Empresas verdes: o consumidor frente as novas práticas sustentáveis no mercado de detergente de roupa

June 26, 2017 | Autor: Elon Vieira Lima | Categoria: Sustentabilidade, Marketing Verde, Jabones y Detergentes, Produto Verde
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XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

EMPRESAS VERDES: O CONSUMIDOR FRENTE AS NOVAS PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NO MERCADO DE DETERGENTE DE ROUPA Igor Serejo Vale Arcos (UEMA) [email protected] BEATRIZ VIRGINIA CRUZ MATOS (UEMA) [email protected] Marta Ceres Pinheiro Marinho Dutra (UEMA) [email protected] Elon Vieira Lima (UEMA) [email protected]

O aumento da consciência ambiental tem levado os consumidores a terem uma preocupação cada vez maior com o meio ambiente, o mercado está se tornando cada vez mais sensível a produtos que agridem menos a natureza e cada vez mais aberto a produtos que buscam protege-la. Esse movimento socioambiental tem levado a uma crescente onda “verde” que engloba conceitos como: produtos verdes, marketing verde e sustentabilidade. O mercado de detergente para roupas vem percebendo essa mudança e sensibilidade do mercado frente a essas novas ideologias de sustentabilidade e responsabilidade socioambiental. Para acompanhar esses movimentos, as grandes empresas que atuam nesse setor estão fazendo pesquisas, mudando as fórmulas de seus produtos, gerando ações ambientais mais limpas como forma de fixar antigos e atrair novos consumidores. A pesquisa tem como objetivo avaliar se os consumidores conhecem os conceitos ambientais e práticas sustentáveis usados pelas empresa e verificar se as boas práticas sustentáveis influenciam no processo de decisão de compra. Nesta pesquisa, a metodologia tem caráter qualitativo, pois trabalhará com a percepção do público estudado sobre o tema abordado e descritiva utilizando como ferramenta um questionário para identificar e avaliar a sensibilidade do consumidor a fim de determinar se há mudança de comportamento no ato de compra de detergentes para roupas devido influencia de boas práticas sustentáveis das empresas e/ou produtos verdes. Como resultado pode-se observar que a maioria dos clientes conhece os termos associados à práticas sustentáveis e estariam dispostos a adquirir produtos mais sustentáveis e que causem menos danos ao meio ambiente. Palavras-chave: Marketing verde, Produto verde, Sabão de Roupas, Detergente, Sustentabilidade

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1. Introdução No decorrer dos anos, a mentalidade do consumidor vem se modificando. Outrora, o que parecia desnecessário, agora parece indispensável. Produtos vêm se renovando, empresas investindo em tecnologia para conseguirem se manter competitivas no mercado nacional e internacional. Nos dias atuais muita coisa tem corroborado para que o consumidor repense suas práticas de consumo. As práticas das empresas se tornaram importantes para os consumidores, de maneira geral, na busca dos itens do dia-a-dia. Outra coisa que vem impactando muito a vida do consumidor é a ideia de sustentabilidade, onde salvar a natureza e a humanidade se tornaram assuntos corriqueiros na vida das pessoas. Coleta seletiva, economia de água e energia, produção de energia mais limpa, passaram a ser discutidos cada vez mais nas empresas e no cotidiano do consumidor. Observando isso, as empresas vêm se utilizando do marketing verde para divulgar suas novas práticas e as melhorias geradas em seus produtos. Unilever, a fabricante da OMO, pretende reduzir em até 50% o uso da água associado na utilização de seus produtos. A empresa Química Aparo, dona da marca Ypê, anuncia, por meio de vídeos e rótulos dos produtos, que planta árvores, contribuindo assim para o reflorestamento e preservação de matas e rios. Outro exemplo é a P&G, detentora da marca Ariel, o detergente para roupas mais vendido do mundo, anunciou que seu novo produto não precisaria mais de água quente para garantir alta performance para a lavagem das roupas, podendo-se utilizar somente água morna, e, por não precisar mais de água quente, economizaria mais energia. Entretanto, será que os consumidores de detergente para roupas mudaram seus hábitos de consumo frente as novas práticas de sustentáveis das empresas, influenciados pelo marketing verde? Para que o consumidor mude seus comportamentos, vários aspectos acabam impactando. Conhecer os aspectos da sustentabilidade, por exemplo, trás uma nova visão para um consumidor ordinário, gerando uma consciência de responsabilidade ambiental. Mesmo que o consumidor possua uma consciência “ambientalmente correta”, as empresas são efetivas nas suas estratégia de marketing verde? Como o consumidor observa o produto verde, pode trazer, ou não, uma nova visão no momento de compra do produto. Mesmo que esse seja mais caro, o fato do consumidor se sentir importante em “salvar o mundo”, mesmo de maneira pequena, transforma a maneira do consumidor frente a determinados produtos.

