo feita com base em um roteiro preestabelecido (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 106). Na entrevista busca-se a retenção de informações sobre a visão do entrevistado acerca de determinado assunto. Na entrevista semiestruturada há um roteiro de perguntas preestabelecido, por meio de formulário preparado com antecedência, mas o pesquisador pode colocar questões adicionais para aprofundar os tópicos preestabelecidos no roteiro.

12 Por fim este Trabalho se divide em três capítulos, onde, no primeiro se apresenta o referencial teórico em relação à economia criativa e aos marcos legais no âmbito nacional, internacional e local. Posteriormente, apresentaremos um estudo empírico sobre dois empreendimentos criativos da cidade do Natal, a Barbearia n° 33 e o Nalva Melo Café Salão, bem como uma entrevista com um gestor público da área cultural. Nas Considerações finais, refletimos sobre o estudo de caso acerca dos empreendimentos criativos sob o ponto de vista das políticas públicas de fomento da economia criativa.

13 1. ECONOMIA CRIATIVA: CONCEITOS E MARCOS LEGAIS

A Economia Criativa é um dos setores que mais se tem desenvolvido nos últimos anos, segundo dados da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD). Mesmo com a crise de 2008, em um cenário internacional, entre 2002 e 2011, as exportações de bens e serviços criativos obtiveram crescimento de 12,1% ao ano. Em alguns países, setores da economia criativa como audiovisual, literatura, música, moda, design e arquitetura contribuem com boa porcentagem para o Produto Interno Bruto (PIB) (LEITÃO, 2015). John Howkins publicou, em 2001, “The Creative Economy – How People Can Make Money From Ideas” (“Economia Criativa: Como Ganhar Dinheiro com Ideias Criativas”). Este autor trouxe a reflexão de como os bens e serviços produzidos pela imaginação ganhariam prestígio na sociedade do conhecimento do século XXI (LEITÃO, 2015). Com a discussão sobre a economia criativa inserida no contexto por Howkins, a UNCTAD criou o Relatório Mundial sobre a Economia Criativa, em 2008, onde os estudos e conceitos foram trabalhados em escala internacional (LEITÃO, 2015). Posteriormente, foi criada a Secretaria da Economia Criativa (SEC), no Brasil, mas esta é uma discussão que deixaremos para mais adiante. Definir um conceito para economia criativa se torna muito complexo devido à abrangência de setores. Em primeiro lugar, deve-se salientar que economia criativa não é o mesmo que criatividade. São conceitos diferentes, pois, este último: É a capacidade de gerar algo novo. Significa a produção de uma ou mais pessoas, de ideias e invenções que são pessoais, originais e significativas. Ela é um talento, uma aptidão. Ela ocorrerá toda vez que uma pessoa disser, realizar ou fizer algo novo, seja no sentido de “algo a partir do nada” ou no sentido de dar novo caráter a algo já existe [...] (HOWKINS, 2013).

Em segundo, também não é o mesmo que economia da cultura, uma vez que esta, ao lado da Economia do Conhecimento (ou da Informação), integra o que se convencionou chamar de Economia Nova, dado que seu modo de produção e de circulação de bens e serviços é altamente impactado pelas novas tecnologias, não se moldando nos paradigmas da economia industrial clássica. O modelo da Economia da Cultura tende a ter a inovação e a adaptação às mudanças como aspectos a considerar em primeiro plano. Nesses setores, a capacidade criativa tem mais peso que o porte do capital (BRASIL, 2012), mas pode ser considerada uma extensão ou ampliação desta. Também não é economia da inovação, visto que essa se baseia no conhecimento, a identificação e o reconhecimento de oportunidades, a

14 escolha por melhores opções, a capacidade de empreender e assumir riscos, um olhar crítico e um pensamento estratégico que permitam a realização de objetivos e propósitos (BRASIL, 2012). Por Economia Criativa, Cruz propõe a seguinte definição: que a economia criativa seja definida pelas atividades econômicas que têm por objeto a cultura e a arte, ou que englobam elementos culturais ou artísticos de modo a alterar o valor do bem ou serviço prestado. Deste modo, compreendemos o ciclo econômico de criação, produção, distribuição, difusão, consumo, fruição de bens e serviços que têm por objeto a arte e a cultura ou que incorporam elementos culturais ou artísticos. Afastamos desta concepção as atividades culturais e artísticas que não têm intuito econômico. O elemento simbólico e intangível são elementos que importam às atividades e que quando incorporados nestas lhes altera o valor econômico. Trata-se de por um lado da profissionalização de atividades culturais e artísticas, assim como o reconhecimento do valor econômico dos elementos culturais e artísticos incorporados em outras atividades econômicas como a gastronomia, a arquitetura ou os games (CRUZ, 2014).

Deste modo compreendemos que a economia criativa não se resume à fase da criação que pode surgir de várias formas dependendo da área, do autor, do artista, do empreendedor, entre outros profissionais, como alguns podiam sugerir devido à nomenclatura, mas como já mencionamos, a economia criativa não é criatividade, mas sim, todo ciclo econômico desde a criação até ao consumo do bem ou serviço, formando um ciclo que tem por base o conhecimento e gerando riqueza, emprego e renda que têm por objeto a cultura e a arte na obtenção do lucro. Miguez (2007) define como economia criativa “o conjunto de atividades assentadas na criatividade, no talento ou na habilidade individual, cujos produtos incorporam propriedade intelectual”. Outra definição proposta é a de Caiado (2011) onde ele diz o seguinte que considera a economia criativa “o ciclo que engloba a criação, produção e distribuição de produtos e serviços que usam a criatividade, o ativo intelectual e o conhecimento como principais recursos produtivos”. Para este trabalho, adotaremos a definição de CRUZ (2014), por entendermos que a centralidade da economia criativa está na cultura e na arte não na criatividade. Esta última, é apenas um dos seus elementos constituintes e não permite delimitar o objeto da economia criativa. Daí que a cultura (e a arte, incluída) seja o seu principal recurso econômico. A UNCTAD é o órgão do sistema das Nações Unidas que busca discutir e promover o desenvolvimento econômico por meio do incremento ao comércio mundial. Trata-se de um foro intergovernamental estabelecido em 1964 com o objetivo de dar auxílio técnico aos países em desenvolvimento para integrarem-se ao sistema de comércio internacional. Em 2008, lançou o Relatório Mundial sobre a Economia Criativa, onde aprofunda os estudos e conceitos da área sob uma forma (visão) internacional. Com relação ao conceito apresentado no Relatório, a Economia Criativa baseia-se em ativos criativos que potencialmente geram

