Endocitose e tráfego intracelular de nanomateriais

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Acta Farmacêutica Portuguesa 2014, vol. 3, n. 2, pp. 149-166

Endocitose e tráfego intracelular de nanomateriais Endocytosis and intracellular trafficking of nanomaterials Ferreira L.A.B.1, Radaic A. 1, Pugliese G.O. 1, Valentini M.B. 1, Oliveira M.R. 1, de Jesus M.B.1 ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE

RESUMO Os avanços recentes da nanotecnologia têm aumentado a utilização de nanomateriais e nanodispositivos para diagnose, terapias e outros fins tecnológicos. O conhecimento da interação entre nanomateriais e meios biológicos permite a descoberta de aplicações mais racionais, podendo ajudar a entender e antever seus efeitos adversos e citotóxicos. A endocitose é um processo biológico dependente de energia que está envolvida na internalização de nanopartículas pelas células, e depende de eventos orquestrados que requerem o funcionamento coordenado dos lipídios e proteínas da membrana plasmática. Estudos que visam investigar em detalhes a endocitose e o tráfego intracelular de nanopartículas são indispensáveis para compreensão de mecanismos celulares ainda inexplorados e permitem projetar novas funções, que consequentemente auxiliam na escolha de aplicações biomédicas da nanotecnologia. Nesse contexto, esta revisão visa conceituar as principais vias de endocitose utilizadas no estudo da internalização de nanomateriais em células eucarióticas. Além disso, alguns destinos intracelulares de nanomateriais serão discutidos para auxiliar nos estudos do processamento celular de nanopartículas e desenvolvimento de novas ferramentas terapêuticas. Palavras-chave: Endocitose, nanopartícula, tráfego intracelular

ABSTRACT Recent advances in nanotechnology have increased the use of nanomaterials and nanodevices for diagnostic, therapeutic and other technological applications. The knowledge about the interaction between nanomaterials and biological media allows the development of more rational applications, as well understand and anticipate adverse and toxic effects resulting from this interaction. Endocytosis is an energy-dependent biological process responsible for internalization of nanoparticles, which depends on orchestrated events that require lipids and plasma membrane proteins functioning. Studies that aim to investigate in detail the endocytosis and intracellular trafficking of nanoparticles are essential for understanding cellular mechanisms, which in turn help to select its biomedical applications. In this context, this review aims to conceptualize the main routes of endocytosis used to study the internalization of nanomaterials in eukaryotic cells. In addition, we discuss some intracellular trafficking of nanomaterials to aid in studies of the cellular processing and development of new therapeutic tools. Keywords: endocytosis nanoparticle, intracellular trafficking

Nano-Cell Interactions Lab., Departamento de Bioquimica, Instituto de Biologia CP 6109, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, 13083-970, Campinas, SP, Brasil Autor para correspondência: para correspondência: Marcelo Bispo de Jesus Correio - e-mail: [email protected] -http://lattes.cnpq.br/9611381402490228

1

Submetido/ Submitted: 2 outubro 2014 | Aceite/Accepted: 15 novembro 2014 © Ordem dos Farmacêuticos, SRP

ISSN: 2182-3340

Ferreira L.A.B., Radaic A. , Pugliese G.O. , Valentini M.B. , Oliveira M.R. , Jesus Correio M.B.

COMO OS NANOMATERIAIS ENTRAM NAS CÉLULAS? Estruturas em escala nanométrica, incluindo

fazer o transporte através de células endoteliais (transcitose)

11–13

. Durante a endocitose, uma

porção da membrana plasmática sofre inva-

nanopartículas, são abundantes na natureza e

ginação e forma uma vesícula lipoproteica na

estão presentes em nosso planeta há bilhões de

porção interior da célula, que é então liberada

anos

. Os exemplos mais comuns nos quais

no citoplasma. Portanto, essa vesícula é consti-

podemos encontrar estruturas em nanoescala

tuída de uma porção da membrana plasmática,

são leite, pólen, fumaça, emissões vulcânicas,

bem como constituintes do meio externo confi-

além de alguns micro-organismos, como vírus e

nados em uma vesícula intracelular (Fig. 1). A

bactérias. A vida na Terra evoluiu em presença

endocitose pode ser classificada em fagocitose

de nanoestruturas, de modo que a interação

e pinocitose. A fagocitose é desempenhada por

e internalização delas não é uma novidade.

células do sistema imunológico, principalmente

Existem até mesmo evidências de um meca-

por fagócitos profissionais, como os monócitos,

nismo de internalização rudimentar em seres

macrófagos, neutrófilos, células dendríticas

mais primitivos como bactérias . O fato da

e mastócitos

interação entre nanomateriais e células não

internalizam materiais exógenos, geralmente

ser um evento recente na natureza nos leva a

com diâmetros maiores que 750 nm, para

pensar que, durante esse tempo, as células

formar um fagossomo que será processado no

desenvolveram mecanismos para internalizar

interior da célula. Já na pinocitose a vesícula

e, muitas vezes, metabolizar nanomateriais

.

endocitada é chamada endossomo e essa via é

Um exemplo disso é a defesa desenvolvida pelas

virtualmente presente em todos os tipos celu-

células contra patógenos intracelulares, seguida

lares. A pinocitose pode ser dividida em endoci-

da co-evolução dos patógenos para desenvolver

tose mediada por clatrina, endocitose mediada

estratégias moleculares para escapar desses

por caveolina, macropinocitose ou endocitose

mecanismos

clatrina-caveolina independentes 5.