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Produtos verdes/sustentáveis trazem benefícios, não só pro meio ambiente, mas também, pro próprio consumidor. Como no exemplo citado acima da Ariel, onde o consumidor tem um custo menor de energia, ou a OMO, que trás um custo menor no custo de água. Então, procura-se avaliar a sensibilidade do consumidor e sua mudança de comportamento no ato de compra de detergentes para roupas influenciados pelas boas práticas sustentáveis das empresas e/ou produtos verdes.

A importância de se observar o fato dos hábitos dos

consumidores mudarem, se dá também numa observação disfarçada sobre a mudança cultural e produtiva das empresas. buscar saber se a cultura consumista est se modificando, se influenciar de maneira incisiva como ser o geridos os recursos nos próximos anos.

1.1 Consumismo, consumidor comum e consumidor verde A natureza social do homem é consumista e extravagante, o que dá a ela suas características de classes sociais e diferenciação e aceitação e grupos sociais. Para Twitchell apud Barros (2008) a sociedade contemporânea, grande parte do tempo, vem concentrando seus esforços para produzir e consumir cada vez mais. “Esta sociedade do consumo – e o materialismo que a fundamenta – possui o consumo como elemento central e articulador de sua vida social” (Kozinets & Handelman, apud Barros 1998, 2008). Bauman apud Oliveira (2010), afirma que “esta sociedade de consumo tem como base de suas alegações a promessa de satisfazer os desejos humanos em um grau que nenhuma sociedade do passado pôde alcançar. Porém, a promessa de satisfação só permanece sedutora enquanto o desejo continua insatisfeito; mais importante ainda, quando o cliente n o est “plenamente satisfeito”. Ou seja, é uma busca incessante por uma satisfaç o que, em tese, nunca ser alcançada.” “O estudo do comportamento do consumidor envolve o estudo de indivíduos, grupos ou organizações e o processo que eles usam para selecionar, obter, usar e dispor de produtos e serviços, experiências ou ideias para satisfazer necessidades e o impacto que esses processos tem sobre o consumidor e a sociedade” (, Hawkins, Mothersbaugh e Best, apud Nogami 2010). Douglas e Isherwood, apud Barros at al(2008) diz que “o consumidor não é observado como um indivíduo isolado que considera apenas as variáveis de disponibilidade dos produtos e preço. Ao contrário, são ressaltadas as influências do meio social nos seus processos de