15 crescimento e desenvolvimento econômico: ela estimula a geração de renda, criação de empregos e a exportação de ganhos, ao mesmo tempo em que promove a inclusão social. (LEITÃO, 2015). Uma observação importante a se fazer é a de que a inclusão não é uma realidade na indústria criativa nos países Europeus devido a ela ser financiada pelos grandes conglomerados econômicos, uma vez que, estes conglomerados seguem a lógica do mercado e consideram a economia criativa como uma fase mais sofisticada do sistema capitalista. Segundo a Ex-secretária da Secretaria de Economia Criativa (SEC) do Ministério da Cultura (MinC), Claudia Sousa Leitão “as indústrias criativas somente reforçaram o abismo entre ricos e pobres, especialmente, entre os países dos hemisférios Norte e Sul” (LEITÃO, 2015). O relatório ainda inclui diversidade cultural e desenvolvimento humano; abraça as perspectivas econômicas, culturais e sociais que interagem com objetivos de tecnologia, propriedade intelectual e turismo; é um conjunto de atividades econômicas baseada em conhecimento, com uma dimensão de desenvolvimento e interligações cruzadas em macro e micro níveis para a economia em geral; é uma opção de desenvolvimento viável que demanda respostas de políticas inovadoras e multidisciplinares, além da ação interministerial e no centro da economia criativa localizam-se as Indústrias Criativas, (UNCTAD, 2010). Por sua vez, a UNCTAD define as indústrias criativas como ciclos de criação, produção e distribuição de produtos e serviços que utilizam criatividade e capital intelectual como insumos primários, constituindo um conjunto de atividades baseadas em conhecimento, focadas, entre outros, nas artes que potencialmente geram receitas de venda e direitos de propriedade intelectual; constituem produtos tangíveis e serviços intelectuais ou artísticas intangíveis com conteúdo criativo, valor econômico e objetivos de mercado; posicionam-se no cruzamento entre os setores artísticos, de serviços e industriais e constituem um novo setor dinâmico no comércio Mundial. (UNCTAD, 2010) Por conseguinte, a UNCTAD classificou as indústrias criativas em quatro grandes grupos, Patrimônio, Artes, Mídia e Criações Funcionais que são divididos em nove (9) subgrupos. O grupo Patrimônio é divido em dois subgrupos, o subgrupo Expressões Culturais Tradicionais como artesanato, festivais e celebrações e o subgrupo Locais Culturais como sítios arqueológicos, museus, bibliotecas, exposições, etc. O grupo das Artes também dividido em dois subgrupos, Artes Visuais como pinturas, esculturas, fotografias e antiguidades, e Artes Cênicas como música ao vivo, teatro, dança, ópera, circo, teatro de fantoches, etc. O grupo da Mídia também é dividido em dois subgrupos, Editoras e Mídias Impressas como

16 livros, imprensa e outras publicações e Audiovisuais como filmes, televisão, rádio e demais radiodifusões. E por último, o grupo Criações Funcionais centralizado na demanda de prestação de serviços e criação de produtos e serviços. Diferentemente dos outros grupos é dividido em três subgrupos: Design (interiores, gráfico, moda, joalheria, brinquedos), Novas Mídias que podem ser software, videogames, conteúdo digital criativo, e Serviços Criativos que podem ser arquitetônicos, de publicidade, culturais e recreativos, pesquisa e desenvolvimento (P&D) criativo como também outros serviços digitais (UNCTAD, 2010).

Figura 1 - classificação da UNCTAD para as indústrias criativas

Fonte: UNCTAD (2010, p. 8)

17 Figura 2 - classificação dos setores criativos para a UNCTAD

Fonte: BRASIL (2012, p. 29)

No Brasil, em resposta à grande demanda desse setor foi criada a Secretaria da Economia Criativa (SEC) pelo Ministério da Cultura brasileiro (MinC). Posteriormente, veio a aprovação do “Plano da Secretaria da Economia Criativa: políticas, diretrizes e ações de 2011 a 2014”. A SEC tem a missão de “conduzir a formulação, a implementação e o monitoramento de políticas públicas para o desenvolvimento local e regional, priorizando o apoio e o fomento aos profissionais e aos micro e pequenos empreendimentos criativos brasileiros” (BRASIL, 2012). Segundo dados do SEBRAE, estima-se que o núcleo criativo gera um Produto Interno Bruto (PIB) equivalente a R$ 110 bilhões, ou 2,7% do total produzido no país. A cifra chega a R$ 735 bilhões, se considerada a produção de toda a cadeia, equivalendo a 18% do PIB nacional, O Brasil está entre os grandes produtores mundiais de criatividade.

18 Toda a cadeia da indústria criativa, que inclui atividades relacionadas e de apoio, movimenta mais de dois milhões de empresas brasileiras (SEBRAE, 2015). Estes dados confirmam que o Brasil é um dos maiores produtores de economia criativa. A SEC também definiu o conceito de economia criativa. Não utilizou o conceito da UNCTAD, visto que nos países mais desenvolvidos fala-se em indústrias criativas que, dão a dimensão de grandes conglomerados, produções massificadas, enfim produção em grande escala. Nesse conceito procurou adequar a realidade brasileira, pois, em sua maioria é composta por micro e pequenas e negócios informais. A definição de setores criativos é a seguinte:

os setores criativos são aqueles cujas atividades produtivas têm como processo principal um ato criativo gerador de um produto, bem ou serviço, cuja dimensão simbólica é determinante do seu valor, resultando em produção de riqueza cultural, econômica e social (BRASIL,

2012, p. 22).

Assim, os setores criativos são aqueles cujas atividades produtivas têm como processo principal um ato criativo gerador de um produto, bem ou serviço, cuja dimensão simbólica é determinante do seu valor, resultando em produção de riqueza cultural, econômica e social. Essa definição torna o setor criativo muito mais amplo que o setor cultural, abrangendo, como dito na definição, produtos com valores simbólicos. A classificação da SEC para os setores criativos também diverge um pouco da classificação da UNCTAD. Segundo esta classificação os setores criativos são divididos em cinco categorias: Patrimônio, Expressões Culturais, Artes de Espetáculo, Audiovisual/ do livro, da leitura e da literatura e Criações Funcionais. Na categoria Patrimônio se encaixam patrimônio material, arquivos e museus. Na categoria Expressões Culturais compreende-se o patrimônio imaterial, artesanato, culturas populares, culturas indígenas, culturas afrobrasileiras, artes visuais e artes digitais. No campo Artes de Espetáculo estão a música, a dança, o circo e o teatro. E por sua vez, o campo Audiovisual/ do livro, da leitura e da literatura diz respeito a cinema e vídeo, publicações e mídias impressas. E por último, no campo das Criações Culturais e Funcionais estão a moda, o design e a arquitetura.

19

Figura 3 - Escopo dos setores criativos Ministério da Cultura

Fonte: Brasil (2012, p. 30)

As definições de cada uma das organizações se adequam ao que foi proposto por cada um dos seus relatórios. No entanto, a definição da UNCTAD é mais abrangente, pois, pensa a economia criativa em escala internacional, e tem como foco as grandes corporações da economia criativa. No caso do Brasil, é entendido que:

20 A Economia Criativa Brasileira somente seria desenvolvida de modo consistente e adequado à realidade nacional se incorporasse na sua conceituação a compreensão da importância da diversidade cultural do país, a percepção da sustentabilidade como fator de desenvolvimento local e regional, a inovação como vetor de desenvolvimento da cultura e das expressões de vanguarda e, por último, a inclusão produtiva como base de uma economia cooperativa e solidária (BRASIL, 2012).