1–3

4

7,8

5,6

. Essa co-evolução dificulta o

11,14

. Nesse processo, as células

desenvolvimento sistemas eficientes de carrea-

A internalização de nanopartículas depende

mento de fármacos ou genes para liberação

de eventos orquestrados que requerem o

intracelular . Nas células eucarióticas, animais

funcionamento coordenado dos lipídios e

e vegetais, o principal mecanismo de internali-

proteínas da membrana plasmática.

9

zação, também utilizado pelos nanomateriais, é a endocitose.

Vários aspectos são importantes para determinar a internalização de um nanomaterial,

A endocitose é um processo biológico depen-

como o tipo de interação que ele estabelece com

dente de energia, vital para células eucarióticas

a membrana plasmática, sua forma e compo-

e altamente conservado entre tipos celulares

sição, além de seu tamanho e revestimento 5,14,15.

e espécies. Ela acontece com o dinâmico rear-

A via de internalização será determinada por

ranjo da membrana, dos microtúbulos, dos

uma série de fatores, incluindo as propriedades

filamentos de actina e filamentos intermediá-

físico-químicas dos nanomateriais (tamanho,

rios que são componentes do citoesqueleto da

composição química, carga, funcionalização

maioria das células eucarióticas

da superfície, reatividade superficial, adsorção

10

. Normal-

mente as células utilizam-se da endocitose para

superficial, etc.)

internalizar nutrientes, realizar transdução de

essas vias serão melhor detalhadas e relacio-

sinais, modular a composição da membrana

nadas com a endocitose de nanomateriais.

plasmática, reciclar receptores de membrana e

150

16

. Nas seções seguintes

Acta Farmacêutica Portuguesa, 2014, vol. 3, n. 2

Endocitose mediada por Clatrina

da curvatura da membrana

A endocitose mediada por clatrina (EMC)

revestida por clatrina possui aproximadamente

é um dos mecanismos de internalização em

100-200 nm de diâmetro, sendo formada a

células eucarióticas mais estudados e foi inicial-

partir da constrição da membrana invaginada

mente observado por Roth e Porter em 1964

pela GTPase dinamina, que libera a vesícula no

ao investigarem a endocitose de proteínas em

citoplasma

gema de oocisto do mosquito Aedes aegypti

polimerização de actina e miosina de classe I

. Após alguns anos, Pearse (1975) avaliou a

para gerar a invaginação da membrana, estru-

formação de vesículas em membranas sináp-

turação da vesícula revestida, recrutamento

ticas por microscopia eletrônica, observou

para o citoplasma e cisão da vesícula. Algumas

uma estrutura proteica que revestia as vesí-

proteínas adaptadoras e a proteína miosina

culas em formação, as quais eram capazes de

VI também são essenciais para o transporte

interagir com outras moléculas e serem trans-

das vesículas para endossomos precoces

17

5,24–27

22–24

. A vesícula

. Outro fator importante é a

10

.

portadas para compartimentos celulares espe-

A EMC pode influenciar no destino ou

cíficos. Portanto, Pearse propôs que se tratava

degradação lisossômica de nanomateriais. Esse

de um importante exemplo de uma classe de

fator é relevante quando se utiliza nanopartí-

proteínas, denominando-a de clatrina .

culas como carreadores de fármacos ou genes.

18

A EMC é considerada uma “rota clássica”

de

pela

de fármacos (drug delivery), a forma pela qual

essenciais

a partícula é endocitada pode fazer com que a

para sobrevivência celular. Esta via endocí-

nanopartícula seja degradada pelas enzimas

tica também desempenha papel importante

lisossomais e não chegar ao alvo destinado.

na internalização de complexos de receptores

Estabelecer estratégias para promover o escape

de membrana, transportadores de metais,

dos endossomos e evitar a degradação lisos-

moléculas de adesão e os receptores de sina-

somal é vital para o sucesso da terapia

lização, citocinas, neurotransmissores, pató-

esse motivo, essa via de internalização deve ser

genos, antígenos e lipoproteínas

. Outras

evitada quando o alvo do tratamento não são

funções da EMC incluem a regulação nega-

os lisossomos, ou quando o escape dos endos-

tiva da sinalização celular por internalização

somos não querer a acidificação do endossomo.

absorção

internalização, de

vários

responsável

No uso de nanopartículas para carreamento

nutrientes

19–22

28–30

. Por

ou degradação de receptores e manutenção da homeostase celular, por exemplo, por meio de

Endocitose mediada por Caveolina

bombas de íons de tráfico intracelular

.