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consumo.” Assim, cultura e economia estão intimamente vinculadas produzindo um complexo relacionamento entre a produção material e as configurações sociais (Firat apud Barros, 2008). Kotler (1993), Churchill (2005) e Nogami apud Dias (2005) (2010), reconhecem que inicialmente é necessário reconhecer o(s) problema(s) e a(s) necessidade(s), ou seja, perceber a razão pela qual ele pretende mudar o estado real para um estado desejado. O segundo passo é buscar informações, que visam pesquisar em variadas fontes as informações relevantes para que a compra possa solucionar seu problema. Essa busca pode ter alta ou baixa intensidade, e de grande ou pequena amplitude, esses fatores são determinados pela relevância do problema inicial. A terceira etapa é a avaliação das alternativas, o processamento de todos os dados levantados até então, e, caracterizado por cada pessoa, ou seja, não há um processo exato para a avaliação, existem variações de consumidor para consumidor. Em seguida vem a decisão da compra, que é influenciada por atitudes de terceiros ou imprevistos, que podem alterar ou não a decisão. E, finalmente o pós compra, que leva em consideração a satisfação ou insatisfação do cliente após adquirir o produto desejado. A questão do impacto ambiental do consumo foi definida inicialmente nos limites da noção de “consumo verde”, concentrando-se um pouco mais tarde no chamado “consumo sustent vel”. O surgimento da ideia de um consumo verde e, portanto, de um consumidor verde, só foi possível, basicamente, a partir da conjunção de três fatores inter-relacionados: o advento, a partir da década de 1970, do ambientalismo público; a “ambientalizaç o” do setor empresarial, a partir dos anos 1980; e a emergência, a partir da década de 1990, da preocupação com o impacto ambiental de estilos de vida e consumo das sociedades afluentes. A partir da combinação desses três fatores, especialistas, autoridades, políticos e organizações ambientalistas começaram a considerar o papel e a corresponsabilidade dos indivíduos comuns, em suas tarefas cotidianas, para a crise ambiental. Ações individuais conscientes, bem informadas e preocupadas com questões ambientais aparecem como uma nova estratégia para a solução dos problemas ligados ao meio ambiente e para as mudanças em direção à sociedade sustentável (Portilho apud Elkington). De acordo com Facundes (2011), o Instituto Akatu realizou uma oficina durante a Conferência Internacional Ethos 2009, em que foi apresentado pontos de destaque de várias pesquisas sobre o perfil do consumidor, e foi constatado que:

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O consumidor brasileiro espera das grandes empresas que, além de serem agentes produtivos, sejam agentes sociais e ambientais, contribuindo ativamente para o desenvolvimento da sociedade; o consumidor valoriza cada vez mais as questões ambientais em sua decisão de compra; os consumidores estão dispostos a punir ou recompensar as empresas pelas suas práticas efetivas de responsabilidade social empresarial; os consumidores mobilizam, mais e mais, outros consumidores a avaliar a ação social e ambiental da empresas, e, ao mesmo tempo, a levar estas informações em consideração em suas decisões de compra. Focalizando então para o consumidor ambientalmente responsável ou consumidor verde, Nogami apud Ottman (2010), os define como os que buscam produtos que exercem impacto mínimo no ambiente. O termo consumerismo é adotado aos direitos, às exigências e à visão crítica dos consumidores. Assim, um termo pertinente que Ottman classifica é o do novo consumidor que pratica o consumerismo ambiental, que é o consumo preocupado em proteger vidas e a subsistência, é onde a pessoas na hora da compra irão pender para produtos considerados ambientalmente saudáveis e responsáveis e rejeitar os que não são. O consumidor verde está dividido, segmentado em 5 tons de verde (Nogami apud Ottman, 1994), como observado no Quadro 1: Quadro 1- Os inúmeros tons do Verde

Fonte: Ottman, (1994)

“O que já acontece a algum tempo no mercado, em relação à preocupação ambiental, é quanto à tecnologia. Foi percebido um avanço tecnológico nas indústrias em trabalhar seus processos produtivos de maneira que agrida menos o meio ambiente, o que falta agora é trabalhar o pensamento do consumidor, em valorizar mais as empresas que mais prezam por esta preocupação ecológica ” (NOGAMI apud Gonçalves-Dias, 2007). “É necessário então, para criar ou amadurecer esta consciência ambiental na grande massa dos consumidores, que a iniciativa seja principalmente do poder público, conforme afirmações das consumidoras pesquisadas” (Nogami apud Motta, 2003). Assim estas políticas públicas

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refletiriam em exigências para funcionamentos das empresas, que consequentemente afetaria o consumidor final.