Figura 4 - Princípios norteadores da economia criativa brasileira

Fonte: Brasil (2012, p. 33)

Na figura anterior, encontramos os princípios norteadores da economia criativa brasileira: diversidade cultural, inovação, sustentabilidade e inclusão social. A Diversidade Cultural busca valorizar, proteger e promover a diversidade das expressões culturais nacionais como forma de garantir a sua originalidade, a sua força e seu potencial de crescimento; a Inclusão social, procura garantir a inclusão integral de segmentos da população em situação de vulnerabilidade social por meio da formação e qualificação profissional e da geração de oportunidades de trabalho, renda e empreendimentos criativos; a Sustentabilidade, busca promover o desenvolvimento do território e de seus habitantes garantindo a sustentabilidade ambiental, social, cultural e econômica; a Inovação tem por objetivo fomentar práticas de

21 inovação em todos os setores criativos, em especial naqueles cujos produtos são frutos da integração entre novas tecnologias e conteúdos culturais (BRASIL, 2012)., Os desafios da economia criativa brasileira a que o Plano procura dar resposta são: levantar, sistematizar e monitorar as informações e dados sobre a Economia Criativa para a formulação das políticas públicas; fomentar a sustentabilidade de empreendimentos criativos para fortalecer sua competitividade e a geração de emprego e renda; formar gestores e profissionais para os setores criativos com vistas a qualificar os empreendimentos, bens e serviços; ampliar a institucionalização da Economia Criativa nos territórios visando ao desenvolvimento local e regional e adequar os marcos legais para o fortalecimento dos setores criativos (LEITÃO, 2015). A SEC teve seu fim em 2015 e seu trabalho não foi continuado em uma Secretaria específica, mas foi dividido entre outras secretarias como, a Secretaria do Audiovisual (SAv) que tem como objetivo promover políticas, diretrizes e metas para o desenvolvimento da indústria audiovisual e cinematográfica brasileira; a Secretaria de Fomento e incentivo à Cultura que atua no âmbito de apoio às políticas culturais; e a Secretaria de Fomento e Incentivo à cultura (SEFIC), responsável por formular diretrizes gerais e dar publicidade aos critérios de alocação e de uso dos mecanismos de fomento e incentivo à cultura e do Fundo Nacional da Cultura, em conjunto com as outras unidades do Ministério (BRASIL, 2015). Em âmbito municipal existem algumas ações ou programas em relação à área da economia criativa como por exemplo Incubadora RN Criativa, Incubadora ITCart do IFRN e ações de Economia Criativa implantadas pelo SEBRAE. A Incubadora RN Criativa é um projeto da Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura em parceria com Governo do Estado do Rio Grande do Norte, através da Secretaria Extraordinária de Cultura do RN e Fundação José Augusto. O RN Criativo presta atendimento e assessoria aos agentes e empreendedores criativos, ofertando serviços que englobam formações, capacitações, consultorias e assessorias técnicas, voltadas para a qualificação da gestão de projetos, produtos e negócios de micro e pequenos empreendimentos criativos (BRASIL CRIATIVO, 2015). A ITCART - Incubadora Tecnológica de Cultura e Arte situada no Campus – Natal Cidade Alta, é integrante do Programa de Multincubação Tecnológica – MIT do IFRN. A partir de articulações da Diretoria de Inovação Tecnológica do MIT-IFRN, a ITCART foi concebida em março de 2011 por meio de parceria entre o IFRN, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE/RN e a Fundação de Apoio à Educação e ao

22 Desenvolvimento

Tecnológico

do

RN



FUNCERN,

responsável

por

gerenciar

financeiramente o convênio firmado (PORTAL IFRN, 2015). A ITCART se responsabiliza por um conjunto de ações estratégicas que visam fortalecer o mercado e a atividade empreendedora na Região Metropolitana de Natal (RMN), buscando

a

integração

com

atores

locais

(tais

como,

agentes

culturais,

artistas, estudantes, produtores, entre outros). Na sua atuação, possui estratégias de ação dirigidas especificamente às áreas da cultura, turismo e esporte e lazer. Esta Incubadora surge como parte integrante de uma nova concepção de incubadoras no Brasil. (PORTAL IFRN, 2015). O SEBRAE também é responsável por algumas ações na cidade do Natal e no Rio Grande do Norte. No entanto, essas ações são definidas em escala nacional. O programa do SEBRAE é implantado em conjunto com o Ministério da Cultura (MinC) e buscam a realização conjunta nas seguintes áreas de atuação: Gestão do Conhecimento para o Fortalecimento dos Segmentos e Territórios de Atuação da Economia Criativa – produzir, sistematizar e difundir informações dos segmentos e territórios da economia criativa brasileira; Formação em Gestão Empresarial e Qualificação Técnica de Profissionais e Empreendedores Criativos – desenvolver ações de capacitação e qualificação profissional em competências na área de gestão de negócios e empreendimentos, por meio da elaboração de conteúdos e metodologias, realização de cursos, seminários, publicações, tais como o Guia do Empreendedor Criativo; e Promoção e Difusão de Empreendimentos e Negócios – ampliar oportunidades de negócios para os empreendimentos criativos, possibilitando o acesso a diferentes canais de promoção, distribuição e comercialização de bens e serviços. Tendo os empreendedores criativos como público-alvo preferencial, este material sinaliza os primeiros passos no sentido de fornecer informações relevantes acerca do universo da economia criativa. (SEBRAE, 2015).

2. EMPREENDIMENTOS CRIATIVOS NA CIDADE DO NATAL Neste capítulo, apresentamos, os resultados das entrevistas com dois empreendedores do ramo de serviços tipicamente tradicionais que associam aos seus negócios atividades culturais, bem como, a entrevista com um gestor público na área cultural

23 municipal. Também apresentamos aqui, os resultados da nossa observação e dos registros fotográficos, visto que estas técnicas possibilitam a compreensão do objeto de estudo. Para as entrevistas semiestruturadas escolhemos dois empreendimentos que fazem sucesso na Cidade de Natal e que atuam na mesma área, nomeadamente Barbearia n° 33 e Nalva Melo Café Salão. O gestor público escolhido foi Josenilton Tavares, diretor do Departamento de Políticas Culturais da Secretaria Municipal de Cultura (SECULT/NATAL). Entendemos que para analisar o nosso objeto de pesquisa era necessário a opinião de um Gestor Público, uma vez que, cabe a ele a gestão da área das políticas culturais. O primeiro empreendimento escolhido foi a Barbearia n° 33, aberta em 2015, que trouxe um conceito diferente das barbearias já existentes em Natal. Essa barbearia é uma empreitada de Márcio Rodrigues, estudante do curso de Ciências Sociais e músico. A Barbearia n° 33, além dos serviços típicos de uma barbearia também oferece música e chopp, além de uma cartela selecionada de bebidas. Para além disso, apresenta um conceito inspirado nas barbearias dos anos 50 e 60 e os cortes de cabelo praticados são somente os cortes de cabelo tradicionais que resgatam um pouco da cultura dos anos 50 e 60. Segundo Márcio, o objetivo é, resgatar como as barbearias eram antigamente. Não me tornei barbeiro por conta de mercado ou dinheiro, e sim para resgatar o espírito das barbearias tradicionais. O fato do meu entendimento sobre os cortes que divulgamos e o conhecimento da história por trás de cada um, é um diferencial [...]