A endocitose mediada por caveolina é outro

O mecanismo de formação relacionado

mecanismo que permite a internalização de

com a EMC envolve a formação de uma vesí-

nanopartículas. Caveolinas são proteínas de

cula a partir da polimerização de uma proteína

22-24 kDa incorporadas na porção citosó-

citosólica chamada clatrina-1, que também

lica da membrana plasmática e com porções

requer o auxílio proteínas adaptadoras AP180

N- e C-terminais encontradas voltadas para

e AP-2

o citoplasma

22,24

5,19,20,23

. A clatrina é uma proteína composta

31

. Logo que essas proteínas são

por estruturas denominada trisquélions, que

sintetizadas, elas são inseridas na membrana

possuem três cadeias pesadas (~190 kDa) e

do retículo endoplasmático e levadas pela via

três cadeias leves (~25 kDa). Os trisquélions

secretora do retículo, formam complexos homo

se configuram para gerar uma estrutura hexa-

e heteroligoméricos no complexo de Golgi e

gonal e pentagonal, que propicia a formação

são transportadas para a membrana plasmática

151

Ferreira L.A.B., Radaic A. , Pugliese G.O. , Valentini M.B. , Oliveira M.R. , Jesus Correio M.B.

como conjuntos de aproximadamente 100-200

plasmática liberando o endossomo no cito-

moléculas de caveolina. É importante ressaltar

plasma, são essenciais para a endocitose

que essas proteínas não estão funcionais até a

mediada por. Também têm participação na

sua chagada à membrana plasmática. Ao serem

endocitose mediada por caveolina as proteínas

depositadas na membrana plasmática, onde

de membrana associadas à vesícula (VAMP2 -

desempenham seu papel biológico relacionado

vesicle-associated membrane protein) e proteínas

não só a endocitose, mas também a sinalização

associadas ao sinaptossoma (SNAP - synapto-

celular 31,32.

some-associated protein), que mediam a fusão do

A caveolina é encontrada em invaginações da membrana plasmática em forma de balão com tamanho entre 50-100 nm denominada cavéolas

endossomo com outras vesículas intracelulares, além de outras proteínas como GTPases 39,40. Essa via aparenta ser mais lenta in vitro

. Encontram-se associadas às

quando comparada com a via de EMC. Contudo

cavéolas, microdomínios de membrana enri-

o mais importante é que em alguns casos essa

quecidas com fosfolipídios, esfingolipídios e

via pode evitar a degradação lisossomal

colesterol, conhecidos como lipid rafts

33

41,42

.

. As

Além disso, as vesículas de cavéola transportam

cavéolas são particularmente abundantes em

e se fundem aos caveossomos ou corpos multi-

células endoteliais, nas quais podem consti-

vesiculares (MVBs), que possuem um pH

tuir de 10 a 20% das proteínas da membrana

neutro 5. Por essa mesma razão, acredita-se que

plasmática. São também encontradas em adipó-

esta via é benéfica para a entrega de proteínas

citos, fibroblastos e células de músculo liso

.

e DNA 5. Entretanto, essa visão foi colocada

Por outro lado estão ausentes em neurônios e

em cheque após a descoberta de que os caveos-

leucócitos

, ausentes também em algumas

somos possuem um pH ácido, ao contrário do

linhagens de células tumorais, como a linhagem

que se acreditava e a discussão sobre a endo-

de câncer de próstata PC3

. A caracterís-

citose mediada por caveolina como uma via

tica marcante da cavéola é a presença de uma

facilitadora da entrega de ativos permanece em

proteína de membrana com estrutura grampo

aberto 43,44.

5,37

38

33,34

35,36

chamada caveolina-1 (Cav1), na qual é indis-

Há relatos na literatura de diversos nanoma-

pensável para a formação da cavéola. A Cav1

teriais internalizados pela via da caveolina. Essa

faz com que a cavéola assuma sua estrutura em

via tem atraído grande atenção na nanomedi-

forma de frasco e possa envolver moléculas que

cina por ter sido sugerida como via de escape

se ligam em sua superfície . Até 144 moléculas

à degradação lisossomal

caveolina foram apontadas na incorporação de

endocitose mediada por caveolina é a via fisio-

uma única estrutura caveolar 35. Além da Cav1,

lógica para transcitose. Dessa forma, ela pode

que está presente na maioria das células, há

ser empregada para entrega trans-vascular de

outras isoformas como caveolina-2 (Cav2), a

nanomateriais, por exemplo para a entrega de

qual auxilia e facilita a endocitose, porém não é

ativos no sistema nervoso central, onde há a

essencial para a formação da cavéola; e a caveo-

necessidade de atravessar barreira hematoence-

lina-3 (Cav3), que é expressa especificamente

fálica 32,46–48

5

5,36,45

. Além disso, a

nos músculos estriados cardíacos e esqueléticos33,35.