1.2 Sustentabilidade empresarial e suas estratégias de marketing verde como fator de competitividade De acordo com o dicionário Aurélio, a palavra sustentável tem origem no latim "sustentare", que significa sustentar, apoiar, conservar. Conforme o Relatório Brundtland, Elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e desenvolvimento, o conceito de sustentabilidade inclui os fundamentos econômico, social e ambiental. Neste documento, Boff (2008) diz que algo é sustentável quando os recursos são utilizados de maneira a suprir a necessidade das gerações atuais sem esgotar recursos para as gerações futuras (Boza, Calgaro, Lucca, 2011). Até meados da década de 60, a maior preocupação das empresas se referia a otimização dos seus sistemas produtivos para atender a demanda devido ao crescimento populacional. Nesse período, os aspectos de sustentabilidade não eram levados em consideração (Trierweiller et al apud Silva & Callado, 2012). Segundo Silva & Callado apud Cortês (2012), foi a partir da década seguinte que a preocupação com o meio ambiente passou a ser tomada pelas pessoas e assim incorporada nas organizações, algumas delas passaram a apreciar esta questão como custo extras, enquanto outras passaram a implantar isso ao seu processo produtivo como via de reduzir desperdícios e ampliar a competitividade empresarial. Por tanto, para Cano & Olivieira (2011): “As empresas para serem reconhecidas pela sociedade futuramente, deverão saber fazer o uso do relacionamento com a sociedade através da responsabilidade social, assim conquistando sua cidadania empresarial, tendo como consequência sua auto-sustentabilidade.” Ainda de acordo com Cano & Olivieira (2011), a sustentabilidade empresarial tem andado em foco no Brasil pelo interesse do mercado em difundir a cultura da sustentabilidade no mundo dos negócios. Logo, tornou-se mais que uma preocupação ambiental, a sustentabilidade empresarial possui uma abrangência e que mobiliza uma boa estratégia para a obtenção dos índices de sustentabilidade no mercado de capitais. sustentabilidade empresarial, no conceito mais atual, é um pacote de práticas ações que integram os aspectos econômico, social e ambiental, alicerçados por uma competente governança corporativa. E a competência dessa governança é que contempla o produto final

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observando os diversos índices positivos estabelecidos de sustentabilidade (Cano & Oliveira apud Folha da Região, 2010 ). O que ainda se observa é que muitas das organizações tratam de interesses particulares relativos ao crescimento e lucratividade organizacional, porém, insistindo deixarem de ouvir e medir constantemente se as práticas e políticas estão condizentes com suas ações e atitudes (Savitz, 2007 apud Cano & Oliveira). De acordo com Stringhini (2009) A modernização e a competitividade trouxeram as empresas nacionais e internacionais uma importante ferramenta, a Gestão Ambiental, a qual foi vista num primeiro momento como inimiga do progresso. Como uma ferramenta da Gestão Ambiental, o Marketing Verde e suas estratégias entram como fator competitivo e diferencial de mercado dentro das organizações. De acordo com Stringhini apud Voltolini (2009) “o Marketing Verde é, em essência, um ajuste das estratégias mercadológicas de empresas às exigências de um novo tempo no qual consumidores desejam, mais do que produtos, compromissos firmes”, neste sentido: O marketing verde veio como uma ferramenta muito boa de competitividade para as organizações. No início do século passado, o marketing era visto como uma ferramenta de manipulação, hoje se tornou a principal ferramenta de estimular comportamentos. Novas técnicas e formas de aplicação foram moldando marketing, o quão fosse conveniente para a organização. O marketing verde é uma dessas novas técnicas. É um tipo de marketing que não trata de apenas criar produtos biodegradáveis ou recicláveis, mas também usar disso para suas campanhas de atração de clientes. Dessa maneira, os três parâmetros de sustentabilidade são englobados (econômico, social e ambiental). (CRUZ, 2014).