Marcio Rodrigues

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Figura 5 - Fachada da Barbearia n° 33. Natal. 2016 Clientes da barbearia (todos a esquerda) bem como o bar e o próprio Márcio (à direita). Fonte: Autoria própria

O segundo empreendimento selecionado foi o Nalva Melo Café Salão que é um empreendimento, fundado pela empresária Nalva Melo, bem mais antigo do que a barbearia. Porém, com um conceito bem inovador. O Nalva Melo Café Salão funciona há mais de 20 anos e a agregação de elementos culturais há 16 anos. O salão é inspirado nos cafés da cidade de Viena, na Áustria, com a união do café e salão de beleza e a agregação de eventos culturais. Nossa proposta é realizar uma consultoria de beleza de uma forma que nossos clientes se sintam capazes de dar continuidade ao processo após deixarem o salão [...]

Nalva Melo Café Salão

Consideramos que esses dois empreendimentos se encaixam perfeitamente na nossa linha de trabalho, uma vez que, são empreendimentos que misturam serviços tipicamente tradicionais, a barbearia e o salão de beleza, com setores criativos. Desse modo, o estudo desses dois empreendimentos possibilitará apreendermos a dinâmica da economia criativa na cidade de Natal. Há que distinguir, contudo barbearia de salão de beleza. O primeiro é um lugar onde só se faz corte no público masculino, corte de cabelo e barba, e às vezes sobrancelhas, constituindo-se, por isso, como espaços de confraternização do público masculino. O salão de beleza é unissex o e encontra-se aberto a todos os públicos.

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Figura 6 - Painel pintado pelo artista plástico Marcelus Bob. Natal. 2016 Marcelus Bob é considerado um dos 100 melhores artistas do mundo, pela revista alemã Neue Blätter, e por sinal é natalense nascido em Mãe Luiza. Na figura, encontra-se a poesia “ofertório” em homenagem e inspirado no próprio café salão de Civone Medeiros que é uma multi-artista (poeta, produtora cultural, performer). Também é o local de atendimento e produção do café. Fonte: Autoria própria

Márcio Rodrigues entrou no ramo recentemente, em 2015, e corta cabelo, desde de 2014, enquanto Nalva Melo trabalha há 28 anos, no ramo do salão de beleza.

É...só aqui na ribeira há 22 anos, né! com mais...são mais de 28 anos. Trabalhei na TV Tropical 3 anos e meio...e no primeiro salão que eu trabalhei no centro da cidade foram 2 anos [...]

Nalva Melo

Sobre a motivação ou a ideia de abrir o empreendimento, para Nalva era o desejo de abrir um salão. Porém, a ideia da junção do café com o salão, ela teve durante uma viagem para Viena, na Áustria, onde notou uma grande quantidade de cafés que misturavam vários tipos de serviços. Como Nalva, Márcio abriu a barbearia devido à vontade de ter um negócio seu e também devido a não ter tido uma boa experiência em trabalhar como empregado em outra barbearia. Como Nalva, ele também se inspirou em outro estabelecimento para abrir a barbearia. Segundo Márcio, ele não somente se inspirou, mas copiou a barbearia Schorem que fica em Rotterdam, na Holanda. Inclusive, esta barbearia tem hoje o seu próprio festival. Trabalhei em outra barbearia um tempo...mas eu não era nem um pouco valorizado.. era um ambiente legal de se trabalhar mas eu sentia que não era o lugar pra mim...

26 sabe, eu acho que eu tinha que montar um espaço com a minha cara, e ai eu decidi abrir aqui [...]

Márcio Rodrigues

Sobre as dificuldades de abrir empreendimentos com este conceito de oferecer mais de um tipo de serviço, Márcio entende que a maior dificuldade foi a aquisição de alguns materiais específicos para a barbearia, uma vez que, em Natal os preços são elevados, fazendo-se necessário procurar em outros Estados. Para Nalva, a dificuldade existe quando não se tem verba. No caso dela, não houve dificuldades na aquisição dos materiais para o seu estabelecimento. Eu acho que a maior dificuldade pra gente assim...falando.. também na localização porque a gente mora em Natal sabe...e a..e a barbearia é uma coisa muito recente...começou...a gente abriu ano passado e as barbearias no estilo da gente, abriram ano passado! então pra você achar qualquer tipo de material em relacionado a barbearia, especificamente, é muito difícil...cadeira bicho a gente foi garimpar...nos cantos assim muitos absurdos...foi em João Pessoa buscar cadeira, tá ligado, porque não achava aqui...tipo... não pelo menos num preço bacana assim...e ai a gente teve que...tipo muita dificuldade pra achar as coisas...mas...aqui deu certo [...]

Márcio Rodrigues

Figura 7 - Reprodução de fotografia de cena do filme “O Grande Ditador” na Barbearia nº 33. Natal. 2016 Cena em que Charlie Chaplin representa um barbeiro judeu. No filme, "O Grande Ditador" o 33 era o número de guerra de Charles Chaplin. Serve de inspiração para o nome da barbearia. Fonte: Autoria própria

27 Em relação à agregação dos elementos culturais aos estabelecimentos, Márcio diz que se deu devido à vontade de montar um espaço com a “cara dele”, uma vez que, tem de estar ali todos os dias. Então, o local tem que ser um local agradável não só para os clientes como também para as pessoas que trabalham nele. Para Nalva, foi uma visão de empreendedorismo, pois, ela tinha o espaço e tinha recursos e meios que possibilitariam essa agregação. Foi visão! foi uma visão que eu tive, poxa eu posso ter esse amigos artistas, eu tenho esse espaço enorme que não preciso de todo esse espaço pra cortar cabelo né! eu já tinha decidido que eu ia trabalhar sozinha e também não precisava de tanto espaço pra cortar cabelo [...]