Macropinocitose

Proteínas como cavina, responsáveis pela

Macropinocitose pode ser definida como a

indução da curvatura da membrana, e dina-

internalização de grandes quantidades de mate-

mina, que realiza a constrição da membrana

rial extracelular, e é caracterizada pela movimen-

152

Acta Farmacêutica Portuguesa, 2014, vol. 3, n. 2

tação da membrana plasmática induzida por uma

diferenciadas, tais como os fagócitos profissio-

ativação global do citoesqueleto de actina. Essa

nais que desempenham papéis significativos

via envolve a transposição de grande quantidade

no sistema imunológico, como a endocitose de

de fluido externo através da formação de ondu-

antígenos e a liberação de corpos apoptóticos e

lações na extensão da membrana plasmática: as

células necróticas. Além disso, tem sido suge-

projeções citoplasmáticas se fundem a membrana

rida como uma via endocítica eficaz para a inter-

como ondas resultando em grandes vacúolos

nalização de drogas nas células. Curiosamente

endocíticos, heterogêneos em tamanho e morfo-

a macropinocitose também pode ser induzida

logia, chamados macropinossomos

por vírus e bactérias. Esses organismos, assim

. Os macropi-

49,50

nossomos oferecem uma rota eficaz para a endo-

como protozoários e príons

citose de macromoléculas não seletíveis e são

ativar essa via para invadir as células hospe-

fáceis de distinguir de outras vesículas formadas

deiras.

52,54,58,59

, podem

durante a pinocitose, uma vez que são estru-

Em relação à internalização de nanopartí-

turas substancialmente maiores (0.5-10 µm), não

culas, foi descrita recentemente a internalização

revestidas e que se encolhem durante a sua matu-

de quantum dots através de macropinocitose

ração intracelular 51.

Nanopartículas mesoporosas de sílica são prin-

60

.

Embora a definição de macropinocitose

cipalmente internalizadas em células Hela por

possa dar a impressão de ser um processo

EMC, entretanto a internalização via macropi-

aleatório, trata-se na verdade de um processo

nocitose mostrou uma liberação mais eficiente

celular muito complexo e bem coordenado

de agentes quimioterápicos nessas células

49

.

61

.

Sabe-se hoje que macropinocitose é um tipo de

Ademais, a macropinocitose é descrita como

endocitose regulada por actina que, ao contrário

uma das principais vias para a internalização de

dos mecanismos de endocitose acima discu-

nanopartículas maiores (> 300 nm) 62.

tidos, não é conduzida diretamente pela carga ou pelos receptores associados

15

. O processo

é geralmente iniciado por estímulos externos através da ativação transiente de receptores

Endocitose independente de Clatrina e Caveolina Atualmente as vias de endocitose mediadas

de tirosina quinases (RTKs), que por sua vez

por

ativam proteínas chave da sinalização celular,

podem ser consideradas vias clássicas, tanto

como Ras, PLC e PI3 quinase. Essas proteínas

pelo conhecimento em torno dessas vias, como

coordenam as mudanças em filamentos de

ferramentas que dispomos para estudá-las.

actina, gerando uma agitação na membrana

Entretanto, as células animais possuem outros

plasmática

e essa perturbação na membrana

mecanismos de endocitose, que atualmente

se projeta sobre os fluidos no meio extracelular.

são menos conhecidos, mas nos últimos anos

Além disso, membros da família Rho e seus

vem se mostrando biologicamente relevante

efetores também são requeridos para ativação

para o funcionamento celular

da maquinaria de polimerização de actina e

estas vias foram caracterizadas em células de

ondulação da membrana plasmática .

mamíferos, mas estudos mais recentes têm

52,53

50

clatrina,

caveolina

e

macropinocitose

63

. Inicialmente,

A macropinocitose tem um papel impor-

mostrado a existência dessas vias também em

tante para a motilidade celular e obtenção de

outros organismos modelos como Caenorhab-

nutrientes, consequentemente, é bastante estu-

ditis elegans, Drosophila melanogaster, Dictyostelium

dada no contexto da progressão e metástase de

discoideum e células vegetais 64–67 e fungos 68.

câncer

54–57

. É importante também para células

Para mamíferos, já foi demonstrado na lite-

153

Ferreira L.A.B., Radaic A. , Pugliese G.O. , Valentini M.B. , Oliveira M.R. , Jesus Correio M.B.

ratura que parte dos produtos extracelulares, cerca de 50% de toda atividade endocitária69, são

internalizados

Glebov et al. (2006)83 colocalizaram floti-

de

lina-1 em cargas endocitadas e mostraram que o

, como fluído extrace-

nocaute de flotilina-1 reduz a internalização da

lular, proteínas ligadas a Glicosilfosfatidilino-

glicoproteína CD59 na subunidade B da toxina

sitol, interleucinas, hormônios de crescimento

de cólera 83. Já Frick et al. (2007)85 demostraram,

entre outros compostos. Tais vias também

através de micrografias eletrônicas, que micro-

são utilizadas para a invasão de patógenos e

domínios ricos em flotilina-1 e flotilina-2 não

toxinas, além de possuírem grande participação

coincidem com invaginações com caveolina-1,

na transdução de sinais celulares .

fortalecendo a ideia de que são vias distintas 85.

clatrina e caveolina

independentemente

relação molecular em suas sequências 84.