Práticas indicam a consciência do consumidor, divulgá-las a partir do Marketing Verde e passar a informação de como a empresa emprega seu produto no mercado e o que faz para minimizar o impacto é o caminho a ser trilhado pelas empresas que entrarão no Mercado Verde (Stringhini, 2009). Para analisar-se o marketing verde, Waissman apud Polonsky et al (2001) criaram uma lista de critérios que servem para estudar a cultura do consumo. Esse modelo deve permitir que o nível gerencial das empresas, governos e ONG’s entendam melhor as v rias forças que afetam esta modalidade de marketing. Os autores supracitados recomendam seja feita uma lista com termos-chave, e estes analisados criticamente. A partir daí, podem ser observados os aspectos de tensão existentes, que irá nos permitir estabelecer parâmetros e soluções, passo a passo, comportamentais. Waissman apud Philip Kotler e Gerald Zaltman (2001) passaram a recomendar a inserção do

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marketing social como importante conceito, definindo-o como “a aplicaç o de técnicas e conceitos do marketing para promover assuntos que sejam benéficos a ideais e causas sociais”. Esta definição incorpora, implicitamente, aspectos relativos ao ambiente físico como componente do marketing social, como, por exemplo, a preservação, a conservação e a proteção do meio ambiente.

2. Metodologia A metodologia adotada para desenvolvimento do tema foi exploratória. A natureza exploratória se dá pois, de acordo com Gil (1994), busca desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias para a formulação de novas abordagens num momento posterior. Quanto aos aspectos metodológicos, o presente estudo ainda possui natureza qualitativa e quantitativa. De acordo com Oliveira (200 , p.117 as pesquisas de natureza qualitativa “possuem a facilidade de poder descrever a comple idade de uma determinada hip tese ou problema, analisar a interaç o de certas vari veis, compreender e classificar processos din micos”. Gil (1994) afirma que a natureza quantitativa considera que tudo pode ser quantific vel, o que significa traduzir em números opini es e informaç es para classific -las e analis -las. equer o uso de recursos e de técnicas estatísticas. Para o presente artigo, formulou-se um questionário de pesquisa on-line, que buscou verificar o conhecimento e a sensibilidade do consumidor brasileiro frente a utilização do marketing verde pelas empresas de detergente para roupas. A fim de analisar se tal ação de marketing é eficaz no processo de decisão de compra do produto, os dados foram coletados pelo período de uma semana e teve abrangência nacional. Buscou-se avaliar o grau de importância dos seguintes aspectos: QUALIDADE, PREÇO, MARCA e IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE. Mensurado o grau de importância dos aspectos listados, uma série de perguntas foram realizadas, foram estas:

1)

Na sua percepção, a qualidade do produto está diretamente relacionada a marca e à sua visibilidade?

2)

Você conhece o termo sustentabilidade?

3)

Você conhece o termo marketing verde?

4)

Você conhece o termo produto verde?

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Realizadas essas perguntas, uma verificação do conhecimento dos termos fora feita e assim conseguiu-se mensurar o quanto o termo é conhecido. A questão da consciência dos conhecedores dos termos fora trabalhada com as seguintes perguntas:

5)

Você já pensou sobre o impacto que o seu sabão de lavar roupa causa sobre o meio ambiente?

6)

O selo verde ou práticas sustentáveis de uma empresa influenciam no seu processo de decisão de compra?

7)

Você se considera fiel à alguma marca de sabão para roupas?

8)

Você tem conhecimento se o seu sabão de lavar roupa é um produto verde ou possui algum diferencial de sustentabilidade?

9)

Você estaria disposto a trocar o seu sabão de roupa atual por uma marca mais sustentável?

10)

Você estaria disposto a pagar mais para adquirir um produto que cause menos danos ao meio ambiente?

Coletados os dados, foram criados gráficos no EXCEL para melhor análise dos mesmo.

3. Resultados e discussões Realizada a análise de dados, pode-se constatar, de acordo com o figura 1, que, de maneira geral, a qualidade do produto é o aspecto mais importante no momento do ato da compra, em segundo lugar vem o preço. O aspecto ambiental do produto, na visão do consumidor, não é tão relevante. E dentre os aspectos, o mais insignificante é a marca do produto.

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Figura 1- Grau de Importância dos aspectos no ato de compra do detertenge para roupas

A figura 2 mostra que, para a maioria dos consumidores, marca e qualidade não são critérios diretamente relacionados. Fazendo uma correção entre as figuras 1 e 2, percebemos que essa afirmação é verdadeira, ao passo que, dentre os aspectos analisados no primeiro gráfico, o menos relevante é a marca. Figura 2- Percepção do Consumidor: Qualidade do Produto vs. Marca

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Isso se comprova com a figura 3, que mostra que 70% dos consumidores não se consideram fieis a uma marca específica de detergente para roupas.