Nalva Melo Para Márcio, a agregação desses elementos culturais ao negócio se dá por meio de parcerias com amigos e pessoas que trabalham na área, geralmente ele cede o espaço para os artistas ou pessoas que estejam interessadas em apresentarem seus trabalhos na barbearia. Márcio é um dos integrantes da Banda de Thrash Metal, Chaosface que inclusive tocou na abertura da barbearia. Porém, os shows da banda no local ficaram restritos ao dia de abertura. Houve a tentativa de criar um festival de rock próprio na barbearia, entretanto devido a problemas financeiros e de logística não foi possível a concretização do projeto, que foi adiado, mas ainda existe a pretensão de criar o festival. No Nalva Melo Café Salão, a inserção se dá por meio de parcerias com pessoas que trabalham com objetos culturais como por exemplo exposições, lançamento de livros, shows de bandas, dinâmicas em grupo, enfim, pessoas que trabalham na área cultural. Os valores são definidos em conjunto com os artistas com a intenção de facilitar a apresentação de seus objetos culturais. No caso da barbearia, os eventos culturais de grande porte como ocorrido na abertura, acontecem de forma separada, geralmente no espaço externo da barbearia. Já eventos de pequeno porte ocorrem dentro da barbearia durante o horário de atendimento. Um exemplo são os shows de mágica. No Nalva, dependendo do tipo de objeto cultural, os serviços do café salão podem ser prestados simultaneamente, um exemplo são as exposições de artistas plásticos que geralmente ficam no estabelecimento por um determinado período de tempo até à sua venda ou não. Outros eventos como workshops, lançamentos de livros, shows de bandas são organizados de forma separada por ocuparem muito espaço, necessário para alocar os convidados dos eventos.

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Figura 8 - Quadros Amanda Duarte - técnica mista (aquarela com café e vinho) no Nalva Melo Café Salão. Natal. 2016 Fonte: Autoria própria

Cara...a gente tentou fazer umas coisas aqui.. mas foi só na abertura...a gente fez um show da minha banda aqui na frente...não dentro da loja...foi aqui na frente. A gente já tentou fazer algumas coisas...tipo um festivalzinho mas por questões de grana e logística...a gente não conseguiu fazer...mas a gente pretende fazer, a gente já conversou com as banda e tal...como eu sou desse meio e tal e sou desse movimento musical em Natal né, dessa galera mais alternativa, então eu conheço muitas bandas...então...minha intenção é conseguir fazer uma estrutura que dê pras bandas tocarem... aqui na frente da barbearia.. não dentro...algumas vezes assim, a gente quer fazer isso porque...acho que música, isso tá muito relacionado comigo, e isso ia chamar uma galera massa pra barbearia também, e ia promover as próprias bandas, mas com a finalidade de ter uma festa porque só trabalho não dá não [...]

Márcio Rodrigues

Para Márcio, as vantagens na agregação de elementos culturais estão relacionadas diretamente ao ambiente do espaço de trabalho, uma vez que com essa agregação dos aspectos culturais o espaço se tornará mais agradável e além disso chamará um público novo para o negócio. Para Nalva, há a vantagem em trazer o público consumidor dos eventos culturais para o café salão. Por ela participar ativamente nos eventos, cria-se uma afinidade que acaba incentivando os clientes a visitarem o café salão para conhecer o trabalho dela. Em relação às desvantagens, no caso de Márcio, a sua preferência por um estilo musical poderia acarretar numa rejeição de clientes que não fossem adeptos desse estilo, mas isso não ocorre.

29 Para ele, a música acaba ficando em segundo plano devido à barbearia ser um ambiente legal e ter realmente um relacionamento íntimo com cliente. A barbearia acaba se tornando um espaço de confraternização. Para Nalva, o que caberia como desvantagem seria o fato de os eventos não serem muito rentáveis, mas esta não é uma prioridade para ela.

Figura 9 - Bar da Barbearia n° 33. Natal. 2016 O bar, a máquina de chopp e a vitrola dos anos 50 ou 60 bem como o televisor na Barbearia n° 33. Fonte: Autoria própria

As vantagens...é...porque eu ganho uma massa, um público e isso movimenta de alguma forma, pode não ser rentável pra mim por que esses na maioria não é rentável para mim mas atrai um público a conhecer esse espaço e conhecendo esse espaço ele se torna no mínimo meu cliente, ele vem cortar o cabelo, vem experimentar os serviços, vem tomar um café, volta outras vezes e assim vai...cria afinidades né! criam parcerias e dai vamos em diante [...]

Nalva Melo Em relação aos principais frequentadores da Barbearia e do café salão, em ambos os negócios predomina a presença de um público relativamente jovem, até aos 35 anos de idade. Os dois espaços são bem democráticos, mas a barbearia por ser um serviço mais restrito aos homens verifica-se uma predominância masculina, mas é um espaço aberto à entrada de mulheres. Nenhum dos dois são restritos a determinados públicos, o que acontece é que há certas seletividades em relação ao tipo de serviço oferecido e à forma como são divulgados os

30 empreendimentos, que acaba por chegar a um público específico que faz uso das ferramentas utilizadas para difundir os estabelecimentos.

Figura 10 - Local onde são oferecidos os serviços de salão do Nalva Melo Café Salão. Natal. 2016 Fonte: Autoria própria

[...] a maioria que vem assim é dos vinte (20) aos trinta (30) e poucos...porque como.. a gente acaba tomando muito a frente da empresa... nossa imagem, como é eu e meu pai, vem muito a galera da minha faixa etária que são meus amigos e a galera do meu estilo, mas também vem muito os amigos do meu pai, que acabam trazendo os amigos deles, e acaba sendo tipo uma coisa muito mesclada tá ligado, porque o pai...o cara trás o filhinho pequeno e trás o pai, e ai você tem três (03) gerações diferentes e gostos completamente diferentes [...]

Márcio Rodrigues Quanto à percepção do público na visão dos empresários em relação aos seus estabelecimentos é bem positiva. Para Márcio, o empresário deve investir em alguma coisa que gosta, no que lhe faça bem, pois sem dúvida nenhuma os clientes percebem isso. É o que ele tenta fazer na barbearia. Para ele, a barbearia não é só um trabalho e sim um estilo de vida, então ele vive aquilo plenamente. O que acontece é que os clientes apoiam essa proposta da combinação de serviços em um único estabelecimento. Para Nalva, a percepção do público é positiva em relação ao seu empreendimento, exceto quando as pessoas não entendem a proposta do que acontece ali. Segundo ela, as pessoas ainda têm preconceito em relação aos eventos culturais. Eu acho que eles veem que... tipo é algo que a gente gosta de fazer sabe, não é uma parada que a gente decidiu investir por causa de mercado, é algo que tava

31 relacionado a mim e eu quis fazer sabe, e eu acho que isso percebe... isso reflete na relação que a gente tem com os clientes, reflete na relação que a gente tem com os cortes sabe... é chato, às vezes o cliente acha que o cabelo tá bom e a gente num acha, a gente quer deixar um corte massa e tal e eu acho que isso... a percepção deles é tipo que eles veem que a gente tá feliz aqui, e isso acaba refletindo em tudo sabe[...]