11,70,71

72

As vias de endocitose independentes de

Em estudo mais recente, Sorkina et al. (2013)86

clatrina e caveolina vêm sendo constantemente

relatam que os microdomínios de flotilina

exploradas e descritas. Uma série de inibi-

podem funcionar também como moduladores

dores e ferramentas já vem sendo utilizadas

de internalização por clatrina para transpor-

para caracterizar essas vias

. Entretanto,

tador de dopamina (DAT) e propõem as floti-

as distinções entre essas vias ainda não são

linas como moduladores que podem organizar

tão evidentes

e há, ainda, dificuldade em

microdomínios, regulando a mobilidade lateral

encontrar inibidores específicos para carac-

de DAT 86. Entretanto, alguns detalhes molecu-

terizá-las

lares da via, como a dependência ou indepen-

75–78

63,79–81

5,45,73,74

. Dentre as principais formas

alternativas de endocitose podemos destacar:

dência de dinamina permanece em aberto 82.

endocitose mediada por flotilina; endocitose

Para nanomateriais, foi demonstrado que a

mediada por CDC42; endocitose mediada

internalização de compostos catiônicos (como

por Arf6 e endocitose mediada por RhoA4. A

lipídios, poliaminas e peptídeos) pode ser

seguir, cada uma dessas formas de endocitose é

mediada por de flotilina-1

brevemente descrita

plexos catiônicos

87

72

, bem como poli-

. Além desses exemplos, a

participação de flotilina-1 e -2 foi demonstrada Endocitose mediada por Flotilina

na internalização de nanopartículas de sílica em

A família das flotilinas é composta por duas

células epiteliais de pulmão e células endote-

proteínas altamente homólogas – flotilina-1 e

liais 88. Com os avanços nos métodos de estudo

flotilina-2 também denominadas, respectiva-

e a descoberta de novos inibidores para essa via,

mente, de reggie-2 e reggie-1 – que cumprem

em um futuro próximo essa via é forte candidata

várias funções como sinalização celular e inte-

para se juntar as vias clássicas de endocitose.

ração com o citoesqueleto, além da endocitose. Porém não há consenso na literatura com

Endocitose mediada por CDC42

relação aos detalhes moleculares do funcio-

A proteína controladora da divisão celular

namento dessa família de proteínas

. São

42 (Cdc42) é membro da superfamília Ras e,

proteínas associadas a membranas e também

como tal, a Cdc42 interage com diversos subs-

estão ligadas a microdomínios lipídicos, bem

tratos, mas principalmente no crescimento

como as caveolinas. Por isso, flotilinas são

celular, polimerização de actina, mudanças no

consideradas marcadores desses microdomínios

citoesqueleto, processamento de RNA e endo-

lipídicos . Além disso, possuem grande homo-

citose 89.

82

82

logia estrutural quando comparadas à caveolina-1

154

83

, apesar de não possuírem nenhuma

Dentro do seu âmbito de ação, a Cdc42 é responsável pela internalização de proteínas

Acta Farmacêutica Portuguesa, 2014, vol. 3, n. 2

ancoradas

em

Glicofosfatidilinositol

(GPI)

GEEC 90,94–96.

desagrupadas na membrana, como também

Sabharanjak et al. (2002)90 observaram

internalização de grande volume de fluido

grande especificidade nos nanodomínios lipí-

extracelular e toxinas ligadas a lipídios . Cada

dicos formados na via dependente de Cdc42.

vez mais estudos têm demonstrado que esse

Os autores verificaram que proteínas cujas

mecanismo pode constituir uma via alterna-

âncoras de GPI foram trocadas por caudas

tiva a clatrina e caveolina

transmembranares

90

11,90–92

. Nesse caso, o

ou

que

a porção C-terminal da Cdc42, ligando-se aos

excluídas da internalização 90. Porém, o maqui-

lipídios presentes na membrana celular 11, mais

nário celular associado para esta especifici-

especificamente a fosfatidilinositol 4,5-bifos-

dade, a formação do próprio CLIC, sua natu-

fato de sítios enriquecidos com esfingomie-

reza e os papéis de seus efetores principais

linas e colesterol, formando nanodomínios

ainda permanecem obscuros na literatura

.

Esses domínios nanométricos são essenciais

Lu & Low (2002)

citoplasmáticas

não

possuiam

11,92

extensões

proteínas

funcionamento da via endocítica se inicia com

97

foram

11,90

.

relatam que é possível

para a internalização, pois parecem funcionar

utilizar receptores de folato para internali-

como sinalizadoras deste mecanismo de inter-

zação de nanomateriais. Os receptores de folato

nalização , além de serem sensíveis à remoção

são proteínas ancoradas por GPI e, uma vez

de colesterol da célula .

ativados, internalizariam através da via Cdc4297.