Figura 3 - Fidelidade do Consumidor à sua marca de Detergente para Roupas

Com isso, pode-se supor que grande parte dos consumidores esta disposta a usar um produto com qualidade comprovada, mesmo que não pertença a uma grande marca, abrindo assim caminho para novos entrantes. É, também, importante observar se o consumidor conhece algumas termologias empregadas dentro da área ambiental, pois tais termologias podem acabar impactando no seu processo de decisão de compra. Se o consumidor diz que conhece bem a termologia, supõe-se que este também entende seus termos e seus propósitos. Observando a figura 4, temos: Figura 4 - Conhecimento do Consumidor sobre o seu Detergente para Roupas: Produto Verde/ Diferencial de Sustentabilidade

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Tem-se então que a maioria dos consumidores conhece o termo Sustentabilidade. Entretanto, se tratando de Marketing Verde e Produto Verde, esse percentual cai drasticamente. O termo menos conhecido pelos consumidores é o Marketing Verde. Ou seja, pode-se constatar que o termo Sustentabilidade e seus princípios já estão altamente difundidos entre o público. Entretanto, uma parcela ainda não conhece muito bem, mas reconhece sua existência. Dentre os conhecedores de pelo menos uma das termologias, pode-se constatar pouco mais da metade dos consumidores são influenciados no ato de compra do produto, se estes souberem que a empresa possui um selo verde e/ou práticas sustentáveis.

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Figura 5 - Influência Selo Verde/Práticas Sustentáveis no Processo de Decisão de Compra

No entanto, a maioria dos consumidores ainda não tem conhecimento se o detergente para roupas que eles usam é um produto verde ou possui um diferencial de sustentabilidade, como observado na figura 6.

Figura 6 - Conhecimento do Consumidor sobre o seu Detergente para Roupas: Produto Verde/ Diferencial de Sustentabilidade

O que se pode conjecturar é que, embora conhecendo o termo e sendo influenciado pelo aspecto ambiental de uma empresa, a falta de conhecimento do consumidor se o produto que

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este usa é ou não um produto ambientalmente correto, se dá pelo fato das estratégias de marketing verde ou não existirem (caso a empresa realmente não possua um diferencial de sustentabilidade) ou simplesmente ineficazes, não sensibilizando o consumidor de seus produtos no ato da compra do mesmo, comprovando o fato da qualidade ser o aspecto mais substancial no ato de compra, que o aspecto ambiental. Outro aspecto avaliado foi sobre o conhecimento do consumidor sobre os impactos causados pelo detergente para roupas. Os consumidores, de maneira geral, nunca pensaram sobre os impactos gerados pelo seu detergente para roupas. Como mostrado na figura 7.

Figura 7 - Conhecimento do Consumidor: Impacto Gerado pelo Detergente para Roupas

Mesmo não conhecendo os impactos gerados pelo produto que usa, a maioria quase absoluta dos consumidores estão dispostos a trocar o seu detergente para roupas atual por um mais sustentável, como mostra na figura 8

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Figura 8 - Disposição do Consumidor em trocar seu produto atual por um produto menos danoso ao Meio Ambiente

E também, de acordo com o figura 9, observa-se que a maioria dos consumidores estão dispostos a pagar um pouco mais caro por um produto menos danoso ao meio ambiente. Não se entrou no quesito quanto mais caro o consumidor estaria disposto a pagar para adquirir um produto mais sustentável, entretanto podemos observar o conceito de responsabilidade ambiental em processo de consolidação na cultura de consumo do brasileiro. Figura 9 - Disponisão do Consumidor em pagar mais caro por um produto menos danoso ao Meio Ambiente