Márcio Rodrigues Quanto a financiamentos ou incentivos do poder público para esses estabelecimentos são inexistentes. Márcio não tinha conhecimento sobre a possibilidade de financiamentos ao contrário de Nalva que tinha total conhecimento dos financiamentos oferecidos pela prefeitura de Natal, inclusive, tentou incluir um projeto no Fundo de Cultura. A divulgação dos estabelecimentos é feita exclusivamente nas mídias sociais, ou seja, meios de comunicação que fazem uso da internet como o Facebook, twitter, instagram e no caso do Nalva o próprio site da do estabelecimento. Fizemos um projeto que a gente fez o ano inteiro, o ano passado é... o Sarau do Café Salão e a gente inseriu nesse...ponto de cultura achando que ia porque a gente tava fazendo tudo de graça, eu que pagava o músico, eu que... porque eu queria realmente que esse projeto continuasse esse ano, sabendo que no final do ano eu ia inserir ele no... fundo de cultura né! eu achava que... ganharia, como passamos né! mas ele deu prioridade a outro então... eu não entendo porque, porque a gente já tá fazendo isso há tanto tempo. Esse em especial era o que eu queria [...]

Nalva Melo Quanto à área cultural, em Natal, Márcio entende que os conteúdos culturais da cidade são bem restritos a certos estilos hegemônicos na cidade. Para o estilo que a banda dele gosta de tocar, que é o trash metal. Existem poucas opções de mercado. Para Nalva, há mercado, e se não houver mercado na área cultural, cabe às pessoas que trabalham na área demandar isso. O Circuito Ribeira é um exemplo disso. Segundo ela, o circuito foi uma ideia para que as pessoas que trabalham no viés cultural participassem e apresentassem seus trabalhos. Nós temos uma gama de artistas e eventos. se não têm, criam, por que eles sempre estão se reinventando como por exemplo no Circuito Ribeira é uma alternativa pra mostrar cultura, então...se não tem inventa, por que isso foi uma coisa, o Circuito Ribeira foi uma ideia dessa de querer que muitos participassem, muitos artistas participassem...assim é uma...é uma grande sacada né [..]

Nalva Melo Por fim, ambos os empresários fizeram algumas sugestões para as pessoas que têm ideias e pretendem colocar isso em prática e ganhar dinheiro com isso. Para Márcio, o importante é fazer o que se gosta independente de qualquer coisa e não se deixar levar por pressões externas. Nalva sugere a persistência como essencial para o sucesso de ideias para as

32 pessoas que queiram trabalhar nessa área, uma vez que, há demasiadas dificuldades, principalmente na área cultural.

2.1 O OLHAR DO GESTOR

A entrevista com Josenilton Tavares, diretor do Departamento de Políticas Culturais da Secretaria Municipal de Cultura (SECULT/NATAL), tem o intuito de trazer alguns marcos legais e incentivos na área cultural no âmbito municipal como também as opiniões de um gestor em relação às políticas culturais em relação ao tipo de empreendimentos criativos e culturais explorados na pesquisa. Quanto aos incentivos fiscais em Natal a lei n° 4.838, de 09 de julho de 1997 que instituiu o Projeto Djalma Maranhão de incentivos fiscais para a realização de projetos culturais no âmbito municipal. Todo ano, o Poder Público em conjunto com a Câmara Municipal define a taxa de Renúncia. Esta é o montante financeiro que será direcionado para o patrocínio de projetos, cada projeto poderá adquirir até no máximo 10% da renúncia. Também conhecida como Lei Djalma Maranhão e Programa de Mecenato, esse programa permite que qualquer indivíduo da área cultural que tenha desejo em apresentar seu projeto, possa angariar fundos, ou seja, patrocínios junto a empresas que tenham interesse em patrocinar projetos culturais. O projeto funciona da seguinte forma: qualquer cidadão ou agente cultural que tenha uma proposta de projeto pode submetê-la, apresentá-lo à Secretaria Municipal de Cultura, posteriormente esse projeto será enviado a uma comissão normativa, eleita especificamente para a análise de projetos, essa comissão é paritária e composta por 08 representantes, sendo quatro (4) da sociedade civil organizada. Há uma eleição onde são escolhidos os representantes da sociedade civil, incluindo nestes, a classe artística e cultural como um todo, e quatro (4) representantes indicados pelo poder público que segundo Josenilton Tavares é composto geralmente pelos secretários de turismo, educação, tributação e um representante da Câmara Municipal. Esses oito representantes analisam as propostas e de acordo com a sua relevância esses projetos podem ser aprovados ou não. Se aprovado o projeto, o responsável receberá um certificado que o autorizará a ir a uma empresa para que ela através do marketing cultural, associe a empresa àquela ação. [...] então eles vão receber essas propostas, e aí vão discutir a relevância, a importância dessas propostas, e aí aprovam e a pessoa recebe um certificado que autoriza a ela ir a uma empresa, para que a empresa através do marketing cultural tá! associar a marca àquela ação, tá certo! para que possa realmente patrocinar o projeto[...]

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Josenilton Tavares Outro incentivo fiscal são as políticas de editais, onde a prefeitura lança o edital e os interessados podem participar. Os editais geralmente estão relacionados às festas tradicionais como por exemplo, o São João, o Carnaval, celebrações de fim de ano que são eventos que ocorrem todos os anos aqui em Natal. Diferentemente do Programa Djalma Maranhão, as políticas de editais disponibilizam as verbas de apoio para os aprovados nos concursos. Os editais são bem diversificados e específicos para as áreas artísticas, edital de teatro, de cordel, de música, de literatura, de quadrinhos entre outros. Dentro das políticas de editais está o Fundo de Incentivo à Cultura, o FIC. O FIC acaba se tornando uma alternativa para os projetos que não se encaixam ou não estejam tão adequadas ao Programa de Mecenato. No FIC quando o projeto é aprovado ele recebe diretamente a verba e realiza o projeto. No entanto, os projetos do FIC tendem a ter valores menores que as do Mecenato, fixado até um máximo de 30 mil reais.

[...] no fundo você apresenta seu projeto, se você for selecionado, você já vai receber o recurso pra realizar, não precisa ir em empresa nenhuma, o próprio município ele banca, no Mecenato não, quando você apresenta a proposta, você fica autorizado a captar uma empresa, a captar o recurso junto a uma empresa ok? Então você ainda tem que procurar uma empresa, a empresa tem que ter haver com a proposta que você está...está realizando para poder pactuar em troca de patrocínio, no Mecenato! no FIC não! no FIC todos os anos...geralmente os projetos são menores assim...ahh...no máximo até 30 mil reais, então... não passa disso... então dá pra possibilitar publicações... oficinas... por aí... então nós temos o Mecenato, nós temos o FIC que é o Fundo e nós temos a política de editais [...]