91

90

Com a formação dos nanodomínios, há

A partir dessa ideia, Dixit et al. (2006)98 produ-

o recrutamento das proteínas de membrana

ziram nanopartículas de ouro conjugadas com

para

domí-

polietilenoglicol (PEG) modificado por ácido

nios maiores nos quais a endocitose aparenta

fólico e demonstraram internalização destas

ocorrer

nanopartículas em células de câncer mas não

regiões 11,90

específicas,

formando

. Curvaturas da membrana ou de

vesículas iniciais, são mediadas primariamente

significativa em linhagens não-cancerígenas

por carreadores independentes de clatrina

Entretanto, a relação entre os nanomateriais

(CLIC, do inglês, clathrin independent carrier) e

e essa via de internalização ainda carece de

caveolina

. Essas curvaturas e vesículas se

estudos e há poucas referências na literatura o

fundem e formam um compartimento endos-

papel e a relevância dessa via de internalização.

11,90

98

.

somal enriquecido com proteínas ancoradas por GPI (também denominado de GEEC ou GPI-

Endocitose mediada por ARF6

-Enriched Endocitic Compartiment). Neste ponto, a

O fator 6 de ribosilação em adenosina difos-

Cdc42 sinaliza para a polimerização de actina,

fato (ARF6) pertence também à superfamília

gerando a invaginação alongada característica

Ras de pequenas proteínas ligantes de GTP.

desta via endocítica .

Essa proteína interage e influencia diversos

90

Essa via aparenta ser independente de dina-

processos celulares, tais como o tráfego trans-

mina, clatrina, caveolina, RhoA e receptor de

membranas e remodelamento da actina no

interleucina-2β

citoesqueleto 99.

90,93

. Há inclusive, relatos na

literatura de que ela pode se destinar não só

A via endocítica dependente de ARF6 tem

para endossomos, como nas vias dependentes

sido descrita como uma das principais vias

de clatrina e caveolina, mas também para o retí-

independente de clatrina e caveolina

culo endoplasmático e/ou para o complexo de

pois para esta via tem sido demonstrado a

Golgi. Entretanto, ainda há grande discussão

internalização de diversos substratos com

sobre qual o destino final das vesículas CLIC/

várias atividades celulares distintas, tais como

63,100,101

,

155

Ferreira L.A.B., Radaic A. , Pugliese G.O. , Valentini M.B. , Oliveira M.R. , Jesus Correio M.B.

Figura 1. Principais vias de endocitose de nanopartículas em células eucarióticas. A etapa inicial representa principais vias de endocitose usadas para o estudo da internalização de partículas, que tem como consequência a formação de vesículas intracelulares - fagocitose, macropinocitose, endocitose mediada por clatrina, endocitose mediada por caveolina e endocitose clatrina e caveolina independentes (flotilina e Glic-Glec). A segunda etapa representa a via clássica de tráfego intracelular que envolve o processamento das nanopartículas a partir do amadurecimento do endossomo precoce, com destino à degradação lisossomal do material endocitado.

proteínas CD59 ligada a GPI, enzima carboxi-

dade,102–106. A super-expressão de ARF6 resulta

peptidase E, receptor metabotrópico de gluta-

na produção de ondulações na membrana e

mato 7, proteína E de adesão dependente de

induz macropinocitose

cálcio (E-caderina), integrinas e proteínas

internalização aparenta ser distinto das estru-

do complexo principal de histocompatibili-

turas encontradas na via CLIC/GEEC 11,99.

156

103

. Esse aparato de

Acta Farmacêutica Portuguesa, 2014, vol. 3, n. 2

A endocitose dependente de ARF6 aparenta

O mecanismo da via é semelhante ao da

ser independente de dinamina e seus endos-

Cdc42

somos podem se comunicar com comparti-

mente, porém já foi demonstrado que são

mentos positivos com transferrina, endossomos

mecanismos distintos, pois algumas proteínas

positivos para Rab-5, o canal de potássio Kir3-4

chaves desta via, como a própria RhoA, a dina-

e a via de reciclagem dependente de ARF6

,

mina e os receptores de Interleucina-2γ (sem

através da qual grande parte das proteínas

as quais esta via é inibida), não estão presentes

endocitadas podem voltar à membrana plasmá-

para a via Cdc42 11,27,67,89,91,109,111.

11,106

tica .

(CLIC/GEEC)

explicitado

anterior-

Essa via, quando ativa, provoca o recruta-

99

Nesse caso, o modo de formação vesicular

mento de receptores de interleucinas-2γ através

proposto é similar ao descrito para CLIC/GEEC.

da formação de microdomínios lipídicos

Arf6 ativa a enzima fosfatidilinositol 4-fosfato

Neste ponto, a retirada de esfingolipídios e

5-quinase que é responsável por gerar mais

colesterol interrompe a internalização11,68,111.

fosfatidilinositol 4, 5-bifosfato. Então, Arf6, se

Inicialmente, há curvatura da membrana ou

liga ao Fosfaditilinositol 4, 5-bifosfato produ-

vesículas iniciais, que são mediadas primaria-

zido, modificando a estrutura da membrana

mente por carreadores ou proteínas que auxi-

99

,

113

.