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4. Conclusão O presente trabalho apresentou um estudo simples, porém efetivo, pois conseguiu de maneira simples e objetiva realizar uma avaliação sobre a sensibilidade do consumidor no seu processo de decisão de compra de detergente para roupas. Pode-se constatar que a qualidade e o preço ainda são os aspectos mais significantes no ato de decisão de compra de um produto, comprovando a hipótese inicial. Pode-se observar também que o conceito de produto verde/sustentável é relevante, entretanto, por falta de conhecimento do consumidor se o produto é, ou não, ambientalmente correto, esse conceito acaba por não influenciar no processo de decisão de compra. Constatou-se também que o menos significante é a marca do produto. Isso se comprova, ao passo que os consumidores não são fiéis a uma marca específica de detergente para roupas, o que abre espaço para novas empresas que estão pensando em entrar no mercado. Contudo precisam oferecer um produto com qualidade equiparada, ou superior das marcas já consolidadas no mercado. Embora não esteja diretamente nos objetivos do trabalho proposto, observou-se que a responsabilidade ambiental está cada vez mais consolidada na mente das pessoas, ao passo que a maioria dos consumidores está disposta a trocar de produto, mesmo que este seja mais caro, contanto que o mesmo seja menos danoso ao meio ambiente. Esta se encontra alinhada aos objetivos de forma implícita, pois se pode observar que o consumidor é influenciável pelas práticas sustentáveis e/ou produtos verdes que a empresa possui, e é sensível, ao ponto de pensar em mudar seu comportamento frente a tais diferenciais de sustentabilidade Para as empresas então, pode-se dizer estas precisam melhorar suas estratégias de marketing verde, caso existam, e deveriam investir mais em um produto mais sustentável, tanto para as que já estão consolidadas no mercado, tanto para aquelas que pensam em entrar.

5. REFERÊNCIAS BARROS, Denise Franca; COSTA, Alessandra Mello; AYROSA, Eduardo André Teixeira Uma Crítica ao Discurso Consumo Consciente no Brasil. IV ENEC - Encontro Nacional de Estudos do Consumo, Rio de Janeiro – RJ, 2008 BOZA, Martires Maria Catucci; CALGARO, Cleide; LUCCA, Margarete Fátima Sustentabilidade, desenvolvimento sustentável e ecodesenvolvimento: Um projeto para

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uma justiçapolítica-social? – Disponível em: http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?artigo_id=9166&n_link=revista_artigos_leitura acesso em Abril de 2015 CANO, Thaís Regina; OLIVEIRA, Paulo André de. Características da Gestão Responsável e Sustentável; Revista Eletrônica Administração: Gestão e Tecnologia – Volume 1 – nº1, 2011 CRUZ, Anderson. Marketing Verde: O que é e Como Fazer. Disponível em: http://inst.sitesustentavel.com.br/marketing-verde-o-que-e-e-como-fazer/ Acesso em Abril 2015 FACUNDES, Silvania. A Influência do Marketing Social na compra do consumidor: estudo de caso da marca Ypê. 2011 GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1994. NOGAMI, Vitor Koki Da Costa - O Comportamento Do Consumidor Sob o Olhar da Sustentabilidade – 30ª Semana do Administrador, 2010 OLIVEIRA, S. L. Tratado de Metodologia Científica. São Paulo: Pioneira, 1997. OLIVEIRA, Verônica Macário de; CÂNDIDO, Gesinaldo Ataíde. Contemporaneidade do Consumo Sustentável e as suas Correlações com as Práticas Empresariais e o Comportamento do Consumidor, 2010 PORTILHO, Fátima. Consumo Sustentável: Limites e Possibilidades de Ambientalização e Politização das Práticas de Consumo; Caderno EBAPE.BR; edição temática 2005 SILVA, Maria Daniella de Oliveira Pereira da; CALLADO, Antônio André Cunha. - XIX Congresso Brasileiro de Custos 2012 STRINGHINI, Simone Andreia. Implantação do Marketing Verde nas Empresas – Case Philips. São Paulo, 2009 WAISSMAN, Vera. Como o Marketing Verde Interfere na Imagem de Marca da Indústria de Celulose: o estudo de caso da Aracruz Celulose S.A. Rio de Janeiro, 2001

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