Josenilton Tavares

A Prefeitura tem a função de gerir todos os recursos públicos relacionados à cidade e à própria instituição. Quando se abre espaço para que determinados grupos participem, e que estejam aptos a receber verbas para isso, podem surgir pessoas ou grupos “mal intencionados”. Com base nisso, questionamos sobre as principais dificuldades que são enfrentadas para a concessão dos benefícios dos programas citados anteriormente. A primeira dificuldade é a compreensão dos participantes para com a concessão das autorizações, dos editais e programas. Acontece que alguns projetos são aprovados, mas o responsável ou os responsáveis não estão adequados aos requisitos de documentação e quitação de impostos como o IPTU e ISS o que acarreta na barragem dos seus projetos. Josenilton sugere uma reforma tributária, em alguns aspectos, não para isentar determinados indivíduos que não

34 cumpram com os seus deveres, mas acima de tudo para adequar as leis para a área cultural, que é bem específica em relação às outras áreas. O outro ponto em relação às dificuldades na concessão das autorizações e verbas se refere à ética dos participantes, que como estão fazendo uso do dinheiro público, têm que seguir uma linha de comportamento já definida. A burocratização existe exatamente para que essas condutas sejam barradas. No caso do não conhecimento das regras, as pessoas têm que ser preparadas e orientadas para gerir esses recursos. [...] claro que isso sugere uma reforma tributária para alguns aspectos, não pra isenção de quem erra e não cumpre com seus deveres, mas corrigir algumas coisas que atrapalham o setor artístico cultural, como por exemplo existem leis demais, existem coisas que não são tão adaptáveis pra área cultural que requer um outro tipo de instrumento mais específico [...]

Josenilton

Tavares

Atualmente existem alguns empreendimentos tradicionais de Natal que passaram a incorporar políticas culturais nos seus estabelecimentos para fins diversos. Não existem políticas municipais que apoiem essas iniciativas, salvo, se o projeto cultural estiver desvinculado da empresa. O proponente do projeto terá que ser pessoa física, não poderá ser uma empresa, exceto se ela estiver no ramo cultural, na área cultural, trabalhar com cultura de alguma forma, uma vez que, existem outros incentivos para a área comercial. Os programas municipais em relação à cultura são bem restritos. A empresa teria que estar na área cultural, se não for na área cultural não pode porque existem outros incentivos para a área comercial, no caso dependerá do objeto da empresa. Se uma empresa privada estiver interessada num projeto cultural, ela pode ela mesma patrocinar o seu projeto ou buscar outras empresas para patrocinar seu projeto [...]

Josenilton Tavares

É comum que em tempos de crise o número de investimentos caia um pouco, principalmente no poder público, visto que a arrecadação diminui e a base financeira do poder público é a arrecadação de impostos. Quando a arrecadação diminui a consequência é a diminuição dos investimentos. No caso do Estado, os recursos são direcionados para setores essenciais ao funcionamento do aparelho estatal. Geralmente, os setores culturais são os mais prejudicados em relação aos financiamentos estatais em tempos de crise e Natal é uma prova disso. Em 2014, foram lançados 18 editais para a área cultural, em 2015 foram 4 e em 2016

35 estão previstos menos de 4 editais1, salvo os eventos que são tradicionais da cidade como o carnaval, São João, Natal e festas de fim de ano. Josenilton Tavares critica essa postura, uma vez que, para ele o setor cultural é um setor estratégico e poderia ajudar a sair da crise.

[...] então realmente a primeira coisa que atinge, principalmente nos setores públicos se a arrecadação cai... você não tem... a sociedade não tem a percepção de que a cultura é essencial como a saúde, a assistência... ela não entende que é um setor estratégico e fundamental é exatamente ai, porque ela podia muito bem tá revertendo um pouquinho mais... diminuindo o impacto da crise usando a criatividade [...]

Josenilton Tavares Em relação ao mercado de Natal no âmbito cultural, a cidade está em constante crescimento, tanto de população quanto de investimentos e novos negócios, a área do entretimento tem crescido bastante, porém, somente a área do entretenimento ligada aos grandes veículos. Para Josenilton, o mercado de Natal ainda é bem conservador e restrito a determinados grupos hegemônicos, e isso acaba por prejudicar novos segmento e propostas nessa área.

Por incrível que pareça é extremamente conservador, ainda não atualizou esses novos referenciais apesar de muita rede social, apesar de muita tecnologia, mas ainda estamos em transição demorada tá! pra entender...mas a cidade cresceu mais tanto em população como em oportunidades de negócio, não tem dúvida tá! mas o setores que cresceram foram os setores mais apoiados politicamente né! e os setores mais ligados a esses novos serviços ai né [...]

Josenilton Tavares

A respeito dos empreendimentos criativos, o gestor exaltou a iniciativa desses empresários, uma vez que, tornam os empreendimentos mais dinâmicos e mesmo em tempos de crise esses estabelecimentos fazem uso da cultura e da criatividade para continuarem crescendo. [...] eles são mais dinâmicos nesses aspectos, então você pode ter uma crise generalizada e os caras terem boas ideias, capitalizar essas boas ideias exatamente porque a crise contribuiu para que os caras tenham...esse potencial criativo "alterado" eu tô ilustrando, então...pronto você citou uma coisa muito bem, a economia criativa em si que é um conceito mais novo, já dá conta disso, já deu visibilidade à esses setores produtivos que trabalham diferente, que pensam diferente tá! que não se prende àquela estrutura, àquele modo de produção tão convencional né! como uma fábrica, no mundo setorial em si, então realmente você pode ter um cara que simplesmente cria algo que independente da crise todo mundo 1

Editais lançados pela Fundação José Augusto: http://www.cultura.rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=PROCED&TARG=&ACT=xp00_BUSCA&PAGE=0&PAR M=%22editais%22+%2C%22ANY%22%2C+%22PESQUISA+EM+TODO+O+PORTAL%22&LBL=

36 quis, e aí através disso ele pode...ter um retorno absurdo, e geralmente tem alguns nichos dos setores criativos que só estão se dando muito bem agora [...]

Josenilton Tavares

CONSIDERAÇÕES FINAIS Do ponto de vista da economia criativa, um empreendimento pode ser considerado criativo quando combina vários tipos de serviços, sendo pelo menos um deles de caráter cultural e/ou criativo (arquitetura, design, moda, publicidade) ou o modo como são formados os produtos tangíveis e/ou intangíveis, ou seja, o processo de criação, desenvolvimento, finalização e comercialização do produto. Todos estes empreendimentos são considerados pelas políticas de fomento da economia criativa, as quais promovem a utilização de novos espaços culturais como os citados na pesquisa. O empreendedorismo e as novas tecnologias são duas ferramentas promovidas por estas políticas públicas que ao contrário das políticas culturais coloca no empresário e na sua criatividade a utilização dos recursos culturais como uma forma de agregar valor em seus negócios tradicionais. Diante do exposto pelas entrevistas com os empreendedores percebemos o quanto foi e é importante a agregação de elementos culturais e ou artísticos aos empreendimentos. Esta agregação possibilita uma inovação para o salão de beleza e a barbearia que são considerados negócios tipicamente tradicionais e tecnicamente estetizados, ou seja, eles funcionam de uma forma já pré-determinada. Essa agregação cultural do ponto de vista da economia criativa e dos empreendimentos criativos consiste na mistura de serviços ou de vários elementos na composição de um produto e ou serviço. Na barbearia e no salão percebemos essa ampliação deste conceito de negócio para o ramo dos serviços. Muitas pessoas gostam de ir ao shopping devido a terem vários serviços em um só local, o empreendimento criativo possibilita isso, a agregação de vários serviços em um só lugar, sendo alguns deles culturais e criativos. Na Barbearia n° 33, essa agregação se deu por meio de três elementos que são os seguintes: o Design de Interiores que consiste em uma decoração bem particular da barbearia inspirada nas barbearias dos anos 50 e 60, com aparelhos como uma vitrola da mesma época que segundo Márcio Rodrigues foi inserida com o intuito de melhorar o ambiente de trabalho; o segundo elemento são os eventos culturais, como os shows da banda do próprio Márcio e os shows de mágica; o terceiro elemento se refere ao bar, há chopp, uma cartela bem selecionada