e recruta proteínas membranares para o sítio

liam na sua formação

em questão. Arf6 também se liga e ativa fosfo-

vesículas se fundem, então, formando um

lipase D, enzima que hidrolisa fosfatidilcolinas

compartimento endossomal enriquecido com

em ácido fosfatídico, provocando perturbações

domínios lipídicos e os receptores. Após isso,

na membrana plasmática

. Todas essas

a proteína RhoA sinaliza para a modificação

modificações facilitam a formação da inva-

do citoesqueleto, gerando a invaginação na

ginação e das vesículas

99,107–110

26

. Essas curvaturas/

. Por último, Arf6

membrana plasmática. As invaginações depen-

modula e modifica as fibras de actina, formando

dentes de RhoA se mostram uniformes e com

a invaginação e a vesícula endocitária

tamanhos entre 50-100 nm

99

99

.

26

. Até o presente

Apesar da vasta gama de produtos interna-

momento, a dinamina aparenta ser necessária

lizados por essa via e a sua importância celular,

para a cisão de invaginação, transformando-a

ainda é necessário identificar as proteínas

numa vesícula endossômica 11,111–113.

diretamente ligadas com a Arf6 e auxiliam na modulação da via

Iversen et al. (2012)60 demonstrou que a

. Até o momento, não foi

internalização de quantum dots associados

encontrado relatos de internalização de nano-

com ricina acontece de forma independente

materiais através esta via.

de RhoA60 e dependente de CAM

99

114,115

. Isso

ressalta que ainda são necessários novos Endocitose mediada por RhoA

estudos para elucidar não só o mecanismo de

A função da proteína RhoA está atrelada

operação da via dependente de RhoA, assim

à reorganização do citoesqueleto e polimeri-

como outras proteínas correlatas 26, o que pode

zação de actina 111. Encontra-se associada com a

auxiliar na aplicação desta via como forma de

regulação e controle de vesículas revestidas de

internalização de nanomateriais.

clatrina em células HeLa, inibindo a internalização quando ativadas, assim como a estimu-

O QUE ACONTECE COM OS NANOMATERIAIS

lação e perturbações na membrana plasmática

DEPOIS QUE ENTRAM NAS CÉLULAS?

112

e está intimamente ligada com a internalização de receptores de interleucina-2ß

113

.

Como discutido anteriormente, o material endocitado encontra-se confinado em uma

157

Ferreira L.A.B., Radaic A. , Pugliese G.O. , Valentini M.B. , Oliveira M.R. , Jesus Correio M.B.

vesícula lipoproteica no citoplasma. Portanto,

escapar do endossomo. Isso pode ser alcançado

essa vesícula é constituída de uma porção

através da funcionalização do nanomaterial,

da membrana plasmática, bem como consti-

que pode desempenhar um importante papel

tuintes do meio externo confinados em uma

na reorientação da partícula para subcompar-

vesícula intracelular (Figura 1). Através de

timentos celulares específicos. A alteração de

uma série de eventos de fusão e fissão, seu

carga de superfície é uma das alternativas para

conteúdo passa por um processo de maturação

escapar do lisossomo, promovendo a interação

que envolve a diminuição do pH no lúmen da

direta das nanopartículas com a membrana

vesícula e a fusão com endossomos tardios até,

endossomal devido à inversão seletiva da carga

por fim, chegar aos lisossomos, onde ocorre a

de superfície (aniônica para catiônica)

degradação do material endocitado. É impor-

funcionalização com uma amina na superfície

tante ressaltar que diferentes modelos foram

da partícula é um exemplo que pode auxiliar

propostos para explicar como o material endoci-

na liberação do material endocitado através de

tado passa de endossomo a lisossomo. Há pelo

um evento denominado “esponja de prótons¨

menos quatro teorias, i. maturação, ii. vesicular,

que, através da protonação da amina (pK ≈ 6)

iii. transferência de conteúdo (kiss-and-run) e

no ambiente ácido do endolisossomo, leva a um

iv. modelo híbrido, que podem explicar esse

influxo de íons de cloro e de água, promovendo

processo, a discussão a fundo dessas teorias

um desequilíbrio osmótico, propicia o inchaço

foge do escopo dessa revisão (para maiores

do endolisossomo, pode levar a uma desor-

detalhes ver

). Entretanto essa é uma área

ganização momentânea da membrana endos-

em pleno desenvolvimento e os conhecimentos

somal e consequente liberação do conteúdo do

gerados por ela terá impactos significativos no

endossomo

transporte intracelular de nanomateriais. A

do endossomo inclui a conjugação de nano-

rota clássica (endossomo precoce, endossomo

partículas com proteínas fusogênicas como a

tardio, lisossomos) não é a única via de tráfego

melitina, que propicia a fusão de lipídios de

intracelular para os materiais endocitados. Esse

membrana entre duas vesículas opostas, aproxi-

processo depende de diversos fatores como a

mando proteínas e lipídeos de membrana e leva

natureza química das nanopartículas, além de

a uma fusão do conteúdo luminal sem lise28,127.

