Encontro discute a memória da ditadura em São Paulo

June 19, 2017 | Autor: P. Funari | Categoria: Dictatorships, Arqueología, Direitos Fundamentais e Direitos Humanos, Ditadura Militar
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http://www.prr3.mpf.mp.br/ditadura-militar-noticias/1748-encontro-discute-a-memoriasobre-a-ditadura-em-sao-paulo Encontro discute a memória sobre a ditadura em São Paulo Ligado 16.11.15. Publicado em Ditadura Militar

Como preservar a memória e a verdade por trás de nossa história? Essa e outras questões foram debatidas em evento da PRR3

Realizada na Procuradoria Regional da República da 3ª Região no dia 11 de novembro (quarta-feira passada), o encontro sobre “Lugares de Memória” teve como palestrante Rebecca Atencio, professora de literatura luso-brasileira e estudos culturais da Tulane University (EUA) e como debatedores Maurice Politi, ex-preso político e diretor do Núcleo de Preservação da Memória Política de São Paulo e Flávio Bastos, doutorando em direito político e econômico da Universidade Presbiteriana Mackenzie e membro do grupo de pesquisa "Conflitos Armados, Massacres e Genocídios". Outros 30 presentes, como alunos de direito e arqueólogos, também participaram da discussão, presidida por Pedro Paulo Funari, arqueólogo e professor da Universidade Estadual de Campinas. O evento, organizado pela Procuradora Regional da República Inês Virginia Prado Soares e pelo Prof. Flávio Bastos, é fruto da iniciativa da PRR3 em conjunto com o Núcleo Memória e com o Grupo de Pesquisa Arqueologia da Repressão e da Resistência, da UNICAMP.

IMG 8963 Mesa do evento "Lugares de Memória" na PRR3

O tema “Lugares de Memória: um olhar para a experiência brasileira” teve enfoque na ditadura militar, que vigorou no país de 1964 a 1985. O período foi marcado por

prisões, torturas e mortes. Um dos lugares mais conhecidos, por ter sido palco dessas ações em São Paulo, foi o prédio do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). A abordagem da professora Atencio direcionou-se detalhadamente para o papel simbólico que esse local possui. Segundo a pesquisadora, lugares como o DOPS devem ser preservados porque mostram a natureza sistemática da prática de crimes, ou seja, são testemunhas e provas das torturas e mortes que foram cometidas em seu interior. No entanto, segundo Atencio, para preservar a memória que há no local, é importante que haja uma intervenção humana, já que o prédio em si não seria a representação da memória propriamente dita. “[o local] é apenas veículo de suportes materiais para os trabalhos subjetivos da memória. São os agentes humanos que dão o significado real. A mágica somente acontece se há pessoas que intervêm para fazer com que isso aconteça.”, defende.

Atencio analisa a importância da peça de teatro “Lembrar é resistir”, encenada no prédio por volta do ano 2000 e que lançou luzes para o lugar onde as atrocidades foram cometidas e para importância de não esquecer esses acontecimentos. Na peça, a plateia interagia com os atores e os espaços explorados eram os mesmos nos quais os fatos ocorreram. “Esse tipo de teatro permite que o próprio lugar fale com a sua memória sobre as atrocidades que ocorreram dentro de suas paredes, a fim de comunicar sua sensação para os visitantes. A ação pode converter os espectadores em testemunhas tardias”, afirma a professora.

IMG 8995 A procuradora regional da República, Inês Soares, coordenadora do evento

Memória e Verdade - Abrindo a discussão para outros lugares históricos de São Paulo que também ajudam a recontar esse passado, Maurice Politi, ex-preso político e diretor e fundador do Núcleo Memória (Núcleo de Preservação da Memória Política de São Paulo), realçou a importância do projeto desenvolvido no Memorial da Resistência. Ao

contrário do projeto anterior, que inclusive deu ao museu o nome de Memorial da Liberdade, a nova execução contou com uma equipe multidisciplinar e comprometida com a memória e verdade. "Foi um trabalho em conjunto com profissionais da arqueologia, museologia, história e sociologia, ao contrário do que havia na época do Memorial da Liberdade. Nesse novo projeto, demos voz ao protagonista", explica Politi. Ele defendeu que outros locais, como os que abrigaram a Auditoria Militar e o DOICODI, também sejam memoriais, apresentando o projeto para reforma o prédio da antiga Auditoria Militar para sua transformação no Memorial da Luta pela Justiça e destacando a importância da PFDC/MPF na cessão deste imóvel pela União.

Por fim, Flávio Bastos contribuiu com um panorama internacional da preservação da memória. Apresentou exemplos de Memoriais e marcas de memória como os que podem ser vistos no Chile, na Argentina, na Alemanha, na Hungria e no Camboja, dentre outros. Na Bósnia, um antigo campo de estupro virou um hotel/spa – para Bastos, esse é um típico caso de desmemorialização, como a negação da história, tal como foi feito com a derrubada do Carandiru e a criação do Parque da Juventude. "A relação entre passado e presente não é de exclusão, e sim de integração", finalizou.

A procuradora-chefe da PRR3, Maria Cristiana Simões Amorim Ziouva, em sua intervenção, deixou o convite para que os debates sobre esse tema continuassem em evento dedicado aos estagiários, para que os jovens tenham oportunidade de conhecer mais sobre nossa história recente.

IMG 9011 A procuradora-chefe da PRR3, Maria Cristiana Simões Amorim Ziouva

A íntegra do debate "Lugares de Memória: um olhar para a experiência brasileira" pode ser assistida aqui:

Workshop: Lugares de Memória - (1/2) Workshop: Lugares de Memória - (2/2)

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Assessoria de Comunicação Social Procuradoria Regional da República da 3ª Região Fones: (11) 2192 8620/8766/8925 e (11) 99167 3346 [email protected] twitter: @mpf_prr3

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