37 de bebidas, alguns petiscos, um televisor onde há a exibição de jogos, geralmente de futebol, por ser um espaço predominantemente masculino. Essa proposta é bem inovadora na cidade de Natal, visto que, podemos considerar a barbearia um tipo de serviço tradicional. O design interior e os eventos culturais possibilitam ao cliente permanecer mais tempo no estabelecimento e consequentemente consumir mais, paralelamente aos serviços de bar na barbearia e de café no salão. A possibilidade de os eventos culturais ocorrerem simultaneamente à prestação dos serviços da barbearia facilita essa vontade do cliente permanecer mais tempo no ambiente. No Nalva acontece o mesmo, com a diferença de que ao invés de um bar existe um café, ambos os estabelecimentos, a barbearia com mais ênfase, fazem uso de uma técnica da Psicologia Ambiental chamada de Behavior Setting (BARKER, 1968; BARKER; WRIGHT, 1951) baseada no aprofundamento da teoria de Kurt Lewin “resumida pelo autor na equação C = f (P x A), a qual indica que as relações pessoa-ambiente são bidirecionais e contínuas, ou seja, a pessoa tanto influencia o ambiente quanto é influenciada por ele” (LEWIN, 1965). Segundo Wicker, o Behavior Setting é definido da seguinte forma “"sistema limitado, auto-regulado e ordenado, composto de integrantes humanos e não-humanos substituíveis que interagem de modo sincronizado para realizar uma sequência ordenada de eventos denominada programa” (WICKER, 1979, p.10-12). Essa sistematização ocorre nos dois empreendimentos estudados, e isto foi observado a partir das técnicas de observação e fotografia do comportamento dos empresários, o modo de se vestirem e se portarem influência o cliente não só a permanecer mais tempo no estabelecimento como também a conhecerem um pouco mais sobre o ambiente e os aspectos culturais da caracterização do ambiente bem como dos eventos culturais propostos. Os dois empreendimentos trazem a proposta de barbearia, e salão de beleza, com um conceito, onde, na barbearia vende-se não só o corte de cabelo, mas também tudo o que está por trás disso, o conceito da barbearia que remete aos anos 50 e 60 os cortes, a caracterização da barbearia, o modo de se vestir dos barbeiros tudo isso, constrói isso. No caso do Nalva também há a venda de um conceito, o design de interiores do salão café também remete aos anos 50 e 60, há uma abertura para a diversidade dos elementos culturais e ou artísticos bem como a diversidade de cortes que o salão de beleza possibilita. Devemos atentar que o principal produto desses estabelecimentos são seus cortes, no caso da barbearia e do salão, o bar e o café se equivalem e já fazem parte do estabelecimento como um produto fixo. Ele não é só anexado, como faz parte da conjuntura do ambiente. Os

38 eventos culturais podem ser considerados o complemento, ou seja, algo para incrementar o produto, que são os cortes de cabelo. Dos três serviços prestados talvez o mais difícil de medir seja o cultural, mas é talvez um fator decisivo para fixar uma clientela em ambos os empreendimentos, nomeadamente nos serviços de bar/café. Outro fato importante é a criação de um novo “nicho” para o mercado cultural, se esse conceito da agregação dos aspectos culturais se difundir, os artistas, os músicos, os escritores e tantos outros agentes culturais terão novos espaços para demonstrarem seus trabalhos, visto que, o mercado natalense pode ser considerado um mercado conservador, baseado no “apadrinhamento” como diz o próprio Josenilton Tavares “por incrível que pareça é extremamente conservador, ainda não atualizou esses novos referenciais apesar de muita rede social, apesar de muita tecnologia, mas ainda estamos em transição demorada” Por fim, concluímos que essa ideia de incluir um tipo de elemento cultural e ou artísticos bem como propostas de políticas de fomento da economia criativa nos negócios, traz inúmeros benefícios, pelo que percebemos nos casos do Nalva e da Barbearia n.º 33 a melhora no ambiente e o aumento da clientela. Deixamos, não uma crítica, mas uma sugestão de que esse tipo de empreendimento seja mais valorizado e fomentado em âmbito local, a partir das Políticas Públicas de fomento da Economia Criativa – inexistentes a nível municipal –, para que esses estabelecimentos se possam constituir como um setor estratégico e desenvolvimento do município e até do próprio estado do Rio Grande do Norte.

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REFERÊNCIAS

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WICKER, A. An Introduction to Ecological Psychology. Belmont, CA: Brooks Cole, 1979.

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APÊNDICES

ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS EMPREENDEDORES 01-

Há quanto tempo que o senhor trabalha nesse ramo?

02-

Como surgiu a ideia de abrir este empreendimento?

03-

Quais as maiores dificuldades para abrir um empreendimento deste tipo?

04-

Com que finalidade o (a) senhor (a) agregou aspectos culturais ao seu

estabelecimento? 05-

Como se dá a inserção desses aspectos culturais no empreendimento?

06-

Como funciona a relação desses dois tipos de serviços que o seu estabelecimento

oferece? 07-

Quais as vantagens e desvantagens da união de um tipo de negócio tipicamente

tradicional com aspectos culturais? 08-

Qual é o seu principal consumidor?

09-

Qual a percepção do público, na sua visão, em relação a seu empreendimento?

10-

O senhor recebe algum tipo de financiamento público?

11-

Como é feita a divulgação do seu negócio?

12-

O mercado de Natal é um bom mercado para empreendimentos no âmbito cultural?

13-

Que medidas ou políticas públicas sugere para empreendimentos deste tipo?

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ROTEIRO DE ENTREVISTA COM O GESTOR 01 - Quais são os incentivos para as políticas culturais locais? 02 - Quais são as maiores dificuldades enfrentadas pelos gestores na concessão de financiamentos? 03 - Existe algum tipo de financiamento municipal para empreendimentos culturais que não são de iniciativa pública? 04 - Em âmbito municipal há algum tipo de auxílio para os estabelecimentos privados que insere em seus negócios algum tipo de política cultural? 05 - Em tempos de crise os setores culturais na maioria das vezes são os mais prejudicados em relação aos financiamentos. No momento o Brasil está passando por uma crise, há algum reflexo da crise nas políticas de financiamento do município de Natal? 06 - Há alguma política de apoio a divulgação de estabelecimentos que ofereçam algum tipo de política cultural? 07 - Como o senhor(a) vê o mercado natalense no âmbito das políticas culturais?

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