essas propriedades a distribuição intracelular

Outra estratégia interessante é a utilização

de nanopartículas é dependente da linhagem

de moléculas fotossensíveis, pois a radiação

celular estudada e também de tempo de expo-

eletromagnética pode provocar a libertação

sição e das linhagens celulares 119–122.

dessas moléculas endocitadas para o citoplasma

116–118

125,126

125

. A

. Outra estratégia para escapar

A acidez e a presença de uma variedade

e contidas nas vesículas. Nesse processo, as

de enzimas líticas fazem dos lisossomos uma

membranas endossomais são altamente danifi-

estação de degradação de materiais endocitado,

cadas pela utilização fotossensibilizadores anfi-

uma vez que a degradação lisossomal é uma das

fílicos e o resultado é a subsequente libertação

maiores barreiras para as estratégicas terapêu-

das nanopartículas aprisionadas para o citosol,

ticas intracelulares

como observado para a liberação de LDL intra-

9,10,123,124

. Como a maioria

das aplicações de nanotecnologia não tem

celular de nanopartículas lipoproteicas 128.

como objetivo o lisossomo, com exceção do

Após o escape lisossômico, muitas estraté-

tratamento de algumas disfunções lisossomais

gias também são utilizadas para determinar o

como a doença de Niemann-Pick, é necessário

destino final de um nanopartícula. As nanopar-

que o as terapias se valham de estratégias para

tículas podem se direcionar para diversas orga-

158

Acta Farmacêutica Portuguesa, 2014, vol. 3, n. 2

Figura 2. Principais proteínas residentes e marcadores de organelas no tráfego de nanopartículas. A figura ilustra alguns exemplos de proteínas utilizadas para o estudo dos destinos intracelulares de nanopartículas - Endossomos precoces: Rab4, Rab5, e EEA1; Endossomo tardio: Rab7; Lisossomos: Lamp1 e Lamp2; Endossomo de reciclagem: Rab11; Exossomos: CD63 e Hsc70; Complexo de Golgi: Giantina, GM130 e TGN38; Retículo endoplasmático: Calnexina.

nelas e isso dependerá de sua estabilidade frente

para determinar a promoção de suas aplica-

a degradação lisossomal

ções131. O conhecimento do destino intrace-

físico-químicas

10,129

, características 130

lular de nanopartículas é muito importante na

e afinidade nanopartícula-organela . O destino

avaliação do efeito citotóxico, ou então, para o

intracelular de uma nanopartícula pode ser de

diagnóstico e terapia de diversas enfermidades.

modo específico (nanopartícula-organela alvo),

Para estudar esse processo de tráfego intrace-

ou então de modo inespecífico para diversas

lular ou mesmo o destino intracelular de um

organelas simultaneamente, por exemplo o

nanomaterial, diversos marcadores de orga-

núcleo, complexo de Golgi, retículos endo-

nelas ou estruturas vem sendo desenvolvidas.

plasmáticos, mitocôndria, entre outros

.

A Figura 2 resume os alvos desses marcadores.

Os estudos que visam investigar o tráfico

Essas estratégias utilizam-se de proteínas resi-

intracelular de nanopartículas são essenciais

dentes ou marcadores de organelas, como

119

, tempo de internalização 28

28,130

159

Ferreira L.A.B., Radaic A. , Pugliese G.O. , Valentini M.B. , Oliveira M.R. , Jesus Correio M.B.

Rab4, Rab5, e EEA1 para endossomos precoces;

internalizadas por mais de uma via (por ex.

Rab7 para endossomos tardios; Rab11 para

clatrina e caveolina) o que pode resultar em

endossomos de reciclagem; CD63 e Hsc70 para

respostas biológicas distintas, uma vez que uma

exossomos; Giantina, GM130 e TGN38 para

via pode levar a uma degradação mais eficiente.

complexo de Golgi, Calnexina para retículo

Esses fatores devem ser levados em conside-

endoplasmático e Lamp1 e Lamp2 para lisos-

ração no estudo da interação das nanopartículas

somos. Geralmente são empregadas técnicas

com o ambiente celular. Essa é uma área multi-

de microscopia (de fluorescência, eletrônica,

disciplinar que apesar de não ser completa-

de força atômica), principalmente microscopia

mente compreendida atualmente está em pleno

confocal, para a colocalização de organelas e

desenvolvimento, bem como as técnicas e ferra-

nanomateriais, para assim traçar o caminho

mentas utilizadas nessa área, da qual espera-se

percorrido nas células.

no futuro próximo grandes descobertas e uma importante contribuição para uma aplicação

CONSIDERAÇÕES FINAIS

segura e eficiente de nanomateriais.

A produção de nanomateriais vem se tornando cada vez mais expressiva, portanto, concomitantemente há uma crescente preo-

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mentos médicos mais eficazes.

6.

A endocitose é um processo fisiológico que foi moldado pelo processo evolutivo para

tudo isso? Ciênc. Hoje. Submetido (em publicação). 7.

desempenhar um papel biológico diferente em

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Na maioria das vezes, as nanopartículas são

160

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